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ª 1 Microbiologia Caso 2 Indicação de livro para estudo: Tortora – Cap Citomorfologia (não é bom para pneumonia e sim citomorfo) Microbiologia médica - Trabulsi ou Murray Citomorfologia bacteriana – Componentes e estruturas Nessa parte de citomorfologia que eu vou apresentar agora para a gente discutir os conceitos básicos das células bacterianas, é importante a gente entender os casos que incluem os patógenos bacterianos. Então vocês vão revisar esses conceitos que eu vou apresentar hoje e a gente pode fazer no início da próxima aula uma sessão tira-dúvidas após vocês estudarem esse capítulo do Tortora: Quando a gente fala de citomorfologia, Cito quer dizer célula Morfologia quer dizer forma da bactéria E as bactérias têm diferentes tamanhos, formas e arranjos, que são os conjuntos, a forma como essas bactérias se agrupam que são chamados de arranjos. Então, a gente vai entender, que as bactérias para que a gente consiga diagnosticar e identificar uma espécie bacteriana o primeiro passo é avaliar a morfologia dela. Qual é a forma? Ela é um bacilo? Ela é um cocos? Ela está se agrupando formando um arranjo de Estafilococos? De Estreptococos? Então isso é a forma da bactéria e iremos ver na aula prática. Morfologia bacteriana: - Estudo do tamanho, forma e o arranjo das bactérias (Aparência externa). Citologia bacteriana: - Estudo das estruturas internas e externas da célula bacteriana. E a citologia bacteriana já é o estudo das estruturas que irão compor a célula bacteriana. Então, se ela tem flagelo, pili, como é a parede celular, etc. Morfologia bacteriana Quando a gente pensa em formas, a gente tem formas básicas das bactérias que a gente vai poder ver e classificar. Quando ela é bem redondinha, ela é chamada de Cocos. Então a gente pode ter Staphylococcus, cryptococcus, coccus isolados ª 2 Microbiologia Quando ela é achatada, parece um bastãozinho, ela é chamada de bacilo ou bastonete. Quando ela tem essa forma de vírgula, de curva ela é chamada de vibrião. E quando ela é espiralada, parecendo um espiral de caderno ela é chamada de forma espiralada ou espiral. A gente também tem algumas formas que são chamadas de formas de transição, que não está aqui no desenho. Que são: Cocobacilos (como o nome já diz é uma mistura de coco com bacilo, “coco amassado) ” Vibrião (forma de vírgula) Então, podemos dizer que as células bacterianas elas são caracterizadas quanto ao tamanho ou forma: Tamanho: - 0,3 por 0,8 µm (micrômetro) até 10 por 25 µm - As espécies de interesse 0,5 a 1,0 por 2 a 5 µm. A maioria de bactérias patogênicas, de interesse médico estão na escala de 0,3 por 0,8. Geralmente no 0,5. E também podemos classificar quanto a forma, como dito anteriormente: Forma: – Cocos (esféricas) – Bastonetes – Espiraladas (helicoidais) – Formas de transição: • Cocobacilos • Vibrião (Forma de vírgula). A gente então só pode visualizar essas bactérias no microscópio e iremos ver nas aulas práticas. Arranjo de Cocos e de Bacilo Quando um Coco ele se agrupa dois a dois, ele é chamado de diplococos. (Isso aí é o arranjo, o arranjo é como essas bactérias podem se agrupar durante a sua divisão bacteriana e formar esses arranjos). O plano de divisão dos cocos, pode gerar em uma lâmina um monte de diplococos. As vezes os cocus quando se dividem permanecem ª 3 Microbiologia aderidos formando cadeias e esse arranjo é chamado estreptococos. Quando os cocos se dividem e ficam agrupados formando cachos parecendo cachos de uva eles são chamados de Estafilococos. Esse arranjo aqui não é gênero. Isso é a forma como a bactéria está agrupada. Quando os cocos se dividem e se agrupam formando 8 cocos unidos são chamados de Sarcinas. No desenho não tem, mas a gente tem também com arranjo de 4 cocos que é chamado Tétrades. A grande maioria dos bacilos patogênicos eles se agrupam sem formar uma estrutura, são bacilos isolados, por exemplo: Proteus, Pseudomonas, Escherichia coli (E. coli), eles formam os bacilos sem formar arranjos. Mas alguns podem formar Diplobacilos (seriam bacilos dois a dois). E Estreptobacilos (seriam os bacilos formando aquelas filas como por exemplo os lactobacilos acidófilos). Célula bacteriana Procariota Típica Na estrutura de uma bactéria, a principal característica que vai diferenciar uma célula procariota de uma célula eucariota é por exemplo, a ausência da membrana nuclear. Então a célula procariota não tem núcleo (não tem a membrana nuclear). Ela tem o nucleóide e esse nucleóide armazena toda a informação genômica dessa bactéria, o DNA bacteriano. E essa bactéria apresenta na sua célula uma parede celular que também uma célula eucariota não tem parede celular (tem membrana plasmática mas sem parede celular). Ela além da membrana ela tem essa estrutura de parede celular. A bactéria tem parede celular? A maioria das bactérias sim (chamadas de típicas)! A gente tem algumas exceções (bactérias atípicas). A gente tem também estruturas que podem estar presentes na bactéria que são chamadas de estruturas acessórias. ª 4 Microbiologia Por exemplo, aqui na imagem acima estamos vendo esse vermelhinho saindo parecendo um cabelo (isso é um PILI ou FÍMBRIAS). Então, essas estruturas são acessórias porque nem todas as bactérias tem PILI. Toda bactéria vai ter nucleóide, vai ter informação genética, vai ter ribossomo, vai ter parede celular (praticamente), vai ter flagelo, mas nem toda bactéria vai ter PILI ou FÍMBRIAS. Então, quando essas estruturas podem estar presentes ou não, ela é conhecida como estrutura acessória. E sendo acessória, pode dar alguma vantagem evolutiva a bactéria. Por exemplo o plasmídeo (visto na imagem), ele também é um DNA extra cromossômico. Podemos ver que aqui está o DNA bacteriano (COR LARANJA). E aqui temos um círculo que é o plasmídeo (COR VERDE). ª 5 Microbiologia O plasmídeo ele traz uma informação acessória a bactéria que pode ser por exemplo uma informação que dá a ela uma resistência a algum antibiótico. Então o plasmídeo é uma estrutura acessória de virulência que algumas bactérias possuem. Uma estrutura acessória que é muito importante é a cápsula (na imagem anterior podemos observa-la; ao lado da parede celular). Cápsula polissacarídea é uma estrutura que reveste toda a parede celular da bactéria. É como se fosse uma capa. E essa capa pode carrear antígenos que fazem com que uma espécie bacteriana possa ter várias capas e confira ela uma variação antigênica. Veremos isso na pneumonia. Essa cápsula vai trazer uma vantagem evolutiva para o estreptococos pneumoniae e é uma estrutura acessória. Quem tem estruturas acessórias com certeza vai ter uma virulência maior, um poder de invasão maior porque ela também tem uma ação antifagocítica, impedindo assim, a fagocitose, que é o principal mecanismo de defesa contra uma infecção bacteriana. É o macrófago e vai fagocitar a bactéria. Então a cápsula impede esse reconhecimento do neutrófilo, do poli nucleado, do neutrófago, macrófago, ou seja, das células fagocíticas. E inibindo ou reduzindo a fagocitose. Quero que vocês revisem essas estruturas porque no processo de discussão das doenças, a gente vai falar de cápsula, de plasmídeo, como também do flagelo que vai permitir a bactéria se locomover, e das fímbrias que vai aumentar o poder de ligação da bactéria ao tecido, que é a adesão bacteriana. E por isso a importância de saber esses termos. Estruturas das células procarióticas Aqui eu dividi para você um quadrinho para facilitar as estruturas que são fundamentais para a bactéria. E aquelas estruturas que são acessórias (quealgumas bactérias possuem e outras não). E muitas dessas estruturas acessórias elas são ligadas a virulência da cepa, uma cepa que tem cápsula, ela vai ter um poder maior de invasão tecidual, resistindo mais a ação do sistema imunológico, e consequentemente vai estar associada a infecções mais invasivas e graves do paciente: Um exemplo de cepa com acessório de cápsula é a bactéria que iremos discutir hoje que é a Estreptococos pneumoniae. A gente tem cepa sem cápsula e cepa com cápsula e quem vai estar mais ligado a invasão ª 6 Microbiologia tecidual e a doenças mais graves são as cepas que possuem a cápsula polissacarídea. Composição da parede celular Outra coisa que é muito importante vocês revisarem e a gente vai ver isso com mais profundidade no laboratório, tá? A gente não vai ver a parede mas vai ver a função da parede celular bacteriana e a divisão dessa parede celular em bactérias de dois grandes grupos que são as bactérias gram-positivas (+) e gram- negativas (-). Então, qual a diferença? Por que a gente fala: “Estreptococos são bactérias gram-positivas? E-Coli é uma bactéria gram-negativa (-). ” O que diferencia isso? ” A técnica de coloração de gram que vocês vão fazer isso na prática, então não precisa ficar aqui tentando entender as etapas agora porque a gente vai ver isso no laboratório, mas é importante eu chamar atenção porque eu vou falar do Estreptococos. Vou dizer que ele é uma bactéria gram-positiva (+) e vocês vão ficar sem saber o que isso significa. ª 7 Microbiologia Então revisando: A parede celular da bactéria gram-positiva (+), ela apresenta várias camadas de peptídeo glicano ou ureína. Essa substância confere uma maior rigidez a parede celular. Então quando a gente compara que a parede celular de uma gram-positiva (+) com a parede celular de uma gram-negativa (-) observamos ao compará-la várias camadas de peptídeos na gram-positiva (+) enquanto que na gram- negativa uma fina camada de peptídeo glicano. Então só de olhar a estrutura a gente já consegue ver que a parede celular da gram- positiva é mais rígida em mais camadas de ureína, peptídeos glicano do que a gram- negativa (-). (Atenção: a parede fica situada acima da membrana plasmática e a membrana plasmática são iguais tanto nas bactérias gram-positivas quanto nas bactérias gram-negativas). Acima da camada fina de peptídeo glicano da gram-negativa (-) temos uma membrana lipídica, cheio de lipopolissacarídeos. Na verdade, proteínas também e por isso lipoproteica sendo semelhante a membrana celular. Possui uma bicamada lipídica de proteínas. Muitos lipídeos e além dos lipídeos eles tem estruturas que parecem espermatozoides (mas não são não viu gente, pelo amor de Deus, rs). Essas estruturas que lembram espermatozoides são as LPS que é o lipopolissacarídeo (circulado na foto acima). A gente vai falar muito nesse ipopolissacarídeo quando a gente falar de fator de virulência de bactérias gram-negativas, porque esse LPS das gram-negativas, todas as gram-negativas possuem essa LPS. Essa estrutura está relacionada a febre. Está relacionada também a indução de uma resposta inflamatória. Funciona como uma toxina dentro de um processo infeccioso. Então a gente pode observar que a parede celular da gram-negativa (-) ela é bem diferente da gram-positiva (+). Pergunta feita no chat: “Inclusive tem relação com resistência também né pró? ” Resistência a alguns antibióticos? ” Resposta da pró: “Exatamente. A parede celular gram-positiva (+) é diferente da gram-negativa e é por isso que tem antibióticos que não agem para a gram- positiva (+) e agem na gram-negativa (-), porque podem estar relacionados a síntese de algum componente específico da gram-negativa (-) que que não tem na gram-positiva (+). ” Coloração de gram Chamando atenção desses dois fatores principais (a camada do peptídeo glicano e a membrana externa cheia de lipídeos) então o método que faz essa classificação, o método de gram, ele foi criado por Christian Gram e até hoje a gente usa essa metodologia para separar essas bactérias em dois grandes grupos. ª 8 Microbiologia Então quando o paciente chega com processo infeccioso e eu faço uma lâmina dessa amostra biológica ou desse crescimento inicial em placa eu vou ver o que e vou classificar? Se essa bactéria é gram-positiva (+) ou se ela é gram-negativa (-). Se ela é um cocos, se ela é um bacilo. Logo de cara eu faço isso. E o que faz essa classificação? O método de coloração de gram tem uma etapa onde ele usa o álcool como o agente que vai descolorar. Então nessa etapa a gente vai classificar porque a gram-positiva (+) elas não vão sofrer tanto a ação do álcool e vão permanecer coradas de púrpura ou violeta. Já as gram-negativas (-) elas vão sofrer ação do álcool porque na membrana externa ela tem muito lipídeo e o álcool extrai. Então no momento em que eu lavo a minha lâmina com álcool eu vou fazendo poros na parede celular da gram-negativa (-). (Vão ficar transparentes). Já na gram-positiva (+) não já que o peptidoglicano impede a ação tão rápida do álcool. Se eu ficar um tempão eu vou extrair tudo já que o álcool destrói tudo, mas se eu lavar corretamente seguindo a metodologia que são de 10 segundos apenas. Eu só vou degradar a parede da gram-negativa (-) e essa bactéria e então vai perder a cor púrpura ficando transparente e depois eu vou usar um outro corante safranina e que vai corar apenas a gram-negativa. Por isso, a gram-positiva (+) vai ficar violeta e a gram-negativa vai ficar rosinha. Não precisam ficar preocupados com entender isso pois vão entender melhor quando fizerem esse método de coloração no laboratório. Quais as características Morfotintoriais? Isso aqui é uma foto de uma lâmina real e o que podemos observar daqui? Bolinhas (cocos) ou bacilos (bastões)? Resposta correta: Cocos. Então nessa lâmina se eu perguntar a vocês quais as características morfotintoriais dessa lâmina específica? Eles estão roxos ou estão rosas? Resposta correta: estreptococos gram-positivas (+). Quando eles se agrupam formando cachinhos parecendo cachinhos de uva eu digo que esses Cocos são chamados de estreptococos. Então na imagem da lâmina podemos observar estreptococos gram-positivas (+). ª 9 Microbiologia E nessa outra lâmina abaixo? Quais são as características morfotintoriais dessa lâmina? Resposta correta: Bacilos gram-negativos (-). Então eu tenho a forma e tenho tintoriais que significa tinta. E como coloriu de rosa, é uma gram-negativa (-). Isso é uma informação bem básica e bem superficial para que eu consiga falar com vocês sobre bacilos, cocos, estafilococos, estreptococos, gram (+), gram (-), parede celular e cápsula. Agora vamos entrar no caso. Caso 2 Essa parte que foi dada, é importante vocês saberem, mas não precisa falar disso na tutoria. Vamos agora dar início ao caso 2, onde temos vários processos infecciosos, mas que na microbiologia a gente vai focar nas infecções do trato respiratório propostas no caso clínico com ênfase na criança, onde temos a suspeita de pneumonia adquirida na comunidade porque ela não foi internada. É uma criança que estava na vida dela normal e que está evoluindo o quadro e a suspeita é pneumonia. Mas temos que lembrar que pneumonia é uma das principais causas de infecções do trato respiratório que leva a necessidade do paciente de levar associar com a internação. E no ambiente hospitalar a gente tem também infecções hospitalares e uma associação muito alta da pneumonia adquirida no ambiente hospitalar. Temos a pneumonia (PAC) que é uma pneumonia adquirida na comunidade – utiliza- se muito esse termo na literatura), mas também temos aquela pneumoniaadquirida em ambiente hospitalar e que tem uma associação muito alta com pacientes que precisam de ventilação. Agora mesmo com o corona vírus, fazendo uso de respiradores tem muitos casos de infecção hospitalar pelo uso do respirador. No ambiente hospitalar a bactéria ela pode ter fatores de virulência que são maiores. É mais difícil de tratar uma infecção hospitalar do que uma PAC (infecção adquirida na comunidade). Quando temos um quando de pneumonia pensamos o que? Doença inflamatória aguda e que pode ter uma etiologia bem variada. ª 10 Microbiologia A pneumonia vai está relacionada a um deslocamento. Toda pneumonia, todo agente etiológico ele vai primeiro infectar o trato respiratório superior e só depois o trato respiratório inferior (as vias aéreas terminais, os espaços alveolares e dependendo do tipo de pneumonia pode também atingir o interstício). E os agentes etiológicos são variados. Podemos ter várias etiologias associados ao quadro de pneumonia. Etiologia As pneumonias fungícas podemos ter, mas são raras. Uma pneumonia por fungos ela tem uma associação com imunossupressão. Quando pegamos um caso de um paciente com pneumonia por fungos existe uma possibilidade de associação com AIDS ou quadro de imunossupressão severa. Pneumonia por Helmintos, por alguns protozoários, que é raro também mas existem alguns protozoários que fazem o ciclo pulmonar e podem induzir a um quadro de pneumonia. E temos também os quadros de pneumonias não infecciosas associados principalmente a pacientes alérgicos ou exposições a substâncias tóxicas. Então temos também esse quadro, mas é mais raro. O que é mais comum? Pneumonia viral e bacteriana. E quando pensamos nelas a pneumonia bacteriana tem uma importância clínica, uma associação com internação e de evolução grave muito maior do que uma pneumonia viral. Chamo atenção aos patógenos na imagem em negrito que para vírus a gente pode ter vários, mas o principal é a influenza vírus A e o B. No momento o coronavírus está na frente do influenza por ter um número maior de casos. Normalmente, é o influenza que é o vírus mais associado a pneumonia viral. E o mais raro é o hantavírus. E para as bactérias a gente tem tanto gram- positivas (+) quanto gram-negativas (-). Por exemplo, o estreptococos pneumonie e o estafilococos aureus ambos são gram-positivos (+). Já a klebsiella pneumoniae e o hemovirtus influenza já são gram-negativos (-) E a gente ainda tem uma exceção aqui que por exemplo, legionella, chlamydia, mycoplasma que são bactérias atípicas, ou seja, bactérias que não se coram pelo método de gram. Agentes etiológicos na PAC Quando a gente pensa em agente etiológico na pneumonia adquirida na comunidade tem vários artigos onde vocês vão pesquisar e ver nas tabelinhas os nomes dessas bactérias se repetindo. E o top número 1 é o estreptococos pneumoniae. Então o nome dele já está relacionado a doença principal associada a ele que é a pneumonia bacteriana. Então, dos casso a bactéria mais frequente isolada de pneumonia na comunidade são dos estreptococos pneumoniae. ª 11 Microbiologia Artigo sobre Pneumonia adquirida na comunidade:http://www2.unifesp.br/dmed/pne umo/Dowload/Pneumonia%20Adquirida%20na %20Comunidade.pdf “Professora, tem outras bactérias envolvidas? - Tem. ” Uma outra que é muito comum e que também pode ser confundida porque a citomorfologia é também atípica e muito parecida com a estreptococos pneumoniae é a infecção pelo haemophilus influenzae. Só que o estreptococos pneumoniae é uma bactéria gram-positiva (+) e o haemophilus influenzae é uma bactéria gram- negativa (-). Temos também outras bactérias que são chamadas atípicas por não se corarem no método de gram e não tem a citomorfologia definida como é o caso da chlamydia, como o mycplasma, a legionella. Aí vocês estão vendo vírus na imagem acima. Professora, vírus também pode causar na comunidade em UTI? Pode e muitas vezes o vírus está associado a uma bactéria. A infecção começa com o vírus e o mesmo acaba sendo um cofator para o deslocamento bacteriano e uma evolução para uma pneumonia bacteriana associada a pneumonia viral, o que piora o quadro clínico do paciente. A gente está evidenciando isso por exemplo na pandemia atual por corona vírus, inclusive com Elcimar Coutinho aconteceu isso, já que foi internado por corona vírus e acabou pegando uma infecção hospitalar no trato respiratório superior, uma pneumonia bacteriana associada ao quadro viral que levou a gravidade e contribuiu com o óbito. Nessa tabela acima (tabela 1) a gente observa o estreptococos pneumoniae, Mycoplasma, chlamydia, Viroses respiratórias, Haemophilus influenzae. Uma pneumonia na comunidade é considerada uma pneumonia fácil de tratar. Um quadro mais leve do que comparado com o quadro de pneumonia de paciente que está internado ou paciente que está internado sem UTI ou aqueles que estão internados na UTI com quadros mais graves. Nos quadros mais graves a gente começa a observar outras bactérias. Como por exemplo, bacilos gram-negativos como Klebsiella Pneumoniae, Proteus Mirabilis e que são péssimos para tratar. Não sei se vocês http://www2.unifesp.br/dmed/pneumo/Dowload/Pneumonia%20Adquirida%20na%20Comunidade.pdf http://www2.unifesp.br/dmed/pneumo/Dowload/Pneumonia%20Adquirida%20na%20Comunidade.pdf http://www2.unifesp.br/dmed/pneumo/Dowload/Pneumonia%20Adquirida%20na%20Comunidade.pdf ª 12 Microbiologia já ouviram falar da KPC que é uma bactéria multirresistente que é a Klebsiella pneumoniae. O Estafilococos aureus também está incluído nos casos mais graves, apesar de ser mais raro, na UTI do paciente internado usando respirador ele está associado com fatores de resistência também ao tratamento Na tabela acima (tabela 2) estou abrindo um leque para vocês mostrando que a epidemiologia dos quadros pneumonia, vocês podem pegar o artigo que vocês quiserem. Os agentes etiológicos podem ser vários, dependendo da evolução e dependendo também se o paciente foi infectado na comunidade ou se ele foi infectado no ambiente hospitalar. Mas em todos os cenários a gente tem os Estreptococos Pneumoniae como um dos principais e por isso o foco da nossa aula hoje vai ser entender o papel dessa bactéria e poder entender os mecanismos de virulência que levam ao quadro da infecção. Quando a gente pensa em outros importantes como Mycoplasma Pneumoniae, O Chlamydia, Vírus, esses mecanismos mudam um pouco porque a gente está falando de uma bactéria diferente. O Mycoplasma pneumoniae, O chlamydia são bactérias chamadas atípicas por não terem a parede celular própria e elas são capazes de se multiplicar dentro da célula. Então podemos ver que essas duas bactérias elas se comportam de uma forma semelhante aos vírus. Porque os vírus intracelulares obrigatórios eles se multiplicam dentro das células e essas duas bactérias também. Agora o quadro de estreptococos pneumoniae e haemophilus influenzae eles são muito próximos porque são bactérias que se multiplicam fora da célula e tem uma parede celular típica. Eu trouxe esse slide que é um pouco questionável essa divisão, inclusive a gente vai ter outro caso clínico que a gente vai também falar de pneumonia e que aí eu vou poder falar com vocês sobre essa questão da pneumonia atípica. A gente hoje é um quadro de suspeita de pneumonia bacteriana e como no quadro de pneumonias bacterianas o agente principal é o estreptococos pneumoniae. “Ah professora, e para eu ter certeza? ” – Só fazendo o isolamento dessa bactéria, a cultura para que se possa identificar o agente etiológico. Mas as pesquisas demonstram que o top 1 na maioria dos casos você vai isolar o estreptococos pneumoniae.Um outro patógeno muito frequente é o Haemophilus Influenzae. Um outro que já não é tão frequente, mas que você pode isolar é o Moraxella Catarrhalis. Como também não é muito frequente sendo mais frequente em ambiente hospitalar patógeno Klebsiella Pneumoniae e Staphylococcus Aureus. ª 13 Microbiologia Esse quadro típico é aquele quadro mais grave, com uma evolução clínica mais litigiosa, uma febre mais alta, por exemplo. Já no quadro do atípico a evolução clínica é mais restada e os sintomas são mais brandos, com algumas exceções que inclui os fungos. Revisão caso 2: A gente tem uma criança com suspeita de pneumonia bacteriana pelos achados e pela expectoração purulenta principalmente, além da tosse produtiva, febre, etc. Pela literatura a gente observa que o quadro mais comum é pelo Estreptococos Pneumoniae. OS achados clínicos radiológicos demonstraram comprometimento do trato respiratório inferior. E a gente tem no quadro da criança uma paciente que acaba sendo uma fumante passiva, fazendo com que ela tenha um trato respiratório que possa não funcionar tão bem no seu mecanismo de defesa porque o fumante tanto ativo quanto passivo acaba comprometendo o movimento muco ciliar, que é importante para expelir o patógeno no ato da tosse, da defesa contra patógenos invasores do trato superior para o trato inferior. A gente também tem no caso uma avó diabética, fumante passiva, com corrimento vaginal, suspeita de tricomoníase. Ela pode estar evoluindo para um quadro de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). Está com suspeita de bronquite com histórico que trata e volta, logo temos uma bronquite crônica. E no senhor, um fumante ativo com enfisema pulmonar e que pode estar associado com esse quadro de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) cujo principal fator é o fumo. Possui tórax em barril. O fumo acaba interferindo no trato respiratório de toda a família. Trato respiratório: No quadro de fumos temos uma redução na produção do muco e uma redução no movimento muco ciliar e nós temos no trato respiratório superior, por exemplo, colonizando a faringe, a orofaringe, a nasofaringe bactérias da nossa microbiota natural. A nossa cavidade oral mesmo tem trocentas bactérias. O trato respiratório inferior já é estéril, não tendo bactérias lá por termos mecanismos que impedem essa descida da bactéria do trato respiratório superior para o trato respiratório inferior. ª 14 Microbiologia E quando pensamos na microbiota que habita esse trato superior vamos encontrar por exemplo, o Estreptococos Pneumoniae. Faremos uma prática onde coletamos uma amostra biológica do trato da orofaringe, da nasofaringe (um coletando do outro) e então isolamos essas bactérias e então encontraremos os patógenos. Tem aluno que ao fazer o experimento da lâmina relata a professora que encontrou Estreptococos Pneumoniae e pergunta se é normal e possível e sim é. Só que iremos ver que as cepas que colonizam nosso trato respiratório superior são cepas menos invasivas. Temos Haemophilus Influenzae, temos Estreptococos Pneumoniae, temos Moraxella Catarrhalis todos eles no trato respiratório superior. A gente pode ter alguns gram-negativos (-) também bacilos transitoriamente no nosso trato respiratório superior e por que? Por respirarmos um ar que tem microrganismo. Só que quando é um paciente que fuma, que tem algumas lesões pulmonares, que já tem um muco mais expesso, que já tem uma célula ciliada destruída, então nesse caso, teremos um paciente que favorece o deslocamento da bactéria para o trato respiratório inferior. Para que aconteça uma pneumonia seja ela qual for, a bactéria vai primeiro colonizar o trato superior e adentrar para o inferior. Toda pneumonia acontece assim? Não A gente tem também sangue (como relatado na imagem) podendo invadir o pulmão. Podendo ter assim, um paciente com uma infecção que leve ao quadro de bacteremia sepse e evolução para uma pneumonia cuja origem veio através do sangue. Mas é raro. Então, o que vemos mais é o deslocamento bacteriano. Microbiota do TRS: Observem as bactérias da imagem abaixo que está na nossa microbiota natural e percebam que essas bactérias colonizam o nosso trato respiratório superior e eventualmente podem causar doenças. Então a nossa microbiota natural também pode causar doenças e além disso podemos ser colonizados transitoriamente por uma cepa mais invasiva com cápsula que colonizou aqui o meu trato superior, se multiplicou conseguindo achar uma maneira de evadir meu sistema imunológico e atingir meu trato respiratório inferior causando uma pneumonia grave. Nas bactérias sempre para ocorrer uma infecção bacteriana, ela tem que colonizar, ela tem que colar no seu tecido, ela tem que crescer ali primeiro, no início, no sítio da infecção, o foco. E o foco dessas pneumonias inicial é o trato superior. Essas bactérias que estão na nossa microbiota natural, além de causarem infecções no trato respiratório inferior muitas vezes, elas também ª 15 Microbiologia podem se deslocar causando, por exemplo, otite média. Se vocês pesquisarem na internet, qual a principal causa de pneumonia? Vocês vão ver lá Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenza, Moraxella Catarrhalis (é mais raro, mas também pode). Se vocês pegarem principais casos de Otite média vai ser Streptococcus pneumoniae, Hoemophilus influenza. Se vocês pegarem principais causas de sinusite vai ser Streptococcus pneumonia, Hoemophilus influenza. Por que isso gente? Porque essa bactéria coloniza facilmente nosso trato superior e quando ela não encontra, o nosso mecanismo de defesa não for suficiente, ela pode se deslocar causando processos infecciosos tanto no trato superior, como a otite média e a sinusite, quanto no trato inferior como a pneumonia, bronquite, bronquiolite e etc. Então a microbiota natural, o deslocamento pode causar infecções em trato superior e inferior. Essa microbiota natural pode ser também uma microbiota transitória, ou seja, se eu trabalho em hospital, eu tenho uma microbiota diferente daquela pessoa que nunca pisou os pés no hospital. Porque no hospital tem bactérias mais resistentes. Então a minha microbiota no trato superior pode ser mais selecionada, mais evasiva. E se eu vacilar, eu posso ter um risco mais aumentado de evoluir com essas doenças e com bactérias já mais resistentes. Então, por isso, eu quero que vocês tenham em mente isso, é muito importante na microbiologia. A gente tem uma espécie Streptococcus pneumonia, mas a cepa, ela é muito variada. A cepa quer dizer o que ela tem de virulência. Então, a gente tem Streptococcus pneumoniae que tratamos fácil com beta-lactâmicos, mas tem Streptococcus pneumoniae que eu já não consigo tratar tão bem que eu preciso de antibiótico de espectro maior. Já tem Staphylococcus aureus que eu até consigo tratar bem na comunidade. Agora, eu pego um Staphylococcus aureus de UTI, já é outra cepa. Eu quero que vocês tenham esse raciocínio na microbiologia. A gente tem uma espécie, mas essa espécie tem uma variação de cepa. Muitas vezes, a gente precisa isolar do nosso paciente essa cepa para estudar aquela situação. Principalmente, quando a gente tem resistência ao tratamento. (Olhar na imagem). Então a gente consegue ver esse deslocamento bacteriano causando essa infecção. Conseguimos ver que o fumo vai interferir nesse processo por ser um cofator importante porque ele reduz a resposta imune local, ele compromete o movimento muco ciliar, compromete a produção do muco favorecendo essas infecções por deslocamento. Streptococcus pneumoniae O nosso foco, hoje, é entender o Streptococcus pneumoniae, entender quais são os principaisfatores de virulência dessa bactéria, como fazer prevenção. Lembrando que Streptococcus pneumoniae não causa só pneumonia, a gente tem sempre que abrir o leque, ele é uma das principais causas de otite, de sinusite, de pneumonia e também de meningite. Quando a gente pensa meningite bacteriana, a gente tem Meningite neisseria, Meningite hidies, tem Streptococcus pneumoniae, tem Haemophilus influenza que são as três principais bactérias associadas aos quadros de meningite bacteriana no mundo e no Brasil, lógico. ª 16 Microbiologia A gente vai estudar Streptococcus pneumoniae porque o nosso quadro é de pneumonia, mas temos que entender que ele causa meningite. Temos que entender que quando falarmos de prevenção, de vacina, a vacina pneumo 13, pneumo 10, pneumo 23 que a gente viu falar muito agora pelo Corona vírus, indicado fazer vacinação em idosos, crianças, pacientes de risco com a vacina para pneumococo para evitar esse quadro de pneumonia bacteriana grave associado ao quadro da infecção viral. Mas também essa vacina tem uma indicação muito grande para evitar meningite bacteriana. A pneumo 10 que é aplicada em crianças no Brasil, ela serve para prevenir pneumonia e meningite. Quando a gente fala de OTITE e SINUSITE, a vacina tem pouca função porque a gente vai ver que meningite e sinusite são infecções mais simples e a bactéria pode se deslocar. Qualquer bactéria da nossa microbiota natural pode se deslocar e infectar os seis paranasais por exemplo causando a sinusite e ela não precisa ter capsula. Já o quadro de pneumonia, de meningite e de sepse que são infecções mais invasivas, a gente vai discutir, hoje, o fator de virulência principal para isso que é a capsula polissacarídica. Então, conhecendo essa bactéria, a família é Streptococcaceae, o gênero é Streptococcus como eu falei toda espécie bacteriana ela vem do latim binominal, tem dois nomes, por exemplo Streptococcus pneumoniae, o primeiro nome é o gênero e o nome completo é espécie. Características morfotintoriais e estruturas: 1. elas se apresentam no gram como cocos dois a dois. Diplococos são cocos que ficam aderidos dois a dois como se fosse gêmeos. São gram positivos então vão estar roxos. Podem ter ou não a capsula polissacarídica. 2. A gente tem na capsula polissacarídica mais de 90 sorotipos então é como se o Streptococcus pneumoniae com capsula, ele tivesse 90 tipos de capsula então a pessoa pode se infectar com vários soros tipos. E alguns soros tipos estão associados a uma maior invasão tecidual, a uma maior resistência a fagocitose e estão associadas, as infecções mais graves como a pneumonia, a meningite e também a sepse. Então no quadro da doença por Streptococcus pneumoniae tem uma colonização no trato superior como a principal causa, um deslocamento podendo causa infecções mais brandas, como a otite média, a sinusite, ou uma bacteremia e essa bacteremia pode levar bactérias meninges causando quadro de meningite ou podendo até haver um deslocamento bacteriano do trato superior para o trato inferior causando uma pneumonia ou causando outras infecções no trato inferior. E essa infecção no trato inferior pode levar a um quadro de bacteremia e sepse que é infecção generalizada. O que vai determinar tudo isso? Uma cepa capaz de fazer tudo isso. Uma cepa que está no meu nariz que está na minha orofaringe então, muitas vezes, essa cepa que está no seu nariz, na sua ª 17 Microbiologia orofaringe, ela não vai ser capaz de fazer tudo isso. A cepa que faz essa invasão e a infecção sistêmica, são as cepas com capsula. Por isso, a gente divide tipagem, Streptococcus pneumoniae com capsula e sem capsula. Transmissão: Toda a transmissão acontece através do contato então ao tossir, falar, espirrar, uma pessoa pode ser infectada por uma cepa mais invasiva que vai colonizar o trato superior e que pode se disseminar ou não. A gente tem mecanismos de defesa inatos no nosso trato superior, tem a microbiota do trato superior que também nos protege que tem a função de proteção. Então, podemos ou não ter gravidade. Patogênese: Aqui é o primeiro passo, o Streptococcus pneumoniae colonizando o nariz, a mucosa nasal, o trato superior. Pode haver a transmissão através dessa secreção, o contato com a secreção de um indivíduo infectado para um não infectado. Essa bactéria pode ficar só aqui, ser contida ou pode invadir os tecidos causando por aspiração, uma pneumonia ou uma bacteremia e levando a um quadro de meningite ou apenas se deslocando para um seio paranasal causando por exemplo uma sinusite ou para o condutor auditivo causando uma otite média. Às vezes, a pessoa diz eu nadei, nadei e agora meu ouvido está doendo, isso é otite externa. A bactéria, às vezes, veio da água da lagoa. Otite média tem uma associação muito com infecção viral (eu gripada e agora meu ouvido está doendo, às vezes, essa gripe no trato superior, esse vírus se multiplicando, induz a um aumento da ação bacteriana e auxilia no deslocamento e esse deslocamento pode gerar uma otite média, uma sinusite ou até mesmo uma pneumonia). ª 18 Microbiologia Nosso corpo está integrado com a nossa microbiota natural. Agora, para gente entender esse poder de virulência da bactéria, precisamos entender que ela possui fatores de virulência e esses fatores podem estar presentes em uma determinada cepa. Quanto mais fator de virulência uma cepa acumula, maior o seu poder d invasão tecidual, pior o prognóstico do quadro clinico do paciente e mais difícil a gente vai debelar essa infecção. O tratamento também pode ser mais difícil nessa cepa resistente ou na cepa que tem muito fator de virulência. Essa é uma aula de visão geral. Tem que ter uma visão geral da infecção, não pode só estudar, a causa meningite, pneumonia e não entende que é uma bactéria que pode estar inclusive na sua microbiota transitória. A gente vai sempre fazer uma discussão assim bem geral que possa associar a pratica mesmo. Fatores de virulência: 1. Capsula- a capsula polissacarídica é um dos principais fatores de virulência ligados a invasão tecidual. É a estrutura que recobre o diplococo gram positivo. Inclusive, é a capsula que determina a imunização. Quando a gente fala pneumo 10, pneumo 13, a vacina né, essa vacina, ela (pneumo 10) protege contra 10 tipos de capsula e tem mais de 90. A pneumo 23 protege contra 23 tipos de capsula polissacarídeas Streptococcus pneumoniae por isso o nome da vacina pneumo 23. A cápsula exerce esse papel porque ela possui uma variação antigênica muito grande dentro dessa cepa. E essa variabilidade antigênica vai desencadear respostas imunes especificas então é como se a bactéria tivesse várias capaz, cada dia ela sai com uma capa de uma cor e algumas capas são mais invasivas, inibem mais a fagocitose, tornam essa bactéria mais virulenta. 2.Adesinas: são substancias que estão na superfície da bactéria, são proteínas que fazem com que haja uma adesão ao tecido. Então toda infecção para que ela aconteça, o primeiro passo é a bactéria colar, aderir a um tecido ou a um objeto, digo objeto porque a gente pensa em infecção hospitalar (passou um cateter e, muitas vezes, a bactéria está ali colada naquele cateter. O cateter é o foco). Mas no quadro de pneumonia na comunidade, a adesina vai aderir primeiro no trato superior. Essas proteínas têm afinidade com as células do trato superior, trato inferior. Por isso, o Streptococcus pneumoniae se multiplica muito bem no nosso trato respiratório porque ele tem várias moléculas de adesina que reconhecem epítetos das células do trato respiratório. 3.IgA1 protease: É uma enzima que a bactéria produz e libera. Nas mucosas, no muco,a gente não tem muito muco no trato respiratório? Esse muco, essa secreção, ela é rica em IgA que é um anticorpo inespecífico que está presente nas secreções. Quando a bactéria produz uma protease, significa que ela produz uma enzima que destrói o IgA. Como o IgA é um mecanismo de defesa que está no nosso trato respiratório, essa bactéria que produz essa protease, ela degrada a ação do IgA, aumentando ai o poder de colonização da bactéria que ela possa se multiplicar em locais que tem IgA como no trato respiratório. 4.Peróxido de hidrogênio: Ele é toxico para algumas bactérias então ela libera uma substância que faz lesão. Ele é toxico para ª 19 Microbiologia algumas células então no trato superior o peróxido de hidrogênio produz tanto destruição de bactérias que estão na microbiota natural e que essa bactéria precisa competir com sitio de adesão para poder colar e se proliferar no trato superior. O peróxido de hidrogênio favorece a colonização bacteriana. 5.Fosforilcolina: É uma enzima produzida pelo pneumococo que faz com que ela possa penetrar em células. E dentro da célula, ela consegue evadir a resposta imune principal contra ela que é a fagocitose. Ela consegue penetrar inclusive em macrófagos através da fosforilcoline. 6.Pneumolisima: É uma enzima que a bactéria quando ela é morta, quando o sistema de defesa vai lá e destrói a bactéria ou por algum mecanismo ela morre, ela libera uma enzima que vai fazer resposta inflamatória, lesão tecidual, aumentando o poder de invasão bacteriana. Então a pneumolisina, ela exerce vários papeis na virulência e na evolução da doença, principalmente em lesão tecidual, ativação da resposta inflamatória, ativação do sistema complemento, isso tudo levando ao aumento da lesão tecidual e aumento da invasão bacteriana. 7.Ácido Teicóico: Está na parede celular da bactéria gram positiva do Streptococcus pneumoniae no caso. Ele induz a ativação do sistema complemento. 8.Peptideoglicano: Induz a ativação da resposta inflamatória do sistema complemento 9.Autolisina: Uma enzima que produz a lise da própria bactéria. Em algumas situações, a bactéria se programa para morrer, faz lise da própria estrutura. Isso para liberar fatores virulência no tecido como, por exemplo, a pneumolisina que está dentro do pneumococo. Quando ela faz autólise, ela libera a pneumolisina para aumentar a lesão tecidual e aumentar o poder de invasão. 10.Hialuronidase: Uma enzima que destrói o ácido hialurônico. O ácido hialurônico está presente no tecido conjuntivo. Então quando a bactéria produz essa enzima ela aumenta o poder de invasão tecidual. 11.Neuraminidase: Aumenta a expressão de epítetos nas células do trato respiratório, inclusive o ácido siálico, aumentando a adesão, colonização bacteriana. A gente tem uma bactéria que vai precisar aderir no trato respiratório superior aqui, por exemplo, no epitélio nasal e vai proliferar. Temos o sistema de defesa que são os neutrófilos, o muco, o IgA1 (que é produzido tentando combater essa infecção), a própria microbiota natural. Então, podemos ter um controle da infecção logo no início ou não, haver uma disseminação. Então se a bactéria começa a proliferar, temos um paciente que tem um movimento ciliar mais débil, que tem menos muco, um muco mais espesso. A bactéria vem e começa proliferar, se ela tem capsula, ela resiste a ação dos neutrófilos, dos macrófagos, das células fagocíticas que é a inibição da fagocitose. Ela ativa a resposta inflamatória, a resposta inflamatória também promove lise, destrói bactéria, mas também promove a lise do tecido. Existe a liberação de pneumolisina. A pneumolisina paralisa os cílios do epitélio respiratório, induz a resposta inflamatória, lesão tecidual e inibe a produção do muco favorecendo a disseminação bacteriana. Existe a produção de anticorpos específicos, o IgG que tem pouca ação contra bactéria, mas que em determinadas infecções eles promovem ª 20 Microbiologia agregação bacteriana, auxiliando a destruição por aglutinação. O IgA, ele também tem essa função de marcar a bactéria para aumentar a fagocitose nessa região, porém, lembramos que a bactéria pode produzir a IgA1 protease que vai eliminar a ação dessa IgA e ai a bactéria vai proliferar assim ela pode se disseminar. Quando temos uma coinfecção vírus e bactéria, temos algo que é favorável a proliferação bacteriana. Uma multiplicação viral na célula do trato respiratório já reduz a própria reposta imune inata dessas células. Paração dos cílios, aumento do muco hialino (o muco que observamos em uma infecção viral quando a gente está com uma virose respiratória, por exemplo, estou resfriada, eu espirro e sai um catarro transparente esse muco é favorável a proliferação bacteriana). Uma infecção viral potencializa a proliferação de uma infecção bacteriana. Todos os fatores de virulência que acabamos de falar, por exemplo, aqui a gente tem uma bactéria e a lise quando ela faz autólise que é essa LyTA (autolisina produzida pela bactéria). Autolisina faz a passagem e liberação da pneumolisina que é essa enzima que vai atuar causando lise tecidual, paralisação dos cílios, indução de resposta inflamatória, aumentando o poder de evasão da resposta imunológica do hospedeiro e disseminação da bactéria para os tecidos. A gente observa que quanto mais fator de virulência uma cepa possui, maior a chance de ela causar infecções mais graves e sistêmicas como bacteremia, pneumonia e meningite. O ácido hialurônico ele compõe o tecido conjuntivo do nosso corpo então se a bactéria libera uma enzima hialuronidase (tudo que é ase é enzima, é destruição). Hialuronidase destrói o ácido hialurônico que está presente no tecido conjuntivo e que está também no trato respiratório. Isso favorece a invasão tecidual, a destruição do tecido faz com que a bactéria possa entrar e atingir, por exemplo, a corrente sanguínea fazendo bacteremia se disseminando no corpo do indivíduo. Quando a gente em doença pneumocócica e idade, temos uma ação mais frequente da doença nos extremos da vida onde a vacina é indicada. Doença pneumocócica inclui pneumonia, meningite, as doenças sistêmicas principais. Os extremos da vida, as crianças e os idosos, são os que mais sofrem, por isso, as vacinas estão indicadas nesses extremos. E lógico, se o paciente tem DPOC, uma comorbidade que favorece uma infecção pneumocócica, ele também entra nesse quadro de receber essa vacina para a prevenção. ª 21 Microbiologia Quando pensamos em vacina e sorotipagem em doença invasiva, observamos que as pesquisas demonstram que as doenças invasivas, como meningite, pneumonia, sepse, por pneumococo, elas têm isolamento de cepas específicas de capsula. Por exemplo, a capsula 19F, 23F, 6B, 14, 4, 9, 18C, 1, 5. Então com base nesse estudo epidemiológico, temos as vacinas. As vacinas disponíveis são para esses sorotipos de capsula que mais frequentemente estão associadas as doenças invasivas humanas do trato respiratório principalmente inferior como meningite e sepses por pneumococos. A primeira vacina para pneumococo foi a pneumo 5-valente que hoje em dia nem existe mais. A vacina 7-valente aqui no Brasil praticamente não tem mais, caiu em desuso porque foi melhorando a quantidade. Hoje, usamos mais a pneumo-10 que ela protege contra dez sorotipos de capsula do Streptococcus Pneumoniae. Pneumo-13 são 13 sorotipos e pneumo-23 são 23 sorotipos. Só que pneumo-23 não é indicada para crianças menores de 2 nos porque ela dá muita reação adversa. Ela indicada para idosos, adultos, pacientes que tem alguma comorbidade, que tem riscos de infecção respiratória grave ai eles tem indicação da vacina polivalenteque protege contra 23 sorotipos capsulares. As crianças, na rede pública, vacinam com a pneumo-10 que é gratuita, está no calendário de vacinação infantil, crianças menores de 2 anos. E no calendário particular para quem vai em pediatra particular, ele já indica a vacinação em clinicas particulares com a pneumo-13. Tem adjuvantes que dão menos reação do que a vacina do posto então tem vantagens em relação a do posto de saúde. Tem algumas contraindicações, mas é uma vacina relativamente segura feita com os polissacarídeos da capsula, os antígenos da capsula, carreado de carreador de proteína, carreador antigênico. O tipo de carreador vai depender da marca da vacina, por isso, que tem algumas vacinas que trazem mais reação do que outras. Tem muita gente que acha que toma vacina hoje e amanhã já está imune. O sistema imunológico preciso apresentar esse antígeno para que as células de defesa sejam ativadas e para o linfócito B se diferencie em plasmócito e comece ª 22 Microbiologia a produzir anticorpos protetores para que tenha a célula de memória. Tudo isso leva tempo e temos três semanas para fazer a soroconversão. O tempo de proteção é variável. Geralmente, de 5 a 10 anos dependendo da vacina depois de tomar todas as doses. A prevenção, o objetivo é prevenir doenças invasivas, graves como a meningite e a pneumonia. A otite e a sinusite, a uso dessa vacina são insignificantes ou nulas porque otite média e sinusite, geralmente, são causadas por cepas menos invasivas, não são essas mais invasivas que tem na vacina, são cepas que tem na nossa microbiota natural que, eventualmente, se deslocam. Não tem vacina para prevenir sinusite que tem gente que sofre com sinusite, sinusite alérgica por exposição a poeira. Essa poeira funciona como um alérgeno, vai induzir uma resposta inflamatória local e vai aumentar a produção do muco. Quando aumenta a produção do muco, aumenta a proliferação, a divisão da bactéria que já está no seu nariz. Então nesse quadro de sinusite de quem sofre com sinusite, é a bactéria que já está na pessoa, é natural e a vacina não vai eliminar porque, muitas vezes, são ate cepas sem capsula. Dificilmente, uma pessoa que tem sinusite vai ter uma meningite. Pode acontecer, mas é raro. Muitas vezes, você está gripada, tem uma gripe horrível e o ouvido fica doendo. A proliferação do vírus no trato superior aumenta a produção do muco, induz a resposta inflamatória. Esse muco hialino é uma fonte de proliferação bacteriana da sua microbiota natural e, eventualmente, ela pode se deslocar para o canal auditivo causando otite média. Isso nos aproxima do entendimento de como nossa microbiota natural é importante na regulação da homeostase e também associadas a doenças. Sabemos que tem os achados clínicos, o médico vai fazer a anamnese, vai suspeitar, vai pedir um raio de tórax, vai achar o achado radiológico e, muitas vezes, ele não vai pedir a cultura, não vai saber qual é o patógeno que está causando aquela infecção mesmo bacteriana. Na comunidade, o tratamento é, geralmente, com antibiótico empírico e resolve o problema da pessoa. Agora, no ambiente hospitalar ou quando é aquele paciente com comorbidades, o médico precisa saber qual é o agente etiológico, qual é a bactéria e também saber se a cepa tem algum fator de resistência a drogas. Principalmente, quando é uma pneumonia hospital ou uma pneumonia em paciente complicado tipo aids ou pacientes que tem problemas frequentes no trato respiratório aí tem que isolar e saber qual é bactéria. Para isso pode ter amostras biológicas que pode ser o escarro que é a amostra mais comum, na comunidade é mais fácil de colher. Mas, às vezes, o paciente está internado com respirador, você pode fazer uma Serasa braquial ou coletar um vaso brônquio alveolar porque já está ali disponível. Ninguém vai fazer um procedimento invasivo para colher um material. Sangue para fazer hemocultura, urina para pesquisar antígenos, tem um teste para detecção de antígenos de pmoco na urina, principalmente, para crianças. ª 23 Microbiologia Tem uma sensibilidade relativa, mas que pode ser usado depende do hospital. Se a infecção por Streptococcus pneumoniae for outra, não for uma pneumonia adquirida na comunidade, for outra meningite aí a amostra vai depender. Se for meningite, vou usar o liquido cefalorraquidiano, amostra de sangue. A amostra é variada a depender do quadro infeccioso. No escarro, eu posso fazer uma bacterioscopia dessa amostra porque já vou ver a forma da bactéria na lâmina. Posso fazer a cultura dessa secreção, vou evidenciar o crescimento bacteriano, identificar a espécie e liberar esse laudo médico. Na cultura, quando é uma infecção grave de repetição, se pede também Antibiograma que além de separa a cepa causadora daquela infecção, posso determinar quais são os antibióticos que vão ser efetivos para eliminar aquela cepa bacteriana. Posso fazer pesquisa de antígeno na urina que é muito usado para pneumococo e legionella(bactéria) também que é uma outra bactéria que causa pneumonia. Posso fazer testes moleculares que para pneumococo é pouco usado, mas para vírus é muito, detecção do genoma que é o que a gente está vendo para o corona. E teste sorológico para pneumococo é pouco utilizado, mas que para vírus e para alguns tipos de bactérias ativas, eles podem ser utilizados. Assim, eu determino qual é o patógeno. A gente ver vários artigos publicados indicando o tipo de amostra biológica, o que vai pesquisar, se são duas hemoculturas, o tempo. Existem protocolos quando o paciente é internado com pneumonia e nesses quadros de internamento, precisamos investigar e saber qual é o patógeno. Poder ser a bacterioscopia que é um gram da amostra do escarro, posso fazer hemocultura que é a cultura do sangue para saber se tem bacteremia, infecção sistêmica, normalmente, a bactéria vai para o sangue e se dissemina. Posso fazer alguns testes sorológicos, detectar antígenos na urina e tem os exames complementares que é o hemograma, proteínas reativas, raio-x. Existem vários protocolos de amostra biológica como hemocultura, bacterioscopia (é o gram ª 24 Microbiologia para saber que bactéria é essa, a forma dela) e cultura do escarro. A cultura demora e, muitas vezes, o médico não pode esperar esse resultado. Então, o tratamento, ele já é indicado, colhe a amostra primeiro porque o paciente não pode fazer a cultura se ele já tomou antibiótico, a chance de dá falso negativo é grande. Então colhe as amostras, manda para o laboratório, inicia a antibioticoterapia e espera. Se o paciente não estiver respondendo, o laboratório já vai liberar o resultado em dois dias e você já vai saber qual é a bactéria e qual antibiótico ideal para tratar. A bacterioscopia do escarro é um gram do escarro. Pode vir diplococos gram positivos (gram é típico de Streptococcus pneumoniae, não tem outra bactéria patogênica no trato respiratório que tenha esse gram). Quando a bacterioscopia chega, não vai ter o nome da bactéria, vai chegar com que o que está sendo visto na lâmina. Se na sua bacterioscopia, vem cocobacilos gram negativo aí vocês vão pensar Haemophilus influenza. Para diagnosticar, existem fluxogramas, não é uma coisa fácil, fazer uma cultura é uma coisa complicada. A bactéria tem que crescer, ela leva 24 horas para crescer, no mínimo, nos meios de cultura apropriados. Faz testes como os testes da catalase, avalio a morfologia da bactéria, vejo o tipo de hemólise no H sangue, no crescimento. Isso é mais para prática. Streptococcus pneumoniae é um alfa-hemolite porque quando ele cresce na placa de H sangue, ele faz uma hemólise parcial. Streptococcusque é cocos agrupados em cadeia ou diplococos que é o Streptococcus pneumonia. No crescimento em H-sangue, ele libera hemolisinas que fazem uma lise parcial da hemácia. Tem a colônia que é a bolinha (na imagem) e ao redor uma lise das hemácias que estão no sangue dessa placa. Streptococcus pneumoniae estão no fluxograma dos alfa-hemolítico. Um teste que a gente faz é o optoquina. ª 25 Microbiologia Para tratar pneumonia é antibiótico, se é pneumonia bacteriana são antibióticos. O espectro de ação do antibiótico vai depender da gravidade do quadro. Se tem uma pneumonia laboratorial, de comunidade ´pode tratar com um antibiótico mais básico como um beta- lactâmicos. Mas se tem uma pneumonia mais grave, o paciente está na UTI, vamos colocar outro tipo bate-lactâmico. Existe protocolos que direcionam o médico ao tratamento do quadro clinico. O tratamento vai acontecer antes de qualquer resultado de cultura, esse tratamento é empírico. Começa sem saber qual é a bactéria. BRONQUITE E DPOC A questão da bronquite vocês tem que pensar que o quadro de bronquite ele também tem correlação com o deslocamento bacteriano da microbiota natural que vão passar para o trato respiratório inferior e quando a gente pensa nessa bronquite de repetição, crônica que pode ter associação com fungo, com lesão no movimento mucociliar, são as bactérias que estão no trato superior como Moraxella catarrhalis, Haemophilus influenza que está no trato superior e pode se deslocar para o trato inferior. E no quadro de doença pulmonar obstrutiva crônica, a gente tem também um paciente com lesão pulmonar, lesão nessa resposta imuninata dos movimentos ciliares, paralisação dos cílios pela nicotina devido o fumo. E esse paciente com DPOC também é de risco para deslocamento bacteriano do trato superior para o trato inferior deixando esse paciente suscetível a infecções no trato inferior.