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Prática Cirurgia I Catarina Alipio XXII Isabella Rodrigues XXII Medic ina Unimes Prof . Aiton Zogaib Prof João Espósito Cirurgia I PRÁTICA Aula 01 - Anatomia do tórax: Linhas do tórax: - PAREDE ANTERIOR: • Linha médio esternal (mediana anterior): passa verticalmente/ sagitalmente sobre o ponto médio do esterno. • Linha hemiclavicular (medioclavicular): passa verticalmente sobre o ponto médio das clavículas e coincide com os mamilos. • Linha paraesternal: é paralela ao esterno e passa à meia distância entre as linhas medioesternal e hemiclavicular. - PAREDE LATERAL: • Linha axilar: - Anterior: desce verticalmente da prega axilar anterior. - Posterior: desce verticalmente da prega axilar posterior. - Média: desce no ponto médio entre as linhas axilares anterior e posterior. • Onde se faz as drenagens e as toracotomias ântero- laterais (no 5º EIC) com paciente deitado. - PAREDE POSTERIOR: • Linha mediana posterior (medioespinal): passa verticalmente sobre os processos espinhosos das vértebras. • Linha paravertebral: passa no ponto médio entre as linhas mediana posterior e escapular. • Linha escapular: tangencia verticalmente a margem medial da escápula. Parede anterior do tórax: - CLAVÍCULA: • Extremidade esternal. • Extremidade acromial. - ESTERNO: longa Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 1 Cirurgia I PRÁTICA e estreita placa óssea mediana na parede anterior do tórax que articula-se, por meio das cartilagens costais, permitindo a flexibilidade necessária para a respiração. • Partes: - Manúbrio (superior). - Corpo (meio). - Processo/ apêndice xifóide (inferior). • Ângulo esternal (de Louis): entre o manúbrio (inclinado para trás) e o corpo do esterno (inclinado para frente). - É uma sindesmose do manúbrio esternal (sem mobilidade). - Marca o ponto de referência para o 2º arco costal. • Referência para palpação dos espaços intercostais. - COSTELAS E CARTILAGENS COSTAIS: são fitas ósseas, que estendem-se das vértebras torácicas posteriormente até a parede anterior do tórax, onde se ligam indiretamente ao esterno através das cartilagens costais (facilmente quebráveis). • São 12 pares: - 1ª a 7ª verdadeiras: se articulam diretamente com o esterno através das cartilagens costais. - 8ª a 10ª falsas: fixam indiretamente ao esterno e formam o rebordo costal (marca o limite inferior da caixa torácica. - 11ª e 12ª flutuantes: não fazem ligação com o esterno. Parede posterior do tórax: - Pontos de referência: • Processo espinhoso da 7ª vértebra. • Ângulo da escápula. • Costelas 11ª e 12ª) flutuantes. - VÉRTEBRAS TORÁCICAS: T1 a T12 no plano mediano posterior. - ESCÁPULA: • Ângulo inferior da escápula: ponto de referência para toracocentese e toracotomia póstero-lateral. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 2 Cirurgia I PRÁTICA Músculos do tórax: - Músculo serrátil anterior: saí posteriormente em direção às costelas (2ª a 9ª). - Músculo peitoral maior: mais superficial. • Daí do ponto médio da clavícula e forma uma aponeurose na margem do esterno. • Forma um leque. • É o limite da axila. • Importância cirúrgica: não lesioná-lo (ou lesioná-lo o mínimo possível). - Em uma toracotomia ântero-lateral, preferir rebater a musculatura ao invés de cortar as fibras musculares. - Ele não é acometido em uma esternotomva mediana. - Músculo peitoral menor: mais profundo. • Preso da 2ª a 6ª costela até a escápula. - Músculos intercostais: função na respiração. • Intercostais internos: se estendem da extremidade medial dos EIC até o ângulo da costela. - Fibras oblíquas com direção inferior e posterior. • Intercostais externos: se estendem do tubérculo costal até a junção costocondral. - Fibras oblíquas com direção inferior e anterior. • Íntimos: parte mais interna com ação de inspiração (entre o interno e o íntimo há a passagem de um feixe vasculho-nervoso: veia, artéria e nervo intercostais) Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 3 Músculos subcostais Cirurgia I PRÁTICA - Músculos subcostais: preso internamente e posterior às costelas. - Músculo transverso do tórax: preso internamente e anterior às costelas. - Músculos escalenos: músculo do pescoço que se liga às primeiras costelas. - Diafragma: • Cúpula diafragmática. • Pleura diafragmática (brillante). MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS: - São coordenados por dois grupos de músculos principais: • Musculatura intercostal: aumenta do diâmetro ântero-posterior da caixa torácica. • Musculatura diafragmática: aumenta o diâmetro supero-inferior da caixa toracica. - Gera uma pressão negativa para que o ar entre nos pulmões. - Inspiração no indivíduo que está dormindo é predominantemente diafragmática (ventilação mais autônoma). - O indivíduo acordado, trabalha mais a caixa torácica e também pode controlar a respiração diafragmática quando quer. O sistema nervos autônomo é controlado pela vontade do paciente. Conteúdo da cavidade toracica: VÍSCERAS: - PULMÕES: • Pulmão esquerdo: - 2 lobos (superior e inferior). - 1 incisura (oblíqua). - Língua (prolongamento da margem anterior do lobo superior, entre a incisura oblíqua e a incisura cardíaca). - Faces e impressões: • Face diafragmática (na base do pulmão). Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 4 Cirurgia I PRÁTICA • Face costal (das costelas). • Impressão do arco da aorta. • Impressão cardíaca (profunda). - Brônquio fonte esquerdo (mais horizontalizado e mais fino que o brônquio fonte direito, que é mais grosso e mais verticalizado). • Pulmão direito: - 3 lobos (superior, médio e inferior). - 2 incisuras (oblíqua e horizontal). - Faces e impressões: • Impressão do esôfago. • Impressão cardíaca (mais leve). - Brônquio fonte direito (mais verticalizado e mais grosso): risco de aspiração e intubação unilateral. • Hilo pulmonar: vemos os anéis cartilaginosos do brônquio, as artérias (pressão baixa) e veias pulmonares. - CORAÇÃO: • Inserido no saco pericárdico (pericárdio visceral + parietal). • Situado no mediastino médio inferior. - TRAQUEIA. - VASOS DA BASE: • Arco aórtico: vaso espesso com PA de 120,80 mmHg que saí do ventrículo esquerdo. • Veia cava superior: têm pressão negativa (para “aspirar” o sangue para o átrio direito). Se forma pela tributação de 2 ramos principais, dos troncos braquiocefálicos direito e esquerdo. - Tronco braquiocefálico recebe sangue da veia jugular e da veia subclávia. - Possui parede mais fina. - Entra no átrio direito. • Tronco pulmonar: saí do ventrículo direito em direção aos pulmões e se bifurca nas artérias pulmonares. • Veias pulmonares: direitas superior e inferior, e esquerdas superior e inferior que desembocam no átrio esquerdo. • Artéria carótida: é um ramo direto do arco da aorta, do lado esquerdo, e um ramo do tronco braquiocefálico (ramo da aorta), do lado direito. - TIMO. - ESÔFAGO: passa posteriormente à traqueia. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 5 Cirurgia I PRÁTICA REVESTIMENTOS: visceral e parietal - PLEURA: saco seroso de dupla parede. • Pleura parietal tem continuidade com a pleura visceral, formando os recessos. - Recessos pleurais; • Costodiafragmático ou costofrênico: onde acumula líquido (quando fazemos um Rx do paciente em pé, apresenta velamento, fica esbranquiçado, e se tiver um pneumotórax fica tudo preto). • Costomediastinal. • Retroesofágico. • Frênico-mediastínico. • Infrapericárdico. - PERICÁRDIO: produz líquido seroso que permite que o coroa funcione sem atrito. • Saco pericárdico: saco de 2 camadas que envolve o coração. • Cavidade pericárdica: espaço entre o pericárdio seroso parietal e visceral. Anatomia cirúrgica do tórax: Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 6 No raio X: - Líquido: branco. - Ar: pretoCirurgia I PRÁTICA Acesso ao tórax: Classificação: - Quanto à indicação: • Eletiva: fazemos a toracotomia póstero-lateral. - Para abranger o esôfago: fazemos uma toracotomia póstero-lateral direita (porque o esôfago fica mais desse lado). - Abrange o hilo pulmonar. • De urgência: sempre fazemos a toracotomia ântero-lateral. - Quanto ao acesso: • Aberta ou convencional. • Video-assitida. Tipos de incisões cirúrgicas: • Esternotomia mediana. • Toracotomia ântero-lateral. • Toracotomia posterolateral. • Toracotomia axilar. Indicações: • Câncer de pulmão e esôfago. • Cirurgia cardíaca/ aórtica. • Trauma torácico. • Pneumotórax persistente. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 7 Cirurgia I PRÁTICA Pericardiocentese: - Punção aspirativa do saco pericárdico ou Punção de Marfan. - Para tirar o paciente do choque do tamponamento cardíaco (estase jugular, bulhas rítmicas hipofonéticas e ausculta pulmonar normal). - Feita no ângulo entre o processo xifóide e o rebordo costal, do lado esquerdo (lado direito em situs inversus), com a agulha entrando à 45º apontada para o mamilo esquerdo. • Equivale à janela pericárdica. - Acompanhar com FAST ou ECG (se a agulha tocar o miocárdio provoca arritmia - extra sístole). - Seguir com cirurgia. - Pode ser total, parcial ou combinada. Toracocentese: - Punção com a finalidade diagnóstica ou terapêutica do derrame pleural pela remoção do acúmulo de líquido anormal ali presente. • Transforma um pneumotórax hipertensivo em um pneumotórax simples. - Entra com a agulha no ângulo inferior da espinha da escápula, na borda superior da costela inferior (evitar o feixe vasculho-nervoso costal). - TÉCNICA: • O paciente deve estar sentado com os braços apoiados em anteparo. Após preparar o material e realizar a assepsia o médico deve posicionar-se por atrás do paciente e proceder da seguinte maneira: • Anestesia: aspirar o anestésico com uma seringa acoplada à agulha 40 x 12 mm, em seguida com a agulha 30 x 7 mm puncionar na borda superior da costela inferior, na região lateral à musculatura paravertebral e medial à ponta da escápula ipsilateral ao lado do derrame. • Punção: após anestesiar, nova punção deve ser realizada no local previamente anestesiado, porém desta vez com jelco selecionado acoplado à seringa de 20 ml. Deve-se introduzi-lo lentamente sob aspiração negativa. Após aspiração do líquido pleural, e, portanto, confirmação do dispositivo no espaço interpleural, deve-se retrair um pouco a agulha metálica, deixando o jelco, e coletar cerca de 40 ml para estudo. Após coleta do material, retrair todo o mandril metálico e acoplar o equipo ao cateter Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 8 Cirurgia I PRÁTICA plástico estando a ponta distal do equipo dentro do frasco para coleta da secreção a ser drenada. Interrompa o procedimento após retirada de cerca de 1000 ml a 1500 ml de líquido ou após o paciente apresentar tosse. Faça um curativo com gaze e esparadrapo no local da punção. - Resultado da toracocentese: • Quando a secreção é serosa, fluída (amarelo citrina), não fazemos nada. • Quando a infecção é bem proteica, mucosa, com polimorfonucleares, mandamos o paciente para drenagem. Drenagem torácica: - Exame físico: • Inspeção. • Percussão: - Som claro pulmonar: normal. - Timpânico: pneumotórax. - Maciço: hemotórax (geralmente é trauma). - PNEUMOTORAX: situação urgente. • Classificar em aberto ou fechado. • Algum trauma que fez com que vazasse ar para o espaço pleural. • Paciente apresenta: estase jugular, expansibilidade diminuída no hemitorax afetado, percussão timpânica, MV diminuídos. • Fazemos uma punção torácica de alivio primeiramente (no 2º EIC anteriormente) para transformar esse pneumotórax hipertensivo em um pneumotórax simples e depois fazemos a drenagem propriamente dita. - Todo paciente clinicamente instável deve ser submetido à punção do 2º espaço intercostal para alívio imediato do sintomas, seguido de drenagem torácica. - TÉCNICA: drenagem torácica. • Incisão transversa no 5º EIC na linha axilar média para cima. • Utilizando uma pinça com ponta romba do tipo “Kelly curva”, faça uma abertura com cerca de 1,5 cm na pleura e introduza o dedo na cavidade pleural. • Fazer a medição e inserir o dreno (que tem orifícios e é radiopaco). • Se vier sangue é hemotórax: conectar um selo d’água para drenagem. - Se o paciente drenar mais que 500 ml rapidamente, já é um paciente cirúrgico. • Fixamos o dreno com um ponto em “U”. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 9 Cirurgia I PRÁTICA • Podemos deixar o dreno até 7 dias em casos de trauma geral e de 3 a 4 dias em casos de pneumotórax espontâneo. • Ao retirar o dreno, não damos ponto, colocamos um “esparadrapão”. Esternotomva mediana: - Só vale para cirurgia eletiva (coração, timo, vasos da base, tireoide…). • Amplo acesso ao coração. - INDICAÇÕES: ‣ Grandes bocios mergulhanetes. ‣ Acesso aos vasos da base, pericárdio, coração, timo, traqueia proximal. ‣ Diérerse com serra de esterno ou formão. ‣ Hemostasia com serra de osso. ‣ Síntese com fios de aço, abrangendo o esterno. - TÉCNICA: • Corta a pele, subcutâneo e periósteo (com bisturi frio para não dar osteomielite, pois o bisturi quente, queima o periósteo que para de ser nutrido). • Faz uma incisão no pescoço para passar o dedo e abrir o esterno, e outra incisão para tirar o apêndice xifóide e também passar dedo. • Com o dedo, faz a dissecção no espaço retroesternal, soltando o saco pericárdico e tentando chegar ao máximo um dedo próximo do outro nas incisões. • Com uma serra específica, vamos martelando e serrando o osso esterno, sem comprometer o saco pericárdico. • Colocar cera de osso para reduzir o sangramento (sangra muito). • Com o afastador, abre o esterno. • Para suturar o esterno, é com fio de aço que envolve o esterno, bem ao lado de suas margens, tomando muito cuidado com as artérias mamárias. Toracotomia ântero-lateral: - Melhor via de acesso para o trauma. - Paciente em DDH. - Vantagem: pode estender para o outro lado, cerrando o esterno transversalmente (open book ou Shell). - Mais adequado no 5º espaço intercostal esquerdo. • Abre o pericárdio e começa a massagear o coração para reverter a PCR. - Dá acesso a coração e pulmões na emergência. - Precisa-se fazer ligadura das artérias mamárias, que está passando elo 5º EIC. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 10 - Artérias mamárias em visão posterior da p a r e d e t o r á c i c a anterior. Cirurgia I PRÁTICA • Contagem dos espaços intercostais: - Ângulo de Luis (entre o manúbrio e corpo do esterno): refere-se à 2ª costela e embaixo, o 2º EIC. - Qualquer incisão torácica deve ser acima do processo xifóide (que refere-se à cúpula diafragmática). Toracotomia póstero-lateral: - Não serve para o trauma, é usada em cirurgias eletivas. • Ex: cirurgia de esôfago. - Feita em decúbito lateral. - O braço do paciente fica em cima de um suporte e usamos como referência o ângulo da escápula para frente, no 5ª EIC. - Início abaixo a escápula ao longo do espaço intercostal. - Evitar seccionar músculos serráreis, grande dorsal e peitoral maior, afastando-os ou difusionado-os. - Síntese com fios absorvíveis envolvendo ambos arcos costais. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 11 Cirurgia I PRÁTICA Aula 02 - Centro cirúrgico: Unidade de centro cirúrgico: ‣ A Unidade de Centro Cirúrgico (CC) é composta pelo Centro Cirúrgico (CC) propriamente dito, pela Sala de recuperação pós anestésica (RPA) e pelo Centro de Materiais e Esterilização (CME). ‣ Pode ser definida como um conjunto de elementos destinados à atividade cirúrgica, à recuperação anestésica e ao pós-operatório imediato (ANVISA). ‣ Possui uma organização complexa com característicase assistência especializada. - Centro cirúrgico (CC): conjunto de áreas e instalações que permite efetuar procedimentos anestésicos-cirúrgicos nas melhores condições de segurança para o paciente e conforto para equipe que o assiste. • Conjunto de áreas ligadas e instalações de modo a permitir que os procedimentos anestésicos- cirúrgicos sejam realizados em condições assépticas ideais e seguras. • Consiste em: salas operatórias (SO), lavabos, vestuários, sala para acondicionamento de órgãos e sangue, sala de depósito, secretaria, sala de estar, copa, expurgo, repouso, sala de equipamentos e materiais. - Sala de recuperação pós-anestésica (SRPA): destina-se a receber e prestar assistência à paciente sob ação anestésica. • Localiza-se próximo às SOs, permitindo fácil acesso ao atendimento dos cirurgiões, anestesiologistas e da enfermagem. - Central de material e esterilização (CME): destina-se ao preparo e esterilização do material e equipamentos usados no CC e nas unidades do hospital. • Pode ser centralizada, quando presta serviço a todo o hospital, ou descentralizada, quando vinculada apenas ao CC. Atividades básicas do centro cirúrgico: I. Realização de procedimentos cirúrgicos e endoscópicos. II. Recepcionar e transferir pacientes. III. Assegurar a execução de procedimentos pré-anestésicos e executar procedimentos anestésicos nos pacientes. IV. Realizar a correta escovação das mãos. V. Executar cirurgias e endoscopias em regime de rotina ou em situações de urgência. VI. Realizar relatório médico e de enfermagem e registro das cirurgias e endoscopias realizadas. VII. Proporcionar cuidados pós anestésicos. VIII.Garantir apoio diagnóstico necessário e retirar órgãos para transplantes. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 12 Cirurgia I PRÁTICA O centro cirúrgico (CC): - Ministério da Saúde: “A Unidade de Centro Cirúrgico é o conjunto de elementos destinados às atividades cirúrgicas, bem como à recuperação pós-anestésica e pós-operatória imediatas”. - É um ambiente crítico com o risco aumentado de transmissão de infecção pelos procedimentos ali realizados. - De acordo com as práticas recomendasse pela AORN (Association of Operating Room Nurses) 2002, a planta física do setor tem de proporcionar barreiras que minimizem a entrada de microorganismos. Por isso, delimitam-se 3 áreas para a movimentação de pacientes e da equipe: • Áreas não restritas: local de acesso dos profissionais que trabalham no CC. - Profissionais podem circular sem roupa privativa, não é exigido cuidados especiais. - Consiste em corredores externos, vestiário, secretaria, local de transferência de macas, anatomia patológica, raio X, conforto da equipe. • Áreas semi restritas: o tráfego é limitado à pessoas do próprio setor ou vestidas de forma adequada. - Áreas de atendimento assistencial no pré e pós operatório - Roupa privativa, calçados adequados e gorro são necessários. - Não intervir nas rotinas de controle e manutenção da assepsia da área restrita. - Consiste em sala de guarda de equipamentos, farmácia-satélite e copa. • Áreas restritas: são as que possuem limites bem definidos para circulação de pessoal e equipamentos. - Máscaras são exigidas, além da roupa privativa de CC. - Técnicas de assepsia e rotinas devem ser rigorosamente controladas e utilizadas evitando contaminação do meio. - Consistem em salas cirúrgicas, sala de recuperação pós-anestésica, corredor interno e lavabos. A equipe cirúrgica: - Cirurgião: iniciativa, disciplina, segurança, habilidade, equilíbrio, cultura. - Auxiliar médico: • Primeiro auxiliar: Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 13 Cirurgia I PRÁTICA ✓ Auxílio intra operatório. ✓ Auxílio nos atos fundamentais. ✓ Expor os planos anatômicos. ✓ Contar nós, enxugar o campo, dar nós. ✓ Tempo nobre. ✓ Possibilidade de assumir a função do cirurgião. ✓ Preparar o doente no pré-operatório imediato. ✓ Anti-sepsia/ campos/ posição/ cateterismo. ✓ Auxiliar ativamente o cirurgião. ✓ Partilhar táticas com o cirurgião. ✓ Respeito com o instrumentador. ✓ Dividir as decisões intra operatórias com o cirurgião. • Segundo auxiliar: ✓ Eventual. ✓ Atuação complementar a do primeiro auxiliar. ✓ Facilita o trabalho do 1º assistente para melhor auxiliar o cirurgião. - Instrumentador: • Escala inicial da aprendizagem dos cirurgiões. • Muitos são graduandos. • Preparação do material e instrumental. • Conhecimento dos tempos operatórios. • Sistematização. • Entregar instrumentos corretamente. • Vigilância. • Responsável pela mesa de instrumentação. - Anestesista: • Executar a anestesia escolhida com eficiência. • Informar do andamento da anestesia e condição do paciente ao cirurgião. • Não se ausentar da sala de operações. • Informar ao cirurgião as intercorrências que surgirem. - Circulante de sala: • Conhecimento e eficiência. • Somente sair da sala por ordem da equipe para buscar material. • Sigilo profissional. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 14 Cirurgia I PRÁTICA - Outros: • Enfermeiro. • Auxiliar administrativo. • Auxiliar de limpeza. Ambientes de apoio do CC: Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 15 - Sala de utilidades. - Vestiários com banheiros. - Sala administrativa. - Sala de receptivo dos pacientes: espaço para receber os pacientes, onde são avaliados clinicamente antes da cirurgia ou antes de receber medicação pré anestésica. Este ambiente deve ser o mais calmo possível. - Sala de material de limpeza (DML): destinado à guarda dos materiais utilizados na limpeza do CC. - Revelação de Rx. - Sala guarda equipamentos e materiais: área para guarda e recebimento de equipamentos (microscópios, monitores cardíacos, respiradores…). - Sala de preparo de equipamentos e materais. - Sala para armazenamento dos materiais estéreis: destinado ao armazenamento e distribuição dos artigos estéreis, para uso na sala cirúrgica. - Expurgo: local para o desprezo de secreções das salas de cirurgias. deve estar provida de um caso sanitário apropriado e pia. - Área guarda maca e cadeira de rosa. - Área de biópsia de congelamento. - Copa e conforto para equipe: área destinada a lanches para que os mesmos não sejam realizados em locais inadequados. Deve-se dispor nesse local, cadeiras, poltronas e sofás. - Sala dos cirurgiões e anestesistas: destinadas aos relatórios médicos. - Posto de enfermagem: reservada ao controle administrativo do CC. Deve estar em local de fácil acesso e com boa vida de todo o conjunto do setor. - Sala de espera com sanitários para acompanhantes. Cirurgia I PRÁTICA . Sala de operações (SO): - Tamanho: • Pequena (20 m2): destinadas à especialidades de otorrinolaringologia e oftalmologia. • Média (25 m2): destinadas às especialidades gástrica e geral. • Grande (36 m2): específicas para cirurgias neurológicas, cardiovasculares e ortopédicas. - Portas: as portas devem possuir visores de viro para evitar sua abertura a qualquer momento e impedir acidentes. - Piso: o piso deve ser resistente, não poroso e de fácil limpeza, permitindo rápida visualização da sujeira, não conter ralos nem frestas, ser pouco sonoro e bom condutor de eletricidade estática, ter uma malha de fios de cobre ligada a um fio terra, ser autonivelante, não conter emendas e ser antiderrapante. • A junção entre o rodapé e o piso precisa ser feita de forma a permitir completa limpeza do canto formado. - Paredes: devem ser revestidas de material liso, resistente, lavável, antiacústico e não refletor de luz. Pintadas de cores que evitam a fadiga visual, as tintas não devem possuir cheiro. - Teto: se o teto possuir forro, deve ser contínuo nas salas de cirurgia. O uso de teto falso pode ocasionar queda de poeira ou outro material na ferida cirúrgica. Material resistente,lavável e não deve conter ranhaduras. - Janelas: devem ser lacradas, com persianas recobertas por vidros, possibilitando a limpeza e o escurecimento da SO. - Iluminação: as lâmpadas na sala de operação devem ser fluorescentes e é necessário que exista iluminação direta com o foco cirúrgico que deve ter como característica a ausência de sombras, a redução dos reflexos e eliminação do excesso de calor. - Ar condicionado: o CC deve possuir um sistema de ar condicionado central com objetivo de controlar a temperatura e a umidade, promover adequada troca de ar, remover gases anestésicos e partículas em suspensão. - Instalações fluído-mecânicas: • O vácuo. • Oxigênio. • Ar comprimido. • Óxido nitroso. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 16 Norma Br 7254/82: característica de ar em cada espaço. Cirurgia I PRÁTICA Higienização das mãos: - Lavabo: os lavabos cirúrgicos destinados à desgerminação de mãos e antebraços devem possuir profundidade que permita a realização do procedimento sem o contato com as torneiras e as bordas, conter torneiras com comandos que dispensem o contato das mãos para o fechamento, o uso de dispensados de sabão líquido para desgerminação e recursos para secagem das mãos. - Qual a diferença de assepsia, anti-sepsia e degermação? • Assepsia: é o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetração de microorganismos num ambiente que logicamente não os tem, logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção. • Anti-sepsia: é o conjunto de medidas propostas para inibir o crescimento de microorganismos ou removê-los de um determinado ambiente, podendo ou não destruí-los e para tal fim utilizamos antissépticos ou desinfetantes. • Degermação: significa a diminuição do número de organismos patogênicos ou não, apos a escovação da pele com água e sabão. Paramentação cirúrgica: - A paramentação é o conjunto de barreiras utilizadas contra a invasão de microorganismos no sítio cirúrgico e para proteção de exposição dos profissionais ao sangue e outros fluidos orgânicos. Constitui-se de duas etapas, a realização da antissepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório das mãos (escovação cirúrgica da mão) e a utilização de gorro, máscara, luva estéril, e opa ou capote estéril. Portanto, a paramentação cirúrgica envolve as técnicas de escovar as mãos (1), vestir avental ou opa esterilizado (2) e calçar luvas estéreis (3). Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 17 - Flora da pele: • Flora transitória: - Compõem-se de variedades sem limites. - Localiza-se nas regiões mais expostas. - É removida com facilidade. - Colonização temporária e depende do ambiente a que o indivíduo é exposto. • Flora permanete: - É de mais difícil remoção. - Número e qualidade mais ou menos constantes. - Sua redução pela anti-sepsia é transitória, logo se restabelecendo a seu nível anterior. Cirurgia I PRÁTICA 1. Escovação cirúrgica: Anti-sepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório. - Objetivo: eliminar a microbiota transitória da pele e reduzir a microbiota resistente, além de proporcionar efeito residual na pele do profissional. • Antes de lavar as mãos, se necessários, cortar e limpar as unhas. - As escovas utilizadas no preparo cirúrgico das mãos devem ser de cerdas macias e descartáveis, impregnadas ou não com antisséptico e de uso exclusivo em leito ungueal e subungueal. - Para este procedimento recomenda-se: anti-sepsia cirúrgica das mãos e antebraços com antisséptico degermante (mais comum: crolexidine). - Duração do procedimento: 3 a 5 minutos para a primeira cirugia e de 2 a 3 minutos para as cirurgias subsequentes (sempre seguir o tempo de duração recomendado pelo fabricante). - No paciente temos que fazer a degermação com solução degermante ou solução tópica para determinar o campo. - TÉCNICA: sempre contar 10 vezes e fazer dos dois lados (direito e esquerdo). ‣ Unhas e pontas dos dedos. ‣ Palma das mãos. ‣ Face ulnar, radial e interdigitos dos dedos. ‣ Dorso da mão. ‣ Face ventral do antebraço. ‣ Face radial e ulnar do antebraço. ‣ Face dorsal do antebraço. ‣ Dobra interior do cotovelo. ‣ Dobra exterior do cotovelo (com ele flexionado e movimentos em círculos). ‣ Face radial e ulnar do cotovelo. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 18 Soluções degermantes: Cirurgia I PRÁTICA 2. Vestimento do OPA: - Para que os profissionais possam tocar o material, equipamentos e o campo estéril, é preciso vestir roupas esterilizadas (OPA) e luvas cirúrgicas estéreis para garantir que os microrganismos das mãos e roupas não sejam transferidos para o sítio cirúrgico do paciente. Assim, a opa é uma peça que faz parte da indumentária de paramentação cirúrgica, sendo utilizada pelos cirurgiões e instrumentadores responsáveis pelo ato cirúrgico. - Procedimento para vestir a OPA: 1. Usa-se a primeira compressa para secar as mãos, iniciando-se pelos dedos, palma, dorso da mão e antebraço. Vira-se a compressa para o lado oposto e inicia-se a secagem da outra mão. Não retorne a compressa nas áreas que já foram secas para evitar contaminação. Despreza-se a compressa no hamper. Iniciar a colocação do avental cirúrgico. 2. Segure a OPA na gola com ambas as mãos e levante-o da mesa. Pise em uma área onde a OPA possa ser aberta sem risco de contaminação. 3. Segure a OPA longe do corpo e permita que ela se desdobre com o interior virado para o usuário. 4. Mantenha as mãos dentro da OPA enquanto ela se desdobra por completo. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 19 Lembretes: - Braços sempre elevados (para não escorrer para as mãos) e mãos sempre a frente, e ficar sempre afastado da bancada e do jaleco para não contaminar. Cuidado para não esbarrar a escova na manga (não estéril). - Após o término da escovação o profissional deverá encaminhar-se para a sala de cirurgia com os antebraços fletidos, elevados e afastados do corpo. Cirurgia I PRÁTICA 5. Deslize ambas as mãos para dentro das aberturas dos braços, mantendo as mãos no nível do ombro e longe do corpo. 6. Empurre as mãos e antebraços para dentro das mangas do roupão, avançando as mãos até a borda proximal da bainha do punho. • Neste momento o circulante de sala deverá auxiliar, realizando as seguintes etapas: 7. Puxar a OPA sobre os ombros da pessoa escovada, tocando apenas na costura interna do ombro e laterais (não tocar na área escovada). 8. Amarrar os cadarços (ou fitilhos) da gola e amarrar os cadarços internos da cintura da OPA, tocando apenas na face interna da vestimenta. 3. Colocação das luvas: - As luvas cirúrgicas esterilizadas são utilizadas como barreira entre o paciente e o profissional da saúde, diminuindo a probabilidade de expor o paciente a microrganismos patógenos e a infecção do sítio cirúrgico, ou o profissional de saúde contra a exposição ao sangue ou outro material potencialmente contaminado. 1. Abrir o invólucro de papel que protege as luvas e expô-las, de modo que os punhos fiquem voltados para si. A pessoa escovada pega a luva da embalagem tocando a parte interna da luva, coloca o polegar e o indicador da mão oposta sobre a dobra da bainha evertida em um ponto alinhado com a palma da luva e puxa a luva sobre a mão, deixando a bainha virada para trás. 2. A pessoa escovada pega a segunda luva da embalagem tocando a parte interna das luvas ao colocar os dedos enluvados sob a bainha evertida. 3. A pessoa escovada, com os braços estendidos e os cotovelos ligeiramente flexionados, introduz a mão livre dentro da luva e a puxa sobre o punho da OPA ao girar discretamente o braço no sentido externo e interno. 4. Para trazer a bainha virada sobre a outra mão sobre o punho da OPA, a pessoa escovada repete o passo anterior. Checar e garantir que as luvas estão bem ajustadas e sobre o punhoda OPA. Sala de recuperação pós anestésica (SRPA): - É a área destinada à permanência do paciente logo após o término do ato anestésico cirúrgico até a recuperação da consciência, eliminação de anestésicos e estabilização dos sinais vitais. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 20 Cirurgia I PRÁTICA - Deve estar instalada dentro do CC ou nas suas proximidades, favorecendo o transporte rápido do paciente anestesiado para este local. - Os objetivos da SRPA são proporcionar a recuperação dos pacientes e previnir e detectar complicações relacionadas ao procedimento anestésico-cirúrgico. - Admissão na SRPA: • Conferir a identificação do paciente. • Diagnóstico médico e tipo de cirurgia realizada. • Permeabiliza de vias aéreas e sinais vitais. • Fazer exame físico. - Critérios de alta da SRPA: • Recuperação completa da consciência. • Estabilidade cardiovascular. • Função respiratória normal. • Função motora recuperada. • Dor operatória controlada. • Náuseas e vômitos ausentes ou sob controle. • Débito urinário de, pelo menos 30 ml/h. • Saturação de oxigênio adequada. • Curativos limpos. • Ausência de sangramentos ativos. Classificações cirúrgicas: - Quanto à finalidade do tratamento cirúrgico: • Curativa: extirpar ou corrigir a causa da doença (ex: apendicectomia). • Paliativa: atenuar ou buscar uma alternativa para melhora da condição, aliviar a dor ou correção do problema (ex: gastrostomia). • Diagnóstica: esclarecer o processo patológico (ex: laparotomia exploradora). - Quanto à prioridade: • Emergência: o paciente necessita de atenção imediata, o distúrbio pode ser ameaçador à vida. • Urgência: o paciente precisa de atenção rápida 9dentro de 24 a 30 horas). • Necessária: o paciente precisa realizar a cirurgia (panejada em semanas ou meses). • Eletiva: o paciente pode ser operado (pode ou não ser realizada). • Opcional: a decisão é do paciente. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 21 Cirurgia I PRÁTICA - Quanto ao porte cirúrgico: • Grande porte: grande probabilidade de perda de fluido e sangue. - Cirurgias de emergência, vasculares arteriais. • Médio porte: média probabilidade de perda de fluido e sangue. - Ressecção de carcinoma espinocelular, prótese de quadril. • Pequeno porte: pequena probabilidade de perda de fluido e sangue. - Plástica mamoplastia e endoscopia digestiva. - Quanto ao potencial de contaminação cirúrgica: • Limpa: tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local (ex: mamoplastia). • Potencialmente contaminada: tecidos colonizados por microbiota pouco numerosa, tecido de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório, e com falhas técnicas discretas no transoperatório (ex: colecistectomia com colangiografia). • Contaminada: tecidos abertos e recentemente traumatizados, colonizados por microbiota bacteriana abundante, de descontaminação difícil ou impossível. Ocorrido fala técnica grosseira, na ausência de supuração local (ex: hemicolectomia). • Infectada: tecido ou órgão em presença de processo infeccioso (supuração local), tecido necrótico, corpos estranhos e feridas de origem suja 9ex: cirurgias de reto e ânus com secreção purulenta). Terminologia cirúrgica: - Conjunto de termos que representa uma forma de expressão técnica própria utilizada no hospital, para indicar um ato cirúrgico proposto e/ ou realizado. Os termos são formados por: • Prefixo que designa a parte do corpo. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 22 Cirurgia I PRÁTICA • Sufixo que indica o ato cirúrgico realizado. Posições cirúrgicas: - A posição adequada do paciente é essencial para que os procedimentos sejam bem sucedidos e realizados com segurança. - Colocar o paciente na posição correta para uma intervenção cirúrgica é um fator chave no desempenho de um procedimento seguro e eficiente. - Decúbito dorsal ou supina: • O dorso do paciente e a coluna vertebral ficam repousados na superfície do colchão da mesa cirúrgica. A cabeça fica apoiada em travesseiro, retificando a coluna vertebral. Os braços ficam ao longo do corpo ou abduzidos em apoios laterais, tipo braçadeiras (ex: cesariana). - Decúbito ventral ou prona: • O paciente fica deitado de abdome em contato com a superfície do colchão da mesa cirúrgica, permitindo a abordagem da coluna cervical, da área retal e das extremidades inferiores. Os braços devem ficar estendidos para frente e apoiados em talas. O sistema respiratório dica mais vulnerável na posição de decúbito ventral (ex: cirurgias de coluna, hérnias de disco). - Decúbito lateral: • O paciente fica em decúbito lateral, esquerdo ou direito, oferecendo acesso à parte superior do tórax e região renal. Sempre do lado contralateral ao da cirurgia (ex: cirurgias torácicas). - Posição de Trendelenburg: • Variação da posição de decúbito dorsal, onde a parte superior do dorso é abaixada e os pés elevados. Mantém as alças intestinais na parte superior da cavidade abdominal (ex: posição utilizada para cirurgias de órgãos pélvicos, laparotomia de abdome inferior). - Posição Trenlenburg reverso ou proclive: • Mantém as alças intestinais na parte inferior da cavidade abdominal. Reduz a pressão sanguínea cerebral (ex: posição utilizada para cirurgias de abdome superior e cranianas). Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 23 Cirurgia I PRÁTICA - Posição Fowler ou sentada: • O paciente é colocado em posição supino e o dorso da mesa é elevado, permanecendo semi-sentado na mesa de operação. Posição utilizada para conforto do paciente quando há dispneia, indicada em cirugia de ombro (ex: dreno de tórax). - Posição de canivete (kraske): • O paciente é colocado em decúbito ventral, em seguida, com o abdome em contato com o colchão da mesa cirúrgica, flexiona-se o corpo na região do quadril, de modo que o tórax, os membros superiores e os membros inferiores fiquem em posição mais baixa do que a região a ser operada. As regiões do quadril e do glúteo ficam em um plano mais elevado, em ângulo de aproximadamente 90º (ex: procedimentos proctológicos). Tempos operatórios: ➡ Diérese: é o momento de rompimento dos tecidos, por meio de instrumentos cortantes. Ex: bisturi (frio ou elétrico) e tesouras. ➡ Hemostasia: é o processo através do qual, se detém o sangramento, ocasionado pela diérese. (compressas, pinças hemostáticas, bisturi elétrico). ➡ Exérese (cirurgia propriamente dita): é o tempo cirúrgico principal, voltado para o objetivo do procedimento. ➡ Síntese: é a união dos tecidos,(agulhas e porta-agulhas e fios). Montagem da mesa instrumental: - Para que seja possível a realização do ato cirúrgico, é preciso dispor de uma mesa auxiliar com instrumentais e materiais específicos para a cirurgia (mesa auxiliar de instrumental). ‣ De diérese: são aqueles que cortam. ‣ De hemostasia: destinados a deter ou previnir uma hemorragia ou impedir a circulação de sangue em determinado local em um período de tempo (ligaduras). ‣ De preensão (transitória). ‣ De síntese: para junção/ união das bordas de uma lesão, com a finalidade de estabelecer a contiguidade do processo de cicatrização. ‣ Instrumentos especiais. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 24 Cirurgia I PRÁTICA Instrumentos de diérese: - Bisturis: os cabos de bisturis são designados por números, por exemplo: cabo n°3 ou n°4. Quanto menor o número, menor a lâmina, destinado a atos cirúrgicos. - Tesouras: são instrumentos de corte, podem ser curvas ou retas, fortes ou delicadas e em diversos tamanhos. Podem apresentar lâmina simples ou serrilhada e pontas rombas ou pontiagudas ou uma combinação das duas (Romba-Romba, Romba- Ponta, Ponta-Ponta). • Tesoura de Metzembaum: pode ser reta ou curva: tecidos mais delicados, profundos.Pode ser utilizada para dissecção, divulsão e descolamento (tecidos moles). • Tesoura de Mayo: pode ser reta ou curva ,é mais forte, para tecidos mais grosseiros (ex: cartilagem, apêndice xifoide, drenos). Mais traumática que Metzembaum. • Tenta cânula: mais para uma proteção de estruturas no momento da incisão.Usada para cantotomia (“cirurgia do canto”): para cirurgia de unhas encravadas. - Outras pinças: • Pinça de Cheron: utilizado para anti-sepsia do paciente. • Pinça de campo – Backaus: fixação de campo para delimitar área operatória. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 25 Pinça de campo. Pinça de Cheron. Cirurgia I PRÁTICA Instrumentos de hemostasia: • Pinça de Kelly: mais utilizada, tem ranhuras até a metade do local de abertura. Utilizada para vasos (hemostasia definitiva), fios grossos e pinçamento e divulsão de tecidos também. • Pinça Halsted: kelly pequena = mosquito, menor tamanho e maior delicadeza, o curvo é mais usado. • Pinça Mixter: curvatura de 90 graus no local de abertura, utilizada para estruturas profundas e principalmente pedículos vasculares. • Pinça Kocher: hemostasia definitiva. • Pinça Bulldog: utilizada para fistula arteriovenosas (ex: diálises). • Pinça Satinsky: pinça vascular controle do vaso sangrante (sempre bloquear o sangramento com preensão proximal e distal à lesão ). Instrumentos de exérese: - Para cirurgias do trato gastrintestinal: • Preensão não traumáticos: vísceras, tecidos, tendo superfície de contato ampla com as arranhaduras. - Pinça de Babcock: utilizada para apresentação de alças. - Pinça de Duval: preensão de pulmão nas lobectomias, ou segmentos de intestinos a serem ressecados, ex: apêndice. - Pinça de Collin. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 26 SATINSKY BULLDOG Cirurgia I PRÁTICA - Pinça de coprostase: preensão para interromper o transito gastrointestinal “ afastar fezes do local de manipulação”. • Pode ser usado para “isolar” uma área que vai ser trabalhada, para que não tenha conteúdo entérico e fezes nessa área • Traumáticas: - Pinça de Allis: apresentar um segmento de intestino que vai ser removido. - Pinça de coração. - Afatstadores: • Farabeuf (dinâmico): utilizado para afastar pele, subcutâneo e plano superficial, tamanho pequeno. • Finochietto (estático): utilizado em cirurgia de tórax e afastamento costelas na toracotomia, tem roda dentada. • Valva de Doyen: utilizado para apresentar fígado, baço.Auxiliar que segura. • Gosset (autoestático): utilizado para afastar parede abdominal. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 27 Croprostase Valva doyen Cirurgia I PRÁTICA Instrumentos de síntese: - Pinças, porta agulhas e fios: • Pinças: - Pinça anatômica: tecidos variados “preensão transitória”. - Pinça dente de rato: tem uma protuberância na ponta, utilizada em estruturas menos delicadas. - Pinça de addison: utilizada para cirurgias menores, plástica, de rosto, infantil. Tem com dente ou sem. - Pinça bico de pato. • Porta Agulhas: - Hegar: mais utilizado. - Mathieu (aperta um pouco prende, um pouco mais solta). Utilizado em microcirurgia. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 28 Cirurgia I PRÁTICA Aula 03- Vias de acesso ao pescoço: Divisão anatômica do pescoço: - O pescoço é dividido em trígonos como forma de facilitar a localização de estruturas, lesões ou afecções. - Tomamos como ponto de referência o músculo esternocleidomastóideo. - Trígono anterior: • Limites: ✓ Margem medial e anterior do músculo ECM. ✓ Manubrio esternal. ✓ Base da mandíbula. ✓ Linha média do pescoço. • Conteúdo: - Região supra hióidea: glândulas parótidas e submandibular, nervo hipoglosso, assoalho da boca, nervo marginal da mandíbula (ramo facial). - Região infra hióidea: cartilagens tireoide e cricóide, glândula tireoide e paratireóides, esôfago cervical (esquerda), nervo laríngeo superior e recorrente. • Trígonos anteriores: limites. - Trígono submandibular: ventre anterior e ventre posterior do músculo digástrico e base da mandíbula. - Trígono submentual: 2 ventres anteriores do músculo digástrico, osso hioide e mandíbula. - Trígono carótico: margem posterior do ECM, ventre superior do músculo omo-hióideo e ventre posterior do músculo digástrico. - Trígono muscular: margem medial do músculo ECM, músculo omo-hioideo, corpo do osso hioideo e manúbrio esternal. - Trígono posterior (ou cervical lateral): • Limites: ✓ Borda posterior do músculo ECM. ✓ Borda do músculo trapézio. ✓ Clavícula. ✓ Osso occipital. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 29 Cirurgia I PRÁTICA • Ele é dividido em trígono occipital (superior) e trígono omoclavicular (inferior) , pelo ventre inferior do músculo omo-hioideo. • Conteúdo: - Nervo acessório. - Músculo omo-hióideo. - Fossa smupraclavicular: artéria e veia subclávias, ducto linfático e pleura. - Região carotídea: são as estruturas que passam abaixo do músculo ECM. • Artéria carótida comum e sua bifurcação. • Veia jugular interna. • Nervo vago. Infecções cervicais: • O espaço entre as fáscias viscerais e a fáscia pré vertebral (profunda) tem comunicação com o mediastino. • Infecções neste espaço podem evoluir com mediastinite (40% de óbito). • Drenagem cervical ampla, mediastinal e pleura bilateral. Zonas do pescoço para o trauma: - Divide o pescoço em espaços horizontalmente. • Zona 1: se estende da cartilagem cricóide até as fossas sub/supra clavicular e fúrcula esternal. - Alta mortalidade e difícil manejo. • Zona 2: da cartilagem cricóide até o ângulo da mandíbula. - É a zona mais acometida, mas também a de mais fácil acesso, por ser uma região grande e bem exposta. • Zona 3: do ângulo da mandíbula até a base do crânio. - Difícil abordagem cirúrgica e alta mortalidade. - Glândula parótida faz um “sanduíche” sobre o nervo facial (cuidado em cirurgias da parótida para não lesar o nervo e causar paralisia facial). - Estrutura mais importante dessa zona é a artéria carótida interna (vai para o SNC), de difícil acesso. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 30 Bainha carotídea: Cirurgia I PRÁTICA Níveis linfonodais: - Nível 1: • 1a: submentoniano. • 1b: submandibular. - Nível 2: jugulocarotídeos superiores. • 2a: anterior. • 2b: posterior. - Nível 3: jugulocarotídeos médios. - Nível 4: júgulocarotídeos inferiores. - Nível 5: triângulo posterior. - Nível 6: compartimento anterior. Músculos pré-tireoideanos: - São vistos ao rebatermos o músculo ECM. • Músculo esterno-hióideo: é o mais longo. • Músculo esterno-tireoideo: é o mais profundo. • Músculo tireo-hidoideo: é o de menor significância. • Músculo omo-hióideo. Conteúdo do pescoço: - Osso hioide (formato de C). - Traqueia (anéis traqueais). - Istmo da glândula tireoide. - Cartilagem cricoide. - Membrana cricotireóidea. - Cartilagem tireoide. Vias de acesso: - A melhor via de acesso no abdome é a laparotomia mediana. - A melhor via de acesso no tórax é toracotomia antero-lateral (bilateral - open box). - A melhor via de acesso no pescoço é a incisão em colar: 2 dedos acima da fúrcula esternal e sobre acompanhando a borda anterior do músculo esternocleidomastóideo, bilateralmente, gerando grande exposição. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 31 Eles fazem parte da deglutição: quando deglutimos, esses músculos mobilizam a laringe para cima, para que o alimento siga seu percurso pela laringe e fecha a faringe. O músculo ECM protege 3 estruturas nobres: - Lateral e posterior: veia jugular interna. - Medial e anterior: artéria carótida comum (bifurca na altura da mandíbula em interna - SNC - e externa - vasos faciais). - No meio: nervo vago (X). Cirurgia I PRÁTICA Cricotireoidostomia: - Definição: • Via de acessoà VAI em situações de urgência (deve ser retirado em no máximo 24 horas e depois fazer a traqueostomia se necessário). - Isso porque a cânula da cricotireoideostomia está sob as cordas vocais, além de que se ultrapassar 24 horas, favorece a fibrose e estenose glótica (fecha a glote). • Obstrução (corpo estranho, angioedema ou traumatismo grave). • Falava ou contraindicação da IOT e/ ou ventilação positiva. • Procedimento realizado através da membrana cricóidea (entre a cartilagem tireoide e cricoide). - Contraindicações: • Ausência de referência anatômica. • Distorção anatômica (bócios, tumores). • Doença laríngea aguda (infecção ou trauma). • Crianças < 12 anos (membrana ainda é muito pequena e de difícil acesso). - Cricotireoidostomia X Traqueostomia: • Mais rápida e fácil que a traqueostomia por ser mais superficial (tem pele, subcutâneo e fáscia cervical superficial). • Não requer manipulação da coluna cervical. • Menores complicações. • Temporária. - Materiais: • Lâmina de bisturi nº 11. • Afastador traqueal (gancho). • Pinça de Trosseau (ou similar). • Cânula de traqueostomia. • Tubo orotraqueal com balão inflável. - Existem 3 formar de se fazer uma cricotireoidostomia: • Por punção com jelco: não é uma via área definitiva e serve apenas como uma ponte terapêutica, com menor ventilação. Punciona-se a membrana com um jelco. É uma boa escolha para pacientes com dificuldade de intubação. • Percutânea: por punção com cateter (similar a cateter de acesso venoso central) ou Técnica de Seldinger, onde faz a punção da membrana e é passado um fio guia até a carina e a cânula é inserida. Boa para profissionais sem treinamento cirúrgico. • Técnica cirúrgica propriamente dita: é feita uma ampla incisão transversa entre as cartilagens cricoide e tireoide e divulsão da abertura, para dar passagem à cânula. Após inserção da cânulas, deve-se insuflar o cuff e conectar o dispositivo a um sistema de ventilação. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 32 Cirurgia I PRÁTICA - Técnica: • Extensão cervical se possível, imobilizar traqueia com a mão dominante, palpação da MCT. • Incisão de 3 a 5 cm, palpar a membrana e confirmar a anatomia. • Incisão < 1cm da MCT horizontal (transversal). • Tração traqueal cranialmente com o afastador. • Dissecção/ dilatação do acesso. • Inserção da cânula e confirmação da posição via ausculta torácica. fixação do tubo/ cânula. - Como encontrar o ponto certo? Na linha mediana do pescoço, sente o osso hioide que é uma saliência e vai descendo, onde vamos encontrar uma fenda que é a membrana tireohioidea (não serve), sente-se outra saliência, que é a cartilagem tireoide e desce novamente onde terá um afundamento que é a membrana cricotireoidea, faz uma incisão transversa, abre as estruturas com o auxílio de um Kelly e passa a cânula e insufla o ar para prender ela. Traqueostomia: - Definição: • Realizado em situações em que se prevê a necessidade, não necessariamente emergencial (acesso definitivo à via aérea). • É um procedimento cirúrgico e mais demorado que a cricotireoidostomia, leva cerca de 30 minutos. • Aborda os anéis traqueais. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 33 Cirurgia I PRÁTICA • Mais difícil, pois passa por mais estruturas para chegar na luz traqueal (istmo da tireoide, músculos pré tireoideanos, veias tireoidenas inferiores…). - Materiais: • Bisturi número 3. • Pinças hemostáticas curvas (ex: Kelly). • Materiais de síntese. • Afastador de Farabeuf. • Material para assepsia e antissepsia. • Anestésico local. • Cânula traqueal. - Técnica: 1. Posição do paciente: em hiperextensão. 2. Assepsia: deve ser feita desde o manúbrio e respeitando a ordem da área da incisão para a periferia, sempre no mesmo sentido e descartar a gaze sempre que cegar na periferia (não pode voltar o material). 3. Colocação do campo: o campo fenestrado deve ser colocado, com o sentido de retangular a incisão, seja ela longitudinal ou transversa. 4. Local da incisão: 2 dedos acima do manúbrio ou fúrcula esternal ou 2cm abaixo da cartilagem tireoide. 5. Anestésico local: deve ser infiltrado na pele e subcutâneo na altura da incisão. Sempre aspirar ante de injetar. 6. Incisão: a transversal é mais estética e a longitudinal é mais fácil (é a que o professor usa). Deve ser feita na pele, músculo platisma e no subcutâneo. • Cuidado com as veias jugulares anteriores, se elas sangrarem, faz-se a ligadura dos vasos. 7. Camada muscular: é feita a dissecação dos músculos pré tireoideanos, seguindo pela linha média que é avascular. 8. Istmotomia (ou istmectomia): em pessoas que tem o istmo muito grande que impossibilita a visualização da traqueia. Em pessoas com o istmo da glândula tireoide normal, pode somente rebatê-lo e empurrar-lo para cima com uma pinça. Com isso é possível acessar a traqueia. 9. Abertura da traqueia: nesse momento deve-se revisar a hemostasia, checar os materiais e fazer a abertura da parede traqueia entre o 2º e o 4º anel (melhor local abaixo da glote). 10. Introdução da cânula de traqueostomia: é passada a cânula com o cuff insuflado. • Inserir a cânula apontada para cima e rodar (e se ela for de plástico, insuflar o ar). 11. Fixação: fixa-se o dispositivo com pontos simples na volta do tubo para que ele fique firme. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 34 Cirurgia I PRÁTICA - Indicações: na prática a traqueostomia é pouco utilizada pelo seu tempo de demanda, sendo mais empregada em… • Alterações anatômicas (tumores). • Prevenção contra sequelas fonatórias ou estenose da traqueia em indivíduos sob ventilação mecânicas prolongada. • Outras: obesidade, apneia obstrutiva do sono, hipoventilação… - Complicações: • Falso trajeto (a única cartilagem completa da via aerea é a cricoide, o restante da parede posterior é membranoso, a cânula pode ultrapassar e chegar no esôfago). • Seletividade (comum em pacientes brevelíneos, com uso de cânulas longas). • Enfie subcutâneo, hemorragias, fístula traqueoesofáica, infecções locais e pneumotórax. - Pós operatório: requisição de Raio X de tórax, avaliação de fisioterapia e fonoterapia, troca do curativo, aspiração e limpeza da cânula intermediária. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 35 Cirurgia I PRÁTICA Aula 04 - Nós Cirúrgicos. Nós da aula: - Nó de cirurgião. - Nó de sapateiro (“revolver”). - Nó duplo. - Nó de profundidade. - Nó de porta agulha. Hemostasia definitiva (ligadura de vasos): • 1º nó: para comprimir o tecido. • 2ª nó: de tração (impedir que o nó afrouxe). • 3º nó: de segurança (para dar firmeza). - Com fio de algodão: dar sempre o número de “zeros” + 1 nó. • Algodão 00 (dois zeros): dar 3 nós. • Algodão 000 (três zeros): dar 4 nós. - Se for um fio monofilamentar (nylon, prolene…), eles soltam facilmente, então temos que dar vários nós. - Técnica: • Vaso sangrante: com o Kelly, pegamos o vaso e clamamos (para de sangrar), assistente apresenta a porção e o cirurgião passa o fio por baixo do Kelly. • 1º nó: é o de cirurgião com a mão direita (lembrar de antes de dar o nós, descruzar por baixo - só precisa 1x). • Conforme aperta o 1º nós, pede para o assistente soltar o Kelly e continua apertando. • 2º nó: é o de sapateiro com a mão esquerda (para não deixar afrouxar o 1º e manter a tração). - Faz esse com a mão esquerda porque a disposição dos nós fica melhor (mas pode fazer com a direita se quiser, João que faz isso para intercalar os ´´lados`` dos nós e fica numa disposição melhor). • 3º nó: é o de cirurgião com a mão direita. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 36 Cirurgia I PRÁTICA Aula 05 - Suturas: Conceitos: - Nó cirúrgico: é o entrelaçamento ordenado e lógico feito com as extremidades livres do fio com o objetivo de uni-las e fixa-las. - Ponto cirúrgico:é o segmento de fio compreendido entre duas passagens dele pelo tecido. É a unidade da síntese. - Sutura: é o ponto ou conjunto de pontos aplicados nos tecidos com o objetivo de união, fixação e sustentação deles, durante o processo de cicatrização. Suturas descontínuas: - Sutura em X. - Sutura em U. - Ponto simples: mais usado em diversos tecidos. - Ponto Donatti (longe/ longe - perto/ perto): usado na pele, incluindo subcutâneo, áreas de tensão. - Sutura Gelly. - Sutura Swift. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 37 Ponto em “X" Ponto em “U” Ponto simples Ponto Donatti Cirurgia I PRÁTICA Suturas contínuas: - Chuleio simples: subcutâneo, gastrintestinal, pele. - Chuleio ancorado: musculatura, aponeurose. - Barra grega evertente. - Barra grega invertente - Intradérmica: cicatriz. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 38 Chuleio simples Chuleio ancorado Intradérmica Cirurgia I PRÁTICA Aula 05 - Vias de acesso ao abdome: Cavidade peritoneal: - Ou cavidade abdominal, é localizada no abdome, contém algumas vísceras (maior parte delas). - Limitada pelo peritônio parietal, na sua porção anterior e na sua porção posterior. - Atrás do peritônio parietal fica o retroperitônio. - O peritônio é um saco membranoso com duas membranas: • A camada parietal cobre a parede abdominal. • A camada visceral recobre a maioria das vísceras abdominais. - Entre as duas camadas há um pequeno espaço chamado cavidade peritoneal que contém pequenas quantidades de fluido peritoneal seroso. Uma vez que as camadas peritoneais são contínuas uma com a outra, elas formam recessos (fundos de saco) em locais onde a camada parietal se reflete para formar a camada visceral. - Alguns órgãos, como os rins, as glândulas suprarrenais e os ureteres não são cobertos pelo peritônio visceral, sendo por isso chamados órgãos retroperitoneais. Os restantes órgãos abdominais são completamente cobertos pela camada visceral e são por isso chamados órgãos intraperitoneais. Abdome: - O abdome tem uma cavidade peritoneal (ou cavidade abdominal) e outra porção que se chama retroperitônio (que faz parte do abdome e está posterior ao peritônio parietal na sua reflexão posterior). - O abdome tem uma parte móvel (parede ântero-lateral e diafragma) e uma fixa (pelve, coluna, tórax). • O tórax não tem tanta expansibilidade porque tem as costelas e a musculatura intercostal (por isso toracotomia é mais difícil que laparotomia). • Parte móvel: em cima por conta da respiração (mobilidade do diafragma) e na parede ântero-lateral (por conta do intestino delgado e grosso. - Na gravidez: intestino tem ar e líquido, abdome distende ântero-lateral e outro lugar que pode dar problema por distensão é no diafragma, que pode causar uma dificuldade respiratória. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 39 https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/peritonio Cirurgia I PRÁTICA - Muito doentes que tem distensão abdominal, ou por ascite, ou por distensão abdominal de alça tem uma certa dificuldade respiratória. S - Síndrome compartimental abdominal: tórax avantajado e abdome curto, se tiver distensão de abdome, vai ter um problema porque não cabe (aumento exagerado da pressão abdominal (> 12cm H2O), que causam insuficiência respiratória, insuficiência renal, acidose, etc... porque tem muita pressão, e ela comprime a porte móvel e a parte fixa). - Intestino delgado (4 a 4,5 m) + intestino grosso (1,5m) = 6 a 8 metros —> para caber na cavidade abdominal, tem que sanfonar o intestino, por isso que o intestino delgado tem pregas mucosas (e pregas mucosas do intestino grosso). • Prega do intestino delgada é circular e completa. No intestino grosso é incompleta, por isso que é possível observar o sinal de empilhamento de moedas quando está obstruído, porque a mucosa fica empilhada uma ao lado da outra. - Função da tarde abdominal: ✓ Proteção. ✓ Elasticidade. ✓ Possibilidade de acumular tecido adiposo (controle de temperatura). - Tanto na parede como gordura visceral – relacionado com o aumento ântero-posterior do abdome, num doente normal (aumenta risco de IAM, AVC e resistência a insulina). ✓ Evitar que as alças ou o conteúdo dentro do abdome prolapse (hérnias inguinais, incisionais e adquiridas – prolapso de algumas vísceras ou algo de dentro do abdome). - Abdome tem pressão positiva (diferente do tórax, que geralmente é negativa). Tem uma zona de alta pressão no abdome por conta da grande quantidade de órgãos, do ar, dos movimentos peristálticos, tem muito liquido, muito sangue circulando (a. mesentéricas, aorta, cava inferior, rins, fígado). • Atos que aumentam a pressão do abdome: vias urinárias, vomitar, evacuar, etc... por isso que pacientes que tem musculatura débil no abdome tem obstipação intestinal, doente que vomita no pós-operatório pode ter deiscência dos pontos (evisceração: vísceras sai – atravessa todas as camadas. x eventração: sai para fora do ventre – tem a pele e peritônio íntegros). - Músculos do abdome: • Parede ântero-lateral: - Músculo reto abdominal. - Músculo oblíquo externo. - Músculo oblíquo interno. - Músculo transverso. - Músculo piramidal. - Camadas para atingir o peritônio parietal: pele ! subcutâneo, que se em 2 fáscias, uma mais gordurosa e uma mais fibrosa (camper – mais gordurosa e scarpa – mais fibrosa) ! linha alba (linha média) ! peritônio parietal ! cai dentro da cavidade abdominal. • Fáscia = tecido que recobre o músculo/ aponeurose (obeso tem > Camper). Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 40 - Melhor abrir na linha média numa emergência, porque é mais próximo abrir no meio, porque cai mais rápido na cavidade abdominal —> laparotomia mediana. Cirurgia I PRÁTICA Vias de acesso à cavidade abdominal: - Conceito: ato pelo qual o cirurgião realiza a abertura da parede abdominal, em qualquer de suas partes, a fim de penetrar na cavidade abdominal. - Finalidades: • Via de acesso segura. • Dependente de: afecção, doente, operação, estética. - Requisitos: ✓ Assepsia e anti sepsia. ✓ Técnica cuidadosa. ✓ Exposição. ✓ Conhecimento anatômico. ✓ Eventual ampliação. ✓ Síntese adequada. ✓ Boa cicatrização. Laparotomia: - Direção: • Longitudinais. • Transversas. • Oblíquas. • Combinadas. - Umbigo: • Supre umbilical. • Infra umbilical. • Para umbilical. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 41 - Do apêndice xifoide até o púbis ! laparotomia xifopúbica ! incisão mais rápida quando tem que abordar um trauma e quando não sabe exatamente o que está acontecendo no abdome. - Laparotomia exploradora (sabe que tem algo no abdome mas não sabe o que é): faz uma laparotomia mediana (contorna pela esquerda ou pelo meio) - o ligamento redondo do fígado insere do lado direito da cicatriz umbilical, que é antiga veia umbilical, então se cortar do lado direito pode deixar uma ptose hepática – descenso, queda anormal. - Assoalho pélvico tem uma certa mobilidade em mulheres ! evolução ! gestação, parto. • Pelve feminina ! mais larga, tem maior flexibilidade no assoalho pélvico. - Problemas que advém disso: prolapso uterino, vaginal, incontinência vesical. - Operações que se concentram nessa região são mais difíceis do ponto de vista cirúrgico no homem do que na mulher, porque a bacia do homem é mais estreita. Além disso, a resistência muscular do homem é maior do que na mulher (que não pode ser tão forte, por conta da gravidez). Cirurgia I PRÁTICA Laparotomias longitudinais: - Mediana (cirurgia de emergência): menos demorada, pois vai na linha Alba direto. Contorna o umbigo pela esquerda ou pelo meio. - Pode ser: supra umbilical, infra umbilical, xifo-púbica ou médio- umbilical. • Mais rápida e sangra menos, porque a linha alba é um espessamento de todas as aponeuroses na linha mediana, mas por outro lado, não ser muitovascularizada, não sangra muito, a cicatrização é mais demorada, abre mais fácil do que os outros tipos de incisões, porque tem menos camada, e não tem músculo interpondo entre peritônio e as vísceras e a pele. • Vantagens: - Bom acesso e rápida. - Fácil extensão. - Fácil execução e sutura. - Relativamente avascular (é uma aponeurose). • Desvantagens: - Mais dolorosa. - Menos cosmética. - Mais eventração. - Paramediana: são mais demoradas, porque tem que abrir plano por plano. • Pararetal interna e transrretal (=dor): descola o reto com bisturi elétrico, e entra na borda interna do retoabdominal, um pouco para o lado da mediana (cirurgia eletiva). - Ou faz a paramediana pararetal interna (melhor para longitudinal) ou a transretal, porque na hora de suturar, fazer a síntese da cavidade, o reto vai voltar para o local, escondendo a cicatriz feita. • Parietal externa: na borda lateral do retoabdominal, não faz porque se fizer isso secciona todos os nervos que vão para o retoabdominal e ele fica atrofiado e molengo. • Vantagens: - Menos hérnia, menos evisceração (porque tem um músculo em cima do outro, e quando reconstrói a parede abdominal a chance de dar hérnia é menor porque tem vários músculos, mesmo cortando parte deles). • Técnica: - Corta com bisturi. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 42 - Paramedianas: paralelas, em relação a cicatriz umbilical. • Cicatriz umbilical, aponeurose retoabdominal, que flexiona o tronco sobre a pelve, obliquo externo, obliquo interno e transverso, fazem a rotação do tronco. Cirurgia I PRÁTICA - Abre de um lado e do outro a aponeurose, se cortar todos o musculo de ´´cabo a rabo``, denerva (paramediana pararetal externa) todo o músculo, então pega o bisturi, disseca e encontra a borda interna do retoabdominal, descola tudo e corta o peritônio longitudinal. - Acabou a cirurgia, sutura o peritônio e coloca o musculo no lugar, a incisão do peritônio está no meio, e o retoabdominal protege, então como só separou ele da aponeurose mediana, a inervação está chegando. Então protege a incisão do peritônio, que está em um plano, e a incisão do retoabdominal está em outro plano Exemplo de nomenclatura da incisão: Laparotomia longitudinal paramediana pararetal externa esquerda infraumbilical. Laparotomias transversais: - Transversais: • Supra umbilical. • Infra umbilical. - Total ou parcial. - Incisão de Pfnnenstiel: incisão arqueada na pele e aponeurose, porém apenas se divulsiona a musculatura (cesarianas, cirurgias ginecológicas e urológicas. - Incisão de Elliot-Babbock (apendicectomia): incisão na FID, iniciando-se na borda lateral do músculo reto e terminando a 2cm da espinha ilíaca ântero superior. • Abertura dos músculos por divulsão, e se necessário, secar parcial. • Abertura do peritônio. - Transversa é mais estética porque as linhas da pele são perpendiculares a ação do músculo, então sempre tem que saber o músculo que tem em baixo do local que você quer fazer a incisão. - Vantagens: • Melhor cosmética. • Menos dor. • Menos restrição torácica. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 43 - Longitudinais dão mais hérnia que as transversais (corta mais músculo, mas dá menos hérnia), porque a inervação da parede abdominal entra entre o transverso do abdome e a fáscia posterior. Então quando faz incisão longitudinal corta a parte terminal dos nervos, axônio depois regenera, mas por um certo tempo fica desenervado. (I): Elliot Babbock. (C): Pfnnenstiel. Cirurgia I PRÁTICA • Preferencial para crianças. • Menos eventração. - Desvantagens: • Lesão muscular. • Mais sangramento. • Mais demorada. • Acesso e extensão mais limitados. - Lembrar: nas incisões transversas que cruzam a linha mediana, não se esqueçam de ligar os vasos epigástricos, posteriormente aos músculos reto abdominal (hematoma importante!). Laparotomias oblíquas: - Subcostal. - Diagonal epigástrica. - Estrelada supraumbilical. - Estrelada infraumbilical. - Lombo abdominais. - Mc Burney: do umbigo até crista ilíaca superior, imagina uma linha, divide ela em 3, no terço externo obliquamente abre a incisão )cai em cima do apêndice). Circulação da parede abdominal: - Se faz pela epigástrica profunda por baixo. - Por cima pelo ramo da mamária (torácica interna – vem da subclávia, desce e anastomosa com a epigástrica profunda, que é ramo da ilíaca externa). - A epigástrica superficial, irriga a região inguinal vem da femoral. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 44 - A laparotomia é decidida por cirurgia de urgência e diagnóstico feito. • Exemplo: diagnóstico de colecistite aguda, vai operar do lado direito ! ATAQUE DIRETO A DOENÇA QUE VOCÊ TEM, usar incisão mais próxima do local que você tem que resolve. Diferente da laparoscopia, porque ela usa pinça muito grande, então tem que entrar mais longe, ou do lado contrário, da região afetada, para ter mobilidade. - Incisão transversa ! geralmente para colostomia ! abre, pode fazer em cruz, e faz a transretal ! abre o reto no meio e passa o colo no meio do retoabdominal, porque é uma incisão pequena, e quando o retoabdominal contrai, ele faz uma certa continência na bolsa de colostomia ! então faz a transretal transversal Cirurgia I PRÁTICA Complicações: - Hemorragia. - Hematoma/ serosa. - Infecção. - Necrose. - Eventração/ evisceração. - Quelóide. - Granuloma de fio. - Dor incisional. Pontos importantes: - Aberta a cavidade: • Cavidade peritoneal. • Diafragma. • Fígado. • Cólon transverso. • Em relação ao trauma, tem o andar supramesocólico e andar inframesocólico. - Supramesocólico, onde tem mais vísceras sólidas ! Fígado, baço, pâncreas, estômago e duodeno. - Inframesocólico ! intestino delgado, intestino grosso, órgãos pélvicos, rins e tem toda a vascularização e parte dos vasos importantes. • Grande omento. • Sentinela abdominal ! parte do grande epiplon tem um movimento que vai para o local que tem uma inflamação ou neoplasia. - Lugares importantes em relação a cirurgia de urgência: ➡ Espaço subfrênico direito. ➡ Espaço subfrênico esquerdo (entre o baço e o diafragma). ➡ Espaço subhepático a direita e subpático a esquerda ! importantes porque as vezes acumulam líquido, sangue e pus. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 45 - Então as longitudinais não sangram muito, porque não corta muito a artéria. Se corta transversa ou obliqua sangra mais, porque secciona a artéria. • Artéria Mamária: se cortar não necrosa a parede abdominal, porque tem ramos da epigástrica inferior, das lombares. • Incisão que dá mais hematoma: transversas ou obliquas. • Incisão que dá mais hérnia: longitudinal. Cirurgia I PRÁTICA ➡ Entre o rim direito e o fígado pode ficar líquido ! espaço de Morrison. ➡ Entre o rim esquerdo e o baço também pode ficar líquido. - USG FAST ! janela pericárdica, hipocôndrio direto, hipocôndrio esquerdo, fossa ilíaca direita, fossa ilíaca esquerda e em cima da bexiga (mulher – fundo de saco de Douglas = espaço retouterino / homem – espaço retovesical no homem) ! o liquido acumula nesses espaços, na goteira parietocólica direito e na goteira parietocólica esquerda. - Grande problema de drenos ! vir uma alça intestinal, fazer uma erosão e perfurar e faz uma fístula. Ou vem o fígado, fica em movimento e sangra, faz uma escara e sangra ! então coloca um dreno mais durinho por dentro e um mais molinho por fora ! dreno misto de Montenegro (?). - Supõe que tem uma lesão no pâncreas ! aborda pela grande curvatura do estomago, que está grudado no cólon, tem o pequeno omento (ligamento gastro hepático) e o pâncreas está atrás ! tem as artérias gastroepiploica D e E ! entra com uma pinça, vai dissecando por fora da artéria e da veia, vai ligando os vasos, rebate o estômago e cai em cima do pâncreas. - Supõe que quer entrar na 2 e 3ªporção do duodeno ! duodeno passa em baixo da borda do pâncreas ! descola toda a goteira parietocólica, descola tudo, levanta tudo, até chegar no duodeno (2-3ª porção). A 4ª porção passa no ângulo de Treitz. - Acesso da aorta do lado esquerdo ! abre, rebate tudo (manobra de Mattox), solta todo o colo até onde está o baço, solta tudo, rebate e cai na aorta. - Empacotamento ! enfia as compressas e tampona o fígado. Se for muito grande o sangramento, faz a manobra de Pringle ! disseca todo o pedículo e grampeia, ou disseca passa um cordão cardíaco, e puxa, parando o sangramento (porque está angulando a veia porta, a artéria hepática, diminuindo o sangramento – pode ficar 20 minutos, se precisar de mais tempo, solta um pouco para ter circulação hepática e não necrosar e depois já volta a puxar ganhando mais 20 minutos). - Sangrando a aorta e não tem tempo, paciente chocado ! abre a membrana frenoesofágica (na frente) e cai direto na aorta, e glampeia a aorta, para a circulação por um tempo, consegue observar onde está o sangramento e atuar ! clampeamento de aorta no hiato esofágico. - Gastroduodenopancreatectomia ! tirar o pâncreas, câncer na cabeça do pâncreas ! tem que tirar a cabeça do pâncreas, o colédoco distal o duodeno e parte do estômago, porque tem os linfonodos que são acometidos e a irrigação ! faz a manobra de Kocker ! puxa o colo, descola duodeno e já vê a parte superior da cabeça do pâncreas, observa a cava inferior, que passa atrás do duodeno. - A veia renal é curta a direita e longa a esquerda, porque a aorta está à esquerda. Se perder a veia renal esquerda é difícil de costurar, porque ela retrai e sangra muito, não tem muito espaço para passar a sutura. - Ureter direito e vasos gonadais direito. - Aorta, artéria ilíaca, ilíaca comum D/E, veia ilíaca. - Ureter passa por cima da veia e da artéria ! como diferenciar? Ureter quando ´´cutuca``, ele contrai. Veia e artéria não fazem isso. - Quatro quadrantes ! linha transumbilical ! quadrante inferior E, inferior D, superior E, superior D ! na classificação anglo-saxônica. • Escola europeia ! linha hemiclavicular D e E, espinha ilíaca ântero-superior uma linha, bordo da 10ª costela outra linha, divide a parede abdominal em 9 regiões ! hipocôndrio D, epigátrio, hipocôndrio E, flanco E, mesogástrio, flanco D, fossa ilíaca D, hipogástrio, fossa ilíaca E. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 46 Cirurgia I PRÁTICA - Diagnóstico anatômico ! saber em qual quadrante está. Exemplo: dor no epigástrio ! pele, musculatura, grande epíplon, cólon transverso, estomago, pâncreas, duodeno 1ª porção, fígado, aorta, etc... - Região inguinal tem uma anatomia especial: • Prega inguinal E / D. • Tudo que está abaixo ! região crural ou femoral. • Tudo que está em cima (entre o púbis e a prega) ! região inguinal. • Veia femoral, artéria femoral, nervo femoral (nervo ! artéria ! veia). Veia é mais interna. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 47 Cirurgia I PRÁTICA Aula 06 - Estomas. Introdução: - A estomia ou estomia é um procedimento cirúrgico que consiste na exteriorização de parte do sistema respiratório, digestório e urinário, criando uma abertura artificial (orifício) entre os órgãos internos e o meio externo. • Estoma = boca. • Comunicação intencional entre um órgão ou uma luz de um órgão com um meio que antes não se comunicava. - Ou seja, qualquer anastomose é uma estomia. • Estabelecimento do estoma: com ou sem auxilio de dispositivo/ tubo. - Entre viscera oca e pele. - Entre viscera oca e viscera oca. Estomia respiratória: - Traqueostomia: procedimento cirúrgico que permite a comunicação direta da traqueia com o meio externo. • Colocação cirúrgica de uma cânula na região da traqueia que pode ser definitiva ou temporária. - Pele —> cânula —> traqueia. • Pode ser realizada em qualquer faixa etária. • Operação de fácil execução. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 48 Cirurgia I PRÁTICA Estomia de alimentação: - A gastrostomia é um procedimento cirúrgico que permite acesso à câmara gástrica pela parede abdominal com a criação de uma abertura artificial do estômago. • Sonda pela luz gástrica para garantir a alimentação do paciente. • Estômago —> sonda —> pele. • Para alimentação de médio e longo prazo em pacientes com dificuldade de ingestão por VO. - Pode ser qualquer alimento batido no liquidificador, pois na gastrostomia há a ação do suco gástrico sobre o alimento introduzido. • Indicação: pacientes que não podem comer pela boca por qualquer razão e que podem ir pra casa, pacientes com tumor irressecável de cabeça e pescoço ou naqueles que tem disfagia neurológica com broncoaspiração de repetição. • Complicações: - Mortalidade relacionada ao procedimento (0 a 2%). - Mortalidade após 30 dias (6,7 a 26%). - Complicações agudas: • Aspiração. • Hemorragia. • Perfuração. • Risco de hipóxia e hipoperfusão. - Complicações tardias: • Infecção dos sítios de gastrotomia. • Irritação periestomia. - Já uma jejunostomia também é considerada uma estomia de alimentação e a sonda é colocada no intestino delgado. • No jejuno proximal. • Pele —> sonda —> jejuno proximal. • O alimento injetado pode ter maior densidade, permitindo o uso de dietas artesanais com mais liberdade. • !! A jejunostomia só aceita dieta prepara industrial, devido à barreira gástrica que o alimento não acaba passando !! - Devem sem alimentos isosmolares (para não causar diarreia osmótico) e alimentos preparados para não causar infeção/ sepse. • Indicações: paciente cirúrgico que precisa preservar o estômago (ex: CA de esófago), pós operatório (para fístulas). - Podem ser realizadas via endoscópica, por laparoscopia ou laparotomia. Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 49 Cirurgia I PRÁTICA Estomas derivativos: - São a ileostomia e a colostomia. - Pode ser: • Terminal: boca terminal. - A boca inteira do órgão exteriorizado vai para o meio externo. - A boca inteira é exteriorizada e invaginada para ficar com grande parte da mucosa exposta. • Dermatite periostomal: quando o conteúdo do intestino cai sobre a pele. Por isso deixamos a mucosa exposta. • Em alça: parede lateral/ duas bocas. - Quando exterioriza a alça, corta ela, e deixa para fora as duas bocas que se formaram, separadas entre elas. - Descompressão a montante e a jusante. - Ileostomia (íleo distal): • Íleo —> pele. • Exteriorização da alça para ela esvaziar. • Conteúdo diarreico. • Indicação: obstrução grave que precisa esvaziar proximal e distal por alguma situação. • Isteomileoproteção: para descomprimir transito intestinal (por ex: após uma cirurgia anorretal). - Colostomia: conteúdos de fezes. • Pode ser feita em qualquer lugar do cólon. - Sigmoidostomia (melhor território). - Transversostomia. - Cecostomia. • Indicação depende do local da obstrução —> mobilizar a alça intestinal para perto do abdome (colostomia em alça). - Fora do cenário obstrutivo, uma outra indicação é quando há ressecção de um território intestinal sem anastomose (colostomia terminal) Catarina Alipio XXII-B Isabella Occhiuto XXII-B Página 50
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