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Pele e hipoderme (tela subcutânea) Um órgão consiste em tecidos que trabalham juntos para desempenhar certas funções. A pele é o maior de todos os órgãos, contribuindo com aproximadamente 7% do peso corporal total. A espessura da pele varia de 1,5 a 4 mm (ou mais) nas diferentes regiões do corpo e possui duas camadas distintas: a camada superficial é um tecido epitelial espesso, a epiderme. Abaixo da epiderme encontra-se a derme, um tecido conjuntivo fibroso. Logo abaixo da pele há uma camada gordurosa chamada hipoderme (tela subcutânea), composta de tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo. Embora a hipoderme não faça parte do sistema tegumentar, ela compartilha algumas funções da pele. A pele desempenha uma série de funções: 1. Proteção. A pele recobre e isola os órgãos corporais internos e protege o corpo de pancadas, arranhões e cortes. A pele também protege o corpo de substâncias químicas e microrganismos invasores. A epiderme é impermeável, evitando a perda hídrica desnecessária por toda a superfície corporal, e as células na camada epidérmica produzem pigmento para proteger a pele dos efeitos nocivos da radiação ultravioleta (UV). 2. Regulação da temperatura corporal. As redes ricas em capilares sanguíneos na pele e as glândulas sudoríferas regulam a perda de calor do corpo, ajudando a controlar a temperatura corporal. 3. Excreção. A pele comporta-se como uma miniatura de sistema excretório quando ureia, sais e água são perdidos através do suor. 4. Produção de vitamina D. As células epidérmicas utilizam a radiação UV para sintetizar a vitamina D, uma molécula necessária para absorver o cálcio a partir do trato digestório. 5. Recepção sensorial. A pele contém órgãos sensoriais, chamados receptores sensoriais, associados a terminações nervosas. Ao sentir o toque, a pressão, a temperatura e a dor, esses receptores nos colocam a par das condições na superfície do corpo. Sistema tegumentar Epiderme A epiderme (“sobre a pele”) é um epitélio estratificado pavimentoso e queratinizado que contém quatro tipos diferentes de células: queratinócitos, melanócitos, células epiteliais táteis e células dendríticas. Os queratinócitos, a célula epidérmica mais abundante, produzem queratina, uma proteína fibrosa dura que confere à epiderme suas propriedades protetoras. Os queratinócitos conferem proteção física e mecânica, já que produzem antibióticos e enzimas que desintoxicam a pele das substâncias nocivas às quais está exposta. Os queratinócitos são fortemente conectados entre si por uma grande quantidade de desmossomos e surgem na parte mais profunda da epiderme, a partir de células que sofrem mitose quase contínua. À medida que essas células são empurradas para cima pela produção de novas células abaixo delas, elas produzem a queratina que acaba por preencher seu citoplasma. No momento em que alcançam a superfície da pele, essas células são sacos planos e mortos, completamente preenchidos com queratina. Milhões dessas células mortas são removidos diariamente por atrito, proporcionando-nos uma epiderme inteiramente nova a cada 35-45 dias — o tempo médio entre o nascimento de um queratinócito e a sua remoção definitiva. Nos locais onde a pele sofre maior fricção, tanto a produção celular quanto a formação de queratina são aceleradas. Os outros tipos de célula da epiderme são distribuídos de forma esparsa entre os queratinócitos. Camadas da epiderme A variação na espessura da epiderme determina se a pele é espessa ou delgada. Na pele espessa, que cobre as palmas das mãos e plantas dos pés, a epiderme consiste em cinco camadas, ou estratos. Na pele delgada, que cobre o resto do corpo, existem apenas quatro estratos, ou camadas. Estrato basal (camada basal) O estrato basal, a camada mais profunda da epiderme, está firmemente conectado à derme subjacente ao longo de uma fronteira ondulada. Também chamado estrato germinativo, ele consiste em uma única fileira de células, geralmente do tipo células-tronco, representando os queratinócitos mais jovens. Essas células dividem-se rapidamente e muitos núcleos mitóticos são visíveis. As células epiteliais táteis, ou células de Merkel, estão distribuídas de forma esparsa entre os queratinócitos. Cada célula epitelial tátil semiesférica está intimamente associada a uma terminação sensorial nervosa similar discoide e funciona como um receptor tátil. Cerca de 10% a 25% das células no estrato basal são melanócitos (“células de melanina”) em forma de aranha, que produzem o pigmento escuro melanina na pele. A melanina é produzida nos grânulos com paredes membranosas e depois transferida através dos processos celulares para os queratinócitos vizinhos. Consequentemente, os queratinócitos basais contêm mais melanina do que os próprios melanócitos. Essa melanina agrupa-se no lado superficial dos queratinócitos, entre a radiação recebida e os núcleos celulares, protegendo assim os núcleos celulares dos raios UV que podem danificar o DNA e provocar câncer. Nas pessoas de pele clara, a melanina é digerida pelos lisossomos nas células a uma curta distância acima da camada basal. Nas pessoas de pele escura não ocorre essa digestão, então a melanina ocupa os queratinócitos em toda a epiderme. Embora as pessoas de pele escura tenham uma melanina mais escura, mais grânulos e mais pigmento em cada melanócito, elas não têm mais melanócitos em sua pele. Em todas as pessoas, exceto as de pele mais escura, os melanócitos reagem à radiação ultravioleta (UV), aumentando a produção de melanina e também a sua transferência para os queratinócitos, que é a resposta protetora que conhecemos como bronzeamento. Além disso, os melanócitos também secretam uma série de moléculas de sinalização em resposta à radiação ultravioleta que age na modulação da resposta imune na pele. Essas moléculas de sinalização influenciam a resposta inflamatória e podem ter outras funções regulatórias. Estrato espinoso (camada espinosa) O estrato espinoso tem várias camadas de espessura. Aqui ocorre mitose, mas com menos frequência do que na camada basal, que tem esse nome em razão da grande quantidade de extensões espinosas dos seus queratinócitos. Essas espinhas, no entanto, não existem nas células vivas. Elas são artefatos criados durante a preparação do tecido, quando as células encolhem, mantendo-se firmes em seus muitos desmossomos. As células do estrato espinoso contêm feixes espessos de filamentos intermediários que consistem em uma proteína pré-queratina resistente à tensão. As células dendríticas encontram-se dispersas entre os queratinócitos do estrato espinoso. Essas células estreladas fazem parte do sistema imune. As células dendríticas policiam a superfície externa do corpo, utilizando a endocitose mediada por receptor para capturar as proteínas estranhas (antígenos) que invadiram a epiderme. Depois, elas saem da pele e seguem para um linfonodo próximo, iniciando uma resposta imune a todas as células estranhas que portam o antígeno. Estrato granuloso (camada granulosa) O fino estrato granuloso consiste de uma a cinco camadas de queratinócitos planos. Junto com abundantes filamentos intermediários de pré-queratina, essas células também contêm grânulos de queratohialina e grânulos lamelares. Os grânulos de queratohialina ajudam a formar a queratina nas camadas mais superficiais, conforme a breve descrição. Os grânulos lamelares contêm um glicolipídio de impermeabilização que é secretado no espaço extracelular e desempenha um papel importante na desaceleração da perda hídrica pela epiderme. Além disso, as membranas plasmáticas das células espessam- se de modo a se tornarem mais resistentes à destruição. É como se os queratinócitos “endurecessem” para transformar a camada externana região mais forte da pele. Assim como todos os epitélios, a epiderme conta com capilares no tecido conjuntivo subjacente (a derme) para obter seus nutrientes. Acima do estrato granuloso, as células epidérmicas estão distantes demais dos capilares dérmicos para receber nutrientes, então elas morrem, o que é uma ocorrência completamente normal. Estrato lúcido (camada lúcida) O estrato lúcido ocorre na pele espessa, mas não na pele delgada. Aparecendo no microscópio de luz como uma faixa transparente delgada, o estrato lúcido consiste em poucas fileiras de queratinócitos planos e mortos. A microscopia eletrônica revela que suas células são idênticas às que existem no fundo da próxima camada, o estrato córneo. Estrato córneo (camada córnea) A parte mais externa da epiderme, o estrato córneo, tem muitas células de espessura. Ele é muito mais espesso na pele espessa do que na pele delgada. Seus queratinócitos mortos são sacos planos completamente preenchidos com queratina, pois seus núcleos e organelas desintegraram-se na morte celular. A queratina consiste em filamentos intermediários de pré-queratina incorporados em uma “cola” dos grânulos de queratohialina. Tanto a queratina quanto as membranas plasmáticas espessadas das células no estrato córneo protegem a pele contra a abrasão e a penetração. Além disso, o glicolipídio entre as células mantém essa camada impermeável. As células do estrato córneo são eliminadas regularmente; são a caspa que se solta do couro cabeludo e os flocos que saem da pele seca. Essas células que saem são substituídas por células das camadas mais profundas. Derme A derme, a segunda região mais importante da pele, é um tecido conjuntivo forte e flexível. As células da derme são típicas de qualquer tecido conjuntivo propriamente dito: fibroblastos, macrófagos, mastócitos e leucócitos dispersos. Os tipos de fibras — colágenas, elástica e reticular — também são característicos. A derme tem duas camadas: a derme papilar e a derme reticular. Camada papilar (derme papilar) A camada papilar, os 20% superficiais da derme, consiste em tecido conjuntivo frouxo, contendo fibras de colágeno e fibras elásticas muito finas. Ela inclui as papilas dérmicas, que são projeções digitiformes que se estendem até a epiderme sobrejacente. Essas projeções das papilas dérmicas para dentro da derme aumentam a área de superfície para a troca de gases, nutrientes e produtos residuais entre essas camadas. Lembre-se de que a epiderme é avascular e depende da difusão desses materiais a partir da derme subjacente. A superposição dessas camadas fortalece a junção derme-epiderme e, assim, reduz a formação de bolhas. Nas palmas das mãos e na planta dos pés, as papilas dérmicas assentam-se acima de montes maiores, chamados cristas dérmicas, que elevam a epiderme sobrejacente em cristas epidérmicas ou cristas de atrito, que criam as impressões digitais, impressões palmares e pegadas. As cristas epidérmicas aumentam o atrito e melhoram a capacidade de apoio das mãos e dos pés. Os padrões dessas cristas são determinados geneticamente, sendo exclusivos de cada pessoa. Como os poros sudoríferos se abrem ao longo das cristas de atrito, eles deixam impressões digitais distintas em quase qualquer coisa que você toca. Desse modo, as impressões digitais são “películas de suor”. Camada reticular (derme reticular) Mais profunda, a camada reticular contribui com 80% da espessura da derme e está constituída por tecido conjuntivo denso não modelado. Sua matriz extracelular contém feixes espessos de fibras colágenas e elásticas entrelaçadas, que seguem muitos planos diferentes. No entanto, a maioria dispõe-se em paralelo à superfície da pele. A camada reticular tem esse nome por causa das redes de fibras de colágeno; o nome não implica qualquer abundância de fibras reticulares. Separações ou regiões menos densas entre os feixes de colágeno formam as linhas de clivagem ou linhas de tensão da pele. Essas linhas invisíveis ocorrem no corpo inteiro e seguem longitudinalmente na pele dos membros e da cabeça e em padrões circulares em volta do pescoço e do tronco. As fibras de colágeno da derme conferem resistência e resiliência à pele. Desse modo, a maioria das punções e arranhões tem dificuldade em penetrar essa camada relativamente rígida. Além disso, as fibras elásticas na derme conferem à pele propriedades de estiramento- recuo. O estiramento exagerado da pele, como ocorre na obesidade e na gravidez, pode lacerar o colágeno na derme. Essa laceração dérmica resulta em cicatrizes branco-prateadas chamadas estrias. A partir da porção mais profunda da derme, surgem as marcas da superfície da pele chamadas linhas de flexão. Elas resultam de um dobramento contínuo da pele, frequentemente sobre as articulações, onde a derme a prende bem às estruturas subjacentes. As linhas de flexão são visíveis nos pulsos, palmas e dedos das mãos, plantas e dedos dos pés. A derme é ricamente abastecida por fibras nervosas e vasos sanguíneos. Os vasos sanguíneos dérmicos consistem de dois plexos vasculares (um plexo é uma rede de vasos convergentes e divergentes). O plexo dérmico profundo está situado entre a hipoderme e a derme. Ele nutre a hipoderme e as estruturas localizadas nas porções profundas da derme. O plexo papilar mais superficial, localizado logo abaixo das papilas dérmicas, abastece as estruturas dérmicas mais superficiais, a papila dérmica e a epiderme. Os vasos sanguíneos dérmicos fazem mais do que apenas nutrir a derme e a epiderme sobrejacente; eles também desempenham um papel importante na regulação da temperatura corporal. Esses vasos são tão extensos que podem abrigar 5% de todo o sangue do corpo. Quando os órgãos internos precisam de mais sangue ou calor, os nervos estimulam os vasos dérmicos a constringirem, desviando mais sangue para a circulação geral e disponibilizando-o para os órgãos internos. Por outro lado, nos dias de calor, os vasos dérmicos absorvem o sangue quente, resfriando o corpo ao irradiar o calor para fora. Existem glândulas e folículos pilosos incorporados na derme. Esses apêndices da pele derivam da camada epidérmica e estendem-se para dentro da derme e da hipoderme. Hipoderme Logo abaixo da pele situa-se a hipoderme. Essa camada também é chamada fáscia superficial e camada subcutânea. A hipoderme consiste nos tecidos conjuntivos frouxos e adiposo, mas normalmente o tecido adiposo predomina. Além de armazenar gordura, a hipoderme prende a pele nas estruturas subjacentes (principalmente nos músculos), porém com liberdade suficiente para que a pele possa deslizar relativamente bem sobre essas estruturas. Essa capacidade de deslizar assegura que muitos golpes apenas resvalem em nossos corpos. A hipoderme também é um isolante: como a gordura é um mau condutor de calor, ela ajuda a evitar a perda térmica do corpo. A hipoderme espessa-se acentuadamente com o ganho de peso, mas nos dois sexos esse espessamento ocorre em diferentes áreas do corpo. Nas mulheres, a gordura subcutânea acumula inicialmente nas coxas e mamas, enquanto nos homens ela se acumula inicialmente na parte anterior do abdome. Cor da pele Três pigmentos contribuem para a cor da pele: melanina, caroteno e hemoglobina. A melanina, o mais importante, é produzida a partir de um aminoácido chamado tirosina. Presente em diversos tipos, a melanina varia de amarela a avermelhada e de marrom a preta. A melanina passa dos melanócitos para os queratinócitos no estrato basal da epiderme. As variações na cor da pele do homem resultam de diferenças na quantidade e no tipo de melanina produzida. O caroteno é um pigmento amarelo-laranja que o corpo obtém a partir de fontes vegetais, como as cenouras e tomates. Ele tendea acumular no estrato córneo da epiderme e na gordura da hipoderme. A tonalidade rosa da pele caucasiana reflete a cor carmim da hemoglobina oxigenada nos capilares da derme. Como a pele caucasiana contém pouca melanina, a epiderme é quase transparente e permite a visualização da cor do sangue. As marcas em preto e azul representam o sangue descolorido, que é visível através da pele. As contusões, provocadas normalmente por pancadas, revelam locais onde o sangue escapou da circulação e coagulou abaixo da pele. O termo geral para uma massa coagulada de sangue vazado, em qualquer parte do corpo, é o hematoma (“inchaço de sangue”). Apêndices da pele (anexos cutâneos) Junto com a própria pele, o sistema tegumentar inclui vários derivados da epiderme. Esses apêndices da pele (ou anexos cutâneos) incluem as unhas, os pelos e os folículos pilosos, as glândulas sebáceas (oleosas) e as glândulas sudoríferas. Embora derivem das células epiteliais da epiderme, todos esses apêndices estendem-se para a derme. Unhas A unha é a modificação da epiderme, similar a uma crosta. As unhas dos dedos das mãos são ferramentas embutidas que nos permitem pegar pequenos objetos e arranhar a pele quando ela coça. As unhas são feitas de células queratinizadas mortas. A queratina dura, que predomina nos pelos e unhas, tem duas diferenças em relação à queratina mole, encontrada nas células epidérmicas típicas: (1) é mais rígida e durável e (2) as células de queratina têm durabilidade e não escamam. Cada unha possui uma margem livre distal, uma parte visível, o corpo da unha (placa ungueal) e uma raiz (a parte proximal embutida na pele). A unha está assentada em um leito de epiderme chamado vale da unha (leito ungueal). Esse leito contém apenas as camadas mais profundas da epiderme, pois a própria unha corresponde às camadas superficiais queratinizadas. As unhas têm um aspecto róseo por causa da rica rede de capilares na derme subjacente. Na raiz e na extremidade proximal do corpo da unha, o leito espessa-se e forma a matriz da unha (ungueal), que é a parte de crescimento ativo da unha. A matriz é tão espessa que a derme rósea não aparece através dela, ao contrário, vemos uma forma de lua crescente na cor branca, a lúnula (“lua pequena”), sob a região proximal da unha. As margens lateral e proximal da unha são sobrepostas por pregas de pele chamadas pregas ungueais. A prega ungueal proximal projeta-se no corpo da unha como cutícula ou eponíquio. Pelos e folículos pilosos Juntos, os pelos e seus folículos pilosos formam unidades estruturais complexas. Nessas unidades, os pelos são filamentos longos e os folículos pilosos são invaginações tubulares da epiderme a partir das quais o pelo cresce. Pelo O pelo é distribuído por toda a superfície da nossa pele, exceto nas palmas das mãos, plantas dos pés, mamilos e partes dos genitais externos (a glande do pênis, por exemplo). A principal função desse pelo corporal escasso é sentir as coisas que toquem ligeiramente a pele. O pelo no couro cabeludo protege a cabeça contra a luz solar direta no verão e contra a perda de calor nos dias frios. As sobrancelhas protegem os olhos e os pelos nasais filtram do ar inalado grandes partículas, tais como insetos e fiapos. O pelo é um filamento flexível, feito de células mortas preenchidas com queratina dura. As partes principais de um pelo são a raiz, que é a parte embutida na pele, e a haste, que é a parte que se projeta acima da superfície da pele. Se a sua haste for plana e parecida com uma fita no corte transversal, o pelo é tortuoso; se for oval no corte transversal, o pelo é ondulado; se for perfeitamente redonda, o pelo é reto. Um pelo consiste em três camadas concêntricas de células queratinizadas. Seu núcleo central, a medula, consiste em grandes células e espaços de ar. A medula não existe nos pelos finos. O córtex, que envolve a medula, consiste em várias camadas de células planas. A cutícula mais externa é uma única camada de células que sobrepõem umas às outras a partir de baixo, como as telhas em um telhado. Esse “padrão de telha” ajuda a manter os pelos vizinhos separados para que não se emaranhem. Os condicionadores capilares suavizam a superfície áspera da cutícula para que o cabelo pareça mais brilhante. A cutícula é a parte mais intensamente queratinizada do pelo, conferindo resistência e mantendo as camadas internas bem compactadas. Como está sujeita à maior parte da abrasão, a parte mais antiga da cutícula do pelo tende a se desgastar na ponta da haste. A abrasão faz que as fibrilas de queratina no córtex e na medula encrespem, criando as “pontas duplas”. O pigmento do pelo é criado pelos melanócitos na base do folículo piloso, sendo transferido para as células da raiz pilosa. Proporções diferentes dos dois tipos de melanina (preto-marrom e amarelo-ferrugem) combinam-se para produzir todas as cores comuns de pelo — preto, castanho, ruivo e loiro. O pelo grisalho ou branco resulta de uma diminuição na produção de melanina e da substituição dessa melanina por bolhas de ar incolores na haste do pelo. Folículos pilosos Os folículos pilosos estendem-se da superfície epidérmica até a derme. A extremidade profunda do folículo expande-se, formando um bulbo piloso. Um nó de terminações nervosas sensoriais envolve cada bulbo piloso, formando um receptor do folículo piloso ou um plexo da raiz pilosa. A inclinação da haste do pelo estimula essas terminações nervosas. Portanto, os pelos são excelentes receptores táteis. Uma pequena parte da derme similar a um mamilo, chamada papila dérmica (papila pilosa), projeta-se para dentro de cada bulbo. Essa papila contém um nó de capilares que liberam substâncias que estimulam o crescimento do pelo e fornecem nutrientes para seu crescimento. Se a papila for destruída por um trauma, o folículo deixa de produzir pelo. As células epiteliais no bulbo piloso logo acima da papila compõem a matriz pilosa. As células dessa matriz proliferam e formam a haste do pelo. A parede do folículo piloso possui um componente dérmico e um componente epidérmico, que são descritos de fora para dentro. Bainha de tecido conjuntivo periférico (bainha fibrosa). Essa bainha de tecido conjuntivo deriva da derme e forma a camada externa da parede do folículo. Membrana vítrea. Essa membrana está na junção da bainha fibrosa com a bainha radicular epitelial. Em essência, ela é a membrana basal do epitélio folicular. Bainha radicular epitelial. A bainha radicular epitelial deriva da epiderme e possui dois componentes: a bainha radicular externa, que é uma continuação direta da epiderme, e a bainha radicular interna, que deriva das células da matriz. As células-tronco epiteliais estão situadas em um bojo, na região superficial da bainha radicular externa. Essas células-tronco originam as células da matriz pilosa que formam a haste do pelo e também as novas células epidérmicas. As células-tronco dessa região têm sido cultivadas para produzir emplastros de epiderme derivados das próprias células de um paciente e que são utilizados para tratar feridas crônicas. Associado a cada folículo piloso há um feixe de células musculares lisas, chamado músculo eretor dos pelos. Cada eretor dos pelos segue da parte mais superficial da derme até um folículo piloso profundo. Quando seus eretores de pelos estão relaxados, a maioria dos pelos fica deitada, já que a maior parte dos folículos se assenta em um ângulo oblíquo em relação à superfície da pele. Depois, quando esse músculo se contrai em resposta ao frio ou ao medo, o pelo fica ereto e a superfície da pele forma pequenas ondulações, produzindo arrepios. Tipos e crescimento dos pelos Os pelos existem em vários tamanhos e formas, mas comoregra geral eles podem ser classificados como velus (“lã”) e/ou terminal. O pelo corporal das crianças e mulheres é da variedade velus fino e curto. O pelo mais longo e grosso do nosso couro cabeludo é um pelo terminal. Na puberdade, os pelos terminais também aparecem nas regiões axilar e púbica de ambos os sexos e na face, peito, braços e pernas em seres humanos do sexo masculino. Esses pelos terminais crescem sob a influência dos hormônios sexuais masculinos chamados androgênios, dos quais a testosterona é o tipo mais importante. Cada folículo passa por ciclos de crescimento. Em cada ciclo, uma fase de crescimento ativo é seguida por uma fase de descanso, na qual a matriz pilosa fica inativa e o folículo atrofia um pouco. No início de cada fase ativa, o crescimento do pelo novo empurra o pelo velho, fazendo com que caia. A vida útil do pelo varia: no couro cabeludo, os folículos permanecem ativos por quatro anos, em média; depois, cada pelo cresce bastante até ser descartado. Nas sobrancelhas, por outro lado, os folículos ficam ativos apenas por alguns meses, por isso as sobrancelhas nunca crescem demais. Felizmente, os ciclos dos folículos pilosos adjacentes no couro cabeludo não estão em sincronia; assim, os seres humanos perdem apenas uma pequena porcentagem dos pelos da cabeça em qualquer época. Glândulas sebáceas As glândulas sebáceas são as glândulas oleosas da pele, que ocorrem no corpo inteiro, exceto nas palmas das mãos e plantas dos pés. Elas são glândulas alveolares simples, com vários alvéolos se abrindo para um único ducto, mas, na realidade, os alvéolos são preenchidos com células, de modo que não há luz (cavidade central). Seu único produto, chamado sebo (“gordura animal”), é secretado da forma mais incomum: as células centrais nos alvéolos acumulam lipídios oleosos até se encherem e explodirem em pedaços. Esse processo chama-se secreção holócrina, pois as células inteiras se rompem e formam o produto. A maioria das glândulas sebáceas está associada a folículos pilosos, esvaziando seu sebo no terço superior do folículo. A partir daí, o sebo flui superficialmente e cobre a pele. Além de tornar a nossa pele e pelos oleosos, o sebo recolhe a sujeira, amacia e lubrifica o pelo e a pele, evita que os pelos fiquem quebradiços e evita as rachaduras na epiderme. Ele também ajuda a desacelerar a perda hídrica pela pele e a exterminar as bactérias. A secreção do sebo é estimulada por hormônios, especialmente os androgênios. As glândulas sebáceas ficam relativamente inativas durante a infância, mas são ativadas em ambos os sexos durante a puberdade, quando a produção de androgênios começa a crescer. Glândulas sudoríferas O suor evita o superaquecimento do corpo, já que resfria a pele enquanto evapora. Apenas os mamíferos possuem glândulas sudoríferas (glândulas sudoríparas). Os seres humanos possuem mais de 2,5 milhões de glândulas sudoríferas distribuídas por toda a superfície da pele, exceto nos mamilos e partes dos genitais externos. A pele interfere na evaporação do suor e na capacidade para resfriar o corpo, assim, a necessidade de mais regulação da temperatura através da sudorese levou a uma redução da quantidade de pelos nos seres humanos. Existem dois tipos de glândulas sudoríferas, ambas aumentando a sua secreção em resposta ao estresse e também ao calor: glândulas écrinas e apócrinas. Glândulas sudoríferas écrinas As glândulas écrinas (“secretórias”) são disparadamente o tipo mais numeroso e são mais abundantes nas palmas das mãos, plantas dos pés e fronte. Cada uma delas é uma versão espiralada de uma glândula tubular simples. A base espiralada secretória está situada na derme profunda e na hipoderme e o ducto segue superficialmente, abrindo- se na superfície da pele através de um poro em forma de túnel. O suor é um produto secretório incomum por se tratar basicamente de um filtrado de sangue que passa através das células secretórias das glândulas sudoríferas, sendo liberado por exocitose. O suor consiste em 99% de água, com alguns sais (principalmente o cloreto de sódio) e traços de resíduos metabólicos (ureia, amônia, ácido úrico). O suor é ácido, então ele retarda o crescimento das bactérias na pele. Glândulas sudoríferas apócrinas As glândulas apócrinas estão confinadas basicamente nas áreas axilar, anal e genital, são maiores do que as glândulas écrinas e seus ductos abrem-se nos folículos pilosos. As glândulas apócrinas produzem um tipo especial de suor que consiste em substâncias gordurosas e proteínas, além dos componentes daquele produzido pelas glândulas écrinas. Por essa razão, o suor apócrino é viscoso e às vezes tem uma cor leitosa ou amarela, que é inodoro quando secretado pela primeira vez, mas à medida que suas moléculas orgânicas são decompostas pelas bactérias na pele, ele adquire um odor almiscarado. Essa é a origem do odor corporal. As glândulas apócrinas começam a funcionar na puberdade, sob a influência dos androgênios. Sua atividade é aumentada pelas preliminares sexuais e elas aumentam e diminuem com as fases do ciclo menstrual da mulher. As glândulas apócrinas estão envolvidas na sinalização sexual e parecem atuar na atratividade e seleção dos parceiros. Os genes que codificam o sistema imune, o complexo de histocompatibilidade principal (MHC), também influenciam as secreções das glândulas apócrinas. Cada pessoa possui um conjunto único desses genes. A pele forma vários tipos de glândulas sudoríferas modificadas. As glândulas ceruminosas (“ceráceas”) são glândulas apócrinas modificadas no revestimento do canal auditivo externo. Seu produto é um componente do cerume. As glândulas mamárias são glândulas sudoríferas especializadas e altamente modificadas para secretar leite. A pele ao longo da vida A epiderme desenvolve-se a partir do ectoderma embrionário, e a derme e a hipoderme desenvolvem-se a partir do mesoderma. Os melanócitos derivam das células da crista neural, que migram para o ectoderma durante os três primeiros meses de desenvolvimento pré-natal. No final do quarto mês, a pele está bem formada: a epiderme tem todas as suas camadas, as papilas dérmicas são evidentes e os apêndices epidérmicos estão presentes na forma rudimentar. Durante o quinto e o sexto mês, o feto é coberto com uma camada felpuda de pelos delicados, chamados lanugo (“lã”, ou “lanugem”). Esse manto desprende-se no sétimo mês e, então, aparecem os pelos velus. Quando um bebê nasce, sua pele está coberta com verniz caseoso, uma substância parecida com queijo, que é produzida pelas glândulas sebáceas. Ele protege a pele do feto contra o contato constante com o fluido amniótico. A pele e a hipoderme de um recém-nascido são muito finas, mas engrossam durante a primeira infância e a infância. Com o início da adolescência, as glândulas sebáceas tornam-se mais ativas e a acne pode aparecer. Geralmente a acne desaparece no início da idade adulta e a pele de um indivíduo atinge sua melhor aparência dos 20 aos 30 anos. A partir daí, a pele começa a exibir os efeitos nocivos das agressões ambientais permanentes, como a abrasão, o vento, o sol e os produtos químicos. A escamação e vários tipos de inflamação da pele, chamadas dermatites, tornam-se mais comuns. Na meia-idade, as substâncias lubrificantes e amaciantes produzidas pelas glândulas sebáceas começam a diminuir. Em consequência, a pele torna-se seca e coça. As pessoas com pele naturalmente oleosa podem evitar esse ressecamento, de modo que a sua pele envelheça em boas condições. A maioria dos aspectos do envelhecimento da pele não é intrínseca, mas provocada pela luz solar em um processo chamado “fotoenvelhecimento”. A pele envelhecida que foi protegida do sol perdeu parte da elasticidade e é mais fina (assimcomo a hipoderme subjacente), mas continua sem rugas e marcas. A pele exposta ao sol, por outro lado, é enrugada, frouxa, inelástica, coriácea e possui manchas de pigmentação chamadas “manchas senis”. Na derme dessa pele envelhecida pelo sol, a quantidade de colágeno diminuiu e um material anormal contendo elastina acumulou-se. Grande parte dessa mudança deve-se à ativação de enzimas, induzida pelos raios UV, que degrada o colágeno e outros componentes da derme. Ao bloquear os raios UV, grandes quantidades de melanina protegem a pele do fotoenvelhecimento. É por isso que os indivíduos de pele clara, que possuem pouca melanina para começar, exibem alterações relacionadas à idade em uma idade mais precoce do que as pessoas com pele e pelos mais escuros. Pela mesma razão as pessoas de pele escura têm uma aparência jovial por muito mais tempo do que os caucasianos.