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ENSINO-DE-QUÍMICA-E-SUA-CONTEXTUALIZAÇÃO

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O ENSINO DE QUÍMICA NA ESCOLA 
 
 
https://escolaargemiro.files.wordpress.com/2012/08/100_5989.jpg 
 
Segundo Valadares (2001) citado por Benite e Benite (2009) um dos maiores 
desafios do ensino de Química, nas escolas de nível fundamental e médio, é construir 
uma ponte entre o conhecimento escolar e o mundo cotidiano dos alunos. 
Frequentemente, a ausência deste vínculo é responsável por apatia e distanciamento 
entre alunos e professores. 
Ao se restringir o ensino a uma abordagem estritamente formal, acaba-se por 
não contemplar as várias possibilidades para tornar a Química mais “palpável” e perde-
se a oportunidade de associá-la com avanços tecnológicos que afetam diretamente a 
sociedade (CHASSOT, 1993). 
As dificuldades no ato de ensinar química estão vinculadas, entre outros fatores, 
com os poucos recursos investidos na educação e o uso de uma metodologia de 
 
 
 
trabalho inadequada ao desenvolvimento intelectual do aluno, onde professores 
insistem em métodos voltados à excessiva memorização de fatos, símbolos, fórmulas, 
nomes e teorias que parecem não ter nenhuma relação entre si, contribuindo em nada 
para as competências e habilidades desejáveis no ensino médio (BELTRAN E 
CISCATO, 1991). 
A realização de experimentos com os materiais alternativos (caseiros) na escola 
pode ser uma boa oportunidade para se obter bons efeitos no ensino rural, visto que, 
geralmente neste ambiente, as instituições não dispõem de meios adequados para o 
desenvolvimento de atividades experimentais. O necessário então é relacionar o 
assunto, os materiais e a prática. 
Outra alternativa utilizada no ensino de química é o uso de jogos. Ao optar por 
utilizar jogos no ensino, torna-se necessário analisá-los sob dois aspectos primordiais: 
um referente à afetividade, expresso durante a ação; outro referente aos aspectos 
cognitivos, no qual o jogo proporciona avanços nos processos de aprendizagem e 
desenvolvimento. 
 Desta forma, conforme Marques et al (2008) para que haja uma aprendizagem 
significativa, se faz necessário que professores adotem uma metodologia que 
privilegiem o uso de alternativas metodológicas, como o uso de jogos lúdicos e a 
experimentação com materiais simples e baixo custo, comum ao dia-a-dia dos alunos, 
pois quanto mais integrada teoria e prática, mais sólida se torna a aprendizagem desta 
disciplina, cumprindo sua verdadeira função no ensino e contribuindo para a construção 
do conhecimento, não de forma linear, mas transversal, ou seja, não apenas trabalha a 
Química no cumprimento dos conteúdos, mas interage com o mundo vivencial dos 
alunos de forma diversificada. 
O ensino da química, bem como das demais ciências, requer uma ação 
pedagógica voltada para o desenvolvimento integral do aluno, procurando construir 
cidadãos críticos que tem possibilidades de apropriar-se de sua realidade e transformá-
la construtivamente. A aquisição do conhecimento e o aprender só acontecem através 
da construção e interação, o professor tem que desenvolver conteúdos significativos 
em sala de aula para estimular situações desafiadoras, que pressupõem interações 
com os alunos e deles entre si e com o conhecimento (ANDRADE, 2006) 
 
 
 
O processo de ensino e aprendizagem de Química é reconhecidamente 
dificultoso tanto para o professor como para o aluno (MALDANER, 2000). Muitas 
vezes, as ferramentas didáticas utilizadas são restritas aos livros, a lousa, giz e 
cadernos, o que configura uma rotina de trabalho. A inovação e diversificação ficam por 
conta apenas do discurso e abordagens do professor. Deve haver uma revisão das 
propostas pedagógicas e a adoção de práticas e componentes de aprendizagem com o 
objetivo de proporcionar outras formas de apropriar-se do conhecimento, além 
daquelas tradicionalmente oferecidas. 
 
 
http://www.quimica.com.br/pquimica/wp-content/uploads/2011/10/escola_verao_post.jpg 
 
Francisco Junior et al (2007) afirmam que a interdisciplinaridade; proposta 
muitas vezes, porém difícil de ser concretizada; por princípio, é tida como uma 
articulação entre as disciplinas na busca de superar a fragmentação, fator que dificulta 
a compreensão e a ligação entre conteúdos de uma mesma disciplina, de disciplinas da 
mesma área e de disciplinas de áreas diferentes. A interdisciplinaridade pode possuir 
uma multiplicidade de interações, podendo ir da simples comunicação de ideias até a 
integração mútua de conceitos diretores, da epistemologia, da metodologia e da 
terminologia. Deste modo, quando se procura explicar os fenômenos e suas leis, se 
estará ultrapassando as fronteiras do observável, pois a estrutura subjacente fornece 
uma explicação para os dados observados. Mas, por isso mesmo, tendem a 
 
 
 
desaparecer as fronteiras entre as disciplinas, pois as estruturas ou são comuns (tal 
como entre a Física e a Química) ou solidárias umas com as outras. 
Os autores acrescentam que a contextualização pode ser entendida como a 
significação dos conceitos, dos princípios e regras, deve, em primeiro lugar, assumir 
que todo conhecimento submete-se a uma interação entre sujeito e objeto, e é um dos 
recursos que os professores possuem para retirar a condição de expectador dos 
alunos. No entanto, essa relação, sempre pedida entre os conteúdos escolares e suas 
aplicações, é de suma importância, mas não se pode esquecer que a ciência é, por sua 
natureza, uma superação do dia-a-dia, das coisas práticas. A Ciência é muito mais do 
que o concreto ou o prático. E mais, situações problema especulativas podem trazer 
muito mais significados aos alunos e, muitas vezes, proporcionar repercussões 
bastante satisfatórias. 
 
 
http://www.fatosdesconhecidos.com.br/5-questoes-bizarras-que-a-ciencia-explica/ 
 
 
 
Tigre et al (2008) consideram que o desenvolvimento de estratégias modernas e 
simples, utilizando laboratórios, sistemas multimídia e outros recursos didáticos 
diversos, é recomendado para dinamizar o processo de aprendizagem em Química. 
Numa interpretação empirista, os jogos didáticos colaboram numa experiência 
sensível, particular da percepção e relações mentais com o conceito, o que inscreve 
direta e indiretamente os saberes dos alunos no momento do jogo numa dinâmica de 
extrema plasticidade (AZENHA, 1998). 
 
Atualmente, existe uma deficiência, em termos de estrutura física e 
material didático adequado, para o ensino experimental de química, em 
escolas de ensino fundamental e médio, principalmente, na rede pública 
de ensino. O projeto “Formação continuada de professores de química: 
Práticas experimentais e jogos lúdicos como alternativas 
metodológicas”, a ser desenvolvido nas escolas publicas estaduais nos 
municípios de Bananeiras e Solânea, objetiva a estruturação da 
Formação Continuada para os professores de química nestas escolas. 
 
 
HTTPS://PT.DREAMSTIME.COM/ILUSTRAO-STOCK-PROFESSOR-DA-QUMICA-QUE-TRABALHA-NO-LABORATRIO-IMAGE45067630 
 
 
 
A INTERDISCIPLINARIDADE NO “NOVO ENSINO 
MÉDIO”: ENTRE O DISCURSO OFICIAL E A PRÁTICA 
DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS 
Texto adaptado de Inêz Leal Trindade e Silvia Nogueira Chaves 
 
 
http://sosprofessor-atividades.blogspot.com.br/2016/04/ciencias.html 
 
A interdisciplinaridade aparece no texto das diretrizes e dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCNEM – BRASIL, 1999), ao lado da contextualização, como 
eixo integrador do novo ensino médio, na perspectiva de tornar significativos e menos 
fragmentado os conteúdos ensinados. Esta proposta de educação deriva das novas 
configurações do conhecimento na sociedade contemporânea, e, portanto, das 
demandas sociais e políticas para a escola num contexto de transformação. Advoga-
se, hoje, a necessidade de formar um profissional capaz de enfrentar os desafios mais 
urgentes da sociedade contemporânea, principalmente os desafios postos pelo mundo 
do trabalho. Nesse contexto, o ensino compartimentalizado, caracterizadopelo 
tratamento estanque dos conteúdos, deixa de fazer sentido. Assim, a nova proposta de 
reformulação curricular pretende a superação dessa forma de abordar o conhecimento. 
 
 
 
 
A tendência atual, em todos os níveis de ensino, é analisar a 
realidade segmentada, sem desenvolver a compreensão dos 
múltiplos conhecimentos que se interpenetram e conformam 
determinados fenômenos. Para essa visão fragmentada contribui o 
enfoque meramente disciplinar que, na nova proposta de reforma 
curricular, pretendemos superado pela perspectiva interdisciplinar 
e pela contextualização dos conhecimentos. (BRASIL, 1999, p. 34). 
 
Autores que discutem essa temática (JAPIASSU, 1976; FAZENDA, 1979; 1994; 
1999; JANTSCH & BIANCHETTI, 1995; FRIGOTTO, 1995, entre outros) reconhecem 
que o interesse pela interdisciplinaridade não é recente no campo educacional, mas em 
função das novas demandas impostas à educação no contexto atual, a defesa da 
perspectiva interdisciplinar ganha nova força no discurso educacional. Nesse sentido, 
diferentes vozes em diferentes contextos reconhecem que a crescente complexificação 
da realidade impõe novas exigências para o campo do conhecimento. 
Morin (2002) destaca que um dos desafios lançados pelo século XXI é o 
confronto com os problemas e desafios da complexidade, para o qual a nossa 
formação escolar e universitária caracterizada pela separação dos objetos de seu 
contexto e das disciplinas umas das outras, pautada num ensino disciplinar, não nos 
prepara adequadamente. A dificuldade de compreensão dos fatos na perspectiva da 
totalidade deriva do conhecimento fragmentado e especializado produzido pela ciência 
moderna a que tivemos/temos acesso ao longo da nossa formação. 
É dessa percepção que decorrem os argumentos em favor da integração 
curricular, por meio da interdisciplinaridade, na perspectiva de colocar em 
funcionamento novas geometrias para o currículo.(VEIGA-NETO, 2002, p.153). Nessa 
ótica, o currículo integrado constitui o foco da mudança do ensino médio, justificado 
pelas mudanças nos processos de trabalho e pela organização do conhecimento no 
mundo globalizado, que para Lopes (2002, p. 97) é entendido como cada vez mais 
interligado, exigindo constante e crescente inter-relação de saberes para sua 
compreensão. 
 
 
 
INTERDISCIPLINARIDADE: EM BUSCA DE SEU(S) 
SIGNIFICADO(S) 
 
Quanto ao termo interdisciplinar, devemos reconhecer que este 
não possui ainda um sentido epistemológico único e estável. Trata-
se de um neologismo cuja significação nem sempre é a mesma e 
cujo papel nem sempre é compreendido da mesma forma. 
(JAPIASSU, 1976, p.72) 
 
A percepção evidenciada por Japiassu, um dos primeiros pesquisadores 
brasileiros a abordar o complexo tema da interdisciplinaridade, continua bastante atual. 
De fato, a literatura que trata dessa temática apresenta acaloradas discussões que 
revelam controvérsias, contradições e ambiguidades acerca dos vários sentidos que 
têm sido atribuídos à interdisciplinaridade desde que esta passou a fazer parte do 
discurso educacional. 
Para Japiassu (1976), com o advento da ciência moderna o conhecimento 
passou por um profundo processo de esfacelamento em função da multiplicação 
crescente das ciências, cujo desenvolvimento se fez às custas da especialização, de 
modo que para conhecer cada vez mais determinado fenômeno, o cientista precisou 
restringir seu objeto de estudo a dimensões cada vez menores. Esse fato ocasionou a 
diversificação das disciplinas provocando um hiato entre elas e a realidade, além de 
pôr fim às esperanças da busca pelo saber unitário. 
 
 
http://guiadoestudante.abril.com.br/orientacao-vocacional/consulte-orientador/como-curso-ciencias-biologicas-747988.shtml 
 
 
 
 Diante do estado patológico em que se encontra o saber, decorrente do 
predomínio das especializações, consideradas por Japiassu (1976, p.48) como 
verdadeiras cancerizações epistemológicas, impõe-se a exigência da 
interdisciplinaridade, cujo apelo se apresenta como o remédio mais adequado à 
patologia geral do saber, doença que contagia o homem e a própria civilização. Para o 
autor, o apelo ao enfoque interdisciplinar evidencia o estado de carência no qual se 
encontra o saber, por isso, um dos protestos da interdisciplinaridade é contra um saber 
fragmentado, em migalhas, pulverizado numa multiplicidade crescente de 
especialidades, em que cada um se fecha como que para fugir ao verdadeiro 
conhecimento. (JAPIASSU, 1976, p.43). Portanto, numa primeira aproximação, a 
interdisciplinaridade se define e se elabora por uma crítica das fronteiras disciplinares, 
de sua compartimentação. 
 
 
http://1.bp.blogspot.com/-RMIdNC41Cus/TzT6ukiUhZI/AAAAAAAAAEA/tcrJU2Oj5z8/s1600/1270644435_86385026_1-Quimica-
Fisica-e-Matematica-Boqueirao-1270644435.jpg 
 
 
 
 
E, para definir o que chama de “domínio do interdisciplinar”, Japiassu (1976) 
discute os conceitos vizinhos – disciplinaridade, multidisciplinaridade e a 
pluridisciplinaridade – considerados etapas para se chegar à abordagem 
interdisciplinar. Para este autor, disciplinaridade significa uma progressiva exploração 
científica especializada numa certa área ou domínio homogêneo de estudo, termo mais 
empregado para designar o ensino de uma ciência. A multidisciplinaridade significa 
uma gama de disciplinas que são propostas simultaneamente, mas desprovidas de 
relações entre elas (por exemplo: música + matemática + história). A 
pluridisciplinaridade significa a justaposição de diversas disciplinas situadas geralmente 
no mesmo nível hierárquico e agrupadas de modo a fazer aparecer à relação existente 
entre elas (p.73). Trata-se de disciplinas mais ou menos vizinhas nos domínio do 
conhecimento (por exemplo: a física + a química + a biologia no domínio científico). 
Para o autor, esses dois níveis – multi e pluridisciplinaridade – evocam simples 
justaposição, num trabalho determinado dos recursos de várias disciplinas, sem 
implicar necessariamente um trabalho de equipe e coordenado. No nível 
multidisciplinar existem apenas trocas de informação entre uma ou duas 
especialidades, sem que as disciplinas chamadas a contribuir para a solução de um 
problema sejam modificadas ou enriquecidas. O mesmo ocorre com o nível 
pluridisciplinar, apesar de nesse haver alguma relação entre as disciplinas, 
possibilitada por sua proximidade no domínio do conhecimento. 
 
http://servicio.mercadolibre.com.pe/MPE-420264204-clases-particulares-de-matematica-fisica-quimica-biologia-_JM 
 
 
 
Para esclarecer melhor a distinção entre os níveis apresentados, o autor 
apresenta sua concepção de interdisciplinaridade: 
 
Este pode ser caracterizado como o nível em que a colaboração 
entre as diversas disciplinas ou entre os setores heterogêneos de 
uma mesma ciência conduz a interações propriamente ditas, isto 
é, a uma certa reciprocidade nos intercâmbios, de tal forma que, no 
final do processo interativo, cada disciplina saia enriquecida. 
Podemos dizer que nos reconhecemos diante de um 
empreendimento interdisciplinar todas as vezes que ele conseguir 
incorporar os resultados de várias especialidades, que tomar de 
empréstimo a outras disciplinas certos instrumentos e técnicas 
metodológicas, fazendo uso dos esquemas conceituais e das 
análises que se encontram nos diversos ramos do saber, a fim de 
faze-los integrarem e convergirem, depois de terem sido 
comparados e julgados. (JAPIASSU, 1976, p.74 grifos do autor). 
 
 Portanto, evidencia-se, no pensamento de Japiassu, uma concepção de 
interdisciplinaridade constituída a partir de trocas recíprocas e enriquecimento mútuo 
das disciplinas, sem supremacia de uma sobre as outras. Cada especialidade (ou 
disciplina) ao entrar no processo interativo, sai enriquecida, fato que resulta na 
compreensão de um fenômeno nas suas múltiplas dimensões. Contudo, apesar do 
discurso otimista quanto ao fatoda interdisciplinaridade proporcionar esperança de 
renovação e mudança no domínio da metodologia das ciências humanas, o autor 
reconhece que o enfoque interdisciplinar é vasto e complexo, postula uma 
reformulação generalizada das estruturas de ensino das disciplinas científicas, sendo, 
portanto, um projeto difícil de ser estabelecido com rigor. 
 Outra autora que se destaca nas pesquisas sobre a interdisciplinaridade é Ivani 
Fazenda (1979), que situa a discussão referente ao tema no terreno pedagógico. E, na 
perspectiva de promover a articulação entre o universo epistemológico e o universo 
pedagógico, a autora procura identificar qual seria o valor, a utilidade, a aplicabilidade 
 
 
 
da interdisciplinaridade no ensino, bem como seus obstáculos e possibilidades de 
efetivação. Para a autora, é somente na troca, numa atitude conjunta entre educadores 
e educandos visando um conhecer maior e melhor, que a interdisciplinaridade no 
ensino ocorrerá como meio de conseguir uma formação geral, como meio de atingir 
uma formação profissional, como incentivo à formação de pesquisadores e pesquisas, 
como condição para uma educação permanente, como superação da dicotomia 
ensino/pesquisa e como forma de compreender e modificar o mundo. 
Predomina no pensamento de Fazenda (1979; 1994; 2002), uma concepção de 
interdisciplinaridade como categoria de ação e como sinônimo de parceria. Esta autora 
afirma que interdisciplinaridade não é categoria de conhecimento, mas de ação 
(FAZENDA, 1994, p,28). Baseada nessa compreensão menciona várias vezes que a 
interdisciplinaridade depende basicamente de uma atitude, de uma mudança de 
postura em relação ao conhecimento, uma substituição da concepção fragmentária 
para a unidade do ser humano. É bastante evidente a ênfase dada ao sujeito para que 
se promova uma transformação no conhecimento. 
 
(...) pois interdisciplinaridade não se ensina, nem se aprende, 
apenas vive-se, exerce-se. Interdisciplinaridade exige um 
engajamento pessoal de cada um. Todo indivíduo engajado nesse 
processo será o aprendiz, mas, na medida em que familiarizar-se 
com as técnicas e quesitos básicos, o criador de novas estruturas, 
novos conteúdos, novos métodos, será motor de transformação. 
(FAZENDA, 1979, p. 56) 
 
Em decorrência da ampla circulação e aceitação da produção teórica dos 
autores acima apresentados, a concepção de interdisciplinaridade por eles preconizada 
é predominante no campo educacional brasileiro, mas alguns autores (JANTSCH e 
BIANCHETT, 1995a; 1995b; ETGES, 1995; entre outros) têm procurado desconstruir a 
concepção reinante sobre o tema, apresentando alguns de seus limites e equívocos. 
Os autores mencionados denominam a concepção hegemônica da interdisciplinaridade 
de “filosofia do sujeito”, que se caracteriza por privilegiar a ação do sujeito sobre o 
 
 
 
objeto, de modo a tornar o sujeito um absoluto na construção do conhecimento e do 
pensamento. (JANTSCH e BIANCHETT, 1995, p.23). Destaca-se, nessa perspectiva, a 
autonomia do sujeito, em detrimento das condições objetivas que envolvem o processo 
de construção do conhecimento, o que leva os autores a destacarem o caráter a-
histórico da filosofia do sujeito. 
Na perspectiva de contribuir para a superação da hegemonia da filosofia do 
sujeito nas discussões sobre interdisciplinaridade, os autores lançam mão do que eles 
chamam de concepção histórica da interdisciplinaridade, que segundo os autores, 
implica a constituição do objeto e a compreensão do mesmo, aceitando-se, com isso, a 
tensão entre o sujeito pensante e as condições objetivas (materialidade) para o 
pensamento (JANTSCH E BIANCHET, 1995a, p. 12), no sentido de emprestar uma 
conotação científica ao termo. É o que fica claro na assertiva abaixo. 
 
Não se trata de destruir a interdisciplinaridade – historicamente 
construída e necessária – mas de lhe emprestar uma configuração 
efetivamente científica, que, a nosso ver, seria possível por uma 
adequada utilização da concepção histórica da realidade. 
Queremos afirmar também que, contrariamente à visão da 
interdisciplinaridade assentada na parceria, afirmamos que a 
questão a ser hoje levantada não é a parceria sim ou não, mas, 
quando e em que condições, uma vez que a fórmula (da filosofia 
do sujeito) parceria = interdisciplinaridade = redenção do 
pensamento e conhecimento não se sustenta. (JANTSCH e 
BIANCHET, 1995, p.18) 
 
 Nessa concepção, tanto a disciplinaridade quanto a interdisciplinaridade são 
imposições históricas (uma construção humana necessária), e nesse sentido, falar hoje 
da necessidade da interdisciplinaridade já não depende mais da decisão do sujeito 
(individual ou de um grupo de indivíduos): é uma imposição do momento atual 
(JANTSCH e BIANCHET, 1995, p.21). Para os autores, o processo de fragmentação do 
conhecimento ocorreu paralelo ao processo de fragmentação do trabalho. Da mesma 
 
 
 
forma, o taylorismo (a ciência da divisão do trabalho) e o fordismo (a ciência da 
produção em série), não ocorreram de forma gratuita ou descontextualizada, eles são 
um modo de viver o trabalho e o conhecimento possível pela materialidade histórica 
posta/construída. Por esse motivo, segundo os autores, não se justifica qualquer 
lamentação pela unidade perdida. Uma atitude destas revelaria um olhar para trás e 
não no sentido da história (JANTSCH e BIANCHET, 1995a, p.196). 
 
http://invistafacil.com/tag/conhecimento/ 
Baseado na compreensão da interdisciplinaridade para além da filosofia do 
sujeito, Frigotto (1995) reconhece a problemática da interdisciplinaridade como uma 
necessidade (algo que se impõe historicamente) e como problema (algo que se impõe 
como desafio a ser decifrado). Na abordagem da interdisciplinaridade como problema, 
 
 
 
Frigotto (1995, p.31) situa essa discussão em dois eixos: de um lado pelos limites do 
sujeito que busca construir o conhecimento de uma determinada realidade, de outro, 
pela complexidade desta realidade em seu caráter histórico. Os limites do sujeito se 
apresentam no plano da formação, aliado aos limites físicos e de tempo. 
 Com relação aos desafios da interdisciplinaridade na pesquisa e na ação 
pedagógica, Frigotto (1995, p. 45) afirma: se no campo da produção científica os 
desafios ao trabalho interdisciplinar são grandes, quando passamos para o cotidiano do 
trabalho pedagógico percebemos que estamos diante de limites cruciais. E reconhece 
o principal limite que dificulta (ou impede) o trabalho interdisciplinar: 
 
O limite mais sério para a prática do trabalho pedagógico 
interdisciplinar, situa-se na dominância de uma formação 
fragmentária, positivista e metafísica do educador e de outra nas 
condições de trabalho (divisão e organização) a que está 
submetido. (...) O especialismo na formação e o pragmatismo e o 
ativismo que impera no trabalho pedagógico constituem em 
resultado e reforço da formação fragmentária e das forças que 
obstaculizam o trabalho interdisciplinar. (FRIGOTTO, 1995, p.46) 
 
Como podemos perceber, a discussão sobre a interdisciplinaridade é bastante 
complexa, pois envolve tanto a dimensão de sua possibilidade quanto a de seus limites 
e desafios. Tendo em vista essa questão, passarei a discutir aspectos da reforma do 
ensino médio, no que diz respeito ao currículo integrado, com a intenção de perceber 
de que forma a interdisciplinaridade é compreendida no texto das Diretrizes e nos 
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. 
 
INTERDISCIPLINARIDADE NO DISCURSO OFICIAL E NA PRÁTICA 
DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS: OPOSIÇÃO OU 
CONVERGÊNCIA? 
 
 
 
 
http://www.helioteixeira.org/ciencias-da-aprendizagem/o-que-e-interdisciplinaridade/ 
 
Uma primeira observação necessária para a discussão do tema em questão é 
que, se na literatura educacional a finalidade do trabalho interdisciplinar é, entre outras 
coisas, possibilitar a compreensão doconhecimento nas suas múltiplas dimensões, o 
destaque conferido ao tema nos documentos da reforma não visa necessariamente a 
estas mesmas finalidades. Nestes documentos, evidencia-se a necessidade do 
currículo integrado (pautado na interdisciplinaridade e na contextualização) para 
formação de habilidades e competências necessárias aos processos produtivos, como 
forma de atender a reconfiguração do mundo do trabalho. É o que expressa o parecer 
CEB/CNE nº 15/98. 
 
A facilidade de acessar, selecionar e processar informações está 
permitindo descobrir novas fronteiras do conhecimento, nas quais 
este se revela cada vez mais integrado. Integradas são também as 
competências e habilidades requeridas por uma organização da 
 
 
 
produção na qual criatividade, autonomia e capacidade de 
solucionar problemas serão cada vez mais importantes, 
comparadas à repetição de tarefas rotineiras. E mais do que 
nunca, há um forte anseio de inclusão e de integração sociais 
como antídoto à ameaça de fragmentação e segmentação. 
(BRASIL, 1999, p.71) 
 
Nos documentos da reforma, são recorrentes os argumentos em favor da 
interdisciplinaridade para a promoção de uma aprendizagem motivadora, em que os 
conteúdos sejam abordados de modo a possibilitar a compreensão mais ampla da 
realidade. A concepção de interdisciplinaridade é evidenciada no Parecer CEB/CNE nº 
15/98. 
 
Na proposta de reforma curricular do ensino médio, a 
interdisciplinaridade deve ser compreendida a partir de uma 
abordagem relacional, em que se propõe que, por meio da prática 
escolar, sejam estabelecidas interconexões e passagens entre os 
conhecimentos através de relações de complementaridade, 
convergência ou divergência. (BRASIL, 1999, p.36) 
 
Entretanto, o Parecer das diretrizes silencia sobre a discussão epistemológica 
que envolve a interdisciplinaridade. Esta não é abordada levando em conta a 
complexidade do conhecimento que é, por natureza, interdisciplinar, mas que, por força 
das circunstâncias históricas, passou por um processo de fragmentação e 
esfacelamento. Desta feita, para lidar com o conhecimento nas suas múltiplas 
dimensões, não basta articular conhecimentos (diga-se conteúdo) das várias disciplinas 
de modo a estabelecer passagens e interconexões entre eles. É preciso problematizar 
o conhecimento científico, abordando-o nas suas dimensões sociais, éticas, históricas, 
políticas, e outras que lhes são constitutivas. 
 
 
 
 
http://1.bp.blogspot.com/-APHRzlXijnU/UGW6qfz7H1I/AAAAAAAAACM/ayM9vHjER1M/s1600/jogo.jpg 
 
Além disso, é importante lembrar com Japiassu (1976, p.92) que o obstáculo 
inicial a ser transposto em se tratando da interdisciplinaridade é o da elaboração de 
conceitos para dizer claramente de que falamos, aquilo que fazemos e como o 
realizamos. Além da necessidade de interrogar-nos sobre a finalidade e o porquê do 
projeto interdisciplinar, é preciso sabermos sobre o quê ele se interessa, de quê se 
ocupa, em conformidade com aquilo a que visa (destaques no original). Em suma, 
essa problematização não pode ocorrer fora do campo epistemológico. Dada essa 
complexidade, o autor reconhece que o trabalho verdadeiramente interdisciplinar é 
muito árduo e sua realização extremamente difícil. Essa discussão é omitida no 
Parecer das diretrizes que silencia sobre a diversidade de concepções existentes no 
campo educacional sobre a interdisciplinaridade (ROCHA, 2000). No texto dos PCNEM 
há apenas uma menção a essa questão, quando se reconhece que a 
interdisciplinaridade tem uma variedade de sentidos e de dimensões que podem se 
confundir, mas são todos importantes (BRASIL, 1999, p.209). No entanto, não há 
discussão sobre esses sentidos, tampouco sobre a complexidade que circunda a 
 
 
 
prática interdisciplinar, e os limites advindos da formação fragmentária e positivista dos 
educadores. 
 
 
http://www.isulpar.edu.br/noticias/183-projeto-de-acao-extensionista-ii.html 
 
Essa é uma importante evidência de que a interdisciplinaridade proposta nos 
parâmetros tem uma finalidade instrumental. Segundo Etgs (1995) essa concepção 
está inserida numa ideia de ciência denominada de razão instrumental, através da qual, 
o esforço da racionalidade e da ação humana é reduzido a servir de meio para um 
determinado fim visado pelo homem. Principalmente para atender interesses práticos e 
imediatos. Nesse sentido, o autor afirma: Não é o conhecimento enquanto estrutura 
que interessa, mas apenas seu funcionamento em vista de fins subjetivamente e 
previamente postos (ETGS, 1995, p.67). Para este autor, no caso da 
interdisciplinaridade instrumental a interação ocorre de forma transitiva. Passa-se por 
outra disciplina de onde se aproveitam tais ou quais elementos para constituir o fim que 
se tem em vista (...) Trata-se de mera passagem, sem que se afetem os princípios ou a 
estrutura da referida disciplina. (p.68). Para o autor é isso que ocorre quando 
pesquisadores de diversas disciplinas se reúnem para formar uma equipe, objetivando 
um trabalho de cooperação, que possibilite a incorporação de elementos das diferentes 
áreas do saber. Entretanto, esse caso evidencia a ação instrumental da 
interdisciplinaridade. É o que se percebe no argumento de Etgs (1995, p.69) 
 
 
 
 
A simples incorporação de elementos de uma teoria em outra entra 
aí como informação, sem que os pressupostos teóricos e 
metodológicos desses diversos campos, inclusive da própria teoria 
que se utiliza, sejam questionados. O químico lança mão de dados 
da física, ou da biologia, não para ampliar seus conhecimentos, 
não para aprofundar os questionamentos, não para se interrogar 
sobre o seu próprio método, não para se refletir sobre os tipos de 
perguntas que se faz. Mas apenas para agir como um técnico que 
lança mão de diversos elementos com vistas a um objetivo que se 
propôs. (...) Isso é uma ação puramente instrumental, ou seja, uma 
execução meramente técnica, jamais uma atividade interdisciplinar. 
 
 
http://interdisciplinaridade-smed.blogspot.com.br/ 
A compreensão restrita da interdisciplinaridade como possibilidade de relacionar 
conteúdos é a marca dos depoimentos dos professores entrevistados. Antes de 
adentrar nessa discussão, importa ressaltar que esses depoimentos, de maneira geral, 
não apresentam reações desfavoráveis ao enfoque interdisciplinar no ensino de 
ciências. Os entrevistados reconhecem sua necessidade e conseguem perceber as 
possibilidades de integração entre as áreas do conhecimento científico. O professor 
 
 
 
Edson considera válida a experiência de estudar pela ‘mistura de disciplinas’. Com 
certeza o aluno (...) fica muito mais bem preparado, fica com um conhecimento muito 
maior. Os depoimentos que seguem confirmam a conotação positiva em favor da 
interdisciplinaridade. 
 
Para a gente poder trabalhar biologia em nível de ensino médio, 
para explicar os fenômenos biológicos, precisamos dos fenômenos 
químicos. Então a gente procura associar os fenômenos químicos 
aos acontecimentos biológicos quando se fala de ser vivo (...) 
procura trabalhar sempre em questão disso. A necessidade de eles 
entenderem isso é porque eles vão precisar desse conhecimento 
químico (...) de todo conhecimento de química para explicar os 
fenômenos biológicos (Prof. Paulo) 
As ciências têm que trabalhar lado a lado. É necessário o professor 
mostrar para o aluno que ele não precisa só da Biologia, ele 
precisa também da matemática, da física, do português. O 
professor tem que conduzir a aula de maneira que o aluno tenha 
um ponto de vista, se não geral, mas pelo menos que ele tenha 
escutado algumas versões sobre o mesmo assunto. (Prof. Carlos) 
 
Para Lopes (2002b) nessa compreensão reside a conotação positiva da reforma. 
Esse discurso constitui o fator de legitimidade da política curricular proposta, elaborada 
pela rejeição das práticas consideradas tradicionais predominantesno campo 
educacional. Desta feita, o discurso sobre o currículo integrado é pouco sujeito a 
críticas, o que confere aos PCNEM maior legitimidade, pois se apresenta relacionado à 
inovação pedagógica. Sendo assim, é um discurso que atrai e congrega pessoas, 
confere caráter de atualidade e é pedagogicamente defensável, facilmente promovendo 
consensos.(LOPES; 2002, p.101). Entretanto, ainda que os professores evidenciem 
que não estão alheios à problemática do relacionamento entre as diversas áreas do 
conhecimento, isso não significa, segundo Pierson & Neves (2001) que os indícios de 
aceitação a uma abordagem interdisciplinar, presentes no discurso sejam suficientes 
 
 
 
para permitir uma mínima sistematização de ações integradoras e carecem, portanto, 
de alguma fundamentação. 
Nesse sentido, ao utilizar os termos conhecimento químico, fenômeno biológico, 
os professores estão se referindo a conteúdos dessa disciplina, e não à abordagem do 
conhecimento na sua complexidade. Ou seja, o fato de o professor reconhecer que o 
aluno não precisa só de química, mas também do conhecimento biológico, não significa 
que ele esteja partindo de uma compreensão da complexidade do conhecimento, isso 
apenas evidencia a valorização dos conteúdos. Às vezes, ao trabalhar um conteúdo, 
por exemplo, da Física, que também é abordado na Matemática, mas que os alunos 
ainda não aprenderam, os professores dão “uma pincelada” no assunto da Matemática 
para que os alunos compreendam o assunto da física. Assim, os alunos percebem que 
esses assuntos estão relacionados. 
 
http://www.infoescola.com/pedagogia/interdisciplinaridade/ 
Portanto, a concepção de interdisciplinaridade evidenciada pelos entrevistados é 
de integração de conteúdo, não de interação propriamente dita, de modo a enriquecer 
o conhecimento das diferentes disciplinas que compõe o currículo do ensino médio. Os 
professores percebem, por exemplo, que a Física partilha alguns conteúdos com a 
Química, que por sua vez, partilha conteúdos com a Biologia, o que evidencia uma 
visão de interdisciplinaridade restrita, reduzida ao seu nível mais elementar que é a 
 
 
 
integração. Nesse sentido, é significativo o depoimento da professora Carmem quando 
afirma: 
 
Eu procuro fazer sempre dessa maneira. (...) Eu vou fazendo 
assim, no caso da Química, por exemplo, quando nós vamos falar 
sobre o mol, um assunto da Química, eu digo: “olha gente, tal 
assunto que eu dei em Física, mas vocês vão precisar em 
Química. Então vamos ver logo isso aqui, quando o professor 
falar”. Às vezes o aluno diz: O professor tal já falou”. “Então vocês 
já sabem”. Eu sempre costumo mostrar que esses assuntos, eles 
vão ver não só na Física. Eles estão ligados a outros assuntos. 
 
 Esse exemplo configura a interdisciplinaridade de ilustração, na qual o conteúdo 
de uma determinada disciplina é trabalhado e o professor apenas ilustra com exemplos 
a que outras disciplinas aquele conteúdo está relacionado. Essa compreensão de 
ensino interdisciplinar se faz presente no depoimento de outros entrevistados. De modo 
geral, a interdisciplinaridade que os professores de ciências mencionam praticar, 
apresenta-se circunscrita à área de Ciências da Natureza, Matemática e Biologia. 
Apenas três professores mencionam a articulação dos conteúdos das disciplinas dessa 
área, com as áreas de Linguagens e Ciências Humanas. Essa concepção está 
relacionada ao que a relatora das Diretrizes chama de interdisciplinaridade singela, 
cuja finalidade não é levar os alunos à compreensão do fenômeno na sua inter-relação 
com as outras áreas do conhecimento, mas possibilitar que eles constatem que um 
mesmo conteúdo pode ser visto e abordado a partir de vários enfoques. 
Posso depreender a partir dos depoimentos destacados, que apesar dos 
professores se posicionarem de forma favorável à proposta de interdisciplinaridade, 
apresentando argumentos que evidenciam a sua importância, concordo com Silva 
(1999) apud Pierson e Neves (2001: 3) quando afirma que esta consciência, para a 
grande maioria dos docentes, não chega a configurar-se como uma problematização 
da fragmentação, ou como uma tomada de posição interdisciplinar. Ela limita-se ao 
 
 
 
reconhecimento de uma demanda natural da prática pedagógica por enfoques 
integradores, do que a uma ação conscientemente elaborada nesta direção. 
Os professores, de modo geral, não se referem à interdisciplinaridade como uma 
prática complexa, cuja efetivação requer que se vença obstáculos internos ao próprio 
sujeito, decorrentes de sua formação, marcadamente disciplinar. Corroborando com 
essa constatação, Alves Filho et al (2001, p.1) afirma que a dificuldade de trabalhar 
com projetos, metodologias ou técnicas interdisciplinares em qualquer grau de ensino 
tem suas raízes na formação disciplinar dos professores. A formação com forte 
predominância e valorização do conteúdo se reflete em um ensino também disciplinar 
com eventuais relações ao cotidiano e, mais raro ainda, com aspectos interativos às 
demais áreas do saber. Esta tradição, apesar de não inviabilizar, limita a prática 
interdisciplinar nas escolas. Nessa mesma direção, Japiassu (1976) reconhece que 
para promover um ensino na perspectiva interdisciplinar é necessário superar os 
hábitos consolidados nos cursos de formação de professores. 
 
 
http://www.coladaweb.com/pedagogia/interdisciplinaridade-educacao-e-pratica-pedagogica 
 A professora Norma reconhece que o trabalho interdisciplinar requer o diálogo 
com os professores das outras áreas do conhecimento, quando afirma: eu penso que 
essa produção, essa tentativa, essa iniciativa não pode ser só de uma disciplina. Em 
outro momento da entrevista, devido à falta de interação entre os professores, acaba 
reconhecendo que a interdisciplinaridade não é uma prática adotada nas escolas. 
 
 
 
 
Olha, eu te confesso que não há essa interação. Os textos que nós 
trabalhamos tem assim, conhecimento de outras áreas, mas não 
há uma interação com o professor da outra disciplina, acaba sendo 
uma iniciativa do professor, eu acredito que dentro das outras 
disciplinas também não tem esse trabalho assim, coletivo e, acaba, 
eu posso dizer que nem acontece. 
 
 
http://centros.uepb.edu.br/ch/campus-iii-inscreve-interessados-em-participar-da-6o-semana-de-humanidades-e-do-1o-encontro-
interdisciplinar-do-pibid/ 
Pierson & Neves (2001) reconhecem que a passagem do estado de não 
integração ao estado de intensa integração entre os conhecimentos é gradual e não 
prescinde da colaboração entre os especialistas. Para tanto, estes têm que superar 
obstáculos e enfrentar o desafio de lançar-se ao diálogo, à integração e às trocas 
recíprocas. Apesar das limitações do sujeito nos seus aspectos internos e externos, 
não podemos desconsiderar a importância da ação do sujeito, tanto individual como 
coletiva, em direção do trabalho interdisciplinar. 
 
 
 
Outros obstáculos citados pelos professores como impeditivos da prática 
interdisciplinar, apresentam-se relacionados à questão de tempo. 
 
As dificuldades?... o tempo para nós promovermos essas reuniões, 
até porque a própria estrutura da escola pública, que você 
conhece, o professor tem que estar aqui, tem que estar ali ... 
então, é difícil você conseguir um encontro... a não ser no 
planejamento, e acabamos fazendo um planejamento que reúne o 
grupo de biologia, o grupo de física, o grupo de química e, não há 
um entrosamento, que seria o único momento em que estaríamos 
disponíveis pra estar planejando, acabamos nos desviando disso. 
(Prof.ª Norma) 
 
O maior problema nosso, dos professores de química, eu acredito 
como o mais difícil é a questão tempo, que a gente até poderia 
apresentar uma coisa melhor. Mas a gente se sente obrigado a ter 
uma carga horária alta, e o nosso tempo pra você trabalhar à parte, 
fica muito resumido e a gente fica às vezes atésem estratégia por 
falta de tempo pra poder tocar mais nesse assunto. (Prof. Paulo) 
 
Embora não se constituindo o principal obstáculo a ser superado para a 
implementação da interdisciplinaridade no ensino, não podemos desconsiderar que as 
condições sociais de ensino e de trabalho docente influenciam a prática do professor 
em sala de aula e, como lembra Frigotto (1995), constituem um dos sérios limites para 
a prática do trabalho interdisciplinar, ao lado da formação fragmentária e positivista do 
educador. Portanto, as dificuldades de formação são agravadas pelas condições de 
trabalho, uma vez que a precarização do trabalho docente traz efeitos cada vez mais 
devastadores sobre a escola pública. Essa precarização é bastante conhecida e 
denunciada na literatura e no meio educacional. No entanto, como afirma Kuenzer 
(2002) é necessário registrá-las até para isentar os professores das culpas que lhes 
têm sido imputadas. 
 
 
 
Os depoimentos dos professores referentes aos obstáculos para a realização de 
um ensino interdisciplinar focalizam a problemática da interdisciplinaridade em sua 
dimensão exógena (falta de tempo, muita aula, falta de material...). Ou seja, os 
professores só percebem as barreiras externas, as internas eles não veem (ou não 
mencionam). Os limites envolvendo a interdisciplinaridade acabam sendo circunscritos 
a uma dimensão contextual e não conceitual. Os professores não percebem ou não 
manifestam compreensão de que boa parte dos problemas com a abordagem 
interdisciplinar é também endógeno e envolve aspectos da formação docente. Esse 
problema não é específico dos professores de ciências, tampouco do ensino médio, 
mas estende-se aos demais níveis de ensino (do fundamental à pós-graduação), uma 
vez que a formação dos professores que atuam em tais níveis de ensino centrou-se (e 
ainda é centrada) na pedagogia Taylorista/fordista, assim, eles tendem a reproduzir em 
suas práticas a fragmentação disciplinar, difícil de ser superada. 
 
http://www.lga-cure.info/#!blank/qe8ph 
Apesar das dificuldades e obstáculos evidenciados para superar a fragmentação 
dos conhecimentos e adotar a abordagem interdisciplinar, é visível o otimismo 
expresso nas DCNEM e nos PCNEM sobre a viabilidade de implantação desse 
princípio no ensino médio. 
 
Uma concepção assim ambiciosa do aprendizado científico-
tecnológico no Ensino Médio, diferente daquela hoje praticada na 
maioria de nossas escolas, não é uma utopia e pode ser 
 
 
 
efetivamente posta em prática no ensino da Biologia, da Física, da 
Química e da Matemática, e das tecnologias correlatas a essas 
ciências. Contudo, toda a escola e sua comunidade, não só o 
professor e o sistema escolar, precisam se mobilizar e se envolver 
para produzir as novas condições de trabalho, de modo a 
promover a transformação educacional pretendida. (BRASIL, 1999, 
p. 208) 
 
Concordamos com Nunes (2002) quando afirma que o parecer deixa na 
penumbra a responsabilidade do Estado no sentido de promover as condições 
adequadas para a implementação da reforma, tanto no âmbito da reestruturação 
infraestrutura das escolas quanto no âmbito da formação dos professores. Para a 
parecerista, as mudanças pretendidas para o ensino médio dependem da criatividade 
dos outros, ou seja, dos sistemas estaduais, das escolas, dos professores, dos quais 
se esperam múltiplos arranjos institucionais e currículos inovadores (BRASIL, 1999, p. 
18). Contudo, Nunes (2002, p.18) lança a inquietante, mas pertinente questão: será 
possível o exercício da criatividade num estado de precariedade tão profundo como o 
que encontramos em várias de nossas instituições escolares? 
Em que pese à constatação das dificuldades, os professores não questionaram 
o papel do Estado como órgão responsável na promoção de políticas de valorização do 
profissional da educação, garantindo-lhes salários dignos e condições de trabalho 
adequadas. Para Kuenzer (2002a) as condições de trabalho docente, decorrentes da 
ausência de políticas de valorização do professor e da escola pública, inviabilizam a 
reforma pretendida para o ensino médio. 
 
(...) a reforma do ensino médio não é pra valer; em primeiro lugar, 
porque se desconhece a realidade da escola pública no Brasil; em 
segundo lugar, porque não integra às políticas o necessário 
financiamento. Ou seja, ela não se objetiva não porque haja 
resistência dos professores e dos profissionais da educação à 
mudança, mas sim porque não existem condições materiais 
 
 
 
mínimas para sua implementação, que abrangem desde os 
recursos materiais, de espaço físico e de equipamentos, às formas 
de seleção, contratação, carreira e remuneração dos professores 
até o tipo de qualificação e de subjetividade docente disponíveis 
nas escolas. (KUENZER, 2002, p. 328) 
 
De fato, não percebemos posicionamentos desfavoráveis dos professores à 
proposta de reforma curricular do ensino médio, o que pode significar uma aceitação 
tácita dessa proposta ou pode ser lida como decorrente do fato do professor não se 
perceber como sujeito autônomo e, portanto, como construtor das práticas curriculares 
nas escolas. De qualquer forma, essa não resistência explícita à proposta de 
abordagem integradora de currículo, é um bom sinal para que se comece a pensar 
ações na perspectiva interdisciplinar, posto que esta não é uma demanda acadêmica 
ou um privilégio científico, mas acima de tudo, uma demanda social, que para Japiassu 
(1976) exige uma preocupação com a formação global do homem, a superação de sua 
visão fragmentada e o desenvolvimento de uma visão interdisciplinar do mundo. Para 
tanto, é mister que se propicie condições aos professores que atuam nas escolas 
públicas no Brasil. 
Entretanto, ainda que a manifestação de posições contrárias ao processo de 
imposição da reforma curricular do ensino médio não seja a tônica dos discursos dos 
sujeitos entrevistados, não percebo a resistência como algo ausente das práticas 
desses sujeitos. Acredito que as limitações apresentadas, decorrentes da falta de 
condições, falta de tempo, falta de espaço, entre outras, sinalizam formas de 
resistências não assumidas, porém, existentes no discurso e nas práticas dos 
professores de ciências. 
Mas devemos tentar superar essas limitações e fazer de nossas aulas as mais 
agradáveis possíveis. Desafios sempre existirão e estão presentes na nossa vida para 
serem superados. 
 
 
 
 
 
http://www.frasesdobem.com.br/wp-content/uploads/2014/03/superar-nao-e-escolha.jpg 
 
 
 
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SOUZA, João Fancisco. Prática pedagógica e formação de professores. Recife: 
UFPE, 2009. 
 
TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. 7. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2002. 
ARTIGO PARA REFLEXÃO 
 
 
 
AUTORES: Lígia Bueno, Kátia de Cássia Moreia, Marília Soares, 
Denise J. Dantas, Andréia C. S. Wiezzel, Marcos F. S. Teixeira 
DISPONÍVEL EM: 
http://unesp.br/prograd/ENNEP/Trabalhos%20em%20pdf%20-
%20Encontro%20de%20Ensino/T4.pdf. 
ACESSO: 08 de agosto de 2016 
 
 
 
 
 
 
O ENSINO DE QUÍMICA POR MEIO DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS: A 
REALIDADE DO ENSINO NAS ESCOLAS 
 
 
Lígia Bueno, Kátia de Cássia Moreia, Marília Soares, Denise J. Dantas, Andréia C. S. 
Wiezzel, Marcos F. S. Teixeira 
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” 
Faculdade de Ciências e Tecnologia, Presidente Prudente 
 
 
RESUMO: A presente pesquisa tem por finalidade discutir a importância da utilização, de atividades 
práticas em Química, na sala de aula, perpassando algumas concepções que os professores possuem 
a respeito do tema. Esta pesquisa foi realizada por meio de levantamento e análise bibliográfica 
específica. Foi possível conhecer autores da área da educação que discutem o processo de ensino, 
aprendizagem e a inserção de atividades práticas neste contexto, sendo a realidade das escolas parte 
deste estudo. Tal pesquisa pretende, auxiliar professores de Química no trabalho em sala de aula e 
contribuir para a melhoria do entendimento e aprendizagem dos conteúdos propostos pela área. 
 
Palavras- Chaves: ensino de química, atividades experimentais, realidade das escolas 
Introdução 
A Química é a ciência que estuda a matéria, as transformações químicas por ela 
sofridas e as variações de energia que acompanham estas transformações. Ela 
representa uma parte importante em todas as ciências naturais, básicas e aplicadas. 
O crescimento e metabolismo das plantas, a formação de rochas, o papel 
desempenhado pelo ozônio na atmosfera superior, a degradação dos poluentes 
ambientais, as propriedades do solo lunar, a ação medicinal de drogas: nada disto 
pode ser compreendido sem o conhecimento e as perspectivas fornecidas pela 
Química e como qualquer ciência (Física, Biologia etc) progride através da chamada 
atividade científica ou pesquisa científica ou método cientifico de trabalho que, em 
linhas gerais, se desenvolve da seguinte maneira: 
a) Observações de fatos ou fenômenos ocorridos na Natureza, nos laboratórios, nas 
indústrias etc. 
b) Realização de experiências: é muito importante que a experiência possa ser 
repetida muitas vezes, por qualquer pessoa habilitada, dando sempre o mesmo 
resultado. 
 
 
 
A Química, porém, não é uma coisa complicada, executada somente por químicos 
especializados e laboratórios com aparelhagem cara e sofisticada. Pelo contrario, ela 
está sempre presente no nosso dia-a-dia. 
Na Química, podemos distinguir duas atividades: a prática e a teoria. A atividade 
prática ocorre no manuseio e transformação de substâncias nos laboratórios e nas 
indústrias, quando então se trabalha em nível macroscópico, isto é, em coisas 
visíveis. 
A atividade teórica se verifica quando se procura explicar a matéria, em nível 
microscópico. 
 
1 - A atividade experimental no ensino de química 
Não havendo uma articulação entre os dois tipos de atividades, isto é, a teoria e a 
prática, os conteúdos não serão muito relevantes à formação do indivíduo ou 
contribuirão muito pouco ao desenvolvimento cognitivo deste. Porém, ao que parece, 
o ensino de Química não tem oferecido condições para que o aluno a compreenda 
enquanto conceitos e nem quanto a sua aplicação no dia-a-dia. 
As pesquisas sobre o ensino de Química no ensino médio são ainda incipientes. 
O limiar da pesquisa nacional pode ser localizado no ano de 1940, com a criação do 
Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC), intensificando-se, porém, 
após a criação dos dois primeiros programas de pós-graduação em ensino de 
ciências, na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (UFRGS), no início dos anos 1970. A partir de então, por mais de duas 
décadas, desenvolveram-se incontáveis pesquisas na área, retratadas em mais de 
duas centenas de dissertações ou teses acadêmicas e em várias centenas de artigos 
científicos [1]. 
Em que pese essa significativa massa de pesquisas sobre o ensino de ciências, 
pouquíssimos estudos foram efetuados no sentido de analisar, de modo mais global, 
suas contribuições para a Educação Nacional, seus problemas, limitações, lacunas, à 
semelhança dos citados estudos sobre a pesquisa educacional em seu conjunto. Até 
década de 1980, encontramos apenas três trabalhos que desenvolveram uma análise 
de um determinado conjunto de pesquisas educacionais na área de ciências, todos 
relativos ao ensino de Física. Entretanto, esses três trabalhos são circunscritos a 
 
 
 
conceitos particulares, no âmbito de uma determinada instituição acadêmica ou de 
uma linha de pesquisa específica. 
Ao longo das últimas décadas a pesquisa sobre o ensino de ciências (Biologia, Física 
e Química no ensino médio e fundamental) tem dado enfoque a diversos elementos 
relacionados com o mesmo, sendo alguns mais específicos como o papel das 
atividades práticas, o livro didático e as diferentes formas de abordagem dos 
conteúdos. Há ainda outros que poderíamos classificar como sendo de caráter mais 
geral, ou seja, versam sobre os fundamentos da educação científica, seus objetivos, 
seus condicionantes sócio-culturais políticos e econômicos. 
Mesmo com essa gama variada de enfoques Nardi (1998) acredita que, de forma 
ampla, tais pesquisas apresentam um traço comum: a busca de uma compreensão 
mais clara e profunda de vários elementos que caracterizam o ensino das ciências, 
pretendendo assim gerar adequações ou modificações nas práticas pedagógicas do 
professor em sala de aula [2]. 
As perspectivas constitutivas do processo de aprendizagem se caracterizam de forma 
bem ampla por três aspectos: 
a) cada pessoa constrói individualmente seus próprios significados para as 
experiências que vivência; 
b) por ser individual, essa construção é diferente para cada pessoa guardando, 
contudo, certa comunalidade; 
c) muitas dessas construções envolvem a ligação das novas ideias e experiências 
com outras, que a pessoa já sabe e acredita. 
Independentemente das perspectivas construtivas do processo de aprendizagem tem 
sido proposto que as atividades de ensino empregadas nas aulas de diferentes 
disciplinas escolares sejam planejadas de modo a aproveitar, complementar, 
desenvolver e transformar as ideias, teorias e conhecimentos que os alunos trazem 
consigo. 
É importante também que os professores estejam atentos a enorme distância que 
tende a se estabelecer entre o mundo da ciência e o mundo do cotidiano, distância 
essa que o academismo exagerado da escola pode tornar ainda maior. 
Convenções, enunciados, conceitos, teorias, modelos e leis podem a primeira vista 
sertão incompreensíveis quanto palavras e frases de uma língua estrangeira. O 
professor precisa considerar este problema e encontrar pontos de contato entre o 
 
 
 
conteúdo a ser ministrado e os conhecimentos atuais do aluno. Tais pontos de 
contato se localizam geralmente em temáticas do cotidiano e da atualidade. 
Em todos os cursos de capacitação ou atualização para professores da rede pública, 
a ausência de atividades experimentais, as chamadas aulas práticas, é 
frequentemente apontada pelos professores como uma das principais deficiências no 
ensino dasdisciplinas científicas no ensino fundamental e médio, por diversas e bem 
conhecidas razões. Se por um lado isso indica que há alguma percepção da 
importância da experimentação na ciência, por outro lado, Nardi [2] observa também 
que os principais argumentos utilizados pelos professores para justificar a 
necessidade das atividades experimentais se apoiam majoritariamente em uma 
concepção de ciência ultrapassada e há muito tempo criticada pelos filósofos da 
ciência: 
Podemos citar, por exemplo, a falta de laboratórios e equipamentos no colégio, 
número excessivo de aulas, o que impede uma preparação adequada de aulas 
práticas; desvalorização das aulas práticas, conduzida pela idéia errônea de 
que aulas práticas não contribuem para a preparação para o vestibular; 
ausência do professor laboratorista; formação insuficiente do professor. Na 
química onde poucos são os professores formados nessa disciplina, parece-
nos que o último desses fatores tem grande importância, pois muitas vezes 
existem equipamentos no colégio, mas os professores não sabem utilizá-lo [2]. 
 
Pode-se observar com professores, que perguntas sobre a função e a importância da 
experimentação na ciência, levam a três tipos básicos de resposta: as de cunho 
epistemológico, que assumem que a experimentação serve para comprovar a teoria, 
revelando a visão tradicional de ciências; as de cunho cognitivo, que supõem que as 
atividades experimentais podem facilitar a compreensão do conteúdo; e as de cunho 
moto-vocacional, que acreditam que as aulas práticas ajudam a despertar a 
curiosidade ou o interesse pelo estudo. 
Na presente pesquisa, o interesse maior consiste na discussão da importância dos 
experimentos. A ciência é uma troca irredutível entre o experimento e a teoria, e 
assim, a separação total entre o experimento e a teoria não é desejável e nem 
possível. 
A função do experimento é fazer com que a teoria se adapte à realidade, poderíamos 
pensar que, como atividade educacional isso poderia ser feito em vários níveis, 
 
 
 
dependendo do conteúdo, da metodologia adotada ou dos objetivos que se quer com 
a atividade. 
 
2 - Considerações sobre a função do experimento no ensino de química 
Para a realização de um curso prático, diversos fatores precisam ser considerados: as 
instalações da escola, o material e os reagentes requeridos e, principalmente, as 
escolhas das experiências. Estas precisam ser perfeitamente visíveis, para que 
possam ser observadas pelos alunos; precisam não apresentar perigo de explosão, 
de incêndio ou de intoxicação, para a segurança dos jovens; precisam ser atrativas 
para despertar o interesse dos mais indiferentes; precisam ter explicação teórica 
simples, para que possam ser induzidas pelos próprios alunos. 
Esta ultima condição é de grande importância, para unir a teoria à pratica. As 
observações feitas devem ser associadas aos conhecimentos anteriores e explicadas 
racionalmente. Consegue-se essa importante etapa da aprendizagem fazendo-se, 
logo após a experiência um questionário sobre o trabalho executado. Com perguntas 
bem dirigidas, leva-se o aluno a raciocinar sobre o que observou e tirar suas próprias 
conclusões [3]. 
Após pesquisas na área, percebeu-se a falta de um manual simples que pudesse 
servir de guia dos trabalhos dos alunos e esta foi a motivação para a criação do 
projeto em questão, já que envolve a criação de alternativas à prática experimental 
nas aulas de Química por meio da elaboração de materiais de fácil reprodução, a 
maioria deles feitos a partir de matéria prima de baixo custo, como incentivo aos 
professores em sua prática docente e no intuito de auxiliar o processo de ensino 
aprendizagem, despertando nos alunos interesse em adquirir conhecimento. Pois, 
quando se trata de fazer experiências de Química, mesmo em nível elementar, ou há 
dificuldades sérias na seleção das experiências, ou se corre o risco de dar um 
tratamento absolutamente inadequado ao trabalho de abstração de forma tal que não 
tenha aproveitamento futuro [4]. 
A experimentação permite que os alunos manipulem objetos e ideias e negociem 
significados entre si e com o professor durante a aula. É importante que as aulas 
práticas sejam conduzidas de forma agradável para que não se torne uma competição 
entre os grupos e, sim, uma troca de ideias e conceitos ao serem discutidos os 
resultados. 
 
 
 
 
Conclusão 
A partir de estudos correlatos, pôde-se perceber que a dificuldade dos alunos em 
compreender conteúdos das ciências exatas, principalmente Química, pode ser 
superada/minimizada através da utilização de aulas experimentais, que o auxilia na 
compreensão dos temas abordados e em suas aplicações no cotidiano, já que 
proporcionam uma relação entre a teoria e a prática. Quanto ao professor, ao 
desenvolver atividades práticas em sala de aula, estará colaborando para que o aluno 
consiga observar a relevância do conteúdo estudado e possa atribuir sentido a este, o 
que o incentiva a uma aprendizagem significativa e, portanto, duradoura. 
Apesar disso, nota-se que o processo de ensino/aprendizagem de química nas salas 
de aula ainda não estão muito compatíveis com as necessidades dos alunos e com os 
preceitos que levam a uma significativa aprendizagem. 
Diante disso, faz-se necessários estudos com ênfase maior na questão metodológica 
e viabilização de atividades experimentais em sala de aula. Este será o próximo 
passo desta pesquisa pretende, com seus resultados, auxiliar professores de Química 
no trabalho em sala de aula e contribuir para a melhoria do ensino e aprendizagem 
dos conteúdos da área. 
 
Referências Bibliográficas 
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1998. 
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1966; Volume 2. 
[4] DOMINGUEZ, Sérvulo Folgueras; As experiências em química. São Paulo, Edart, 
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CACHAPUZ, Antônio F. – A Universidade e a Valorização do Ensino e a Formação de 
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NÓVOA, António – Formação de professores e profissão docente. In: Nóvoa, A. – 
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THERRIEN, Jacques – O saber do trabalho docente e a formação do professor. In: 
MACIEE, Lizete S. B. Reflexões sobre a formação de professores – Campinas, SP; 
Papirus, 2002 – (Coleção Magistério: Formação e TrabalhoPedagógico). 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
AUTOR: Marcia Borin da Cunha 
DISPONÍVEL EM: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_2/07-PE-53-11.pdf 
ACESSO: 11 de agosto de 2016 
 
 
Jogos no Ensino de Química: 
Considerações Teóricas para sua Utilização em Sala de Aula 
 
Marcia Borin da Cunha 
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA 
Jogos no Ensino de Química 
Vol. 34, N° 2, p. 92-98, MAIO 2012 
 
No ensino de química, os jogos têm ganhado espaço nos últimos anos, mas é necessário que a 
utilização desse recurso seja pensada e planejada dentro de uma proposta pedagógica mais consistente. 
É indispensável que professores e pesquisadores em Educação Química reconheçam o real significado 
da educação lúdica para que possam aplicar os jogos adequadamente em suas pesquisas e nas aulas 
de química. É nesse contexto que este artigo pretende contribuir, trazendo alguns referenciais teóricos e 
aspectos pedagógicos que devem ser levados em consideração quando se pretendem desenvolver 
atividades com jogos didáticos nas aulas de química. 
 
Durante muito tempo, acreditava-se que a aprendizagem ocorria pela repetição e que 
os estudantes que não aprendiam eram os únicos responsáveis pelo seu insucesso. 
Hoje, o insucesso dos estudantes também é considerado consequência do trabalho do 
professor. A ideia do ensino despertado pelo interesse do estudante passou a ser um 
desafio à competência do docente. O interesse daquele que aprende passou a ser a 
força motora do processo de aprendizagem, e o professor, o gerador de situações 
estimuladoras para aprendizagem. É nesse contexto que o jogo didático ganha espaço 
 
 
 
como instrumento motivador para a aprendizagem de conhecimentos químicos, à 
medida que propõe estímulo ao interesse do estudante. Se, por um lado, o jogo ajuda 
este a construir novas formas de pensamento, desenvolvendo e enriquecendo sua 
personalidade, por outro, para o professor, o jogo o leva à condição de condutor, 
estimulador e avaliador da aprendizagem. 
Os professores podem utilizar jogos didáticos como auxiliares na construção dos 
conhecimentos em qualquer área de ensino. Na matemática, é muito comum a sua 
utilização, principalmente nos primeiros anos de escolaridade. A biologia e as ciências 
no ensino fundamental também fazem uso desse recurso com certa frequência. Na 
física e na química, os jogos são um pouco menos utilizados, mas seu uso tem 
aumentado bastante nos últimos anos. 
Na química, uma referência às primeiras propostas de jogos no ensino pode ser 
encontrada em um artigo publicado na Revista Química Nova, no ano de 1993 
(Craveiro et al.), com o jogo: Química: um palpite inteligente, que é um tabuleiro 
composto por perguntas e respostas. Em 1997, Beltran traz, na revista Química Nova 
na Escola, uma simulação para o comportamento de partículas, utilizando modelos 
para fusão, recristalização ou dissolução de substâncias. Essa simulação propõe uma 
animação do fenômeno, no qual as partículas são personagens, e pode ser 
considerada uma atividade lúdica. 
No ano de 2000, Eichler e Del Pino publicam na revista Química Nova na Escola um 
artigo apresentando o software Carbópolis que simula situações ambientais por meio 
de questões-problema. A interatividade é a marca do software, que aplica 
conhecimentos químicos e ambientais para resolver os problemas sugeridos. O 
programa, por sua característica interativa e dinâmica, é uma ferramenta que alia as 
funções educativa e lúdica, o que identificam os jogos no ensino. 
No ano de 2000, Cunha propõe um livro/manual, que foi apresentado durante um 
minicurso no X Encontro Nacional de Ensino de Química (Porto Alegre, RS). Esse 
material teve como finalidade apresentar propostas de jogos a acadêmicos, 
pesquisadores e professores, de modo que eles pudessem leva-los à escola. 
 
 
 
Em 2003 Soares, Okumura e Cavalheiro apresentam uma proposta de jogo para 
trabalhar o conceito de equilíbrio químico. Esta foi publicada na revista Química Nova 
na Escola e propõe a montagem de uma simulação com bolas de isopor dispostas em 
caixas que trocam elementos entre si, como uma analogia ao conceito de equilíbrio 
químico. 
Em 2004, o professor e pesquisador Marlon Soares apresenta sua tese de doutorado 
na Universidade Federal de São Carlos, com o título O lúdico em química: jogos e 
atividades lúdicas aplicados ao ensino de química, e torna-se a grande referência para 
o estudo de jogos no ensino de química. Nesse trabalho, é possível verificar um 
cuidado apurado quanto ao uso destes apoiado em um referencial teórico consistente. 
No ano de 2005, é publicada mais uma atividade lúdica na revista Química Nova na 
Escola pelos autores Soares e Oliveira. Nesse artigo, é apresentada a simulação de 
um júri para discussão de um problema ambiental. A simulação acontece por meio da 
discussão em torno da poluição da água de uma cidade (elementos fictícios), na qual 
estão envolvidas duas indústrias, uma engarrafadora de água mineral e uma fábrica de 
baterias. 
No ano seguinte, 2006, a revista Química Nova na Escola publica mais um artigo com 
uma proposta de jogo. Dessa vez, um jogo é apresentado no artigo e, na forma de 
encarte, sendo possível a sua confecção. A proposta é um jogo de tabuleiro 
denominado ludo, que tem o objetivo de discutir os conceitos de termoquímica. Os 
autores desse artigo são Soares e Cavalheiro. 
No ano de 2008, temos a publicação do livro Jogos para o ensino de química: teoria, 
métodos e aplicações (Soares, 2008a), que tem sido uma boa referência para aqueles 
que desejam pensar no lúdico para sala de aula, bem como um referencial importante 
para formação de professores nos cursos de Graduação, Licenciatura ou formação 
continuada. 
Em 2009, a revista Química Nova na Escola publica dois artigos sobre jogos/lúdico. Um 
deles, dos autores Santos e Michel, é um jogo de baralho baseado nas regras da 
Sueca que tem por objetivo trabalhar as relações entre estrutura e força de ácidos de 
Arrhenius por meio da constante de ionização. O outro artigo é uma proposta de 
 
 
 
palavras cruzadas para revisar e exercitar conceitos, definições e episódios históricos 
da Teoria Atômica. Os autores desse artigo são Benedetti Filho, Florucci, Benedetti e 
Craveiro. 
Nos eventos da área de Educação/Ensino de Química, o número de trabalhos sobre 
jogos e lúdico tem aumentado ano após ano, mas o que se observa, em muitos 
trabalhos, é que seus autores têm apresentado propostas de atividades com jogos para 
sala de aula, mas há pouco aprofundamento teórico a respeito do tema. Em pesquisa 
realizada no período de 2000 a 2010, nos anais do Encontro Nacional de Ensino de 
Química/ENEQ, dos 61 trabalhos analisados, apenas 16 apresentaram referências 
teóricas para sustentar suas pesquisas e/ou atividades didáticas (Cunha et al., 2011). 
Tendo em vista a necessidade de discussões teóricas que subsidiem as discussões 
sobre jogos no ensino de química, neste artigo, nossa intenção é trazer para o leitor 
alguns referenciais para o desenvolvimento de pesquisas e atividades com jogos nas 
aulas de química. 
 
Educação lúdica: Um breve histórico 
Os jogos, de modo geral, sempre estiveram presentes na vida das pessoas, seja como 
elemento de diversão, disputa ou como forma de aprendizagem. Por meio de sua 
análise em diferentes épocas, pode-se perceber que jogar sempre foi uma atividade 
inerente do ser humano. O filósofo Platão (427-348 a.C.), em sua época, afirmava a 
importância de “aprender brincando”. Aristóteles, discípulo de Platão, sugere que a 
educação das crianças deveria ocorrer por meio de jogos que simulassem atividades 
dos adultos. Os romanos utilizavam os jogos físicos para formar cidadãos e soldados 
respeitadores e aptos. Nessa época, encontramos algumas referências da utilização de 
jogos ou materiais direcionados à aprendizagem das crianças como, por exemplo: 
doceiras de Roma que faziam pequenas

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