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1 2 3 Francisco Leandro de Vasconcelos Lopes GESTÃO PELA QUALIDADE E MELHORIA DE PROCESSOS 1ª Edição Sobral/2018 4 5 6 GESTÃO PELA QUALIDADE E MELHORIA DE PROCESSOS SUMÁRIO Palavra do Professor autor Sobre o autor Ambientação à disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando UNIDADE I: ASPECTOS DA GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL Introdução Conceito de Qualidade e Processos Evolução do conceito e do processo da qualidade Os gurus da Qualidade A produtividade nos processos através da qualidade Qualidade e Competitividade UNIDADE II: NORMALIZAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO Introdução Sistema de Gestão da Qualidade Histórico Objetivo A série ISO 9001 Visão geral Alterações da ISO 9001:2015 Requisitos da ISO 9001:2015 Integrações com ISO 14001:2015 Certificações dos Sistemas de Gestão 7 UNIDADE III: CONHECENDO O CONCEITO DE PROCESSO Introdução Conceito de processo Subdivisões de um processo Gestão por processos Mapeamento de processos Fluxograma Análise, padronização e melhoria de processos. UNIDADE IV: FERRAMENTAS DE QUALIDADE PARA MELHORIA DE PROCESSOS Introdução Ferramentas estatísticas Controle Estatístico da Qualidade FMEA – Análise de Modos de Falhas e de Efeitos Metodologias organizacionais MASP – Metodologia de Análise Solução de Problemas As 7 Ferramentas da Administração para Qualidade. CEDAC – Diagrama de Causa e Efeito com Adição de Cartões. Desdobramento das Diretrizes. Gerenciamento de Processos. UNIDADE V: MÉTODO SEIS SIGMA PARA MELHORIA DE PROCESSOS Introdução Conceito Estrutura dos Seis Sigmas Método DMAIC Aplicações na prática dos Seis Sigmas 8 UNIDADE VI: ESTRATÉGIA E ETAPAS PARA IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL Introdução Conceito de Gestão da Qualidade Total A GQT como ferramenta para alcance de objetivos estratégicos A NBR ISO 9001:2000 O CICLO PDCA Fases da implantação da GQT para processos Prêmio PNQ UNIDADE VII: INDICADORES DE DESEMPENHO E SUA IMPORTÂNCIA Introdução Conceituação de Indicadores de Desempenho Objetivos dos Indicadores de Desempenho para a otimização do Desempenho Organizacional Estrutura e Uso dos Indicadores de Desempenho – determinação de métrica-padrão O Ciclo de vida de Indicadores de Desempenho Balanced Scorecard Vantagens, necessidades e restrições para implementação de indicadores de desempenho. Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Saiba mais Pesquisando com a Internet Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeo 9 Palavra do Professor autor Prezados alunos, A Gestão da Qualidade surge da motivação do administrador na busca incessante pela eficiência nos recursos dentro do seu negócio. Movidos pelo mantra de procurar sempre extrair “o mais do menos”, ou extrair o máximo do mínimo. A disciplina de Gestão da Qualidade e Melhoria de Processos complementa de forma essencial os estudos em Administração. Pois de natureza técnica e moderna trabalha conteúdos universais, inerentes a qualquer tipo de negócio ou organização que produza produtos ou serviços. Trata-se de uma disciplina recheada de técnicas que podem ser aplicadas de forma imediata e que pode ser bem aproveitada por você aluno. O autor. 10 Sobre o autor Francisco Leandro de Vasconcelos Lopes. Pós-graduação em Gerenciamento de projetos. Graduado em economia pela Universidade Federal do Ceará. Atual articulador do programa Corredores Digitais realizado pela Secitece. Articulador regional da Junior Achievement Ceará. Administrador do Centro de Convenções de Sobral e Mercado Público de Sobral. Além de ter ministrado aulas na Universidade Federal do Ceará, Instituto Executivo de Formação, Instituto Ieducare. 11 Ambientação à disciplina Podemos definir qualidade como a habilidade de um conjunto de características de um produto, processo ou sistema em atender aos requisitos dos clientes e outras partes interessadas. Já processo pode ser entendido como o conjunto de causas (recursos) que provocam um ou mais efeitos (produtos, resultados ou serviços). Esses dois conceitos se complementam nesta disciplina que aborda de forma simples e direta uma estratégia administrativa que hoje em dia é indispensável em face de concorrência estabelecida em todos os mercados. Conceitos de normalização de qualidade no mercado como os conhecidos padrão ISO 9000, várias ferramentas de apoio a melhorias dentro das atividades da empresa como FMEA, MASP, CEDAC e a mais conhecida 6 Sigma serão abordadas. Também uma completa estratégia de GQT – Gestão da Qualidade Total aplicável aos mais diversos negócios. Por fim a importância dos indicadores de desempenho como ferramentas de constante medição de desempenho, que são importantes e complementam a estratégia de controle contínuo também necessário. Bons estudos! 12 Trocando ideias com os autores Indicamos a leitura de dois livros que o ajudarão a entender melhor esse tema. Sugerimos a leitura da obra A Gestão pela Qualidade Total (GQT) tem sido a palavra mágica por trás de todas as grandes modificações por que passa o mundo. O gerenciamento por bom senso, protegido por barreiras comerciais, está em declínio, e a GQT surge como a grande abordagem holística para sobrevivência das organizações. A padronização é a base da GQT. CAMPOS, Vicente Falconi. Qualidade Total – Padronização de Empresas. 2. Ed. São Paulo: Falconi, 2014. Propomos também a obra Gestão da qualidade. O livro oferece ao leitor uma noção ampla da importância da gestão da qualidade para as organizações. Conceitos fundamentais, modelos de gestão, estratégias para padronização e melhoria de sistemas, ferramentas para gerenciamento e aperfeiçoamento de processos organizacionais são alguns dos assuntos abordados. O livro traz, ainda, bibliografia sugerida para quem deseja um maior aprofundamento em assuntos ligados à temática. MARSHALL JUNIOR, Isnard et al. Gestão da Qualidade. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012. Guia de estudo: Após a leitura dessas obras faça uma resenha, abordando a importância de uma gestão de qualidade em uma empresa, para que essa possa permanecer competitiva. Em seguida disponibilize no ambiente virtual. 13 Problematizando CCM Montagens Industriais A CCM Montagens Industriais é uma empresa especializada em montagens eletromecânicas e manutenção industrial tanto em reformas e ampliações de plantas industriais quanto em empreendimentos inteiramente novos. Fundada em 1997, ao longo dos últimos anos, construiu uma sólida parceria junto as mais importantes organizações industriais do país. Sua trajetória tem sido marcada por ações fundamentadas em sua grande capacidade de inovação, comprometimento e garra para enfrentamento de novos desafios, sempre de forma ética e profissional, buscando a transparência em todas suas ações. Em 2001 a CCM foi incluída no projeto PDF (Programa de Desenvolvimento de Fornecedores) do grupo Gerdau. Este convite desafiava a Alta Direção a propor e implementar melhorias em seu modelo de gestão. A grande questão interna foi: "De que forma podemos enfrentar este desafio de forma a não só atender ao convite de um de nossos principais clientes, satisfazendo suasnecessidades, mas também nos tornarmos a melhor referência de desempenho, entre todas as organizações envolvidas?". Guia de estudo: Faça uma pesquisa sobre as ferramentas de qualidade: MASP, GERENCIAMENTO DE PROCESSOS e suas aplicabilidades. Em seguida produza um texto relatando as contribuições dessas ferramentas para a solução da problemática da empresa CCM montagens industriais. 14 Aspectos da gestão da qualidade total 1 Conhecimentos Compreender os conceitos iniciais da Gestão da Qualidade Total, qual a sua importância para as corporações. Habilidades Identificar os conceitos iniciais de Qualidade e Processos. Atitudes Ser capaz de identificar a lógica da evolução das Teorias da Qualidade. 15 16 Introdução Devido ao mercado fortemente competitivo, o sistema de gestão pela qualidade total deixou de ser um diferencial e se tornou indispensável para todo tipo de organização. A gestão da qualidade total ou TQM (sigla em inglês) é uma estratégia administrativa que orienta a criação de consciência de qualidade em todos os processos organizacionais abrangendo fornecedores, distribuidores e demais parceiros. Atualmente, está sendo dada grande atenção para a gestão da qualidade nas empresas, seja ela voltada para a qualidade do produto ou qualidade do serviço. Conceito de Qualidade e de Processos O conceito de qualidade é bastante amplo, de uma forma mais geral e simples podemos definir qualidade como “Habilidade de um conjunto de características de um produto, processo ou sistema em atender aos requisitos dos clientes e outras partes interessadas”. Mas como já foi mencionado, é impossível adotar essa ou qualquer outra definição como única e definitiva. O conceito vem evoluindo e se tornando mais complexo com o passar do tempo. Essa evolução será discutida no tópico seguinte. Já o processo pode ser entendido como o conjunto de causas (recursos) que provocam um ou mais efeitos (produtos, resultados ou serviços). O processo será controlado através de seus efeitos. A discussão desse conceito e sua importância para a gestão de qualidade também serão abordado no tópico seguinte. 17 Evolução do conceito e do processo da qualidade A qualidade existe desde tempos que chefes tribais, faraós e reis estavam no governo. Produtos eram aceitos ou rejeitados de acordo com as especificações governamentais desses líderes. Ao longo de todo esse tempo, a qualidade passou por movimentos que tem contribuído de forma marcante até os dias atuais na obtenção das vantagens competitivas junto às empresas. São elas: 1ª etapa (1900) - CONTROLE DA QUALIDADE PELO OPERADOR - Um trabalhador ou um grupo pequeno era responsável pela fabricação do produto por inteiro, permitindo que cada um controlasse a qualidade de seu serviço. 2ª etapa (1918) - CONTROLE DA QUALIDADE PELO SUPERVISOR – Um supervisor assumia a responsabilidade da qualidade referente ao trabalho da equipe, dirigindo as ações e executando as tarefas onde fosse necessário e conveniente em cada caso. 3ª etapa (1937) - CONTROLE DA QUALIDADE POR INSPEÇÃO - Esta fase surgiu com a finalidade de verificar se os materiais, peças, componentes, ferramentas e outros estão de acordo com os padrões estabelecidos. Deste modo seu objetivo é detectar os problemas nas organizações. 4ª etapa (1960) - CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE - Esta etapa ocorreu através do reconhecimento da variabilidade na indústria. Numa produção sempre ocorre uma variação de matéria-prima, operários, equipamentos etc. A questão não era distinguir a variação e sim como separar as variações aceitáveis daquelas que indicassem problemas. Deste modo surgiu o Controle Estatístico da Qualidade, no sentido de prevenir e atacar os problemas. Surgiram também as sete ferramentas básicas da qualidade na utilização da produção: Fluxograma, Folha de Verificação, Diagrama de Pareto, Diagrama de Causa e Efeito, Histograma, Diagrama de Dispersão e Carta de Controle. Esta etapa 18 permaneceu restrita às áreas de produção e em nível de chão de fábrica, se desenvolveu de forma lenta e é aplicada nas organizações até os dias de hoje. 5ª etapa (1980) - CONTROLE DA QUALIDADE - A qualidade passou de um método restrito para um mais amplo, o gerenciamento. Mas ainda continuou com seu objetivo principal de prevenir e atacar os problemas, apesar de os instrumentos se expandirem além da estatística, tais como: quantificação dos custos da qualidade, controle da qualidade, engenharia da confiabilidade e zero defeito. Finalmente em 1994, a qualidade passa a ter uma visão estratégica global objetivando a sobrevivência da empresa e a competitividade em termos mundiais para atender as grandes transformações que ocorriam no mercado. Nesse contexto, a Gestão de Qualidade Total ou Total Quality Control – TQC passa a ser uma importante ferramenta para atender esses fins. Os processos utilizados e seu controle também são de extrema importância para atingir a qualidade. Os itens de controle de um processo são índices numéricos estabelecidos sobre os efeitos de cada processo para medir a sua qualidade total. De todos os componentes operacionais das organizações que sofrem alterações por forçada adoção do conceito da qualidade total, o que registrou o impacto mais visível foi a Gestão da Qualidade do Processo. A Gestão da Qualidade no Processo pode ser definida como o direcionamento de todas as ações do processo produtivo para o pleno atendimento ao cliente. O roteiro prático para viabilizar a gestão da qualidade no processo envolve a implantação de atividades agrupadas em três etapas: a eliminação de perdas; a eliminação das causas das perdas e a otimização do processo. 19 Os Gurus da Qualidade A "Sociedade Latino-americana para a Qualidade" (SLC) elegeu como os seis gurus da qualidade: Joseph Moses Juran, Willian Edwards Deming, Philip Crosby, Armand Feigenbaum Kaoru Ishikawa e Genichi Taguchi. A seguir, a importância de cada um será explicada. Os estudiosos americanos Joseph Moses Juran e William Edwards Deming foram os pioneiros na abordagem da temática qualidade. Eles inspiraram os japoneses no milagre industrial da década de 50, mas nos Estados Unidos apenas na década de 80 que suas ideais foram difundidas. O de Juran e Deming foi à base de uma revolução da qualidade. Mas o movimento teve grande influência de outros gurus. Do lado norte- americano, Philip Crosby deu uma preciosa ajuda com a sua teoria dos zeros defeitos e Armand Feigenbaum foi o grande impulsionador do conceito de controle total da qualidade. Do lado japonês, Kaoru Ishikawa e Genichi Taguchi são dois nomes sonantes. Ishikawa foi o pioneiro. Deu um cunho japonês aos ensinamentos de Deming e Juran e criou as sete famosas ferramentas do controle estatístico da qualidade. Foi também o grande inspirador dos círculos de qualidade. Taguchi prestou um forte impulso à promoção do design industrial, que marcou a segunda fase do movimento da qualidade no Japão após a primeira fase baseada no controle estatístico. Outros nomes importantes são: Masaaki Imai (criador da filosofia Kaisen, que significa melhoria contínua), James Harrington (cujos passos para a melhoria contínua ficaram célebres), Richard Schonberger (que fez a transição de técnicas japonesas como o just-in-time para o mundo ocidental) e, por fim, Blanton Godfrey (o atual presidente do Juran Institute). 20 A produtividade nos processos através da qualidade A Produtividade é uma medida para verificar quão bem são empregados os recursos utilizados para criar o resultado desejado. Todo processo pode resultarem um ou mais resultados (efeitos, fins). Para que se possa gerenciar de fato cada processo é necessário medir (avaliar) os seus efeitos. Seu cálculo pode ser feito de diversas formas e em geral envolve custos, faturamentos e qualidade. Dessa forma, podemos entender que produtividade é a busca pela melhor relação custo-benefício possível para a produção. E assim, a produtividade busca melhorar de forma contínua essa relação. Associando esse conceito ao que foi abordado em relação à qualidade, conclui-se que qualidade gera produtividade, que por sua vez torna uma organização mais competitiva de modo a mantê-la sempre viva no mercado em que atua. Qualidade e Competitividade A gestão da qualidade cria nas organizações uma cultura voltada para atendimento às especificações e satisfação dos clientes. Dessa forma, a gestão da qualidade proporciona às empresas competitividade no mercado. No ambiente empresarial é necessário integrar qualidade como forma de satisfazer o cliente e ter uma maior competitividade no mercado em que atuam, garantindo assim sua sobrevivência e permanência e talvez até expansão no mercado. A competitividade organizacional pode ser entendida como o núcleo do sucesso ou do fracasso das organizações. A competição é responsável pela adaptação da empresa ao seu ambiente de atuação, fruto das estratégias competitivas adequadas que ela utiliza. Uma das estratégias competitivas mais eficazes utilizadas pela empresa é a diferenciação dos seus produtos e/ou serviços, sendo a qualidade fator primordial para haver essa diferenciação. 21 Já que ser competitivo é ter a maior produtividade entre todos os seus concorrentes. O que realmente garante a sobrevivência das empresas é a garantia de sua competitividade conquistando a preferência do consumidor a um custo inferior ao de seu concorrente sempre garantindo a qualidade. 22 Normalização de sistemas de gestão 2 Conhecimentos Compreender a Normalização dos Sistemas de Gestão (ISO). Habilidades Identificar algumas das características e princípios das Normas ISO 900. Atitudes Comparar as situações reais onde às normas ISO 9001 são aplicadas. 23 24 Introdução A Organização Internacional de Padronização (ISO) é uma das maiores organizações que desenvolve normas no mundo, ela começou a funcionar oficialmente no ano de 1947. A série de normas ISO foi criada por essa organização com o objetivo de melhorar a qualidade de produtos e serviços. Estas normas certificam produtos e serviços em várias organizações no mundo todo. Essa normalização está baseada em um documento, que oferece um modelo padrão para a implantação do Sistema de Gestão da Qualidade. Suas normas mais conhecidas são a ISO 9000, para gestão da qualidade, e a ISO 14000, para gestão do meio ambiente. Sistema de Gestão da Qualidade Um sistema de gestão da qualidade aplicável a qualquer organização é formado por um conjunto de normas e tem por objetivo verificar todos os processos da empresa e como esses processos podem melhorar a qualidade dos produtos e serviços frente aos clientes. Nesse sistema, existem princípios e diretrizes da qualidade, que são aplicados em cada processo que envolve o dia a dia da instituição. Através desses, é possível fazer a tomada de decisões de forma segura, pois através das ferramentas utilizadas, o gestor poderá verificar os indicadores de desempenho da empresa. Histórico As Normas ISO surgiram a partir de duas fontes: Primeiro, nas Normas Militares, depois durante a 2ª Guerra Mundial os dois blocos de países envolvidos sofreram muitos problemas e não podiam compartilhar a maioria das munições, criando as primeiras normas militares. E segundo, nas Normas de Qualidade que 25 diversos países possuíam: Canadá – Série Z 299, França – AFNOR X 50-110; Alemanha – DIN 55-355, Reino Unido – Série BS 5750, EUA – ANSI/ASQC Z-1. 15 etc e OTAN – Série AQAP. Nas décadas de 1960 e 1970, a Grã-Bretanha sofreu uma forte adversidade em suas indústrias, devido à baixa produtividade e baixa qualidade de seus produtos. Entre os esforços empreendidos para vencer esta má reputação estava à primeira tentativa de se estabelecer um modelo viável de sistema de garantia da qualidade, que possibilitaria às empresas resolverem seus problemas de qualidade. Com a globalização de mercado, as empresas multinacionais que exportavam tinham que atender a diferentes normas de qualidade para cada país. Em 1985, a Comunidade Econômica Europeia reconhecem os vários regulamentos técnicos e normas nacionais dos Estados membros e buscou padronizá-los. A partir dessa necessidade, em 1987, fundou-se o Comitê Técnico ISO/TC 176 em Genebra, na Suíça, que lançou a primeira versão das Normas da série ISO 9000 sobre sistemas de qualidade. Objetivo As Normas ISO são produzidas por um consenso mundial com o intuito de criar um padrão global de qualidade para produtos e serviços. O conjunto de normas forma um sistema de gestão da qualidade aplicável a qualquer organização sem considerar seu tamanho ou se a companhia é pública ou privada. Cada país tem um órgão e uma comissão para tratar destas normas, dando sua contribuição. No Brasil, além do representante da ISO, a ABNT, temos o Comitê Brasileiro para a Qualidade, o CB-25, que participa ativamente, contribuindo com sugestões para a série 9000 da ISO. As Normas ISO atuam no sentido de a “melhoria da gestão empresarial”, para aumentar a “produtividade”, baixar os “custos” e ter “tarefas melhor definidas e controladas”. É a busca do controle do processo de ensino- aprendizagem. 26 A Série ISO 9001 As normas ISO 9000 e 9001 são uma das principais normas relacionadas ao modelo de gestão da qualidade. Essas normas são utilizadas por empresas que desejam utilizar sistemas de gestão e serem certificadas por meio desse organismo internacional. Enquanto a ISO 9000 é um documento que contém todos os termos utilizados no Sistema de Gestão da Qualidade, a ISO 9001 explica os requisitos para obter-se a certificação. Visão geral A norma ISO 9001 é o documento que contém as orientações sobre a qualidade dos projetos, o seu desenvolvimento, produção, instalação e manutenção. É uma das normas mais específicas e mostra como deve ser cada processo da empresa. Este documento possui ferramentas de padronização e é um modelo seguro para a implantação da Gestão da Qualidade. Qualquer empresa pública ou privada pode obter essa certificação com base na ISO 9001, independente do seu setor, produto/serviço oferecido. O objetivo da norma é trazer confiança ao cliente de que os produtos e serviços da empresa serão criados de modo repetitivo e consistente, afim de que adquira uma qualidade, de acordo com aquilo que foi definido pela empresa. Esse documento é um recurso valioso para a gestão da empresa, pois agrupa um conjunto de práticas de gestão de empresas do mundo todo. Quando a empresa certifica-se nesta norma, terá competência para utilizar uma famosa ferramenta da qualidade: o Ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Action) que significa planejar, fazer, checar e agir. 27 Alterações da ISO 9001:2015 A revisão da norma ISO 9001:2015 foi planejada para aperfeiçoar alguns pontos de melhorias identificados na revisão anterior (2008). As alterações foram as seguintes: A introdução de novos conceitos como a abordagem à gestão baseada no risco, gestão da mudança, conhecimento organizacional, informação documentada, gestão de recursos, entre outros; Aplicação da estrutura de alto nível e texto comum para as normas de sistemas de gestão definida pela ISO; A eliminaçãodo requisito referente às ações preventivas, passando o próprio sistema de gestão, com uma abordagem baseada em risco, a constituir uma ferramenta preventiva; A introdução de requisitos associados à identificação do contexto da organização e requisitos relevantes de partes interessadas; Substituição de vários termos. Exemplo: o termo “produtos” foi substituído por “bens e serviços”; A revisão significativa de alguns requisitos, com o objetivo de ampliar a aplicação. Exemplo: o requisito referente aos equipamentos de medição e monitoramento (atual 7.6) e projeto e desenvolvimento (atual 7.3); Eliminação do conceito de exclusões, sendo substituída pela possibilidade de haver flexibilidade na aplicação, mas não exclusão; A revisão dos princípios de Gestão da Qualidade; 28 Uso de uma linguagem simplificada, para facilitar a compreensão por todos os possíveis usuários. A versão de 2015 trouxe mudanças estruturais na forma de encarar um sistema de gestão, não apenas da elaboração de documentos, mas sim de uma mudança de postura. Requisitos da ISO 9001:2015 A ABNT publicou no dia 30/09/2015 a Norma Técnica ABNT NBR ISSO 9001:2015 – Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos. São os principais requisitos desta norma: Contexto da organização: A empresa deve identificar e compreender os fatores e as partes em seu ambiente que suportam o sistema de gestão de qualidade, identificar as partes interessadas e estabelecer /implementar /manter /melhorar seu sistema de gestão de qualidade. Liderança: A alta administração precisa demonstrar como é atendido o requisito dos clientes, requisitos regulamentares e estatutários e como mantém a satisfação do cliente. A alta administração também precisa conhecer as forças e as fraquezas internas e quais impactos podem ter e atribuir às autoridades e responsabilidades relevantes do sistema de gestão de qualidade. Planejamento: Os riscos devem ser analisados e ações precisam ser planejadas para enfrentá-los. É necessário estabelecer objetivos de qualidades mensuráveis e considerar planos de alterações. Suporte: É necessário assegurar que haja recursos, pessoas e infraestrutura adequada para atender aos objetivos organizacionais e as informações precisam estar documentadas. 29 Operação: A execução de planos e processos deve permitir a organização, atender as necessidades dos clientes e o design de produtos e serviços. Avaliação de performance: As organizações devem procurar ativamente informações sobre a percepção dos clientes e auditorias internas devem ser realizadas. Melhoria: Deve-se reagir e tomar medidas para controlar e corrigir as não conformidades e lidar com as consequências e determinar se existe ou não conformidades similares que poderiam potencialmente ocorrer. Todos estes requisitos têm como finalidade a maior organização interna, o melhor desempenho comercial e do negócio, a redução de desperdício, o aumento da satisfação dos clientes e o maior controle dos negócios pela direção e acionistas. Integrações com ISO 14001:2015 A norma ISO 14001 trata da gestão do meio ambiente, nela estão os princípios básicos para desenvolver um sistema de gestão ambiental dentro da empresa. Assim com a ISO 9001, prevê a redução de desperdícios e a otimização de recursos para uma atuação mais eficiente da empresa. Nesse sentido, é possível visualizar a integração entre a ISO 9001 e ISO 14001 para alavancar o desempenho da empresa frente ao mercado, alcançando níveis ótimos de desenvolvimento. Ao invés de pensar em soluções segmentadas por setor, a empresa desenvolve a capacidade de olhar o todo de maneira sistemática, criando melhores oportunidades de negócios. Com a integração entre as ISOs 9001 e 14001, a empresa deixa de perder tempo e recursos com processos distintos de certificação e recertificação para gerir ambos conjuntamente, reduzindo a burocracia interna e agilizando as auditorias internas e externas. Além disso, promove o alinhamento de conduta por parte da empresa, otimizando o trabalho e tornando-o mais eficiente e eficaz. 30 Outro ponto é a contribuição na identificação de oportunidade de negócios e os riscos inerentes nos negócios. Tais posturas levam a vantagens comerciais bastante atrativas, como a possibilidade de participação em concorrências e licitações, acesso a financiamentos governamentais, atratividade para investidores externos e um maior poder de negociação junto a fornecedores e clientes. Certificações dos Sistemas de Gestão Por definição, a certificação de sistemas de gestão é a atestação dada por um Organismo de Certificação, com base numa decisão decorrente de uma análise, que comprova que a conformidade desses sistemas com os requisitos especificados. A certificação de sistemas de gestão representa para as organizações benefícios e contribuições importantes na gestão do seu negócio, na avaliação de custos e riscos e nas relações com as suas envolventes externas. A grande importância da certificação da qualidade ISO é o diferencial de qualidade, que abre as portas do mundo globalizado para as empresas certificadas, uma vez que ao adquirirem produtos ou serviços dessas empresas o consumidor tem certeza que existe um sistema confiável de controle das etapas de desenvolvimento, elaboração, excussão, e entrega do produto provido de um tratamento formalizado com objetivo de garantir os resultados. 31 32 Conhecendo o Conceito de Processo 3 Conhecimentos Entender o conceito de Processos bem como a de sua estratégia de Gestão. Habilidades Identificar a importância dos processos nas atividades empresariais Atitudes Comparar a aplicabilidade dos processos dentro de atividades empresariais. 33 34 Introdução A Gestão da Qualidade no Processo pode ser definida como o direcionamento de todas as ações do processo produtivo para o pleno atendimento ao cliente. De todos os componentes operacionais das organizações que sofrem alterações por força da adoção do conceito da qualidade total, a que registrou o impacto mais visível foi a Gestão da Qualidade do Processo. Conceito de processo O processo é um conjunto de causas que provoca um ou mais efeitos. Na gestão de qualidade, podemos entender, também, o processo como um conjunto de atividades que juntas geram o produto ou serviço. Dessa forma, fica claro que dentro de uma empresa existem vários processos. Logo, o controle de processos está presente em todos os níveis organizacionais e é controlado através de seus efeitos. O foco da gestão da qualidade é a padronização dos processos de trabalho e sua análise criteriosa, visando à melhoria contínua dos mesmos. Subdivisões de um processo: Gestão por processos Gestão por Processos é uma preocupação na melhoria na forma como o trabalho é executado, e não somente com o produto ou serviço final que será entregue para o cliente, ou seja, é um método utilizado para rever, melhorar e padronizar processos. A gestão de processos permite identificar o conjunto de atividades capaz de gerar maior valor ao usuário/cliente que recebe um produto ou serviço, integrar e orientar para resultados as várias unidades organizacionais, conseguir recursos e desenvolver competências para a consecução dessas finalidades. 35 A Gestão por Processos pode auxiliar o desempenho das organizações em diversas etapas de desenvolvimento. A orientação baseada em processos envolve a preocupação constante com a otimização. A importância daGestão por Processos está no fato que tudo que se executa deve ser bem conhecido e entendido por todos, pois assim sempre será possível um melhor desempenho e melhores desempenhos são a garantia de bons resultados. Mapeamento de processos Mapear um processo é desenhar o fluxo de suas atividades. É uma espécie de fotografia do processo para que se possa entendê-lo por completo e possibilitar a compreensão necessária para se pensar em uma maneira de aperfeiçoar o processo. O mapeamento de processos visa estabelecer de forma organizada e eficiente as atividades que sustentam uma empresa, priorizando e classificando essas tarefas. O mapeamento de processos tem o papel tanto de identificar os processos existentes como melhorá-los, pois ele é esclarecedor e possibilita a inovação. Para fazer-se o mapeamento é preciso, primeiramente determinar o processo e a ferramenta de mapeamento utilizado, em seguida determinar o nível de detalhe e as informações necessárias e por último verificar e validar o mapa do processo. Uma vez que o mapa do processo estiver construído e atualizado, pode-se compreender melhor o sistema utilizado e sugerir mudanças que levem o mesmo a um desempenho superior. Fluxograma O Fluxograma é uma forma de mapeamento dos processos. Ele faz a análise inicial de um processo ou dos processos em uma empresa, para definir o estado atual do fluxo de tarefas e entender se estão de acordo com os objetivos do negócio e o planejamento estratégico definido pela alta gestão. 36 O fluxograma é um diagrama utilizado para representar a sequência dos processos, através de símbolos gráficos. Os símbolos proporcionam uma melhor visualização e entendimento do funcionamento do processo. Ele vai representar uma sequência de trabalho, de forma detalhada ou macro na qual as operações ou os responsáveis e os departamentos envolvidos são visualizados nos processos. 37 No gerenciamento de processos, o fluxograma tem como objetivo garantir a qualidade e aumentar a produtividade, através da documentação do fluxo das atividades, utilizando diversos símbolos diferentes para identificar os diferentes tipos de atividades. Análise, padronização e melhoria de processos. A análise de processos é importante, pois garante a melhoria dos mesmos, através da eliminação de custos redundantes e da redução do tempo de conclusão dos ciclos dos processos. 38 No entanto, para que a análise e a melhoria de processos de negócios tenham maiores chances de atingir os objetivos desejados, essas etapas devem ser conduzidas de acordo com as melhores práticas do mercado. A padronização tem sido vista como um importante instrumento para a melhoria da qualidade e do desempenho de processos produtivos. A padronização de processos é um dos elementos que compõem os sistemas de gestão da qualidade, inclusive as certificações ISO. A principal função é permitir que a empresa oferecesse de maneira sistemática produtos/serviços com características constantes, ou seja, com o mesmo padrão de qualidade. Logo, a padronização visa garantir a execução dos processos sempre da mesma maneira com a finalidade de se obter maior previsibilidade dos resultados. 39 40 Ferramentas de Qualidade para Melhoria de Processos 4 Conhecimentos Entender as ferramentas de qualidade para a melhoria de Processos. Habilidades Identificar todos os modelos de Gestão de processos descritos no material. Atitudes Comparar a aplicabilidade dos modelos de gestão de processos expostos no material. 41 42 Introdução As ferramentas de gerenciamento ou ferramentas da qualidade são ferramentas estatísticas que auxiliam na solução de problemas e tomada de decisão, por isso, a importância de estudá-las. Ferramentas Estatísticas A Estatística é a ciência que lida com a coleta, o processamento e a disposição de dados/informações, atuando como ferramenta fundamental nos processos de solução de problemas. No programa da Qualidade e Produtividade, a Estatística é uma ferramenta essencial para auxiliar no levantamento e solução de problemas da empresa, uma vez que utiliza modelos científicos para coleta, organização, resumo, apresentação e análise de dados. Essas análises possibilitarão a obtenção de conclusões válidas que nortearão a tomada de decisão. Controle estatístico da qualidade O Controle Estatístico da Qualidade (CEQ) realiza o Controle de Processo e tem um caráter de confirmação, uma vez que ele apenas busca detectar o erro sem investigar as causas que levam a tais defeitos nem com a prevenção dos mesmos. Sua utilização tem como objetivo avaliar a precisão e a exatidão com que estão sendo realizadas as diversas técnicas analíticas, buscando garantir a confiabilidade dos dados experimentais, sob pena de ocorrerem falsas interpretações que consequentemente conduzem a decisões errôneas. Consequentemente, o CEQ evoluiu e passou a ser representado pelo Controle Estatístico do Processo (CEP) que passou a se preocupar com a monitoração de um processo, verificando, se o mesmo está dentro de limites determinados. 43 O CEP busca a estabilização de processos através da redução de sua variabilidade, visando à melhoria e manutenção da qualidade. Ele é a coleção de ferramentas úteis na obtenção da estabilidade do processo e na melhoria da capacidade através da redução da variabilidade. Essas ferramentas serão detalhadas no decorrer da unidade. FMEA- Análise de Modos de Falhas e Efeitos A análise FMEA (Failure Modes, Effects Analysis) tem como objetivo identificar potenciais modos de falha do processo de forma a avaliar o risco associado a estes modos de falhas, para que sejam classificados em termos de importância e então receber ações corretivas com o intuito de diminuir a incidência de falhas. Resumindo, essa análise busca assegurar que todas as falhas em potencial tenham sido consideradas e analisadas e tenham sido tomadas as ações corretivas necessárias para evitá-las. A FMEA é importante para o processo de produção porque reduz substancialmente os custos identificando antecipadamente melhorias dos produtos e processos, além de eliminar ou minimizar as falhas. A FMEA é construída a partir da seguinte estrutura: 1. Levantamento dos Dados do Sistema 2. Definição do Item e da Função 3. Levantamento dos Modos de Falha 4. Efeitos/Consequências dos Modos de Falha 5. Causa da Falha 6. Avaliação da Severidade da Falha 7. Ocorrência (Frequência) da Falha 8. Detecção da Falha 9. Cálculo do RPN – Risk Priority Number - RISCO 10. Ações Recomendadas 44 11. Responsável/Prazo 12. Resultado das Ações A FMEA utiliza alguns índices como Índice de Ocorrência, Índice de Gravidade, Índice de Detecção e Índice Conceito para avaliar o processo e assim cumprir sua finalidade de avaliar riscos e falhas. Metodologias Organizacionais A escolha de uma metodologia é necessária para a implantação de programas de qualidade que apresente resultados eficazes para assim atingir um alto nível de qualidade. Uma metodologia para instrumentalizar e padronizar os esforços de melhoria dos processos de trabalho precisa estar alicerçada nos valores e conceitos da Gestão da Qualidade. MASP – Metodologia de Análise de Solução de Problemas O ciclo PDCA foi adaptado, no Brasil, pelo especialista Vicente Falconi Campos, para MASP (Metodologia de Análise e Solução de Problemas). Essa metodologia permite identificar e estabelecer parâmetros para a análise de problemas até a obtençãoda solução. Sua utilização deve ser de modo sistêmico nas organizações, uma vez que sua adequada aplicação conduz à solução de problemas e a sistematização dos resultados, traduzindo em um diferencial competitivo de mercado. O MASP é formado por alguns passos que podem ajudar a organizar de forma produtiva, as ferramentas, a fim de otimizar a análise e a solução de problemas. Seguem as etapas a serem seguidas na aplicação: I. Identificação do problema: É identificado um desvio e/ou uma não conformidade. O objetivo é identificar e delimitar claramente o problema que se quer resolver. 45 II. Observação: Investigação dos problemas, ou seja, descobrir as características do problema. III. Análise para descobrir causas: Sugestões e ideias a fim de contribuir para identificação das causas. IV. Plano de ação: São planejadas as contramedidas para eliminar o problema. É necessário elaborar a estratégia para certificar-se de que as ações propostas agirão sobre as causas. V. Ação para eliminar as causas: Atuar para eliminar as causas principais dos problemas por meio de reuniões e capacitação. VI. Verificação da eficácia da ação: Verificar os resultados apresentados, avaliar se as ações foram executadas conforme planejado e registrar os efeitos indesejados. VII. Padronização: Documentação dos procedimentos a serem seguidos por todos os colaboradores, para evitar a não conformidade. É necessário comunicar os novos padrões, educar e capacitar os colaboradores e, posteriormente, controlar o cumprimento dos mesmos. VIII. Conclusão: Estabelecer uma cultura de aprendizagem organizacional para que os problemas sejam resolvidos e que todos estejam integrados. Ao longo dos passos desta metodologia utilizam-se várias ferramentas, conhecidas como ferramentas da qualidade. O uso delas não garante, por si só, a resolução dos problemas; garante apenas seu entendimento. A metodologia MASP permite identificar e estabelecer parâmetros para a análise de problemas até a obtenção da solução, a qual, ao se integrar com as ferramentas, permite a aplicação prática do método. 46 As 7 Ferramentas da Administração para Qualidade A utilização de métodos e ferramentas é necessário quando se quer alcançar bons resultados. Segundo ABREU (1991), as ferramentas objetivam um aumento de produtividade e resultados mais promissores ao desenvolver os produtos. Ao ser convidado pelo governo japonês a fazer parte dos estudos de melhoria da indústria nacional, Deming utilizou de dados numéricos para auxiliá-los em tomada de decisão. J.M. Juran, levou seu princípio e gráfico de Pareto a convite de Deming ao Japão com a finalidade de reduzir falhas com a descoberta e posterior eliminação das causas. Assim como Deming e Juran, Kaoru Ishikawa via as ferramentas e métodos como norteadoras de tomada de decisão. Para o desenvolvimento de seus trabalhos, trabalhou no que ficou conhecido como as 7 (Sete) ferramentas da Qualidade. Diagrama Causa e Efeito O Diagrama Causa e Efeito é uma ferramenta gráfica utilizada para o Gerenciamento e o Controle da Qualidade em processos diversos. Esta ferramenta também é conhecida como Diagrama de Espinha de Peixe, por seu formato, ou como Diagrama de Ishikawa (em homenagem ao seu criador). Sempre que algo ocorre (efeito, resultado ou fim) existe um conjunto de causas (meios) que podem ter influenciado. Observando a importância da separação das causas de seus efeitos que os japoneses criaram o “Diagrama de Causa e Efeito”. Este diagrama representa relação entre o “efeito” e todas as possibilidades de “causas” que podem resultar neste efeito e possibilita que todos os colaboradores dentro de uma organização possam exercitar a separação dos fins de seus meios. 47 O Diagrama Causa e Efeito pode ser observado a seguir: Folha de Verificação As folhas de verificação são formulários usados para registrar os dados que serão coletados, facilitando a análise de forma simples e eficaz. Serve para quantificar a frequência com que certos eventos ocorrem num certo período de tempo. O tipo de folha de verificação a ser usado depende do objetivo da coleta de dados. Normalmente este formulário é construído após a definição das categorias para estratificação dos dados. Observe a seguir um exemplo de aplicação desta ferramenta: 48 Gráfico de Pareto O Gráfico de Pareto é um gráfico de barras, construído a partir de um processo de coleta de dados (em geral, uma folha de verificação) que ordena as frequências das ocorrências, da maior para a menor, permitindo a priorização dos problemas. O gráfico mostra ainda a curva de percentagens acumuladas e sua maior utilidade é a de permitir uma fácil visualização e identificação das causas ou problemas mais importantes, possibilitando a concentração de esforços sobre os mesmos. O Princípio de Pareto estabelece que um problema possa ser atribuído a um pequeno número de causas. Logo, se forem identificadas as poucas causas vitais dos poucos problemas vitais enfrentados pela empresa, será possível eliminar quase todas as perdas por meio de um pequeno número de ações. Histograma Imagine que queremos representar de forma mais clara a frequência de causa de faltas no trabalho em uma determinada empresa. Quantos faltam por estarem doente? Ou por que sofreram acidentes? Através do Histograma a representação pode ser mais bem detalhada. O Histograma ou Diagrama de Barras é um gráfico que distribui valores ou frequências de acontecimentos de observações por categorias. (TOLEDO) Como construir o Histograma: 1. Coletar os valores dos dados; 2. Determinar a faixa de valores dos dados, subtraindo o dado de valor mais baixo ao de valor mais alto; 3. Determinar o número de intervalos no histograma (geralmente entre 6 e 12) e dividir a faixa pelo número de intervalos para determinar a largura de cada intervalo; 4. Marcar o eixo horizontal com a escala de valores dos dados; 49 5. Marcar o eixo vertical com a escala de frequência (número ou percentagem de observações); 6. Traçar a altura de cada intervalo correspondendo ao número de valores dos dados incluídos neste intervalo. Os Histogramas se dividem em: Simétrico; Assimétrico; Despenhadeiro; Dois Picos; Platô; Retângulos Isolados. Fluxograma Fluxograma é um tipo de diagrama, e pode ser entendido como uma representação gráfica que permite a fácil visualização dos passos de um processo. Ele apresenta a sequência lógica e de encadeamento de atividades e decisões, de modo a se obter uma visão integrada do fluxo de um processo técnico, administrativo ou gerencial, o que permite a realização de análise crítica para detecção de falhas e de oportunidades de melhorias. Podemos entendê-lo, na prática, como a documentação dos passos necessários para a execução de um processo qualquer, pois esquematiza a sequência de atividades e decisões de um ciclo de atividade. Gráfico de Dispersão O Gráfico de Dispersão permite medirmos a intensidade da relação entre duas variáveis. (CARPINETTI, 2016). Para construção de um gráfico de dispersão são necessários alguns passos segundo (TOLEDO 2013): 50 Coleta de dados e ordenação: é importante que o número de amostras contenha pelo menos 30 pares de observações. Nessa fase os dados são coletados e colocados em tabelas com suas respectivas características que se querem observar; Representar graficamente: organização dos dados nos eixos x e y. No eixo x tem- se a causa ou variável independente e no eixo y a variável dependente ou efeito. Por exemplo, pode-se querer saber qual a relação entre a intensidade da luz de um ambiente de produção e a produtividade de seus funcionários. A intensidade da luz é a variável independente e aprodutividade é a dependente, ou seja, é desejável saber se a intensidade da luz tem efeito na produtividade, ou qual o efeito que a intensidade da luz causa na produtividade; Análise gráfica: através da forma tomada pelo gráfico e com auxílio de ferramentas como reta de regressão e coeficiente de correlação, é possível medir se há relação entre variáveis e a intensidade da correlação. Assim podemos ver três padrões de resultado segundo (CARPINETTI 2016); Os padrões demonstram qual o tipo de efeito uma variável apresenta na outra. Eles são: Relação Positiva: o aumento de uma variável interfere positivamente no aumento da outra. (Gestão da Qualidade Total); Relação Negativa: o aumento de uma variável interfere na diminuição da outra. (livro Gestão da Qualidade e Conceitos e Técnicas- Carpinetti pág. 90); Relação Inexistente: a variação de uma variável não interfere na variação sistemática da outra. (livro Gestão da Qualidade e Conceitos e Técnicas- Carpinetti pág. 90). Qual a relação entre a intensidade de iluminação de um ambiente de produção e a produtividade gerada pelos funcionários? 51 Estratificação Segundo CAMPOS (1992), “estratificar é dividir um problema em camadas de problemas de origens diferentes”. Objetiva-se então correlacionar a variação de fatores, tomando como exemplo os insumos, equipamentos, pessoas, condições ambientais, e sua interferência no problema investigado. (CARPINETTI, 2016). Tabela 1 – Fatores de Estratificação mais Utilizados Condição Climática Os efeitos dos problemas (ou resultados indesejáveis) são diferentes de manhã, à tarde, à noite? Turno de produção Os efeitos são diferentes quando consideramos diferentes turnos de produção? Local Os efeitos são diferentes nas diferentes linhas de produção da indústria ou nas diferentes regiões do país onde o produto é comercializado? Matéria-prima São obtidos diferentes resultados dependendo do fornecedor da matéria-prima utilizada? Operador Diferentes operadores estão associados a resultados distintos? Fonte: Carpinetti 2016 EXEMPLO EXTRAÍDO DE CAMPOS (1992). Considere o seguinte problema diagnosticado em uma firma. Trata-se do atraso no pagamento. Partindo do problema, vários outros problemas relacionados a esse atraso são relacionados e ranqueados na fase de coleta de dados. Após a utilização de ferramentas como o Gráfico de Pareto, que veremos logo mais, chega- 52 se a um conjunto de outros problemas que podem ser causa do atraso. São exemplos deles: Falta de recursos em caixa; Nota fiscal errada; Cobrança indevida. A partir dessa identificação, é possível uma análise e posterior solução de problemas. CEDAC – Diagrama de Causa e Efeito com Adição de Cartões Diagrama de Causa e Efeito com Adição de Cartões - CEDAC (Cause and Effect Diagram with Addition of Cards) é uma variação do Diagrama Causa e Efeito. É uma forma de envolver todas as pessoas na solução de um problema através de um diagrama exposto na forma de quadro, permite uma análise de causa-efeito com visibilidade. Quanto ao efeito, o gráfico CEDAC é uma descrição quantificada do problema, com um alvo estabelecido de comum acordo quantificado, visual e resultados continuamente atualizados sobre o processo para atingi-lo. Quanto às causas, o gráfico CEDAC utiliza dois cartões coloridos diferentes para neles serem escritos fatos e ideias. Isso assegura que os fatos sejam obtidos e organizados antes que as soluções sejam planejadas. O diagrama CEDAC básico tem como aspecto da espinha de peixe clássico e é traçado em uma folha grande de papel com os efeitos do lado direito e causas do lado esquerdo. É planejado um método para medir e marcar os resultados no lado dos efeitos do gráfico de tal modo que constitua uma exposição visual do alvo e dos melhoramentos quantificados. 53 Desdobramento das Diretrizes As Diretrizes procuram criar condições para o gerenciamento dos processos. Trata-se de uma sistemática para alinhar a organização em torno de seus objetivos estratégicos, mostrando a contribuição que se deve esperar de cada uma de suas partes, orientadas por indicadores. A explicitação da diretriz busca indicar as áreas de melhorias operacionais. Na busca, cuida-se da articulação da diretriz em níveis sucessivos de detalhe até encontrar as referidas áreas do desdobramento das diretrizes, assegura-se que cada modificação em recursos humanos, procedimentos, matérias-primas ou equipamentos estarão em harmonia com os planos anuais da alta gerência, e estes, por sua vez, estarão sintonizados com o planejamento de longo prazo. Inicialmente, há um grande número de modificações sendo implantadas, e o desdobramento das diretrizes auxilia a alinhar essas modificações com as metas gerenciais. Gerenciamento de Processos A Gestão por Processos ou Business Process Management (BPM) é uma abordagem sistemática de gestão que trata de processos de negócios como ativos, que potencializam diretamente o desempenho da organização, primando pela excelência organizacional e agilidade nos negócios. Isso envolve a determinação de recursos necessários, monitoramento de desempenho, manutenção e gestão do ciclo de vida do processo. Fatores críticos de sucesso na gestão por processos estão relacionados à como mudar as atitudes das pessoas ou perspectivas de processos para avaliar o desempenho dos processos das organizações. O BPM permite a análise, definição, execução, monitoramento e administração, incluindo o suporte para a interação entre pessoas e aplicações informatizadas diversas. Acima de tudo, ele possibilita que as regras de negócio da organização, travestidas na forma de processos, sejam criadas e informatizadas pelas próprias áreas de gestão, sem interferência das áreas técnicas. 54 A meta desses sistemas é padronizar processos corporativos e ganhar pontos em produtividade e eficiência. As soluções de (BPM) são vistas como aplicações cujo principal propósito é medir, analisar e otimizar a gestão do negócio e os processos de análise financeira da empresa. 55 56 Método Seis Sigma para Melhoria de Processos 5 Conhecimentos Entender o conceito de gestão de processos através do método Seis Sigmas. Habilidades Identificar a aplicabilidade do método Seis Sigmas na gestão de processos. Atitudes Desenvolver a aplicabilidade do método Seis Sigmas na gestão de processos nas empresas. 57 58 Introdução Eliminar desperdícios, adotar tecnologias avançadas, desenvolver novos produtos, envolver os colaboradores e buscar a melhoria contínua dos processos de produção tornaram-se a base de sustentação dos negócios. Visando auxiliar as empresas na conquista da superioridade, surgiu, com grande força e bons resultados, a metodologia denominada Seis Sigma. Os Seis Sigmas concentra-se na diminuição ou eliminação da incidência de erros, defeitos e falhas em um processo. A metodologia visa reduzir a variabilidade do processo e pode ser aplicada na maioria dos setores da atividade econômica. Conceito Esta ferramenta foi desenvolvida em meados de 1987, por Bill Smith na Motorola. Posteriormente, em 1995, ganhou força com a utilização de seus métodos por Jack Welch, na General Electric (GE). O termo Seis Sigma surgiu do número de Sigmas que é uma medida da performance do processo. Quanto maior o número de Sigmas, menor a variabilidade do processo e processos com muita variabilidade tem alta probabilidade de se obter produtos fora da especificação do cliente. O método Seis Sigma é um conjunto de técnicas da qualidade e de estatísticaque possuem o objetivo principal de otimizar e maximizar os processos de uma organização, eliminando seus defeitos e não conformidades na medida do possível. Ou seja, esse método busca a melhoria de todos e qualquer processo, possuindo a finalidade de aprimorar a qualidade, aumentar a produtividade e reduzir os custos organizacionais. 59 Estrutura dos Seis Sigmas A estrutura do método dos Seis Sigmas pode ser resumida pela sigla (DMAIC), iniciais das expressões “Definir oportunidades”, “Medir o desempenho”, “Analisar oportunidades”, “Melhorar o desempenho” e “Controlar o desempenho”. Assunto do próximo tópico. Os funcionários designados para implementar os Seis Sigmas são profissionais especialmente treinados, que utilizam conhecimentos de engenharia, estatística e pesquisa operacional e são denominados os “Green belts” (Cinturões verdes) e os “Black Belts” (Cinturões Negros). Método DMAIC O (DMAIC) é utilizado em projetos focados em melhorar processos de negócios já existentes. O termo (DMAIC) vem de sua tradução em inglês que significa: definir (define), medir (measure), analisar (analyze), melhorar (improve) e controlar (control). O ciclo que ocorre no método é apresentado a seguir: Define the problem: definição do problema a partir de opiniões de consumidores e objetivos do projeto; Measure key aspects: mensurar os principais aspectos do processo atual e coletar dados importantes; Analyse the data: analisar os dados para investigar relações de causa e efeito. Certificando que todos os fatores foram considerados, determinar quais são as relações. Dentro da investigação, procurar a causa principal dos defeitos; Improve the process: melhorar e otimizar o processo baseado na análise dos dados usando técnicas como desenho de experimentos, poka-yoke ou prova de 60 erros, e padronizar o trabalho para criar um novo estado de processo. Executar pilotos do processo para estabelecer capacidades; Control: controlar o futuro estado de processo para se assegurar que quaisquer desvios do objetivo sejam corrigidos antes que se torne em defeitos. Implementar sistemas de controle como um controle estatístico de processo ou quadro de produções, e continuamente monitorar os processos. Nesta sub metodologia, algumas metas devem ser previamente posicionadas para justificar e redefinir o projeto, aumentando o foco na solução de problemas, assim como deve ser estabelecido à definição dos processos de acordo com as demandas dos clientes e o plano estratégico da empresa. Aplicações na prática dos Seis Sigmas Para atingir os objetivos dos Seis Sigmas e colher os benefícios da implementação, é preciso que a empresa saiba exatamente como planejar e implementar. É importante, também, que os funcionários sejam devidamente treinados para receber os Seis Sigmas na empresa. Para colocar em prática o método Seis Sigma é necessário: Começar pelo começo: ou seja, pela preparação, planejamento e organização das ações futuras. Você deve definir metas claras para as atividades e as melhorias almejadas. Essas metas serão os novos objetivos estratégicos da sua empresa; E também mensurar e analisar o sistema existente; Desenvolva métodos: os Seis Sigmas é um processo que trabalha com cálculos matemáticos e estatísticos para melhorar resultados. Então, estabelecer métodos de avaliação para mensurar resultados é fundamental. A partir dessa análise, você poderá estabelecer métricas válidas e confiáveis para ajudar a monitorar o progresso rumo às metas definidas no passo anterior; 61 Prepare o terreno: para aplicar o processo na sua empresa, você precisará muito engajar toda a equipe. Apesar de você precisar de algumas lideranças com certificado, os projetos podem e devem envolver o maior número de pessoas e das mais diferentes áreas e níveis hierárquicos; Uma vez que for realizada toda a parte de planejamento. O método deve ser aplicado. A sua execução terá as seguintes fases: Definindo oportunidades e defeitos: nesta etapa, você identifica os pontos onde seus processos falham, onde os erros acontecem. A partir desses pontos, você poderá delinear novas estratégias para prosseguir. Em relação aos defeitos, o objetivo é pensar as falhas do seu processo sob a ótica do cliente. Então, o melhor caminho é perguntar como ele avalia e se sente em relação ao seu produto. Hora de fazer as medições: a partir das oportunidades e dos efeitos apontados pelos clientes, é hora de calcular o seu rendimento. Esse dado é obtido subtraindo o número total de defeitos do número total de oportunidade, dividindo o resultado pelo número total de oportunidade e, finalmente, multiplicando o resultado por 100. Com as informações sobre o rendimento dos seus processos, você usa uma tabela de conversão para obter o Sigma do processo. Uma vez que todos esses dados estejam prontos, para concluir a aplicação Seis Sigma é necessário: Implementar melhorias: A partir do valor do Sigma e das análises realizadas a partir dos projetos, você poderá identificar formas de melhorar os mesmos. Basta implementar esses processos. Nessa etapa a sua capacidade criativa para encontrar novas soluções e melhorar os processos é um diferencial importante; Continue monitorando sempre: para saber se as melhorias implementadas estão, de fato, apresentando resultados, não tem muito segredo, é preciso continuar 62 monitorando e aplicando os cálculos. O objetivo dessa etapa é garantir que as metas alcançadas serão mantidas em longo prazo. Um dos casos mais famosos de implementação e bons resultados dos Seis Sigmas é da (GE), nos anos 90. Após os Seis Sigmas, a empresa passou por um grande movimento de mudança na sua cultura básica, mais especificamente na forma de capacitação e treinamento de equipes e nos critérios de promoção e de remuneração, que passaram a se basear nos desempenhos dos resultados dos Seis-Sigmas. Além de proporcionar à empresa uma grande economia de recursos e ganhos em aumento de produtividade. 63 64 Estratégia e Etapas para Implantação da Gestão da Qualidade Total 6 Conhecimentos Entender a Gestão da Qualidade Total em suas estratégias e etapas de aplicação. Habilidades Compreender as habilidades necessárias para a implantação do GTQ. Atitudes Verificar e analisar o passo a passo da implantação da Gestão da qualidade total dentro de uma empresa. 65 66 Introdução Na estrutura tradicional da empresa, quase sempre os clientes são colocados como receptores passivos dos produtos e dos serviços oferecidos. Não raro, são vistos como aqueles que perturbam a rotina. A Qualidade Total inverte esse quadro e coloca o cliente como a pessoa mais importante para a organização. Tudo que a ele se relaciona torna-se prioritário. Conceito de Gestão da Qualidade Total A gestão da qualidade total – GQT consiste numa estratégia de administração orientada a criar consciência de qualidade em todos os processos organizacionais. Chama-se total porque o seu objetivo é a implicação não só da empresa inteira mais também a organização estendida: fornecedores, distribuidores e demais parceiros de negócios. A qualidade total deve ser aplicada a todas as áreas e níveis da empresa, devendo sempre começar do topo, com comprometimento total da alta administração. Este apoio é fundamental para o sucesso da abordagem. O GQT é composto de estágios tais como: planejamento, organização, controle, liderança. A qualidade é qualificada de total porque cada empregado que participa é diretamente responsável pela realização dos objetivos daempresa. 67 A GQT como Ferramenta para Alcance de Objetivos Estratégicos A organização de Qualidade Total é dinâmica e utiliza o planejamento estratégico para se alinhar com o futuro. Muitas empresas utilizam a Qualidade Total para competir e sobreviver no mercado. A Qualidade Total é uma postura gerencial. Está ligada, intimamente, ao comportamento humano. Assim, a base da Qualidade Total depende de três fatores importantes (querer, saber e poder): Querer é emoção: adesão interna, compromisso, alavancagem; Saber é razão: conhecimento, certeza, capacidade técnica; e Poder, é confiança: postura, entendimento entre as pessoas, responsabilidade compartilhada, solidariedade e participação. A Gestão de Qualidade Total é um processo participativo, de modo que o ser humano adquire importância fundamental neste processo. A visão tradicional é que a chefia planeje e verifique o trabalho e as demais pessoas cabe apenas executá-lo é um enfoque ultrapassado. A GQT (Gestão pela Qualidade Total) propõe ideias em que todos possam Planejar, Executar, Checar e Corrigir (ciclo PDCA), ou seja, o fator humano torna-se importantíssimo no processo de qualidade. O objetivo das organizações é gerar produtos ou serviços que atendam plenamente às necessidades e expectativas dos clientes. Seguindo este raciocínio, pode-se dizer que a Qualidade Total, segundo edição do SENAI Conceituando Qualidade (1994, p. 52) "é o processo utilizado para garantir o atendimento às necessidades e expectativas dos clientes, sejam eles os acionistas, os funcionários/colaboradores, os usuários/consumidores e a sociedade". A avaliação das necessidades e expectativas dos clientes deve ser feita permanentemente. Para tanto, para que um produto ou serviço tenha qualidade total são necessário que atenda os cinco requisitos básicos da Qualidade Total, que são: qualidade, custo, atendimento, moral e segurança. 68 A NBR ISO 9001:2000 A gestão da qualidade está sendo uma das maiores preocupações das empresas, sejam elas voltadas para a qualidade de produtos ou de serviços. A conscientização para a qualidade e o reconhecimento de sua importância, tornou a certificação de sistemas de gestão da qualidade indispensável para às empresas de todo o mundo. A ISO 9001:2000 é uma norma internacional que fornece requisitos para o sistema de gestão da qualidade (SGQ) das organizações. Isso significa que ela está alegando possuir um (SGQ) que atende aos requisitos da ISO 9001:2000, a única norma da série ISO 9000 que pode ser usada para fins de avaliação da conformidade. O objetivo da ISO 9001:2000 é fornecer um conjunto de requisitos que, se forem bem implementados, darão mais confiança do que uma empresa é capaz de fornecer regularmente produtos e serviços que: Atendem às necessidades e expectativas de seus clientes; e estão em conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis. A empresa que escolhe seguir estas normas deverá estipular as metas a serem atingidas para conseguirem a certificação e também passará por um projeto com várias etapas para implantar a gestão de qualidade e obter o certificado ISO. O Ciclo PDCA O PDCA foi criado na década de 30 por Walter A. Shewhart. Contudo, esse método foi popularizado por William Edward Deming na década de 50, o que o tornou mundialmente reconhecido por aplicá-lo no Japão. O ciclo é constituído por quatro fases: P (plan – planejar): seleção de um processo, atividade ou máquina que necessite de melhoria, com medidas claras para obtenção de resultados; D (do – fazer): implementação do plano elaborado e acompanhamento de seu progresso; C (check – verificar): análise dos resultados 69 obtidos na execução do plano e se necessário, avaliação do plano; A (act – agir): caso tenha obtido sucesso, o novo processo é documentado e se transforma em um novo padrão. Uma vez que um problema é identificado e solucionado, o sistema produtivo passa para um patamar superior de qualidade, pois os problemas são vistos como oportunidades para melhorar o processo. O ciclo também pode ser usado para induzir melhoramentos, ou seja, melhorar as diretrizes de controle. Neste caso, na etapa inicial planeja-se uma meta a ser alcançada e um plano de ação para atingi-la, onde a ação é executada segundo a nova diretriz e é feita a verificação da efetividade do atendimento da meta. Em caso afirmativo, esta nova sistemática de ação é padronizada; em caso de não atendimento da meta, volta-se a etapa inicial e um novo método deve ser planejado. A seguir será detalhada cada uma das quatro fases do Ciclo PCDA: PLAN: Planejar o trabalho a ser realizado através de um plano de ação, após a identificação, reconhecimento das características e descoberta das causas principais do problema (projeto da garantia da qualidade); DO: Realizar o trabalho planejado, de acordo com o plano de ação (execução da garantia da qualidade, cumprimento dos padrões); CHECK: O terceiro passo do (PDCA) é a análise ou verificação dos resultados alcançados e dados coletados. Ela pode ocorrer concomitantemente com a realização do plano quando se verifica se o trabalho está sendo feito da forma devida, ou após a execução quando são feitas análises estatísticas dos dados e verificação dos itens de controle. Nesta fase podem ser detectados erros ou falhas; ACT: Atuar corretivamente sobre a diferença identificada (caso houver); caso contrário, haverá a padronização e a conclusão do plano (ações corretivas sobre os processos de planejamento, execução e auditoria; eliminação definitiva das causas, revisão das atividades e planejamento). 70 Fases de Implantação da GQT para processos Os estágios iniciais para implantação do GQT são abstratos, pois se referem a aspectos como compreensão, comprometimento e liderança, porém, são justamente esses aspectos que constituem a fundação para toda a estrutura do GQT. A partir desses aspectos é possível obter informações que a organização poderá desenvolver o sistema da qualidade a serem utilizados, quais serão os processos de medição, quais os custos da qualidade envolvidos e como mensurá- los, as ferramentas e técnicas que deverão ser utilizadas nos programas de melhorias, criação de sistemas de controle e como será feita a comunicação da qualidade. Com todos esses aspectos definidos e alinhados aos objetivos do programa, a organização pode se considerar preparada para iniciar os trabalhos em grupo para mudança da cultura. Através da educação e treinamento dos grupos, a organização, poderá chegar à implementação do programa de Gestão da Qualidade Total com sucesso. 71 Prêmio PNQ (Programa Nacional da Qualidade). O Prêmio PNQ é o reconhecimento máximo a excelência da gestão das organizações no Brasil. Ele reconhece as organizações que são referências em excelência da gestão no Brasil. O processo visa estimular o desenvolvimento do País, promover a melhoria da qualidade da gestão e o aumento da competitividade das organizações. Realizado anualmente, o ciclo de avaliação do PNQ reconhece empresas nível classe mundial e ocupa uma posição central na missão da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). O Prêmio Nacional de Qualidade é um prêmio concedido anualmente no Brasil as organizações tanto do setor privado como do público. Ele procura 72 reconhecer as práticas de excelência em gestão reconhecidas mundialmente aplicadas às empresas sediadas no Brasil. O Prêmio busca promover: entendimento dos requisitos para alcançar a excelência do desempenho e, portanto, a melhoria da competitividade, a troca de informações sobre métodos e sistemas de gestão que alcançaram sucesso e sobre os benefícios decorrentes da utilização dessas estratégias. A participação no Prêmio ocorre em uma das cinco diferentes categorias de premiação:Grandes empresas; Médias empresas; Pequenas e microempresas; Organizações sem fins lucrativos e; Órgãos da administração pública. As organizações que desejam participar necessitam elaborar um Relatório da Gestão, abordando os Itens dos Critérios de Excelência. E as organizações premiadas devem compartilhar informações sobre suas estratégias de desempenho que alcançaram sucesso e sobre os benefícios decorrentes da utilização dessas práticas. 73 74 Indicadores de Desempenho e sua Importância 7 Conhecimentos Entender o conceito de Indicadores de Desempenho. Habilidades Compreender o processo de implantação de Indicadores de Desempenho. Atitudes Desenvolver a utilização prática desses indicadores de desempenho nas metas e processos das empresas. 75 76 Introdução Algumas empresas têm uma quantidade tão grande de indicadores de desempenho que não sobra energia sequer para analisá-los e investigar as causas de perturbações no desempenho dos processos. Outras empresas “criam” indicadores apenas para “ter o que mostrar” aos auditores do Organismo de Certificação, perdendo a oportunidade de usarem estes indicadores na melhoria do negócio da empresa. Como previsto pela ISO 9001, a percepção que o cliente tem da qualidade dos produtos é um dos principais indicadores de desempenho, numa demonstração da importância da qualidade percebida no sucesso da organização. A este devem ser somados os indicadores referentes à política e objetivos da qualidade e os indicadores do desempenho dos processos do negócio. Conceituação de Indicadores de Desempenho Como o próprio nome induz, um indicador é uma métrica que sugere algo útil, relevante e que ajuda na tomada de decisões. Assim os Indicadores de Desempenho são instrumentos de gestão essenciais nas atividades de monitoramento e avaliação das organizações, pois permitem acompanhar o alcance das metas, identificar avanços, melhorias de qualidade, correção de problemas, necessidades de mudança e etc. Os Indicadores de Desempenho possuem duas funções básicas: descrever por meio da geração de informações o estado real dos acontecimentos e o seu comportamento e o caráter valorativo que consiste em analisar as informações presentes com base nas anteriores de forma a realizar proposições valorativas. No entanto, um Indicador de Desempenho não é uma métrica qualquer. Ele precisa estar diretamente orientado para a saúde operacional da empresa, ou seja, só se pode afirmar que um indicador é de desempenho quando ele melhorar e o resultado operacional da empresa também melhorar. 77 Objetivos dos Indicadores de Desempenho para Otimização do Desempenho Organizacional Indicadores fornecem, então, as informações de que a gestão da qualidade precisa para saber se a empresa está perto ou longe de alcançar suas metas e seus objetivos. É com base nesses dados, obtidos a partir dos indicadores de desempenho, que os responsáveis pela qualidade do empreendimento conseguem ditar um planejamento estratégico para melhorar a atuação tanto da equipe como da empresa como um todo no mercado. Para que esses indicadores de desempenho tenham uma contribuição significativa no controle da empresa, primeiro é necessário entender o planejamento estratégico e ter objetivos claros na hora da definição das metas que devem ser alcançadas. A partir daí, a elaboração e a gestão dos indicadores de desempenho podem ser direcionadas para o monitoramento da evolução dos resultados da empresa e servir como referência para o processo de tomada de decisão e a criação de estratégias de melhoria. Com metas claras e medição regular dos resultados, as organizações podem realizar as intervenções necessárias com base em informações pertinentes e confiáveis, à medida que ocorrem as variações entre o planejado e o realizado. Isto é fundamental na difícil tarefa de levar a empresa a alcançar resultados consistentes, assegurando a perenidade e sustentabilidade. 78 Estrutura e Uso dos Indicadores do Desempenho determinação de métrica-padrão Indicadores representam informações a partir das quais é possível avaliar uma situação e sua evolução histórica. Contudo, indicadores mal definidos podem levar a conclusões equivocadas. É claro que números absolutos podem ser bons indicadores, a depender do que se queira avaliar. Mas indicadores que relacionam diferentes métricas e medidas permitem relativizar a realidade e fazer melhores comparações, como no exemplo acima, pois embora o número de reclamações tenha crescido em termos absolutos, a situação, na verdade, melhorou. Ao definir indicadores com o objetivo de monitorar o desempenho dos processos, muitas organizações definem seus painéis de monitoramento com base em métricas que focam apenas no resultado desejado e perdem, assim, a valiosa oportunidade de monitorar não apenas o resultado do processo, mas a sua execução. Dessa forma, o resultado é conhecido apenas quando não há mais nada a se fazer para que a conclusão do processo seja favorável à organização. Dessa forma os indicadores servem para: Mensurar os resultados e gerir o desempenho; Embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo tomada de decisão; Contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais; Facilitar o planejamento e o controle do desempenho; Viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização. Os indicadores precisam ter uma série de características que chamamos aqui de “requisitos do indicador”. Eles se complementam e todos são importantes e representativos dentro da definição dos indicadores. 79 Os principais requisitos são: Disponibilidade: facilidade e disponibilidade de acesso para coleta; Simplicidade: facilidade de ser compreendido; Baixo custo de obtenção. Adaptabilidade: capacidade de respostas às mudanças; Estabilidade: permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica; Rastreabilidade: facilidade de identificação da origem, registro e manutenção dos dados; Representatividade: atender às etapas críticas dos processos. Um bom painel de monitoramento deve conter indicadores direcionadores e indicadores de resultados de forma. O Ciclo de Vida de Indicadores de Desempenho O Ciclo de Vida de Indicadores de Desempenho acontece através de fases apresentadas a seguir: A primeira é o objetivo do indicador de desempenho, que tem como finalidade estimular a discussão sobre a importância do indicador sob o ponto de vista gerencial. A segunda característica é o objeto de interesse do indicador de desempenho, também conhecido como unidade de observação ou unidade de análise. Os indicadores devem ser concebidos para medir o objeto que se destina medir. Do contrário, pode haver informações irrelevantes. Além disso, outro problema que pode acontecer quando se negligencia a unidade de observação são comparações errôneas, pois, corre-se o risco de comparar indicadores de diferentes níveis de agregação. A terceira é o tipo de medida, que pode ser: qualitativa ou quantitativa; de resultado ou de tendência; financeira ou não financeira; e tática (orientada ao curto prazo) ou estratégica (orientada ao longo prazo). 80 Por fim, a última é o alinhamento entre as métricas, ou seja, na maior parte das medidas de desempenho é possível estabelecer uma relação de causa e efeito e, esta relação, auxilia o processo de tomada de decisão, pois se pode chegar com maior facilidade aos problemas raízes. Balanced Scorecard O Balanced Scorecard, também conhecido como (BSC), é uma
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