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UNIVERSIDADE PAULISTA - MARQUÊS GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA Beatriz Letícia Paludo - R.A.: D4952D-0 Letícia Cristina da Silva - R.A.: N20041-3 Nicole Monteiro da S. Nascimento - R.A.: D49074-5 Paula Cristina Pasquino - R.A.: D47BEH-8 Atividades Práticas Supervisionadas Processos Grupais São Paulo Maio de 2020 Análise do filme: 12 homens e uma sentença Baseado na teoria de Kurt Lewin Projeto de pesquisa apresentado á Universidade Paulista como requisito para a conclusão da disciplina de Processos Grupais no curso de Psicologia lecionado pelo Prof. Fabricio Mazzaron Orestes São Paulo Maio de 2020 Sumário Introdução_______________________________________ 4 1.2 Apresentação do tema______________________ 4 1.3 Sobre Kurt Lewin__________________________ 4 Descrição do filme_________________________________ 7 Análise__________________________________________ 9 Conclusão_______________________________________ 11 Bibliografia ______________________________________ 12 4 1. Introdução 1.2 Apresentação do tema O homem é um ser social, capaz de existir somente através de suas relações sociais, tudo ou quase tudo, durante a vida e desenvolvimento humano está voltado para suas ligações e relações com outro ser socialmente igual a ele. Todo homem ou mulher faz parte de um grupo, seja ele familiar, profissional ou de amigos. Essa convivência em grupo e de relações com outros indivíduos, ficou conhecida como dinâmica de grupo. A dinâmica de grupo está intimamente ligada à teoria de campo aplicada à psicologia social. Kurt Lewin é considerado o fundador da moderna dinâmica de grupo. (MELO, FILHO e CHAVES, 2014) Um grupo é constituído por indivíduos que se organizam em prol de um objetivo comum, além de suas necessidades funcionais. Cada um desse grupo possui um contexto histórico-social individual que pode ou não se complementar; desta forma, o grupo é o encontro do individual, do privado, do público ou do social. Os objetivos em comum deste grupo é o que os reúnem ou unem. 1.3 Sobre Kurt Lewin Kurt Lewin, Alemão, judeu nascido em 1890 na cidade de Mogilno. Formou-se em Psicologia em 1914, e estudou Matemática e física. Lecionou na Universidade de Berlim, onde junto a um grupo de psicólogos na década de 30, estudaram sobre como se dava o funcionamento dos grupos; porém, com os nazistas em massa na Alemanha, Lewin dirigiu-se aos Estados Unidos, realizando pesquisas nas áreas de Psicologia Social e Desenvolvimento Humano. Em 1938, foi publicado na revista Sociometry uma pesquisa experimental de Dinâmica de Grupo realizada por Lewin, que apresentavam resultados onde grupos democráticos são mais cooperativos e possuem uma concepção de grupo melhor do que de um líder autocrático. 5 De acordo com o artigo, “Lideranças segundo a Teoria de Campo”, o líder democrático confia em seu grupo na tomada de decisões e o grupo confia em seu líder o bom uso da sua autoridade. Um líder democrático auxilia o grupo na conclusão de suas metas, o que faz com que o grupo perceba a sua importância no mesmo. Segundo Mailhiot (1973), citado por Martini (2016), “O líder funcional é aquele que incita seus membros a não tomarem suas decisões senão quando todas as opiniões e os objetivos foram verbalizados”. Já num grupo Autocrático, o modo individualista do líder faz com que o grupo não participe produtivamente das tarefas, pois o líder não explicita os objetivos, apenas determina o que será executado, o que causa a dependência do grupo acima do líder, pois tudo é baseado em suas decisões e afeta a auto estima do grupo. Um líder delegativo ou Laissez Faire, não fornece informação o suficiente e também não obtém um controle suficiente ao grupo, deixando as decisões sobre tudo com o grupo. A dinâmica de grupo se tornou um campo de pesquisa, que tinha como objetivo entender a relação de causa e efeito nos grupos e o comportamento dos mesmos diante deles. Segundo Kurt, em sua teoria de campo, todo o indivíduo necessita de uma motivação para o comportamento social. Em um grupo, cada integrante possui fatores interdependentes, subjetividades, ou seja, seu espaço vital. E é essa relação entre os fatos que formam um Campo Dinâmico, ou seja, foi construído sob influência de forças de derivados motivos. Todo o comportamento tem um objetivo e uma motivação e por isso há necessidade de satisfação, podendo ser modificada; porém, a interrupção, visa a frustração, onde ocorrem as discussões em grupo, rompendo-se barreiras para se chegar a uma conclusão. Uma valência positiva é quando o objeto ou situação é gratificante para o indivíduo. Já a valência negativa é quando ameaça a frustração. Essas forças negativas e positivas fazem com que o grupo se mova a uma direção. Com base as autoras BELEZA e SOARES (2019), dizem o seguinte: “Para Lewin, um grupo consiste em uma totalidade dinâmica que não resulta apenas da soma de seus integrantes; e tem propriedades específicas enquanto totalidade, princípio da Escola da Gestalt. Possui estrutura própria, objetivos e relações com outros 6 grupos. A essência de um grupo não é a semelhança ou a diferença entre seus membros, mas sua interdependência.”. (BELEZA e SOARES, 2017 – pag. 3144) Por tanto, pode-se haver uma mudança nos significados e metas do grupo com base no processo de interação e conscientização dos fatos. 7 Descrição do filme O filme 12 Homens e uma Sentença inicia-se com o julgamento de um rapaz de 18 anos que supostamente assassinou o pai e sua possível condenação é a pena de morte. A vida deste rapaz está nas mãos de um grupo de júri formado por 12 homens que juntos precisam decidir se o réu é inocente ou culpado pelo crime que está sendo condenado O juiz logo no inicio afirma que é necessário à unanimidade dos 12 votos do grupo para condenar ou absorver o rapaz da pena de morte. Entre o júri tem um homem que aparentemente é o líder, o mesmo não se mostra minimamente interessado nos fatos ou preocupado se aquela condenação é justa ou não, a única coisa que o interessa é saber o que os outros acham e seguir a opinião deles. O julgamento começa com uma votação aberta, onde 11 votos são a favor da execução do jovem, sem nem se quer discutir sobre o caso, e um único voto contra. O debate então se volta para tentar convencer o júri de número 8 a votar a favor e encerrar com a audiência. Este único homem; porém, acaba por se colocar o tempo todo na pele do condenado e a esclarecer seu ponto de vista sobre evidencias que possam provar a inocência do rapaz. Lewin caracteriza um grupo como um todo dinâmico, o que significa que uma mudança no estado de uma das suas partes provoca mudança em todas as outras. (BELEZA e SOARES, 2017 – pag. 3144) Aos poucos o júri número 8 consegue mostrar pontos que evidenciam cada vez mais que o rapaz possa não ser o autor do assassinato do pai e condenado por um crime que não tenha cometido, um por um passa a deixar o preconceito e seus reflexos pessoais de lado e se basear nos fatos apresentados pelo júri 8 para a absolvição do jovem. Para Schein (1982, p.128) os grupos funcionam a partir dos “padrões de comunicação, métodos de tomada de decisão, técnicas de resolução de problemas, atividades formadoras de normas, sentimentos e percepções interpessoais e formação de simpatias e antipatias. ” No entanto, mais importante que sua função é sua 8 intencionalidade. (MELO, FILHO e CHAVES, 2014) Portanto nota-se ao decorrer do filme que o júri de número oito tornou-se um líder democrático baseado na teoria de Kurt Lewin; pois, soube direcionar os demais integrantes para o melhor caminho e mostrar que todos deveriam agir comautonomia e responsabilidade diante da vida que estava na mão de cada um deles. 9 Análise Durante diversos momentos do filme, pudemos observar com clareza a teoria de “Campo de Forças” de Kurt Lewin. O grupo no filme era constituído de 12 homens, com histórias e vivências diferentes, cada um com seu pensamento individual formado. 11 desses homens eram a favor de determinada ideia enquanto somente 1 pensava de maneira oposta. Considerando que no fim da trama a decisão final é a absolvição do menino, podemos relacionar com a seguinte frase: “O todo é maior que a soma das partes”, ou seja, inicialmente a maioria dos indivíduos do grupo era a favor da condenação do garoto, porém somente isso não foi o suficiente para definir a decisão a ser tomada. As interações entre os homens, troca de ideias (muitas vezes de maneira conflituosa), foram gerando novas percepção de si, do ambiente ao redor e da situação como um todo, o que levou os onze homens que inicialmente apoiavam a condenação do garoto, passassem a apoiar a absolvição. Nesse sentido, as tentativas com vistas à realização dos objetivos grupais criam no grupo um processo de interação entre as pessoas, que se influenciam reciprocamente e pode haver a produção de novos significados e metas. (MELO, FILHO e CHAVES, 2014) Kurt Lewin também fala sobre o papel das lideranças, dividindo-as em: Autoritária, Democrática e Delegativa conforme explicado inicialmente. Na obra, pudemos observar o modelo da liderança delegativa e democrática. No início o filme apresenta um líder delegativo, onde o mesmo não possui controle sobre o grupo e não propõe nenhuma reflexão sobre o caso, apenas inicia a votação e coleta o resultado. O júri 8 que inicialmente foi o único a considerar que o garoto julgado poderia ser inocente, assumiu o papel de líder durante o decorrer da discussão e durante todo o tempo se encaixou no modelo de liderança democrática, visto que sempre convidava a participação e opinião dos outros homens, e em nenhum momento afirmou com certeza de que seu pensamento era o correto, propondo a todo momento que discutissem a questão juntos de maneira justa e amigável. O principal objetivo era conduzir as pessoas a novos 10 comportamentos por meio da exposição, discussão e decisão em grupo. (SILVA,2016 - p.383-384.) Diversas vezes durante o filme são dadas pausas pelos jurados para realizar novas votações e, em cada uma delas aumentando o número de pessoas a favor da inocência do jovem, e diminuindo os votos contra. Para Kurt Lewin, os grupos democráticos têm mais eficiência a longo prazo, uma vez que exigem maior participação de seus integrantes, dividindo a responsabilidade de decisão. Dessa forma, grupos democráticos demandam mais tempo para a tomada de decisão, entretanto, tornando a realização dos objetivos mais duradoura e significativa. 11 Conclusão Um grupo é constituído por objetivos comuns, que traz suas particularidades individuas, o grupo do filme foi formado através de um caso de assassinato no qual eles eram juris. Os doze homens trazem consigo experiências de vida e bagagens históricas, que precisam separar neste momento para não implicar no caso. Dentre eles há um homem que se destaca por seu potencial de liderança, fazendo-os refletirem e não tomando nenhuma decisão precipitada. Concluímos que um bom líder não impõe sua opinião invalidando a dos demais, e sim, promove uma reflexão conjunta ouvido a todos. Destacando-se naturalmente sem precisa agradar e delegar o que os demais integrantes devem fazer, propondo o pensamento em grupo e individual. Kurt Lewin fala que o grupo democrático tem mais eficiência, pois com a reflexão que fazem promove resultados futuros. O filme nos mostra também como é importante pensar antes de tomar uma decisão. Os fatos são importantes e precisamos analisar sua relevância, mas não podemos toma-lo como verdade absoluta. 12 Bibliografia Filme: 12 Homens e uma sentença, 1957 - No seguinte link: https://1drv.ms/v/s!ApDBmAuP5KJghBO-zGdnKAbk3fMy?e=QBM9b7 A concepção de envelhecimento com base na teoria de campo de Kurt Lewin e a dinâmica de grupos (BELEZA e SOARES – Escola de Enfermagem, Belo Horizonte / MG, 2019). Acesso em 22 maio 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 81232019000803141 Uso da Técnica de Dinâmica de Grupo na Avaliação Psicológica no Contexto do Trânsito: Relato de Experiência (SILVA, Marlene - Psicologia: Ciência e Profissão Abr./jun. 2016 v. 36 n°2, 380-388. DOI: 10.1590/1982-3703001392014). Acesso em 25 de maio de 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pcp/v36n2/1982-3703-pcp-36-2-0380.pdf Conceitos básicos em Intervenção Grupal (MELO, FILHO e CHAVES - Encontro Revista de Psicologia - Volume 17/ 26 - 2014). Acesso em 25 de maio de 2020. Disponível em: https://psibr.com.br/leituras/psicologia-clinica/conceitos-basicos-em-intervencao- grupal Liderança segundo a teoria de campo. (MARTINI, Beatriz P. et al. Cadernos da SBDG, 2016.). Acesso em 25 de maio de 2020. Disponível em: http://www.sbdg.org.br/web/site/wp-content/uploads/2016/10/Lideranca-Segundo-a- Teoria-de-Campo_29012000.pdf https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232019000803141 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232019000803141 https://www.scielo.br/pdf/pcp/v36n2/1982-3703-pcp-36-2-0380.pdf http://sare.anhanguera.com/index.php/rencp/issue/view/154 https://psibr.com.br/leituras/psicologia-clinica/conceitos-basicos-em-intervencao-grupal https://psibr.com.br/leituras/psicologia-clinica/conceitos-basicos-em-intervencao-grupal http://www.sbdg.org.br/web/site/wp-content/uploads/2016/10/Lideranca-Segundo-a-Teoria-de-Campo_29012000.pdf http://www.sbdg.org.br/web/site/wp-content/uploads/2016/10/Lideranca-Segundo-a-Teoria-de-Campo_29012000.pdf
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