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Arg Darnton

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● Para atingir o seu objetivo, Darton escolhe examinar esse mundo cultural, 
seguindo uma outra direção, tentando atingir a base do iluminismo e penetrar 
seu submundo examinando-o de baixo. 
● Ao analisar uma carta dirigida por um livreiro de poitiers ao seu fornecedor na 
suíça, Darton percebe, que a maioria dos títulos contidos na mesma eram 
absolutamente desconhecidos, e que isso causa um certo desconforto. Sugere 
que talvez o iluminismo fosse mais banalizado que o rarefeito clima de opinião 
descrito pelos autores de manuais e suspeita que talvez seja necessário 
questionar essa visão pretensiosa da vida intelectual no séc. XVIII. 
● Assim, ele propõe que uma forma de trazer o iluminismo de volta à terra, é 
percebendo que os autores da época, eram homens comuns que precisavam 
sobreviver de alguma forma. 
● O autor vai apresentar o que seriam dois grupos distintos dentro do mundo 
literário na pré-revolução. O dos que pertenciam à le monde o dos que 
pertenciam à boemia literária. 
● O estudo dos autores, não resolve todos os problemas vinculados ao estudo das 
ideias, mas sugere a natureza do seu conteúdo social e permite que se extraia da 
história literária convencional o bastante para solucionar suas hipóteses; e uma 
das hipóteses favoritas da história da literatura é: da evolução do status de 
escritor no século XVIII. Darton acredita que na alta época do alto iluminismo 
nos 25 anos de Antigo Regime, o prestigio dos autores franceses se elevou, 
muitos jovens do fim do século XVIII sonharam em juntar seus iniciados 
ensinaram os monarcas e governar a república das letras, queriam ser como 
Voltaire ou D’Alambert. 
● Darton nos mostra, que a forma de ingressar em le monde era através de uma 
espécie de recrutamento que os escritores mais velhos e estabelecidos faziam 
dentre esses novos escritores. 
● Darton ressalta, os homens que obtiveram, dependiam de proteção e não a antiga 
proteção do mecenato, mas um tipo novo que implicava conhecer as pessoas 
certas, cultivar amizades e ter opiniões sadias. 
● Outro fato importante para o qual o Autor chama atenção era a ausência de um 
mercado literário, esses escritores selecionados viviam de pensões e sinecuras, 
não da venda de livros. Esses benefícios destinavam-se geralmente a escritores 
sérios e merecedores, era impensável para alguém que não tivesse relações com 
o le monde. Como já dito anteriormente ter opiniões sadias era crucial para se 
obtter pensões, outra forma pela qual os escritores conseguiam dinheiro era 
através de cargos concedidos pelo governo. 
● O governo subsidiava escritores que fizessem propaganda à seu favor, e evitava 
pagamento a quem fosse de lealdade duvidosa, usava seus fundos para estimular 
escritos que propagassem imagem favorável ao regime, mas estes subsídios 
eram restringidos à homens que já tivessem certos prestígios no mundo das 
letras, personagens secundários nada receberam. 
● Os acadêmicos descreviam esses personagens secundários, como fezes da 
literatura, os subliteratos erguiam em vão as mãos para o governo, enquanto esse 
concedia suas benesses a escritores instalados em le monde. 
● Darton mostra que a academia se tornou uma espécie de sede de clube para os 
philosophes, um lugar ideal para proclamar o advento da razão e cooptar novos 
philosophes. Os novos convertidos, assediavam a igreja de Voltaire. 
● Desde a metade do século os escritos filosóficos predilegiam temas como a 
fusão da gens de lettres e grands. Escrever tornara-se uma nova profissão que 
conferia um estado elevado a homens de talento, mesmo que fossem de origem 
modestas. Esses escritores, integravam-se a uma sociedade de ricos 
patrocinadores e cortesãos para mutuo benefício, a gens du monde ganhava 
entretenimento em instrução e a gens de lettres, refinamento e posição social. A 
promoção a alta sociedade acarretava um compromisso com a hierarquia social. 
● Darton, nos mostra que autores como Voltaire e D’alambert tinham uma 
concepção elitista da sociedade, entendiam que o iluminismo devia começar 
com os grands, que o gosto e a filosofia pertencem a um reduzido número de 
privilegiados, acreditavam que a sociedade era e devia ser hierárquica e que o 
lugar mais alto estava reservado aos grandes. 
● D’alambert defendeu a mistura acadêmica entre grandes senhores e escritores, 
enfatizou o papel dos cortesãos como especialistas do gosto e da linguagem num 
iluminismo, na visão de Darton, bastante elitista, em que o princípio da 
igualdade social não desempenhava nenhum papel. Em vez de desafiar a ordem 
social, apoiavam-na. 
● Darton questiona, era este processo, a ordem estabelecida que se esclarecia ou o 
iluminismo que se estabelecia? provavelmente as duas coisas. E enfatiza que a 
ordem estabelecida era o le monde. 
● Com a morde dos grandes escritores do iluminismo, este passou para mãos de 
escritores, que na visão de Darton se acomodaram, ele acredita, que o 
movimento perdeu a flama e serenou em mera difusão de luzes, a transição dos 
tempos heroicos para o alto iluminismo domesticou o movimento, integrando a 
le monde a ordem estabelecida. 
● Porém ele acredita que a institucionalização do iluminismo, contudo, não 
enfraqueceu seu gume radical, havia um espaço de gerações que separava os 
philosophes do alto iluminismo de seus predecessores, mas havia também uma 
ruptura no interior de sua própria geração que os mantinha apartados dos 
subliteratos: aqueles que haviam fracassado em busca do sucesso e deslizado 
para o underground. 
● O mundo literário tinha no vértice o monde e na base a boemia literária. A 
hipótese de darton, é que se esse distanciamento for examinado com 
profundidade, poderá revelar algo sobre uma questão clássica da era 
revolucionária, qual a relação entre o iluminismo e a revolução. 
● De início, parece que a condição do escritor, deve ter progredido, houve uma 
considerável expansão da demanda pela palavra impressa, o número de 
alfabetizados provavelmente duplicara no curso do século, e também houve um 
aumento na produção de livros, mas há poucos indícios de que os escritores 
tenham extraído algum benefício disto. Ao contrário, enquanto alguns viviam 
com pensões e privilégios, a maioria dos autores afundava no que Darnton vai 
chamar de proletariado literário. 
● Voltaire colocava essa “miserável espécie que escreve para ganhar a vida” numa 
posição social inferior à das prostitutas. Os subliteratos eram colocados em um 
lugar de clandestinidade, cujo os habitantes explodiram nos últimos 25 anos do 
antigo regime. 
● Muitos homens de letras, eram seduzidos pela esperança de adquirir reputação, 
influencia e riqueza, mas ao verem os caminhos habituais do progresso fechados 
para eles, em virtude de suas humildes origens e modestas fortunas, perceberam 
que a carreira das letras a todos aberta, oferecia um outro caminho para sua 
ambição. 
● O autor acredita que a atração pela nova carreira resultou numa super safra de 
philosophes em gestação bem maior que o arcaico sistema de proteções seria 
capaz de absorver. 
● Ele acredita que para compreender a tensão entre os subliteratose os homes de 
Le monde as vésperas da revolução, basta analisar os fatos da vida literária 
àquele tempo 
● O mercado aberto e democrático não existiu na França antes do séc XIX, antes 
disso, os escritores viviam ao longo de estradas recolhendo esmolas e tentando 
adentrar no mundo dos privilegiados, e se fracassassem caiam na sarjeta. Uma 
vez inseridos nesse meio, na boemia literária, não tinham mais acesso a 
sociedade polida onde circulavam todas oportunidades por isso amaldiçoavam 
um mundo fechado da cultura. Sobreviviam com o que era considerado o 
trabalho sujo da sociedade, espionar para a polícia e mascatear pornografia e 
enchiam seus escritos de pragas contra a le monde que os humilhara. As obras 
pré-revolucionárias desses homens não expressam um sentimento 
anti-establishment, transpiram ódio contra os aristocratas literários que haviam 
tomado a igualitária republica das letras transformando-a em despotismo, foi nas 
profundezas do submundo intelectual que esses homens se tronaram 
revolucionários, ali nasceu a determinação jacobina de exterminar a aristocracia 
do pensamento. 
● O mundo dos subliteratos não tinha princípios tão pouco uma instituição do tipo 
formal, era um universo de gente à deriva. O underground podia não possuir a 
estrutura corporativa da cultura beletrística, mas não era de todo anárquico, tinha 
suas instituições: como os museus e liceus que floresceram durante a década de 
1780 e respondiam as necessidades dos autores obscuros de exibir seus 
trabalhos, o mundo dos subliteratos dispunha assim de meios organizados para 
se exprimir tinha até uma espécie peculiar de estratificação. 
● Os beletristes desfrutavam de um estado e instituições culturais estabelecidas 
que abençoavam-nos e os enriqueciam; o proletariado literário por sua vez não 
tinha nenhuma situação social, panfletistas esfarrapados não podiam dizer-se 
homens de letras, estavam condenados à sarjeta. A mentalidade dos subliteratos 
condenados a clandestinidade exprimiu-se com excepcional veemência nos 
últimos anos do antigo regime através dos libeles, o principal meio de vida dos 
subliteratos. Darnton acredita que esse gênero comunica a visão de mundo da 
boemia literária; o alvo dos libelles era o grand monde, difamavam a corte, a 
igreja, a academias, os salões tudo que fosse elevado e respeitado sem respeitar 
até mesmo a monarquia. 
● O sensacionalismo sexual era portador de mensagem social, queriam demonstrar 
que a cúpula da sociedade decaíra física e moralmente, as crônicas de adultério, 
sodomia, incesto e impotência nas classes altas pode ser lida como indiciamento 
da ordem social, ele fazia uma ligação entre corrupção social e corrupção 
política. 
● Os libeles careciam de programa, não apresentavam ao leitor qualquer ideia 
sobre que tipo de sociedade deveria substituir o antigo regime, mal continham 
ideias abstratas, parecia advogar padrões burgueses de decência, mas não 
defendia nenhum conjunto definido de princípios, mais que compromisso 
ideológico era Niilismo. 
● Esse tom de moral ultrajada era típico dos libelles e parece ter sido mais que 
mera retórica, expressavam sentimento de desdém total por uma elite 
completamente corrompida. Se lhes faltava uma ideologia coerente 
comunicavam, contudo, um ponto de vista revolucionário, a podridão social 
consumia a sociedade francesa corroendo-a de cima para baixo 
● Darton acredita ser arriscado usar a palavra revolucionário ou exagerar a 
distância ideológica entre o vértice ou a base literária do antigo regime, os 
primeiros philosophes foram revolucionários a sua moda, articularam e 
propagaram um sistema de valores que minava tradicionais valores herdados de 
um passado católico e monarquista. Os homens da boemia literária acreditaram 
nessa mensagem dos philosophes e desejaram tornarem-se eles próprios 
filosofes e na tentativa de materializar essa ambição 
● A diferença de pontos de vista era crucial, uma diferença de perspectiva, não de 
princípios, de mentalidade não de filosofia, calcada mas na coloração emociona 
que no conteúdo ideológico e para o autor este ímpeto emocional foi 
revolucionário mesmo não possuindo programa político coerente. cada qual 
desses grupos opostos merece lugar nas origens intelectuais da revolução, 
quando esta chegou a oposição entre alta e baixa literatura foi solucionada a 
boemia literária ascendeu destronou le monde e tomou para si as posições de 
poder e prestigio, foi uma revolução cultural que criou uma nova elite e lhes deu 
novas tarefas a revolução inverteu o mundo cultural, virando-o às avessas. 
● Ao menos nos anos de 1789 e 1791 a revolução pôs em pratica muitas das ideias 
propagadas pelo alto iluminismo, mas o ápice de seu revolucionaríssimo 
expressou as paixões antielitistas maturadas no underground. Para Darton seria 
um erro interpretar essas paixões como simples avidez e ódio pelos mandarins, 
os panfletistas jacobinos acreditavam em sua propaganda enquanto 
revolucionários culturais queriam destruir a aristocracia do pensamento para 
criar uma republica igualitária das letras em uma republica igualitária 
● Nesse nível inferior da análise das classes baixas, o alto iluminismo parece 
relativamente domado, podem ter explodido como bomba em 1734, mas em 
1788 a França já absorvera o choque, nada houve de chocante na obra de seus 
sucessores, completamente integrados a le monde, enquanto engordavam sob os 
arcos serenos da igreja de Voltaire o espirito revolucionário enfraquecido e 
faminto da boemia literária. 
● O panfletarismo rude dos subliteratos foi revolucionário enquanto sentimento e 
mensagem, exprimiu a paixões de homes que detestavam visceralmente o antigo 
regime, foi nesse ódio que subia das entranhas e não nas refinadas abstrações de 
uma bem tratada elite cultural que o extremismo revolucionário jacobino 
articulou seu verdadeiro timbre. 
 
Refletir sobre qual a contribuição do texto para as discussões travadas na Unidade 4: 
Reformas e Revolução no século XVIII do Curso de História Moderna II. 
 
● Inserido na discussão da unidade 4, Reformas e Revolução no século XVII, o 
texto de Darnton nos apresenta um outro lado da História sobre o Iluminismo e a 
Revolução. Ao propor uma análise de baixo, sobre a vida desses subliteratos que 
foram deixados à margem pela ordem estabelecida, ele nos apresenta uma 
realidade diferente da que normalmente fomos acostumados a ouvir. A ideia 
sobre os grandes autores do Iluminismo é desmistificada na obra de Darnton, e 
nela podemos perceber que na realidade eles pouco fizeram no quesito de 
desafiar o sistema, nela também temos a oportunidade de conhecer melhor esses 
homens que foram esquecidos pela historiografia tradicional, os habitantes do 
underground, os subliteratos que tiveram muito mais espaço no processo 
revolucionário que poderíamos imaginar

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