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1 @focanaciencia MICROBIOLOGIA: VIROLOGIA 2 @focanaciencia SUMÁRIO 1. Microbiologia ............................................................................................................... 3 1.1. Breve histórico da Microbiologia............................................................................................................... 5 1.2. Grupos de microrganismos ................................................................................................................... 13 1.3. Importância da microbiologia ................................................................................................................. 16 2. Vírus .......................................................................................................................... 18 2.1. Vírus, seres vivos ou não? ..................................................................................................................... 21 2.2. Breve histórico da virologia ....................................................................................................................26 2.3. Estrutura viral .........................................................................................................................................35 2.4. Taxonomia dos vírus ..............................................................................................................................48 2.5. Multiplicação viral ...................................................................................................................................54 2.5.1. Replicação de vírus DNA e RNA ....................................................................................................65 2.6. Importância dos vírus .............................................................................................................................68 3. Referências Bibliográficas ..........................................................................................75 3 @focanaciencia 1. MICROBIOLOGIA Microbiologia é o ramo da ciência que estuda os microrganismos, ou seja, seres vivos de tamanho pequeno, cujas dimensões não permitem que sejam observados a olho nu pelo homem. Assim, eles só podem ser visualizados ao microscópio. O termo microbiologia vem do grego mikros, que significa “pequeno” e bio e logos, “estudo da vida”. Dessa forma, essa área da Biologia pesquisa todos os aspectos dos microrganismos e suas atividades biológicas, isto é, verificam as diversas formas, estruturas, reprodução, 4 @focanaciencia aspectos bioquímico-fisiológicos, e seu relacionamento entre si e com o hospedeiro, podendo ser benéficos e prejudiciais. Independente da complexidade de um organismo qualquer, a célula é a unidade básica da vida. Todas as células vivas são constituídas, basicamente, por: protoplasma ou citoplasma (do grego: primeira substância formada), complexo orgânico coloidal constituído principalmente de proteínas, lipídeos e ácidos nucléicos; membranas celulares ou plasmáticas, podendo existir uma estrutura externa a ela denominada parede celular; e um núcleo ou uma região nuclear equivalente, onde se pode encontrar o material genético daquele organismo. 5 @focanaciencia De forma geral, todos os sistemas biológicos possuem as seguintes características comuns: 1) capacidade de reprodução, visando perpetuar a espécie; 2) capacidade de ingestão ou assimilação de substâncias alimentares, visando a obtenção de energia e de crescimento; 3) habilidade de excreção de produtos tóxicos; 4) capacidade de reagir ou se adaptar às alterações do meio ambiente; e 5) susceptibilidade a mutações. 1.1. Breve histórico da Microbiologia 6 @focanaciencia Mesmo sem saber do que se tratava, a microbiologia sempre despertou a curiosidade dos homens, desde a época primitiva, quando tentavam entender doenças e seus modos de transmissão. Com o passar do tempo e a observação inerente à espécie, os seres humanos notaram que alguns alimentos se modificavam quando guardados em solo úmido ou frio, mas ainda o que estava ocorrendo não era conhecido. Um exemplo clássico é a produção de vinho e laticínios, que data da antiguidade, e a humanidade já se utilizavam dos microrganismos, mesmo sem ter consciência daquele fato. Em 1546, o monge e médico italiano Girolamo Fracastoro (1483- 1553) divulgou o livro “De contagione et contagionis” que tratava de seus 7 @focanaciencia estudos sobre doenças contagiosas. A existência de germes vivos seria responsável pelas doenças contagiosas, segundo ele. No entanto, suas teorias não tiveram sucesso pois as doenças eram consideradas “castigos divinos” e, por isso, a origem das doenças contagiosas ficou apenas no campo das especulações. Em 1665, com o aprimoramento (e a popularização) do microscópio, o cientista inglês Robert Hooke publicou a obra “Micrographia”, onde desenvolveu importantes estudos sobre 8 @focanaciencia Microbiologia. Ele foi o primeiro cientista a observar tecidos vivos no microscópio aprimorado por ele. Réplica do microscópio desenvolvido por Hooke, desenho feito por ele ao analisar pedaços de cortiça e uma lâmina de cortiça. Os compartimentos visualizados por Hooke eram, na verdade, apenas o envoltório das células vegetais, pois a cortiça é um tecido morto. 9 @focanaciencia “Micrographia” era uma obra de extrema peculiaridade onde se encontravam postulados sobre o estudo de organismos vivos e, ao mesmo tempo, descrevia a eficácia de alguns instrumentos criados para o desenvolvimento de pesquisas laboratoriais. As mesmas páginas que descreviam estruturas de aves e insetos, também se destacavam pela construção de um microscópio móvel e outros diversos instrumentos laboratoriais de medição e leitura. Em parte do livro, Hooke ainda trabalha com um primeiro conceito de célula ao descrever a estrutura constitutiva de uma cortiça e sugere que animais e plantas, por mais complexos que sejam, eram compostos de partes elementares repetidas. 10 @focanaciencia Porém, considera-se que a Microbiologia deu seus primeiros passos, de fato, entre 1673 e 1723, com o comerciante de tecidos e cientista holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723), que também observou tudo que lhe caia nas mãos em um outro microscópio (simples, mas eficaz) por ele inventado. Leeuwenhoek é, para alguns, considerado o inventor do microscópio e, para outros, o aperfeiçoador deste aparelho. Foi também ele que, ao final do século XVII, identificou pela primeira vez a levedura como um ser vivo, parte integrante da produção de bebidas fermentadas. Desta 11 @focanaciencia forma, considerá-lo como o precursor da microscopia – ou, pelo menos, um importante pesquisador desta área – é um referencial justo e coerente. Seu microscópio consistia em uma lente simples e bastante pequena e foi com esse modelo que descreveu: os procariontes; o espermatozoide de insetos, cães e humanos; fibras musculares; glóbulos vermelhos; capilares sanguíneos; protozoários; rotíferos e o parasita intestinal Giardia lamblia, isolada de suas próprias fezes. Além disso, realizou os primeiros 12 @focanaciencia estudos descritivos da embriologia de alguns animais marinhos e conseguiu provar que até os seres mais simples se reproduzem. O químico francês Louis Pasteur (1822-1895) foi o primeiro a estudar os microrganismos de maneira mais sistemática, criando os primeiros métodos preventivos de doenças, como a vacinação, a soroterapia, entre outros. Considerado o “Pai da Microbiologia”, ele ajudou a esclarecer muitas questões relacionadas ao surgimento dos seres microscópicos e cura das doenças. A partir daí, a ciência continuou evoluindo, os microscópios se 13 @focanaciencia desenvolveram, surgiram, porexemplo, as técnicas de esterilização, de citologia e o cultivo de microrganismos. 1.2. Grupos de Microrganismos Os microrganismos são seres invisíveis à olho nu, sendo necessários instrumentos de aumento para que possam ser vistos. Fazem parte desse universo microscópico os vírus, as bactérias, os protozoários e algumas espécies de fungos. 14 @focanaciencia Os vírus são seres acelulares, considerados parasitas obrigatórios, que se instalam no interior das células a fim de usar o aparato metabólico delas em seu favor. São responsáveis por causar diversas doenças graves no homem, como HIV, febre amarela, caxumba, varíola, entre outras. Porém, também podem ser usados em benefício dos homens como em controles biológicos de pragas, por exemplo. As bactérias são seres unicelulares e procariontes, encontradas em praticamente todos os ambientes terrestres e dentro de 15 @focanaciencia outros seres vivos. Apresentam formas parasitas que causam doenças importantes no homem, como tuberculose e sífilis, mas também estão presentes no cotidiano da humanidade sendo utilizadas na fabricação de queijos, iogurtes, vinhos e outras atividades de grande importância. Os protozoários fazem parte do Reino Protoctista, são eucariontes, unicelulares e heterotróficos. Também causam algumas doenças de grande importância para o homem, como a amebíase, doença de chagas e malária. Já os fungos podem ser micro ou macroscópicos, dependendo da sua espécie. Além disso, podem ser unicelulares ou pluricelulares, eucariontes e heterótrofos. Alguns tipos de fungos são encontrados em 16 @focanaciencia diversos ambientes, como água, vegetais, solo, detritos, e utilizados para diversos fins, como culinária, medicina e produtos. Outros são considerados parasitas e transmitem patogêneses como candidíase, micose, histoplasmose, entre outros. 1.3. Importância da Microbiologia A Microbiologia é uma área da Biologia que tem grande importância seja como ciência básica ou aplicada. Quando destacada como ciência básica, pode-se incluir os estudos fisiológicos, bioquímicos e moleculares dos microrganismos. 17 @focanaciencia Quando é considerada como ciência aplicada, pode-se destacar os processos industriais, controle de doenças, de pragas, produção de alimentos, dentre outras. Sem dúvidas, o desenvolvimento da humanidade foi impactado positivamente com o estudo dos dessa área. A partir da descoberta das causas e formas de transmissão das doenças, além dos métodos preventivos como vacinas, medicamentos e soros, por exemplo, foi possível aumentar a qualidade e a expectativa de vida dos seres humanos. Outro benefício importante tem relação com a tecnologia de alimentos, por meio dos processos de conservação e fermentação dos 18 @focanaciencia produtos alimentícios. Além disso, a possibilidade de evitar patologias nos animais, bem como a microbiologia do solo, que permite a conservação dos fatores biológicos e uma degradação menor do solo, também foram importantes para a evolução de todos os seres vivos que compõem o planeta. 19 @focanaciencia 2. VÍRUS Os vírus são seres muito simples e pequenos (medem menos de 0,2 µm), formados basicamente por uma cápsula proteica envolvendo o material genético, que, dependendo do tipo de vírus, pode ser o DNA, RNA ou os dois juntos (citomegalovírus). 20 @focanaciencia A palavra vírus vem do latim virus que significa “fluído venenoso”, “veneno” ou “toxina”. Atualmente, é utilizada para descrever os vírus biológicos, além de designar, metaforicamente, qualquer coisa que se reproduza de forma parasitária, como ideias. O termo vírus de computador nasceu por analogia. A palavra vírion ou víron é usada para se referir a uma única partícula viral que estiver fora da célula hospedeira. Das 1.739.600 espécies de seres vivos conhecidos, os vírus representam 3.600 espécies. 21 @focanaciencia Vírus é uma partícula basicamente proteica que pode infectar organismos vivos. Vírus são parasitas obrigatórios do interior celular e isso significa que eles somente se reproduzem pela invasão e possessão do controle da maquinaria de autorreprodução celular. O termo vírus geralmente refere-se às partículas que infectam eucariontes (organismos cujas células têm carioteca), enquanto o termo bacteriófago ou fago é utilizado para descrever aqueles que infectam procariontes (domínios bacteria e archaea). 2.1. Vírus, seres vivos ou não? 22 @focanaciencia Vírus não têm qualquer atividade metabólica quando fora da célula hospedeira: eles não podem captar nutrientes, utilizar energia ou realizar qualquer atividade biossintética. Eles obviamente se reproduzem, mas diferentemente de células, que crescem, duplicam seu conteúdo para então dividir-se em duas células filhas, os vírus replicam-se através de uma estratégia completamente diferente: eles invadem células, o que causa a dissociação dos componentes da partícula viral; esses componentes então interagem com o aparato metabólico da célula hospedeira, subvertendo o metabolismo celular para a produção de mais vírus. 23 @focanaciencia Há grande debate na comunidade científica sobre se os vírus devem ser considerados seres vivos ou não, e esse debate é primariamente um 24 @focanaciencia resultado de diferentes percepções sobre o que vem a ser vida, em outras palavras, a definição de vida. Aqueles que defendem a ideia que os vírus não são vivos argumentam que organismos vivos devem possuir características como a habilidade de importar nutrientes e energia do ambiente, devem ter metabolismo (um conjunto de reações químicas altamente inter-relacionadas através das quais os seres vivos constroem e mantêm seus corpos, crescem e performam inúmeras outras tarefas, como locomoção, reprodução, etc.); organismos vivos também fazem parte de uma linhagem contínua, sendo necessariamente originados de seres semelhantes e, através da reprodução, gerar outros seres semelhantes (descendência ou prole), etc. 25 @focanaciencia Os vírus preenchem alguns desses critérios: são parte de linhagens contínuas, reproduzem-se e evoluem em resposta ao ambiente, através de variabilidade e seleção, como qualquer ser vivo. Porém, não têm metabolismo próprio, por isso deveriam ser considerados "partículas infecciosas", ao invés de seres vivos propriamente ditos. Muitos, porém, não concordam com essa perspectiva, e argumentam que uma vez que os vírus são capazes de reproduzir-se, são organismos vivos; eles dependem do maquinário metabólico da célula hospedeira, mas até aí todos os seres vivos dependem de interações com outros seres vivos. Outros ainda levam em consideração a presença massiva de vírus em todos os reinos do mundo natural, sua origem – aparentemente tão 26 @focanaciencia antiga como a própria vida – sua importância na história natural de todos os outros organismos, etc. Diferentes conceitos a respeito do que vem a ser vida formam o cerne dessa discussão. Definir vida tem sido sempre um grande problema, e já que qualquer definição provavelmente será evasiva ou arbitrária, dificultando assim uma definição exata a respeito dos vírus. 2.2. Histórico da virologia A natureza patente dos vírus sempre teve seu impacto em todo o mundo vivo. Doença virais podem ser encontradas nas plantas, 27 @focanaciencia artrópodes, protozoa e bactérias, bem como em animais de todos os tipos. Embora um conhecimento mais detalhado de suas propriedades físico-químicas e biológicas seja, de alguma forma, recente, os vírus são nenhum fenômeno moderno. Eles são encontrados em uma grande diversidade de ambientes, como no solo, na água doce, no mar, no ar, na superfície e no interior dos organismos e nos materiais em decomposição.28 @focanaciencia A identificação do agente causador da doença de mosaico do tabaco como um micróbio patogênico novo pelo microbiologista holandês Martinus Willem Beijerinck é reconhecida hoje como sendo a fundação da virologia. Contudo, como isto era bastante controverso, demorou muitos anos para que a virologia fosse reconhecida como um campo de estudo dentro da microbiologia. O que é conhecido atualmente como os vírus, inicialmente, foram identificados quando perceberam que determinados micróbios patogênicos poderiam passar através dos filtros capazes de barrar as 29 @focanaciencia bactérias. Em 1887, o químico que francês Louis Pasteur fez esta observação com o vírus causador da hidrofobia (doença popularmente conhecida como raiva), mesmo que ele não tivesse consciência desse fato. Em 1886, o químico alemão Adolf Eduard Mayer descobriu que a doença de mosaico do tabaco poderia ser transmitida às plantas saudáveis se fossem inoculadas nelas os extratos da seiva das folhas de plantas doentes. Embora não conseguisse identificar o micróbio patogênico, Mayer estava certo de que seu micróbio tem que ser uma bactéria muito incomum. 30 @focanaciencia Vale lembrar que não é justo atribuir a descoberta das partículas virais apenas à Mayer, pois um cientista russo, Dmitrii Iosifovich Ivanowsky, reconheceu primeiramente uma “entidade” filtrável, submicroscópica em tamanho e diferente da bactéria como a possível causa da doença de mosaico do tabaco. Ele instituiu o termo “agente filtrável” para descrever tais organismos antes que o termo “vírus” fosse utilizado. A natureza filtrável do vírus de mosaico de tabaco foi confirmada por Beijerinck, mas suas tentativas de isolar com sucesso o vírus eram infrutíferas. Em 1898, propôs uma teoria de fluido vivo contagioso e 31 @focanaciencia sugeria que este agente poderia somente se reproduzir dentro das células. Então, esta ideia era bastante inovadora e inédita. Somente em 1935, Wendell Stanley demostrou o organismo, chamado de vírus do mosaico do tabaco em inglês Tobacco mosaic vírus (TMV) que causava a doença e era diferente dos demais micróbios. Stanley demostrou a natureza química do TMV, cristalizando o vírus como um composto químico e observou que ele continuava infeccioso. 32 @focanaciencia À esquerda, uma folha comprometida com o mosaico do tabaco. Ao centro, micrografia eletrônica das partículas de Tobacco mosaic vírus (TMV) coradas para obtenção de melhor visibilidade, com ampliação de 160.000x. à direita, uma representação esquemática do TMV. Tanto Mayer e Ivanowsky, quanto Beijerinck contribuiu com a revelação de um novo paradigma e conceito: um agente filtrável 33 @focanaciencia demasiado pequeno para ser observado pela fotomicroscopia, mas capaz de causar a doença multiplicando em células vivas. Em 1898, Friedrich Loeffler e Paul Frosch descreveram o primeiro agente filtrável dos animais (o vírus da febre aftosa), e Walter Reed e sua equipe em Cuba reconheceu o primeiro vírus filtrável humano – vírus de febre amarela. O vírus do termo (oriundo do latim veneno ou líquido viscoso) foi utilizado a partir de, aproximadamente, 1930 para esses agentes infecciosos, inclusive sendo aplicado ao vírus de mosaico de tabaco também. 34 @focanaciencia Mais tarde este termo tornou-se restrito ao uso de agentes que cumpriram os critérios desenvolvidos por Mayer, por Ivanowsky e por Beijerinck, que eram os primeiros agentes para causar uma doença que não poderia ser provada usando os postulados de Koch clássico. Uma vez estabelecido o conceito de vírus e utilizado critérios para separá-los de outros microrganismos, o procedimento experimental foi aplicado a muitos tecidos doentes a fim de descobrir o agente causador das doenças neles presentes. Até o fim do primeiro trimestre do século XX, mais de 65 doenças dos animais e dos seres humanos tinham sido atribuídas aos vírus. 35 @focanaciencia A partir de 1940, com o desenvolvimento do microscópio, os microbiologistas puderam observar a estrutura viral em detalhe. Os avanços e inclusões de novas técnicas moleculares permitiram a identificações de diversos vírus que infectam humanos, entre eles o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e o vírus da Hepatite C. Atualmente, muito se sabe sobre a estrutura, atividade e multiplicação de diversos vírus que infectam humanos, animais e plantas. 2.3. Estrutura viral 36 @focanaciencia Existem muitos tipos diferentes de vírus no mundo. Eles variam muito em tamanho, formatos e ciclo de vida. Os vírus possuem algumas características em comum, que incluem: • Um cápsula proteica protetora ou capsídeo • Um genoma de ácido nucleico feito de DNA ou RNA, dobrado dentro do capsídeo 37 @focanaciencia • Uma camada de membrada chamada de envelope (alguns, mas não todos os vírus). 38 @focanaciencia CAPSÍDEO VIRAL O capsídeo, ou cápsula proteica, de um vírus é formado por muitas moléculas de proteínas (não apenas uma grande). As proteínas se juntam para formar unidades denominadas capsômeros, que juntas formam o capsídeo. As proteínas do capsídeo são sempre codificadas pelo genoma do vírus, ou seja, é o vírus (não a célula hospedeira) que fornece as instruções para a sua produção. Os capsídeos podem ter várias formas, mas normalmente, assumem um dos seguintes formatos (ou variação desses formatos): 39 @focanaciencia 1. Icosaédrico – capsídeos icosaédrico possuem 20 lados e são nomeados com base no polígono de 20 lados icosaedro. 2. Filamentoso – capsídeos filamentosos recebem esse nome por sua aparência linear e fina. Também podem ser chamados de cilíndricos ou helicoidais. 3. Cabeça-cauda - estes capsídeos são um tipo híbrido entre forma filamentosa e icosaédrica. Eles consistem basicamente de uma cabeça icosaédrica ligada a uma cauda filamentosa. 40 @focanaciencia 41 @focanaciencia 42 @focanaciencia ENVELOPE VIRAL Além do capsídeo, alguns vírus têm também uma membrana lipídica externa que envolve todo o capsídeo conhecida como envelope. Vírus com envelopes não fornecem instruções para os envelopes de lipídios. Em vez disso, eles "tomam emprestado" um pedaço das membranas hospedeiras em seu caminho para fora da célula. Os envelopes, no entanto, contêm proteínas que são 43 @focanaciencia especificadas pelo vírus, as quais, muitas vezes, ajudam as partículas virais a se ligarem às células hospedeiras. Apesar dos envelopes serem comuns, principalmente entre vírus de animais, não são todos os vírus que o possuem (ou seja, eles não são uma característica universal dos vírus). GENOMAS VIRAIS Todos os vírus possuem material genético (um genoma) feito de ácido nucleico. Os humanos, como todas as outras vidas celulares, 44 @focanaciencia usam o DNA como material genético. Os vírus, por outro lado, podem usar tanto o RNA como o DNA, ambos dos quais são tipos de ácidos nucléicos. Muitas vezes pensa-se no DNA como sendo de cadeia dupla e no RNA como sendo de cadeia única, já que normalmente isso é o que acontece em nas células. Entretanto, os vírus podem apresentar todas as combinações possíveis de encadeamento e do tipo de ácido nucleico (DNA de cadeia dupla, RNA de cadeia dupla, DNA de cadeia única ou RNA de cadeia única). Os genomas virais também se apresentam em várias formas, tamanhos e variedades, embora sejam geralmente muito menores do que os genomas de organismos celulares. 45 @focanaciencia Curiosamente, os vírus de DNA e RNA sempre utilizam o mesmo código genético das células vivas. Se não fosse assim, eles não teriam como reprogramar as células hospedeiras! 46 @focanaciencia De acordo como tipo de ácido nucleico, com a forma do capsídeo e também pelos organismos que eles são capazes de infectar, os vírus possuem classificações diferentes. Veja os exemplos a seguir. • Adenovírus: formados por DNA, por exemplo o vírus da pneumonia. • Retrovírus: formados por RNA, por exemplo o vírus HIV. 47 @focanaciencia • Arbovírus: transmitidos por insetos, por exemplo o vírus da dengue. • Bacteriófagos ou fago: vírus que infectam bactérias. 48 @focanaciencia • Micófagos: vírus que infectam fungos. 2.4. Taxonomia dos vírus A taxonomia dos vírus é bastante complexa devido às particularidades das partículas virais e a difícil identificação de características de similaridade. Existe desde 1966 um comitê internacional de taxonomia de vírus (CITV) que periodicamente trabalha na inclusão e agrupamento dos vírus. Quando novas técnicas de 49 @focanaciencia caracterização de vírus são desenvolvidas e estabelecidas na comunidade científica, novos grupamentos podem surgir. A classificação mais antiga dos vírus é baseada na sintomatologia. Esse sistema não é aceitável cientificamente, porque o mesmo vírus pode causar mais do que uma doença. Além disso, esse sistema agrupa artificialmente vírus que não infectam seres humanos. Os virologistas atualmente têm agrupado os vírus em famílias baseado: (1) no tipo de ácido nucléico, (2) no modo de replicação e (3) na morfologia. O sufixo – vírus é usado para os gêneros enquanto as famílias recebem o sufixo – viridae; a nomenclatura das ordens termina em – ales. 50 @focanaciencia No uso formal, os nomes das famílias e dos gêneros são utilizados da seguinte maneira: Família Herpesviridae, gênero Simplexvirus, vírus do herpes humano tipo 2. Uma espécie viral compreende um grupo de vírus que compartilham a mesma informação genética e o mesmo nicho ecológico (espectro de hospedeiros). Epítetos específicos não são usados. Dessa forma, as espécies virais são designadas por nomes descritivos vulgares, por exemplo, vírus da imunodeficiência humana (HIV) e, as subespécies (se existirem), são designadas com um número (HIV-1). Podemos destacar como as principais famílias de vírus patogênicos para o homem as seguintes: 51 @focanaciencia • Familia Parvoviridae gênero Parvovírus humano; • Família Adenoviridae gênero Mastadenovirus; • Família Papovaviridae gênero Papillomavirus; • Família Poxviridae gênero Orthopoxivirus; • Família Herpesviridae gêneros Simplexvirus, Varicelovirus, Lymphocryptovirus, Cytomegalovirus, Roseolovirus, Sarcoma de Kaposi; • Família Hepadnaviridae gênero Hepadnavirus; • Família Picornaviridae gêneros Enterovírus, Rhinovirus; • Família Caliciliridae gênero Vírus da Hepatite E; • Familia Togaviridae gêneros Alfavirus, Rubilivirus; 52 @focanaciencia • Família Flaviviridae gêneros Flavivirus, Pestivirus, vírus da hepatite C; • Família Coronaviridae gênero Coronavirus; • Família Rabdoviridae gêneros Vesiculovirus, Lyssavirus; • Família Filoviridae gênero Filavirus; • Família Paramixoviridae gêneros Paramixovirus, Morbilivirus • Família Deltaviridae gênero Hepatite D; • Família Orthomixoviridae gênero Influenzavirus; • Família Bunyaviridae gêneros Bunyavirus, Hantavirus; • Família Arenaviridae gênero Arenavirus; • Família Retroviridae gêneros Oncovirus, Lentivirus; 53 @focanaciencia • Família Reoviridae gêneros Reovirus, Rotavirus. A classificação atual contém 3 ordens, 56 famílias, 9 subfamílias, 233 gêneros e 1.550 espécies. A taxonomia viral tem uma importante finalidade prática, uma vez que a identificação de um número limitado de características biológicas, tais como a morfologia do vírion, a estrutura do genoma ou as propriedades antigênicas, fornece um foco para a rápida identificação de um agente desconhecido para o clínico ou para o epidemiologista e pode ter um impacto significativo sobre a investigação suplementar de um tratamento ou prevenção das doenças virais. 54 @focanaciencia 2.5. Multiplicação viral O ácido nucléico do vírus possui poucos genes necessários para a síntese de novos vírus. Entre esses, estão os genes que codificam componentes estruturais, como as proteínas do capsídeo e genes que codificam algumas das enzimas usadas no ciclo de replicação viral. Essas enzimas são sintetizadas e funcionam somente quando o vírus está dentro da célula hospedeira. As enzimas virais estão quase que exclusivamente envolvidas na replicação e no processamento do ácido nucléico viral. As enzimas necessárias para a síntese proteica, os ribossomos, o RNA 55 @focanaciencia transportador (tRNA) e a energia são fornecidos pela célula hospedeira e são usados na síntese de proteínas e enzimas virais. Assim, para que um vírus se multiplique, ele precisa invadir a célula hospedeira e tomar conta da sua maquinaria metabólica. Um único vírion pode originar, em uma única célula hospedeira, desde alguns até milhares de partículas virais semelhantes. Esse processo pode alterar drasticamente a célula hospedeira, podendo até mesmo causar sua disfunção e morte. Embora possa variar a maneira pela qual um vírus penetra e se replica dentro da célula hospedeira, o mecanismo básico é muito 56 @focanaciencia semelhante para todos os vírus. O ciclo melhor conhecido é o dos bacteriófagos. Os fagos podem se replicarem por dois mecanismos alternativos: o ciclo lítico ou o ciclo lisogênico. O ciclo lítico termina com a lise e a morte da 57 @focanaciencia célula hospedeira enquanto que no ciclo lisogênico a célula permanece viva. O ciclo de replicação dos fagos e dos demais vírus ocorre em cinco estágios distintos: ancoragem, adsorção ou aderência, penetração, biossíntese, maturação e liberação. ADERÊNCIA, ADSORÇÃO OU ANCORAGEM: Após uma colisão ao acaso entre as partículas fágicas e as bactérias, ocorre a adsorção. Durante este processo, um sítio de aderência no vírus se ancora ao sítio receptor complementar na bactéria. Os bacteriófagos possuem fibras na 58 @focanaciencia extremidade da cauda que servem como sítios de aderência. Os sítios receptores complementares estão na parede bacteriana. PENETRAÇÃO: Após a aderência, os bacteriófagos injetam seu DNA (ácido nucléico) dentro da bactéria. Para isso, a cauda do bacteriófago libera uma enzima, a lisozima, que destrói uma parte da parede bacteriana. Durante o processo de penetração, a bainha da cauda se contrai, e o centro da cauda atravessa a parede celular. Quando a 59 @focanaciencia ponta da cauda alcança a membrana plasmática, o DNA da cabeça do fago passa para a bactéria, através do lúmen da cauda e da membrana plasmática. O capsídeo permanece do lado de fora. BIOSSÍNTESE: Assim que o DNA do bacteriófago alcança o citoplasma da célula hospedeira, inicia-se a biossíntese do ácido nucléico e das proteínas virais. A síntese proteica do hospedeiro é interrompida pela degradação do seu RNA induzida pelo vírus, pela ação de proteínas virais que interferem com a transcrição, ou pela inibição da tradução. O fago usa, inicialmente, nucleotídeos e várias enzimas do hospedeiro para sintetizar muitas cópias do seu DNA. Logo a seguir se inicia a biossíntese das proteínas virais. Todo o RNA transcrito é o RNA 60 @focanaciencia mensageiro (mRNA) do bacteriófago que sintetiza enzimas virais e proteínas do capsídeo viral. Os ribossomos, as enzimas e os aminoácidos do hospedeiro são usados na tradução. Controles genéticos regulam a transcrição de diferentes regiões do DNA do fago durante o ciclo de multiplicação. Por exemplo, mensagens precoces são traduzidas em proteínas virais precoces, que são as enzimas usadas na síntese do DNA viral. Da mesma forma, mensagens tardias são traduzidas em proteínas tardias usadasna síntese das proteínas do capsídeo. Durante vários minutos após a infecção, não são encontrados na célula hospedeira fagos completos. Somente podem ser detectados componentes isolados – DNA e proteína virais. Durante a 61 @focanaciencia multiplicação viral, chama-se período de eclipse, aquele em que ainda não estão formados os vírions completos e infectivos. MATURAÇÃO: Nesse processo, vírus completos são formados a partir do DNA e dos capsídeos. Outros componentes virais se organizam espontaneamente formando as partículas virais, eliminando a necessidade de muitos genes não-estruturais e de outros produtos gênicos. As cabeças e as caudas são montadas separadamente a partir de subunidades proteicas: a cabeça é preenchida com DNA viral e se une à cauda. LIBERAÇÃO: O estágio final da replicação viral consiste na liberação dos vírions da célula hospedeira. O termo lise é geralmente usado para 62 @focanaciencia esse estágio da replicação dos fagos porque, nesse caso, a membrana plasmática se rompe (lisa). A lisozima, que é codificada pelo genoma do fago, é sintetizada dentro da célula e destrói a parede celular, liberando os bacteriófagos recém-produzidos. Os fagos liberados infectam novas células nas proximidades, e o ciclo de multiplicação se repete. Alguns vírus, ao contrário dos bacteriófagos, não causam lise nem a morte da célula hospedeira após a infecção. Esses fagos lisogênicos (também chamados de fagos temperados) podem realizar um ciclo lítico, mas eles também são capazes de incorporar seu DNA ao da célula hospedeira para iniciar um ciclo lisogênico. Na lisogenia, o fago 63 @focanaciencia permanece latente inativo. As células bacterianas hospedeiras, nesse caso, são conhecidas como células lisogênicas. O DNA do fago, originalmente linear, forma um círculo. Esse círculo pode multiplicar-se e ser transcrito, levando à produção de novos fagos e à lise celular (ciclo lítico). Mas alternativamente, o círculo pode sofrer recombinação e se tornar parte do DNA do cromossomo da bactéria (ciclo lisogênico). O DNA do fago inserido chama-se agora profago. A maioria dos genes do profago é reprimida por duas proteínas repressoras codificadas pelo genoma do fago. Esses repressores ligam- se aos operadores, interrompendo, dessa forma, a transcrição de todos os outros genes do fago. Assim são desligados os genes do fago que 64 @focanaciencia conduziriam à síntese e à liberação de novos vírus, da mesma forma que são desligados os genes da bactéria. 65 @focanaciencia 2.5.1. REPLICAÇÃO DE VÍRUS DNA E RNA A replicação dos vírus animais e de plantas segue um padrão básico da replicação dos bacteriófagos, mas apresenta algumas diferenças importantes como: • Os sítios de ancoragem são proteínas da membrana plasmática e envoltório viral; • O capsídeo entra por endocitose ou por fusão; • A decapsidação ocorre por remoção enzimática das proteínas do capsídeo; • A biossíntese ocorre no núcleo ou no citoplasma; 66 @focanaciencia • Pode ocorrer latência, infecções lentas ou câncer; • A liberação ocorre por brotamento em vírus envelopados ou por lise da membrana plasmática nos vírus não-envelopados. Nos bacteriófagos seu mecanismo de entrada na célula hospedeira é diferente. Além disso, uma vez dentro da célula, a síntese e o arranjo dos novos componentes virais são ligeiramente diferentes, em parte devido às diferenças entre as células procarióticas e eucarióticas. Os vírus animais e de plantas possuem determinadas enzimas não encontradas nos fagos. Finalmente, existem diferenças entre os vírus animais, de plantas e os fagos quanto aos mecanismos de maturação e liberação e quanto aos efeitos sobre a célula hospedeira. 67 @focanaciencia Os vírus de RNA multiplicam-se essencialmente da mesma forma que os de DNA, exceto que os diferentes grupos utilizam vários mecanismos para a síntese de mRNA. Embora os detalhes desses mecanismos estejam fora do objetivo deste texto, é preciso entender que os vírus de RNA se multiplicam no citoplasma da célula hospedeira e as principais diferenças entre os processos de multiplicação desses vírus residem na forma como o mRNA e o RNA genômico viral são produzidos. Após a síntese do RNA e das proteínas virais, o processo de maturação é similar a todos os outros vírus animais e de plantas. 68 @focanaciencia 2.6. Importância dos vírus A humanidade tem utilizado microrganismos ao seu favor desde tempos longínquos. Com o passar dos anos, ela aprendeu como manusear fungos, bactérias, algas e microalgas como ferramentas biológicas na produção de diversos produtos, tais como: álcoois, fármacos, enzimas, pigmentos, óleos, alimentos, biopolímeros, entre outros. Mas e os vírus? Eles servem para mais alguma coisa além de causar doenças diversas? 69 @focanaciencia Com o passar dos anos, o homem tem acumulado conhecimentos sobre estruturas, funções e mecanismos biológicos e moleculares, o que têm dado novos significados e funções as estruturas virais. Listados abaixo estão algumas utilizações virais, mostrando a importância desses agentes para a humanidade. VACINAS: Pode-se dizer que o primeiro grande marco da utilização de vírus como ferramenta biológica, foi com o advento das vacinas. Em 1789, o naturalista e médico britânico Edward Jenner observou que pessoas que trabalhavam na ordenha de vacas com feridas de varíola nas mamas não desenvolviam varíola, surgindo então a ideia da vacina atenuada. 70 @focanaciencia Uma vacina pode ser considerada atenuada quando o patógeno está adaptado à infecção em uma determinada espécie e é utilizado na imunização de uma espécie diferente. Por exemplo, a varíola de vaca não infecta bem o ser humano, ao passo que o ser humano imunizado consegue produzir resposta imune de memória contra ambas as varíolas de vaca e humana. ENZIMAS VIRAIS: Um grande avanço na biotecnologia, sobretudo na área de biologia molecular, foi o advento da enzima Transcriptase Reversa (RT) dos Retrovírus (família do HIV). Essas enzimas são capazes de produzir DNA a partir de RNA. Com a aplicação da RT em reações em cadeia da polimerase (PCR), foi possível o desenvolvimento 71 @focanaciencia de diversas áreas da ciência, como em estudos de transcriptoma celular, da detecção molecular de vírus de RNA, do desenvolvimento de insetos para clonagem e expressão de proteínas recombinantes, entre outros. Outras enzimas também têm sido utilizadas em áreas diversas na biotecnologia, sobretudo com aplicação industrial, como exemplo da Lisina proveniente de vírus bacteriófago. VETORES VIRAIS – TRANSGENIA: Dentre as estratégias disponíveis para gerar células transgênicas, vetores virais têm sido cada vez mais utilizados. Este tipo de ferramenta consiste em uma estrutura viral infectante sem a capacidade de replicação que carrega como genoma a 72 @focanaciencia informação genética que deseja ser passada à célula alvo. Em outras palavras, é um veículo para entregar DNA/RNA à célula. Para gerar células transgênicas, muitos grupos de pesquisa fazem uso de vetores retrovirais, que, além do material genético desejado, também dispõem da enzima integrase, que é responsável por inserir o DNA do vetor ao DNA da célula alvo permanentemente. Através dos métodos de transfecção, moléculas de DNA contendo a informação genética da montagem de vetores são carreadas às células empacotadoras. Assim, essa técnica proporciona aos biotecnologistas a escolha de quais proteínas farão parte do capsídeo do vírus, quais serão 73 @focanaciencia as proteínas do envelope viral, sendo possível decidir, inclusive, se haverá material genético dentro do vetor ou não. Como exemplo do exposto acima, recentemente foi proposta uma vacina de vetor adenoviral para apresentação de proteínasdo Zika Vírus e ativação da resposta imunológica. Basicamente, utilizaram um vírus que melhor ativa a resposta imune para apresentar antígenos de um vírus menos imunogênico. VETORES VIRAIS – TERAPIA GÊNICA: Terapias gênicas consistem na edição do material genético (DNA) de células-alvo por inserção ou deleção de regiões, podendo ser utilizadas diversas ferramentas e estratégias de engenharia genética. Nesse âmbito, vetores virais têm 74 @focanaciencia sido utilizados principalmente no tratamento ex vivo, no qual as células são coletadas para edição gênica in vitro para então ser reinjetada ao organismo. Vale lembrar que essas são só algumas aplicações dos vírus e que, com o avanço da biotecnologia, provavelmente, no futuro, o homem encontrará novas funções para essas partículas. 75 @focanaciencia 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS American Society of Microbiology. Página inicial. Disponívem em <https://asm.org/>. Acesso em: 01 set. 2020. ARAGUAIA, Mariana. Anton Leeuwenhoek. Brasil Escola Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/biologia/anton-leeuwenhoek.htm>. Acesso em: 25 ago. 2020. AVILA-CAMPOS, Mario Julio. Introdução à microbiologia. 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