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MFC Atenção primária a saúde conceito, valores, princípios e atributos.

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Amanda Ferreira e Maria Luiza 
 2° Semestre- Uniftc 
 
 Medicina de família e comunidade 
Atenção primária a saúde: conceito, valores, princípios e atributos. 
 
 
 
NA AULA ANTERIOR 
Iniciou-se o assunto semana passada sobre a atenção primária à saúde dentro da disciplina de Medicina de Família e Comunidade, 
conversando um pouco sobre: 
- o que é? 
- como o profissional é formado? 
- quais suas expectativas e quais temos em relação ao profissional? 
 
INTRODUÇÃO 
No seguimento desse aprofundamento vamos tratar sobre o cenário de trabalho que é o da atenção primária da saúde, onde um 
médico de família e comunidade deve atuar, mas é visto que esse não é o único cenário que este profissional atua, ele pode ter outros 
locais de trabalho, mas particularmente o lugar da atenção primária é um lugar muito importante podendo chegar a ser privilegiado. 
Irá se começar sobre abordando que lugar é esse, o que dá a base da atuação do médico nesse lugar e discutir um pouco sobre o 
conceito, valores atributos e até um pouco sobre a organização desse cenário. 
Este assunto irá ser feito em conjunto com as práticas logo quando houver a reabertura do campus e liberação do governo. 
 
CENÁRIO DO TRABALHO DA ATENÇÃO 
O médico da família trata doenças, mas o seu foco mesmo é a saúde das pessoas. E para se tratar a saúde das pessoas é necessário 
conhecer as necessidades das pessoas, que são necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de auto realização. 
Maslow, tomando a satisfação que se dá no trabalho, foi quem organizou as necessidades das pessoas, muitos exemplos delas são 
observadas na pirâmide abaixo: 
 
Essa dimensões se tornam coadjuvantes na hora da clínica tradicional, por exemplo: uma paciente diabético, entrando no âmbito 
alimentar , não tem o foco principal na hora da abordagem clínica em sua alimentação, fazendo com que o médico na prática tende 
sempre a se preocupar qual a droga mais eficaz, do que discutir sobre o que o paciente está comendo. Infelizmente muitas pessoas 
pensam que esse papel requer somente a um nutricionista, só que o médico da saúde da família tem esse papel em saber também. 
Ele pode não saber fazer um plano alimentar, mas na abordagem clínica esta está dentro de suas funções relacionado a um diabético, 
caso esse médico considere as necessidades de saúde como ponto de partida para sua intervenção. 
Sendo assim possível perceber que os problemas de saúde das pessoas vão para além das doenças. Eles são determinados 
socialmente, culturalmente, ambientalmente, pelas condições de trabalho, quantidade horas de sono, como é minha alimentação, 
como é minha condição educacional, econômica, esses entre outros estão não somente no âmbito individual, mas também no âmbito 
da sociedade no geral. Compreender a vida das pessoas a partir desse lugar é um grande desafio. 
 
Como é organizado o olhar sobre as necessidades, olhando desde o âmbito local até o global num encontro de visão da família, dos 
processos de cura/reabilitação, prevenção das doenças e vigilância e promoção da saúde? 
1. Se só se aborda o indivíduo entra a cura/reabilitação. 
2. Se esse indivíduo está dentro de uma família visa justamente a prevenção das doenças. 
3. Se estiver relacionada com toda a comunidade, na qual dentro dela está o indivíduo e a família, as ações são voltadas na 
vigilância e promoção da saúde. 
Todas essas organizações estão relacionadas com as Políticas Intersetoriais e Redes Socioterritoriais, objetivando um território 
saudável. 
 
 
É importante garantir um vínculo do paciente com a equipe de saúde, mas também precisa que a pessoa construa condições de vida 
favoráveis, pois não adianta de nada o médico estabelecer um vínculo e o indivíduo continua vivendo adequadamente, deixando de 
ser autônoma e fazer as coisa independentemente, ou seja, além do médico o próprio indivíduo tem imensa responsabilidade com 
sua saúde. O objetivo do médico não é só de evitar a morte do indivíduo, mas promover uma qualidade na saúde deste, visando 
sempre um estado de saúde crescente. 
 
 
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA 
O que é? Mudança do padrão de morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem 
em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. 
 
PADRÕES DE PROGRESSÃO DAS DOENÇAS 
A doença não pode ser negligenciada, ela precisa existir, pois ela está presente no dia a dia, seja pela falta de prevenção ou porque 
naturalmente ela aconteceu, tendo um padrão, assim sendo um importante na saúde da família e comunidade. 
 
 
No século passado os médicos ficaram intrigados em tentar aumentar o espaço de trabalho da atenção primária com relação à atenção 
hospitalar, e as necessidades em saúde impuseram aos cientistas que trabalhavam no sistema de saúde o desafio de quantificar 
quanto seria essa necessidade. Em meio a isso veio o estudo da oncologia médica, feito em 2001, tentando demonstrar em números 
qual era o tamanho das necessidades da pessoa em relação aos serviços de saúde. Tal pesquisa pode ser vista na imagem abaixo: 
 
Esses estudos mostraram que o foco da nossa formação muitas vezes está olhando para o lugar onde a maioria das necessidades 
não estão presente, enfatizando assim que as necessidades de saúde devem sim, ser o foco da nossa intervenção, e se olharmos 
para isso 90% dos problemas devem ser tratados com ambulatórios e serviços de atenção primária. Com isso, a Inglaterra há 100 
anos descobriu que precisava organizar o sistema de saúde em um modelo territorializado para que os serviços de saúde estivessem 
próximos das pessoas, e foi a partir disso que surgiu a ideia do sistema de saúde hierarquizado, dando início a um novo modelo de 
saúde: 
1. Centro de saúde primário: atenção primária 
2. Serviços suplementares: vacinação, pequenos procedimentos, controle de vetores 
3. Centro de saúde secundário: unidade de referência especializada 
4. Hospital (de ensino) 
5. Serviços domiciliares 
Apesar da atenção primária começar a partir dessas ideias abordadas pela Inglaterra, elas só foram consolidadas no mundo com a 
divulgação da carta de Alma Ata em 1978, quando os representantes de saúde do mundo inteiro convidados pela Organização 
Mundial da Saúde (OMS), proferem a carta afirmando ser a atenção primária um modelo de atenção ideal para que no ano de 2000 
a população venha a ter mais saúde. 
 
Com base nisso se desenvolveu um monte de processo no mundo inteiro, e foi a partir de 1978 que esses sistemas começaram a ser 
implantados com mais força no mundo inteiro. Aqui no Brasil, logo em sequência, já tínhamos os postos de saúde que foram 
transformados em Unidades Básicas e com a implantação do Sistema Único de Saúde, 10 anos após, consolidou-se esse conceito na 
nossa Constituição. No ponto de vista teórico precisava-se ser consolidado esse campo, que com relação a isso uma pediatra 
americana que se dedicava ao estudo da atenção primária Barbara Starfield, que em 1992 lançou o conceito da atenção primária, a 
qual definia como: 
● O cuidado focado na pessoa, ao longo do tempo, para uma população definida; acessibilidade, para facilitar o recebimento 
de cuidado assim que for necessário; integralidade da atenção, no sentido de que apenas as manifestações rara ou 
incomuns dos problemas de saúde serão referidas a outro lugar; coordenação do cuidado de modo que todas as facetas do 
mesmo estejam integradas. Se tornando um conceito mundial. 
 
QUAL É A BASE EPISTEMOLÓGICA DA APS 
 
A atenção primária tem como função gerenciar as condições de saúde e integralidade, o que vai além da referência e 
contrarreferência. A coordenação do cuidado começa na própria clínica da atenção primária, o profissional vai ter queaplicar uma 
metodologia com uma lista de problemas para que ele consolide, e a partir dessa lista estabeleça um plano de manejo comum. 
Este plano de manejo comum é exatamente essa coordenação do cuidado e integralidade. E a integralidade vê a pessoa e o sistema 
como um todo em todas as dimensões. Esses atributos essenciais são fundamentais, eles devem está muito bem entragetados na 
prática. 
Já os atributos derivados precisam ter uma visão sobre a família, comunidade e o profissional deve ter a capacidade de coprender 
como os indivíduos passam pelos problemas. Na prática, o profissional trabalha com as necessidades, mas nem sempre estas 
chegam, a população chega com demandas específicas, geralmente focadas nos problemas atuais, a partir disso o profissional deve 
aplicar todo seu conhecimento enfatizando todas essas áreas: 
- Condições agudas 
- Condições crônicas agudizadas 
- Condições crônicas estabilizadas 
- Condições crônicas/ enfermidades 
- Atenção preventiva 
- Atenção paliativa 
- Demandas administrativas 
- Pessoas que consultam frequentemente 
- Atenção domiciliar 
Muitas vezes essas necessidades em saúde possuem barreiras nas quais estão: 
- Cobertura populacional 
- Carteira de serviços 
- Custos de oportunidade 
- Barreira financeiras 
- Barreiras culturais 
- Barreiras geográficas 
- Barreiras organizacionais 
Mas mesmo possuindo os limites por não haver setores responsáveis pela resolução dessas barreiras, a de se trabalhar em um 
modo de enfrentamento comunitária a questão, por exemplo a educação em saúde, com ensino da prevenção a crianças, famílias 
da comunidade local. 
Quando se faz uma comparação com o gasto em saúde com o perfil da atenção primária em países como os Estados Unidos que é 
um país que gasta muito por per capita em saúde possuindo uma baixa cobertura, e em países como a Inglaterra que gasto per 
capita pouco possuindo uma maior cobertura em APS, demonstram que quanto maior for o investimento em atenção primária 
menos será o gasto per capita com problemas de saúde. 
 
GESTÃO DO CUIDADO 
Médico de família é gestor, e por ser gestor tem que ter a capacidade de entender várias dimensões dessa gestão. Cada pessoa 
possui sua autonomia e tem a opção de escolha, o profissional não pode impor o que o paciente não quer e sim negociar a melhor 
forma do procedimento a se fazer, precisando muitas vezes ampliar para a família, tornando-se assim uma integração. O profissional 
deve também saber negociar com os outros profissionais que atuam com ele, seja eles da mesma equipe ou de outros serviços com 
ética e responsabilidade, estabelecendo sempre uma organização sistemática. A gestão do cuidado vai para além da comunidade, 
tendo sempre uma ligação com todos os níveis para resolver os problemas. 
Esses problemas são as condições sensíveis à atenção primária (CSAP) : 
 
 
É de suma importância compreender o conceito da palavra saúde, que esta é mais do que a compreensão da ausência da doença. A 
saúde integra a mente, meio ambiente, corpo, trabalho, condições de vida, qualidade de vida, autonomia, família, amigos entre 
outros. Por isso que o profissional tem que trabalhar sempre voltado para o contexto biopsicossocial do indivíduo.

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