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Estudo de Caso em Serviço Social

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PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL III
GENEALOGIA DOS CONCEITOS E ANÁLISE 
DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: O ESTUDO 
DE CASO
- -2
1 Introdução
O estudo de caso é uma investigação que se debruça deliberadamente sobre uma situação específica que se
supõe ser única ou especial, pelo menos em certos aspectos, procurando descobrir a que há nela de mais
essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão global de um certo fenómeno de
interesse.
Quase tudo pode ser um “caso”: um indivíduo, um personagem, um pequeno grupo, uma organização, uma
comunidade ou mesmo uma nação. Esta metodologia pressupõe que o pesquisador se debruce, mergulhe, sobre
uma situação particular, procurando extrair dela e somente dela um máximo de dados relevantes para a área de
estudos em que se inscreve a sua pesquisa. Seria o caso de dizer, em uma perspectiva fenomenológica, que
devemos esquecer o que se sabe sobre o mundo para que nos detenhamos na radical especificidade do que
estamos estudando, sem procurar enquadra-lo no que já conhecemos. Portanto, abrirmo-nos a novidade radical
que se encontra em toda parte, antes da ciência categorizar os fenômenos em conceitos, agrupando-os em
classes.
2 O geral e o particular
Entretanto, a despeito de ser uma investigação sobre o particular, vale notar que o estudo de caso pode
combinar-se tanto em uma perspectiva indutiva (que vai do particular ao geral), quanto dedutiva (que vai do
geral ao particular). Ao estudar um objeto ou situação específicos você pode tanto estar testando hipóteses
anteriores quanto contribuindo para a elaboração de novas hipóteses observando e estudando um evento ainda
não estudado. Conforme dissemos em aulas anteriores, esse movimento de indução e dedução é circular na
ciência e não é porque partimos do particular no estudo de caso que estamos comprometidos com a indução.
Na primeira aula desta disciplina mostramos como serviço social e sociologia exemplificam este movimento. A
sociologia propõe leis e hipóteses gerais sobre os fenômenos sociais e essas leis e hipóteses podem orientar o
pesquisador em serviço social. Por sua vez o pesquisador, ao estudar um caso específico de fenômeno social
contribui em retorno seja para confirmar seja para falsear hipóteses anteriores.
Percebe-se assim que uma questão que o estudo de caso levanta diz respeito ao modo como o particular
relaciona-se ao geral. Assim, quando escolhemos para nossa pesquisa estudar um caso particular, por mais que
nos concentremos nesse caso específico, não há ciência do particular. Um estudo sobre uma situação ou objeto
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particular só faz sentido quando posteriormente é utilizado, seja para que se extraia conclusões mais gerais que
se prestem ao conhecimento de outras situações e objetos em alguma coisa considerados semelhantes, seja para
afirmar ou falsificar hipóteses anteriormente construídas.
Porém, podemos enfocar sob outra perspectiva essa relação do particular com o geral. Por exemplo, se
quisermos conhecer a obra de Marx, ou de qualquer grande autor que tenha grande produção, podemos fazer
uma leitura panorâmica da obra deste autor, lendo vários de seus textos, ou podemos nos deter sobre um
pequeno conjunto de textos de determinada época. Não deixa de ser razoável supor que há algo que é uma marca
deste autor e que atravessa toda sua obra, por mais que seus textos variem. Assim, ao invés de queremos
apreender a obra em questão pela leitura de um máximo de textos que a compõe, podemos mergulhar fundo na
leitura de uns poucos e tentar capturar aquilo que é sua marca permanente.
O mesmo se diz da filosofia. Quando se quer introduzir um estudante à filosofia, tanto se pode apresentar uma
visão panorâmica sobre a história da filosofia, passando pela obra de diversos filósofos, quanto se pode
aprofundar um dos debates clássicos da filosofia, como, por exemplo, aquele sobre o livre arbítrio. Há algo da
filosofia que está presente em cada pequeno pedaço da filosofia e não importa que fragmento de sua história
peguemos para estudar, lá estará ela, como um todo.
3 O assistente social
Finalmente podemos nos remeter ao serviço social. Certamente há entre as diversas áreas por onde se move o
assistente social aspectos que são comuns a todos. Por mais particulares que sejam os temas estudados e as
práticas realizadas pelos assistentes sociais, há impasses e encontros que se repetem em cada particular – pode-
se ou não enfocar as semelhanças ou as diferenças. Por sua vez, o próprio tecido social, em suas múltiplas
facetas, é atravessado por forças comuns que podem ser identificadas em estudos comparativos posteriores a
estudos de caso. Desse modo, teoricamente seria sempre possível fazer um ou horizontal.estudo vertical1
1No caso de um estudo vertical mergulhamos fundo em um pequeno recorte que de certa maneira,
durante nosso estudo, isolamos do contexto maior em que ele se insere para mergulhar fundo em
sua particularidade.
Posteriormente, não durante nosso estudo, mas em estudos posteriores, podemos tentar localizar algo de
essencial, ou algo que confirme uma lei que possa incluir outros casos particulares.
Se sua perspectiva for mais positivista, você buscará sempre incluir o particular em uma lei geral que explique o
maior número possível de fenômenos. Porém se partir de um paradigma qualitativo, você poderá abrir-se a dar
- -4
sentido à experiência que está investigando, interpretando os fenômenos observados. Você fará sua
interpretação e ira expô-la ao longo de seu trabalho. O que garantirá o bom exercício científico será seu cuidado
em mostrar os passos que deu para fazer essa interpretação dos dados qualitativos coletados expondo-os ao
debate entre pares pesquisadores.
Uma perspectiva fenomenológica
Quando falamos em uma , queremos nos referir ao esforço de tentar capturar operspectiva fenomenológica
mundo da posição do outro que estamos observando, escutando. Então podemos chegar a uma instituição ou
comunidade cheios de ideias – científicas ou não – pré-formadas e que servirão para que compreendamos aquilo
que acontece. Mas, fenomenologicamente, esse procedimento deveria ser abandonado ou limitado, em favor de
tentarmos perceber o mundo tal como as pessoas daquela comunidade ou instituição percebem – como se
estivéssemos de frente a uma experiência radicalmente nova.
Assim, para a fenomenologia, o mundo não é apenas um, mas muitos são mundos, tantos quantos forem os
sujeitos (mesmo que grupos) que estamos estudando. Notem que fenômeno opõe-se à fato. Ao invés de
supormos fatos, conforme a metodologia positivista preferiria, investigamos fenômenos, quer dizer, fatos tal
como aparecem para uma dada consciência, mesmo que para uma suposta “consciência coletiva” – lembrem-se
das representações sociais, quer dizer, representações que não pertencem apenas a uma pessoa, mas a várias
que pertencem a uma mesma coletividade.
Portanto, no tecido social, podemos supor que um pequeno recorte desse tecido seja atravessado por forças que
estão presentes no todo. Tal pressuposição é sempre uma aposta. Nunca, sobretudo na nossa área de ciências
sociais, teremos qualquer certeza de que estamos “dando um tiro tão certeiro” – capturando a “essência” de algo,
ainda mais quando esse algo é o tecido social. Mas um estudo que assuma essa perspectiva nem por isso fica
proibido.
Não deixe de lembrar, porém, que no estudo de caso você estará concentrado naquilo que a situação tem de
particular. Neste sentido é que será importante desarmar-se de concepções e preconceitos anteriores que te
levem a enxergar o caso particular em estudo como uma repetição do que já foi visto antes. Este é um desafio
sério para o pesquisador.
Antes de prosseguir com o estudo, clique no link e leia o texto: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos
/gon363/docs/04PS_aula08_doc01.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon363/docs/04PS_aula08_doc01.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon363/docs/04PS_aula08_doc01.pdf- -5
4 Método biográfico
Para finalizar vale a pena destacar um tipo específico de estudo de caso, o chamado método biográfico. Tal
método consiste na análise vertical típica do estudo de caso, porém radicalizada na medida em que se volta para
a coleta de dados relacionados à vida de uma só pessoa. Para pensar casos mais próximos ao serviço social,
imaginemos a possibilidade de traçar a história de vida de um presidente de associação de moradores, ou de um
assistente social.
Antes de mais nada, observemos que isso de forma alguma deve implicar que precisamos aplicar tal método à
vida de uma pessoa famosa ou importante, diferenciada enfim, seja ela um amplamente reconhecido líder
comunitário ou um igualmente destacado assistente social. Teoricamente, embora essa escolha não esteja
proibida, podemos optar pela aplicação deste método à vida de pessoas comuns, apenas uma entre outras,
evidentemente que relacionadas a uma população que interesse ao estudo que planejamos.
Mas então poderíamos perguntar: afinal de contas, de que valeria trazer para o campo da ciência dados colhidos e
organizados sobre a vida de uma pessoa comum? Se pelo menos fosse um homem ou mulher brilhante, de
trajetória destacada...
Nada disso. Pode-se igualmente fazer surgir uma discussão valiosa a partir da trajetória de uma pessoa como
outra qualquer. Provavelmente muito do que aparece nela será significativo para mostrar algo que tenha alcance
mais geral, ou que seja de interesse pela particularidade que traz em meio a tal “vida comum” de uma “pessoa
comum”. Lembremos aqui do filósofo Foucault, referido em nossa última aula, quando ele aponta que
documentos importantíssimos são negligenciados por não serem “oficiais”. Como se apenas a história
oficialmente contada fosse digna de crédito. Ora, sabemos que tal postura crédula na oficialidade traz o risco de
contribuir para a perpetuação das verdades da tradição, enfim, da história que querem nos contar.
Assim, não apenas uma biografia pode trazer dados relevantes ao debate científico (inclusive para o campo do
serviço social, por que não?), como a biografia de pessoas nada excepcionais, ou apenas tão excepcionais como
quaisquer outras.
5 A vertente Modernizadora
Pesará sobre você a responsabilidade de mostrar em que medida tal escolha de método mostrou-se justificada
do ponto de vista das exigências da norma acadêmico / científica. Sistematicidade, clareza na exposição,
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categorias e análise bem explicitadas, aplicadas sobre um tema e objetivos bem delimitados são armas
importantíssimas contra a baixa confiabilidade.
Cumpre ainda perceber que na apresentação de seu estudo de caso você poderá, e seu trabalho ganhará muito
com isso, fazer uma revisão de literatura mostrando que essa metodologia é legítima, que já foi utilizada por
outros autores e que as técnicas de análise que você utilizará são amplamente reconhecidas, envolvendo
questionários, entrevistas, observação neutra ou participante, análise de representações sociais, genealogias
conceituais etc. Ou seja, o fato de estar estudando um caso particular, procurando por aquilo que ele tem de mais
singular, não implica, muito pelo contrário, que você não fundamente seu trabalho mostrando que não se trata
de um método que você tirou da sua cabeça e com uma igualmente inusitada técnica de análise dos dados
colhidos.
Na aula seguinte procuraremos trabalhar alguns exemplos práticos relacionados às técnicas e ferramentas de
que estamos falando e também abriremos espaço para discutir aspectos relacionados aos estudos teóricos que
tem atraído muito o interesse dos alunos que fazem monografias de final e curso. É importante falar destes
estudos mais teóricos, que consistem basicamente em colher dados dos trabalhos de autores reconhecidos de
sua área, mas vocês não devem sob hipótese alguma deixar de perceber o valor e a riqueza que o trabalho de
campo traz para a pesquisa em serviço social. Especialmente quando se trata de um país com os graves conflitos
sociais do nosso e com instituições ainda precariamente formadas para enfrenta-los. A importância do assistente
social nesse contexto é gigante – sem nenhum exagero – fazendo interface com diversas áreas das ciências
humanas.
Não basta que existam instituições e boas leis, conforme sabemos bem. É preciso que elas sejam respeitadas e
aperfeiçoadas em função dos desafios que a experiência coloca e dos erros e acertos que inevitavelmente
surgem. O assistente social é nesse contexto uma parte fundamental e seu trabalho relaciona-se de forma íntima
com o que chamamos em pesquisa de “trabalho de campo”, envolvendo as técnicas e ferramentas das quais
viemos falando até aqui.
Saiba mais
Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, pesquise na internet sites, vídeos e
artigos relacionados ao conteúdo visto. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor
online utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
Procure na literatura a definição de estudo de caso e método biográfico. Especialmente,
procure verificar de que modo tais técnicas foram ou podem ser aplicadas na pesquisa em
ciências sociais e ainda mais particularmente no trabalho do assistente social.
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	1 Introdução
	2 O geral e o particular
	3 O assistente social
	4 Método biográfico
	5 A vertente Modernizadora

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