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PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 1 ❖ O contexto no qual o preparo pré-operatório é conduzido abrange desde o atendimento no consultório, atendimento a pacientes internados, até a avaliação de um paciente no serviço de emergência. ❖ As formas de avaliação pré-operatória diferem significativamente, dependendo da natureza da queixa e da intervenção cirúrgica proposta, das comorbidades dos pacientes da avaliação dos fatores de risco, dos resultados das investigações direcionadas e das intervenções que otimizam o quadro geral e o preparo do paciente para a operação. ❖ Uma técnica cirúrgica apropriada é de enorme importância para otimizar os resultados e intensificar o processo de cicatrização da ferida. Nada substitui uma operação bem planejada e conduzida para obter o melhor resultado cirúrgico possível. DETERMINANDO A NECESSIDADE DE CIRURGIA ❖ Em geral, os pacientes são encaminhados ao cirurgião já com uma suspeita de diagnóstico cirúrgico e com resultados de investigação em mãos. ❖ O encontro inicial com o paciente pode ser principalmente direcionado para a confirmação de achados físicos relevantes e a revisão do histórico clínico e dos testes laboratoriais e outras investigações que sustentem o diagnóstico. ❖ É importante para o cirurgião explicar o contexto da doença e o benefício quanto a diferentes intervenções cirúrgicas, uma investigação mais aprofundada, possíveis alternativas não cirúrgicas, quando bem indicadas, bem como o que aconteceria se nenhuma intervenção fosse realizada. Determinando a necessidade de cirurgia Tomando decisões perioperatórias Avaliação pré- operatória PH AVALIAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO Cirurgia Referências: Sabiston capítulo 11 (pág. 400) Medcurso 2016 perioperatório – volume 9 – seção 1 – Avaliação pré-operatória Pesquisas google Baseado no módulo de clínica cirúrgica Preparação pré-operatória do paciente Preparação para a cirurgia PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 2 TOMANDO DECISÕES PERIOPERATÓRIAS ❖ Uma vez que a decisão de prosseguir com o tratamento cirúrgico foi tomada, devem ser abordadas várias considerações sobre o momento e o local da cirurgia, tipo de anestesia e preparos pré- operatório necessários para a compreensão dos riscos pelo paciente e otimização do resultado. ❖ Estes componentes de avaliação de risco podem contribuir para a morbidade do paciente durante os períodos: • Perioperatório (intraoperatório até 48h no pós- operatório) • Pós-operatório tardio (até 30 dias) AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA ❖ O objetivo da avaliação pré-operatória não é procurar extensivamente por doenças não diagnosticadas, mas identificar e quantificar qualquer comorbidade que pode afetar o resultado cirúrgico. ❖ O objetivo é descobrir áreas problemáticas que possam requerer uma investigação adicional ou serem passíveis de otimização pré-operatória ❖ Obs.: No mínimo, um teste de gravidez de urina deve ser realizado na manhã da cirurgia em qualquer mulher em idade fértil, a menos que o útero ou ovários tenham sido retirados cirurgicamente. ❖ A avaliação pré-operatória é determinada de acordo com: • O risco do procedimento planejado (baixo, médio ou alto) • Técnica anestésica planejada • Ambiente pós-operatório do paciente (ambulatorial ou hospitalar, leito de enfermaria ou unidade fechada). ❖ O National Surgical Quality Improvement Program (NSQIP) tem sido utilizado para desenvolver modelos de previsão de morbidade e mortalidade pós- operatórias, porém descobriu-se de forma consistente que vários fatores são preditores independentes de eventos pós-operatórios. ❖ A classificação da ASA foi um dos primeiros sistemas de classificação de risco. Essa classificação tem cinco categorias quanto ao estado físico: • I Paciente normal e saudável. Não há distúrbios orgânicos, fisiológicos, bioquímicos ou psiquiátricos. • II Paciente com doença sistêmica leve. Paciente com doença sistêmica leve que não resulta me limitação funcional. Exemplos: hipertensão bem controlada, DM sem complicações, Obesidade (I e II), doença pulmonar leve, gestação, tabagismo, consumo social de álcool. • III Paciente com doença sistêmica grave que limita a atividade, mas não o deixa incapacitado. Paciente que a doença grave resulta em um dano funcional. Exemplo: DM com complicações vasculares, hipertensão não controlada, marca- passo implantado, história com > 3 meses de IAM, doença coronariana com uso de stent, AVC, ataque isquêmico transitório, insuficiência renal crônica em dialise, obesidade mórbida (IMC > 40), abuso ou dependência de álcool, DPOC. • IV Paciente que apresenta doença incapacitante que é uma ameaça constante à vida. • V Paciente terminal, que não se espera sobreviver 24 horas com ou sem operação. • VI Paciente com morte cerebral declarada cujos órgãos estão sendo retirados para transplante. • E usado para cirurgias de emergência. ❖ Não existe risco zero em cirurgia! Todo procedimento possui 3 tipos de risco: Risco do ato operatório em si, risco anestésico e risco individual do paciente. ANAMNESE E EXAME FÍSICO ❖ Voltados a procurar sinais e sintomas referente a comorbidades ainda não diagnosticadas, bem como avaliação da gravidade das patologias de base. ❖ Serão ainda pesquisados o histórico de alergias, reações anestésicas prévias, cirurgias, transfusões e uso de medicamentos, drogas e substâncias psicoativas. ❖ Durante essa etapa a capacidade funcional deve ser avaliada através dos METs (O risco cardíaco perioperatório e a longo prazo é elevado em PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 3 pacientes que não conseguem alcançar 4 METs durante atividade diária normal EXAMES COMPLEMENTARES ❖ A solicitação de múltiplos exames caros e detalhados na busca por doenças não diagnosticadas não é custo-efetiva e não deve ser realizada. ❖ Idade ❖ Considerando cirurgias simples em pacientes sem comorbidades, a idade influencia na solicitação de exames da seguinte forma: • <45 anos: Não solicita nenhum exame. • 45 – 54 anos: ECG apenas para homens. • 55 – 70 anos: ECG + hemograma. • >70 anos: ECG + hemograma + U/Cr + eletrólitos + glicose. COMORBIDADES E TIPOS DE CIRURGIA ❖ *ver tabela de exames na última página do resumo. ❖ Em análise mais grosseira da tabela nota-se que hemograma, glicose, ureia, creatinina, eletrólitos e ECG (os mesmos dos pacientes > 70 anos), em geral devem ser solicitados nas grandes cirurgias e principais comorbidades apontadas. ❖ Por outro lado, o EAS/urocultura e a radiografia de tórax raramente são indicados. SISTEMA CARDIOVASCULAR ❖ Grande parte da avaliação de risco e preparação pré-operatória concentra-se no sistema cardiovascular, pois são a principal causa de morte no mundo industrializado. ❖ Instrumentos adequados para a estratificação cardiovascular do risco anestésico estão disponíveis há algum tempo. O principal exemplo é o critério de Goldman de risco cardíaco para cirurgia não cardíaca. ❖ Uma das contribuições mais importantes desse trabalho foi a inclusão da capacidade funcional do paciente, sinais clínicos e sintomas, e a determinação do risco operatório para estimar o risco total e planejar as condutas pré-operatórias. ❖ Esse conceito foi refinado no RCRI – Revised Cardiac Risk Index (índice de risco cardíaco revisado), que usa seis indicadores de complicações para estimar o risco cardíaco em pacientes cirúrgicos não cardíacos *A cada 1 ponto aumenta o risco de morbidade miocárdica pós operatório. ❖ Abordagem passo a passo para avaliação cardiológica pré-operatória para cirurgia não cardíaca: ❖ *Condições cardíacas ativas incluem síndromescoronarianas instáveis (angina instável ou IAM), insuficiência cardíaca descompensada (NYHA classe funcional IV, piora ou insuficiência cardíaca de aparecimento recente), arritmias significativas (bloqueio atrioventricular de alto grau, bloqueio Mobitz tipo II, bloqueio de terceiro grau, arritmias ventriculares sintomáticas, Arritmias supraventriculares com frequência ventricular não controlada, bradicardia sintomática, taquicardia ventricular de diagnóstico reconhecido) doença valvular grave (estenose aórtica grave, estenose mitral sintomática). ❖ ‡Uma lista simplificada de METs inclui o seguinte: • 1 MET: atividades como cuidar de si mesmo, comer, vestir. • 4 METs: Trabalhos domésticos leves. • 5 METs: Subir um lance de escadas ou subir uma ladeira. • 10 METs: Prática de esportes extenuantes. ❖ Um método fácil e barato para determinar o estado funcional cardiopulmonar para operação não cardíaca é a capacidade ou incapacidade de o Abordagem por sistema para avaliação pré-operatória PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 4 paciente subir dois lances de escada. Dois lances de escada são necessários, porque isso demanda mais de quatro equivalentes metabólicos (METs). SISTEMA PULMONAR ❖ É prudente considerar a avaliação do função pulmonar para todos os casos de ressecção dos pulmões, para os procedimentos torácicos que requerem ventilação monopulmonar e para os casos de operações abdominais e torácicas de maior porte em pacientes com idade superior a 60 anos com doenças preexistentes, tabagismo ou com sintomatologia pulmonar evidente. ❖ Os testes necessários incluem o volume expiratório forçado no 1° segundo (VEF1), a capacidade vital forçada e a capacidade de difusão do monóxido de carbono. Adultos com um VEF1 menos que 0,8 L/s ou 30% do previsto têm um alto risco de complicações e de insuficiência respiratória pós-operatória; soluções não cirúrgicas devem ser buscadas. ❖ Avaliação pulmonar pré-operatória determina não apenas os fatores que conferem maior risco, mas também alvos potenciais para reduzir o risco de complicações pulmonares. ❖ Fatores gerais que aumentam o risco de complicações pulmonares no pós-operatório: Idade avançada, nível de albumina mais baixo, estado funcional dependente, perda de peso e, possivelmente, obesidade. Condições comórbidas concorrentes como a deterioração do sensório, acidente vascular cerebral prévio, insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal aguda, uso crônico de esteroide e a transfusão sanguínea. ❖ Fatores de risco pulmonar específicos que aumentam o risco de complicações pulmonares no pós- operatório: Doença pulmonar obstrutiva crônica, tabagismo, expectoração no pré-operatório, pneumonia, dispneia e apneia obstrutiva do sono. ❖ As intervenções pré-operatórias que podem diminuir as complicações pulmonares no pós-operatório incluem a suspensão do cigarro (dois meses antes do procedimento planejado), terapia broncodilatadora, terapia com antibióticos para tratar infecções preexistentes e tratamento dos pacientes asmáticos com esteroides. ❖ Além disso, incentivar o exercício no pré-operatório pode melhorar a recuperação do paciente no pós- operatório. Uma recomendação razoável seria encorajar os pacientes a andar três quilômetros em menos de uma hora várias vezes por semana. Estratégias perioperatórias incluem o uso de anestesia epidural, toalete brônquica vigorosa e fisioterapia respiratória, e também com broncodilatadores. SISTEMA RENAL ❖ Aproximadamente 5% da população adulta tem algum grau de disfunção renal, o que pode afetar a fisiologia de vários órgãos, causando morbidade adicional no período perioperatório. ❖ Um nível pré-operatório de creatinina igual ou maior que 2,0 mg/dL é um fator de risco independente para complicações cardíacas. ❖ Os pacientes com insuficiência renal conhecida devem passar por uma avaliação quanto a história clínica e o exame físico com questionamentos específicos sobre infarto do miocárdio prévio e sintomas compatíveis com doenças isquêmicas cardíaca. O exame cardiovascular deve procurar documentar sinais de sobrecarga hídrica. O estado funcional do paciente e sua tolerância a exercícios devem ser cuidadosamente pesquisados. ❖ Testes para o diagnóstico de pacientes com disfunção renal devem incluir: • Eletrocardiograma (ECG). • Análise bioquímica sérica. • Hemograma completo. • *Se os achados do exame físico sugerirem insuficiência cardíaca, uma radiografia do tórax pode ajudar. ❖ O exame de urina e a análise dos eletrólitos urinários em geral não são úteis nos quadros de insuficiência renal estabelecida, porém podem servir para diagnosticar quadros de novas disfunções renais ainda no seu início. ❖ A anemia, quando presente nesses pacientes, pode variar de branda e assintomática até aquela associada a fadiga, baixa tolerância a exercícios e angina ao esforço. Tal anemia pode ser tratada com eritropoietina no pré-operatório ou no perioperatório. ❖ Os pacientes com doença renal crônica em estádio terminal devem ser submetidos à hemodiálise antes da operação para equilibrar seu volume intravascular e controlar o nível de potássio. ❖ No quadro agudo, pacientes que têm um volume intravascular estável podem ser operados sem fazer hemodiálise pré-operatória, contanto que não exista outra indicação para hemodiálise emergencial. ❖ Deve-se notar que narcóticos utilizados para o controle das dores no pós-operatório podem ter efeito prolongado, apesar da depuração hepática, e PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 5 agentes anti-inflamatórios não esteroides devem ser evitados nos pacientes com insuficiência renal. SISTEMA HEPATOBILIAR ❖ A disfunção hepática pode ser a consequência comum de muitas agressões ao fígado, incluindo doenças mediadas por vírus, drogas e toxinas. ABORDAGEM AO PACIENTE COM DOENÇA HEPÁTICA ❖ Deve-se obter uma história de exposição a sangue ou hemoderivados ou de exposição a agentes hepatotóxicos. ❖ Uma revisão dos sistemas indaga especificamente sobre sintomas como: Prurido, fatigabilidade, sangramento excessivo, distensão abdominal e ganho de peso. ❖ Icterícia pode ser evidente com níveis de bilirrubina sérica maiores que 3 mg/dL. ❖ Mudanças na pele incluem: Teleangiectasias (Já as telangiectasias são dilatações de capilares, artérias ou veias menores do que 2 mm de calibre, têm disposição linear e sinuosa), caput medusae (circulação colateral periumbilical), eritema palmar e Baqueteamento digital. ❖ O exame abdominal pode revelar distensão, edema e hepatomegalia. ❖ Encefalopatia ou asterixis (Tremor com contrações musculares intermitentes por perda momentânea da tonicidade muscular que se observa, especialmente, no coma hepático) pode estar presente. ❖ Atrofia muscular ou caquexia pode ser proeminente. ❖ A elevação das enzimas hepatocelulares pode sugerir o diagnóstico de hepatite aguda ou crônica, a qual pode ser investigada com testes séricos para hepatite A, B e C. Baixos níveis de transaminase e uma relação aspartato/alanina transaminase (AST/ALT) maior do que 2 sugerem a hepatite alcoólica. • Evidências laboratoriais de hepatite crônica ou achados clínicos consistentes com cirrose devem ser investigados com exames da função hepática de síntese, notoriamente albumina sérica, protrombina e fibrinogênio. O paciente com evidência de hepatite crônica em geral pode ser operado de forma segura. • Um paciente com hepatite aguda com transaminase elevada não deve ser operado, se possível, até algumas semanas após a normalização dos valores laboratoriais. Procedimentos urgentes ou emergenciais nesses pacientes estão associados a um aumento da morbidade e da mortalidade ❖ Pacientes com evidência de prejuízo da função hepática de síntese devemfazer um hemograma completo e dosagem de eletrólitos séricos. ❖ O paciente com cirrose pode ser avaliado utilizando- se a classificação de Child-Pugh, que estratifica o risco cirúrgico de acordo com níveis alterados de albumina e bilirrubina, TP prolongado e grau de ascite e encefalopatia *INR, Razão normalizada internacional ; TAP, tempo de protrombina. *A: 5 – 6 | B: 7 – 9 | C: 10 - 15 ❖ Outros fatores que afetam o prognóstico nestes pacientes são a natureza emergencial do procedimento: O TP prolongado mais que três segundos e refratária à correção com vitamina K e a presença de infecção. ❖ Dois problemas comuns que requerem avaliação cirúrgica nos pacientes cirróticos são hérnia (umbilical e inguinal) e colecistite. Uma hérnia umbilical na presença de ascite é um problema de tratamento difícil porque a ruptura espontânea associa-se a taxas maiores de mortalidade. ❖ Muitas publicações recentes têm mostrado menores índices de complicações com procedimentos laparoscópicos realizados em pacientes com cirrose. ❖ A subnutrição é comum em pacientes cirróticos e está associada à diminuição da reserva hepática de glicogênio e da síntese hepática de proteínas. Os pacientes com doença avançada do fígado geralmente têm pouco apetite, ascite volumosa e dores abdominais. Deve ser dada uma atenção apropriada à suplementação enteral, assim como é feito com todos os pacientes com risco nutricional significativo. SISTEMA ENDÓCRINO ❖ O paciente que apresenta uma condição endócrina como diabetes melito, hipertireoidismo ou hipotireoidismo, ou insuficiência adrenal, é vítima de estresse físico adicional durante a cirurgia. ❖ A avaliação pré-operatória deve identificar o tipo e o grau da deficiência endócrina para permitir um preparo pré-operatório favorável. TRATAMENTO PERIOPERARÓRIO DIABETES ❖ A avaliação pré-operatória de um paciente diabético deve verificar a adequação do controle de glicemia e identificar a presença de complicações diabéticas, que pode alterar a evolução perioperatória. ❖ Histórico e exame físico devem documentar evidências de complicações diabéticas, incluindo doenças cardíacas, anormalidades circulatórias e a presença de retinopatia, neuropatia ou nefropatia. ❖ Exames pré-operatórios podem incluir: • Dosagem da glicemia em jejum e pós-prandial. • Níveis de hemoglobina glicosilada. ❖ Níveis séricos de eletrólitos, ureia e creatinina sanguíneas devem ser obtidos para identificar distúrbios metabólicos e comprometimento renal. PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 6 ❖ As preparações de insulina de ação rápida (Lispro®) e ação curta (Regular®) geralmente são suspensas quando o paciente cessa a ingesta oral (dieta zero) e são usadas para tratamento agudo da hiperglicemia durante o período de jejum. ❖ As preparações de insulina de ação intermediária (NPH Lenta) e de longa ação são administradas em dois terços da dose normal na noite antes da operação e metade da dose normal na manhã da operação, com determinações frequentes da glicemia capilar e tratamento com insulina de curta ação conforme necessário. ❖ Pacientes que tomam agentes hipoglicêmicos orais (sulfonilureias, como clorpropamida e gliburida) tipicamente suspendem sua dose normal no dia da cirurgia. ❖ Os pacientes podem retomar seu agente oral uma vez que a dieta seja retomada. Uma exceção é a metformina. Se o paciente tem função renal alterada, esse agente deve ser descontinuado até que a função renal se normalize ou estabilize para evitar a acidose láctica potencial. DOENÇAS TIREOIDIANAS ❖ É avaliado com exames de função tireoidiana, em particular o nível de hormônio estimulante da tireoide (TSH). ❖ Em casos de hipertireoidismo (nível de TSH muito baixo) são abordadas no pré-operatório e a cirurgia é adiada até que um estado eutireóideo seja atingido, quando possível. ❖ Esses pacientes devem ter níveis de eletrólitos e ECG como parte de sua avaliação pré-operatória. ❖ O paciente com hipertireoidismo que toma medicação antitireoidiana, como propiltiuracil ou metimazol, deve ser instruído a continuar esse regime no dia da operação. As doses usuais de betabloqueadores ou digoxina do paciente também são mantidas. ❖ As doses usuais de betabloqueadores ou digoxina do paciente também são mantidas. ❖ O paciente com diagnóstico recente de hipotireoidismo geralmente não necessita de tratamento pré-operatório, embora possa estar sujeito a maior sensibilidade a medicamentos, incluindo agentes anestésicos e narcóticos. ❖ Hipotireoidismo grave (nível de TSH elevado) pode ser associado a disfunção miocárdica, anormalidades de coagulação e distúrbio eletrolítico, principalmente hipoglicemia. ❖ O hipotireoidismo grave precisa ser corrigido antes de intervenções cirúrgicas eletivas. Também deve ser considerado para um paciente gravemente doente que não esteja se recuperando de uma cirurgia de maneira normal. ❖ O paciente com histórico de uso de esteroides pode necessitar de uma suplementação para resposta adrenal anormal ao estresse perioperatório. ❖ Operações moderadas, como colecistectomia aberta ou revascularização das extremidades inferiores, requerem 50 a 75 mg/dia de equivalente de hidrocortisona por um ou dois dias. ❖ Operações maiores, como colectomia ou uma operação cardíaca, devem ser cobertas com 100 a 150 mg/dia de equivalente de hidrocortisona por dois a três dias. ❖ A inadequação do eixo hipofisário-adrenal no período perioperatório pode levar a uma hipotensão inexplicável. SISTEMA IMUNOLÓGICO ❖ O objetivo é melhorar a função imunológica antes da cirurgia e minimizar os riscos de infecções e deiscência da ferida. ❖ Aavaliação pré-operatória inclui o seguinte: • Histórico completo da doença subjacente do paciente e o estado funcional atual; • Histórico de tratamento imunossupressor, incluindo os nomes dos medicamentos e a duração do tratamento; • Histórico de mudanças recentes de peso ❖ O exame físico deve buscar: • Documentar sinais de disfunção de órgãos • O que pode destacar a progressão da doença ou ser relacionado com o seu tratamento. ❖ As determinações laboratoriais devem incluir: • Hemograma completo com leucograma e contagem de plaquetas, • Eletrólitos, • Testes da função hepática; • ECG e radiografia do tórax devem ser obtidos quando a idade ou os achados do exame físico sugerirem algum risco ❖ Uma atenção redobrada é dada à deficiência nutricional desse grupo de pacientes, com suplementação indicada no período perioperatório. Uma profilaxia apropriada com antibióticos é crítica. ❖ Pacientes imunocomprometidos podem apresentar risco para complicações da ferida, especialmente se eles estão recebendo terapia com esteroides exógenos (Quando tomados, com três dias da operação, os esteroides reduzem o grau de inflamação da ferida, epitelização e síntese de colágeno, que pode levar à deiscência da ferida e à infecção). PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 7 ❖ Além disso, pacientes recebendo sirolimus como parte de seu protocolo antirrejeição podem ter dificuldades de cicatrização, portanto esta droga deve ser descontinuada, se possível, antes da operação. SISTEMA HEMATOLÓGICO ❖ O estudo do sistema hematológico pode levar à identificação de problemas como anemia, coagulopatia herdada ou adquirida ou a um estado de hipercoagulabilidade. ❖ A necessidade de anticoagulação perioperatória deve ser revisada cuidadosamente para todo paciente cirúrgico ❖ A anemia é a anormalidade laboratorial mais encontrada em pacientes no pré-operatório. Geralmente é assintomática e pode requerer uma investigação mais profunda, para que a sua causa possa ser entendida. A história do paciente e o exame físico podem desvendar reclamações subjetivas de perda de energia, dispneiaou palpitações e palidez ou cianose podem ser evidentes. ❖ O EXAME FÍSICO: para linfadenopatia, hepatomegalia ou esplenomegalia deve ser feito, além do exame da pelve e do reto. ❖ EXAME LABORATORIAL: Hemograma completo, contagem de reticulócitos, ferro sérico, capacidade total de ligação de ferro, ferritina, vitamina B12 e níveis de folato devem ser obtidos para investigar as causas da anemia. ❖ Tratamento pré-operatório e otimização são apropriados para o paciente anêmico. ❖ Em geral, pacientes com anemia normovolêmica, sem risco cardíaco significativo ou perda sanguínea antecipada, podem ser operados seguramente sem transfusão, com muitos pacientes saudáveis tolerando níveis de hemoglobina de 6 ou 7 g/Dl. OBS: não é todo paciente com anemia que precisa ser tratado cirurgicamente com transfusão sanguínea. ❖ Os pacientes que recebem terapia anticoagulante, normalmente, precisam da reversão da mesma no pré-operatório, na maioria das vezes, fazendo a cobertura com hepática de baixo peso molecular (HBPM). Nos pacientes tomando cumarínico, a droga deve ter suspensa as cinco doses que antecedem a cirurgia, para permitir que o índice internacional normatizado (INR) caia para 1,5 ou menos (assumindo- se que o paciente seja mantido num INR de 2,0-3,0). Para todos os procedimentos que têm um risco elevado de sangramento pós-operatório, o cumarínico pode ser reiniciado no dia da cirurgia ou um dia após, pois serão necessárias cinco doses para se tornar terapêutico. ❖ Deficiências qualitativas podem responder ao tratamento médico do processo da doença de base, enquanto as deficiências quantitativas podem requerer transfusão de plaquetas quando a contagem for menor do que 50.000/mL em um paciente com risco de sangramento. ❖ Todos os pacientes cirúrgicos devem ser avaliados para risco de tromboembolismo venoso e receber profilaxia adequada, de acordo com as diretrizes correntes ❖ Os pacientes devem ser questionados sobre histórico familiar ou pessoal sugestivo de um estado de hipercoagulabilidade. ❖ Os níveis laboratoriais de proteína C, proteína S, antitrombina III e de anticorpos antifosfolipídios podem ser obtidos. ❖ A estratificação dos fatores de risco é obtida pela consideração de múltiplos fatores, incluindo idade, tipo de procedimento cirúrgico, tromboembolismo prévio, câncer, obesidade, veias varicosas, disfunção cardíaca, cateteres venosos centrais de longa permanência, doença inflamatória intestinal, síndrome nefrótica, gravidez e uso de estrogênio ou tamoxifeno. ❖ Diversos regimes podem ser apropriados para a profilaxia de tromboembolismo venoso, dependendo do risco avaliado juntamente com a percepção de risco de sangramento perioperatório. Isso inclui o uso de heparina não fracionada, heparina de baixo peso molecular, aparelhos de compressão pneumática intermitente e deambulação precoce. ❖ Doses profiláticas iniciais de heparina podem ser administradas no pré-operatório, dentro de duas horas de operação e com uso aparelhos de compressão de MMII antes da indução da anestesia. Para pacientes com risco muito alto (procedimentos ortopédicos, múltiplos fatores de risco), a continuação da profilaxia de tromboembolismo venoso (TEV) pode ser considerada mesmo após a alta hospitalar. ❖ A profilaxia antibiótica adequada em cirurgia depende dos patógenos mais comumente encontrados durante o procedimento cirúrgico. Diretrizes para a Transfusão de Concentrado de Hemácias para Perda Sanguínea Aguda • Avaliar o risco de isquemia. • Estimar ou antecipar o grau de perda sanguínea. Menos de 30% de perda rápida de volume provavelmente não precisa de transfusão nos indivíduos previamente sadios. • Medir a concentração de hemoglobina: 10 g/dL, transfusão raramente necessária. • Medir sinais vitais e oxigenação tecidual quando a hemoglobina é de 6-10 g/dL e a extensão da perda sanguínea é desconhecida. Taquicardia e hipotensão refratária ao volume sugerem a necessidade de transfusão; razão de extração de O2 < 50% e VO2 diminuída sugerem que a transfusão geralmente é necessária. Antibioticoprofilaxia PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 8 ❖ em cirurgia depende dos patógenos mais comumente encontrados durante o procedimento cirúrgico. ❖ O tipo de procedimento é útil na decisão do espectro de antibiótico adequado e deve ser considerado antes da prescrição ou administração de qualquer medicação pré-operatória. ❖ Geralmente, antibióticos profiláticos não são necessários para casos de feridas limpas (classe I), exceto quando há implante de próteses de longa permanência ou quando há osteotomia. ❖ Os pacientes submetidos a procedimentos de classe II se beneficiam de uma única dose do antibiótico apropriado administrado anteriormente à incisão da pele. ❖ Casos com feridas contaminadas (classe III) requerem preparo mecânico ou antibióticos parenterais com atividade tanto aeróbica quanto anaeróbica. ❖ O antibiótico apropriado deve ser escolhido anteriormente à operação e administrado antes que seja feita a incisão na pele. ❖ Doses repetidas devem ocorrer em intervalo apropriado, em geral três horas para casos abdominais ou duas vezes a meia-vida média do antibiótico, embora a função renal do paciente possa alterar o tempo. ❖ A profilaxia antibiótica perioperatória, geralmente, não deve ser continuada além do dia da operação. ❖ Deve-se pedir ao paciente que nomeie todos os medicamentos, incluindo drogas psiquiátricas, hormônios e medicações alternativas ou fitoterápicos, e que forneça as dosagens e a frequência do uso. ❖ Em geral, pacientes tomando medicações cardiológicas, incluindo β-bloqueadores e antiarrítmicos, drogas broncodilatadoras inalatórias ou nebulização, ou anticonvulsivantes, anti-hipertensivos ou drogas psiquiátricas devem ser aconselhados a tomar seus medicamentos com um gole de água na manhã da operação. ❖ É importante retornar o paciente para seu regime normal anterior de medicamentos assim que possível. ❖ Dois exemplos dignos de nota são a morbidade cardiovascular adicional associada à descontinuidade perioperatória dos β-bloqueadores e a volta da hipertensão com a interrupção abrupta da clonidina como droga anti-hipertensiva. ❖ Medicamentos como os agentes hipolipemiantes ou vitaminas podem ser omitidos no dia da operação. ❖ Algumas drogas estão associadas ao aumento do risco de sangramento no perioperatório e devem ser suspensas antes da operação. Drogas que afetam a função plaquetária são suspensas por períodos variáveis; aspirina e clopidogrel (Plavix®) devem ser suspensas por sete a dez dias, enquanto os AINEs devem ser suspensos entre um dia (ibuprofeno e indometacina) e três dias (naproxeno e sulindac), dependendo da meia-vida da droga. O uso de estrogênio e tamoxifeno tem sido associado a um aumento do risco de tromboembolismo, e provavelmente devem ser interrompidos por um período de quatro semanas anteriormente à operação. Revisão das medicações PRISCILA HIPÓLITO SILVA REIS | PÁGINA 9 ECG HEMOGRAMA ELETRÓLIOTOS U/Cr GLICOSE FUNÇÃO HEPÁTICA TAP/PTT EAS/UCT RAIO X TÓRAX Cardíaca/torácica SIM SIM SIM SIM SIM NÃO SIM NÃO SIM Vascular SIM SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO Abdominal/ Intraperitoneal (grande) SIM SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO Perda estimada > 2L de sangue SIM SIM SIM SIM SIM NÃO SIM NÃO NÃO Intracraniana SIM SIM SIM SIM SIM NÃO SIM NÃO NÃO Prótese ortopédica NÃO SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO Facultativo NÃO RTU/Histerectomia NÃO SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO Hipertensão SIM NÃO SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO Tabagismo SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO Obesidade mórbida SIM SIM SIM Facultativo SIM NÃO NÃO NÃO NÃO AVC SIM SIMSIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO Câncer metastático SIM SIM SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO Facultativo Anticonvulsivantes NÃO SIM NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO Doença cardiovascular SIM SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO Respiratória SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO SIM Diabetes SIM SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO Hepática SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO Renal SIM SIM SIM SIM SIM NÃO SIM NÃO NÃO
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