Prévia do material em texto
W BA 01 20 _V 2. 2 GESTÃO POR PROCESSOS E QUALIDADE 2 Flavio Junior Guidotti Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2021 GESTÃO POR PROCESSOS E QUALIDADE 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Henrique Salustiano Silva Juliana Caramigo Gennarini Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Giani Vendramel de Oliveira Revisor Fernanda Vanessa Lourenço dos Santos Giani Vendramel de Oliveira Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)__________________________________________________________________________________________ Simó, Cristiane Higueras S593a Aprendizagem Criativa e Cultura Maker: aplicações na educação profissional/ Cristiane Higueras Simó, Carolina Abdalla Normann de Freitas – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020. 30 p. ISBN 978-65-87806-05-1 1. Aprendizagem.2. Cultura I. Simó , Cristiane Higueras. II. Freitas, Carolina Abdalla Normann de. Título. CDD 378.013 ____________________________________________________________________________________________ Jorge Eduardo de Almeida CRB: 8/8753 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina ________________________________________05 Metodologias e ferramentas básicas de gestão de processos e qualidade – ferramentas básicas __________________________________06 Metodologias e ferramentas de gestão de processos e qualidade – MASP ______________________________________________________________32 BPM – Business Process Management ____________________________52 Gerenciamento por diretrizes e da rotina _________________________72 Gestão da qualidade – TQM _______________________________________92 Ferramentas da qualidade – programas: 5s, kaizen e lean ________113 Ferramentas de qualidade – programas: seis sigma e DFSS. ______136 Modelos normativos de qualidade e processos ___________________166 GESTÃO POR PROCESSOS E QUALIDADE 5 Apresentação da disciplina Introduzir os conceitos e princípios da Gestão de Processos e Qualidade é tarefa urgente e importante para as organizações que desejem ser competitivas. Entretanto, é necessário construir um caminho seguro para que esse desejo se transforme em realidade. Um dos passos dessa longa caminhada, e objetivo desta disciplina, é a aquisição e disseminação de um conjunto de conceitos, métodos e ferramentas que possibilite analisar e otimizar os processos existentes, garantindo, dessa forma, que a voz do cliente esteja presente em cada um deles. Fazer com que produtos/serviços das empresas tenham a cara de seus clientes significa aperfeiçoar continuamente os processos que geram estes produtos/ serviços. O objetivo fundamental da utilização das ferramentas da Gestão de Processos é impedir que os problemas nunca ocorram ou não ocorram novamente, eliminando a raiz, e não apenas o problema em si. Por isso, nesta disciplina, estudaremos os conteúdos básicos para garantir Qualidade e Produtividade nas organizações. São eles: Gestão por Processos; Diagnóstico e Análise de Processos; Conceitos de Gerenciamento por Processos; Mapeamento, Gerenciamento por Diretrizes e Gerenciamento da Rotina; Gerenciamento das Melhorias Contínuas e principais programas; Gerenciamento do Risco e a Gestão de Processos; Gestão das Não Conformidades; As Principais Metodologias e Ferramentas de Gerenciamento de Processos; A Garantia da Qualidade e as Normas de Sistemas da Qualidade; Padronização e Certificações. 6 Metodologias e ferramentas básicas de gestão de processos e qualidade – ferramentas básicas. Autoria: Luiz Antonio Gentile Jr Objetivos • Apresentar os conceitos e ferramentas básicas atinentes à Gestão de Processos e Qualidade. • Conhecer a importância e a forma de utilização das ferramentas para auxiliar na Gestão de Processos e Qualidade, visando a garantia e o controle da Qualidade, bem como a otimização dos Processos. • Conhecer as principais habilidades para a utilização adequada das metodologias e ferramentas aqui apresentadas. 7 Introdução O que os consumidores querem? Parece fácil a resposta. Querem produtos e serviços que satisfaçam as suas necessidades. Ora, para isso, basta adquiri-los e pronto! Mas, observando atentamente, vemos que muitos consumidores não podem obter aquilo que desejam, pois o consumo não é fácil. Veremos, nesta aula, que o “consumo é, muitas vezes, um trabalho duro para o consumidor e também não remunerado” (WOMACK, P. J.; JONES, T. D., 2006, p. 1). Os conceitos básicos sobre Gestão da Qualidade dizem que sua função principal é garantir que o consumidor obtenha a plena satisfação das suas necessidades, de forma ágil, conveniente e a um preço adequado. No dia a dia, testemunhamos muitas empresas que ofertam produtos e serviços de ótima qualidade, mas não conseguem a plena satisfação dos seus clientes. Quais as razões para isso? Uma das possíveis respostas é que a satisfação dos consumidores não termina na entrega do produto ou serviço. As idas e vindas às assistências técnicas e as reclamações nos SACs (Serviços de Atendimento ao Cliente) evidenciam isso. Aprenderemos que, além de produtos e serviços, os clientes querem realmente comprar a satisfação das suas necessidades e essa satisfação vem empacotada em um conjunto de “Valores”. Esse é o desafio das empresas, que a Gestão da Qualidade e de Processos se propõe a enfrentar. 1. Gestão de processos e qualidade Na história da qualidade, escrita por vários pensadores, cientistas e professores, cada qual com suas contribuições específicas, a definição de qualidade toma contornos diferentes, mas vemos que o cerne é um só: ter, como objetivo maior, alcançar a plena satisfação dos clientes! 8 Com base nisso, podemos declarar uma definição mais genérica, em que “Qualidade é um conjunto de atributos que os produtos e serviços devem ter para que a satisfação das necessidades do consumidor, sejam satisfeitas, encantem e fidelizem o cliente”. Examinando mais detidamente a definição dada, vemos que a qualidade busca identificar um conjunto de atributos que os produtos e serviços devem ter. Esses atributos (propriedades) são definidos em resposta às necessidades dos clientes. Portanto, o objetivo maior é assegurar a plena satisfação dos clientes, por meio da oferta de produtos e serviços que reúnam as propriedades que satisfazem as necessidades manifestadas. A literatura técnica consagrou o conjunto de atributos que o TQC (Total Quality Control – Controle Total da Qualidade) japonês adota. Aqui no Brasil, o Prof. Falconi também acolhe isso, em sua extensa obra, quando se refere aos Componentes da Qualidade Total (CAMPOS, 1992, p. 12). • QUALIDADE INTRÍNSECA: conjunto de características e especificações técnicas que os produtos e serviços devem apresentar para atender aos parâmetros prometidos aos clientes. • ENTREGA: representa o atendimento ao cliente na hora certa, no local certoe na quantidade certa. • CUSTO: gastos para a disponibilização dos produtos e serviços, que devem proporcionar ao cliente o melhor custo-benefício possível, ou seja, a coluna dos benefícios (valor) deve superar a coluna dos custos (sacrifícios). • SEGURANÇA: os produtos e serviços devem ser produzidos com segurança para os operadores e prover segurança para os que deles se servirem. 9 • MORAL: os colaboradores que produzem os produtos e serviços devem estar cientes da importância destes e motivados com isso. O primeiro passo para entregar Qualidade ao cliente é entender suas necessidades. Isso não é fácil, porque os clientes geralmente não verbalizam suas reais necessidades e se manifestam mais pelo incômodo dos seus problemas do que de maneira racional. Isso é fato, portanto a empresa precisa utilizar técnicas e ferramentas adequadas para a fiel tradução das necessidades do cliente em especificações técnicas capazes de direcionar os esforços para a produção dos produtos e serviços que satisfarão essas necessidades. Uma das técnicas que veremos nesta aula é o QFD – Quality Funtion Deployement, ou Desdobramento da Função Qualidade. Uma vez especificadas as necessidades, a empresa desenvolve produtos e serviços em conformidade com os requisitos acordados com o cliente. Esses produtos e serviços são produzidos em etapas sequenciais e lógicas, utilizando os recursos necessários: Humanos, Técnicos, Materiais e Equipamentos, que são disponibilizados pelos fornecedores (internos e externos). Ao longo dessa cadeia cliente-fornecedor (Processo), que se inicia com a definição das necessidades dos clientes, tradução em especificações técnicas, desenvolvimento de produtos e serviços, transformação de recursos adquiridos dos fornecedores, obtêm-se os produtos e serviços, que são entregues aos clientes e devem estar em conformidade com os requisitos acordados. Caso isso não ocorra, as empresas terão problemas, que, se forem detectados, pelo controle da qualidade, antes da entrega dos produtos e serviços aos clientes, menos mal. Todavia, a coluna dos custos da qualidade sobe – controle, retrabalhos e desperdícios. Se forem identificadas pelo cliente, tanto na entrega como no uso, pior, pois as probabilidades de insatisfação são altas. Por isso, as empresas devem ter estratégias para lidar com essas situações, de modo a minimizar os incômodos causados, como a insatisfação dos clientes e os impactos negativos na marca/empresa. 10 Uma das premissas básicas da Gestão da Qualidade é fazer certo, da primeira vez, sempre. Quando isso não é observado, ocorrem situações de não qualidade, portanto, a falta da Qualidade ou o não atendimento aos requisitos (Não Conformidades), que gera custo adicional, pois, quando um produto ou serviço apresenta falha, os defeitos devem ser corrigidos ou um novo produto deve ser produzido. Sempre que há uma não conformidade em qualquer elo da cadeia cliente-fornecedor, todas as partes interessadas (Clientes, Fornecedores, Colaboradores e outros) são incentivadas a comunicar o fato, que deve ser registrado no sistema da qualidade e devidamente tratado pela empresa. O resultado desse tratamento é uma ação corretiva ou preventiva, que aperfeiçoará o processo. A Gestão dos Processos e Qualidade, também cuida do melhoramento contínuo dos processos e produtos/serviços. Para isso, utiliza diversas metodologias e ferramentas: Benchmarking, ou a comparação das melhores práticas com outras empresas; Pesquisa de Satisfação dos Clientes; Canais de Reclamações e Sugestões; Identificação, Registro e Tratamento de Não Conformidades; MASP –Metodologia de Análise e Solução de Problemas; e as ferramentas da Qualidade. 2. As principais ferramentas gerenciais da qualidade 2.1 As sete ferramentas As chamadas sete ferramentas básicas da qualidade foram compiladas na década de 1950, pelos japoneses, que militavam no movimento do TQC; engenheiros e cientistas que, ajudados pelos americanos que compunham as equipes de reconstrução do Japão, após a II Guerra Mundial, sob o comando do General MacArthur. Entre eles, os mais 11 conhecidos: William Edwards Deming e Dr. Joseph Moses Juran. A motivação que ensejou essa compilação foi a facilidade de uso por pessoas não iniciadas em engenharia e estatística, segundo Karou Ishikawa, engenheiro japonês da JUSE – Union of Japanese Scientists and Engineers, um dos compiladores e inventor do diagrama de Causa e Efeito, ou Gráfico “Espinha de Peixe”, ou Gráfico de Ishikawa. Para Saber Mais O arquivo indicado direciona para material textual que detalha as sete ferramentas básicas em objetivos e utilização. TRIVELLATO, A. A. Aplicação das sete ferramentas básicas da qualidade no ciclo PDCA para melhoria contínua: estudo de caso numa empresa de autopeças. (Trabalho de conclusão de curso), Escola de Engenharia de São Carolos, São Carlos, 2010. Consulte. 2.1.1 Diagrama de Pareto Figura 1 Histograma Fonte: elaborada pelo autor. https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Edwards_Deming https://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_Moses_Juran 12 Os problemas da qualidade podem ser observados sob a forma de perdas. A maioria dessas perdas acontece em razão dos poucos tipos de defeitos que podem ser atribuídos a um número restrito de causas. Se as causas desses defeitos “vitais” forem identificadas e corrigidas, torna-se possível a eliminação de quase todas as perdas. É uma questão de prioridade. Os defeitos “secundários” ou “triviais”, com menores consequências, devem ficar para solução posterior. O Gráfico de Pareto (Figura 2) permite visualizar e priorizar os tipos de problemas. Veja, a seguir, como elaborar o Diagrama de Pareto passo a passo. Etapa 1: a. Decida os problemas a serem investigados e a coleta de dados necessária. Exemplos: itens defeituosos, devoluções, ocorrência de acidentes e reclamações de clientes. b. Decida quais serão os dados necessários e como classificá-los. Exemplos: por tipo de defeito, localização, processo, máquina, operário, método. Reúna os itens que não são frequentes sob o título “outros”. c. Determine o método de coleta de dados e o período durante o qual serão coletados. Etapa 2: a. Crie uma folha de verificação. b. Liste os itens e deixe espaço para os totais. Falaremos um pouco mais sobre a folha de verificação a seguir. Etapa 3: preencha a folha de verificação e calcule os totais. Etapa 4: prepare uma folha de dados para o Gráfico de Pareto, listando os itens, seus totais individuais, totais acumulados, as percentagens sobre o total geral e as percentagens acumuladas. 13 Etapa 5: coloque os itens na folha de dados, em ordem decrescente de quantidade, e preencha-os com os dados da folha de verificação. O item “outros” deve ficar no final, seja qual for o seu valor, porque ele é composto de um grupo de fatores que têm, cada um, valor menor que o menor valor do item listado individualmente. Etapa 6: faça um gráfico no qual o Eixo vertical seja marcado com escala de 0 a 100%, que corresponde ao valor total da folha de verificação; e o Eixo horizontal seja dividido em intervalos iguais conforme a quantidade de itens da folha de dados. • Etapa 7: construa um diagrama de barras, colocando os itens na ordem da folha de dados. • Etapa 8: transforme os valores encontrados para cada barra em percentuais e marque os pontos para formar a curva. Figura 2 Gráfico de Pareto dos tipos de defeitos encontrados na pintura Fonte: elaborada pelo autor. 14 2.1.2 Diagrama de Causa e Efeito Figura 3 Diagrama de Causa e Efeito. Fonte: elaborada pelo autor. A relação entre uma característica da qualidade e os fatores que a determinam constitui o diagrama de causa e efeito, muito útil para a esquematização de processos mais complexos. Também chamado “Diagrama de Espinha de Peixe”, o Diagrama de Causa e Efeito foi aplicado, pela primeira vez, por Kaoru Ishikawa, que o utilizou para sintetizar as opiniões de engenheiros de uma fábricaquando discutiam problemas da qualidade. Dado um problema (efeito), busca-se correlacioná-lo a uma ou mais causas. A identificação da raiz dos problemas ajuda na busca de soluções para evitar/diminuir os efeitos. 2.1.3 Diagrama de Dispersão 15 Figura 4 Diagrama de Dispersão Fonte: Depositphotos. Gráfico que mostra a dispersão entre duas variáveis. Por meio dele, é possível visualizar melhor a correlação entre as variáveis. Ajuda na busca por tendências, mostra perdas atuais e ganhos viáveis, levando em conta o impacto positivo ou negativo de sua correção. 2.1.4 Histograma Figura 5: Histograma Fonte: Depositphotos. Gráfico que mostra a frequência absoluta dos dados. Facilita a avaliação e distribuição dos dados possibilitando a percepção de suas ocorrências. 16 2.1.5 Fluxograma Figura 6: Fluxograma NÃO SIM Fonte: elaborada pelo autor. Trata-se da representação gráfica das atividades que integram determinado processo, sob a forma sequencial, caracterizando as operações e os agentes executores. O fluxograma permite melhor visualização de cada rotina integrante de um processo, na sua forma mais completa, e utiliza simbologia estabelecida para essa finalidade. Esse gráfico torna mais claros fatos que poderiam passar despercebidos em outra forma de representação. 2.1.6 Carta de Controle Figura 7: Carta de controle Fonte: Ribeiro; Caten (2012). 17 Gráfico que representa o comportamento dos dados de variáveis de um processo. Auxilia no controle dos processos e na análise da variabilidade. Na parte superior, fica o limite superior de controle da variação; no meio, a média (meta); e, na parte inferior, o limite inferior de controle da variação. Espera-se que os dados se comportem em torno da média, variando para mais ou para menos (LSC/LIC), por exemplo, +/–2%. Quando os dados ultrapassam esses limites, pode ser indício de uma tendência ao descontrole do processo. O gráfico da Carta de Controle também ilustra possibilidades de melhoria do processo, demonstradas quando a margem de variação diminui. 2.1.7 Folha de Verificação Figura 8: Folha de Verificação Folha de Verificação Tipo de defeito Total Trinca Risco Mancha Folga Outros 30 10 27 8 15 Bolha 18 7Descoloração 115Total Verificação ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// ///// // ///// /// ///// ///// ///// /// ///// // Fonte: elaborada pelo autor. Planilha para a coleta de dados. Auxilia na análise de dados e na construção do Gráfico de Pareto. 18 3. As novas ferramentas gerenciais As sete novas ferramentas da qualidade, também conhecidas como as novas ferramentas gerenciais, têm aplicação indicada na identificação e busca de problemas e auxiliam os gerentes no mapeamento dos problemas da qualidade e no planejamento dos esforços para a melhoria contínua da qualidade, tanto da conformidade com os requisitos quanto do desempenho (produtividade). Essas novas ferramentas vieram para complementar a utilização das ferramentas básicas no que elas não podiam ajudar. A gestão da qualidade, auxiliada pelas novas ferramentas, constitui-se em um processo de três fases, a saber: Quadro 1: Resumo das ferramentas gerenciais da qualidade Fases do gerenciamento e planejamento Ferramenta gerencial Finalidades 1ª Fase: identificação do problema Diagrama de afinidades Diagrama de relações Sintetizar, classificar, estruturar ideias pouco definidas. Descobrir e analisar inter- relações de causa e efeito. 19 2ª Fase: determinação de ações e recursos. Diagrama em árvore Diagrama em matriz (matriz de decisão) Detalhar, desdobrar situações e ações desde o geral até o particular. Correlacionar, de forma lógica, para estudar, avaliar e decidir. Direcionar, estreitar e focalizar análises e tomada de decisões. Identificar, avaliar e planejar alternativas de atuação. Quando uma alternativa deve ser selecionada entre pequeno número de outras, um ótimo processo é o de ponderar diferentes critérios de avaliação. Formamos, dessa forma, uma matriz de decisão que revelará os pontos fortes e fracos de cada alternativa. 20 3ª Fase: estabelecimento de planos contingenciais e cronograma. Diagrama PDPC – Process Decision Program Chart / Árvore de decisão Diagrama da rede de atividades / Diagrama de flechas As árvores de decisão constituem-se em modelos de inferência dedutiva que auxiliam a tomada de decisão em condições de contingência. Por exemplo, essa ferramenta ajuda a decidir se a pessoa jogará tênis ou não. São traçadas determinadas condições (contingência) que direcionam a tomada de decisão. Gerenciar prazos, prioridades e administrar recursos. Ilustra uma sequência de atividades em um processo Fontes: Quadro – Adaptado de LIMA, T. F. O. de. As sete ferramentas gerenciais da qualidade. 2017. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/6614752>. Acesso em: 26 set. 2017. Diagramas de afinidade, de relações, em árvore e de flechas – Depositphotos. Diagrama em matriz – elaborado pelo autor. 3.1 QFD – Quality function deployment Essa ferramenta foi desenvolvida no Japão com as contribuições dos professores Shigeru Mizuno e Yoji Akao, por volta do ano de 1972, em função de solicitação do governo japonês para auxiliar o Estaleiro da Mitsubishi Heavy Industries Ltda. O QFD, inicialmente teve como “objetivo estruturar um processo que possibilitasse relacionar cada 21 fase da construção de navios ao cumprimento e à observância de determinadas exigências” (MARSHALL JR.; ROCHA; MOTA; QUINTELLA, 2012, p. 156). A tradução do QFD em “Desdobramento da Função Qualidade” não é a mais adequada, mas tornou a ferramenta conhecida no Brasil. “Os clientes identificam requisitos e esses são refinados pela empresa, sucessivamente, de maneira que os produtos finais traduzem os atributos” (MARSHALL JR.; ROCHA; MOTA; QUINTELLA, 2012, p. 158). Enfim, a ferramenta é reconhecida mundialmente como a que melhor traduz “A voz do cliente” para especificações técnicas que permitem melhor desenvolvimento do produto, do processo e da manufatura. O QFD deve ser utilizado, também, como ferramenta para a melhoria dos produtos existentes no portfólio da empresa. A aplicação do QFD pressupõe a criação de uma matriz que correlaciona os requisitos (expectativas) do cliente com as especificações necessárias apara atender a esses requisitos. O modo de utilizar a ferramenta se dá em um trabalho de equipe e etapas: pesquisa de requisitos, tabulação, análise e desdobramentos em desenvolvimento do produto, desenvolvimento do processo – desenvolvimento da produção. 22 Figura 9: Passos da função qualidade – QFD Fonte: Rozenfeld e Amaral (2009). 4. melhoria de processos com base no valor Uma ferramenta muito utilizada para assegurar entrega de produtos e serviços com alta agregação de VALOR e baixo CUSTO é o Mapeamento do Fluxo de Valor – MFV. Ela ajuda o gestor a desenhar o estado atual do fluxo, desde o início do processo, quando o cliente se manifesta, até a entrega do produto/serviço. Ao se analisar o fluxo do estado atual, é possível identificar diversos gargalos, desperdícios e retrabalhos que não agregam valor para o cliente, e sim SACRIFÍCIO (custo), o que pode tornar o produto/serviço pouco competitivo e levar à insatisfação e à fuga do cliente para o concorrente. Essa ferramenta compõe a abordagem da Lean. 23 Para Saber Mais No site do Lean Institute Brasil, encontramos farto material sobre o assunto, como textos, artigos, livros, cases, treinamentos e notícias em geral. Para Saber Mais Lean é uma filosofia de gestão inspirada em práticas e resultados do Sistema Toyota. Trata-se de um corpo de conhecimento cuja essência é a capacidade de eliminar desperdícios continuamente e resolver problemas de maneira sistemática. Isso implica repensar a maneira como se lidera, gerencia e desenvolve pessoas. É pormeio do pleno engajamento das pessoas envolvidas com o trabalho que se consegue vislumbrar oportunidades de melhoria e ganhos sustentáveis (adaptado de SANTOS, 2011). O mapeamento do fluxo de valor (MFV) é uma técnica alternativa para o mapeamento de processos, o MFV, vem acompanhado de uma metodologia completa para a implantação da manufatura enxuta. Baseado no conceito de agregação de valor, o MFV ajuda a projetar um “estado futuro” que corresponde à melhoria do “estado atual” de um processo por meio da aplicação das técnicas de produção enxuta. (SANTOS, L. C., 2011, p. 119). Para aplicar essa técnica, deve-se mapear todo o fluxo, do início, quando o cliente manifesta sua necessidade, até a entrega do produto e serviço, registrando todas as etapas, tempos e movimentos e questionando o que agrega valor ou não para a satisfação do cliente. 24 Esse questionamento deve refletir em melhoramentos e otimização do fluxo, preservando/aumentando valor e diminuindo custo/sacrifício. A cadeia de valor para o cliente – V1, V2, ..., Vn – significa os valores agregados para o cliente em cada etapa do processo, conforme a Figura10. Figura 2: Fluxo de Valor ETAPA 1 2 3 N V1 V2 V3 Vn ETAPA ETAPA ETAPA Processo CLIENTE FORNECEDORES Fonte: elaborada pelo autor. O mapa do fluxo de valor deve considerar, inclusive, as etapas antecedentes ao início da produção e as posteriores ao término da produção. O Fluxo de Valor tem início quando o consumidor ainda não entrou em contato com a empresa (daí a necessidade de atenção permanente nos processos de atração do cliente) e permanece até o pós-venda (assistência técnica, SAC). Ao longo desse fluxo, devem ser identificados gargalos, desperdícios, retrabalho e outros obstáculos que interferem na entrega de valor ao cliente. Por exemplo: Tempo de Espera – isso não agrega valor ao cliente, o que fazer para que a espera seja curta? Para Saber Mais A matéria a seguir detalha o conceito do Mapeamento do Fluxo de Valor e as formas de melhor utilização. VANZETTA, M.; PASA, G. S. Mapeamento de fluxo de valor e simulação como facilitadores para o aprimoramento da produção em empresa do setor automotivo. Trabalho 25 de Graduação – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rio Grande do Sul, 2010. Consulte. Questão para reflexão Como é possível, na prática, utilizar as técnicas e ferramentas da qualidade, vistas neste curso, para buscar um diferencial competitivo? Você conhece exemplos que ilustram uma resposta afirmativa? Considerações Finais • A Gestão dos Processos é necessária para garantir a qualidade compromissada com o cliente (qualidade intrínseca) e a produtividade dos processos (entrega e custos). • As chamadas sete ferramentas básicas da qualidade foram compiladas na década de 1950, pelos japoneses que militavam no movimento do TQC – Total Quality Control, ou Controle da Qualidade Total. • As sete novas ferramentas da qualidade têm aplicação indicada para a identificação e busca de problemas e auxiliam os gerentes no mapeamento dos problemas da qualidade e no planejamento dos esforços para a melhoria contínua da qualidade. • Na ferramenta QFD, os clientes identificam requisitos e estes são refinados pela empresa, sucessivamente, de maneira que os produtos finais traduzem os atributos. 26 • Uma ferramenta muito utilizada para assegurar entrega de produtos e serviços com alta agregação de VALOR e baixo CUSTO é o Mapeamento do Fluxo de Valor – MFV. Glossário • TQC – Total Quality Control, ou Controle da Qualidade Total: trata-se de um movimento em prol da instalação da cultura da Qualidade Total, do projeto ao cliente, que surgiu no Japão nos anos 50 do século XX. • MASP – Metodologia de Análise e Solução de Problemas: método para sistematizar a investigação, identificação e análise das causas dos problemas em processo, bem como o desenvolvimento de soluções e melhoria dos processos da empresa. • Sistema Toyota: o Sistema Toyota de Produção é a condensação de todo o aprendizado da Toyota com a implantação do TQC e as técnicas e ferramentas da qualidade. Hoje é considerada uma filosofia de gestão e deu origem ao conceito do Lean Manufacturing. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 01 1. Qual a definição para Qualidade de produtos e serviços? a. É uma função de utilidade para o consumidor. b. É um conjunto de qualificativos que um produto ou serviço deve ter. 27 c. Um conjunto de atributos que os produtos e serviços devem ter para que as necessidades do consumidor sejam atendidas. d. Característica de um produto e serviço – qualidade intrínseca, entrega e custo. e. Todas as alternativas estão corretas. 2. Qual o primeiro passo para entregar qualidade ao cliente? a. Perguntar qual produto ou serviço o cliente deseja. b. Entender e traduzir as necessidades do cliente para a linguagem do fornecedor. c. Atender aos clientes com qualidade e presteza. d. Entregar ao cliente exatamente o que ele solicitou. e. Oferecer preço mais baixo que a concorrência. 3. Complete a frase a seguir na sequência correta: A Gestão dos Processo é necessária para garantir a qualidade compromissada com o cliente (qualidade ___________) e a produtividade dos processos (________ e _______). a. Superior – entrega – custos b. Assegurada – eficiência – eficácia c. Garantida –otimizada – barata d. Intrínseca – entrega – custos e. Controlada –alta – eficiente 4. Qual a melhor aplicação das ferramentas básicas da qualidade? a. Garantia e Controle da Qualidade. 28 b. Controle dos Custos da Qualidade. c. Garantia, controle da qualidade e melhoria dos processos. d. Garantir a satisfação dos clientes. e. Diminuir prejuízos. 5. Qual a melhor utilidade da ferramenta QFD – Desdobramento da Função Qualidade? a. Traduzir as necessidades do cliente para especificações técnicas que permitam melhor desenvolvimento do produto, do processo e da manufatura. b. Garantir um produto e serviço com menor custo possível. c. Mitigar riscos de um processo oneroso que impacte no custo final do produto e serviço. d. Fazer benchmarking dos produtos e serviços da concorrência para melhorar os seus. e. Fazer um produto barato, com expectativa de faturamento alto. Referências Bibliograficas ABREU, F. de S. QFD – desdobramento da função qualidade – estruturando a satisfação do cliente. n. 2, v. 37, 1997. RAE-Revista de Administração de Empresas. Disponível em: <http://www.fgv.br/rae/artigos/revista-rae-vol-37-num-2- ano-1997-nid-46115/>. Acesso em: 26 set. 2017. CAPES. Convenção da linguagem: regras, diagramas e notação. Critérios orientadores para o mapeamento de processos. Brasília, 2013. Disponível em: <http://www.escritoriodeprocessos.capes.gov.br/doc/normas-mapeamento.pdf>. Acesso em: 25 out. 2017. ENDEVOR BRASIL. Uma espiada na grama do vizinho, ou: como fazer benchmarking. São Paulo, 2015. Disponível em: <https://endeavor.org.br/ benchmarking/>. Acesso em: 26 set. 2017. http://www.fgv.br/rae/artigos/revista-rae-vol-37-num-2-ano-1997-nid-46115/ http://www.fgv.br/rae/artigos/revista-rae-vol-37-num-2-ano-1997-nid-46115/ http://www.escritoriodeprocessos.capes.gov.br/doc/normas-mapeamento.pdf https://endeavor.org.br/benchmarking/ https://endeavor.org.br/benchmarking/ 29 GESTÃO da Qualidade – Aula 10 – Ferramentas da Qualidade. Produção de Clóvis Alvarenga Netto. Realização de Univesp. São Paulo: Univesp, 2017. (20 min.), son., color., legendado. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hxKofc_ YBcU>. Acesso em: 22 set. 2017. LIMA, T. F. O. de. As sete ferramentas gerenciais da qualidade. 2017. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/6614752/As-Sete-Ferramentas-Gerenciais>. Acesso em: 26 set. 2017. MAPEAMENTO do Fluxo de Valor (ou VSM). Renato Moura. 2017. (6 min.), son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7uIV1JOygUc>. Acesso em: 26 set. 2017. MARSHALL Jr., I.; ROCHA, V. A.; MOTA, B. E.; QUINTELLA, M. O. Gestão da qualidade e processos. Rio de Janeiro: FGVeditora, 2012. PASQUINI, N. C. Desdobramento da Função da Qualidade (QFD) conceitos e aplicações. Revista Qualidade Emergente – UFPR, Curitiba, v. 5, 2013. Disponível em: <http://revistas.ufpr.br/qualidade/article/view/34711/21517>. Acesso em: 26 set. 2017. QFD – Desdobramento da Função Qualidade 1. Produção de Fernando Bersaneti. Realização de Poli-USP. São Paulo: USP, 2015. (9 min.), son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=W9Dp9kqseII>. Acesso em: 26 set. 2017. QFD – Desdobramento da Função Qualidade 1. Produção de Fernando Bersaneti. Realização de Poli-USP. São Paulo: USP, 2015. (15 min.), son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=iPPE87399xM>. Acesso em: 26 set. 2017. RAMOS, D. Gurus da Qualidade: Philip Crosby. Blog da Qualidade, jun. 2017. Disponível em: <http://www.blogdaqualidade.com.br/gurus-da-qualidade-philip- crosby/>. Acesso em: 2 out. 2017. REIS, L. dos. Qual o custo da qualidade? Blog da Qualidade, out. 2013. Disponível em: <http://www.blogdaqualidade.com.br/qual-o-custo-da-qualidade>. Acesso em: 26 set. 2017. RIBEIRO, J. L. D.; CATEN, C. S. Controle estatístico do processo: cartas de controle para variáveis, cartas de controle para atributos, função de perda quadrática, análise de sistemas de medição. Porto Alegre: FEENG/UFRGS – Fundação Empresa Escola de Engenharia da UFRGS, 2012. Disponível em: <http://www.producao.ufrgs. br/arquivos/disciplinas/388_apostilacep_2012.pdf>. Acesso em: 25 out. 2017. ROZENFELD, H.; AMARAL, D. C. Exemplo de aplicação do QFD (quality function deployment). São Carlos: EESC-USP, 2009. Disponível em: <http:// www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/por/content/view/ full/10294#eztoc126476_5_4>. Acesso em: 24 out. 2017. SANTOS, L. C. et al. Aplicação do mapeamento do fluxo de valor para a implantação da produção enxuta na fabricação de fios de cobre. 2011. Disponível em: <file:///C:/Users/luizg/Downloads/810-3337-1-PB.pdf>. Acesso em: 26 set. 2017. https://www.youtube.com/watch?v=hxKofc_YBcU https://www.youtube.com/watch?v=hxKofc_YBcU https://pt.scribd.com/doc/6614752/As-Sete-Ferramentas-Gerenciais https://www.youtube.com/watch?v=7uIV1JOygUc http://revistas.ufpr.br/qualidade/article/view/34711/21517 https://www.youtube.com/watch?v=W9Dp9kqseII https://www.youtube.com/watch?v=iPPE87399xM http://www.blogdaqualidade.com.br/gurus-da-qualidade-philip-crosby/ http://www.blogdaqualidade.com.br/gurus-da-qualidade-philip-crosby/ http://www.blogdaqualidade.com.br/qual-o-custo-da-qualidade http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/388_apostilacep_2012.pdf http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/388_apostilacep_2012.pdf http://www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/por/content/view/full/10294#eztoc126476_5_4 http://www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/por/content/view/full/10294#eztoc126476_5_4 http://www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/por/content/view/full/10294#eztoc126476_5_4 file:///C:/Users/luizg/Downloads/810-3337-1-PB.pdf 30 TIDD, J. Lexus QFD Case Study. 2017. Disponível em: <http://www.innovation- portal.info/wp-content/uploads/Lexus-QFD-Case.pdf>. Acesso em: 26 set. 2017. TRIVELLATO, A. A. Aplicação das sete ferramentas básicas da qualidade no ciclo PDCA. 2010. Disponível em: <http://www.tcc.sc.usp.br/tce/disponiveis/18/180830/tce-19012011-162523/publico/ Trivellato_Arthur_Antunes.>. Acesso em: 24 out. 2017. VANZETTA, M.; PASA, G. S. Mapeamento de fluxo de valor e simulação como facilitadores para o aprimoramento da produção em empresa do setor automotivo (Trabalho de conclusão de graduação). Curso de Engenharia de Produção, Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, 2010. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/32210>. Acesso em: 25 out. 2017. WOMACK, P. J.; JONES, T. D. Soluções enxutas. Editora Campus, 2006. Gabarito Questão E Resolução: Qualidade é um conjunto de atributos que os produtos e serviços devem ter não só para que as necessidades do consumidor sejam satisfeitas, mas para que o encante e, dessa forma, fidelize o cliente. Questão B Resolução: O primeiro passo para entregar Qualidade ao cliente é entender suas necessidades. Se isso não acontecer ou não for completo, pode comprometer o desenvolvimento do produto ou serviço, o processo e a entrega final. Questão D Resolução: O tripé da qualidade diz que as condições necessárias e suficientes para assegurar qualidade de produto e serviço é, ao mesmo tempo: a qualidade intrínseca, ou seja, a conformidade aos requisitos do cliente; a qualidade da entrega, ou seja, a http://www.innovation-portal.info/wp-content/uploads/Lexus-QFD-Case.pdf http://www.innovation-portal.info/wp-content/uploads/Lexus-QFD-Case.pdf http://www.tcc.sc.usp.br/tce/disponiveis/18/180830/tce-19012011-162523/publico/Trivellato_Arthur_Ant http://www.tcc.sc.usp.br/tce/disponiveis/18/180830/tce-19012011-162523/publico/Trivellato_Arthur_Ant http://hdl.handle.net/10183/32210 31 agilidade e conveniência da logística; e o custo do produto e serviço. Questão C Resolução: As sete ferramentas básicas da qualidade foram compiladas para apoiar os esforços para controlar a qualidade do processo, seu desempenho e melhoria e a garantia da conformidade aos requisitos. Questão A Resolução: Na ferramenta QFD, os clientes identificam requisitos e estes são refinados pela empresa, sucessivamente, de maneira que os produtos finais traduzem os atributos. Enfim, a ferramenta é reconhecida mundialmente como a que melhor traduz “A voz do cliente” para especificações técnicas que permitem melhor desenvolvimento do produto, do processo e da manufatura. 32 Metodologias e ferramentas de gestão de processos e qualidade – MASP Autoria: Luiz Antonio Gentile Jr Objetivos • Conhecer a metodologia de identificação e análise de problemas em processo e as ferramentas associadas. • Adquirir habilidades para utilizar os conhecimentos em prol da melhoria da gestão dos processos empresariais. • Incorporar atitudes em prol da qualidade dos produtos, serviços e processos 33 Introdução René Descartes, filósofo e matemático francês que viveu entre 1596 e 1650, trouxe o conceito do Método, dando início à sistematização do conhecimento científico. Também conhecido como Método Cartesiano, lança um olhar racional sobre a realidade. O método cartesiano consiste em quatro regras básicas: • Verificar as evidências reais e concretas sobre o objeto em estudo. • Analisar, decompor o todo em partes menores para facilitar o estudo. • Sintetizar, fazer o movimento contrário da análise e reagrupar as partes estudadas. • Enumerar todas as conclusões e as bases conceituais utilizadas. O Método Cartesiano Neste artigo, elucidamos o método cartesiano: STRECKER, H. René Descartes: o método cartesiano e a revolução na história da filosofia... UOL Educação. Pesquisa Escolar. 2014. Consulte. A Gestão por Processos e a Qualidade tem como base teórica os princípios do método cartesiano, lançando um olhar racional sobre a realidade da empresa e adotando princípios científicos para a Gestão Empresarial, de modo a assegurar, com razoável margem de acerto, a obtenção de resultados previsíveis, atingindo a plena satisfação de todas as partes interessadas na organização. https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADntese_filos%C3%B3fica 34 Com essas bases, a metodologia da gestão por processos e qualidade sistematizou o processo de identificação, análise, busca de soluções e monitoramento da implantação de ajustes e melhorias nos processos de trabalho, batizado de Metodologia de Análise e Solução de Problemas – MASP, objeto dessa aula. Aqui estudaremos como o MASP e as ferramentas da qualidade associadas podem ajudar, na prática, as empresas a manterem seus processos sob controle (gestão da rotina) e a buscarem melhorias de desempenho (gestão da melhoria). 1. Conceitos Básicos Antes de iniciarmos o estudo do MASP, necessitamos esclarecer algunsconceitos básicos para que a utilização do método não sofra deformações, levando o gestor a conclusões equivocadas. O primeiro conceito diz respeito à definição de Problema. Qual o nosso entendimento sobre problema? Existem muitas definições, mas o importante é ir ao âmago da questão, principalmente na realidade dos processos de trabalho. Nesse contexto, entendemos problema como um desvio da meta! Ora, quando planejamos atingir determinado resultado e, ao final, verificamos que o resultado atingido está aquém do planejado, temos um problema, um desvio! Também, sob esse ângulo, podemos definir problema como um efeito não desejado no processo, por exemplo, picos de variação de temperatura, durante o processo, além da faixa de tolerância fixada. Podemos intuir que essas definições levam à conclusão de que o problema é apenas uma consequência, um efeito provocado por uma ou mais causas que levam a resultados indesejados. 35 Figura 1: Caracterização de um problema diante de um desvio, com objetivo de corrigir uma falha Padrão ou expectativa Desvio Desempenho Ooops!! Houve um desvio ! Tempo Valor Fonte: elaborada pelo autor. Nesse sentido, o mais lógico é atuarmos sobre as causas dos problemas. Uma vez identificadas e tratadas, o efeito – o problema – tende a desaparecer. O exemplo clássico disso é a febre, que é um efeito indesejado de variação da temperatura do corpo humano, cuja normalidade está definida por um faixa entre 36° e 37° C. Picos de temperatura acima ou abaixo dessa banda podem indicar que a pessoa está sofrendo alguma perturbação em sua homeostase. Mas o que pode estar concorrendo para esse efeito indesejado? Muitas podem ser as causas: infecções, inflamações, mal funcionamento de algum órgão etc. Uma estratégia adequada seria identificar a causa e atuar sobre ela. Outro conceito básico é a definição da amplitude ao se estudar um problema e investigar as suas causas. O Problema é geral? Atinge toda a empresa? Qual a frequência? Qual o impacto na lucratividade, na rentabilidade etc.? O racional é buscar circunscrever o problema e, consequentemente, o processo inerente, para que tenhamos êxito na solução. Você verá que a lógica da metodologia de solução de problemas é a mesma do PDCA. 36 A Figura 2 ilustra a utilização do ciclo PDCA aplicado na Gestão da Rotina quando da ocorrência de um problema em processo. Note que existem duas possíveis situações: 1. Situação Normal, ou seja, a coleta de dados dos resultados da execução para verificação e comparação com os padrões mostra que o processo está sob controle; assim, prossegue a operação indefinidamente de Check para Do e vice-versa. 2. Situação Anormal, ou seja, a coleta de dados dos resultados da execução para verificação e comparação com os padrões mostra que houve um problema, cuja investigação se dá pelo Método de Solução de Problemas. O resultado da investigação pode apontar para dois possíveis caminhos: (a) A causa do problema foi identificada e foi executado um bloqueio dessa causa, o que leva a uma estabilização do processo e a novos padrões, com o reinício do ciclo PDCA; (b) O bloqueio não foi efetivo, o que leva a um novo processo investigado, até que a situação se normalize. Figura 2: O ciclo PDCA aplicado na Gestão da Rotina Fonte: elaborada pelo autor. 37 2. Metodologia de análise e solução de problemas - MASP 2.1 PREÂMBULO O Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) é uma abordagem sistemática que visa identificar e solucionar um problema real. Um MASP bem conduzido tem como objetivos: solucionar o problema e prevenir o seu reaparecimento. Esse método é utilizado para a manutenção dos padrões de qualidade nos processos, isto é, da garantia da qualidade. O trabalho em equipe é fundamental para a consecução de melhores resultados no MASP, pois todas as pessoas, envolvidas direta ou indiretamente com o processo, podem opinar (brainstorming) sobre as causas do problema e desenvolver soluções para a sua remoção. Podemos dizer que o MASP se baseia na utilização sistemática de: Coleta de dados históricos sobre os problemas; Análise das relações de causa e efeito e formulação de hipóteses para causas mais prováveis; Desenvolvimento de possíveis soluções, Proposição de soluções mais factíveis; Implantação e verificação de bloqueio das causas dos problemas, Padronização e Conclusão. O MASP é um caminho lógico, sequencial e gradativo para identificar e solucionar problemas que utilizam, em cada fase, ferramentas apropriadas. O hábito de disciplinar a busca de soluções, com ferramentas adequadas, evita uma série de armadilhas muito comuns nas decisões do quotidiano (Figura 3): a. Concluir por intuição: ir direto à solução do problema sem analisar os ângulos da questão, sem explorar outras alternativas. 38 b. Decidir pelo caminho mais curto: desprezar dados e fatos fundamentais, por pressa ou dificuldade em obtê-los. c. Dimensionar mal o problema: muitas vezes, a solução encontra- se em esfera superior de decisão – fora do controle da empresa – ou depende de negociações em outras esferas, não é competência do grupo encarregado de resolver a questão. d. Contentar-se com uma única solução: insistir na solução encontrada, tentar justificá-la, passando por cima de objeções, dificuldades e custos. e. Isolar-se com o problema: não consultar pessoas-chave para a solução nem aquelas que serão responsáveis pela implementação da decisão. f. Desprezar os detalhes: encontrar a solução sem aprofundar sua viabilização, com o planejamento dos recursos financeiros, humanos e materiais. Figura 3: Diagrama do MASP 1 2 3 4 56 7 Conhecimento do processo Seleção do problema/ desafio Busca e avaliação de causas Geração de alternativas Avaliação de alternativas Planeja- de ações Implantação e avaliação de solução de solução mento Desqualificar a existência do problema Desqualificar o significado do problema Desqualificar a capacidade de problema solucionar o Desqualificar o significado dos realidade indicadores da Desqualificar a do problema gerar a solução capacidade de Desqualificar o ação corretiva planejamento da Desqualificar a projeto piloto e importância do Fonte: elaborada pelo autor. 39 2.2 ETAPAS DO MASP Quadro 1: Método de Solução de Problemas “QC Story” Fonte: Campos (1992, p. 211). 2.2.1 Etapa 1 – Identificar o problema O primeiro passo é identificar as diferenças entre a situação atual e a situação desejada, indicadas por observações ou pesquisas realizadas junto a clientes e demais partes interessadas. De qualquer maneira, certifique-se de que o problema escolhido é o mais importante com baseado em fatos e dados. Para Saber Mais: baseado em fatos e dados. O Movimento da Qualidade Total destaca, em seus princípios gerais, que a resolução de problemas deve se 40 basear em fatos e dados, e não em suposições e intuição. Por isso a ênfase que se dá nas ferramentas da qualidade, nos registros quantitativos e estatísticas; também pode- se destacar que essa ênfase em fatos e dados guarda coerência com o método cartesiano. 2.2.2 Etapa 2 – Observação Observe o problema sob vários pontos de vista: a. Tempo: os resultados são diferentes de manhã, à tarde, à noite, às segundas-feiras, em feriados etc.? b. Tipo: os resultados são diferentes dependendo do produto ou serviço utilizado? c. Clientes: as pessoas abordadas são diferentes durante o levantamento? Que tipo de ligação têm os clientes? d. Sintoma: os resultados são diferentes dependendo de circunstâncias especiais (condições ambientais, treinamento, mão de obra envolvida etc.)? Ferramentas mais usadas: brainstorming, Brainwriting, Técnica de Diagnóstico de Problema (É/NÃO É). 2.2.3 Etapa 3 – Análise Escalonar os problemas, levando em conta o impacto positivo ou negativo de sua correção, e quantificá-los com aplicações das ferramentas. Devem ser identificadas as causas que mais diretamente contribuem para que a situaçãodesejada não seja atingida. Ferramentas mais usadas: brainstorming, Diagrama de Causa e Efeito, Técnica de Ponderação. 41 2.2.4 Etapa 4 – Plano de ação A – Geração de alternativas de ação Devem ser buscadas numerosas alternativas de solução. Aumenta a possibilidade de acerto à proporção em que cresce o número de alternativas. As ações sugeridas podem ser corretivas, adaptativas ou provisórias. a. Ação Corretiva: resolve o problema com a eliminação de sua causa originária. b. Ação Adaptativa: utilizada para bloquear ou atenuar os efeitos do problema, quando constatada a impossibilidade de sua eliminação. Normalmente, nesses casos, a causa do problema está fora da área de influência e controle do processo. c. Ação Provisória: utilizada quando o processo não pode parar ou quando os efeitos do problema são bastante sérios. Trata-se de medidas paliativas, em geral, implementadas de imediato, para evitar a ampliação do problema ou danos (efeitos) em outros processos. Ferramentas mais utilizadas: brainstorming. B – Avaliação de alternativas de solução Devem ser estabelecidos critérios para a escolha da solução. Devem- se verificar quais deles são obrigatórios para a solução e quais são desejáveis. Segue lista de sugestões. a. evidência: existem informações suficientes que provem ser essa a solução mais adequada para o problema? b. tempo: quanto tempo é necessário à implantação da solução? c. recursos financeiros: qual o montante necessário de recursos financeiros (despesas de custeio e de capital)? d. qualidade: que benefícios serão conseguidos para o cliente? 42 e. quantidade: quais os impactos positivos (pessoas, produtos, atendimento etc.)? f. cultura: os funcionários estão prontos para aceitar a mudança? Faz parte da cultura da empresa? Há necessidade de treinamento? Há necessidade de se contratar pessoas de fora para a implantação? g. tecnologia: há necessidade de mudança no processo de produção ou equipamento? A empresa domina a nova tecnologia ou é preciso buscar fora? h. outros fatores: existem outros impactos não mensuráveis ou difusos, mas que são importantes e devem ser levados em conta? Exemplo: quantas pessoas estão envolvidas no processo de mudança? A quem afetam as mudanças? Onde se localizam as mudanças? Qual a natureza das resistências à mudança? Quantas etapas formam o processo de mudança? Que efeitos futuros a mudança terá? Ferramentas mais utilizadas: matriz de decisão. C – Planejamento de ações Uma vez escolhida a solução, é preciso planejar sua implementação. O planejamento de uma solução deve passar pelos seguintes estágios: o envolvimento de todos os afetados pela solução; a determinação de tarefas específicas a serem executadas; a ordenação da execução das tarefas; a previsão dos recursos necessários a cada tarefa, a indicação do responsável e o tempo exigido para a sua conclusão; a previsão de datas para conclusão de cada tarefa; a identificação dos resultados esperados em cada estágio da implantação da solução; a escolha dos métodos de medição e avaliação. Defina o que será feito, quando será feito, quem fará, quanto custará, esclareça por que será feito, onde será feito, detalhe (ou delegue o detalhamento de) como será feito, determine a meta a ser atingida e 43 quantifique ($, toneladas, defeitos etc.), e determine os itens de controle e verificação dos diversos níveis envolvidos. Ferramentas mais utilizadas: 5W2H, fluxograma. 2.2.5 Etapa 5 – Implantação (ação/execução) Executar o plano decidido para bloquear a causa identificada, tomando todas as providências necessárias para isso: • Verifique quais ações necessitam da ativa cooperação de todos. • Apresente claramente as tarefas e a razão delas. • Durante a execução, verifique fisicamente no local em que as ações estão sendo efetuadas. • Todas as ações e os resultados bons ou ruins devem ser registrados com a data em que foram tomados. Importante: (a) estabelecer normas, procedimentos e manuais que possam garantir a confiabilidade do processo; (b) a nova rotina deve estar documentada antes da implantação; (c) não tome nada como definitivo; (d) certifique-se de que todos sabem o que devem fazer. Ferramentas utilizadas: 5W2H, documentação do novo processo. 2.2.6 Etapa 6 – Verificação Depois de implantar a solução, é necessário avaliar se o problema foi eliminado ou reduzido satisfatoriamente e se todo o processo está funcionando de acordo com o previsto. Caso o problema persista ou tenha surgido um novo problema, todo o processo de análise e otimização deve ser recomeçado. Entretanto, se ele foi totalmente 44 eliminado, deve ser escolhido outro problema, de acordo com a lista de prioridades estabelecidas na Etapa 2. Ferramentas utilizadas: indicadores, gráficos, relatórios da produção. 2.2.7 Etapa 7 – Padronização Conforme ensina o princípio 6 do Modelo Toyota de Produção, Tarefas padronizadas são a base da melhoria contínua e da capacitação dos funcionários. “O Modelo Toyota resulta em tarefas padronizadas em todos os processos de trabalho especializados da empresa”. (LIKER, 2005, p.148). Esclareça, no procedimento operacional, o que, quem, quando, quanto, onde, como e principalmente por quê, para atividades que efetivamente devem ser incluídas ou alteradas nos padrões já existentes. Verifique se as instruções, determinações e procedimentos implantados no processo 5 devem sofrer alterações antes de serem padronizados, com base nos resultados obtidos no processo 6. Incentive o uso da criatividade para garantir que os problemas não reapareçam. Estabeleça a data de início da nova sistemática, quais áreas serão afetadas, para que a aplicação do padrão ocorra em todos os locais necessários ao mesmo tempo e por todos os envolvidos. Garanta que os novos padrões ou as alterações nos existentes sejam transmitidos a todos os envolvidos e certifique-se de que os funcionários estão aptos a executar o procedimento operacional padrão. Faça o treinamento no trabalho no próprio local. Evite que um problema resolvido reapareça devido à degeneração no cumprimento dos padrões, estabelecendo um sistema de verificações periódicas sobre o cumprimento dos procedimentos operacionais padrão. 45 Ferramentas utilizadas: treinamento, comunicação, reuniões. 2.2.8 Etapa 8 – Conclusão Se você já resolveu todos os problemas, é hora de enfrentar novos desafios e estabelecer novo patamar para a situação desejada. O processo de aperfeiçoamento não pode parar nunca. A aplicação do MASP se justifica pelo esforço coordenado de um grupo de colaboradores ligados, direta e indiretamente, ao processo em análise. O tamanho da equipe depende do tamanho do problema/ processo a ser analisado. De qualquer forma, recomenda-se que ela seja composta, no mínimo, por representantes dos clientes do processo, dos operadores, fornecedores e pessoas externas ao processo (consultores externos ou especialistas). Com isso, pode-se reunir um time de todas as partes interessadas no processo e também pessoas de fora, que podem trazer criatividade e um olhar “não viciado”. Ferramentas utilizadas: brainstorming, reuniões, relatórios. A aplicação do método de resolução de problemas em processos teve bastante sucesso no Japão, muito em função da cultura nipônica do trabalho em equipe. Os grupos de CCQ – Círculos de Controle da Qualidade ilustram isso. Link: A aplicação do MASP / CCQ – Círculos de Controle da Qualidade Os grupos CCQ têm origem no Japão, na década de 60 do século passado, formados por operários voluntários que se reuniam para resolver problemas nos processos de produção, utilizando-se do método de resolução de problemas e das ferramentas da qualidade. Referência: LACCHINI, F. C. CCQ e o Sistema Toyota de produção. Administradores.com, set. 2011. 46 Para Saber Mais: O Sistema Toyota de Produção TPS é a sigla para Toyota Production System ou, em português, Sistema Toyota de Produção. Trata-se de uma cultura organizacionalque tem como objetivo expor e resolver os problemas nos mais diversos ambientes e situações. O TPS foi desenvolvido e refinado ao longo das décadas. Hoje, ele pode ser aplicado aos mais variados tipos de negócios das esferas pública e privada Referência: TOYOTA. Sistema Toyota de Produção (Toyota Production System). São Paulo: Toyota, 2017. Para Saber Mais: “QC Story” O “QC Story” foi originalmente criado pelos japonese da JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers), como um método para a Resolução de Problemas. “O método de resolução de problemas, também chamado pelos japoneses de ‘QC Story’, é peça fundamental para que o controle da qualidade possa ser exercido.” (CAMPOS, 1992, p. 207). Questão para reflexão Como aplicar o MASP no ambiente de escritório ou em uma empresa de serviços? É possível? Existem casos de sucesso para comprovar? 47 4. Considerações Finais Um problema é caracterizado pela não conformidade de um resultado ou situação diante de um padrão ou expectativa desejado. A gestão por processos e qualidade sistematizou o processo de identificação, análise, busca de soluções e monitoramento da implantação de ajustes e melhorias nos processos de trabalho, batizado de Metodologia de Análise e Solução de Problemas – MASP. O MASP é um caminho lógico, sequencial e gradativo para identificar e solucionar problemas que utilizam, em cada fase, ferramentas apropriadas. O MASP se divide em sete etapas: Conhecimento do Processo; Seleção do problema/desafio; Busca e avaliação de causas; Geração de alternativas de solução. Avaliação de alternativas de solução; Planejamento de ações; e Implantação e avaliação. Glossário • Padronização: característica que torna os produtos e serviços e processos de uma empresa uniformes, ou seja, seguem um mesmo padrão. • Controle da Qualidade: sistematização de políticas, normas, procedimentos, registros e controles para verificação da uniformidade do padrão. • Melhorias da Qualidade: esforço sistematizado para melhoria do padrão vigente 48 VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 02 1. A Gestão por Processos e a Qualidade tem por base teórica os princípios do método cartesiano, por quê: a. Foi criada pelo filósofo francês René Descartes. b. Segue princípios matemáticos e estatísticos. c. Não admite variações nos processos. d. Lança um olhar racional sobre a realidade da empresa e adota princípios científicos para a Gestão Empresarial e. Nenhuma das anteriores. 2. Na abordagem da Gestão por Processos e Qualidade, problema é definido como: a. Um efeito indesejado, mas que não afeta a normalidade de um processo. b. A não conformidade de um resultado ou situação diante de um padrão ou expectativa desejado. Um desvio da Meta. c. Uma interferência no processo, mas que não afeta o resultado. d. Um efeito a ser identificado e corrigido. e. Algo a ser eliminado de imediato para evitar seu reaparecimento. 3. Qual das alternativas representa uma armadilha comum, que a utilização do MASP evita? a. Isolar-se com o problema. b. Material de qualidade duvidosa. c. Equipe não habilitada. 49 d. Equipe descontente. e. Improvisação nas contingências. 4. Qual a sequência correta das etapas do MASP? a. Identificação do problema – Observação – Análise – Plano de Ação – Implantação – Verificação – Padronização – Conclusão. b. Identificação do problema – Análise – Observação – Plano de Ação – Implantação – Verificação – Padronização – Conclusão. c. Identificação do problema – Observação – Análise – Plano de Ação – Padronização – Verificação – Implantação – Conclusão. d. Observação – Identificação do problema – Análise – Plano de Ação – Implantação – Verificação – Padronização – Conclusão. e. Identificação do problema – Observação – Análise – Plano de Ação – Implantação – Padronização – Verificação – Conclusão. 5. Preencha as lacunas na frase a seguir com a alternativa que apresenta as palavras corretas: O _______________ foi originalmente criado pelos japoneses da ___________ como um método para a _______________________. a. MASP – Toyota – Controle da Qualidade. b. QC Story – Toyota – Garantia da Qualidade. c. MASP –JUSE – Controle da Qualidade. d. QC Story – JUSE – Resolução de Problemas. e. QC Story – Toyota – Resolução de Problemas. 50 ReferÊncias Bibliográficas CAMPOS, V. F. TQC – Controle da Qualidade Total: no estilo japonês. 8. ed. Belo Horizonte: EDG – Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1992. 224 p. 207 e 211. LIKER, J. K. O Modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante do mundo. São Paulo: Bookman, 2005. BARBALHO JUNIOR, A. R.; GENTILE JUNIOR, L. A. Gestão de processos. In: BARBALHO JUNIOR, A. R.; GENTILE JUNIOR, L. A. Programa de gestão pela qualidade total. São Paulo: EXCE – Excelência em Competitividade Empresarial, 1995. Cap. 9. p. 1-21. STRECKER, H. René Descartes: o método cartesiano e a revolução na história da filosofia... UOL Educação. Pesquisa Escolar. 2014. Disponível em: <https:// educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/rene-descartes-1-o-metodo-cartesiano- e-a-revolucao-na-historia-da-filosofia.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 24 out. 2017. LACCHINI, F. C. CCQ e o Sistema Toyota de produção. Administradores.com, set. 2011. Disponível em: <https://www.administradores.com.br/artigos/negocios/ccq-e- o-sistema-toyota-de-producao/58404/>. Acesso em: 2 out. 2017. PDCA – como resolver problemas – parte 1. Direção: Reuryson Fidelis. São Paulo: Efeito 5 – Gestão Empresarial, 2016. (9 min.), son., color. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=f95Q7T3YQDI>. Acesso em: 1 out. 2017. PDCA – como resolver problemas – parte 2. Direção: Reuryson Fidelis. São Paulo: Efeito 5 – Gestão Empresarial, 2016. (7 min.), son., color. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=d45MxBsOJT0>. Acesso em: 1 out. 2017. TOYOTA. Sistema Toyota de Produção (Toyota Production System). São Paulo: Toyota, 2017. Disponível em: <http://www.toyota.com.br/mundo-toyota/toyota- production-system/>. Acesso em: 2 out. 2017. Gabarito Questão D Resposta: A Gestão por Processos e a Qualidade tem como base teórica os princípios do método cartesiano, lançando um olhar racional sobre a realidade da empresa e adotando princípios científicos para a Gestão Empresarial. https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/rene-descartes-1-o-metodo-cartesiano-e-a-revolucao https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/rene-descartes-1-o-metodo-cartesiano-e-a-revolucao https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/rene-descartes-1-o-metodo-cartesiano-e-a-revolucao https://www.administradores.com.br/artigos/negocios/ccq-e-o-sistema-toyota-de-producao/58404/ https://www.administradores.com.br/artigos/negocios/ccq-e-o-sistema-toyota-de-producao/58404/ https://www.youtube.com/watch?v=f95Q7T3YQDI https://www.youtube.com/watch?v=f95Q7T3YQDI https://www.youtube.com/watch?v=d45MxBsOJT0 https://www.youtube.com/watch?v=d45MxBsOJT0 http://www.toyota.com.br/mundo-toyota/toyota-production-system/ http://www.toyota.com.br/mundo-toyota/toyota-production-system/ 51 Questão B Resposta: A não conformidade de um resultado ou situação diante de um padrão ou expectativa desejados é um desvio da Meta. Um problema sempre é um efeito de uma ou mais causas que necessitam ser identificadas e bloqueadas para evitar o seu reaparecimento. Questão A Resposta: Isolar-se com o problema: não consultar pessoas- chave para a solução nem aquelas que serão responsáveis pela implementação da decisão; Questão A Resposta: Identificação do problema – Observação – Análise – Plano de Ação – Implantação – Verificação – Padronização – Conclusão, conforme mostra o MASP. Questão D Resposta: O “QC Story” foi originalmente criado pelos japonese da JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers), como um método para a Resolução de Problemas. 52 BPM – Business Process Management Autoria: Luiz Antonio Gentile Jr Objetivos • Conhecer a metodologia de BPM (em português, Gestão dos Processos de Negócio),bem como sua aplicação na Gestão de Processos, em particular, o mapeamento, a implantação, o monitoramento e a melhoria dos processos de negócio. • Adquirir habilidades para lidar com essa metodologia para melhor gerenciar os processos de negócio. • Adquirir competência para ter um olhar sistêmico sobre a empresa, de forma a melhorar a gestão de processos de negócio. 53 Introdução A Gestão dos Processos de Negócio é um imperativo nas organizações que desejam ser competitivas para sobreviverem e evoluir no complexo mundo globalizado. A globalização veio para se impor como uma nova maneira de ver e viver o mundo. As organizações, os mercados, as práticas gerenciais e de negócios, as restrições e legislações, são todas globais; portanto, ser uma empresa de classe mundial não é mais um diferencial competitivo, e sim uma exigência básica para as organizações que querem “jogar o jogo” e permanecer nele indefinidamente. Nesse cenário, as empresas devem estar aparelhadas para dispor de informações relevantes, com agilidade, ter o “foco do cliente”, tomar decisões cruciais em curto espaço de tempo, serem flexíveis, adaptativas e resilientes. Por isso, a BPM é uma prática de gestão poderosa, que faz a diferença na obtenção de resultados eficazes e eficientes, satisfazendo, plenamente, todas as partes interessadas no negócio. Gerenciar Processos de Negócio, exige das organizações esforços para a identificação e mapeamento dos processos existentes, da eliminação daqueles que não estejam alinhados com o Fluxo de Valor, enfim, do controle, do monitoramento, das melhorias e da padronização desses processos de negócio. Em tudo isso, a metodologia BPM e suas ferramentas de automatização podem ajudar. É o que veremos nesta aula. Bons estudos! 1. Definição Gestão de Processos de negócio ou BPM – Business Process Management é uma abordagem disciplinada para identificar, desenhar (ou projetar), 54 executar, medir, monitorar e controlar processos de negócio, automatizados ou não, para alcançar consistência e resultados alinhados aos objetivos estratégicos da organização, envolvendo, ainda, com ajuda de tecnologia, formas de agregar valor, melhorias, inovações e o gerenciamento dos processos ponta a ponta, levando a uma melhoria do desempenho organizacional e dos resultados de negócios (ABPMP BRASIL, 2013). Para Saber Mais No arquivo a seguir, encontramos explicações detalhadas sobre a metodologia BPM e suas aplicações em gerenciamento de processos. COSTA, L. et al. O Gerenciamento de Processos de Negócios como uma estratégia de gestão empresarial. In: Simpósio de Engenharia de Produção – SIMPEP, XIII, 2006. Bauru. Anais... Bauru: UNESP, 2006. Consulte. Segundo Baldam (2011, p. 19-21), os conceitos indicados pela BPMN – Business Process Modeling Notation (Notação da Modelagem de Processos de Negócio), cujo propósito é o de padronizar as notações utilizadas em BPM: BPM: envolve a descoberta, o projeto e a entrega de processos de negócio. Adicionalmente, o BPM inclui o controle executivo, administrativo e supervisório desses processos. Atividade: termo genérico para o trabalho que uma companhia ou organização executa via processo de negócio. Pode ser atômica (pouca abrangência) ou não atômica. Os tipos de atividades que fazem parte de um processo são: processos, subprocessos ou tarefas. 55 Processo: encadeamento de atividades executadas, dentro de uma companhia ou organização, que transformam entradas em saídas (adaptação dos autores). Subprocesso: processo que está incluído em outro processo. Tarefa: atividade atômica que é incluída em um processo. É usada quando a atividade no processo não será mais refinada em subprocessos dentro do modelo de processo. Geralmente executada por um único usuário final, equipamento ou sistema. Os processos também podem ser classificados em (Figura 1): Processos primários: aqueles que tocam diretamente o cliente e demais partes interessadas. Se houver falha num processo primário, o cliente saberá imediatamente. Esses processos são aqueles identificados logo, partindo-se do cliente. Por exemplo: vendas e assistência técnica. Processos de apoio: aqueles que suportam os processos primários e são necessários para a execução destes. Se houver uma falha num processo de apoio, os clientes não a perceberão de imediato. Eventualmente a falha se tornará óbvia, porque ela deteriorará processos primários. Por exemplo: finanças e RH. Processos de gestão: aqueles necessários para coordenar as atividades de apoio e os processos primários. Exemplos típicos são o sistema da qualidade, o planejamento estratégico e as informações para a administração. 56 Figura 1: Os três tipos de processos em uma empresa Processos Primários Processos de Apoio ClientesFornecedores Processos de Gestão Externos Fonte: elaborada pelo autor. Os processos “atravessam” a organização e são direcionados para a visão do cliente, ou seja, têm sentido horizontal e integrador, ao contrário das funções representadas no organograma, que têm sentido vertical e não integrador, mas organizador de recursos, funções e tomada de decisão. A coleção dos processos de negócio de uma organização, todos interligados, forma um todo sistêmico e tem uma única missão: satisfazer as necessidades de todos os clientes ou partes interessadas. Ela forma o Mapa de Processos (ou Macrofluxo) da empresa, que é uma representação gráfica de como a organização funciona, orientado para os clientes. Sempre houve a preocupação com a eficiência operacional, a racionalização e a otimização na utilização dos recursos, de forma a obter o mesmo resultado por um custo e tempo menores. Desde Taylor, Ford e Fayol, engenheiros que estudaram as questões técnicas de fabricação, no início do século XX, passando por estudiosos do comportamento humano, como Elton Mayo, Maslow e Herzberg, até os dias atuais, diversos estudiosos têm se debruçado sobre o tema e foram criadas várias metodologias, técnicas e ferramentas que melhoraram 57 o ambiente produtivo das empresas nas questões de inovação tecnológica, de processos, organizacionais e do trabalho. Atualmente, a busca por maior eficiência operacional continua. Na visão de processos, merecem destaques o TQC – Total Quality Control (Controle da Qualidade Total), o Modelo Toyota de Produção, que deu origem ao movimento Lean Manufactoring (Manufatura Enxuta), a Reengenharia dos Processos de Negócio, o Six Sigma (Seis Sigmas), Workflow (Fluxo de trabalho), ABC – Activity Based Costing (Custeio baseado em atividade), Análise da Cadeia de Valor, ERP – Enterprise Resource Planning (Planejamento dos Recursos Empresariais ou Sistemas Integrados de Gestão), Gerenciamento da Cadeia de Valor, Customer Relationship Management (CRM) – Gerenciamento do Relacionamento com os Clientes e outros. Para Saber Mais Todas as metodologias citadas têm em comum a gestão por processos e qualidade, cujo foco principal é a satisfação plena das partes interessadas. O TQC nasceu do esforço japonês para a reconstrução das indústrias destruídas na Segunda Guerra. O Modelo Toyota de Produção, laboratório das ideias do TQC, idem. As demais metodologias nasceram e prosperaram com o avanço das tecnologias da informação, mas continuam com o enfoque em processos e qualidade. No estágio atual, destaca-se o BPM, como uma das metodologias no estado da arte do esforço por eficiência operacional e eficácia gerencial. 58 O BPM se beneficiou da evolução da Tecnologia da Informação, da disseminação das práticas de envolvimento, colaboração e comprometimento dos trabalhadores e do conhecimento sobre a gestão de mudanças organizacionais. Mais que uma metodologia e uma coleção de técnicas e ferramentas a serviço da eficiência e da eficácia, o BPM é uma filosofia de trabalho, cujo objetivo permanente é contribuir para a melhoria da gestão organizacional, mitigando riscos, evitando desperdícios e, sobretudo, garantindo a plenasatisfação dos clientes e demais partes interessadas. A rapidez do desenvolvimento das tecnologias digitais tem impactado o mundo de forma avassaladora e tem mudado a cara dos negócios e a estrutura das empresas. Novos modelos de negócios de base tecnológica, as start-ups, têm sacudido mercados tradicionais e consolidados; como exemplo, o segmento da Saúde no Brasil, em que novos negócios vêm ganhado espaço e se consolidando, como as empresas de serviços básicos de atendimento médico a custo baixo. A Internet das Coisas, o Data Mining (Mineração de Dados), a Inteligência Artificial, a Realidade Virtual e Aumentada, e as Máquinas que Aprendem, estão revolucionando o modo de se relacionar e fazer negócios. Nesse contexto, o BPM tem se mostrado um fiel aliado do mundo empresarial para acompanhar esse ritmo alucinante de mudança e elaborar/adaptar os processos de negócio. Para Saber Mais A Internet das Coisas – Internet of Things (IoT) é o nome dado ao esforço da tecnologia em conectar, em rede, a Internet e as demais tecnologias: Mobile (celular, notebooks) e outras máquinas e equipamentos, tanto domésticos (TV, refrigeradores, segurança) como em ambientes de trabalho (impressores, computadores etc.) (ALECRIM, 2016). 59 Para Saber Mais O Data Mining (mineração de dados) é uma técnica estatística e computacional que objetiva estudar os milhares de dados armazenados para obter informações relevantes capazes de impactar o negócio (CAMILO; SILVA, 2009). Para Saber Mais A Inteligência Artificial (IA) é uma tecnologia que vem revolucionando o mundo do trabalho ao propor que algoritmos sofisticados contribuiam com o esforço de aumento da produtividade das máquinas, executando tarefas físicas mais complexas, que exigem adaptabilidade e agilidade, liberando os operários para criatividade e inovação. Além disso, a IA tem a propriedade de autoaprendizagem, ou seja, de adaptação ao ambiente e agilidade no fazer (ACCENTURE, 2016). Várias pesquisas têm evidenciado o crescente interesse das organizações pelo BPM, entre as quais, a hipercompetitividade global, o crescimento da complexidade organizacional, a maior exigência dos atores envolvidos (acionistas, empresa etc.) quanto à transparência nos negócios e o maior uso das tecnologias informáticas que permitem transações entre empresas (e-business). A difusão do BPM também está associada à maior rapidez no desenvolvimento de produtos. “O encolhimento do ciclo de vida dos produtos trouxe reduções e tempo para lançar um novo produto, bem como no tempo do retorno do investimento, causando mudanças na organização da produção” (BALDAM, 2011, p.44). 60 Podemos dizer, também, que a maior exigência por transparência, ética e responsabilidade social empresarial, sistemas de compliance (conformidade às regras e legislação) e a questão da Sustentabilidade, tem levado as organizações a um esforço maior de adequação ao mercado, utilizando ferramentas, derivadas da SOX (Lei Sarbane, Oxley), e o COSO (Committe of Sponsoring Organization of the Treadway Commission), em que se organizam regras e práticas para tornar os relatórios financeiros mais transparentes, inclusive para facilitar o ingresso às bolsas de valores e a atração de investidores. 2. Arquitetura A arquitetura de processos de negócio consiste na elaboração do macrofluxo dos processos que serão atendidos pela ferramenta BPM e visa, também, garantir a automatização desses processos. Nessa definição, a empresa estrutura os recursos necessários (humanos, materiais, financeiros e tecnológicos), para atingir os resultados pretendidos na gestão dos processos de negócio. Ao elaborar a arquitetura BPM dos processos de negócio, a organização possibilita melhores chances para uma boa gestão dos processos e otimização. Dessa forma, a arquitetura BPM deve conter propriedades que atendam a todo o ciclo de vida da gestão de processos, desde a modelagem até o monitoramento. Conforme Veyrat (2016), o ciclo de processos pode ser subdividido nas etapas mostradas a seguir, atendidas pela arquitetura BPM: Modelar processos: diagramar o fluxo do processo, utilizando ferramentas de elaboração de fluxos, como HEFLO e BizAgi. http://www.venki.com.br/blog/modelagem-de-processos-pdf/ 61 Para Saber Mais Nos sites HEFLO e BizAge, encontram-se o detalhamento de ferramentas muito utilizadas para desenhar processos de negócio, obedecendo notação do BPMN – Business Process Management Notation (Notação em Gerenciamento de Processos de Negócio). Consulte. Modelar dados: técnica utilizada em BPM para a especificação das regras de negócios; portanto modelar dados e desenhar o fluxo do processo de negócio, concentrando-se nas entidades lógicas e nas dependências lógicas entre essas entidades. Definir formulário: significa definir quais ferramentas usará para fazer o mapeamento dos processos e como estes serão documentados. Definir regras de negócio: tecer o escopo do negócio cujos processos serão mapeados. Definir participantes: a equipe que atuará em todas as etapas do ciclo dos processos. Definir integrações: bem como pontos de intersecção dos fluxos dos processos mapeados. Simular processos: fazer simulações para averiguar funcionamento do processo em condições controladas. Executar processos: implantar os processos no contexto da empresa. Monitorar processos: acompanhar o desempenho em tempo real. http://www.venki.com.br/blog/monitorar-processos-de-negocio-bam/ 62 Figura 2: Exemplo de um fluxo de processo de negócio utilizando a notação BPMN Fonte: Pádua (2016). A arquitetura de processos é fortemente embasada no emprego de softwares de BPM, bem como em uma cultura de processos da organização. Para se certificar de que a empresa tem essa maturidade, recorre-se à aplicação de checklist, como o mostrado a seguir (VEYRAT, 2016, p.1): 1. Todos na empresa sabem o que são processos de negócio? 2. Existem donos de processos formais? 3. Os processos são documentados? 4. A cadeia de valor está claramente definida? 5. Todos têm consciência que a execução de um processo interfere na realização de outros? 6. As habilidades necessárias para a execução de cada processo estão definidas? 7. Existe a percepção da qualidade em cada processo? 8. A medição dos resultados de cada processo está sendo executada? Caso a resposta indique pouca maturidade, recomenda-se a instalação de um Escritório de Processo, que se encarregará do mapeamento e gerenciamento dos processos organizacionais. 63 3. Ciclo de vida dos processos No BPM, o ciclo de vidas dos processos de negócio segue a estrutura de um método, com etapas sequenciadas, como vemos no Quadro 1. O ciclo de vida dos processos obedece a lógica do PDCA (Plan, Do, Check, Action). No Plan, se faz um levantamento sobre o planejamento estratégico e o macrofluxo dos processos de negócio, identificando o alinhamento entre as estratégias do negócio e os seus processos. Em seguida, ainda no Plan, é realizada a análise da situação atual dos processos, em termos de criticidade, documentação, operação, performance e eficácia. Em decorrência da análise, faz-se um novo desenho do processo. No Do, o processo redesenhado é implantado, utilizando-se ou não ferramentas de sistemas. No Check, monitora-se a operação do novo processo, considerando-se as dimensões tempo, custo, capacidade e qualidade. Se a operação do novo processo apresentar problemas, detectados pelo monitoramento, aplica-se a metodologia de análise e solução de problemas (MASP) para identificar, isolar a causa principal e implantar uma solução que a bloqueie. Feito isso, novamente o processo é colocado em operação e monitorado. Caso o desempenho esteja sob controle, ele é considerado em operação normal. A fase seguinte do ciclo é o Action, em que são propostos ajustes e melhorias incrementais e gira-se, novamente, o ciclo PDCA ou o ciclo de vida do processo. Como você pôde perceber, o ciclo de vida do processo tem a duração de