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História dos Povos Indígenas

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História dos Povos Indígenas
Povos Indígenas: uma introdução
Para início de conversa, precisamos destacar que a historiografia dos povos indígenas, 
assim como qualquer outra, é carregada dos pressupostos dos historiadores que 
apresentaram seus pareceres a respeito do assunto. Dessa maneira, quando estudamos 
os fatos históricos, inclusive aqueles relacionados às comunidades indígenas, 
precisamos levar em consideração as vertentes que os influenciaram, além de delimitar 
as terminologias utilizadas. 
Dessa maneira, nessa parte de nosso estudo, pretendemos lhe auxiliar em duas partes; 
a primeira, na compreensão do contexto histórico-político da formulação de alguns 
conceitos utilizados sobre o assunto, como índio, povo indígena, nação indígena, tribos, 
entre outros; a segunda, na percepção das relações desiguais entre os grupos étnicos 
dominantes e dominados na produção historiográfica indígena.
Os estudantes de História, diante do novo cenário historiográfico que se apresenta, 
carecem de uma visão crítica mais acurada; portanto, esse módulo é mais uma 
oportunidade para amadurecermos em nossa percepção e compressão da história.
A fim de entendermos não só os termos, mas o papel dos povos nativos
no decorrer da história, se faz necessário compreendermos os fatores
políticos, históricos e culturais aplicados às denominações dadas a
essas populações. Partindo do pressuposto de que as Grandes
Navegações promovidas pelos europeus, do século XV em diante, é a
base para as primeiras historiografias das regiões alcançadas,
particularmente na América, é possível inferir que o termo ‘índio’
carregava inicialmente noções de estranheza, de inferioridade e, até
mesmo, de ausência de humanidade.
Dessa maneira, a qualificação ‘índio’, cunhada pelos “descobridores”,
inicialmente foi usada para distinguir os nativos em relação aos seus
próprios traços e costumes. Todavia, com o tempo, o que podemos
perceber é que, não apenas os colonizadores europeus, como também,
as populações nativas, passaram a assumir a terminologia ‘índio’ – num
sentido de identificação das semelhanças entre suas diversas etnias.
Imagem disponível em: http://candiru.com.br/em-parintins-indio-nao-quer-apito/
http://candiru.com.br/em-parintins-indio-nao-quer-apito/
Essa identidade coletiva assumida pelo ‘índio’, que do ponto de vista político
minimiza a condição indigente dos indivíduos de ascendência nativa, pode
ser vista em uma das primeiras legislações contemporâneas sobre o assunto,
a saber, a Convenção n° 107, sobre as populações indígenas e tribais,
aprovada em Genebra, em 26 de junho de 1957, durante a 40ª Conferência
Geral da Organização Internacional do Trabalho.
Em 1989, a partir da C169, a OIT propôs “novas normas internacionais nesse
assunto, a fim de se eliminar a orientação para a assimilação das normas
anteriores”. Essas atualizações visaram superar algumas discrepâncias
questionadas por grupos indígenas e por movimentos indigenistas, mas
ainda limitaram em grande medida a autonomia política dos ‘povos
indígenas’.
Mesmo assim, países como o Brasil, não assumiram os conceitos de “nações
indígenas” ou “povos indígenas”, preferindo outras expressões.
Imagem disponível em: http://vermelho.org.br/noticia/246522-1
http://vermelho.org.br/noticia/246522-1
O contato dos diferentes grupos étnicos no período da colonização
exploratória europeia, desde muito cedo, produziram na história uma
relação de desigualdade, em que os povos dominantes passaram a
instituir a ideia de superioridade e inferioridade civilizatória, de culturas
mais desenvolvidas e mais arcaicas. As consequências dessa concepção
dominante – eurocêntrica – sobre as etnias nativas – “inferiores” –
consolidaram desigualdades substanciais nas sociedades coloniais em
formação. Nesse contexto, os índios passaram a ser retratados de
maneira estereotipada, sendo considerados, em algumas historiografias,
como selvagens, e em outras ocasiões, nem mesmo humanos.
Uma historiografia mais honesta com a realidade indígena precisa
considerar os povos nativos como agentes participantes do ‘fazer
história’, tanto quanto os colonizadores.
Imagem disponível em: http://historiartecomentada.blogspot.com.br/2010/09/esquema-arte-indigena-brasileira.html
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Como estudantes de história, diante desse impasse da presença do índio
no desenrolar histórico, especialmente, a partir dos encontros e
desencontros do período colonial europeu sobre as Américas, precisamos
pontuar a respeito do papel do Estado-nação e a sua proposta de
comunidade aglutinadora.
No intuito de atender aos interesses políticos e econômicos vigentes do
século XIX em diante, o Estado torna-se uma instituição que promove uma
ideologia geral, em defesa de uma cultura prevalecente. Assim sendo, o
ideal nacionalista passa a impor sobre o diferente e contrastante, certo
tipo de negação, que anula as peculiaridades étnicas, sociais, culturais dos
povos não-dominantes.
Essa neutralização e desqualificação dos povos indígenas ou de outras
“minorias étnicas” contribuíram para a consolidação, no caso dos
indígenas, da ideia do ‘índio incapaz’, que precisa da proteção do Estado,
que, por sua vez, legitima os “cuidados e direitos” dos grupos indígenas
presentes em seu território.
Imagem disponível em: http://justificando.cartacapital.com.br/2016/10/20/estado-brasileiro-persegue-liderancas-indigenas-afirmam-juizes-onu/
http://justificando.cartacapital.com.br/2016/10/20/estado-brasileiro-persegue-liderancas-indigenas-afirmam-juizes-onu/
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WERÁ, Kaká. Kaká Verá: entrevista. [9 de janeiro, 2017]. São Paulo: Programa Roda Viva, TV Cultura. Entrevista 
concedida a uma bancada de jornalistas, professores e ativistas.
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