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introdução Então a gente ficou de discutir alguns conceitos da farmacologia básica, né? Então eu quero saber de vocês quais foram as conclusões que vocês chegaram quanto a esses conceitos aí. Vamos começar pela dupla de conceito medicamento e remédio. Chat: “Remédio aquele que remedia, remédio aquele que cura.”, “Medicamento e remédio é tudo que a farmácia vende”, “Farmácia é drogaria, então droga é igual remédio e remédio é igual a medicação, se A é igual B, B igual a C, C igual a A, segundo Marie”, “Remédio é usado para curar ou aliviar a dor, desconforto”, “Medicamento é um fármaco com propriedades benéficas comprovadas cientificamente”, “Repouso, oh Lara, então você acha que repouso, psicoterapia, musicoterapia são remédio? Sim”. Vocês concordam com a Lara ou ela está viajando? “Sim” Remédio é um termo mais amplo que medicamento, remédio é qualquer substância, qualquer procedimento, qualquer ato que gere um bem estar, que gere uma cura pra determinado mal. Então vamos lá, um procedimento cirúrgico é um remédio, fisioterapia é um remédio, cromoterapia, musicoterapia, acupuntura, o uso de um medicamento, o uso de um fármaco, medicamento sim, um chá também, os mais amorzinhos diriam que um abraço é um remédio, as meninas normalmente dizem que chocolate é um remédio na TPM, né? Então qualquer substância, procedimento, ato que é capaz de propiciar uma cura, meditação, yoga, esporte, enfim, pode ser considerado um remédio. E medicamento? Medicamento eu falei que é um pouco mais restrito, medicamento é uma substância, um conjunto de substâncias responsáveis por exercer o efeito profilático, curativo ou, talvez aí estejam a surpresa pra vocês, auxiliar diagnostico. Então uma substância curativa, profilática ou auxiliar de diagnóstico se encaixa no termo medicamento, por exemplo, vacina, vacina é um medicamento profilático, um antibiótico pode ter uma ação profilática também, mas também pode ter uma ação curativa, então é um medicamento, sei lá, um contraste iodado, um contraste de bário auxilia no diagnóstico, sei lá, fazer um exame, uma tomografia, algum exame que precise de contraste, tá ai, ok? Então, diferença entre medicamento e remédio tudo bem? Vamos pra princípio ativo e fármaco, são sinônimos ou não? O que vocês acharam? O que vocês ouviram falar? Chat: “A Lara acha que um princípio ativo é diferente de um fármaco”, “O Luís colocou aqui. Princípio ativo, substância que deverá exercer efeito farmacológico, um medicamento, um alimento ou uma planta podem ter diversas substâncias em sua composição, porém apenas uma ou algumas, ok, exatamente. O final da resposta do Luís ajuda a gente a fechar o pensamento sobre princípio ativo e fármaco, nem todo fármaco é considerado um princípio ativo, mas todo princípio ativo é um fármaco”. O princípio ativo é uma substância química com atividade farmacológica e o fármaco? Fármaco também, só que o fármaco nós conhecemos a estrutura química, tem uma estrutura química muito conhecida, pode ter ou não um mecanismo já descrito, mas tem uma atividade e uma estrutura química bem conhecida, tá? Esse conceito se confunde um pouco mais do que os medicamentos e remédios, mas a gente consegue trabalhar e vocês vão encontrar muito princípio ativo como sinônimo de fármaco e tudo bem, muitos pesquisadores tratam esses dois conceitos como sinônimo. Isso, princípio ativo não tem estrutura bem definida, o fármaco é um princípio ativo, é uma substância de função biológica que tem uma estrutura química muito bem definida e com um efeito farmacológico já conhecido. Pra gente no geral ambos os conceitos tratam de substâncias químicas com efeito farmacológico, então nesse ponto elas são sinônimas, como, acho que a Larissa colocou ali, mas assim, ambas são substâncias químicas com atividade farmacológica. Chat: “Os fármacos estão contidos nos princípios ativos?” Prof.: “Sim, todos os fármacos são princípio ativos. Sim, pensando em agrupamento sim”. Eficácia e efetividade, esses dois conceitos a depender de onde vocês buscaram vocês irão encontrar respostas diferentes. Eu vou trazer para vocês a resposta da farmacologia, tá? Os clínicos muitas vezes usam esses farmacologia conceitos de forma diferentes, os farmacologistas usam da forma que vou passar para vocês. Chat: “Lara colocou aqui que eficácia é a capacidade máxima de produzir efeito, perfeito, efetividade é medir o efeito na terapia, perfeito”. Pessoal, eu dei esse exemplo ontem, é possível um antibiótico ser eficaz e não ser efetivo? Sim, todo antibiótico que tá disponível pra gente utilizar na clínica ele é eficaz, quando a gente pega a bula ele diz que o antibiótico ele é útil, sei lá, em gram-positivos, em gram- negativos, em estreptococos, em estafilococos aureus, comprovadamente nas etapas pré-clínicas ele tem eficácia contra aquele microrganismo. Agora eu pergunto pra vocês, esse antibiótico que é comprovadamente eficaz ele pode não funcionar em algum indivíduo? Pode. Então quando na clínica ele não funciona, como o pessoal colocou aqui em cima, quando na terapia como a Lara colocou, quando em condições reais ele não funciona, significa o que? Que ele não foi efetivo. Então eficácia é uma comprovação, pode ser em estudos clínicos, é uma comprovação de que aquele fármaco funciona, mas naquele caso, para aquele paciente, pra aquele grupo de paciente, ele foi efetivo? Não. Outro exemplo, o captopril ou poderia ser qualquer outro anti-hipertensivo, o captopril conhecidamente, sabidamente ele é um anti-hipertensivo, ele é eficaz, ele reduz a pressão arterial. Agora pergunta pra vocês, existem pacientes com pressão arterial que não consegue ser controlada unicamente com o uso de captopril? Existe. Então o captopril foi efetivo nesses casos? Não e nem por isso ele deixou de ser eficaz, todo mundo sabe que ele é eficaz, mas pra aquele paciente, pra aquele grupo de paciente, pra aquela população, pra aquela cepa de micro-organismo o fármaco em questão não foi efetivo. Potência, a gente vai falar mais sobre potência quando estudarmos IC-50, quando compararmos fármacos, mecanismos, vias, entre outras coisas, mas quando nós falamos que um fármaco é potente, a gente sempre usa o termo comparativo, não existe um valor de potência, tipo esse fármaco é 10% potente ou ele é potente 10 vezes, não, a potência é comparativa, um fármaco ele vai ser mais ou menos potente em comparação com o outro. Então não tem um valor de atividade do fármaco que diz que daqui pra cá ele é potente e daqui pra cá tem pouco potência, não, a gente pega dois fármacos e compara a potência de um com a potência de outro, primeiro ponto é esse. Tá, mas o que é potência? A potência sempre vai tá relacionada com dose, com quantidade de medicamento, reparem, a potência não tem a ver com o tamanho do efeito, tem a ver com a quantidade necessária daquele medicamento pra atingir determinado efeito. Potência sempre vamos relacionar com dose e não com tamanho do efeito, vamos discutir muito isso podem ficar tranquilos. Colocaram aqui no chat que mesmo a dose vai de acordo com a substância também, perfeito. Pois se eu tenho uma gota de uma substância de um fármaco e ele consegue ser efetivo, enquanto que o outro eu precise de 10 gotas pra essa efetividade acontecer, significa que o fármaco que eu preciso de uma única gota é mais potente do que o que eu preciso de 10, o primeiro pensamento pra entender potência é esse, ter algumas particularidades, depois que vamos dificultar, não dificultar, colocar alguns poréns. A Marie colocou assim: “dose alta dose baixa, mesmo efeito?”, o que foi uma dose baixa é mais potente do que eu precise de uma dose alta para aquele mesma potência. A Ana Licia colocou o que vou explicar mais pra frente, que diz assim: “mesma dose para osdois, 1 ml, 1 ml, só que um deles teve um efeito maior com esse 1 ml, então foi mais potente. Associação medicamentosa, o que é? Chat.: “É um medicamento cuja composição é formada por dois ou mais princípios ativos”. Alguém tem um exemplo pra mim dar? “Buscopan composto, cafeína e paracetamol”. Quer ver um bem conhecido também? A neosaldina. Tylex, perfeito, que é codeína e paracetamol, se eu não me engano. Clavulin, amoxicilina mais clavulanato. A neosaldina tem 3 princípios ativos, tem dipirona, cafeína e isometepteno. Então a associação medicamentosa ela é uma junção de princípios ativos em um mesmo medicamento, em uma mesma cápsula, isso tem um benefício de comodidade, em vez de o indivíduo consumir dois comprimidos ele consome um só. As associações servem para tornar essa terapia mais efetiva pra provocar um efeito sinérgico, por exemplo, a neosaldina tem a dipirona que é um analgésico, tem a cafeína que é um vaso constritor, se a dor de cabeça do indivíduo for provocada por uma vasodilatação a neosaldina vai ser super efetiva, agora se a dor de cabeça do indivíduo for tensional provocada não por uma vasodilatação, mas por questões musculares de tensão provavelmente o dorflex que é um analgésico mais um relaxante muscular vai ser mais efetivo que a neosaldina. Então o objetivo de juntar dois ou seja quantos fármacos forem é aumentar a capacidade, a efetividade que aqueles fármacos teriam de forma isolada. Dipirona sozinho tem uma efetividade, dipirona mais neosaldina 2x de efetividade. Perguntaram aqui, então Sara a associação medicamentosa como eu falei utilizasse da sinergia de efeito, eu tenho dois efeitos separados que somados irão provocar um benefício maior, é um tipo de interação medicamentosa, só que esse termo é mais amplo, uma interação entre um antibiótico e o leite, por exemplo, tetraciclina e leite é uma interação medicamentosa não benéfica, a interação pode ser positiva ou não, no caso da sucessão medicamentosa é uma interação positiva, mas a maioria das interações medicamentosas, vamos ter uma aula sobre isso, são prejudiciais. Se forem antagônicos, a pergunta da Lara, existe interação medicamentosa antagônica, onde obviamente não por interesse, mas por erro ou por auto medicação o paciente tá usando um fármaco que compete com outro, exemplo é ele usar um glicocorticoide com um fármaco que reduz a glicemia, então um fármaco que vai contribuir para o aumento de glicemia ou para função endócrina glicêmica e outro que vai diminuir.Ana Lícia eu não sei se podemos considerar tratamento para envenenamento com carvão ativo uma interação, pois veneno não é fármaco e nem princípio ativo, mas eu não sei se o carvão ativo nesse caso entra como uma interação medicamentosa, talvez o envenenamento por outro fármaco, não por um veneno, por exemplo uma intoxicação. O exemplo da Marie aqui, quem toma synthroid pela manhã não pode tomar medicação (ele não leu tudo e eu não tenho acesso ao bate papo), isso é um exemplo claro de interação medicamentosa, interação a nível de absorção. A Sara resumiu aqui: “a interação pode ser benéfica ou não e a associação é sempre benéfica”, exatamente isso. Exemplos ou o que é uma forma farmacêutica? Chat.: Lara- ”É o estado final em que as substâncias ativas se apresentam”. Então, comprimido, cápsula, drágeas, suspensão, solução, pó, gás, óvulo, granulo, supositório, são formas farmacêuticas. A Ana Lícia colocou aqui uma forma geral, líquido, que se divide em xarope, solução e suspensão, ele não é uma forma farmacêutica, o líquido é um estado químico de algumas fórmulas farmacêuticas, como xarope, soluções e suspensão, vamos ter aula também sobre formas farmacêuticas. Vamos falar praticamente em todas as aulas sobre esses conceitos. assuntos da próxima aula: 1. Hipoglicemiantes 2. Vias de administração 3. Farmacocinética 1 (absorção, distribuição) fármacos hipoglicemiantes Fisiopatologia: Sempre começo falando da fisiopatologia e como nosso tema da aula são os hipoglicemiantes, a gente tem que falar do diabetes mellitus. O primeiro pensador da área médica que descreveu o termo diabetes e que nomeou essa síndrome, hoje sabemos que é uma síndrome de diabetes, foi o Areteu da Capadócia a cerca de 200 d. C, o que ele observou? Que chegavam pacientes até ele apresentando duas características curiosas, que eram a sede insaciável e a micção excessiva. Então ele começou a agrupar que existe alguma doença que faça com que o paciente tenha muita sede e urine demais, ele deu o nome a essa doença de diabetes que em grego significa “sifão” ou “que passa através de”. Qual foi a relação de Ereteu? É uma doença em que a pessoa toma água e essa água passa através do organismo como se o organismo fosse um sifão e vai direto para o sistema urinário. Essa doença que tinha muita sede e micção excessiva começou a ser chamada de diabetes desde então. Já no século XVII Thomas Willis fez uma segunda observação em cima de pacientes que tinham essa doença chamada de diabetes. Ele observou que os pacientes que tinham sede insaciável e micção excessiva eram pacientes que urinavam com uma quantidade maior de açúcar do que os demais, então a urina desses pacientes era uma urina com açúcar e isso era visivelmente observado no local em que esses pacientes urinavam, aqueles respingos para fora do vaso ou as roupas urinadas desses pacientes atraiam formigas. Então o Thomas Willis observando isso adicionou o termo mellitus que no latim significa “melado” ou “doce”, desde então a doença passou a ser chamada de diabetes mellitus. Diabetes insipidus é um quadro em que o paciente também tem bastante sede, também tem micção excessiva, só que esse quadro não ocorre devido a elevação de glicemia, esse quadro de sede e de micção excessiva é devido a uma desregulação do hormônio antidiurético. Então diabetes insipidus não tem nada a ver com hiperglicemia, com diabetes mellitus, a não ser a característica de sifão, a característica de sede insaciável e micção excessiva. diabetes mellitus O que nós sabemos sobre diabetes hoje? Muita coisa, muita coisa evoluiu nós sabemos que o diabetes mellitus é uma síndrome metabólica, é uma síndrome que envolve tanto o metabolismo de açúcares tanto de gordura quanto de proteínas. Estimasse que em 2035 teremos 471 milhões de pessoas no mundo portadoras de diabetes mellitus, em 2015 que foi quando eu peguei esse dado existiam 382 milhões, cerca de 100 milhões aproximadamente em 20 anos de pessoas com diabetes mellitus. Como já destaquei, já antecipei o diabetes mellitus ela é caracterizada além das alterações metabólicas é diagnosticada por um aumento de glicose no sangue, portanto uma hiperglicemia. Aqui embaixo tem os valores considerados valores glicêmicos normais, considerados valores glicêmicos de um paciente com chamada tolerância a glicose diminuída e de fato um paciente com diabetes mellitus. Aqui tem os valores depois caso vocês precisem. Não vai entrar em detalhes aqui, mas eu ressalto aqui o valor de glicemia de jejum que é abaixo de 100 mg/dL (miligramas de glicose por decilitro de sangue), abaixo de 100 mg em jejum glicemia normal, entre 100 e abaixo de 126 tolerância a glicose diminuída, ou seja, esse paciente tem alguma dificuldade para absorver a glicose do sangue. E igual ou acima de 126 mg/dL esse paciente é caracterizado com diabetes mellitus. Então, durante muito tempo o diagnostico de diabetes mellitus era auxiliado pela glicemia, então medir a quantidade de glicose no sangue do paciente isso mudou de algumas décadas pra cá com a invenção e a descoberta de uma técnica para quantificar a hemoglobina glicada, talvez vocês já tenham ouvido falar da hemoglobina glicada. Qual a diferençaentre uma e outra alguém sabe dizer? Qual a diferença entre o resultado de uma glicemia e o resultado de uma hemoglobina glicada? A hemoglobina glicada avalia os últimos 3 meses da glicemia do paciente. A glicemia pura, a quantificação de glicose avalia naquele momento. Então, qual era o grande problema? Vou dar o exemplo da minha avó, minha avó era diabética e ela era um pouco teimosa como a maioria das avós. O que ela fazia? Ela ao longo do inervado entre as consultas era difícil pra gente controlar a alimentação dela. Não era uma paciente fácil, quando chegava próximo da consulta que tínhamos que refazer a glicemia... Uma semana, poucos dias depois ela começava entrar no eixo reduzia a ingestão de açúcar, carboidratos e aí a glicemia batia boa e o médico ficava feliz “ah, o tratamento tá sendo efetivo. Muito bem! Parabéns, dona Edna!” e a gente explicando que ela era teimosa, hoje isso não é mais possível, porque a glicação da hemoglobina ocorre de forma irreversível (a hemoglobina é uma proteína presente na hemácia, vocês sabem disso). A glicose circulante no sangue tem afinidade para se ligar a hemoglobina e essa ligação acontece de forma irreversível. Uma vez que ligada por picos hiperglicêmicos por mais que a paciente deixe ou o paciente deixe de consumir glicose excessivamente por um tempo a glicose que se ligou a hemoglobina vai permanecer ligada por toda vida útil daquela hemácia por 120 dias aproximadamente, daí os 3 meses aproximados. O termo hemoglobina glicada se dá pelo simples fato da hemoglobina estar glicosilada, estar ligada a glicose, ou melhor, a glicose estar ligada a hemoglobina. Bate-papo: Ana, quanto maior o nível glicêmico desse paciente, maior a quantidade de glicose que vai conseguir se ligar a hemoglobina, concorda?! E essa ligação glicose hemoglobina é irreversível. Uma vez que a glicose se ligou a hemoglobina ela não se desliga mais, então não adianta o paciente nos últimos 5 dias reduzir a glicemia, sendo que nos últimos 100 dias a glicemia se manteve alta. Ele foi acumulando glicose na hemoglobina e o exame vai detectar exatamente isso. Aqui temos valores também de hemoglobina glicada normal, o de intolerância , o de diabetes... depois vocês dão uma repassadinha nisso aqui. O advento dessa técnica, desse teste auxiliou muito o acompanhamento da efetividade dos hipoglicemiantes já que esse truque, essa estratégia dos pacientes teimosos deixou de ser tão efetiva. liberação de insulina Bem, outra coisa que a gente precisa discutir antes de entrarmos nos fármacos propriamente ditos é revisar como ocorre a liberação da insulina. Canais de K + determinam o potencial de membrana em repouso na célula beta; Glicose entra na célula pelo transportador GLUT-2; Glicose é transformada em glicose 6 fosfato (glicoquinase) e entra na via da glicólise, aumentando o ATP intracelular; ATP bloqueia os canais de K+ e ocorre a despolarização celular; Aumento do influxo e da mobilização intracelular no RE liso; Migração, fusão com a membrana e extrusão dos grânulos de insulina na corrente circulatória. A insulina é uma incretina, é um hormônio liberado principalmente quando há ingestão de alimentos, quando há o acumulo de glicose no sangue essa insulina é então liberada do seu local de produção a gente vai falar qual é e vai estimular tecidos, células a captarem/retirarem a glicose da circulação e transformá-la em energia, em molécula de reserva como glicogênio por exemplo. Então, vamo lá, essa explicação se inicia aqui na seta 1, então onde está ocorrendo esse evento que eu vou destacar para vocês? Na célula beta pancreática. A célula beta pancreática é a célula responsável por produzir e liberar a insulina, então aqui é o exemplo de uma célula beta do pâncreas. Então, uma vez que o individuo ingeriu um alimento todas as etapas metabólicas ocorreram e a glicose chegou até a corrente sanguínea. Na célula beta pancreática o primeiro alvo da glicose são os transportadores GLUT 2 (são transportadores de glicose). Eles vão pegar essa glicose da corrente sanguínea e jogar pra dentro da célula beta pancreática. Dentro da célula beta pancreática inicia-se também um processo metabólico, a fosforilação dessa glicose, processo de respiração celular e a liberação de fosfato e fosforilação de ADP em ATP que aqui é uma questão mais de via energética só pra gente relembrar. O grande ponto é: a molécula de ATP formada pelo processo de glicólise da célula beta pancreática bloqueia um canal iônico chamado de Canal de K + sensível ao ATP. E daí, professor? E daí que com esse canal de K+ bloqueado pelo ATP... Pediram para explicar novamente. Professor: vou voltar então e explicar um pouquinho mais devagar. A gente tá aqui em uma célula beta pancreática. Esse é o local de nosso evento celular em questão. O evento celular em questão que é a liberação da insulina inicia-se com a capitação de glicose pela célula beta pancreática. Então, a célula beta pancreática absorve essa glicose, metaboliza essa glicose... Este ATP gerado pelo metabolismo da glicose que foi absorvida pela célula beta pancreática vai bloquear o canal de K+ chamado Canal de K+ sensível ao ATP. Bom, quando eu tenho um bloqueio de um canal, nesse caso aqui o canal de K + eu vou diminuir a saída de potássio da célula, concorda?! Potássio tem uma concentração maior dentro da célula do que fora, então a tendência de um canal é que ocorra uma saída de K + da célula, porém esse canal foi bloqueado pelo ATP. Então eu vou começar acumular potássio no interior da célula beta pancreática e daí esse acumulo de potássio, vocês devem lembrar é uma característica de um processo chamado de despolarização. Então o aumento desse potencial de membrana da célula beta pancreática vai ativar um outro canal chamado de Canal de C++ dependente de voltagem, então até agora a glicose entrou na célula pancreática, foi metabolizada no processo natural de glicólise/de respiração fornecendo energia, fornecendo ATP. Esse ATP bloqueou o canal de K + sensível ao ATP o bloqueio desse canal de potássio leva a despolarização da membrana da célula beta pancreática, esse aumento de potencial abre canais de cálcio dependente de voltagem. O que é um canal dependente de voltagem, pessoal? É um canal que se abre ou se fecha a depender da voltagem daquela membrana, nesse caso aqui com a despolarização da membrana eu tenho uma abertura do canal e é um canal de cálcio então com a abertura do canal de cálcio eu tenho o influxo de cálcio para o interior da célula beta pancreática. Vamos ver se vocês lembram... pessoal, qual é um dos principais papeis do cálcio em uma célula que secreta substâncias? Chat: se for célula muscular seria contração, boa Leonardo. Movimentação de vesículas, perfeito Marie. Ou seja, pessoal, o aumento da concentração de cálcio na célula besta pancreática é que vai mobilizar essas vesículas contendo insulina e provocar a esquizocitose, a liberação da insulina na corrente sanguínea. Então, tudo começou como? Com a entrada de glicose na célula beta pancreática. Essa entrada de glicose provocou produção de ATP que bloqueou canais de potássio, o bloqueio dos canais de potássio levou a despolarização da membrana da célula besta pancreática e consequente abertura de canais de cálcio dependente de voltagem. Como esses canais se abriram? Eu tive o influxo de cálcio, mobilização das vesículas contendo insulina e liberação delas na corrente sanguínea. tipos DM tipo 1 Autoimune Idiopático DM tipo 2 Gestacional A gente pode dividir aqui o diabetes mellitus em dois tipos. Diabetes mellitus tipo 1 e diabetes mellitus tipo 2. Alguém sabe dizer a principal diferença entre esses tipos de diabetes mellitus? Diabetes mellitustipo 1 o paciente tem dificuldade de produzir a insulina, deficiência até um ponto em que de fato ele não consegue produzir mais e precisa repor a insulina endógena de forma exógena por isso que era chamada antigamente de insulino dependente. Já o diabetes mellitus tipo 2 o paciente produz insulina, só que ele tem a chamada resistência ou ele tem uma deficiência nos receptores de insulina ou nos sinalizadores de insulina intracelulares ou nos segundos mensageiros, enfim... na via que a insulina usa para captação de glicose tem alguma deficiência. O grande ponto é que: um paciente com DM tipo 2 ele tende com o passar dos anos, principalmente se essa terapia com hipoglicemia via oral não tiver sendo efetiva, ele tende a evoluir para a necessidade de usar insulina em períodos mais tardios. Por isso o termo insulino dependente não é mais utilizado, porque pacientes com DM tipo 2 em diabetes avançado com muito tempo de diagnóstico e sem controle também fazem uso. A gente chama a diabetes que chamávamos de insulino dependente de diabetes tipo 1. Pode ser provocada por um motivo autoimune ou por motivos como a Marie colocou: medicamentos. Alguns medicamentos podem como efeito adverso provocar diabetes mellitus, GH também... enfim, vamos ver as características de cada uma delas daqui a pouquinho. A diabetes mellitus tem um grande problema que é uma doença que gera complicações multissistêmicas. Então esse excesso de açúcar circulante no sangue pode provocar complicações de diferentes órgãos e sistemas. Então, paciente com complicação de diabetes ele pode ter acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio, pode ter doenças arteriais periféricas, retinopatias, cataratas, glaucomas, o chamado pé diabético... tem todo um processo de lesão circulatória e necrose de extremidade principalmente dos pés. Nefropatias, neuropatias periféricas, talvez vocês já tenham ouvido falar da neuropatia diabética. Paciente sente uma dor em extremidades, nos pés principalmente por conta da diabetes. É uma lesão do excesso de açúcar no nociceptores (nas células que conduzem o estímulo doloroso), esse nociceptor fica mais sensível um simples toque pode ativar o gatilho de dor, o gatilho fisiológico de dor. diabetes mellitus tipo 1 Resultado da destruição de células beta- pancreáticas. Prevalência: 5% a 10% dos casos – 5 e 15 anos (maioria) Bom, características especificas do diabetes mellitus tipo 1... Professor voltou para tirar uma dúvida: tem um quadro muito característico de complicações do diabetes que é a neuropatia diabética, neuropatia como o nome sugere é uma lesão no neurônio. Que neurônio? No neurônio sensitivo. Então o acumulo de glicose, o excesso de glicose no sangue de alguma forma é toxico para os neurônios periféricos, então esses neurônios começam a ser ativados com potenciais menores do que seriam em pacientes saudáveis. Então o paciente fica com esses neurônios mais sensíveis. Estímulos que anteriormente não eram dolorosos passam a ser no pé de um paciente que desenvolveu neuropatia diabética. Tem outro tipo de neuropatia muito parecida que é a neuropatia por uso de quimioterápicos, não sei se vocês já ouviram falar também é uma reação adversa muito conhecida por alguns quimioterápicos como a oxaliplatina, por exemplo, ou os quimioterápicos derivados de platina é muito comum o paciente ter neuropatia periférica. Então chegamos à conclusão de que diabetes tipo 1 é resultado da destruição de células beta-pancreáticas. Sobre prevalência de DM tipo 1, cerca de 5 a 10% dos casos de diabetes mellitus são DM tipo 1 e a maioria envolve crianças ou adolescentes de 5 a 15 anos. Por quê? Porque a principal causa é autoimune ou idiopática, então nas primeiras fases aí de infância e adolescência o pâncreas desse paciente começa a falhar, as células beta começam a falhar. Para vocês terem uma ideia eu trouxe aqui em baixo duas imagens histológicas do pâncreas mostrando uma ilhota de Langerhans do lado esquerdo de um paciente normal com células beta e células alfa. Então, a gente consegue observar aqui as delimitações perfeitas da ilhota sem infiltrado inflamatório apenas as células beta e células alfa e aqui os ácinos pancreáticos. Do lado direito eu tenho um paciente com diabetes mellitus tipo 1 ou a ilhota de Langerhans de um paciente com DM tipo 1, reparem, tá vendo que eu tenho um infiltrado inflamatório gigantesco uma causa autoimune, minhas células do sistema imune estão atacando as minhas células beta pancreáticas, eu tenho uma destruição dessas ilhotas e obviamente essas células que foram atacadas vão perdendo sua capacidade de produzir insulina. diabetes mellitus tipo 2 Já no DM tipo 2 é caracterizado por defeito na ação ou secreção da insulina. Não produção, mas ação/secreção da insulina. É na prevalência maior de 90% a 95% e a maioria dos casos envolve paciente acima de 30 anos. Um grande fator de risco para a diabetes mellitus tipo 2 é a obesidade. 80% dos pacientes com DM tipo 2 são obesos, então tá ai um fator de risco gigantesco: obesidade. Aqui tem um exemplo de deficiência de sinalização. A chamada resistência a insulina, então esse paciente ele produz insulina, nesse caso aqui é um paciente que tem receptores de insulina funcionais a insulina consegue se ligar no receptor então não é esse o motivo da resistência, porém ele tem um defeito na sinalização na cascata de ativação dos segundos mensageiros intracelulares, eu tenho uma deficiência na ativação do GLUT 4 nesse exemplo aqui, ou seja, o GLUT 4 não consegue ser aberto pela sinalização da insulina. Com a diminuição da capacidade de abertura do GLUT 4 eu vou diminuir a capacidade de captação de glicose, então eu vou aumentar aí a glicemia. DM 1 x DM2 Aqui tem um quadro resumo de diferença entre DM tipo 1 e DM tipo 2. Referente a etiologia, referente a insulina, ação, se um é resistente e o outro não, data de inicio, principais complicações agudas, complicações clinicas e intervenções farmacológicas. Eu vou destacar aqui esses pontos pra gente: IMAGEM NO FINAL DA TRANSCRIÇÃO Então, no diabetes mellitus tipo 1 os níveis de insulina são ausentes ou insignificantes. No diabetes mellitus tipo 2 os níveis de insulina são tipicamente mais alto do que o normal, por quê? Por que um paciente com DM tipo 1 ele praticamente não tem insulina circulante e por que no tipo 2 essa insulina pelo contrario tá lá em cima? Luiz Fernando já colocou aqui: porque não é usado. Perfeito, Malena! Porque a alça de feedback negativo não foi ativado. Então o individuo ele continua com níveis glicêmicos altos. Significa o que para o feedback? Que ele precisa produzir mais insulina, ele tem essa capacidade, então ele entende que precisa produzir mais e é justamente isso que leva um paciente de DM tipo 2 a evoluir para a necessidade de insulina. O pâncreas desse paciente com DM tipo 2 ele vai trabalhar tanto, tanto, tanto... vai produzir tanta insulina que vai chegar um ponto que vai toxico para essa célula que vai entrar em colapso e começar a falir, vai começar a morrer. Por isso que eu falei no começo quando a Naliza falou “diabetes tipo 1 dependente de insulina, tipo 2 não dependente” até o parágrafo dois, porque há uma tendência muito grande do paciente com DM tipo 2 caso não controle a hiperglicemia evoluir para a necessidade de insulina terapia. Bom, intervenções farmacológicas diabetes tipo 1 majoritariamente insulina. Diabetes tipo 2: hipoglicemiantes orais, porém se a terapia não tiver sucesso com esses hipoglicemiantes metformina, glitazonas, análogos de GLP, entre outras inclui se a insulina. papel da insulina A Sara tá dizendo aqui pra gente que não entendeu porque no diabetes mellitus tipo 2 o nível da insulina é alto.Primeiro ponto, Sara, vocês conseguiram entender que a insulina é liberada por um aumento de glicose no sangue? Se eu tenho glicose no sangue eu tenho estímulo para liberação de insulina. Agora um paciente com DM2 vai ter sempre hiperglicemia, ele vai tá com hiperglicemia. Então o estímulo à produção de insulina vai ser constante e a célula beta pancreática dele ainda funciona porque ele tem DM2. Então o estímulo à produção de insulina vai estar bombando, por isso que ele vai ter alta glicemia e alta reinsulinemia. Agora, com o passar do tempo, se não tiver um controle dessa reinsulinemia a célula beta vai entrar em falência, e parar de produzir insulina, que foi a situação que a gente explicou. Ela se esforçou tanto a ponto de falir. A falência celular das células beta pancreáticas começou pelo processo de êxtase metabólica. Excesso de produção de moléculas de ATP, excesso de formação de produtos de degradação, sendo tóxico para própria célula beta pancreática. E aí iniciaram processos de peroxidação e falência, morte celular e apoptose. Então não tem a ver exatamente com deixar de abrir um canal celular, vai ser um início de um processo de morte celular. A insulinoterapia só é iniciada em pacientes com DM2 quando esse paciente já não é mais capaz de produzir a própria insulina. Só pra gente revisar aqui os efeitos celulares e teciduais da insulina e do glucagon; glucagon porque é o hormônio antagônico da insulina. Então a gente viu que a insulina é estimulada a ser produzida quando nós temos uma alta de açúcar no sangue, a gente viu o mecanismo todo lá pra trás. Essa promoção da liberação de insulina pelo pâncreas leva a estímulos teciduais para capturar a glicose do sangue. A maioria dos tecidos consegue armazenar glicose; claro, o órgão especializado em armazenar ou em transformar glicose em glicogênio é o fígado, mas nós conseguimos converter glicose como fonte de reserva na maioria dos tecidos. Fazendo com que os níveis de açúcar sanguíneos sejam reduzidos. Já o estímulo para liberação de glucagon, que é o hormônio antagônico, vem da hipoglicemia. Então a baixa de açúcar no sangue estimula células alfa pancreáticas a produzirem o glucagon. O glucagon é um hormônio catabólico, vai estimular a quebra e utilização de reservas energéticas para aumentar os níveis de glicose no sangue. Então é basicamente esse o balanço da glicemia. Função da insulina no tecido adiposo: aumento da captação de glicose, aumento da lipogênese e redução da lipólise. Insulina no músculo estriado: aumento da captação de glicose, aumento da síntese de glicogênio, aumento da síntese proteica. No fígado: redução da gliconeogênese, aumento da síntese de glicogênio e aumento da lipogênese. Então, só corroborando com o que eu falei, se o glucagon é um hormônio catabólico, a insulina é um hormônio anabólico. A insulina tem como principal objetivo estimular a formação de tecidos, reservas, armazenar energia (é um processo anabólico). perfil de liberação da insulina Aqui eu tenho um exemplo do perfil de liberação da insulina, ao longo do tempo, de um paciente normal, de um paciente com DM2 e de um paciente com DM1. Obviamente que este comportamento aqui está se dando após ingestão de glicose. Então o paciente foi ao laboratório, consumiu uma quantidade de glicose e ao longo do tempo foi medido a insulinemia deste paciente. Repare que nos primeiros 15 minutos, quando o paciente não tem nenhum tipo de diabetes, ele tem um pico de insulina. A glicose chegou até o pâncreas, rapidamente eu consegui liberar essa insulina para captar a glicose; depois eu tenho a chamada segunda fase de liberação de insulina, então é como se fossem duas ondas. Um pico e uma onda. O paciente com DM2, após ingestão de glicose, nos primeiros minutos, ele não tem essa onda, essa primeira fase, esse primeiro pico. Ele tem só a segunda onda. E o paciente com DM1, mesmo após ingestão de glicose, ao longo de todo o exame, ele não tem alterações em níveis de insulinemia. Aqui é um quadro geral, sei lá, um paciente com quadro estabilizado de DM2, não é um paciente grave, com dificuldade de controle. Óbvio que tem exceções mas, no geral, esse é o perfil de comportamento de insulinemia em pacientes DM1 e DM2, após ingestão de glicose. tratamento farmacológico Com base no que nós vimos, já conseguimos imaginar estratégias farmacológicas para controlar a glicemia. Insulinoterapia: é o tratamento mais lógico. Vamos administrar insulina em um paciente que tem dificuldade de absorver glicose e produzir insulina. Então repor esses níveis é a primeira estratégia a ser pensada para reduzir a glicemia. Primeiro vamos falar sobre a molécula de insulina. A molécula de insulina, como eu já falei, é um hormônio, uma incretina, e ela tem uma característica interessante a nível de composição dos aminoácidos. E tudo que eu vou falar a partir de agora sobre os aminoácidos é importante, principalmente pra gente diferenciar os tipos de insulina. Vocês sabem muito que existem diferentes tipos de insulina, guardem essa informação aí. Ponto de curiosidade da insulina: ela foi a primeira proteína da qual se determinou a sequência exata de aminoácidos. A insulina humana é uma proteína com duas cadeias de aminoácidos, uma cadeia chamada cadeia B que contém 30 aminoácidos e uma cadeia A que tem 21 aminoácidos. Aqui tá a sinalização intracelular que a insulina provoca. Eu não vou entrar nesse ponto com vocês na aula de insulinoterapia. Eu só quero mostrar pra vocês aqui nesse slide que o receptor de insulina é um receptor acoplado a uma quinase, acoplado a uma enzima que fosforila. As quinases são enzimas fosforiladoras e a fosforilação de moléculas intracelulares é que vai dar o start pra mitogênese, para síntese de proteína, para síntese de glicogênio, pra translocação de receptores GLUT, depende da célula alvo. Se a célula alvo for o músculo, a via de sinalização de quinase vai ser a síntese proteica ou síntese de glicogênio. Se for no fígado, síntese de glicogênio. Mas não vamos entrar nessa via de sinalização intracelular insulínica. Eu falei um pouco sobre o antagonismo glicocorticóides e terapia hipoglicêmica. Os glicocorticóides reduzem a afinidade da insulina pelos receptores de insulina, e o GH aumenta a afinidade. Olha que interessante. Os receptores de insulina são receptores altamente especializados, ou seja, pra eu ter o efeito máximo dos receptores de insulina menos de 10% deles precisam estar ocupados. Conseguiram entender a eficiência desse mecanismo de sinalização? Menos de 10% de todos os receptores de insulina daquela célula, daquele tecido precisam estar ligados à insulina para que o máximo do seu efeito ocorra. tipos de insulina: regular Essa insulina é caracterizada por ser do tipo de preparação de ação curta, isso significa que ela vai ter um tempo de efeito hipoglicêmico - reduz a glicemia - rápido (começa em aproximadamente 30 min.) e curto (duração de 6 horas e pico em 2 horas). Ela é chamada de insulina regular pois possui uma estrutura idêntica à insulina humana endógena, isso significa que ela possui a mesma quantidade de aminoácidos e na mesma sequência. A diferença é que essa insulina regular tem íons zinco na sua formulação associados a essas estruturas proteicas. Os íons zinco adicionados às formulações de insulina regular formam hexâmeros, formam aglomerados de monômeros de insulina. Eu tenho aqui um monômero da insulina com as suas duas cadeias (total de 6 monômeros). Cada triângulo desse aqui é uma molécula de insulina, é um monômero de insulina. Só que a formulação de insulina regular é uma formulação que tem íons zinco adicionados, e, consequentemente, aglomera estes monômeros, formando esses hexâmeros. Isso pode afetara conformação tridimensional desse hormônio. E como ele vai ser reconhecido pelo receptor? O grande ponto é que quando você afeta a aglomeração da insulina você está mudando não a afinidade da insulina com o receptor, mas sim a capacidade de absorção desses monômeros. Então, quando você aplica um monômero via subcutânea ele é absorvido muito mais rápido do que quando você aplica um hexâmero via subcutânea. Então você aumenta a estabilidade, você faz com que esses hexâmeros formem “reservas” no local em que foi administrado, e ele vai sendo liberado mais lentamente do que monômeros de insulina seriam. A insulina regular é como se tivesse mais dificuldade para atravessar as barreiras plasmáticas por ser maior. Seis moléculas juntas é mais difícil de atravessar uma membrana do que uma molécula sozinha. Vou repetir pra todo mundo captar: o zinco funciona na formulação de insulina regular para estabilizar a formação de hexâmeros de insulina. Ele fornece elétrons que vão se ligar a monômeros de insulina. Funciona como se fosse uma cola, então as moléculas de insulina que estavam sozinhas no meio vão se agregar por conta do íons zinco, formando um conglomerado (hexâmero). Então, pessoal, a adição de íons zinco é responsável por retardar a absorção da insulina, pois essa molécula de insulina agora está em hexâmeros, dificultando sua absorção. tipos de insulina: lispro Essa é uma insulina de ação ultra-rápida. Esse tipo de insulina é a insulina que mantém sua forma monomérica para acelerar sua absorção. Então ela não tem zinco na sua formulação, e ele disso, porque o zinco estabiliza o hexâmero. A lispro vai além. Além de não ter o zinco para estabilizar esse hexâmero, a lispro tem uma troca desses dois aminoácidos. Na cadeia B, o aminoácido lisina (28) foi trocado de posição com o aminoácido prolina (29). Essa troca é suficiente para que a insulina do tipo lispro não formasse hexâmeros, estando sempre na forma de monômeros. Ou seja, uma vez administrada, ela vai ter uma ação ultra-rápida, daí seu nome. A gente discutiu que a insulina regular tem uma ação curta, tem uma absorção retardada, porque ela é administrada sob a forma de hexâmeros estabilizados pelo íons zinco. A insulina lispro é uma insulina de ação ultra-rápida, pois ela é absorvida de forma muito mais rápida por não formar nem dímeros, nem hexâmeros e não ter o zinco. Assim, ela fica livre e tem facilidade para ser absorvida. A insulina lispro é aquela que pode ser injetada poucos minutos antes da refeição, tendo seu início de ação de 10 a 15 minutos, tendo seu pico de ação em 1 ou 2 horas e tendo seu tempo de duração de 3 a 5 horas. A presença do zinco estabiliza a formação do hexâmero mas não determina que esse hexâmero vai ficar formado durante toda a vida útil da insulina. Eu retardo a degradação do hexâmero mas essa liberação acontece, e o monômero é liberado de forma mais lenta pela presença do zinco. A molécula de insulina, com ou sem zinco, tem uma tendência a formar dímeros e hexâmeros. O que o zinco faz é estabilizar essa formação. Ao trocar a lisina pela prolina, a capacidade da insulina em formar esses dímeros e hexâmeros é bloqueada, mantendo a forma monomérica.
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