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CORROSÃO QUÍMICA DOS METAIS DEFINIÇÃO A corrosão química dos materiais metálicos acontece em meios eletroliticamente não condutores, em gases e em líquidos não eletrólitos. A oxidação ao ar seco não se constitui corrosão eletroquímica porque não há eletrólito (solução aquosa para permitir o movimento dos íons). OXIDAÇÃO SECA A oxidação seca dos metais é um processo complexo com reações na interface metal – óxido - oxigênio. 1.ESTÁGIO: adsorção do oxigênio Esquema da adsorção de oxigênio na superfície do metal OXIDAÇÃO SECA 2. ESTÁGIO: formação de uma película de óxido proveniente da reação de oxidação Comparação esquemática da adsorção química de oxigênio na superfície com a formação de uma camada monomolecular de óxido. OXIDAÇÃO SECA Os óxidos metálicos são substâncias iônicas onde os íons do metal e do oxigênio estão regularmente distribuídos em uma rede cristalina. Frequentemente apresentam redes com vazios que não ocupam posições fixas por onde os íons são capazes se mover, possibilitando a difusão. Quando se forma uma camada compacta de óxido numa superfície metálica exposta a uma atmosfera oxidante é necessário que haja um fenômeno de difusão através da película de óxido para que possa ocorrer seu crescimento. Os produtos da corrosão nos processos químicos formam-se por difusão no estado sólido. A difusão constitui-se do deslocamento de ânions do meio corrosivo, por exemplo, O2-, e cátions do metal, por exemplo Fe2+ . A movimentação dos íons se dá através da película de produto de corrosão e a sua velocidade cresce com o aumento da temperatura. OXIDAÇÃO SECA Cinética A cinética do processo da oxidação pode ser representada pelo crescimento da espessura da camada de óxido em função do tempo. A oxidação vai então prosseguir com a velocidade que será dada pela velocidade com que os reagentes se difundem através da película. Como se trata de difusão no estado sólido, a corrosão é influenciada fundamentalmente pela temperatura, pelo gradiente de concentração do metal e pela migração dos íons na rede cristalina. Este crescimento em princípio pode apresentar três tipos de dependência: linear, parabólica e logarítmica. OXIDAÇÃO SECA Representações da cinética do crescimento da camada de óxido dos metais. Linear - em caso de metais que formam camadas muito porosas que não dificulta a difusão do oxigênio. Parabólica - em caso de metais que formam camadas protetoras pouco porosas (Fe, Cu, Ni, Cr em temperaturas elevadas). Logarítmica - quando a camada formada é muito tênue e pouco permeável ou quando a oxidação ocorre a baixas temperaturas, como é o caso do Al, Cr em temperatura ambiente. OXIDAÇÃO SECA Relação de Pilling-Bedworth Pilling e Bedworth propuseram a classificação dos metais a base da relação entre o volume de óxido e volume do metal oxidado: Para a película é formada sob compressão podendo ser protetora; Para a película é formada sob tração, é porosa e não protetora. OXIDAÇÃO SECA K, Na, Ca, Mg formam películas porosas e, não protetoras, que apresentam crescimento linear; Fe, Ni, Cu formam películas compactas, porém fraturam e perdem aderência com facilidade apresentando um crescimento parabólico; Al e Cr formam películas compactas, aderentes, plásticas, impermeáveis, logo são muito protetoras apresentando um crescimento logarítmico; W e Mo formam películas compactas porém são voláteis e apresentam um crescimento linear. Relação de Pilling e Bedworth para metais selecionados. 9 OXIDAÇÃO SECA Películas de óxidos: porosa não protetora, película compacta não aderente e quebradiça, película compacta aderente, plástica e impermeável, muito protetora Composição da camada de óxidos no ferro aquecido a 700oC. Metais que apresentam vários estados de oxidação como ferro, cobre, cobalto e manganês podem formar películas constituídas de camadas de óxidos de diferentes composições. Oxidação seca de ligas Quando a liga reage com o oxigênio o metal de liga que irá reagir inicialmente será aquele que apresentar maior afinidade pelo oxigênio. Se a velocidade de difusão deste íon metálico através do óxido for maior do que a dos outros metais componentes da liga, a reação prosseguirá com este metal. Tem-se então uma oxidação seletiva e, se a película tiver características protetoras, haverá diminuição da velocidade de oxidação. MEIOS CORROSIVOS ÀS ALTAS TEMPERATURAS Oxigênio e gases contendo enxofre: presentes em fornos, caldeiras, unidades de processo, nas chamadas atmosferas sulfurosas. O enxofre e o H2S formam sulfetos de metal que não são protetores e agravam o processo corrosivo por formarem eutéticos de baixo ponto de fusão com os óxidos de metal. Vapor d'água: em temperatura elevada o vapor d'água pode atacar certos metais formando óxido e liberando hidrogênio que pode provocar fragilização pelo hidrogênio. Cinzas: a queima de combustível em fornos, caldeiras, turbinas a gás, etc., pode provocar sérios problemas de corrosão devido a cinzas contendo vanádio e sulfato de sódio. CASOS ESPECIAIS DE CORROSÃO QUÍMICA Corrosão catastrófica Se manifesta em alguns aços e outras ligas onde ocorre uma oxidação extremamente rápida, conduzindo à destruição da liga. A corrosão ou oxidação catastrófica ocorre particularmente em aços contendo molibdênio e aços com alto teor de vanádio devido ao baixo ponto de fusão de seus óxidos. CASOS ESPECIAIS DE CORROSÃO QUÍMICA Carbonetação e descarbonetação. Carbonetação - entrada de carbono- ocorre quando ligas ferrosas são aquecidas em atmosferas contendo hidrocarbonetos ou monóxido de carbono. O carbono vai se difundindo para o interior do metal, formando uma camada rica em carbono na superfície. Descarbonetação – saída do carbono - ocorre quando ligas, principalmente o aço baixa liga são colocados em ambientes com agentes descarbonetante como o H2 e o CO2. Neste caso a liga vai se deteriorando e perdendo a dureza superficial. A carbonetação e a descarbonetação podem ser causa importante de falhas em alta temperatura com perda de material e por esta razão podem ser associadas à corrosão. CASOS ESPECIAIS DE CORROSÃO QUÍMICA Oxidação interna. Ocorre, quando o oxigênio difunde para o interior de uma liga reagindo com os componentes da mesma, que apresentam maior afinidade pelo oxigênio que o metal base. Oxidação por vanádio. O vanádio presente no combustível oxida-se a V2O5 e forma eutéticos de baixo ponto de fusão com os óxidos do metal destruindo as películas protetoras das superfícies metálicas. O sulfato de sódio origina-se de reações de SO2 com o NaCl presente no combustível. Este sulfato de sódio reage posteriormente com os óxidos formados, destruindo também, as películas protetoras. A ação combinada do vanádio e sulfato de sódio é muito mais acentuada, sobretudo, em cinzas contendo cerca de 85% de V2O5 e 15% de Na2SO4. CASOS ESPECIAIS DE CORROSÃO QUÍMICA Corrosão por hidrogênio. O hidrogênio que faz parte de muitos meios gasosos redutivos nos processos industriais pode penetrar para o interior de metais formando soluções sólidas e hidretos. O hidrogênio dissolvido pode reagir com a cementita ou do carbono dissolvido nos aços produzindo metano que leva ao surgimento de trincas devido a sua pressão. A transformação do hidrogênio da forma atômica para forma molecular nos aços cria tensões de ordem 104 MPa, dando origem à fragilidade por hidrogênio. No cobre o hidrogênio reage com os óxidos presentes ás altas temperaturas formando vapor de água que em sua vez dá origem ás trincas pela ação da sua pressão. RESISTÊNCIA À CORROSÃO QUÍMICA O aumento da resistência à corrosão química baseia-se em impedir ou controlar a interação química entre o metal e o meio corrosivo. Com esse objetivo, pode-se agir no metal de forma a se obter películas protetoras ou utilizar revestimentos refratários e isolantes. O QUE SE PODE FAZER: Selecionar material resistente à corrosão pela formação das películas protetoras em altas temperaturas Utilizar revestimentos refratáriosou isolantes que separam a superfície metálica do meio. Os materiais metálicos resistentes à corrosão química são aqueles que formam películas protetoras. Para que o degradação por corrosão do material seja adequado é necessário que o crescimento da película seja logarítmico (películas muito protetoras) ou parabólico (películas semiprotetoras). O crescimento logarítmico seria o ideal, e o crescimento parabólico desejável. METAL METAL ÓXIDO RELAÇÃO K K 2 O 0,41 Na Na 2 O 2 0,57 Ca CaO 0,64 Ca MgO 0,79 Al Al 2 O 3 1,275 Pb PbO 1,29 Sn SnO 2 1,34 Zn ZnO 1,58 Ni NiO 1,60 Cu Cu 2 O 1,71 Cr Cr 2 O 3 2,03 Fe Fe 2 O 3 2,16 Mo MoO 3 3,3 W WO 3 3,6
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