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1 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 São substâncias químicas usadas para combater os microrganismos, seus agentes podem ser: • Específicos – atuam sobre microrganismos responsáveis pelas doenças infecciosas que acometem os animais, sendo eles: Quimioterápicos Substância química definida que, ao ser introduzida no organismo animal atua de maneira seletiva sobre o agente causador do processo infeccioso, sem causar efeitos nocivos sobre o hospedeiro, são medicamentos que não devem ser utilizados para tratamento de processos infecciosos; Antibióticos Substância química produzida por microrganismos ou seus equivalentes sintéticos, que tem a capacidade de, em pequenas doses, inibir o crescimento bacteriostático e fungistático ou destruir microrganismos bactericidas e fungicidas causadores de doenças. Os antibióticos podem ser de 3 tipos: → Biossintéticos – Obtidos a partir da cultura de microrganismos, no qual se acrescentam substâncias químicas capazes de alterar a estrutura molecular do antibiótico. Ex: Penicilina V → Semissintéticos – Obtidos em laboratórios acrescentando radicais químicos ao núcleo ativo de um antibiótico isolado por meio de cultura, no qual cresce um microrganismo. Ex: amoxicilina, ampicilina etc. → Simbióticos – Obtidos exclusivamente por síntese laboratorial, porém a partir do estudo dos percursores obtidos de microrganismos. • Inespecíficos – atuam sobre microrganismos em geral, patogênicos ou não, sendo eles: Antissépticos A assepsia é um conjunto de medidas empregadas para impedir a penetração e o crescimento de germes num determinado ambiente ou estrutura, tornando-os livres de agentes infectantes. Com isso, a esterilização física é mais eficaz que a química, pois o calor destrói todas as formas de vida microbiana existente em um ambiente ou estrutura, se realizada com o desinfetante certo. Outro processo que é útil no controle dos agentes microbianos é a fumigação, pela utilização de gases como formaldeído em conjunto com desinfetantes como o permanganato de potássio. Desinfetantes São substâncias utilizadas para destruir todas as formas vegetativas de microrganismos na superfície ou objetos, mas não promove necessariamente a esterilização do material. 2 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 Quanto as classificações Quimioterápicos Estrutura química Ação biológica Mecanismo de ação Sulfas Bacteriostático Análogo estrutural do PABA, importante para síntese de DNA, RNA e proteínas bacterianas Trimetoprim e análogos Bacteriostático Inibidores da diidrofolato- - redutase Quinolonas Bactericida Inibição da DNA girasse Derivados nitrofurânicos Bactericida Dano no DNA bacteriano Metronidazol Bactericida Dano no DNA bacteriano Antibióticos Estrutura química Derivados de aminoácidos; Derivados de açúcares; Derivados do acetato e propionato; Diversos. Monopeptídeos: ciclosserina Polipeptídeos: penicilinas, vancomicina, aminoglicosídeos, macrolídeos, lincosamidas, novobiocina Rifamicinas, anfotericina B, nistatina, tetraciclinas Fosfomicina Origem Bactérias; Ascomicetos; Actinomicetos; Síntese. Bactracina, polimixinas Penicilinas, cefalosporinas aminoglicosídeos, fosfomicina, lincosamidas, macrolídeos, cloranfenicol, Cloranfenicol, fosfomicina. Ação biológica Bactericida; Bacteriostático; Fungicida; Fungistático. Penicilinas, aminoglicosídeos Tetraciclinas, cloranfenicol Anfotericina B, nistatina Griseofulvina. Espectro de ação Gram-positivos; Gram-negativos; Amplo espectro. Penicilinas naturais Aminoglicosídeos Tetraciclinas, cloranfenicol Mecanismo de ação Parede celular; Membrana celular Síntese de ácidos nucléicos; Síntese proteica Penicilinas, cefalosporinas, fosfomicina, bacitracina, Vancomicina Polimixinas, anfotericina B Actinomicinas, novobiocina, griseofulvina, rifamicinas Formação de proteínas defeituosas: aminoglicosídeos Perturbação da tradução da informação genética: macrolídeos, tetraciclinas, cloranfenicol 3 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 Fatores determinantes na prescrição de antimicrobianos Para prescrever um antimicrobiano, é necessário seguir 3 fatores determinantes, são eles: Agente Etiológico Organismo Animal Antimicrobiano O agente deve ser identificado, sempre que possível, caso isso não seja viável é necessário presumir com base nos dados como quadro clínico, localização do processo infeccioso, faixa etária, achados epidemiológicos e laboratoriais. Para indicar o antimicrobiano que seja capaz de atuar sobre o agente etiológico, sua escolha deve ser fundamentada em suas propriedades e deve se aproximar daquelas do antimicrobiano ideal, sendo elas: → Destruir o microrganismo em vez de inibir o seu desenvolvimento; → Possuir amplo espectro de ação sobre os microrganismos patogênicos; → Ter alto índice terapêutico; → Exercer atividade em presença de fluidos do organismo; → Não perturbar as defesas do organismo; → Não produzir reações de sensibilização alérgica; → Não favorecer o desenvolvimento de resistência bacteriana; → Distribuir-se por todos os tecidos e líquidos do organismo, em concentrações adequadas; → Poder ser administrado por diferentes vias; → Preço acessível. Sendo que a posologia e a duração do tratamento são fatores ligados ao antimicrobiano que devem ser considerados na terapêutica, junto com a condição do paciente. Associação de Antimicrobianos Sempre que possível evite associação de antimicrobianos, mas em algumas situações são necessárias, sendo elas: → Tratamento de infecções mistas, em que os microrganismos são sensíveis a diferentes antimicrobianos; → Para evitar ou retardar o aparecimento de resistência bacteriana; → Maior efeito terapêutico; → Tratamento de infecções graves de etiologia desconhecida; 4 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 → Obtenção de sinergismo, isto é, quando a atividade da associação é maior do que aquela obtida quando um deles é usado isoladamente; → Processos infecciosos em pacientes imunodeprimidos, os quais geralmente apresentam resposta deficiente ao tratamento. Quando a associação se torna necessária, é fundamental respeitar a posologia de cada um dos integrantes da associação, devendo administrá-los como se cada um fosse utilizado se forma separada. Existem alguns critérios, sendo um deles a ação biológica do antimicrobiano – bactericida ou bacteriostático, tendo assim: Bactericida + bactericida Efeito sinérgico ou aditivo Bacteriostático + bacteriostático Efeito aditivo Bactericida + bacteriostático Efeito sinérgico, aditivo ou antagonismo Outro critério dá ênfase ao mecanismo de ação, em particular, dos antibióticos, tendo assim: Parede celular + parede celular Efeito sinérgico Parede celular + membrana citoplasmática Efeito sinérgico Parede celular + formação de proteínas defeituosas Efeito sinérgico Parede celular + perturbação da tradução da informação genética Antagonismo OBS: Lembrando que, efeito sinérgico, aditivo ou antagonismo, faz referência ao efeito final obtido. Quimioterápicos Os quimioterápicos são divididos em 4 tipos: • Sulfas; • Quinolonas; • Derivados nitrofurânicos; • Metronidazol. Sulfas São um grupo de compostos químicos de amplo espectro de ação, considerados os primeiros antimicrobianos eficazes utilizados por viasistêmica, na prevenção e cura das infecções bacterianas – no homem e no animal, seu uso sozinho foi reduzido ao apresentar resistência microbiana, mas combinada com Trimetoprim há uma potencialização da ação antimicrobiana. Mecanismo de Ação Quando adicionadas em concentrações terapêuticas – bacteriostáticas, em concentrações altas – bactericidas, mas nas duas formas podem causar graves reações adversas ao hospedeiro. As sulfas são quimioterápicos análogos estruturais do ácido p- aminobenzóico (PABA), uma substância essencial para síntese de ácido fólico, o qual em 5 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 sua forma reduzida, ácido tetraidrofólico, é fundamental para a síntese de DNA e RNA bacteriano, sendo assim, as sulfas funcionam como um antimetabólito. A viabilidade clínica das sulfas deve-se, principalmente, à sua toxicidade seletiva, não causando efeito tóxico para o hospedeiro. Vias de Administração São administradas principalmente por via oral, mas podem ser de uso tópico, entretanto não se recomenda essa via de administração, uma vez que, com exceção da sulfadiazina de prata, as sulfas podem promover reação alérgica e retardo na cicatrização. Características Farmacocinéticas • A taxa de absorção por via oral varia de acordo com a sulfa usada; • Espécie, privação de água, estase ruminal, diarreia e exercício influenciam na velocidade de absorção; • Atravessam barreiras hematoencefálicas e placentárias; • Biotransformação hepática, por acetilação e oxidação; • Eliminação por via retal, saliva, suor e leite; Utilizar após um intervalo de 4 dias após a última administração. Efeitos Tóxicos Podem ser agudas ou crônicas, sendo a aguda rara e relacionada à altas doses ou administração rápida pela via intravenosa. Os sintomas são: • Aumento da salivação; • Diarreia; • Hiperpneia; • Excitação; 6 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 • Fraqueza muscular; • Ataxia. Já a toxicidade crônica mais comum é a cristalúria sulfonamídica, sendo este efeito relacionado a precipitação das sulfas e seus metabólitos acetilados nos túbulos contornados renais, os sintomas são: • Diminuição da micção e dor; • Hematúria e cristalúria. As formas de evitar a cristalúria sulfonamídica são: • Hidratação do paciente; • Administração concomitante de bicarbonato de sódio para elevar o pH urinário; • Uso combinado de sulfas; • Evitar que o tratamento se prolongue por mais de 1 semana. Uso Clínico • Efetivas contra bactérias gram-positivas e algumas gram-negativas (ex: Enterobacteriaceae); • Ação contra Toxoplasma sp. e alguns protozoários (Coccidia); • Não causam alteração na flora intestinal + custo – uso em ruminantes; • Dose inicial deve ser maior do que as doses de administração subsequentes; • Em equinos as sulfas só são utilizadas quando associadas ao Trimetoprim. 7 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 Quinolonas As Quinolonas são um grupo de substâncias químicas antibacterianas, dividida em gerações, sendo elas: • Quinolonas de primeira geração – responsável pelo combate as infecções urinárias de difícil tratamento; • Quinolonas de segunda geração – denominadas flourquinolonas, sendo as representantes a enrofloxacina, nrofloxacina, ciprofloxacina, marbofloxacina; • Quinolonas de terceira geração – Levofloxacina e moxifloxacina, atuando nos microrganismos sensíveis às Quinolonas de segunda geração, são eficientes no combate de Streptococcus pneumoniae; • Quinolonas de quarta geração – Travofloxacina e pradofloxacina. Mecanismo de Ação As Quinolonas são antimicrobianos bactericidas e sua atividade antimicrobiana se relaciona com a inibição do DNA girasse, impedindo o enrolamento da hélice de DNA em sua forma superespiralada. O uso de cloranfenicol – inibidor da síntese proteica, ou rifamicina – inibidor da síntese de DNA, concomitante ao uso da quinolona produzirá efeito antagônico, por ser necessário haver produção de RNA e síntese proteica para que a quinolona desempenhe seu efeito bactericida. 8 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 Características Farmacocinéticas • Rapidamente absorvida quando administrada por via oral (monogástricos); • Baixa ligação a proteínas plasmáticas + baixa ionização + alta lipossolubilidade; • Grande volume de distribuição; • Grau de biotransformação variável; • Excreção renal e biliar. Efeitos Tóxicos • Danos a cartilagem articular em cães jovens e potros; • Efeitos teratogênicos – não utilizar em fêmeas prenhas e em animais em fase de crescimento; • Precaução quando administrar em pacientes com insuficiência renal; • Enrofloxacino em felinos e idosos causam alterações renais, sendo a maior dosagem em felinos = 5mg/kg/dia, podendo causar degeneração de retina aguda. Interações Medicamentosas As quinolonas diminuem significativamente o metabolismo hepático de algumas substâncias, através da inibição do sistema microssomal P-450, esse efeito pode produzir toxicidade grave. 9 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 Uso Clínico Derivados Nitrofurânicos São quimioterápicos que possuem amplo espectro de ação contra bactérias gram- positivas, gram-negativas e alguns protozoários e fungos, sendo que dependendo da concentração utilizada podem ser bactericidas ou bacteriostáticos. São quimioterápicos de difícil resistência bacteriana, porém o uso por vias sistêmicas é limitado por conta dos efeitos tóxicos, tais como: diástases hemorrágicas como trombocitopenia, anemia, aumento do tempo de sangramento etc. Nitrofurazona (Furacin) É um derivado nitrofurânicos de uso tópico, bastante utilizado no tratamento de queimaduras, enxertos, metrites e mastite bovina, seus efeitos adversos são raros, com exceção da dermatite alérgica por contato. Metronidazol (Flagyl, Stomorgyl, Giardicid 500) Assim como os derivados nitrofurânicos, o metronidazol não tem um mecanismo de ação definido ainda, sua administração é feita por via intravenosa ou via oral, sendo rapidamente absorvido por monogástricos, atravessa a barreira hematoencefálica e placentária e por seu efeito mutagênico não é recomendado em animais prenhas. É biotransformado pelo fígado, por oxidação e conjunção com glicuronídeo, porém uma grande parte é excretado na urina em sua forma ativa, seus efeitos colaterais são raros e incluem ataxia, convulsão e neuropatia periférica e em gatos salivação. 10 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 É indicado no tratamento de infecções causadas por bactérias anaeróbicas (Clostridium, Fusobacterium, Peptococcus, Peptostreptococcus e Bacteriodes), também exercem ação em protozoários (Trichomonas, Giardia e Entamoeba histolytica). Betalactâmicos Os Betalactâmicos são as penicilinas e as cefalosporinas, dois grupos de antibióticos que impedem a síntese da parede celular (estrutura que recobre a membrana citoplasmática encontrada apenas nas bactérias, garantindo proteção, sustentação e manutenção), sendo de ação bactericida, porém não capazes de atuar na parede celular já formada – necessário que os microrganismos estejam se multiplicando, a supressão da sínteseda parede celular leva a desintegração da célula. Características Gerais: • Antimicrobianos tempo-dependentes – “Pequenas doses, administradas mais vezes”; • Sua eficácia é determinada é pelo período de tempo no qual a concentração plasmática fica acima da concentração inibitória mínima para uma dada bactéria; • O tempo que a bactéria fica exposta é mais importante do que a concentração do antimicrobiano necessária para destruir o microrganismo. Classificação das Penicilinas 11 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 Toxidade e efeitos adversos → Antibióticos muito pouco tóxicos, uma vez que atuam em uma estrutura que não existe nas células dos animais, a parede celular; → RARAS ocorrências de reações alérgicas: cutâneas, choque anafilático (mais comuns com as penicilinas naturais do que com as semissintéticas); → Hamsters, gerbils e coelhos – administração oral das penicilinas pode romper o equilíbrio da flora intestinal e permitir a proliferação intestinal de Clostridium; Cefalosporinas: → Características farmacocinéticas e de toxicidade similares àquelas das penicilinas, exceto por cruzarem a barreira placentária; → Excreção primariamente pelos rins; → As cefalosporinas são classificadas em “gerações” – características e a ordem cronológica de sua síntese; → Atualmente quatro as gerações das cefalosporinas. 12 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 13 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 Outros Betalactâmicos: Meropeném (carbapenêmico) → Exclusivamente IV; → Baixa taxa de ligação a proteínas; → Excreção renal; → Meropeném é geralmente bem tolerado. Os eventos adversos graves são raros e raramente requerem interrupção da terapia. Antibacterianos Mecanismo de Ação Glicopeptídios Interferem na síntese da parede celular Aminoglicosídeos Interferem na síntese proteica Tetraciclinas, Cloranfenicol Interferem na síntese proteica Uso tópico Bacitracina Interferem na síntese da parede celular Rifamicinas Interferem na síntese de ácido nucleico Polimixinas Interferem na permeabilidade da M.C Glicopeptídios Características Gerais • São fármacos de segunda escolha; • Vancomicina, teicoplanina e avoparcina – Promovem o crescimento em aves no Brasil; • Proibida no Brasil e em países importadores; • Bactericidas com peso molecular relativamente alto; • Atividade contra bactérias gram-positivas; Vancomicinas É um antibiótico bactericida, com espectro de ação por sinergismo com os aminoglicosídeos contra cocos gram-positivos, possui rara resistência, sendo sua administração por via intravenosa diluída em soro glicosado ou fisiológico, sua excreção é renal e tem como toxicidade: Nefrotoxicidade, neurotoxicidade e tromboflebite. 14 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 Aminoglicosídios São antibióticos bactericidas voltados para o tratamento de infecções causas por bactérias gram-negativas por isso associado as penicilinas naturais, porém por seu alto nível de toxicidade e seus resíduos, seu uso é limitado. Mecanismo de Ação Interferem na síntese proteica dos microrganismos por se ligas à subunidade 30 S do ribossomo, consequentemente provoca a leitura incorreta do código genético e permitindo a incorporação de aminoácidos incorretos na cadeia polipeptídica que está sendo formada, essa proteína defeituosa é necessária para o metabolismo da bactéria, levando-a à morte. Características Farmacocinéticas Administração por via parenteral (IM ou SC) para o tratamento de infecções sistêmicas, em geral esses antibióticos se ligam pouco às proteínas plasmáticas e não são biotransformado de maneira significativa no organismo animal. Sua excreção renal na forma ativa ocorre por filtração glomerular, a ocorrência de nefropatia pode provocar níveis altos de aminoglicosídios na circulação. Efeitos Tóxicos • Nefrotoxicidade – É a necrose tubular aguda, considera mais comum dos aminoglicosídios, a membrana das células dos túbulos proximais renais (fosfolipídios aniônicos) atraem os aminoglicosídios (moléculas catiônicas), essa interação é saturável e é competitivamente inibida por 15 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 cátions bivalentes, como cálcio e magnésio. Toxicidade relacionada com o grau de reabsorção tubular - > Gentamicina; • Ototoxicidade – Acúmulo dos aminoglicosídios na perilinfa e endolinfa da orelha interna, com mesmo mecanismo da Nefrotoxicidade – destruição das células sensoriais da cóclea e do vestíbulo; • Bradicardia e hipotensão – Intravenosa rápida – ação sobre os canais de Ca++; • Bloqueio neuromuscular de intensidade variável • Fatores que predispõe à toxicidade → Tratamento superior a 7/10 dias; → Doses diárias múltiplas; → Acidose distúrbios eletrolíticos; → Depleção de volume plasmático; → Tratamento simultâneo com outros medicamentos nefrotóxicos; → Idade; → Doença renal preexistente; → Concentrações plasmáticas elevadas. Tetraciclinas e Cloranfenicol Tetraciclinas As tetraciclinas são antibióticos produzidos por diversas espécies de Streptomyces, e algumas são semissintéticas, são classificados como antibióticos de amplo espectro de ação antimicrobiana, atuando sobre bactérias gram-positivas e gram- negativas, clamídias, riquétsias e alguns protozoários Plasmodium falciparum, Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Leishmania major, Trichomonas spp. e Toxplasma gondii. Mecanismo de Ação Estes antibióticos se ligam à subunidade 30 S do ribossomo do microrganismo, impedindo que o RNA transportador se fixe ao ribossomo e, com isso, a síntese proteica é inibida, atividade bacteriostática tempo-dependente. 16 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 - Quanto a resistência: Resistência adquirida é comum entre bactérias e Mycoplasma, já para patógenos intracelulares como Clamydia, Chlamydophila, Ehrlichia e Anaplasma são raras. Características Farmacocinéticas • Administradas por via oral, sendo absorvidas no trato digestivo, como por vias parenterais; • Injeção intramuscular provoca dor local por ser oleosa; • A presença de alimentos no trato digestivo prejudica a biodisponibilidade na via intravenosa; • A presença de leite, preparações vitamínicas e antiácidos podem reduzir a absorção das tetraciclinas; • A doxiciclina é lipossolúvel sem excreção renal, penetram com maior facilidade nos tecidos – exceto líquido cefalorraquidiano; • Atravessam a barreira placentária e são secretadas no leite; • Excreção renal na forma ativa e excreção biliar; Efeitos tóxicos e adversos • Tóxicos → Células hepáticas – infiltração gordurosa, e renais – necrose dos túbulos proximais; → Diarreia grave em equinos. • Adversos → Irritação tecidual; → VO – náuseas, vômitos e diarreia; → IM ou SC – dor local da administração; → Deposição no tecido ósseo e nos dentes, devido a sua capacidade de se ligar com o cálcio; OBS: Evitar a administração em animais jovens ou em fase de crescimento e também em fêmeas prenhas. Cloranfenicol O cloranfenicol são antibióticos produzidos por Streptomyces venezuelae, também pode ser obtidoatravés de síntese laboratorial, são considerados antibióticos de amplo espectro de ação, atuando sobre bactérias gram-positivas, gram-negativas, riquétsias, espiroquetas e micoplasma. Mecanismo de Ação Ligam-se à subunidade 50 S e, desta forma, interferem na formação do peptídeo pelo bloqueio da enzima peptidiltranferase, são antibióticos bacteriostáticos. Características Farmacocinéticas 17 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 • Em monogástricos é bem absorvido no trato digestivo, em ruminantes é destruído pela flora ruminal; • Atravessa a barreira placentária – se difunde bem no leite e nos líquidos pleural e ascético; • Biotransformação hepática – conjunção com o ácido glicurônico – diferenças na meia vida entre as espécies; • Excreção urinária e biliar. Efeitos tóxicos e adversos • Tóxico → Não é recomendada a associação do cloranfenicol com penicilina e flourquinolonas; → O uso é proibido em animais utilizados para consumo humano. • Adverso → Anemia hipoplásica e redução da síntese de anticorpos – relacionados a dose e duração do tratamento – os gatos são mais sensíveis que os cães; → Vômito e diarreia; → Reações alérgicas. Bacitracina, Polimixina e Rifamicina Bacitracina • É produzida por Bacillus linchenformis; • Pouco ativa contra bactérias gram-negativas; • Inibi a desfosforilação do pirofosfato lipídico – importante para formação da parede celular e parece também lesar a membrana citoplasmática; • Resistência bacteriana rara; • Não é absorvida por via oral; • Nefrotoxicidade por via sistêmica – Albuminuria, cilindrúria e azotemia; • Seu uso limita-se às aplicações tópicas/oftálmicas e intramamárias; • Bacitracina + neomicina ou bacitracina + polimixina B = ação em gram- negativas – ampliação do espectro de ação; Polimixinas São antibióticos de estrutura polipeptídica, produzidos por Bacillus polymyxa. Dentre as várias polimixinas (A, B, C, D, E, M), apenas as B e E têm uso terapêutico, as demais são tóxicas, são usadas por via tópica e em preparações intramamárias devido à sua toxicidade sistêmica, atividade concentração-dependente, sinergismo com sulfas e Trimetoprim, rifamicina e cefalosporinas. Mecanismo de Ação • São detergentes catiônicos que interferem na permeabilidade seletiva da membrana celular, estes se ligam aos constituintes lipoproteicos da membrana desorganizando essa estrutura; 18 Farmacologia Veterinária Bruna Natal 20 de Novembro de 2021 • Interferem na sua permeabilidade seletiva, conduzido o microrganismo a morte – bactericidas; • Podem neutralizar endotoxinas produzidas por bactérias gram-negativas – subdoses em equinos – resistência; • Ação principalmente em bactérias gram-negativas; • Não são bem absorvidas via oral, mas são ativas no lúmen intestinal; → Infecções entéricas; → Aditivos em rações • Excreção renal na sua forma ativa; • Efeitos adversos – Nefrotoxicidade, neurotoxicidade e bloqueio neuromuscular; • Colistina menos tóxica que a polimixina B. Rifamicina – Rifocinas Constituem um grupo de antibióticos (A, B, C e D) obtidos da cultura de Streptomyces mediterranei, sendo que destes, o mais ativo é a rifamicina B a partir da qual foram obtidos vários derivados semi sintéticos, seu espectro de ação é considerado intermediário, a rifamicina SV atua sobre microrganismos gram-positivos, a rifamida atua sobre micobactérias e algumas bactérias gram-negativas e a rifampicina possui maior espectro de ação atuando sobre bactérias gram-positivas e gram-negativas. Podem ser administradas por via oral ou uso tópico com excreção renal, passando por biotransformação hepática. Mecanismo de Ação Inibição da atividade RNA – polimerase – DNA – Dependente foram complexos estáveis com a subunidade beta (irreversível) – inibição da síntese proteica em todos os estágios sendo bactericida. Sendo ativa contra microrganismos extracelulares e intracelulares Mycobacterium, Rhodococcus, Chlamydophilia. Efeitos adversos • Poucos relatos – hepatite, trombocitopenia, anemia hemolítica, anorexia, vômito e diarreia; • Coloração vermelho-alaranjado da urina e secreções – pelo uso da rifampicina.
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