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Adenoma hipofisário Lavínia Vasconcellos Patrus Pena 2022 2022 Glândula localizada na sela túrcica · Superiormente: quiasma óptico · Lateralmente: seios cavernosos · Inferiormente: assoalho da sela túrcica "Glândula mestra": regula atividade de outras glândulas endócrinas Hipotálamo -> Hipófise -> Tecidos periféricos Dividida em duas partes distintas: · Hipófise anterior (adenohipófise) · LH e FSH (gonadotrofinas) · GH (hormônio do crescimento ou somatotrofina) · TSH (hormônio estimulador da tireoide) · ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) · Prolactina · Hipófise posterior (neurohipófise) · Ocitocina (produzido no hipotálamo) · ADH ou vasopressina (produzido no hipotálamo) Adenomas hipofisários Tumores benignos da hipófise no ponto de vista histológico (não dão metástase), mas podem ser agressivos no ponto de vista local Responsáveis por aproximadamente 85% das lesões selares e 10% de todos os tumores intracranianos Classificação: · Tamanho: microadenoma (< 1,0cm) ou macroadenoma (> 1,0cm) · Funcionalidade: · Adenomas clinicamente não funcionantes · Funcionantes (prolactinomas, corticotropinomas, somatotropinomas – acromegalia ou gigantismo – ou tireotropinomas) Apresentações clínicas Sintomas neurológicos · Alterações de campo visual: compressão do quiasma óptico · Hemianopsia bitemporal · Quadrantopsia superior bitemporal · Redução da acuidade visual · Diplopia: · Compressão dos nervos oculomotores · Expansão lateral do tumor · Cefaleia: secundária a expansão selar, com características inespecíficas Incidentaloma (achado incidental em exame de imagem realizado por outro motivo) Anormalidades hormonais Deficiências hormonais (causadas por compressão do tecido hipofisário saudável pelo adenoma) Excessos hormonais LH e FSH Hipogonadismo hipogonadotrófico Homens: redução de libido e disfunção erétil Mulheres: alterações no ciclo menstrual ACTH Insuficiência adrenal secundária Síndrome de Cushing (pelos efeitos do hipercortisolismo -> qualquer natureza) dependente de ACTH (Doença de Cushing: adenoma hipofisário que leva ao excesso de cortisol) TSH hipotireoidismo secundário ou central Hipertireoidismo secundário ou central Extremamente raro GH Criança: baixa estatura (+ hipoglicemia, aumento da massa de gordura) Adultos: sintomas pouco específicos (redução de massa magra, redução de qualidade de vida, redução de massa óssea Criança: gigantismo hipofisário Adulto: acromegalia (crescimento das extremidades) Prolactina Hiperprolactinemia: hipogonadismo hipogonadotrófico + galactorreia ACTH Deficiência: cortisol baixo + ACTH normal ou baixo · Cortisol inibe a liberação de ACTH, cega a resposta de ACTH ao CRH (liberador hipotalâmico de corticotrofina -> + importante estimulador da secreção de ACTH) e inibe a produção de CRH · Investigação: procurar em um momento em que era para estar alto = de manhã · Cortisol basal (8h): · Normal: ≥ 18 mcg/dL = exclui deficiência de cortisol · Baixo: ≤ 3mcg/dL = confirma deficiência de cortisol · Indeterminado: 3 - 18 mcg/dL · Teste de estímulo com ACTH sintético ou ITT (teste de tolerância a insulina -> hipoglicemia induzida por insulina ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal) · Normal: cortisol após estímulo ≥ 18 mcg/dL = exclui deficiência de cortisol · Baixo: cortisol após estímulo < 18mcg/dL = confirma deficiência de cortisol Excesso: dosagem de cortisol basal sem utilidade -> presença de 2 exames alterados confirma hipercortisolismo · Cortisol após 1mg dexametasona (inibe a liberação de cortisol, suprimir o ACTH): autonomia da secreção de ACTH -> se após a administração de dexametasona o cortisol vier aumentado -> hipercortisolismo · Cortisol salivar à meia noite: perda do ritmo circadiano · Cortisol livre em urina de 24h: aumento da produção de cortisol TSH Deficiência: presença de T4 livre persistentemente baixo com TSH (pequenas variações do T4 levam a grandes alterações do TSH): · Baixo · Inapropriadamente normal = hipotireoidismo central · Discretamente elevado (habitualmente < 10 mU/L) -> produção de TSH biologicamente inativo pela hipófise doente Excesso: presença de T4 livre elevado com TSH inapropriadamente normal ou elevado Importante a presença concomitante de sintomas sugestivos de hipertireoidismo GH Deficiência: dosagem de GH basal não tem utilidade (secretado de maneira pulsátil e a altas amplitudes, associado a fatores como estresse, exercício e sono) · IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 -> liberado pelo fígado para mediar os efeitos metabólicos do GH) baixo na presença de doença hipofisária estrutural confirma deficiência · Testes de estímulo para secreção do GH (ITT, clonidina, glucagon) Excesso: · IGF-1 e GH normais: excluem acromegalia · IGF-1 e GH indubitavelmente elevados: confirmam acromegalia ou gigantismo (depende da faixa etária) · Casos duvidosos: dosagem de GH durante teste oral de tolerância a glicose (glicose leva à supressão de GH) LH e FSH Deficiência: · Homens: testosterona matinal persistentemente baixa, na presença de LH normal ou baixo (alto = doença do testículo) confirma deficiência · Mulheres: · Ciclos menstruais regulares excluem diagnóstico · Estradiol baixo com LH normal ou baixo, associado a amenorreia ou oligomenorreia, confirma o diagnóstico · Estradiol normal associado a amenorreia > teste da medroxiprogesterona Excesso: tumores gonadotróficos habitualmente se comportam como adenomas não funcionantes Prolactina Deficiência: · Única manifestação: incapacidade de amamentar após a gestação · Não existem protocolos diagnósticos ou reposições hormonais possíveis Excesso: · Prolactina normal: exclui hiperprolactinemia · Prolactina persistentemente elevada: confirma hiperprolactinemia · Prolactinomas: valor da prolactina relacionado ao tamanho do tumor · Adenomas não funcionantes podem levar à hiperprolactinemia por compressão da haste hipofisária · Armadilhas: hiperprolactinemia induzida por medicamentos, macroprolactinemia (molécula de prolactina com peso molecular alto, mas sem efeito biológico alterado), efeito gancho (a dosagem pode vir baixa -> resolução: diluir a amostra) Tratamento Cirurgia de hipófise via transesfenoidal: tratamento inicial de escolha nos seguintes casos: · Macroadenomas não funcionantes com sintomas neurológicos (ex: tumor que comprime o quiasmo óptico e leva à perda de campo visual) · Macroadenomas com extensão supra-selar (alto risco de perda de campo visual) · Acromegalia · Doença de Cushing · Tireotropinoma Em caso de prolactinomas: tratamento clínico = feito com agonistas dopaminérgicos, independente do tamanho do tumor e da presença de sintomas neurológicos · Cabergolina deve ser a 1ª escolha, devido a maior eficácia e menor taxa de efeitos adversos Casos em que não é necessário realização imediata de cirurgia: · Prolactinomas · Microadenomas não funcionantes · Macroadenomas não funcionantes restritos a sela túrcica e sem ameaça imediata à visão do paciente Em caso de conduta inicial conservadora: monitorar crescimento tumoral e possível aparecimento de novos distúrbios hormonais Insuficiência adrenal · Menor dose de glicocorticoide necessária para controle de sintomas · Hidrocortisona seria 1ª opção, mas não está disponível comercialmente no Brasil, só via manipulação · Alternativas: Predinisolona e Prednisona · Atenção: fornecer sempre documento com orientações para prevenção e tratamento de casos de crise adrenal Hipotireoidismo: · TSH não é parâmetro de controle · Guiar dose de Levotiroxina pelo T4 livre (metade superior do valor de referência para normalidade) · Não iniciar reposição de Levotiroxina antes de avaliar e descartar insuficiência adrenal Hipogonadismo masculino: · Homens sem interesse em fertilidade: testosterona (via IM ou transdérmica) · Homens que desejam fertilidade: gonadotrofinas Hipogonadismo feminino: · Mulheres sem interesse em fertilidade: estradiol (via transdérmica), associado à progesterona via oral (em caso de látero intacto) · Mulheres que desejam fertilidade: indução de ovulação comgonadotrofinas GH: · Necessidade de reposição em adultos é controversa (alto custo e benefício clínico incerto) · Considerar reposição em pacientes que tenham desenvolvido deficiência de GH na infância Referências Goldman-Cecil. Medicine. 26ed. 2020 3 lAVÍNIA VASCONCELLOS PATRUS pena
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