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Pessoa Natural

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Conceitos
1. Personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo para ser sujeito de direito.
2. Pessoa Natural é o ser humano enquanto sujeito/destinatário de direitos e obrigações.
Aquisição da personalidade jurídica
1. O seu surgimento, segundo a dicção legal, ocorre a partir do nascimento com vida (art. 2.º do CC/2002). Essa é a teoria natalista, que, em regra, é adotada pela legislação civil. O contraponto da teoria natalista é a teoria concepcionista, que defende que o nascituro (aquela já concebido no ventre materno) já detém personalidade jurídica. 
2. Seguindo essa diretriz doutrinária e legal, que tem importantes reflexos práticos e sociais, se o recém-nascido – cujo pai já tenha morrido – falece minutos após o parto, terá adquirido, por exemplo, todos os direitos sucessórios do seu genitor, transferindo-os para a sua mãe. Nesse caso, a avó paterna da referida criança nada poderá reclamar.
Art. 1º. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
O nascituro
1. A Lei Civil trata do nascituro quando, posto não o considere explicitamente pessoa, coloca a salvo os seus direitos desde a concepção (art. 2.º do CC/2002).
2. Segundo a teoria confeccionista o nascituro adquire a personalidade jurídica desde a concepção, sendo, assim, considerado pessoa.
3. Existem autores, como Maria Helena Diniz, cujo pensamento, mais comedido, aproxima-se, em nosso pensar, da teoria da personalidade condicional, pois sustentam que a personalidade do nascituro conferiria aptidão apenas para a titularidade de direitos personalíssimos (sem conteúdo patrimonial), a exemplo do direito à vida ou a uma gestação saudável, uma vez que os direitos patrimoniais estariam sujeitos ao nascimento com vida (condição suspensiva).
4. Tradicionalmente, a doutrina, no Brasil, segue a teoria natalista, embora, em nosso sentir, a visão concepcionista, paulatinamente, ganhe força na jurisprudência do nosso País.
6. A despeito de toda essa profunda controvérsia doutrinária, o fato é que, nos termos da legislação em vigor, inclusive do Novo Código Civil, o nascituro, embora não seja expressamente considerado pessoa, tem a proteção legal dos seus direitos desde a concepção.
Nesse sentido, pode-se apresentar o seguinte quadro esquemático:
· o nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, o direito à proteção pré-natal etc.)156;
· pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão inter vivos;
· pode ser beneficiado por legado e herança;
· o Código Penal tipifica o crime de aborto;
· como decorrência da proteção conferida pelos direitos da personalidade, o nascituro tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de paternidade.
· No âmbito do Direito do Trabalho, vale destacar que a estabilidade da gestante se conta do início da gravidez, mesmo que seja do desconhecimento de empregado e empregador.
· o nascituro tem direito a alimentos, por não ser justo que a genitora suporte todos os encargos da gestação sem a colaboração econômica do pai (Lei n. 11.804, de 5 de novembro de 2008).
Capacidade de direito e de fato e legitimidade
1. Capacidade de direito: Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações. Possui, portanto, capacidade de direito ou de gozo. 
2. Capacidade de fato (ou de exercício): se tiver aptidão para exercer pessoalmente seus direitos.
3. Reunidas a capacidade de direito e a capacidade de fato, terá capacidade civil plena. 
Incapacidade absoluta
1. O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015) deixou claro que a deficiência não afeta a capacidade civil, ainda que haja a necessidade de adoção de institutos assistenciais específicos, como a tomada de decisão apoiada e, extraordinariamente, a curatela, para a prática de atos na vida civil. O estatuto alterou o art. 3° e 4° do código civil, que passaram a ter a seguinte redação:
Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.  
Art. 4º. São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:  
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;  
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;  
IV - os pródigos.
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
2. Ébrio (inciso I) se refere a embriaguez.
3. Os que de forma transitória ou permanente não podem exprimir sua vontade (inciso III): não se trata das pessoas com deficiência, mas, sim, das situações em que determinada causa privasse o indivíduo de exprimir a sua vontade, como o estado de coma. Crítica da doutrina: tais pessoas estão absolutamente impedidas de manifestar vontade, não havendo sentido algum em considerá-las “relativamente incapazes”.
4. Pródigos: são aqueles que dilapidem sua fortuna (é um problema psicológico). Fundamentação jurídica: podem, eventualmente, prejudicar a tessitura familiar e social (o indivíduo que desordenadamente dilapida o seu patrimônio poderá, ulteriormente, bater às portas de um parente próximo ou do próprio Estado para buscar amparo). 
5. Indígenas (parágrafo único): a legislação especial a que se refere o parágrafo é o Estatuto do índio, que ressalva a possibilidade de o indígena ser considerado plenamente capaz se demonstrar discernimento.
Suprimento da incapacidade (representação e assistência)
1. Representação: O suprimento da incapacidade absoluta dá-se através da representação. Os menores de dezesseis anos são representados por seus pais ou tutores e os enfermos ou deficientes mentais, privados de discernimento, além das pessoas impedidas de manifestar a sua vontade, mesmo que por causa transitória, por seus curadores.
2. Assistência: para relativamente incapazes. É uma forma mais branda de representação, pois o denominado “assistente” não pratica o ato “em nome” do representado, mas juntamente consigo.
3. Se o absoluta ou relativamente incapaz atua sem o seu representante ou assistente, o ato praticado padece de invalidade jurídica (nulidade absoluta ou relativa).
4. Importante dizer, ainda, que o representante não é titular da vontade ou do patrimônio do representado, devendo agir sempre em benefício deste último, sob pena de o negócio jurídico ser anulado (art. 119, CC).
5. Representação voluntária: Não se pode confundir, por outro lado, a representação legal, ora tratada, com a representação voluntária ou convencional, a exemplo do que ocorre no contrato de mandato. Neste caso, uma parte (mandante) cuida de outorgar, por ato de vontade, mediante procuração (instrumento do mandato), poderes gerais ou específicos para que a outra (mandatário) pratique atos jurídicos em seu nome e no seu interesse.
Emancipação
Art. 5º. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
1. Entretanto, a pessoa pode se emancipar a partir dos 16. Emancipação é a declaração de maioridade. Pode ser voluntária, judicial ou legal.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Emancipação voluntária
1. A emancipação voluntária ocorre pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumentopúblico, independentemente de homologação judicial, desde que o menor haja completado dezesseis anos. 
2. Diz a Lei de Registros Públicos: “Art. 89. No cartório do 1.º Ofício ou da 1.ª subdivisão judiciária de cada comarca serão registrados, em livro especial, as sentenças de emancipação, bem como os atos dos pais que a concederem, em relação aos menores nela domiciliados”.
Emancipação judicial
1. A emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor, se o menor contar com dezesseis anos completos. 
2. O juiz, nesses casos de emancipação judicial, deverá comunicar a emancipação ao oficial de registro. Antes do registro, a emancipação, em qualquer caso, não produzirá efeito.
Casamento
1. Podem casar o homem e a mulher a partir dos dezesseis anos desde que tenham a autorização de ambos os pais ou de seus representantes legais (art. 1517, CC).
2. Havendo a dissolução da sociedade conjugal (pelo divórcio, separação judicial ou morte), o emancipado não retorna à anterior situação de incapacidade civil.
3. Em caso de nulidade ou anulação, entendemos que a emancipação persiste apenas se o matrimônio fora contraído de boa-fé (casamento putativo). Em caso contrário, retorna-se à situação de incapacidade.
Exercício de emprego público efetivo
1. Essa causa especial de emancipação diz respeito às hipóteses de provimento efetivo em cargo ou emprego público, não importando a atecnia. Desde que haja nomeação em caráter efetivo – afastadas, portanto, as designações para cargos comissionados ou temporários –, o agente adquire plena capacidade civil, emancipando-se.
2. Entretanto dificilmente a lei admitirá o provimento efetivo em cargo ou emprego público antes dos dezoito anos.
Estabelecimento de comércio e economia própria
1. Finalmente, justifica a emancipação o estabelecimento civil ou comercial, ou a existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
2. É importante, porém, deixar claro que a emancipação não se adquire, pura e simplesmente, com a celebração de contrato de trabalho, devendo concorrer, como outro requisito, a existência de economia própria, o que descarta, a priori, os contratos de aprendizagem (art. 428 da CLT) e os de jornada a tempo parcial (art. 58-A da CLT), que admitem contratação com remuneração por valores inferiores ao salário mínimo legal.
3. A carteira de trabalho (CTPS), devidamente assinada, seria o documento hábil para comprovar a emancipação legal.
Nome Civil
1. Quando se fala em nome civil é a denominação completa que se encontra o registro civil. Compreende duas partes:
· Prenome: primeiro nome.
· Patronímico: trata-se do nome de família, que, coloquialmente, é chamado de sobrenome (embora, do ponto de vista técnico, sobrenome signifique, em verdade, um nome que se sobrepõe a outro, como o cognome)
2. A expressão “apelido”, coloquialmente utilizada, se refere ao patronímico (apelidos de família) ou ao cognome.
Possibilidade de alteração de nome
1. Nome é marca indelével do indivíduo, como um atributo de sua personalidade, pelo que suas alterações somente podem justificar-se por um motivo realmente relevante. As possibilidades de alteração do nome classificam-se em necessárias e voluntárias.
Causas necessárias
1. As causas necessárias são aquelas decorrentes da modificação do estado de filiação (reconhecimento/contestação de paternidade ou realização da adoção) ou alteração do próprio nome dos pais.
Causas voluntárias
1. Primeira hipótese: o casamento. 
2. Segunda hipótese: alteração imotivada no primeiro ano após atingida a maioridade (art. 56 da LRP). Parece-nos imprescindível que o autor comprove, por intermédio de certidões negativas extraídas de órgãos públicos, que não há qualquer intuito fraudulento a direito de terceiros na sua pretensão de modificação de nome.
3. Terceira hipótese: alteração motivada. Somente por exceção, após audiência do Ministério Público. 
Tutela jurídica do nome
1. O CC/2002, de forma expressa, protege o nome contra a sua utilização indevida por quem quer que seja, mesmo que não haja animus difamandi, como se consta dos arts. 17 e 18, in verbis:
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Registro civil
1. Segundo Francisco Amaral, “O registro civil é a instituição administrativa que tem por objetivo imediato a publicidade dos fatos jurídicos de interesse das pessoas e da sociedade. Sua função é dar autenticidade, segurança e eficácia aos fatos jurídicos de maior relevância para a vida e os interesses dos sujeitos de direito”.
2. Para alguns negócios jurídicos a o registro é condição sine qua non (indispensável). Ex.: aquisição de propriedade imobiliária. 
LRP, Art. 29. Serão registrados no registro civil DE PESSOAS NATURAIS:
I – os nascimentos;
II – os casamentos;
III – os óbitos;
IV – as emancipações;
V – as interdições;
VI – as sentenças declaratórias de ausência;
VII – as opções de nacionalidade;
VIII – as sentenças que deferirem a legitimação adotiva.
(grifos nossos)
§ 1.º Serão averbados:
I – as sentenças que decidirem a nulidade ou anulação do casamento, o desquite e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II – as sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebidos na constância do casamento e as que declararem a filiação legítima;
III – os casamentos de que resultar a legitimação de filhos havidos ou concebidos anteriormente;
IV – os atos judiciais ou extrajudiciais de reconhecimento de filhos ilegítimos;
V – as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem;
VI – as alterações ou abreviaturas de nomes.
3. Na forma da Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973, o prazo para registro de nascimento é de quinze dias, ampliável para 45 dias (no caso de impedimento do pai) ou até três meses (em lugares distantes mais de 30 km da sede do cartório), conforme se vislumbra dos seus arts. 50 a 52.
4. Leia os arts. 9 e 10 do CC:
Art. 9º. Serão registrados em registro público:
I – os nascimentos, casamentos e óbitos;
II – a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III – a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV – a sentença declaratória de ausência ou de morte presumida.
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
I – das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II – dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação”.
5. A palavra inscrição, assim como a expressão transcrição, pode ser entendida com o sentido de registro. A palavra averbação traduz a ideia de modificação ou alteração do estado civil da pessoa. 
Referências:
GAGLIANO, Pablo Stolze. RODOLFO, Pamplona Filho. Novo curso de direito civil – Parte geral – vol. 1. 23 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.

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