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ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 1 WWW.CEDUCAF.COM.BR ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE Caderno Pedagógico Ceduc@f ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 2 WWW.CEDUCAF.COM.BR PROGRAMA DO CURSO EMENTA Histórico da Arte – Educação no Brasil; Tendências pedagógicas na disciplina de arte; Movimentos artísticos; O avanço das artes; LEI LDBEN e as mudanças na disciplina de arte; O ensino de arte novas perspectivas; O aluno e a arte; O professor e a arte; A escola e a disciplina de arte. OBJETIVO GERAL Analisar a produção artística e verificar a relação professor/aluno no processo de motivação no ensino da Arte escolar no Ensino Fundamental. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Oferecer aos indivíduos condições para que compreenda o que ocorre no plano da expressão e no plano do significado ao interagir com as Artes. Permitir sua inserção social de maneira mais ampla na sociedade. Relacionar a arte com a formação dos alunos do ensino fundamental. Apresentação de algumas características do fenômeno artístico. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 3 WWW.CEDUCAF.COM.BR CONTEÚDOS Histórico da Arte no Brasil A influência das tendências pedagógicas na disciplina de arte Movimentos artísticos contribuíram para o avanço da arte na educação Lei de Diretrizes e Bases – LDB: Novos paradigmas O ensino da arte nas escolas A arte tem seu espaço nas escolas? Perspectivas na qualidade do ensino das artes Arte em projetos Arte – educação ou ensino de arte Teoria e prática em artes nas nossas escolas A arte como objeto de conhecimento Os conteúdos de arte no ensino fundamental Pressupostos filosóficos metodológicos a respeito do ensino da arte A leitura nos olhos da arte Atividade de conclusão do curso. METODOLOGIA Desenvolvimento de questões objetivas, que tome como pressupostos teóricos os conteúdos estudados neste curso. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 4 WWW.CEDUCAF.COM.BR APRESENTAÇÃO Este curso se constitui numa proposta de estudos para discussões e elaboração de conceitos sobre o tema “Arte – Educação: Práticas diárias e suas perspectivas na atualidade”. Que este curso proporcione um estudo agradável e produtivo. “Precisamos levar a arte que hoje está circunscrita a um mundo socialmente limitado a se expandir, tornando-se patrimônio da maioria e elevando o nível de qualidade de vida da população”. Ana Mae Barbosa (1991: 6) Para que aconteça a verdadeira transformação do conhecimento é necessário compromisso e empenho nas leituras e no aproveitamento da atividade disponibilizada para refletir e aprimorar a prática diária. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 5 WWW.CEDUCAF.COM.BR SUMÁRIO Introdução................................................................................................................................6 Histórico da Arte no Brasil......................................................................................................7 A influência das tendências pedagógicas na disciplina de arte..............................................14 Movimentos artísticos contribuíram para o avanço da arte na educação.............................. 16 Lei de Diretrizes e Bases – LDB: Novos paradigmas............................................................16 O ensino da arte nas escolas...................................................................................................18 A arte tem seu espaço nas escolas? .......................................................................................25 Perspectivas na qualidade do ensino das artes.......................................................................29 Arte em projetos.....................................................................................................................30 Arte – educação ou ensino de arte..........................................................................................33 Teoria e prática em artes nas nossas escolas..........................................................................37 A arte como objeto de conhecimento.....................................................................................38 Os conteúdos de arte no ensino fundamental.........................................................................40 Pressupostos filosóficos metodológicos a respeito do ensino da arte....................................43 A leitura nos olhos da arte......................................................................................................46 Considerações finais.............................................................................................................. 54 Referências.............................................................................................................................56 Atividade de conclusão do curso...........................................................................................57 ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 6 WWW.CEDUCAF.COM.BR INTRODUÇÃO Para podermos compreender melhor o mundo das Artes, precisamos conhecer um pouco da sua história, principalmente a sua história dentro da educação. Faz-se, então, necessário conhecer a Arte-Educação, como ela surgiu, qual a sua importância na área do conhecimento, dentro das escolas, pelas transformações que passou pelas adaptações que se viu obrigada a fazer. Sabemos o quanto as crianças são sinceras. Então, prepare-se, pois se ela não gostar do que faz em algum momento contará para alguém. Criança e arte é uma combinação perfeita, seja para deixar a criatividade se manifestar, florescer a imaginação e o encanto acontecer. Os educadores têm o difícil papel de despertar nas crianças a sensibilidade, o reconhecimento de uma obra de arte, o senso crítico. Porém, tudo isso deve acontecer no tempo da criança e da turma que ela está inserida. Cada grupo vai ter uma preferência por um ou outro tipo de arte. É preciso respeitar as diferenças e também esclarecer que a apreciação da arte é subjetiva. Mostre o carinho pelo descobrimento do mundo das artes e desperte nas crianças a vontade de quero mais. Quem sabe, ele se descobre um artista no futuro, uma atriz ou ator impecável, um músico invejável ou uma bailarina admirada no mundo inteiro. Deixe-as sonhar, sem medo, sem restrições. A arte precisa de espaço para poder acontecer na prática, quer dizer, cada uma das linguagens artísticas necessita de um espaço diferente para sua aula. Porém, normalmente essas especificidades não são levadas em conta, nem por quem constrói os edifícios escolares, nem pela direção e supervisão escolar. Então, é preciso que o professor se dê por satisfeito com as salas disponíveis. Claro que seria bem mais cômodo se essa situação, a de ter espaços apropriados, não incomodasse ninguém. Primeiro, porque, além de incomodar o professor que está lecionando, incomoda os alunos, pois eles ficam em espaço reduzido para fazer as atividades, e incomoda o professor da sala ao lado, que normalmente reclama do barulho que as aulas de artes produzem. Neste caso, “barulho produtivo”, é o que sempre devemos responder. As perspectivas para o ensino das artes nas escolas vão caminhando, ás vezes, lentamente, ás vezes um pouco mais rápido. Mas não podemos viver de promessas, pois a prática diária requer espaço físico e espaço de liberdade de expressão, material,o mínimo o necessário. Mas a luta precisa continuar, no sentido de lutar por salas de artes, não importa que sejam para teatro, música, artes visuais ou dança, desde que quem as construa saiba que, para cada área, existem especificidades diferentes. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 7 WWW.CEDUCAF.COM.BR HISTÓRICO DA ARTE EDUCAÇÃO NO BRASIL A história do ensino da arte no Brasil iniciou-se no período correspondente ao estilo Barroco-jesuítico – 1549 a 1808 – quando, devido às condições próprias da Colônia, este estilo de características europeias adaptou-se às peculiaridades locais. Tal fato originou um tipo de arte com características próprias: o Barroco brasileiro. Nesse período, realizaram-se montagens teatrais de caráter didático no contexto das práticas da catequese jesuítas. Estas concepções se constituíram como práticas incipientes do ensino da arte, pois os padres jesuítas preparavam a população indígena para a materialização do seu teatro religioso. Podemos observar que também a música foi utilizada como instrumento no processo de catequese, o qual se deu a partir da utilização do Canto Gregoriano. A inexistência de escola de arte direcionou um processo de aprendizagem artístico vinculado às oficinas dos artesãos, as ruas e as instituições religioso. Foi um período bastante produtivo que contribuiu para a formação de uma arte nacional popular, na qual se destacava o processo informal, que não fazia distinção entre música erudita e música popular. Em 1808, a vinda da família real para o Brasil, decorrente de questões políticas instauradas na Europa, fez surgir na Colônia um novo panorama artístico cultural. Este se caracterizou, sobretudo, pela exposição dos padrões artísticos vinculado ao neoclassicismo. O estilo neoclássico, apropriado tardiamente da Europa, é incorporado ao Brasil pelo decreto de 1816, instituído por D. João VI. Coube a Missão Artística Francesa administrar a Academia Real de Arte e Ofícios e, através desta, divulgar a proposta neoclássica. A imposição do modelo de produção acadêmica e elitista provocou um distanciamento entre a arte e o povo. As Artes plásticas ganharam um contorno neoclássico sendo destinada à elite brasileira. A música, que era muito apreciada pela família real. Tendo quase todos os seus membros o domínio de pelo menos um instrumento musical, recebeu grande incentivo nesse período. Em 1841, foi criado o Conservatório de música do Rio de Janeiro. A criação do Conservatório originou a Escola de Música da Universidade Federal, e, em consequência disso, oficializou-se o ensino da música no Brasil. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 8 WWW.CEDUCAF.COM.BR Na mesma época, o autor João Caetano publicou o primeiro manual para a formação de autores, introduzindo, assim, a discussão sobre a necessidade da criação de alternativas para o ensino das técnicas teatrais. Em decorrência das ideias advindas do liberalismo americano e do positivismo francês (final do século XIX), o ensino da arte no Brasil passou a ser visto como possibilidade de preparação para a indústria. Com isso, o desenvolvimento econômico resultante da Revolução industrial e abolição da escravatura provocaram uma acentuada valorização do trabalho manual, em detrimento das Belas Artes. Em 1890, visando ao desenvolvimento da racionalidade, introduziu-se o ensino do desenho geométrico, com vistas a atender aos interesses positivistas. O ensino do século XX foi marcado, por um lado, pelas influências liberais, que entendiam o ensino do desenho como linguagem técnica, e por outro, pelo positivismo, como preparo para a linguagem cientifica. A partir de 1920, foram introduzidas ideias e técnicas pedagógicas norte-americana: a criança era vista como pessoa com característica própria, necessitando, assim, de investigações acerca de suas potencialidades orgânicas e funcionais antes de se definir objetos e métodos pedagógicos. Com a semana de Arte Moderna de 1922, surgiu um novo momento para o ensino de Arte no Brasil. A vinda de informações sobre os movimentos de arte moderna como fauvismo, expressionismo, entre outros, teve forte influência na arte local, motivando um novo olhar para a produção artística infantil. Estes novos olhares originaram-se, essencialmente, em Anita Malfatti e em Mario de Andrade, inspirados pelo austríaco Franz Cizek. A postura metodológica era a de livre- expressão, isto é, no deixar fazer livremente, dando grande ênfase ao espontaneismo infantil. Porém para Mario de Andrade, esta liberdade de criação deveria ser portadora de originalidade e de significação para a criança. A década de 30 viveu o ideário da Escola Nova, influenciado por Dewy, Decroly e Claparède. A inclusão da arte na escola primaria foi discutida na maneira acirrada, não como disciplina a ser ensinada, mas apenas como forma de expressão. Entretanto, por questão política, este movimento foi sendo diluído. É desse período à introdução do ensino da música na escola regular, que usava o método do canto orfeônico idealizado por Heitor Villa-Lobos. Opondo-se ao Canto Orfeônico, posteriormente foi introduzida a Educação Musical, cujo método era oriundo da Europa e utilizava-se da experimentação, improvisação e criação com os sons. Após o ano de 1948, sob forte in fluência de teóricos com Herbert Read e Viktor Lowenfeld, criou-se à proposta de uma Educação através da Arte, vista como processo criador. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 9 WWW.CEDUCAF.COM.BR Ainda no final dos anos 40, surgiu no Brasil o Movimento das Escolinhas de Arte, talvez o mais fecundasse em termos do ensino da arte realizado no Brasil. Foi idealizado por Augusto Rodrigues, iniciados nos corredores da Biblioteca Castro Alves, e denominada espontaneamente pelas crianças como escolinha. A finalidade deste movimento era de desenvolver a capacidade criadora da criança, visando o seu desenvolvimento estético. No início dos anos 50, sob a influenciada modernização o teatro brasileiro, foi criado a Escola de Arte Dramática (EAD) em São Paulo, com o fim de proporcionar uma formação sistemática do ator, pois anteriormente este tipo de atividade era informalmente desenvolvido no interior das companhias profissionais. Os anos 60 foram marcados pela livre-expressão, porém, omitindo a característica da originalidade pensando por Mário de Andrade. Este pensamento foi se desvirtuando, pois a interferência do professor como influência, em 1971, com a Lei 5692, o ensino da arte em todo o território nacional passa a ser obrigatório. Porém, não havia uma escola superior que formasse o Professional para ministrar a disciplina. Os únicos professores de arte existentes eram aqueles formados pelas Escolinhas de Arte. Foram, então, criados os cursos de licenciatura curto que, entre outros agravantes, tinham como características a formação polivalente do professor, capacitando-o a ministrar aulas de arte plásticas, artes cênicas, desenho e música. Como reflexo desse processo, e após anos de experiência e pesquisas comprovando o fracasso desse tipo desorganização escolares e polivalência, é raro um professor com domínio nas várias linguagens artísticas – atualmente a formação de professores, de arte, no âmbito dos cursos universitários, prevê o profissional específico para cada língua artística (Artes Plásticas, Artes Cênicas, Desenho Geométrico, Música). Entretanto, surge uma contradição com as políticas implementadas pelas instituições responsáveis pelo ensino público, pois enquanto as universidades formam professores especializados em cada linguagem artística, o ensino público demanda professores polivalentes que trabalhem simultaneamente com todas as artes. A demanda é uma dispersão na prática pedagógica, que poderiaser sanada a partir de uma prática integrada de professores de diferentes artes (interdisciplinaridade) Se a realidade educacional atual não permite a prática interdisciplinar em arte, é mais coerente que o professor concentre o seu campo de conteúdos a partir da área de formação, apenas transitando de forma cuidadosa e segura nas outras linguagens artísticas, para não fazer de suas aulas meras tentativas superficiais, sem um aprofundamento consistente. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 10 WWW.CEDUCAF.COM.BR Neste mesmo período, em decorrência da mesma Lei, as disciplinas desenhos geométricos e Educação Musical foram retirados do currículo. De lá para cá a música tem sido ministrada em algumas escolas, mas de maneira solitária. O ensino mais afetivo do exercício musical e a consequente sensibilização das pessoas para a importância do mundo sonoro que nos cerca passou a ser privilegio de algumas pessoas com condições financeiras e predisposição para frequentar escolas específicas (ensino informal). Uma geração formou-se sem ter sido despertada para a significação que possui o som em suas vidas. Embora a citada lei enfatizasse o processo expressivo e criativo dos alunos, em si ela tornou-se mais tecnicista. Os programas eram inadequados e quase sempre enfatizavam o uso da técnica pela técnica, sequer percebendo a dimensão própria da arte. Em consequência desse período entre pedagogia novista e tecnicista, no final dos anos 70, surgiu o movimento de Arte - Educacional, com o objetivo de repensar a função da arte na escola ce na vida das pessoas. Os professores sentem-se confusos com relação aos rumos do ensino da arte, percebendo a importância de juntar forças para discussões, estudos, pesquisas e novas ações. Estava surgindo uma consciência mais reflexiva sobre o encaminhamento filosófico/ metodológico para o ensino da arte. Assim na década de 80, a associação de professores de arte em vários brasileiros estruturou-se, criando a Federações das Associações de Arte - Educacional do Brasil – FAEB, movimento que, paralelo às aberrações na legislação oficial, ativou acirradas discussões sobre o ensino da arte. Organizaram-se eventos que chegaram a reunir até 2700 professores. Houve muitas discussões e trabalhos para uma melhoria da qualidade do ensino de arte. Entretanto, vemos ainda uma realidade educacional que se vem arrastando, com visões distorcidas e práticas inconsistentes. Segundo BARBOSA (1991:1), nesta mesma década, mais especialmente no ano de 1986, com a aprovação da reformação do currículo comum, cria-se uma situação paradoxal, pois a área de comunicação e expressão deixa de ser básica, porém é exigida. Em 1988, uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação começou a ser discutida na Câmera e no Senado. Ora contemplava devidamente, ora excluía o ensino da arte enquanto disciplina obrigatória, o que demandou movimentos dos professores no sentido de demonstrar aos parlamentares que o ensino da arte é investigação dos modos como se aprende arte nas escolas, nos museus, nas universidades e na intimidade dos ateliês. No ano 90, novamente iniciaram-se os trânsitos da LDB nas instancias de competências para sua aprovação. A permanência ou a não obrigatoriedade da disciplina tornou-se, outra vez, polêmica nacional. Devido ao intenso movimento dos professores, de norte a sul do país, visando mostrar que a arte é conhecimento e que possui um campo teórico específico, ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 11 WWW.CEDUCAF.COM.BR conquistou-se a inclusão, no corpo da lei, da obrigatoriedade da disciplina em todos os níveis de ensino. Art. – 2º O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis de educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO N º 9394 /1996: 30). Paralelamente a toda essa questão, avançou-se em termos teórico - metodológicos em se tratando do ensino da arte. Curso em nível de pós-graduação (Especialização, mestrado e doutorado) sobre a arte e seu ensino crescem no Brasil. Ainda não é suficiente: porém, tem-se um numero crescente de pessoas refletindo sobre a arte e seu ensino. Duas grandes tendências, que não são excludentes, tem sido motivo de reflexões e geradoras de bons resultados: de um lado, uma que se trata de estética do cotidiano, como forma de melhor apreensão da realidade através da alfabetização estética; de outro lado, uma postura pedagógica comprometida com a visão de que o objeto artístico deve ser apreendido dentre um contexto histórico-cultural, onde a leitura, a redução artística e a contextualização são áreas de conhecimentos que fundamentam a compreensão histórica- cultural dos alunos. Esta tendência, que no Brasil recebeu o nome de Metodologia Triangular, é uma adaptação brasileira da Disciplina Básica Art Education – DBAE, desenvolvida nos Estados pela Getty Foundation, nos setores de arte - educação dos museus de arte contemporânea, onde teve grande contribuição. O DBAE originou-se por inspiração na experiência mexicana das Escuelas Ar Libre (1910) e no movimento inglês de estetização nas escolas de preparação dos adolescentes nas áreas de produção artesanal. Sabe-se que muito já se avançou e se caminha a passos largos para reflexões cada vez mais consistentes sobre a arte e o seu ensino. Há uma busca de novas metodologias de ensino e aprendizagem de arte nas escolas. A arte, hoje, é compreendida como patrimônio cultural da humanidade. Este pequeno histórico tenta dar conta da longa trajetória do ensino da arte no Brasil, visando oferecer aos professores de Arte subsídios para a reflexão de sua prática pedagógica. Segundo Barbosa (2002), antes de ser preparado para explicar a importância da arte na educação, o professor deverá estar preparado para entender e a explicar a função da arte para o indivíduo e a sociedade. A arte não tem importância para o homem somente como instrumento para desenvolver sua criatividade, sua percepção, mas tem importância em si mesma, como objeto de estudo. O importante é entender que a arte se constitui de manifestações da atividade criativa dos seres ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 12 WWW.CEDUCAF.COM.BR humanos ao interagirem com o mundo em que vivem, ao se conhecerem e ao conhecê-lo. O espaço educativo pode efetivamente dar uma contribuição no sentido de possibilitar o acesso à arte a uma grande maioria de crianças e jovens. A escola é o primeiro espaço formal onde se dá o desenvolvimento de cidadãos, nada melhor que por aí se dê o contato sistematizado com o universo artístico e suas linguagens: arte visual, teatro, dança, música e literatura. Ao longo dos anos, muito se tem falado e escrito sobre a necessidade da inclusão da arte na escola de forma mais efetiva. Desde 1971, pela lei 5692, a disciplina Educação Artística torna-se parte dos currículos escolares. Muitas experiências têm acontecido, mas no contato direto com professores, diretores de escola e coordenadores pedagógicos, as intenções parecem apontar para um conforto com a prática pedagógica no campo da arte que se nota a grande distância entre teoria e prática. Muitos equívocos são cometidos e a questão passa batida na maioria das vezes em que se questiona as vivências com a arte. Este quadro vem reforçar a postura inadequada de que o contato com o universo mágico da arte é importante, mas desnecessário. Esta contradição vem sendo objeto de reflexão e prática por parte da arte educadora, interessada em revertera situação em favor de uma escola que valorize os aspectos educativos contidos no universo da arte. Daí a nossa preocupação coma formação de profissionais que vão exercer as funções na formação e orientação de crianças e de jovens.Diretores de escolas, coordenadores e professores devem estar preparados para entender a arte como ramo do conhecimento em mesmo pé de igualdade que as outras disciplinas dos currículos escolares. Reconhecendo não só necessidade da arte, mas a sua capacidade transformadora, os educadores estarão contribuindo para que o acesso a ela seja um direito do homem. Aceitar que o fazer artístico e a fruição estética contribuem para o desenvolvimento de crianças e de jovens é ter a certeza da capacidade que eles têm de ampliar o seu potencial cognitivo e assim conceber o olhar o mundo de modos diferentes. Esta postura deve estar internalizada nos educadores, a fim de que a prática pedagógica tenha coerência, possibilitando ao educando conhecer o seu repertório cultural e entrar em contato com outras referências, sem que haja a imposição de uma forma de conhecimento sobre outra, sem dicotomia entre reflexão e prática. O ensino da arte deve estar em consonância com a contemporaneidade. A sala de aula deve ser um espelho do atelier do artista ou do laboratório do cientista. Neles são desenvolvidas pesquisas, técnicas são criadas e recriadas, e o processo criador toma forma de maneira viva, dinâmica. A pesquisa e a construção do conhecimento é um valor tanto para o educador quanto para o educando, rompendo coma relação sujeito-objeto do ensino tradicional. Este processo poderá ser desafiador. Delimite-se o ponto de partida e o ponto de ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 13 WWW.CEDUCAF.COM.BR chegada será resultante da experimentação. Dessa forma, o ensino da arte estará intimamente ligado ao interesse de quem aprende. Esta maneira de propor o ensino da arte rompe barreiras de exclusão, visto que a prática educativa está embasada não no talento ou no dom, mas na capacidade de experiência de cada um. Dessa forma, estimulam-se os educandos a se arriscarem a desenhar, representar, dançar, tocar, escrever, pois trata de uma vivência, e não de uma competição. Uma proposta em arte que parta deste princípio traz para as atividades um grande número de interessados. Estas crianças e estes jovens se reconhecerão como participantes e construtores de seus próprios caminhos e saberão avaliar de que forma se dão os atalhos, as vielas, as estradas. A arte fará parte de suas vidas e terá um sentido, deixando de ser aquela coisa incompreensível e elitista, distante de sua realidade. A concepção de arte no espaço implica numa expansão do conceito de cultura, ou seja, toda e qualquer produção e as maneiras de conceber e organizar a vida social são levadas em consideração. Cada grupo inserido nestes processos configura-se pelos seus valores e sentidos, e são atores na construção e transmissão dos mesmos. A cultura está em permanente transformação, ampliando-se e possibilitando ações que valorizam a produção e a transmissão do conhecimento. Cabe então negar a divisão entre teoria e prática, entre razão e percepção, ou seja, toda fragmentação ou comparti mentalização da vivência e do conhecimento. Este processo pedagógico busca a dinâmica entre o sentir, o pensar e o agir. Promove a interação entre saber e prática relacionados à história, às sociedades e às culturas, possibilitando uma relação ensino/aprendizagem de forma efetiva, a partir de experiências vividas, múltiplas e diversas. Considera-se também nesta proposta a vertente lúdica como processo e resultado, como conteúdo e forma. É necessário que se pense o lúdico na sua essencialidade. Por que no mundo atual as diferentes dimensões do lúdico vêm sendo reduzidas a praticamente uma, a do lúdico instrumental. Esta que é, por exemplo, utilizada pela publicidade, vem sendo tomada enquanto dimensão que dá conta das possibilidades todas do lúdico, como se este se esgotasse em tal perspectiva. Gostaria, assim, de lembrar aqui que o lúdico compreende pelo menos outra dimensão, que além de instrumental, o lúdico pode i deve ser essencial. Instrumental, o jogo é compreendido enquanto recurso motivador, simples instrumento, meio para a realização de objetivos que podem ser educativos, publicitários ou de inúmeras naturezas. No segundo caso, brincar sob todas as formas físicas e /ou intelectuais é visto como atitude essencial, como categoria que não necessita de uma justificativa externa, alheia a ela mesma para se validar. No primeiro caso, o que conta é a ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 14 WWW.CEDUCAF.COM.BR produtividade. No segundo, a produtividade é o próprio processo de brincar, uma vez nessa concepção jogar é intrinsecamente educativo, é essencial enquanto forma de humanização. De que forma a escola pode considerar na sua programação vivências onde o lúdico essencial esteja presente? Reconhecendo a arte como ramo do conhecimento, contendo em si um universo de componentes pedagógicos. Os educadores poderão abrir espaços de manifestações que possibilitam o trabalho com diferença, o exercício da imaginação, a autoexpressão, a descoberta e a invenção, novas experiências perceptivas, experimentação da pluralidade, multiplicidade e diversidade de valores, sentido e intenções. A INFLUÊNCIA DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA DISCIPLINA DE ARTE As tendências pedagógicas que influenciaram e continuam influenciando o ensino- aprendizagem da arte no decorrer da história, sempre será algo de debates e discussões nos cursos. Ao conhecê-las, teremos condições de escolher qual a prática educativa mais adequada como caminho a seguir neste novo milênio. Sabe-se, também, que muito já se escreve sobre as tendências pedagógicas relacionadas à nossa prática em sala de aula. Portanto, neste item, não teremos a intenção de discutir profundamente as tendências pedagógicas, mas sim retomá-las como base para a compreensão e reflexão sobre a situação em que se encontram o ensino e a aprendizagem da arte na atualidade. Pedagogia Tradicional A pedagogia tradicional preocupa-se com a universalização do conhecimento. O treino intensivo, a repetição e a memorização são as formas pelas quais o professor, elemento principal desse processo, transmite o acervo de informações aos seus alunos. Estes são agentes passivos aos quais não é permitida nenhuma forma de manifestação. Os conteúdos são verdades absolutas, dissociadas da vivência dos alunos e de sua realidade social. O professor de artes, nas primeiras décadas do século XX, ensinava desenho, preparando o aluno para o trabalho, através de técnicas, cópias, repetições. O ensino tradicional, existente ainda hoje em muitas escolas, está interessado no produto final e não no processo. Não percebe o aluno como um ser pensante, mas sim como um reprodutor de conhecimentos. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 15 WWW.CEDUCAF.COM.BR A partir dos anos 50, além do desenho, música, canto orfeônico e trabalhos manuais passaram a integrar o currículo de artes, porém com a mesma visão. Professor, dono absoluto da verdade, coloca-se em seu pedestal e não se questiona o seu método. As provas eram constantes, tanto as escritas, quanto as orais. Condutas remanescentes da pedagogia tradicional ainda hoje podem ser constatadas praticamente em todos os níveis da educação, desde a Educação Infantil até a Educação Superior. É uma pedagogia que tem como objetivos a centralização do conteúdo pelo professor, e a repetição perfeita pelos alunos. Pedagogia da Escola Nova A Escola Nova, diferente da Pedagogia Tradicional, tem seus objetivos concentrados no aluno. Os educadores que adotam essa concepção acreditam em uma sociedade mais justa e igualitária e no potencial criativo de seus alunos. A Escola Nova rompe com as ditas “cópias de modelos” e parte para a criatividade e a livre-expressão. Seu objetivo principal é o desenvolvimento da criatividade.A estética moderna privilegia a inspiração e a sensibilidade, acentuando o respeito à individualidade do aluno. Se por um lado esses aspectos foram importantes para o rompimento com os padrões estéticos e metodológicos tradicionais, por outro, criou-se uma postura não-diretiva, onde tudo em arte era permitido em nome da livre-expressão. Pedagogia Tecnicista No que diz respeito ao ensino e aprendizagem da arte na tendência tecnicista, pode-se mencionar a ausência de fundamentos teóricos em detrimento do saber construir. Nessa fase, percebe- se grande ênfase no uso de materiais alternativos, conhecidos na maioria das escolas como sucata. O professor de arte busca socorro para suas dúvidas nos livros didáticos que estão no mercado para serem consumidos desde o final dos anos 70, mas nem sempre encontram respostas. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 16 WWW.CEDUCAF.COM.BR MOVIMENTOS ARTÍSTICOS CONTRIBUÍRAM PARA O AVANÇO DA ARTE NA EDUCAÇÃO Os movimentos artísticos muitos contribuíram para o crescimento e expansão das artes no Brasil, ou seja, tais movimentos marcaram época e deram muitas vezes aquele “impulso” que faltava. Já no Século XX, na Semana da Arte Moderna, em 1922, vários artistas puderam mostrar sua existência e sua brasilidade, com suas formas e cores, valorizando a cultura brasileira. Um dos exemplos mais marcantes são as obras de Tarsila do Amaral, que têm seus traços marcantes, provando que cada obra de arte é um produto de uma determinada época, que deixa valores universais, propondo, até hoje, as mais variadas leituras. LEIS DE DIRETRIZES E BASES - LDB: NOVOS PARADIGMAS Esse item tem como fonte de pesquisa os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, que, no caso o de Artes, também é uma de nossas maiores fontes de pesquisa e que rege o ensino da arte na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Em 1971, pela nova IDB, a Educação Artística é incluída co currículo escolar, mas é considerada uma “atividade educativa” e não disciplina. Porém, a falta de cursos de formação, esbarra num mercado aberto e amparado por lei. Então, os professores passam a assumir a função de professores polivalentes, dando conta de ensinar ao aluno todas as linguagens artísticas. Assim muitos acabaram por abandonar sua área de formação específica. É só a partir dos anos 80, com o movimento Arte-Educação, que as mudanças começam a acontecer. Primeiramente, as discussões e debates sobre a função dos professores, sua valorização, seu aprimoramento, com o intuito de rever a ação educativa em Arte, e mostrar o seu real valor. Desde 1988, essas discussões e encontros aconteceram, mas apenas em 20 de dezembro de 1996 que a nova LDB foi sancionada. A atual LDB é a lei n.9.394/96, que, conforme os PCNs (1997, p.30), apresentam o seguinte texto: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis de ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 17 WWW.CEDUCAF.COM.BR educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (art. 26, parágrafo 2°). Isso quer dizer que essa nova lei ouviu as reivindicações históricas, ou seja, cai a nomenclatura Educação Artística e passa a ser Arte, que é incluída na estrutura curricular como área de conhecimento, com conteúdos e objetivos próprios e não apenas para ser uma atividade qualquer, para substituir o professor que faltou. Assim, as linguagens a serem trabalhadas são: Teatro, Dança, Música e Artes Visuais. O desenho, enquanto linguagem isolada, também saiu da obrigatoriedade, principalmente o desenho geométrico. Na prática, é preciso ressaltar que essas conquistas vêm a desfazer o estereótipo estabelecido há décadas: que em Artes e Educação Física ninguém reprova. Além disso. O professor de artes tem que assumir compromissos educacionais e estéticos com seus alunos e com a comunidade escolar. A teoria apresenta um histórico rico em conquistas, mas na prática ainda há muito que superar e aprender. Professores com formação precária e com pouco acesso às discussões teóricas, aos congressos de artes e também de educação, frequentemente transformam sua prática num ciclo vicioso, no qual seu planejamento nem é revisado, apenas é mudada a data das atividades, e assim ano após ano. É preciso ter a consciência de que Arte é uma disciplina, que tem sua área de conhecimento, que tem seus objetivos a serem alcançados ao longo do semestre. Muitas atividades que ainda são feitas hoje inibem a criatividade e não a alimentam. Um dos exemplos mais típicos são os desenhos mimeografados, onde os alunos não podem ultrapassar as bordas, pré-determinadas. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 18 WWW.CEDUCAF.COM.BR O ENSINO DA ARTE NAS ESCOLAS O ensino da arte nas escolas tem como um dos seus principais objetivos sensibilizar as crianças para o contato com as mais diferentes manifestações artísticas. A vivência com a arte contribui efetivamente para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem da criança, já que o ensino da arte respeita a criança em suas manifestações artísticas, nas suas criações. O professor precisa sensibilizar as crianças para o contato e o respeito com as linguagens artísticas, mas não pode esquecer-se de também estar sensível ao que se propõe, é deixar o lúdico predominar sobre as regras, é fazer um exercício constante de criatividade. E, sem esquecer de que fazer arte é produzir conhecimento, é contribuir diretamente para que essas crianças ampliem sua visão de mundo, percebendo-se capazes de produzir arte, de serem autoras de suas vontades e ideias, de perceber parte de sua própria história. Ensinar arte é estar sensível a todas as manifestações Se tiver uma aula de que as crianças não podem ter medo é a de artes. Claro que em muitos lugares é preciso tirar o estereótipo instalado há décadas: que aula de artes é para não fazer nada. As aulas de arte têm de ser prazerosas no sentido de permitir que o aluno brinque de ser outras pessoas, que ele cante e dance do seu jeito, que seja um espaço para desenvolver suas potencialidades, suas fantasias, sua imaginação. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 19 WWW.CEDUCAF.COM.BR Por isso, a importância do professor em dar valor para cada aluno e seu trabalho, tentar não desvalorizar ninguém em grupo, ou dizer que está errado ou feio, principalmente ao se referir aos desenhos. Acadêmicos de graduação têm pavor de artes, devido a certos professores do passado que falaram que seus desenhos eram horríveis, pois não sabiam o ficar dentro das linhas! Não souberam usar as cores certas! Traumas que os seguem até hoje. Então tente não criar traumas em seus alunos. Crie um ambiente nos quais todos se respeitem, onde o diferente é bem-vindo, onde cada um possa se expressar sem medo. Possibilite contatos com diferentes atividades, de expressão cênica, visual, musical e na dança. A criança e a arte A descoberta da arte pelas crianças se dá a partir de pequenas assembléias, em forma de rodinhas, recreações livres e dirigidas, atividades diversificadas, utilizando-se de jogos e artes plásticas, histórias contadas através de livros, músicas, danças, teatros de fantoches ou dramatizações, que auxiliam a criança a expressar pensamentos e emoções, a agir, construindo o seu que equilibra o seu universo. Neste processo, dentro de um ambiente seguro e afetivo favorecido pela escola, a criança aprende melhor enquanto brinca. O processo de aprendizagem sobre a arte está inserido dentro do seu próprio cotidiano, conceitos do que ela acha bonito ou feio, do que gosta ou não gosta. A própria natureza que a cerca lhe oferece uma quantidade infinita de imagense sons que ela observa. Mesmo sem distinguir conceitos, a http://colorirdesenhos.com/artigos/as-cores-que-criancas-escolhem ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 20 WWW.CEDUCAF.COM.BR criança está envolvida com outras pessoas na construção do processo cultural. As crianças já vivenciam a arte desde cedo a partir da prática dos adultos. Arte esta que está presente nos quadros que tem em casa, das músicas que ouvem das imagens que vêem em revistas, televisão, das cores da casa, do jardim. E, esse conteúdo artístico que vem com elas faz-se presente nas brincadeiras, dramatizações, músicas, desenhos, enfim, o mundo que ela participa, ela demonstra. A criança começa a se expressar desde o nascimento. Começa com certo desejo instintivo que precisa tornar conhecido do mundo exterior, um mundo que é, a princípio, representado exclusivamente pela mãe. Seus primeiros gestos e gritos são, portanto, a linguagem primitiva com que a criança tenta se comunicar com os outros. Em suas primeiras semanas de vida podemos fazer uma distinção entre a expressão que é indireta- não tem nenhum objetivo além de exteriorizar um sentimento mais generalizado, como o prazer, a ansiedade ou a raiva. Esses dois modos de expressão estão relacionados entre si: a satisfação da fome, por exemplo, produz um estado de prazer que é então expresso com um sorriso, ou a prolongação da fome produz um estado de insatisfação ou de dor que é então expresso com um grito de raiva A brincadeira é forma mais óbvia da livre-expressão nas crianças e há uma persistente tentativa, por parte dos psicológicos e antropólogos, de identificar todas as formas de livre-expressão com a brincadeira. Froebel chegou a firmar que “brincar é a mais elevada expressão do desenvolvimento humano na criança, pois constitui a única expressão que está na alma da criança. É o produto mais puro e mais espiritual da criança, sendo, ao mesmo tempo, um tipo e uma cópia da vida javascript:abrir('gi_01.jpg'); ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 21 WWW.CEDUCAF.COM.BR humana em todos os seus estágios e em todas as suas relações”. Segundo a visão da Dª Margaret Lowenfeld: “Nas crianças, a brincadeira é a expressão de sua relação com o todo da vida, e nenhuma teoria da criança será possível se não for também uma teoria que cubra o todo da relação da criança coma vida. Brincar... é visto como a aplicação de todas as atividades das crianças que são espontâneas e autogeradas; que são fins em si mesmas; e que estão relacionadas com as” lições “ou com as necessidades psicológicas normais e diárias da criança”. (READ, 2001) A arte pode contribuir imensamente para o desenvolvimento da criança, pois é na interação da criança com seu meio que inicia a aprendizagem. Essa arte tem início quando os sentidos da criança estabelecem o primeiro contato com o ambiente, e ela reage a essas experiências sensoriais. Tocar, cheirar, ver, manipular, saborear, escutar, enfim, qualquer método de perceber o meio e reagir contra ele é, de fato, a base essencial para a produção de formas artísticas. A criança de sete anos entra em prolongados períodos de aquietarão e de concentração em si mesma. Durante essa calmaria e concentração, elabora repetidamente as suas impressões, alheada do mundo exterior; ordena experiências novas com as antigas; é um bom ouvinte, gosta de ouvir histórias contadas por mais de uma vez. Irritam-se quando alguém se intromete sem suas cogitações. Esse período corresponde a uma idade agradável, desde que se respeita o sentimento da criança, os quais requerem uma atenção nova porque ela tende a mergulhar em períodos de cogitação. É muito difícil, para nós adultos, avaliar o quanto a criança de 7 anos, tem ainda que aprender com relação à compreensão dos significativos das múltiplas situações da vida que afetam, tanto no lar, como na escola. Quando esboçamos um retrato sintético da criança de 7 anos, temos de salientar novamente as tensões íntimas que nos dão a chave da sua psicologia. Ela encontra- se predominantemente num estádio assimilativo, em que desenvolve um equilíbrio funcional entre as suas inclinações interiores e as exigências da cultura. Ela necessita particularmente duma orientação discriminativa que dê a importância devida às cogitações sutis da sua vida interior. É facilmente mal compreendida, assim como é fácil também encaminhada- lá mal. Osborne, psicanalista da Clínica Tavistock de Londres, em Compreendendo seu filho de 7 anos (1993), relata que a criança de 7 anos é provavelmente ma criança que apresenta uma consciência de sua própria competência. Suas conquistas desde quando nasce foram bem considerados: na fala e na linguagem; em autocontrole, incluindo não só o desenvolvimento muscular, mas também o controle de sentimentos e reações; na capacidade de se inter-relacionar socialmente com muitas pessoas; e uma compreensão cada vez maior do mundo que a rodeia. Nesta faixa etária, as crianças se relacionam entre si com mais facilidade e, por isso, também são comuns as comparações em relação à capacidade ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 22 WWW.CEDUCAF.COM.BR de fazer amigos e a popularidade. Tais comparações são feitas em geral tendo em vista uma ideia preconcebida do que seja normal ideia esta a partir da qual toda criança é “medida”. Entretanto, esta preocupação com o que é normal e desejável só aparece à medida que as diferenças individuais entre as crianças vão se tornando cada vez mais claras, pois todas as crianças são diferentes, não apenas na variedade de suas habilidades intelectuais, interesse e habilidades sociais, mas também em suas vidas emocionais e na capacidade de lidar com problemas. De acordo com Sans, em seu livro A criança e o Artista (1995), os estudos sobre o desenho infantil se intensificaram no decorrer deste século, distanciando-se aos poucos do preconceito de ser visto como um “realismo fracassado” ou um “realismo fortuito”, na suposição de que a criança precisa de atenção ao desenhar. Percebeu-se o rico universo, repleto de particularidades autênticas e originais que a criança oferece por intermédio de suas criações plásticas. Embora haja peculiaridades, os desenhos e as pinturas infantis tendem a uma configuração básica, contendo semelhanças que independem do país ou período histórico em que foram produzidas. Ao comparar os desenhos feitos por crianças relativamente da mesma faixa etária, notam-se certas analogias principalmente na representação da forma. No entanto, apenas de modo sumário, podem-se indicar aspectos que aparecem com certa frequência. É interessante observar que, mesmo contendo semelhanças nítidas, isso se processa de modo pessoal, pois sempre prevalece o caráter criativo de cada um. Para Bessa (1969), a idade dos 7 anos é considerada uma das fases mais férteis na evolução do grafismo, quando a criança chega a dominar um vocabulário formal bastante rico, empenhando-se com desenvoltura na representação daquilo que deseja exprimir. É a busca co conceito- forma ou enriquecimento dos símbolos. Toda tentativa de correção de cor, forma ou proporção é desnecessária e prejudicial. A criança normalmente descobre cada dia uma novidade, uma estrutura, um detalhe. Seus desenhos são sempre originais: primeiro porque correspondem a uma visão pessoal; depois, pela incapacidade de representação realista e pela ausência mesma de lógica formal que a fabulação compensa no momento da execução. Nesta fase, desenhar deveria ser uma atividade tão regular quanto falar, cantar, pensar, dramatizar. Também a criança pode dominar os símbolos de que se serve para traduzir o mundo que a rodeia e alcança o poder de exprimir-se pelo desenho coma versatilidade de autêntica linguagem gráfica. De acordo com Lowenfeld & Brittain(1977), o aparecimento e a formação de um esquema surge na maioria das crianças por volta dos 7 anos. Ele pode ser determinado pelo modo como a ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 23 WWW.CEDUCAF.COM.BR criança vê alguma coisa, pelo significado emocional que ela lhe atribui, pelas suas experiências cinestésicas, pelas impressões táteis do objeto ou pela forma como o objeto funciona ou se comporta. Quando a representação se confina ao objeto dizemos que se trata de um esquema puro. Por exemplo: “Isto é uma árvore”. Neste caso, a representação esquemática é um tipo de representação que não inclui experiências intencionais. Caso contrário, a criança manifesta sua experiência particular. O esquema humano expressão é usada para descrever o conceito de uma figura que a criança criou após muita experimentação. Cada criança tem seu esquema para representar o homem. Aos 7 anos, quando a criança desenhar uma figura humana, mostrará um símbolo reconhecível facilmente: com a cabeça, corpo, braços, pernas e também outras características particulares; Representará: olhos, nariz, boca, cabelos e pescoço. Para cada um desses elementos, um símbolo. A roupa é frequentemente desenhada em lugar do corpo. O esquema consiste em formas geométricas que, quando separadas do todo, perdem seu significado. O esquema Espacial: Aos 7 anos, a grande descoberta é a existência de uma definida nas relações espaciais. A criança percebe que seus pés ficam no chão, que a grama cresce no chão e, que todas as pessoas estão no chão. É o primeiro conhecimento consciente de que a criança é parte de seu meio. De agora em diante, se expressa por meio da colocação de tudo nessa importante linha, perpendicularmente. Mas, a criança ainda não adquiriu a consciência de como representa a qualidade tridimensional do espaço. O que se verifica é que o esquema representa duas dimensões. A criança pode sofrer alguma experiência emocional que a faz desviar-se desse tipo de esquema e usar representações subjetivas do espaço- a dobragem, que é o processo de criação do conceito de espaço, quando os objetos são desenhados perpendicularmente à linha de base, e parecem ser colocados de pernas para o ar. Desenhos de Tipo Raios –X: A criança também pode usar outro meio não visual de representação, para mostrar aspectos diferentes que não poderiam ser vistos ao mesmo tempo. Ela pinta o interior e o exterior de uma casa, simultaneamente, sempre que o superior é maior de idade importância. O significado da cor: Naturalmente a criança descobre que existe afinidade entre cor e objeto. Não existe uma relação emocional que determina qual a cor que seleciona para os objetos em sua pintura. Ela descobre relações análogas definidas. Assim como repete, uma e outra vez, seu esquema de homem, ou de espaço, também torna a usar as mesmas cores para os mesmos objetos. Esse estabelecimento de uma cor definido para um objeto, e sua repetição constante é o reflexo direto do continuo progresso dos processos intelectuais da criança. Começa, nesta fase, a ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 24 WWW.CEDUCAF.COM.BR desenvolver a capacidade de agrupar coisas em classes e de formar generalizações. Ao perguntar à criança: “De que cor é o céu?”, Ela responderá: “é azul”, dependendo de o dia estar nublado ou não. Cada criança desenvolve suas próprias relações de cor. A origem desse esquema individual de cor será encontrada no próprio conceito visual ou emocional de cor. O esquema de cor é indicio da capacidade em evolução do pensamento abstrato, e mostra que a criança pode generalizá-lo a outras situações, partindo das suas próprias experiências. O significado do traço: Para a criança a arte é meio de expressão pessoal. Ela não tem consciência da beleza do que faz, nem tem pretensão de enfeitar, espontaneamente, o objeto. O ensino dos “fundamentos do traço” nesta faixa- etária, seria uma imposição adulta, artificial e poderia destruir a criatividade espontânea da criança. Um dos atributos mais importantes do traço é o ritmo. Este aparece muito nos desenhos infantis, em suas repetições de forma. Essa repetição da forma ou dos esquemas é feita de modo inconsciente. Concordamos com Read quando ele declara que a educação através da arte significa uma educação que tem a arte como uma das suas principais aliadas, que permita uma maior sensibilidade para o mundo ao nosso redor. Segundo ele, a educação tem por objetivo desenvolver, juntamente com a consciência social do indivíduo. Comenta ainda que a função mais importante da educação é a educação da sensibilidade estética. A arte pode contribuir imensamente para o desenvolvimento da criança, seja nos primeiros anos de vida, seja na idade escolar. O importante é que os professores estejam abertos às mudanças, no sentido de aprofundarem mais seus conhecimentos na psicologia do desenvolvimento infantil e se permitirem ensinar artes às crianças. Somente assim a criança poderá exprimir o seu mundo através da arte. A criança e o professor mediador O professor de artes é o sujeito que vão intermediar os conhecimentos que a criança já traz no seu histórico e oferecer oportunidades de conhecer novos conceitos, novos conhecimentos. Qualquer conceito que se queira trabalhar, seja ele estético artístico, pode ser trabalhado através do cotidiano das crianças. Para isso, o professor precisa oportunizar momentos de descobertas, de novos materiais e texturas, de novas cores, enfim, de novas “artes”. É importante mostrar para as crianças um pouco ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 25 WWW.CEDUCAF.COM.BR desse extenso mundo das artes. Então, sempre que houver oportunidade de ter contato com diferentes tipos de arte, explore-os. Por exemplo, quando um grupo de teatro se apresentar na escola, incentive-os a assisti-la, depois debata os assuntos que foram abordados na peça e faça ligações com o que você está ensinando. Pensando nesse novo conhecimento, leve-os, sempre que possível, a galerias de arte, museus, apresentações de coral, de danças clássicas e folclóricas. Oportunize o contato com a arte, para ele poder ter experiências estéticas, que ficarão gravadas em sua memória por muito tempo. O nome já nos diz tudo: mediador é aquele que tem como principal função mediar as situações, independente de sua origem. Na prática, para aprender, é preciso um bom diálogo, que resolva os problemas dentro da sala de aula. Deixe os alunos surpreendê-lo com ideias inesperadas e aceitar o novo, o imprevisível. Porém, a proposta de educar através da mediação, da amizade, do despertar da criatividade não significa que o professor deve fazer tudo que os alunos querem, mas ao menos escutá-los, nem que seja de vez em quanto. Além disso, ser professor criativo, não significa ir cada dia com uma fantasia de um super- herói diferente, mas que suas propostas não sejam sempre as mesmas. Surpreenda-os também. Faça coisas normais, como cantar e dançar com eles, a música deles. Isso parece simples, mas para eles é saber que podem confiar em você. A ARTE TEM SEU ESPAÇO NAS ESCOLAS? A resposta para esta questão é: depende da escola e também do professor. É necessário que o professor se posicione quanto às modificações que estão acontecendo na escola, além de mostrar a importância da arte como conhecimento e no desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo das crianças. É preciso voltar-se para a questão da escola enquanto instituição disciplinaria e dos espaços físicos suprimidos ou modificados, ambos enquanto agentes de violência simbólica. Essa escola, tendo como objetivo educar acaba por inibir a criatividade do aluno ao suprimir-lhe espaços, deixando-o cada vez mais trancado em sala de aula. O que importa, para muitas escolas, é conservarsua imagem, ou seja, não ter alunos perambulando pelo espaço escolar, sem se preocupar necessária e objetivamente com o conteúdo que o professor está lecionando. É simplesmente “importante” não deixar alunos fora de sala de aula. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 26 WWW.CEDUCAF.COM.BR Parece-me importante refletir sobre o que significa estar fora de sala de aula com os alunos, relativizar esta iniciativa, principalmente quando ela é associada com termos como malandragem e falta de produtividade. Não é aceitável que ideias como essa predomine no ambiente escolar. É necessário mostrar a importância da disciplina de artes para toda comunidade escolar e lutar por espaços apropriados para fazê-lo artístico. Sala de Artes: Sonho ou Realidade? Para algumas escolas, uma sala de artes já é realidade; para outras, ainda esta é um num sonho bem distante. Como já comentamos na introdução desse tópico, toda a linguagem artística tem suas necessidades especificas. Por isso, dizer que tem uma sala de artes para a prática das artes visuais não significa dizer que existe uma sala para a prática da dança. Pois, como é possível montar coreografias, por exemplo, se no meio da sala há grandes mesas, armários e pias para lavar as mãos? Não se pode esquecer-se das especificidades de cada linguagem, sem contar o grande número de professores substitutos. Num ano pode ter apenas professores de artes visuais, que vão fazer um ótimo uso dessa sala. Porém, se no ano seguinte só tiverem professores de música? Sabemos que a maioria das escolas da rede pública, e muitas da rede particular também, ainda não possuem sala de artes, nem espaço físico para ensaios. Como, então ensaiar com mais ou menos trinta e cinco alunos ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 27 WWW.CEDUCAF.COM.BR dentro da sala, sendo que eles são normalmente divididos em grupos, falando de diferentes assuntos e maneiras? A solução está em ir para fora da sala, usando o espaço da escola (enquanto eles ainda existem) para os ensaios, de maneira a não atrapalhar tanto os outros professores e nem o bom andamento das outras atividades escolares. Então, ao pensarmos em sala de artes, não esqueçamos as necessidades de cada linguagem, pois o que se tem como ideal virar uma sala de aula comum, pois já que a de artes não está sendo usada. Explorando os espaços para fazer arte Sair de sala de aula pode ser, às vezes, mais produtivo do que ficar dentro dela, dependendo das características da disciplina. Porém, a noção comumente aceita é a de que espaços livres são perigosos e, por isso, têm que ser substituídos ou eliminados cada vez mais rapidamente. O perigo aqui remete a outras atividades para as quais os alunos tornam-se disponíveis ao ocupar outros espaços da escola, atividades nas quais, evidentemente, a administração escolar não está nem um pouco interessada. A escola, por vezes, ignora a presença de alunos que necessitam de movimentos e espaços diferentes de comunicação. Eles precisam de movimento, de trocas entre colegas, de transição espacial mesmo, pois ficar durante cinco aulas sentadas no mesmo espaço e na mesma posição é cansativo para todos. Então, é preciso que o professor explore os espaços que a escolha ainda oferece, levando seus alunos para o ar livre, para passeios pedagógicos, saindo da rotina e construindo novos conceitos sobre arte. E, sempre ter em mãos o projeto pedagógico, para não ficar a impressão de que “apenas” vai passear. Materiais para produzir o fazer artístico Como a maioria das escolas não possui muitos materiais para fazer, por exemplo, cenografias e figurinos, a solução é usar materiais alternativos, que podem ser trazidos pelos próprios ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 28 WWW.CEDUCAF.COM.BR alunos. Os alunos trazem materiais de casa, trocam com os colegas e improvisam com o material está disponível no próprio ambiente. Nas apresentações, os objetos normalmente assumem funções diferentes do que eles têm a priori. Os alunos precisam pensar cenários e figurinos capazes de serem efetivamente construídos. Não são absolutamente necessários tais acessórios para as cenas acontecerem, mas os alunos, sejam eles crianças ou adolescentes, sentem-se realmente fazendo teatro quando todo o palco está armado e a maioria dos grupos se empenha na construção de seus planos. Se a escola pouco oferece neste sentido, não adianta reclamar. É necessário agir, mexendo no espaço e nos objetos tradicionais, transformando-os em espaço e objetos mágicos, simbólicos. A criança consegue entrar mais facilmente no mundo da imaginação ao transformar um objeto óbvio em coisas absurdas. Produzindo materiais Ao propor a ideia de produzir materiais, é preciso pensar neles com um olhar voltado para arte, sem esquecer-se de ver o que os alunos sabem fazer com esses materiais. Um dos poucos materiais que a escola normalmente oferece é o papel pardo, também conhecido como papel crafiti. Com esse papel, podem-se fazer várias atividades. Veja alguns exemplos: ele pode virar uma moldura; pode ser amassado e se transformar em pedras; com o uso de tintas e spray, ele ganha ainda mais vida: vira céu, mar, montanha. O papel pardo, assim como o jornal, vira figurino também, é só dar uma modelada e passar a tesoura. Outro aliado é a garrafas pets, principalmente para a construção de cenários e exposições. Assim como CDs arranhados. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 29 WWW.CEDUCAF.COM.BR PERSPECTIVAS NA QUALIDADE DO ENSINO DAS ARTES Esse é um dos dilemas mais antigos que enfrentam na realidade escolar, ou seja, qualquer um pode ser professor de Artes? A resposta é claro que não, pois é necessário ser licenciado em Artes para lecionar. Nas séries iniciais, o professor regente na maioria das vezes ainda leciona artes, por exemplo, já tem um professor de Artes separado, assim como tem um profissional de Educação Física. Então, o porquê dessa disciplina, você pode estar se perguntando? Porque o professor não pode deixar de ter os conceitos básicos em artes, pois a arte está presente diariamente na vida dos alunos. Como educador, tem suas propostas, suas vontades de experimentar novidades, e tem que colocá-las em prática, independente do que o outro professor vai fazer. É com o professor que o aluno passa a maioria do tempo e com ele vai descobrir a arte. É preciso esclarecer alguns pontos importantes aos diretores e supervisores escolares: professores de artes não são decoradores. Sempre que tem um mural vazio, lá vêm eles com a pergunta clássica: você não tem nenhum “trabalhinho” para expor? Primeiro que o que é produzido com os alunos nem sempre precisa ser exposto, só se fizer parte do planejamento e da vontade de seus alunos. Segundo, é preciso parar de falar no diminutivo, porque dá a impressão que não tem o mesmo valor das outras disciplinas. Assim, é trabalho e não trabalhinho; é teatro e não teatrinho; é uma exposição e não uma coisa qualquer. Outro problema enfrentado pelos professores é o de que geralmente só não lembramos nas datas comemorativas. Está chegando a festa junina, pega a aula de artes para fazer bandeirinhas; está chegando o dia das mães, dos pais, pede-se para o professor de artes fazer uns cartões, e assim por diante. Não que essas atividades não possam ser exercidas pelo professor de artes, mas todos na escola devem se envolver nas propostas, com cada um fazendo a sua parte. E o professor de artes é amparado por lei, como vimos anteriormente, para exercer a sua habilitação. Essas datas podem ser trabalhadas sim, desde que o professor queira e faça seu planejamento já pensando nisso, e não que seja obrigado por alguéma fazer isso ou aquilo. É preciso pensar no perfil de um novo professor, ou melhor, em que você está se formando em alguns anos. Não se pode mais seguir regras do passado, querer ensinar os conteúdos, sem saber o que interessa aos alunos. Não se pode ficar alheio à linguagem que eles usam as roupas que eles vestem, da maneira como se tratam. É preciso sim conquistar o respeito dos alunos pelo conhecimento, pelas atividades e propostas, mas não conquistar esse respeito pelo medo, pelo terrorismo da nota, pois isso nem é conquista, é imposição. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 30 WWW.CEDUCAF.COM.BR É preciso continuar enfrentando desafios, caras feias, pedras no caminho, mas não se deve desistir de inovar, de deixar marcas positivas na vida dessas crianças, de fazê-las sorrir, de fazê-las refletir de um “jogo lúdico” e não a partir de sermões intermináveis. Desafios fazem parte do crescimento, assim como as quedas, mas também as conquistas. Pense nas conquistas! Pense naquele aluno que no início do ano mal conseguia pegar no lápis e que hoje sabe ler e escrever. Ele sabe por que você ensinou, insistiu e não desistiu dele. Lembre dos seus sorrisos e olhos brilhantes quando você chega à sala com alguma surpresa. A ARTE EM PROJETOS Um projeto educacional não pode tornar a arte num elemento decorativo e festeiro. A arte valoriza a organização do mundo da criança e do jovem, sua autocompreensão, assim como o relacionamento com o outro e com o seu meio. Assim contextualizamos o trabalho na vertente do lúdico e do fazer, com a ação mais significante do que os resultados, ou seja, não se propõe atividades, que não levam a nada. Se pensarmos num projeto e no seu processo, cada etapa apresentará resultados que poderá se tornar ou não outro projeto. Os resultados dos processos podem ser uma etapa ou sua finalização em espetáculos teatrais, coreográficos, musicais, exposições mostram performances etc. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 31 WWW.CEDUCAF.COM.BR A finalização desses trabalhos não deve ser a meta principal para a sua realização, e sim a pesquisa e o desenvolvimento do educando nas respectivas linguagens artísticas, o crescimento da sua autonomia e a capacidade inventiva. Por isso os projetos devem levar em conta os valores e sentidos do universo cultural das crianças e dos jovens, possibilitando a vivência com o repertório já existente, assim como sua ampliação e novas possibilidades de expressão. Entender e estimular o ensino da arte nesta perspectiva tornará a escola um espaço vivo, produtor de um conhecimento novo, revelador, que aponta para a transformação. Pensemos numa educação estética a partir das reflexões de João Francisco Duarte Jr. “A educação é, por certo, uma atividade profundamente estética e criadora em si própria. Ela tem o sentido do jogo, do brinquedo, em que nos envolvemos prazerosamente em busca de uma harmonia. Na educação joga-se coma construção do sentido que deve fundamentar nossa compreensão do mundo e da vida que nele vivemos. No espaço educacional comprometemo-nos com a nossa “visão de mundo”, com nossa palavra. Estamos ali em pessoa – uma pessoa que tem seus pontos de vista, suas opiniões, desejos e paixões. Não somos apenas veículos para a transmissão de ideias de terceiros: repetidores de opiniões alheias, neutros e objetivos. A relação educacional é, sobretudo, uma relação de pessoa a pessoa, humana e envolvente”. A interação entre a concepção de arte e a concepção de educação encaminha-se na confluência do que conhecemos como arte-educação, conceito este que aponta para o entendimento de uma questão mais ampla que á a arte no espaço educativo: um projeto pedagógico com uma prática em arte. Destacamos a questão, tendo em vista que nenhuma outra disciplina tem necessidade de uma ênfase na sua nomenclatura quando da inclusão numa proposta pedagógica. Para melhor compreensão da afirmativa, exemplificamos da seguinte forma: não existe a necessidade de nomear geografia- educação, biologia-educação, português educação. A esse respeito, Ana Mãe Barbosa faz a seguinte consideração: “A arte-educação é epistemologia da arte e, portanto, é a investigação dos modos como se aprende arte na escola de 1º grau, 2º grau, na universidade e na intimidade dos ateliers. Talvez seja necessário para vencer o preconceito, sacrificarmos a própria expressão arte-educação que serviu para identificar uma posição e vanguarda do ensino da arte contra o oficialismo da educação artística dos anos setenta e oitenta”. É na ação da arte educadores que podemos reverter o quadro e tornar o ensino da arte uma prática significante para quem dela participa. Através de investimentos na formação e na qualificação de profissionais é que a arte deixará de ser mero apêndice pedagógico de outras disciplinas, ou um meio utilizado para organização de festas. Nada contra a festa, pelo contrário. Uma proposta centrada na arte não pode deixar de lado o seu aspecto festeiro, lúdico, mágico. Nesse sentido, o evento deve ser pensado como momento de criação estética, articulando com os elementos específicos inerentes ás linguagens artísticas. Assim, os eventos que reproduzem eventos convencionais, pré-estruturados pelos ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 32 WWW.CEDUCAF.COM.BR adultos e desvinculados das crianças, devem ser evitados em favor dos eventos elaborados e modificados em parceria com educadores e educandos, mantendo-se a intensidade do processo e a novidade dos resultados. O ensino de arte, hoje, é uma área do saber, uma disciplina com origem, histórica, questões e metodologia. Assim como em outros ramos do conhecimento, não há uma homogeneidade entre as abordagens nesta área. Talvez apenas nos pressupostos mais abrangentes. Abordagens diversas e práticas diferenciadas estão sendo trabalhadas por profissionais interessados no assunto. Podemos identificar relações com alguma concepção de arte, filosofia, pedagogia nas bases de cada uma. O ensino da arte tem crescido no Brasil, passando por diversas etapas de compreensão. Bibliografia, experiências, documentações, exposição tem sido produzidas ao longo dos anos. Questões são levantadas, postulados são revistos. Encontros, seminários e simpósios são promovidos, tendo como princípios que o entendimento da arte no espaço educativo passa pelo conhecimento da sua história: origens, propostas, criação de escolas, inserção nas leis de diretrizes e bases, nas universidades e suas relações com a história do país. É conhecer pensadores, teorias, abordagens, propostas. Identificar seus principais temas: fazer espontâneo, aprendizado de técnicas, história da arte, polivalência, arte tradicional, popular, folclore, arte contemporânea, integração. Além disso, articulá-la com outras disciplinas e com a pedagogia: métodos, etapas, esquemas ou com a sociologia: cultura, sociedade, épocas. Ou ainda com a história da arte: estilos, correntes, concepções, vertentes; e também coma antropologia: cultura, valores e sentidos culturais. Como é um universo amplo, uma vez que diz respeito ao que é humano e envolve o fazer e o pensar, o ensino da arte não poderia deixar de interagir com outras áreas do conhecimento. Dessa forma, o trabalho de produção e ensino da arte a ser desenvolvido pela escola deverá configurar-se numa concepção onde arte e educação sejam práticas que se relacionam com outras, pretendendo a criação de novas práticas na arte e na vida. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 33 WWW.CEDUCAF.COM.BR ARTE-EDUCAÇÃO OU ENSINO DE ARTE Educação que oportuniza ao indivíduo o acesso à Arte como linguagem expressivae forma de conhecimento.A educação em arte, assim como a educação geral e plena do indivíduo, acontece na sociedade de duas formas: Assistematicamente através dos meios de comunicação de massa e das manifestações não institucionalizadas da cultura. E assistematicamente na escola ou em outras instituições de ensino. No Brasil, a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) estabeleceu em seu artigo 26, parágrafo 2º que: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. “A arte é um patrimônio cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber”. De acordo com os parâmetros Curriculares Nacionais, a educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas. (PCN- Arte-1997). Como se sabe, o ensino da arte é fundamental para desenvolvimento da criança, pois arte é conhecimento e envolve o pensamento, o sentimento estético e a formação intelectual do aluno. Para Lowenfeld (1977), a arte desempenha um papel potencial vital na educação das crianças. Desenhar, pintar ou construir constitui um complexo em que a criança reúne diversos elementos de sua experiência, para formar um novo e significativo todo. A arte sempre esteve presente em todas as formações culturais, desde o início da história da humanidade. Ao desenhar um bisão numa caverna, na Pré-história, o homem teve que aprender seu ofício. Depois, ensinou para alguém o que aprendeu. Assim, o ensino e a aprendizagem da arte fazem parte do conhecimento que envolve a produção artística em todos os tempos. Existem autores que formularam os princípios inovadores para o ensino das artes plásticas, música, teatro e dança. ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 34 WWW.CEDUCAF.COM.BR Tais princípios influenciaram o que se chamou “Movimento da Educação através da Arte”, que se fundamentou principalmente nas ideias do filósofo inglês Herbert Read. Esse movimento teve como manifestação mais conhecida a tendência da livre expressão que, ao mesmo tempo, foi largamente influenciada pelo trabalho inovador de Viktor Lowenfeld, o qual acreditava que a potencialidade criadora se desenvolvia naturalmente em estágios sucessivos desde que se oferecessem condições adequadas para que a criança pudesse se expressar livremente. É importante também, salientar que esses fatos contribuíram inegavelmente no sentido da valorização da produção criadora da criança, o que não ocorria na escola tradicional. O princípio da livre expressão enraizou-se e espalhou-se pelas escolas, acompanhando pelo “imprescindível” conceito de criatividade, curioso fenômeno de consenso pedagógico, presença obrigatória em qualquer planejamento. Esse princípio tinha como objetivo fundamental facilitar o desenvolvimento criador da criança. Mas, como resultado, desencadeou-se uma descaracterização progressiva da área. Na década de 60, arte-educação lançou as bases para uma nova mudança de foco dentro do ensino de Arte, questionando basicamente a ideia do desenvolvimento espontâneo da expressão artística da criança e procurando definir a contribuição específica da arte para a educação do ser humano. Essa nova tendência articulou-se num duplo movimento: de um lado, a revisão crítica da livre expressão, de outro, a investigação da natureza da arte como forma de conhecimento. Segundo eles, as habilidades artísticas se desenvolvem por meio de questões que se apresentam à criança no decorrer de suas experiências de buscar meios para transformar ideias, sentimentos e imagens num objetivo material. Essas questões geraram as condições para o estabelecimento de um quadro de referências conceituais solidamente fundamentados dentro do currículo escolar, focalizando a especificidade da área e definidos seus contornos com base nas características inerentes ao fenômeno artístico. A partir disso, desenvolveram-se muitas pesquisas dentre as quais se ressaltaram as que investigam o modo de aprender dos artistas, as quais trouxeram dados importantes para as propostas pedagógicas, que consideram tanto os conteúdos a serem ensinados quanto os processos de aprendizagem dos alunos. É identificado pela visão humanista e filosófica que demarcou as tendências tradicionais e escolanovista, as quais vigoraram desde o início do século XX e ainda hoje estão presentes na disciplina Arte. As disciplinas Desenho, Trabalhos Manuais, Música e Canto Orfeônico faziam parte dos programas das escolas primárias e secundárias, na primeira metade do século XX. Nessa época era ARTE – EDUCAÇÃO: PRÁTICAS DIÁRIAS E SUAS PERSPECTIVAS NA ATUALIDADE CÓDIGO - 1004 35 WWW.CEDUCAF.COM.BR valorizada a habilidade manual os “dons artísticos”, os hábitos de organização e precisão, mostrando uma visão utilitarista e imediatista da arte. Era o ensino de Arte voltado essencialmente para o domínio técnico, mais centrado na figura do professor. A disciplina Desenho, apresentada sob a forma de Desenho Geométrico, Desenho do Natural e Desenho Pedagógico, era considerada mais por seu aspecto funcional do que uma experiência em arte; ou seja, todas as orientações e conhecimentos visaram uma aplicação imediata e a qualificação para o trabalho. Em 1971, pela lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a arte é incluída no currículo escolar com o titulo de Educação Artística, mas é considerada “atividade educativa” e não disciplina. Isso foi um avanço, principalmente se considerarmos que houve um entendimento em relação à arte na formação dos indivíduos, seguindo os ditames de um pensamento renovador. Como muitos professores não estavam habilitados e preparados para o domínio de várias linguagens, que deveriam ser incluídas no conjunto das atividades artísticas (Artes Plásticas, Educação Musical, Artes Cênicas), o resultado foi contraditório e paradoxal. Com a lei nº 9.394/96, a Arte passou a ser considerada obrigatória na educação básica: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (art. 26§2°). O que se propõe, nesse início do terceiro milênio são estudos sobre a educação estética, a estética do cotidiano, para complementar a formação artística dos alunos. Ressalta-se ainda o encaminhamento pedagógico artístico que tem por premissa básica a integração do fazer artísticas a apreciação da obra de arte e sua contextualização histórica, que são indicações da “Proposta Triangular para o Ensino da Arte”, criada por Ana Mãe Barbosa e difundida no país por meio de projetos como os do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e o Projeto Arte na Escola de Fundação Iochpe. A arte é uma dessas coisas que, como o ar ou o solo, estão por toda a nossa volta, mas que raramente nos detemos para considerar. A arte não é apenas algo que encontramos nos museus e nas galerias de arte, ou em antigas cidades como Roma, Paris, Florença. A arte está presente em tudo que fazemos para satisfazer nossos sentidos. “No Brasil, a expressão “educação através da arte”, criada por Herbert Head, transformada em arte-educação”, vem sendo bastante empregada após o surgimento da conhecida lei 5692/71, a qual pretendeu modernizar nossa estrutura educacional fixando suas diretrizes e bases. Trouxe algumas novidades, como a introdução da educação artística. No currículo escolar, o que foi um avanço, principalmente pelo aspecto de sustentação legal para essa
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