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2017 GESTAO EDUCACIONAL Gestão Educacional Equipe de Elaboração Instituto Mineiro de Formação Continuada Coordenação Geral Ana Lúcia Moreira de Jesus Gerência Administrativa Marco Antônio Gonçalves Professor-autor Esp. Kênia Missuti Coordenação de Design Instrucional do Material Didático Eliana Antonia de Marques Diagramação e Projeto Gráfico Cláudio Henrique Gonçalves Revisão Ana Lúcia Moreira de Jesus Mateus Esteves de Oliveira ZAYN –Instituto Mineiro de Formação Continuada Travessa Antônio Olinto, 33 – Centro Carmópolis de Minas – MG CEP: 35.534-000 TEL: (31) 9 8844-2523 Gestão Educacional Boas-vindas Olá! É com grande satisfação que o ZAYN – Instituto Mineiro de Formação Continuada agradece por escolhê-lo para realizar e/ou dar continuidade aos seus estudos. Nós do ZAYN estamos empenhados em oferecer todas as condições para que você alcance seus objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do processo de aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno. Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de nossas atividades profissionais. Temos a convicção de que o educando é o principal agente de sua formação e que, devido a isso, merece um material didático atual e completo, que seja capaz de contribuir singularmente em sua formação profissional e cidadã. Some-se a isso também, o devido respeito e agilidade de nossa parte para atender à sua necessidade. Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no processo de formação continuada de modo independente e eficaz, pautado pela assiduidade e compromisso discente. Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer a você total assistência e agilidade da condução das tarefas acadêmicas e, em consonância, a interação com nossa equipe de trabalho. De acordo com a modalidade de cursos on-line, você terá autonomia para formular seu próprio horário de estudo, respeitando os prazos de entrega e observando as informações institucionais presentes no seu espaço de aprendizagem virtual. Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda licenciatura, complementação pedagógica e capacitação profissional, esperamos que amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha aprimorado seu conhecimento crítico a cerca de temas relevantes ao exercício no trabalho e na sociedade que atua. Ademais, agradecemos por seu ingresso ao ZAYN e desejamos que você possa colher bons frutos de todo o esforço empregado na atualização profissional, além de pleno sucesso na sua formação ao longo da vida. Gestão Educacional Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda... Paulo Freire Gestão Educacional Organização do conteúdo: Profº Kênia Missuti EMENTA: A gestão escolar aborda questões concretas da rotina educacional e busca garantir que as instituições de ensino tenham as condições necessárias para cumprir seu papel principal: ensinar com qualidade e formar cidadãos com as competências e habilidades indispensáveis para sua vida pessoal e profissional. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DAS EXIGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS. A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ANTE AS EXIGÊNCIAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DA ESCOLA PÚBLICA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: O GLOBAL E O LOCAL. OS DESAFIOS PARA O EDUCADOR GESTOR DO SÉCULO XXI ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS GESTÃO POR PROCESSOS COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS A REFORMA DO ESTADO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL.. A GESTÃO EDUCACIONAL E A LEGISLAÇÃO GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DE UM PLANO DE EDUCAÇÃO ADMINISTRAÇÃO EMPRESARIAL GESTÃO EDUCACIONAL 2017 5 Gestão Educacional SUMÁRIO Texto I-Processos Da Administração Escolar Na Perspectiva Das Exigências Contemporâneas....................................................................................................8 Texto 2. A Gestão Da Educação Ante As Exigências De Qualidade E Produtividade Da Escola Pública.........................................................................9 ATIVIDADES:.........................................................................................................12 Texto 3. Administração Escolar: O Global E O Local. Os Desafios Para O Educador Gestor Do Século XXI..........................................................................................................................14 TEXTO 4. ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS...............................................18 ATIVIDADES..........................................................................................................22 TEXTO 6. GESTÃO POR PROCESSOS...............................................................23 TEXTO 7. COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS................................................27 TEXTO 8. A REFORMA DO ESTADO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL.....................................................................................................28 TEXTO 9. A GESTÃO EDUCACIONAL E A LEGISLAÇÃO.................................31 TEXTO 10. GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DE UM PLANO DE EDUCAÇÃO...........................................................................................................33 TEXTO 11 - ADMINISTRAÇÃO EMPRESARIAL......................................................................................................35 REFERÊNCIAS.......................................................................................................43 6 Gestão Educacional TEXTOS PARA ESTUDO TEXTO 1. PROCESSOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DAS EXIGÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS Apresentação A administração, agora gestão escolar, tem mostrado na prática durante o decorrer de sua história um descolamento da evolução histórica da Teoria da Administração. Não é rara a desculpa de que a ela não pode vir a se relacionar com aquela, uma vez que uma trata da educação e a outra de economia e da busca da riqueza capitalista. Hoje o que vejo: a administração empresarial com um avanço considerável e a escolar de uma forma geral burocratizada e emperrada. No que pese a negação de alguns teóricos da educação os fatores, terra, trabalho, capital, conhecimento e organização são indispensáveis à qualquer organização, mesmo educacional, seja ela pública ou privada. As exigências contemporâneas cobram resultados, em educação são as mudanças, que as pessoas e a sociedade buscam para a sustentabilidade do processo vital. Estamos evoluindo do processo burocrático em que a prestação de contas por formulários de papel e a contábil (mais importante) passa à valorizar o resultado. Na expressão empresarial ”a satisfação do cliente”. Com o evento da administração sistêmica e a abordagem da gestão de processos será possível transferir para administração escolar as ideias de insumo- processo resultado que melhor se adéquem a educação. Espero poder contribuir com a capacitação profissional de todos. TEXTO 2. A GESTÃO DA EDUCAÇÃO ANTE AS EXIGÊNCIAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DA ESCOLA PÚBLICA* Vitor Henrique Paro∗ ∗ Resumo O caráter mediador da administração manifesta-se de forma peculiar na gestão educacional, porque aí os fins a serem realizados relacionam-se à emancipação cultural de sujeitos históricos, para os quais a apreensão do saber se apresenta como elemento decisivo na construção de sua cidadania. ∗ Trabalhoapresentado no V Seminário Internacional Sobre Reestruturação Curricular, realizado de 6 a 11/7/1998, em Porto Alegre, RS. Publicado em: SILVA, Luiz Heron da; org. A escola cidadã no contexto da globalização. Petrópolis, Vozes, 1998. p. 300-307. ∗ Professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 7 Gestão Educacional Por esse motivo, tanto o conceito de qualidade da educação quanto o de democratização de sua gestão ganham novas configurações. O primeiro tem a ver com uma concepção de produto educacional que transcende a mera exposição de conteúdos de conhecimento, para erigir-se em resultado de uma prática social que atualiza cultural e historicamente o educando. O segundo, ultrapassando os limites da democracia política, articula-se com a noção de controle democrático do Estado pela população como condição necessária para a construção de uma verdadeira democracia social que, no âmbito da unidade escolar, assume a participação da população nas decisões, no duplo sentido de direito dos usuários e de necessidade de escola para o bom desempenho de suas funções. Qualidade e produtividade Muito se tem falado, nos últimos anos, sobre qualidade do ensino e produtividade da escola pública. O discurso oficial, sustentado inclusive por argumentos de intelectuais que até pouco tempo atrás faziam sérias críticas ao péssimo atendimento do estado em matéria de ensino, assegura que já atingimos a quantidade, restando, agora, apenas buscar a qualidade, como se fosse possível a primeira sem a ocorrência da segunda. Quando se referem à quantidade, ressaltam que não há carência de escolas, visto já estar sendo atendida quase toda a população em idade escolar. Mesmo deixando de lado o fato relevante de que, no limiar do Século XXI, esse “quase” deixa, a cada ano, sem qualquer tipo de contato com o ensino escolarizado, milhões de crianças, filhas de cidadãos brasileiros completamente à margem dos benefícios da civilização que eles ajudam a construir, é preciso questionar seriamente se a precariedade das condições de funcionamento a que o Estado relegou os serviços públicos de ensino permite chamar de escola isso que se diz oferecer à “quase” totalidade de crianças e jovens escolarizáveis. É preciso perguntar se escola não seria mais do que um local para onde afluem crianças e jovens carentes de saber, que são acomodados em edifícios com condições precárias de funcionamento e são atendidos por funcionários e professores com salários cada vez mais aviltados Em outras palavras, para entender o que há por trás do discurso oficial, é preciso indagar a respeito do que é que o Estado está oferecendo na quantidade da qual ele tanto se vangloria. Mas, se estamos interessados em soluções para nosso atraso educacional, é preciso, antes de qualquer coisa, perguntarmos a respeito do que entendemos por educação de qualidade. A educação, entendida como a apropriação do saber historicamente produzido é prática social que consiste na própria atualização cultural e histórica do homem. Este, na produção material de sua existência, na construção de sua história, produz conhecimentos, técnicas, valores, comportamentos, atitudes, tudo enfim que configura o saber historicamente produzido. Para que isso não se perca, para que a humanidade não tenha que reinventar tudo a cada nova geração, fato que a condenaria a permanecer na mais primitiva situação, é preciso que o saber esteja sendo permanentemente passado para as gerações subsequentes. Essa mediação é realizada pela educação, do 8 Gestão Educacional que decorre sua centralidade enquanto condição imprescindível da própria realização histórica do homem (PARO, 1997b) Esta concepção de educação é integrante de uma visão do homem histórico, criador de sua própria “humanidade” pelo trabalho. Mas o trabalho, em seu papel mediador, embora categoria central, não é fim em si, mas o meio pelo qual o homem transcende a mera necessidade natural. Para o homem, “somente o supérfluo é necessário” (Ortega Y Gasset, 1963), visto que ele não se contenta com a satisfação das necessidades naturais. Estas independem de sua vontade e sua satisfação permite a ele apenas estar no mundo como os outros seres da natureza. Mas o homem não almeja apenas estar no mundo; o homem almeja estar bem. Por isso, enquanto único ser para quem “o mundo não é indiferente” (Ortega Y Gasset, 1963) o ser humano coloca-se sempre novos objetivos que transcendem a necessidade natural, os quais ele busca realizar por meio do trabalho. O trabalho não é, pois, o fim do homem, mas sua mediação para o viver bem. Isso tudo tem implicações mais do que importantes para uma educação escolar que tenha por finalidade a formação humana. Em primeiro lugar, é preciso ter presente que não basta formar para o trabalho, ou para a sobrevivência, como parece entender os que vêem na escola apenas um instrumento para preparar para o mercado de trabalho ou para entrar na universidade (que também tem como horizonte o mercado de trabalho). Se a escola deve preparar para a própria vida, mas esta entendida como o viver bem, no desfrute de todos os bens criados socialmente pela humanidade. E aqui já há um segundo aspecto, corolário do primeiro, a ser considerado: é preciso que a escola seja prazerosa para seus alunos desde já. A primeira condição para propiciar isso é que a educação se apresente enquanto relação humana dialógica, que garanta a condição de sujeito tanto do educador quanto do educando. Não obstante a importância da educação para a constituição do indivíduo histórico, mormente na sociedade atual, a escola é uma das únicas instituições para cujo produto não existe padrões definidos de qualidade. Isso talvez se deva à extrema complexidade que envolve a avaliação de sua qualidade. Diferentemente de outros bens e serviços cujo consumo se dá de forma mais ou menos definida no tempo e no espaço, podendo-se aferir imediatamente sua qualidade, os efeitos da educação sobre o indivíduo se estendem, às vezes, por toda sua vida, acarretando a extensão de sua avaliação por todo esse período. É por isso que, na escola, a garantia de um bom produto só se pode dar garantindo-se o bom processo. Isto relativiza enormemente as aferições de produtividade da escola baseadas apenas nos índices de aprovação e reprovação ou nas tais avaliações externas que se apoiam exclusivamente no desempenho dos alunos em testes e provas realizados pontualmente. Mas, o que é o produto da escola? A resposta a esta pergunta pode contribuir para uma crítica ao costume de se culpar o aluno pelo fracasso escolar. Enquanto “atividade adequada a um fim” (Marx, s.d.) o processo pedagógico constitui verdadeiro trabalho humano, que supõe a existência de um objeto de trabalho que, no caso, é o próprio educando. O produto do trabalho é, pois, o aluno 9 Gestão Educacional educado, ou o aluno com a “porção” de educação que se objetivou alcançar no processo. Não tem sentido, portanto, identificar a aula ou o processo pedagógico escolar como o produto da escola. Além disso, há que se atentar para a peculiaridade do processo pedagógico: diferentemente do que ocorre em outros processos de trabalho (na produção material, por exemplo), o objeto de trabalho é também sujeito, posto tratar-se do ser humano que, como tal, é preciso querer aprender para que o processo se realize com êxito. Não tem sentido, pois, pôr a culpa no educando pelo fracasso da aprendizagem, com o argumento de que esta não se deu porque o aluno não quis aprender. Ser detentor de vontade (enquanto sujeito humano que é) faz parte das especificações do próprio objeto de trabalho, que devem ser levadas em conta na “confecção” do produto. Levar o aluno a querer aprender é a tarefa primeira da escola da qual dependem todas as demais. Conclusão Pode-se concluir que há sim necessidade de melhor qualidade do ensino básico, mas não porque se tenha conseguidoa quantidade e se precise alcançar com maior eficiência os ideais de preparar pessoas para o mercado (agora, tendo em mira o emprego imediato; ou no futuro, tendo em mira o vestibular). A má qualidade do ensino público atual expressa, por um lado, a falta de escolas de verdade, com condições adequadas de funcionamento; por outro, a ausência, em nosso sistema de ensino, de uma filosofia de educação comprometida explicitamente com uma formação do homem histórico que, ultrapassando os propósitos da mera sobrevivência, se articule com o objetivo de viver bem, realizando um ensino que capacite o educando tanto a usufruir da herança cultural acumulada quanto a contribuir na construção da realidade social. Com relação à baixa produtividade do ensino, o que se constata é certa renúncia da escola pública a responsabilizar-se por um produto pelo qual ela deve prestar conta ao estado e à sociedade. Mas, pela dificuldade de medida de sua qualidade apenas por meio de exames ou testes pontuais, faz-se mister um acompanhamento constante do trabalho escolar, garantindo um bom produto pela garantia de um bom processo. Para responder às exigências de qualidade e produtividade da escola pública, a gestão da educação deverá realizar-se plenamente em seu caráter mediador. Ao mesmo tempo, em consonância com as características dialógicas da relação pedagógica, deverá assumir a forma democrática para atender tanto ao direito da população ao controle democrático do estado quanto à necessidade que a própria escola tem da participação dos usuários para bem desempenhar suas funções. 10 Gestão Educacional TEXTO 3. ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: O global e o local. Os desafios para o educador gestor do século XXI Rivo Gianini Recife, 2000. Palestra - I Congresso da APEAEPE-PE (Associação de Profissionais e Especialistas em Administração Escolar e Planejamento Educacional do Estado de Pernambuco). UFPE, Recife, 1 a 3 de dezembro de 2000. Nos últimos anos, a base da economia dos países desenvolvidos transferiu-se do trabalho manual para o trabalho baseado no conhecimento, e o centro de gravidade das esferas sociais passou dos bens para o conhecimento. No limiar do próximo século ainda não sabemos administrar trabalhadores com conhecimento, até porque podemos considerar ainda recente a transferência para o trabalho baseado no conhecimento. A rigor, faz quase cem anos que começamos a nos preocupar com a administração do trabalhador em todos os níveis. É verdade que Robert Owen, em 1820, administrara trabalhadores manuais em uma fábrica de tecidos em Lanarkshire, na Escócia. Neste século que, está terminando, é que surgiram as escolas de administração: o Taylorismo, o Fayolismo, o Fordismo, o Toyotismo e outras. Podemos considerar o enfoque administrativo neste século que finda sob quatro aspectos: O Enfoque Jurídico: até 1930. Tradição do direito administrativo romano. Incorporação da infra-estrutura legal para a incorporação da cultura e dos princípios da administração européia. Legalismo x Experimentalismo. O Enfoque Organizacional: até 1960. Manifesto de 1932. Tecnocracia como sistema de organização. Pragmatismo. Administração Clássica - Henry Fayol, Max Weber, Gulick, Taylor. No Brasil, Benedito Silva. O enfoque foi também essencialmente normativo. Crença moral na divisão dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Anísio Teixeira (William James - John Dewey) José Querino Ribeiro (Fayol) Antônio Carneiro Leão (eclético) Lourenço Filho (1ª obra) Princípios da administração clássica (planejamento, organização, assistência à execução ou gerência, avaliação, relatório). - o Enfoque Comportamental: Após a 2a Guerra Mundial - Comportamentalismo - identifica-se com o movimento psicossocial das relações humanas (Hawthome, 1927), E.U.A. Mary Parker Follet, Elton Mayo, Chester Bernard, Herbert Ilmon. Baseia-se nas ciências do comportamento (Psicologia e Sociologia). Dinâmica de grupo, comportamento organizacional, sensibilidade, treinamento de liderança. Na administração da educação - vinculação da psicologia com a pedagogia. Remonta ao psicologismo pedagógico do século XVIII (Pestalozzi e Froebel). Deve tomar em conta a realidade psicológica do educando com todas as exigências do seu mundo subjetivo. 11 Gestão Educacional O Enfoque Sociológico: Emile Durkhein - Katz e Kahn, Jacob Cetzels, Talcot Parsons, Robert Merton, Guerreiro Ramos – sociológico antropológica; Celso Furtado essencialmente política O Enfoque Interdisciplinar: Teoria de sistemas. Estamos agora na era do conhecimento, e podemos perspectivar um novo enfoque, o informacional. O surgimento do conhecimento como centro da sociedade e como fundamento da economia e da ação social muda drasticamente a posição, o significado e a estrutura do conhecimento. Os meios de conhecimento estão em constante mutação. No campo do ensino, as faculdades, departamentos e disciplinas existentes não são apropriados por muito tempo. Logicamente, poucas são antigas, para começar. Não havia, há cem anos, a bioquímica, a genética e até mesmo a biologia era incipiente. Havia a geologia e a botânica. Não deve admirar, portanto, que a distinção entre química orgânica e química inorgânica não seja mais significativa. Já se projetam polímeros inorgânicos em que o conhecimento do químico orgânico é aplicado nas substâncias inorgânicas, como os silicônios. Inversamente já se está projetando "cristais orgânicos" em que tanto a química inorgânica quanto a física está produzindo substâncias orgânicas. Por analogia, as antigas linhas entre a fisiologia e a psicologia têm cada vez menos sentido, bem como as que separam o processo da economia, a sociologia das ciências do comportamento, a lógica matemática e estatística da linguística, e assim por diante. A hipótese mais provável é que cada uma das antigas demarcações, disciplinas e faculdades tomar-se-ão obsoletas e uma barreira para o aprendizado e para o entendimento. Em realidade está se abandonando rapidamente uma visão cartesiana do universo, segundo a qual a ênfase tem recaído nas partes e nos elementos, dentro de uma visão global destacando o todo e os padrões, desafiando toda a linha divisória entre as áreas de estudo e o conhecimento. As instituições precisam ter condições de descartar-se do passado. A universidade não é exceção. Ela precisa de liberdade para introduzir novas disciplinas e combinar disciplinas tradicionais de novas maneiras. O processo de introdução de disciplinas novas e o abandono das antigas não são, atualmente, comuns para o sistema de ensino, mas terá que ser posto rapidamente em prática agora, mais do que antes. Em 1996, a UNESCO empreendeu um grande esforço de repensar a educação, no contexto da mundialização das atividades humanas, através da Comissão Mundial para o século XXI que resultou no amplo relatório de Jacque Delors, que propõe quatro pilares que deverão basear a educação do próximo milênio: aprender a conhecer aprender a fazer, aprender a viver; juntos e aprender a ser. Edgard Morin, com sua excepcional visão integradora da totalidade pensou os valores na perspectiva da complexidade contemporânea, abordando novos ângulos, muitos dos quais ignorados pela pedagogia atual, para servirem de eixos norteadores para a educação do próximo milênio. 12 Gestão Educacional Morin identifica sete valores fundamentais com os quais toda a cultura e toda a sociedade deveriam trabalhar segundo suas especificidades. Esses valores são respectivamente as Cegueiras Paradigmáticas, o Conhecimento Pertinente, o Ensino da Condição Humana, o Ensino das Incertezas, a Identidade Terrena, o Ensino da Compreensão Humana e a Ética do Gênero Humano. Para Morin, o destino planetário do gênero humano é ignorado pela educação. A educação precisa ao mesmo tempo trabalhar a unidade da espécie humana de forma integrada com a ideia de diversidade. O princípio da unidade/diversidadedeve estar presente em todas as esferas. É necessário educar para os obstáculos à compreensão humana, combatendo o egocentrismo, o etnocentrismo e o sociocentrismo, que procuram colocar em posição subalterna questões relevantes para a vida das pessoas e da sociedade. Calvino, escritor ítalo-cubano, elaborou em vida, uma proposta para o próximo milênio, em conferências que havia preparado para a Universidade de Harvard e que nunca foram proferidas, pela sua morte súbita em 1985. As seis propostas que vão de Virgilio a Queneau, de Dante a Joyce, em cima de uma concepção de literatura como transparência e lucidez, e como respeito aos próprios instrumentos e aos próprios objetos. A leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência, virtudes a nortear não somente a atividade dos escritores, mas cada um dos gestos de nossa existência em todos os setores da atividade humana. A partir daí, vamos tentar estabelecer as perspectivas do educador gestor e o aspecto paradoxal entre a globalização e o localismo, fenômenos do nosso tempo nessa transição de século que estamos vivendo. Segundo Castells, pode-se distinguir: -"Identidade legitimadora, cuja origem está ligada às instituições dominantes; - Identidade de resistência, gerada por atores sociais que estão em posições desvalorizadas ou discriminadoras. São trincheiras de resistência; e - Identidade de projeto, produzida por atores sociais que partem dos materiais culturais a que tem acesso, para redefinir sua posição na sociedade". Como vemos, essa tipologia expõe a diversidade de manifestações que podem se enquadrar na categoria de movimentos sociais. Alguns poderiam ser chamados de novos movimentos e outros de tradicionalistas. A globalização não apagou a presença de atores políticos. Criou para eles novos espaços pelos quais se inicia um processo histórico que não tem direção prevista. A criatividade, a negociação e a capacidade de mobilização serão os mais importantes instrumentos para conquistar um lugar na nova sociedade que está se constituindo em rede. Uma das características distintivas da modernidade é uma interconexão crescente entre os dois extremos da "extencionalidade" e da "intencionalidade": de um lado influências globalizantes e, do outro, disposições pessoais. Quanto mais a tradição perde terreno, e quanto mais reconstitui-se a vida cotidiana em termos da interação dialética entre o local e o global, mais os indivíduos veem-se 13 Gestão Educacional forçados a negociar opções por estilos devida em meio a uma série de possibilidades. O planejamento da vida organizada reflexivamente torna-se característica fundamental da estruturação da auto identidade. A era da globalização pode ser considerada também a era do ressurgimento do nacionalismo, manifestado tanto pelo desafio que impõe a Estados-Nação estabelecidos, como pela (re) construção da identidade com base na nacionalidade invariavelmente definida por oposição ao estrangeiro. Sem dúvida, essa tendência histórica tem surpreendido alguns observadores, após a morte do nacionalismo ter sido anunciada por uma causa tripla: a globalização da economia e a intercionalização das instituições políticas; universalismo de uma cultura compartilhada, difundida pela mídia eletrônica, educação, alfabetização, urbanização modernização; e os ataques desfechados por acadêmicos contra o conceito de nações consideradas comunidades imaginadas" numa versão menos agressiva da teoria antinacionalista, ou "criações históricas arbitrárias, advindas de movimentos nacionalistas controlados pela elite em seu projeto de estabelecimento do Estado-Nação moderno. A parte central da aprendizagem ainda é feita dentro da escola, mas em volta dela aglutinam-se as atividades significativas dentro da comunidade em que a escola está inserida com a aquisição de conhecimentos relevantes sobre o mundo em geral. Dessa forma, será possível preparar melhor as novas gerações para suas vidas como seres individuais e atores sociais responsáveis, permitindo encontrarem o seu lugar no mundo do trabalho e tornando-os cidadãos de pleno direito nas comunidades a que pertencem, nos seus países e num mundo do futuro. Georg Knauss, conselheiro da fundação Bertelsmann e antigo dirigente do Ministério da Educação da Bavária, sugere as seguintes teses inovadoras para a concepção da educação no próximo milênio. 1. "Para agir de forma responsável na sociedade de hoje e de amanhã, as crianças e os jovens têm de adquirir as necessárias aptidões profissionais, metodológicas, sociais e de comunicação. As escolas só podem ser inovadoras se definirem e, de forma constante, desenvolverem os seus objetivos, os seus métodos pedagógicos e conteúdos curriculares de acordo com as normas adequadas, baseados nas necessidades e potencialidades dos seus "clientes", as crianças e os jovens. 2. Para responderem aos desafios do presente e do futuro, de uma forma positiva, as escolas individualmente, enquanto organizações capazes de aprender (Learning Institutions), devem gozar de um certo grau de liberdade no campo da organização e da administração, devendo fazer uso dessa liberdade no sentido do melhoramento dos seus resultados. 3. O mais importante pré-requisito das boas escolas são os professores criativos, motivados e bem preparados. Os papéis que desempenham e as responsabilidades, que lhes são próprias, requerem um processo de aprendizagem permanente, ao longo da vida (life-long learning). 14 Gestão Educacional 4. Cabe à liderança de uma escola inovadora promover as iniciativas e o sentido de responsabilidade dentro da escola. 5. As escolas desempenham os seus deveres educacionais em paralelo e em complemento da ação da família. Por um lado, as escolas têm de perseguir fins bem definidos, por outro têm de ser flexíveis, ajustando-se às exigências de mudança. Por isso, as escolas devem promover ativamente e liderar o intercâmbio com uma gama variada de relevantes atores sociais. 6. Os órgãos de gestão escolar, as autoridades respectivas e os dirigentes políticos partilham da responsabilidade de estruturar as atividades escolares e, em colaboração, assegurarem o contínuo melhoramento do trabalho nas escolas. 7. Todos aqueles que estão envolvidos no sistema educacional contribuem de forma consistente, para o melhoramento da sua qualidade. Os procedimentos para essa avaliação formal e fiável são uma pré-condição para a delegação de responsabilidade para o nível da escola. 8. As escolas inovadoras precisam, para florescer, de um clima favorável. É tarefa das entidades nacionais e locais estabelecerem o equilíbrio entre a autonomia da escola e a necessidade de garantir oportunidades educativas para todas as crianças e jovens. Quanto à questão da gestão educacional, já desde a década de 80 têm ocorrido, em vários países, significativas alterações do papel do Estado nos processos de decisão política e administração da educação. Pode-se dizer que essa alteração vai no sentido de transferir poderes e funções do nível nacional e regional para o nível local, reconhecendo a escola como um locus central da gestão e a comunidade local (em particular os pais de alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisão. Esta alteração afeta países com sistemas políticos e administrativos bastante distintos e tem no reforço da autonomia da escola uma das expressões mais significativas. TEXTO 4. ADMINISTRAÇÃO POR PROCESSOS Conceito de processo - Processo é um conjunto de causas (máquinas, matérias primas, etc.) que provoca um ou mais efeitos (produtos). Um "problema" é o resultado indesejável de um processo. Portanto, problema é um item de controle com o qual não estamos satisfeitos. Para conduzir um bom gerenciamento, temos que, numa primeira instância, aprender a localizar os problemas e então aprendemos a resolver estes problemas. Controle de processos - Uma unidade escolar não pode ser controlada pôr resultados,mas durante o processo. O resultado final é tardio para se tomar ações corretivas. Conceito de controle - Manter sob controle é saber localizar o problema, analisar o processo, padronizar e estabelecer itens de controle de tal forma que o problema nunca mais ocorra. As pessoas são inerentemente boas e sentem satisfação pôr um bom trabalho realizado. Quando um problema ocorre, não existe um culpado! 15 Gestão Educacional Existem causas que devem ser buscadas pôr todas as pessoas da empresa de forma voluntária. 16 Gestão Educacional Prática do controle da qualidade - o controle de qualidade total é um novo modelo gerencial centrado no controle do processo, tendo como meta a satisfação das necessidades das pessoas. A participação das pessoas não é conseguida pôr exortação, mas por educação e treinamento na prática do controle da qualidade. O controle da qualidade é abordado com três objetivos: 1. Planejar a qualidade desejada pelos alunos. 2. Manter a qualidade 3. Melhorar a qualidade Estabelecimento de metas pode provir de várias fontes: 1. Das necessidades de seus alunos. 2. Do planejamento estratégico geral da organização escolar. 3. Da visão estratégica do próprio gerente. Itens de controle [5W1H]: WHAT - Quais os itens de controle em qualidade, custo, entrega, moral e segurança? Qual a unidade de medida? WHEN - Qual a frequência com que devem ser medidos? Quando atuar? WHERE - Onde são conduzidas as ações de controle? HOW - Como exercer o controle. Indique o grau de prioridade para ação de cada item. 44 WHY - Em que circunstancias o "controle" será exercido [i.e. o marketshare caiu abaixo de 50%] WHO - Quem participara das ações necessárias ao controle [i.e. reunião] PROGRAMA 5S - visa mudar a maneira de pensar das pessoas na direção de um melhor comportamento para toda a vida. É para todas as pessoas da empresa. SEIRI (arrumação) SEITON [ordenação], SEISOH (limpeza) SEIKETSU (asseio) SHITSUKE (autodisciplina). Aplicação na Administração: 1S – Arrumação: Identificação de dados e informações necessárias e desnecessárias para decisões. 2S – Ordenação: Determinação do local de arquivo para pesquisa e utilização de dados a qualquer momento. Deve-se estabelecer um prazo de 5 minutos para se localizar um dado. 3S – Limpeza: Sempre atualização e renovação de dados para ter decisões corretas. 4S – Asseio: Estabelecimento, preparação e implementação de informações e dados de fácil entendimento que serão muito úteis e praticas para decisões. 5S – Autodisciplina: Habito para cumprimento dos procedimentos determinados pela empresa. Aplicação na Produção: 17 Gestão Educacional 1S – Arrumação: Identificação dos equipamentos, ferramentas e materiais necessários e desnecessários nas oficinas e postos de trabalho. 2S – Ordenação: Determinação do local especifico ou layout para os equipamentos serem localizados e utilizados a qualquer momento. 3S – Limpeza: Eliminação de pó, sujeira e objetos desnecessários e manutenção da limpeza nos postos de trabalho. 4S – Asseio: Ações consistentes e repetitivas visando arrumação, ordenação e limpeza e ainda manutenção de boas condições sanitárias e sem qualquer poluição. 5S – Autodisciplina: Hábito para cumprimento dos procedimentos especificados pelo cliente. Construir um modelo orientado a processos pode resolver diversos problemas que normalmente tendem a estar ocultos em um modelo funcional tradicional. O desenho de um modelo de processos permite aos colaboradores compreenderem a visão global da organização e qual a sua colaboração na organização. A construção desse modelo requer trabalho em equipe, de forma a assegurar que todo o conhecimento disponível será utilizado. Um modelo simples pode conter elementos tão específicos como atividades, etapas e tarefas de um processo, funções ou áreas organizacionais, máquinas ou outra informação. Um modelo mais elaborado pode conter competências (conhecimento e habilidades), riscos e contingências sobre problemas potenciais nos processos de educação, cenários para absorção de ideias para melhorias e outros comentários. Uma parte muito importante para a gestão dos processos de educação é a documentação. A documentação de todos os processos da organização facilita a comunicação interna a todos os níveis. O maior desafio numa organização é manter toda a documentação atualizada e acessível. TEXTO 6. GESTÃO POR PROCESSOS Marcelo Raducziner* O que é Gestão de Processos? Um processo de negócio (ensino) é um conjunto de atividades relacionado com o objetivo essencial da sua organização - entregar um produto ou um serviço (educação) ao cliente (aluno). Os processos de educação são tipicamente avaliados do ponto de vista do aluno, dos colaboradores e dos investidores. Para assegurar que os processos de educação ocorram de forma regular é necessário para maximizar o valor agregado percebido pelos alunos colaboradores e dos investidores. Gerir processos de educação eficientemente é crítico para o sucesso da organização. No entanto, geri-los é mais complicado do que poderia parecer à 18 Gestão Educacional primeira vista – fundamentalmente porque não estão isolados e porque interagem entre si. Quanto mais coordenados e controlados forem os seus processos, maior é o potencial para que eles tragam os benefícios e resultados planejados pela empresa. Para assegurar a gestão efetiva e a melhoria contínua dos seus processos de educação, é necessário considerar os seguintes aspectos críticos: Seus objetivos devem ser claros e mensuráveis. ∆ É essencial assegurar um forte compromisso por parte dos gestores e dos colaboradores da organização. ∆ Seus colaboradores são fontes valiosas de informação e conhecimento, e o seu envolvimento facilita a criação do compromisso necessário e a aceitação das mudanças propostas. O que chamamos de Ambiência Organizacional. ∆ A comunicação ajuda a criar a Ambiência Organizacional e o compromisso dos colaboradores, bem como a definição dos objetivos a serem atingidos. 19 Gestão Educacional Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência, redução de custos e qualidade, por isso é o assunto é recorrente na agenda de qualquer executivo. O atual dinamismo das organizações, aliado ao peso cada vez maior que tecnologia exerce nos negócios, vem fazendo com que o tema processos e, mais recentemente, gestão por processos (Business Process Management, ou BPM) seja discutido e estudado com crescente interesse pelas empresas. Os principais fatores que têm contribuído para essa tendência são: ●O aumento da demanda de mercado vem exigindo desenvolvimento e lançamento de novos produtos e serviços de forma mais ágil e rápida. ●Com a implantação de sistemas integrados de gestão, os chamados ERPs, existe a necessidade prévia de mapeamento dos processos. Entretanto é muito comum a falta de alinhamento entre processos, mesmo depois da implantação sistema. ●As regras e procedimentos organizacionais se mostram cada vez mais desatualizados, devido ao ambiente de constante mudança. Em tal situação, erros são cometidos ou decisões são postergadas por falta de uma orientação clara; ●A maior frequência de entrada e saída de profissionais (turnover) tem dificultado a gestão do conhecimento e a documentação das regras do negócio, gerando maior dificuldade como na integração e no treinamento de novos colaboradores. Os efeitos dessas e outras situações têm levado um número crescente de empresas a buscar uma nova forma de gerenciar seus processos. Muitas começam pelo desenvolvimento e revisão das normas da organização ou ainda pelo mapeamento de processos. Entretanto, fazer isso de imediato é “colocar o carro na frente dos bois”. 20 Gestão Educacional Em vez disso, o ponto de partida inicial é identificar os processos relevantes e como devem ser operacionalizadoscom eficiência. Questões que podem ajudar nesta análise são: ◊Qual a dimensão ideal da equipe para a execução e o controle dos processos? ◊Qual o suporte adequado de ferramentas tecnológicas? ◊Quais os métodos de monitoramento e controle do desempenho a serem utilizados? ◊Qual é o nível de integração e interdependência entre processos? 5 passos para o sucesso e algumas armadilhas A resposta a essas questões representa a adoção de uma visão abrangente por parte da organização sobre os seus processos e sobre como estão relacionados. Essa visão é o que chama de uma abordagem de BPM. Sua implantação deve considerar no mínimo cinco diferentes passos fundamentais: 1. Tradução do negócio em processos: é importante definir quais são os processos mais relevantes para a organização e aqueles que os apóiam. Isso é possível a partir do entendimento da visão estratégica, de como se pretende atuar e quais os diferenciais atuais e desejados. Com isso, é possível construir o mapa geral de processos da organização; 2. Mapeamento e detalhando os processos: a partir da definição do mapa geral de processos, inicia-se a priorização dos processos que serão detalhados. O mapeamento estruturado, com a definição de padrões de documentação, permite uma análise de todo o potencial de integração e automação possível. De forma complementar, são identificados os atributos dos processos, o que permite, por exemplo, realizar estudos de custeio das atividades que compõe o processo ou, ainda, dimensionar o tamanho da equipe que deverá realizá-lo; 3. Definição de indicadores de desempenho: o objetivo do BPM é permitir a gestão dos processos, o que significa medir, atuar e melhorar! Assim, tão importante quanto mapear os processos é definir os indicadores de desempenho, além dos modelos de controle a serem utilizados; 4. Geração de oportunidades de melhoria: a intenção é garantir um modelo de operação que não leve ao retrabalho, perda de esforço e de eficiência, ou que gere altos custos ou ofereça riscos ao negócio. Para tal, é necessário identificar as oportunidades de melhoria, que, por sua vez, seguem quatro alternativas básicas: incrementar, simplificar, automatizar ou eliminar. Enquanto na primeira se busca o ganho de escala, na última busca-se a simples exclusão da atividade ou a sua transferência para terceiros; 21 Gestão Educacional 5. implantação de um novo modelo de gestão: o BPM não deve ser entendido como uma revisão de processos. A preocupação maior é assegurar melhores resultados e, nesse caminho, trata-se de uma mudança cultural. É necessária maior percepção das relações entre processos. Nesse sentido, não basta controlar os resultados dos processos, é preciso treinar e integrar as pessoas visando gerar fluxo de atividades mais equilibrado e de controles mais robustos. É por causa desse último passo que a implantação de BPM deve ser tratada de maneira planejada e orientada a resultados de curto, médio e longo prazos. Como já dissemos, o BPM representa uma visão bem mais abrangente, na qual a busca por ganhos está vinculada a um novo modelo de gestão. TEXTO 7. COMO MAPEAR SEUS PROCESSOS Por Rafael Scucuglia* Um dos assuntos relacionados a gestão organizacional, muito em evidência hoje em dia é a “gestão por processos”. Desde que foi incluso como um dos fundamentos da ISO 9001 versão 2000, o assunto espalhou-se, ganhou notoriedade e foi muito discutido pelas organizações. Os auditores passaram a realizar auditorias “por processo”. Organizações passaram a mapear suas atividades, a nomear seus processos, a identificar as tão famosas “entradas”, “saídas”, “recursos”, etc. Mas será que temos feito isto de forma a, efetivamente, agregar valor à gestão organizacional? Será que tais identificações, nomenclaturas e definições de fato contribuem para a administração das empresas? Será que estas teorias têm como significativo efeito uma melhoria nos resultados organizacionais finais? Tomemos como base os conceitos do Modelo de Excelência em Gestão da FNQ – Fundação Nacional da Qualidade, entidade legitimamente constituída para disseminar os fundamentos da excelência em gestão para o aumento de competitividade das organizações e do Brasil, respeitada nacional e internacionalmente. Segundo a FNQ, definimos processos por “um conjunto de atividades preestabelecidas que, executadas numa sequência determinada, vão conduzir a um resultado esperado que assegure o atendimento das necessidades e expectativas dos clientes e outras partes interessadas”. É este o conceito que consideramos como ideal, utilizado na prática pelas organizações reconhecidamente bem sucedidas. Uma empresa, neste conceito, é um “mar de processos”, em contínua execução pelas pessoas que compõem sua força de trabalho. Ainda segundo a FNQ, os processos estão inter- relacionados e interagem entre si, de tal forma que, produtos e serviços deles provenientes, constituem a entrada para um ou mais processos na sequência de execução, que busca o atendimento das necessidades e expectativas dos clientes. Resumindo: toda organização é um sistema. Ou seja, funciona como um conjunto de processos. A identificação e o mapeamento destes processos permitem um 22 Gestão Educacional planejamento adequado das atividades, a definição de responsabilidades e o uso adequado dos recursos disponíveis. O mapeamento das atividades de uma organização é complexo. É instável (pois os processos são “vivos”, constantemente adaptados ao ambiente que estão inseridos). É, em um primeiro momento pelo menos, desorganizado em muitas de suas etapas. Possui incongruências, legítimas e que configuram oportunidades de melhoria. E destas oportunidades é que surgem os principais benefícios da gestão por processos. É detalhista ao extremo: devem conter todo e qualquer inter- relacionamento entre atividades, retratando todo o ambiente organizacional. O resultado é, sempre, um desenho grande, complexo, de difícil compreensão, cujo entendimento pontual só se dá por meio de um estudo detalhado, perfeccionista e paciente. Mapear os processos de uma organização é muito mais do que um simples retrato da lógica de entradas e saídas entre pessoas, cargos, departamentos, gerências ou áreas. É um exercício de reflexão e debates cujo objetivo é retratar fielmente, através de fluxogramas ou qualquer outra ferramenta visual existente, como ocorrem os trâmites internos, quais são os seus pontos fracos, onde estão as incongruências pontuais, como ocorrem os fluxos de informações (em meio eletrônico e físico), quais são as responsabilidades por cada etapa, e, principalmente, quais são as entregas efetivas que constituem os produtos dos clientes internos das organizações. Mapear os processos, a primeira etapa de uma gestão por processos efetiva, é um dos trabalhos mais importantes nesta metodologia de gestão. É a construção da principal ferramenta de gerenciamento e melhoria interna. Uma vez bem feito, as deficiências operacionais e os inputs para melhoria ficam tão evidentes que parecem lógicos, banais e simplistas ao extremo. Como princípio fundamental para um mapeamento eficaz, é necessário entender as diferenças entre tarefas, atividades, objetos, sub-processos, processos e macroprocessos (todos eles diferentes de áreas, já que um processo, sempre, envolve as atividades de colaboradores envolvidos em diversas áreas da empresa - dizemos que um processo “passeia” entre os departamentos). Não nos cabe, neste artigo, nos aprofundar nestes conceitos e teorias. Alguns deles são polêmicos, divergentes entre autores. O importante é que, sob nenhuma hipótese, eles devem ser desconsiderados em um processo de mapeamento. É de extrema importância entender que uma tarefa é diferente de uma atividade, que um processo é composto de sub-processos, o que são objetos, etc. São conceitos bastante fundamentais. Sugiro ao leitor que os compreenda profundamente antes de iniciarqualquer tipo de mapeamento. Os fluxos mais detalhados a serem desenhados são os de atividades. Eles detêm todas as características minimistas a serem consideradas para proposições de mudanças e alterações de práticas. Os fluxos de sub- processos, processos e macro-processos, por suas vezes, têm um caráter gerencial: seus objetivos são apenas retratar, de uma forma global, a lógica geral de funcionamento interno da organização para geração do serviço/produto. 23 Gestão Educacional Bibliografia FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. Cadernos de Excelência: Processos. São Paulo: FNQ, 2007. TEXTO 8. A REFORMA DO ESTADO E O MODELO DE GESTÃO EDUCACIONAL Situando o período histórico bem recente, sabemos que o Brasil passou por um regime político ditatorial, de meados dos anos 1960 até meados de 1980, época em que o Estado já vivia um processo de transição política. Instalado o novo governo, se fazia imperativo outro reordenamento jurídico em virtude da nova ordem que se instalava. Assim, promulgada a Constituição Federal de 1988, o governo dá prosseguimento a um conjunto de políticas, tendo como norte a ideia de “ajuste” do Estado brasileiro às mudanças em âmbito internacional, ou seja, a realização de uma reforma administrativa. Ao mesmo tempo, inicia-se a elaboração do novo aparato legal para cumprir diretrizes constitucionais. Por outro lado, a sociedade mobilizava-se, pressionando por mudanças no âmbito da economia, das instituições sociais, culturais e políticas, bem como na natureza das relações entre esses diferentes âmbitos. Essas considerações iniciais permitem que nos situemos quanto às transformações relativas ao planejamento e à gestão educacional, de modo especial esta última, no contexto das reformas dos anos 1990, em que a modernização do Estado brasileiro era objetivo básico. Esse objetivo passou a concretizar-se mediante a Reforma do Estado, iniciada em 1995, justificada pelos seus mentores não só como uma necessidade para superar as crises de ordem econômica, mas também, pela reivindicação da democratização do país. Os defensores da Reforma apresentavam diversos argumentos, a começar pela ideia da modernização do Estado – de procedimentos destinados a reduzir custos, ajustar estruturas, ou seja, defendiam a reestruturação e a adequação do desempenho dos serviços públicos, dirigidas ao fortalecimento do aparato burocrático do Estado. É possível assegurar que, em grande medida, a Reforma foi induzida por fatores externos, ou seja, foi determinada por mudanças no cenário político-econômico internacional. Mais ainda, esteve orientada para a regulamentação do campo social de acordo com a ordem econômica globalizada. Enfim, havia um consenso de que o Estado se encontrava despreparado para as novas pressões dessa realidade globalizada e, por isso, tinha de ser repensado. O contexto internacional, cujas forças econômicas e políticas condicionavam a formulação de políticas públicas e a gestão das instituições sociais, incluindo-se a escola, vai produzindo um novo cenário, cuja maior expressão é a globalização, associada à revolução tecnológica, conformando-se um novo paradigma social. As Ciências sociais na época da globalização - Ruptura histórica 24 Gestão Educacional A globalização do mundo pode ser vista como um processo histórico-social de vastas proporções, abalando mais ou menos drasticamente os quadros sociais e mentais de referência de indivíduos e coletividades. Rompe e recria o mapa do mundo, inaugurando outros processos, outras estruturas e outras formas de sociabilidade, que se articulam ou impõem aos povos, tribos, nações e nacionalidades. Muito do que parecia estabelecido em termos de conceitos, categorias ou interpretações, relativos aos mais diversos aspectos da realidade social, parece perder significado, tornar-se anacrônico ou adquire outros sentidos. Os territórios e as fronteiras, os regimes políticos e os estilos de vida, as culturas e as civilizações parecem mesclar-se, tencionar-se e dinamizar-se em outras modalidades, direções ou possibilidades. As coisas, as gentes e as ideias movem-se em múltiplas direções, desenraizam-se, tornam-se volantes ou simplesmente desterritorializam-se. Alteram-se as sensações e as noções de próximo e distante, lento e rápido, instantâneo e ubíquo, passado e presente, atual e remoto, visível e invisível, singular e universal. Está em curso a gênese de uma nova totalidade histórico-social, abalroando a geografia, a ecologia e a demografia, assim como a economia, a política e a cultura. Considerado uma das maiores referências nacionais com relação ao tema globalização, Ianni apresenta essa importante síntese sobre o assunto. Para ele, há um novo ciclo que precisa ser entendido não somente como modo de produção ou de organização da economia mas que pode ser pensado também como um processo civilizatório. Significa dizer que envolve as instituições, a mídia, a cultura, as competições esportivas, a música, nem sempre identificadas às raízes, mercadorias globais, às vezes combinação de peças fabricadas em diferentes continentes. Embora, geralmente, seja vinculada apenas ao campo econômico, para este autor, a globalização é um fenômeno multidimensional, que abarca dimensões de ordem econômica, política e cultural. A globalização significa uma visível perda de fronteiras referente à vida cotidiana, no que diz respeito a diferentes dimensões, como a economia, a informação, a ecologia, a técnica, os conflitos transculturais e a sociedade civil. Porém, não pode ser compreendida como aglomeração do mundo inteiro, não é um fato ou processo automático, nem unilateral. Hoje, toda a vida, assim como as organizações e instituições, está reorientada e reorganizada na perspectiva de uma relação local-global, ou seja, pode-se dizer que a globalização, apoiada na revolução tecnológica, está provocando uma recriação do espaço local. Enfim, é nesse contexto de transformações mundiais, orientadas pelo neoliberalismo, que o Brasil apostou na reorganização do setor público, tendo em vista o ajuste ao capitalismo internacional. No plano institucional, cogitava-se alterar tanto a estrutura quanto o funcionamento do setor público, possibilitando-se a ampliação de sua autonomia, maior eficiência na consecução dos resultados e maior controle por parte da sociedade. Ideologicamente, previa-se a mudança de paradigma administrativo, substituindo-se a burocracia estatal pelo modelo gerencialista, com a consequente introdução de práticas típicas de mercado na administração pública. 25 Gestão Educacional Esta concepção de gestão norteou a Reforma, cujas mudanças ocorreram sob orientação do neoliberalismo consoante ideias e orientações de agências multilaterais como o Banco Mundial (BIRD) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), entre outros. Criado durante a Conferência de Bretton Woods, na cidade norte-americana homônima, em 1944, no processo de construção da hegemonia internacional norte- americana após a 2.ª Guerra Mundial, o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) ficou conhecido, genericamente, como Banco Mundial. Abrange uma série de outras instituições (o próprio BIRD, a Associação Internacional de Desenvolvimento – IDA, a Corporação Financeira Internacional – IFC, o Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos – ICSID, a Agência de Garantia de Investimentos Multilaterais – MIGA, e o Fundo Mundial para o Meio Ambiente – GEF). Diferentemente de seu objetivo inicial, ainda no final dos anos 1960, a linha de atuação do Banco Mundial passou a ter como um de seus focos principais a área educacional, sobretudo nos países latino- americanos, o que se intensificou sobremaneira nos anos 1980-1990. Desde então, as diretrizes do Banco Mundial vêm sendo utilizadas como fundamento principal para as políticas educacionais brasileiras, no contexto da reforma do Estadoe da educação. Em síntese, são elas: 1) focalização do gasto público no ensino básico, com ênfase no ensino fundamental; 2) descentralização do ensino fundamental, o que vem sendo operacionalizado através do processo de municipalização do ensino; 3) estímulo à privatização dos serviços educacionais e à criação de verdadeiras indústrias em torno das atividades educacionais; 4) ajuste da legislação educacional no sentido da desregulamentação dos métodos de gestão e das instituições educacionais, garantido ao governo central maior controle e poder de intervenção sobre os níveis de ensino (via sistemas nacionais de avaliação e fixação de parâmetros curriculares nacionais, por exemplo), mas sem que ele mesmo participe diretamente da execução de tais serviços. Em linhas gerais, a interferência do Banco Mundial na educação tem como objetivo promover os ajustes de interesse do grande capital internacional (sobretudo o financeiro) com relação ao Estado brasileiro. Busca adequar o conjunto das políticas educacionais em um plano mais amplo, que é o da atuação do Estado, como um todo, frente aos desígnios do processo de acumulação mundial de capital. A tal processo chamou-se de Reforma do Estado. A Reforma é parte de um conjunto de ações orientadas por organismos internacionais, não ocorre isoladamente e interfere, sobremaneira, no setor educacional. Tendo em vista as orientações expressas pelas agências, as lideranças do setor devem criar espaços de reflexão, com relação aos projetos que propõem, a fim de adaptar suas intencionalidades à realidade local, bem como não reproduzi-las sem a necessária crítica. Por outro lado, nos recordemos que a reforma educacional (1996) ocorreu próxima ao período da Reforma do Estado, 26 Gestão Educacional adotando, portanto, toda sua orientação. É nesse contexto que se assiste um movimento inédito de formulação de propostas no âmbito da administração educacional, influenciada pela Reforma, interferindo na administração dos sistemas de ensino nas esferas federal, estadual e municipal, bem como nas escolas. TEXTO 9. A GESTÃO EDUCACIONAL E A LEGISLAÇÃO 1 – O contexto de elaboração dos novos instrumentos legais – A Constituição Federal de 1988 Nesse inicio, é preciso que recordemos uma parte da recente história do país, destacando-se o período situado a partir dos anos 1960. Certamente, “regime militar”, “transição democrática”, “Nova República”, “Diretas já”, “gestão democrática”, entre outras, são expressões conhecidas por nós, , seja por termos vivenciado experiências históricas relativas ao período, seja por meio de documentos, estudos etc. Essas expressões retratam o período compreendido entre meados dos anos 1960 até meados dos anos 1980. Assim, podemos dizer que as histórias de vida do brasileiro, em geral, guardam registros dos fatos gerados no período ditatorial. O regime militar começa a enfrentar esgotamento em meados dos anos 1970, pois eram visíveis os riscos de sua manutenção, tendo em vista a falência do modelo econômico e da crise econômica internacional. Desse modo, inicia-se a transição democrática, movimento assim designado por caracterizar-se pela passagem do regime militar, normalmente denominado de burocrático-autoritário, para outro mais representativo. Melhor dizendo, segundo compreensão existente do período, um regime democrático moderno. O conceito de transição, no sentido mais geral, pode ser explicado como mudança radical de uma estrutura político-social para outra, e, em nosso caso, foi normalmente interpretada como um sinal marcante do processo de modernização. Assim, é possível recordar fatos importantes, ocorridos no período, que contribuíram, do mesmo modo, para a mudança de regime. As lutas pelas liberdades democráticas evidenciaram-se por meio de diversas ações. De igual modo, a conquista das liberdades e da organização político-partidária, assim como muitas outras conquistas, ia configurando um novo cenário no Estado brasileiro. Esses eventos foram considerados de inquestionável importância para o processo de transição, pois expressavam desejos de mudança manifestados pela sociedade brasileira. Não obstante, é possível argumentar que ocorreu uma transição conservadora, pois foi considerada muito mais o resultado de pactos e negociações com o regime precedente ao invés de uma construção de instituições fortes e necessárias ao processo democrático. O novo governo assumiu, mediante acordos políticos, e foi denominado Nova República. Segundo seus mentores, procurava resgatar as aspirações populares 27 Gestão Educacional dos anos 1970, as bandeiras da democracia, ao mesmo tempo em que surgia como expressão de mudanças, baseadas na retórica da justiça social, cujo discurso se estendia a todos os setores da sociedade. Tais movimentos, encabeçados por setores progressistas da sociedade brasileira, formavam parte da reação à ordem vigente, de modo especial ao caráter autoritário e centralizador que caracterizou o funcionamento do Estado durante o Regime Militar (1964-1985). Naquele período, entre outros aspectos, as atividades administrativas do Estado caracterizavam- se pela separação entre o planejamento e a execução, ou seja, uma burocracia hierarquizada, seguindo os preceitos da racionalidade técnica. Pois bem, todo esse movimento exigiu um novo reordenamento jurídico para o país, tendo em vista que prevalecia aquele oriundo do regime militar e, por conseguinte, não expressava a orientação política da nova ordem estabelecida. A garantia dos direitos que a sociedade conquistava naquele momento exigia a instituição de instrumento legal de caráter nacional. Assim, na perspectiva de um novo tempo que buscava expandir e alcançar direitos sociais, civis etc., instalou- se, em fevereiro de 1987, o Congresso Constituinte, com a finalidade de elaborar uma nova Constituição Federal. Estimulados pelos acontecimentos, diversos setores da sociedade apresentavam suas contribuições, e os grupos organizados procuravam defender seus interesses, formulando e apresentando propostas ao Congresso Nacional por meio de entidades associativas. 2 – A Lei n.º 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – e o princípio da gestão democrática As aspirações para manter a hegemonia tanto por parte do setor público como do privado constituíram motivos de luta no contexto de elaboração da Constituição Federal e da nova LDB. Entre esses motivos, está o princípio da gestão democrática. Por um lado, o fórum em defesa da escola pública, entidade constituída por segmentos da sociedade civil organizada, defendia a inserção desse direito, e os defensores do setor privado reagiam a essa inclusão. Ao final, prevaleceram o desejo e as pressões desse setor, constando a gestão democrática como princípio do ensino público na forma da lei e da posterior legislação dos sistemas de ensino, ou seja, excluindo-se o setor privado. A Constituição Federal, ao estabelecer como princípio do ensino a gestão democrática do ensino publico, na forma da lei (art. 206), além de configurar uma conquista parcial, pois excluiu o ensino privado, delegou a exequibilidade do princípio à legislação complementar. Essa determinação da legislação causou grande polêmica devido à restrição que contém. É um questionamento que, em geral, os educadores atentos se fazem. Também é importante assinalar que a democratização da gestão do ensino público é mencionada em outros artigos do dispositivo legal que delibera as incumbências dos estabelecimentos de ensino e dos docentes. TEXTO 10. GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO DE UM PLANO DE EDUCAÇÃO 28 Gestão Educacional Ivan Luiz Novaes Políticas Educacionais As novas políticas destinadas a modernizar e tornar mais eficientes e eficazes os processos de gestão educacional sustentam-se sobre dois conceitos: a democratização e a descentralização da gestão da educação. Pode-se considerar,em síntese, que o conceito de democratização quando utilizado no campo das organizações educacionais apresenta-se associado a duas perspectivas: uma refere-se à adoção de políticas que visam promover, em grande escala, o acesso da população à escola, e, a outra, refere-se ao maior grau de participação dos sujeitos nos processos de gestão da educação. Com efeito, em ambos os casos existem políticas e ações em curso e um aparato normativo visando alcançá-los. No primeiro caso, a democratização materializa-se a partir de iniciativas de governos no sentido de ampliar as redes de ensino, criando e construindo mais escolas, convocando crianças em idade escolar para a matrícula. No segundo caso, a democratização assume sentido de participação dos sujeitos, pressupondo a tomada de decisão, o acompanhamento e avaliação dos processos de gestão educacional de maneira geral, e, em particular, da gestão da escola. Nesse caso as iniciativas governamentais no sentido de promover a democratização convergem para a constituição de conselhos ou colegiados de natureza consultiva, normativa, deliberativa e fiscalizadora. Em geral, esses conselhos são compostos por professores e representantes da sociedade. Atende- se, assim, não apenas aqueles que têm vínculos diretos A descentralização, de outra parte, pode significar a transferência de poderes concentrados no topo da hierarquia da organização educacional para os órgãos ou setores intermediários e locais dessa hierarquia. Nesse caso, dois fatores podem afetar o processo de descentralização: o primeiro refere-se às condições materiais e técnicas que os setores dispõem para assumir novos atributos. A segunda relaciona-se à capacidade e à competência técnica que o pessoal responsável pela gestão dispõe para lidar com novos atributos. No plano geral, observa-se que ocorreram dois grandes movimentos no sentido de promover políticas de descentralização educacional no Brasil. Inicialmente esse movimento se caracterizou, nas décadas de 80 e 90, pela transferência de atribuições centradas nos níveis federal e estadual de governo, para as esferas municipais de governos. Posteriormente, assumiu nova conotação quando a descentralização passou a ser direcionada aos estabelecimentos escolares ou unidades de ensino. O processo de descentralização da gestão educacional passou a ganhar formas mais definidas a partir do incremento de políticas estabelecidas no âmbito federal, tais como: Programa de Alimentação Escolar, o Programa de Distribuição do Livro Didático, o Programa de Repasse de Recursos para a Manutenção das Escolas Públicas do Ensino Fundamental, Programa Dinheiro Direto na Escola, e, 29 Gestão Educacional por fim, a criação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, recentemente. No que se refere a organização macro dos sistemas de ensino, os pilares da democratização e a descentralização que orientam a gestão educacional passou a demandar das esferas de governos à necessidade de redefinir e incrementar relações de cooperação entre os diversos órgãos e setores da educação. As relações de cooperação, conforme preceitua a Constituição Federal, a LDB e normas complementares, s estabelece entre Governos Federal, Estadual, Municipal e a sociedade por meio de Conselhos educacionais ou Associações de pais. Um sistema educacional é composto por organizações educacionais, setores e unidades escolares, requer e pressupõe que haja algum tipo de interatividade e inter-relação entre eles. A materialidade desse tipo de organização é muito recente e está em processo desenvolvimento. organizacional nos termos da gestão democrática e descentralizada, esse tipo de concepção torna- se ainda mais inovador e desafiador. Considerações Finais Estabelecer políticas e diretrizes que visem à formação dos profissionais da educação, especialmente, para àqueles que lidam com as questões que afetam à educação tornou-se uma demanda imperativa para os diversos níveis de governo. Os desafios que se apresentam no sentido de constituir e consolidar novos modelos de gestão educacional assenta-se nos princípios de democratização e descentralização. A viabilidade desse modelo de gesta vislumbra a inclusão dos sujeitos que atuam nos conselhos de educação, associações educacionais ou outras instituições correlatas que integram os sistemas de ensino. A relevância e urgência com que fluem as demandas em torno de políticas e ações que visam orientar os sistemas de ensino exigem no sentido de investir na qualificação de seus profissionais, apresentando planos e programas no sentido de qualificar seus profissionais definindo políticas que contribuam com o Plano de Formação dos Profissionais da Educação. TEXTO 11 - ADMINISTRAÇÃO EMPRESARIAL • A administração constitui a maneira de utilizar os diversos recursos organizacionais, humanos, materiais, financeiros, de informação e tecnologia – para alcançar objetivos e atingir elevado desempenho. 30 Gestão Educacional • A administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz Chiavenato (2000, p. 5). • A necessidade de organizar os estabelecimentos nascidos com a revolução industrial (início no século XVIII, na Inglaterra) levou os profissionais de outras áreas mais antigas e maduras a buscar soluções específicas para problemas que não existiam antes. Assim a pesquisa de métodos especiais para administrar estes empreendimentos deu origem aos rudimentos da ciência da administração. PROCESSO DE ADMINISTRAR – Atividade dinâmica, que consiste em tomar decisões sobre objetivos e recursos. Ele é inerente a qualquer situação em que haja pessoas utilizando recursos para atingir algum tipo de objetivo. DECISÕES – Tomar decisões significa fazer escolhas. Processo Significado Planejamento É o primeiro passo do Processo de Administrar, é pensar antes de agir ou preparar as maneiras mais adequadas para a ação. Dessa forma objetiva-se o melhor caminho para se atingir os resultados RECURSOS Pessoas Informação e Conhecimento Espaço DECISÕES Planejamento Organização OBJETIVOS Resultados esperados do sistema 31 Gestão Educacional esperados. Organização É o segundo passo do Processo de Administrar, consiste em procurar a melhor forma para executar o que foi planejado. Nesse momento é importante a eficiência das operações. Direção É usar das habilidades técnicas, conceituais e principalmente humanas, para se construir junto às pessoas o resultado esperado. Controle É saber se o que foi planejado e organizado está dando os resultados esperados, é medir o sucesso ou insucesso de todo o processo administrativo. É fundamental o controle para garantir a eficiência e eficácia da Administração. RECURSOS – Utilizados por organizações, classificam-se em 6 tipos: OBJETIVOS: São os resultados esperados, ou fins que as organizações ou sistemas procuram atingir, por meio de emprego dos recursos. Organização • Pessoas • Informação e Conhecimento • Espaço • Tempo • Dinheiro • Instalações Objetivos 32 Gestão Educacional PESSOAS – Elas são os principais agentes do processo. Elas tomam decisões, compartilham o processo decisório com outras pessoas ou são afetadas pelas decisões que outras tomam. ADMINISTRADORES OU GERENTES – São as pessoas que tomam decisões de administração. Podem ser indivíduos (como um Presidente de Empresa). Você é administrador de seus objetivos pessoais, de seu próprio tempo e de outros recursos pessoais. Algumas pessoas administram trabalho de outra pessoa, porque ocupam posições de chefia. ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESA X ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR Desenvolve teorias sobre a organizaçãodo trabalho nas empresas capitalistas. Apresenta proposições teóricas sobre a organização do trabalho na escola e no sistema escolar. A pessoa planeja muito bem o produto que deseja obter, analisa tudo que é necessário para elaborá-lo, divide as parcelas de trabalho envolvidas nessa elaboração e dispõe de boa mão-de-obra e boa organização. Se compara ao da Administração dos hospitais, em que a grande figura é o cirurgião; o administrador é apenas a pessoa que dispõe o hospital nas condições mais favoráveis possíveis para que o cirurgião exerça com a maior perfeição possível a sua função. É a administração de fábricas, onde a função de planejar é suprema e a função de executar é mínima. É aquela na qual o elemento mais importante não é o administrador, mas o professor. A administração no ensino primário é máxima, pois quanto mais imperfeito for o magistério, mais é preciso melhorar as condições de administração. Produtora de bens e serviços em geral é bastante grande a participação relativa das máquinas e demais meios de produção em geral. É a mão-de-obra que possui participação relativa mais elevada. ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS A maioria de nós tem o hábito de reagir com pavio curto a quase todas as situações que nos trazem ameaças, esquecendo tudo de bom que foi construído ao longo do tempo. O sociólogo Sérgio Abranches costuma dizer que, discordando em 10%, colocamos a perder os 90% que construímos anteriormente. Amizades de anos, às 33 Gestão Educacional vezes décadas, foram rompidas repentinamente por causa de um - isto mesmo, um - desentendimento. O que é pior, muitas das vezes, sem o menor motivo. Veja alguns exemplos de Autoridade x Autoritarismo: AUTORIDADE AUTORITARISMO Forma legítima de exercer o poder. Arbitrariedade do poder, uma prática condenável em qualquer gestão moderna. É reconhecida de fora para dentro, ou seja, alguém reconhece a autoridade de quem se expressa. É reconhecido de dentro para fora, alguém tem de aceitar aquilo porque está sendo imposto e não porque elas reconhecem aquilo como sendo a melhor coisa a se a fazer. Quem fala com autoridade convence, não pela imposição, mas pela credibilidade que é transmitida. Repreensão excessiva – grava duplamente o mal na mente da criança e provoca nela o desejo de repetir o mesmo mal. Recorrer à lógica – explicar pacientemente à criança o porquê das coisas. Impor-se pelo temor – a criança pode deixar de praticar o mal pelo temor de ser repreendida, mas interiormente ela está gravando em sua mente um duplo mal: o desejo de praticá-lo e o temor. Dar ao educando a liberdade de se expressar e respeitar sua individualidade. Violência e punição – crianças que sofrem violência e punição quando desobedecem a seus superiores, tendem a ser adultos opressores de seus subordinados. Orientar o pensamento e a vitalidade da criança. Coação – quando é coagida a fazer algo, a criança se rebela e perde o interesse por aquilo que está sendo forçada a fazer. No caso dos estudos, por exemplo, passa a detestá-los. COMO SURGEM OS CONFLITOS E COM RESOLVÊ-LOS: Os conflitos surgem por razões: • Tipo competição entre as pessoas. • Por recursos disponíveis, mas escassos. • Pela divergência de alvos entre as partes. • Pelas tentativas de autonomia ou libertação de uma pessoa em relação a outra, • Direitos não atendidos ou não conquistados. Como resolver os conflitos: • Criar uma atmosfera afetiva. • Esclarecer as percepções. • Focalizar em necessidades individuais e compartilhadas. • Construir um poder positivo e compartilhado. • Olhar para o futuro e, em seguida, aprender com o passado. • Gerar opções de ganhos mútuos. • Desenvolver passos para a ação a ser 34 Gestão Educacional • Mudanças externas acompanhadas por tensões, ansiedades e medo. • Luta pelo poder. • Necessidade de status - desejo de êxito econômico. • Necessidades individuais não atendidas. • Carências de informação, tempo e tecnologia. • Escassez de recursos. • Marcadas diferenças culturais e individuais. • Divergência e metas. • Tentativa de autonomia. • Meio-ambiente adverso e preconceitos. efetivada. • Estabelecer acordos de benefícios mútuos. • Ambas as partes saibam se comunicar, ouvir, e perguntar, pois sem diálogo, não há comunicação nem solução possível para os problemas. OS OUVINTES E SEUS COMPORTAMENTOS Sabemos que é diferente o comportamento dos indivíduos isoladamente e em grupo. Não há regras gerais, pois cada grupo é um grupo, mas é freqüente observarmos alguns tipos de grupos, são eles: • O Belicoso - Não conteste. Mantenha a calma. Tome cuidado para que ele não monopolize a reunião. • O Positivo - Ele é um ponto de apoio. Permita que ele faça o uso da palavra sempre que necessário, pois normalmente contribui com informações positivas e de interesse geral. • O Sabe Tudo - Convém, em muitas circunstâncias, deixá-lo habilmente por conta do grupo. • O Falante - Interrompa-o com habilidade. Limite o tempo que ele tem para falar, pois tende a divagar e ser prolixo. • O Acanhado - Motive-o a participar fazendo perguntas fáceis para que tenha condições de respondê-las, de preferência algo relacionado com o que ele já conheça com isto a autoconfiança aumenta gradativamente. Agradeça sempre sua contribuição, mas não exagere com esta técnica. • O que Não Aceita e Não Coopera - Explore sua ambição. Reconheça e use sua experiência e seu conhecimento. Respeite-o, mas não se deixe persuadir por ele. Use sua experiência e bom senso de líder. • O Desinteressado - Dirija-lhe perguntas sobre sua atividade profissional. Solicite habilmente exemplos de algo que ele esteja interessado. Procure motivá-lo e conscientizá-lo da importância de sua participação. • O Desdenhoso – (Da pouca importância) Não o critique, seja hábil, use a técnica do "sim, mas...". Não tente justificativas diretas, pois seja exatamente isto que ele queira, para se auto-afirmar perante todos. 35 Gestão Educacional • O Perguntador Persistente - Normalmente atrapalha o líder. Convém passar suas perguntas para o grupo respondê-las, entretanto, não convém exageros desta técnica pois pode causar impressão aos demais de que o líder se deixou persuadir por ele ou está inseguro. Em cada reunião, cada grupo é um grupo, e nem sempre tudo ocorre conforme o esperado. Certas técnicas podem controlar situações difíceis. 7. O grupo fica incontrolável Nota-se um clima tenso, pode haver antipatias, desacordos, rigidez, subgrupos de opiniões divergentes, recomenda-se: • De peso: faça uma pausa de ordem na reunião; começar a caminhar é uma ação física que reclama a atenção para o dirigente; no intervalo que se seguir os participantes poderão se acalmar. • Intervalo. 8. O grupo não fala O silêncio é responsável pelos momentos mais difíceis para o condutor de reuniões. Ele se vê na frente do grupo, todos olhando, ninguém dizendo uma palavra e já terminou o que tinha a dizer. Sente vontade de continuar falando, para colocar um pouco de som no ambiente. O silêncio pode representar muitas coisas: que o grupo está ponderando sobre algo que está confuso, cansado, simplesmente não está gostando de estar ali ou do que está ouvindo. Eis algumas técnicas para lidar com o silêncio: • Dirija uma pergunta geral ao grupo que não possa ser respondida com monossílabos; • Se utilizar perguntas que permitam respostas sim ou não, introduza logo em seguida o "Por quê?"; • Faça uma pergunta a alguém que tem certeza que saberá respondê-la; • Não responda de imediato a suas próprias perguntas, espere um pouco. Caso o faça, o grupo se tornará indolente e deixará que trabalhe por ele; • O condutor deve resistir à tentação de romper o silêncio, deixando a cargo de um participante fazê-lo. É ficando à distância do silêncio que poderá entrevistar o grupo sobre o sentido
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