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A IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL

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FACULDADE DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE
FAVENI
ENFERMAGEM EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
SIRLEIA MARIA DA SILVEIRA
A IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL 
E O PAPEL DA ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA À MULHER GESTANTE
VIANA
2021
A IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL 
E O PAPEL DA ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA À MULHER GESTANTE
Sirleia Maria da Silveira[footnoteRef:1] [1: sirleiasilveirabraga@hotmail.com] 
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
RESUMO - Este trabalho contextualiza a importância do pré-natal e o papel da enfermagem na assistência à mulher gestante. Para isto, aborda sobre humanização da atenção à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde, enfatizando o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), programa elaborado pelo Ministério da Saúde com intuito de prestar um atendimento digno de qualidade as mulheres gestantes e aos recém-nascidos. Além deste Programa, o trabalho descreve sobre a implantação do Pacto Nacional pela Redução da Morte Materna e Neonatal, o qual foi implantado para o enfrentamento da problemática morte materna e neonatal, de forma que diversos atores sociais sejam envolvidos neste processo, para garantir que as políticas nacionais sejam, na integra, executadas, e que possam responder às reais necessidades locais da população de gestantes. 
Ainda neste trabalho, descreve a importância do papel da equipe multiprofissional frente à assistência ao pré-natal, que porventura, exercem atribuições fundamentais que contribuem para o desenvolvimento e bem-estar do bebê em todo o período da gestação. Assim, enfatiza, as intervenções da equipe de enfermagem, as quais promovem a melhora da assistência das gestantes nas consultas, resultando em um significativo aumento de demanda de Pré-Natais, atingindo assim, no mínimo 6 (seis) consultas de cada gestante – preconizado pelo Ministério da Saúde, ou 8 (oito) consultas, um novo modelo de Atendimento Pré-Natal (APN) recomendado pelo Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2016, isto porque, a assiduidade nas consultas pré-natais diminuem os índices de doenças e mortalidade materna e perinatal. 
Palavras chaves: Pré-natal. Saúde da Mulher. Atenção Básica. Enfermagem.
1 INTRODUÇÃO	
No Brasil, desde a década de 1990, as taxas de mortalidade materna e perinatal vem sofrendo redução significativa, em consequência das iniciativas de ampliação, qualificação e humanização da atenção à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. Inciativas estas, elaboradas pelo Ministério da Saúde, como por exemplo, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) criada em 1984, e no mesmo ano, a implantação dos Comitês Estaduais de Morte Materna, o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) criando em 2000 e o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, criado em 2004. Todavia, as taxas por causas obstétricas diretas, infelizmente, representam um grande desafio para o sistema de saúde brasileiro a ser enfrentado, ainda predominaram as mortes diretas causadas por doenças hipertensivas e as síndromes hemorrágicas (BRASIL, 2004).
 Nota-se ainda, que as causas por morte indiretas, estão diretamente associadas a resistência ao comparecimento nas consultas do pré-natal. Esta resistência dificulta a realização de um pré-natal de qualidade e provoca uma série de problemas como, parto prematuro, doenças transmissíveis, baixo peso, hipertensão pré-existente, doenças cardíacas e renais pré-existentes ou adquiridas, tétano, entre outras. Diante desta realidade, torna-se necessário a implementação mais efetiva das ações de saúde voltadas a redução da mortalidade materna e perinatal no país, tanto de mortes maternas obstétricas diretas quanto de mortes maternas obstétricas indiretas (BRASIL, 2009).
Para que as ações atingem de fato o público-alvo e a assistência pré-natal seja adequada, o Ministério da Saúde investe em progressiva expansão do processo de organização dos serviços de atenção básica nos municípios e capacita as equipes multidisciplinares para que possam oferecer um atendimento de qualidade, integral e humanizado à toda população de gestantes, desde as consultas de pré-natal realizadas na Atenção Básica – Unidade Básica de Saúde (UBS) até na assistência ao parto, realizados nos hospitais vinculados a saúde da mulher (BRASIL, 2004).
Assim, a equipe da USB promove diversas atividades, envolvendo os aspectos psicossociais, preventivas e educacionais. As intervenções da equipe de enfermagem, contribuem em um significativo aumento de demanda de Pré-Natais (aumento no número de consultas de cada gestante) e na redução dos índices de doenças e mortalidade materna e perinatal (ZAMPARI, 2019, p. 6).
Em relação ao Atendimento Pré-Natal (APN), a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda pelo menos 8 (oito) contatos de APN durante a gestação para melhorar os resultados perinatais. Além disso preconiza que a equipe multidisciplinar ofereça informações relevantes e oportunas, dando apoio psicossocial e moral as gestantes, com o objetivo de proporcionar um atendimento humanizado e em perfeito funcionamento (OMS, 2016).
A partir destes fatos, este trabalho tem como objetivo apresentar a importância do pré-natal, e consequentemente, destacar o papel dos profissionais da área da enfermagem na prevenção e promoção da saúde da mulher, sobretudo, na assistência ao pré-natal. Para desenvolver de melhor forma possível sobre este tema o referencial teórico, está dividido em 4 (quatro) subtópicos: 
O primeiro subtópico aborda sobre os programas direcionados à saúde da mulher, desta forma, apresenta de forma sucinta a implantação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) no Brasil e do Pacto Nacional pela Redução da Morte Materna e Neonatal. O Segundo subtópico aborda sobre a importância do acompanhamento Pré-natal, o qual é fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, um acompanhamento adequado permite um desenvolvimento saudável do bebê e reduz os riscos da gestante.
No terceiro subtópico, está relacionado a organização e planejamento dos serviços voltados a assistência ao pré-natal, assim, descreve-se sobre quais são os procedimentos que acontecem durante o acompanhamento do pré-natal, identificando assim, a rotina da primeira consulta (anamnese), além de ressaltar sobre a importância da continuidade das consultas subsequentes e do cuidado da saúde bucal na gestação. Por fim, o quarto subtópico, descreve sobre o papel da enfermagem na assistência à mulher gestante, contextualiza brevemente, sobre o decreto nº 94.406/87 do Conselho Federal de Enfermagem, que é respaldado pela Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências. Portanto, neste tópico identifica quais são as atividades que os enfermeiros exercem, e destaca-se, principalmente as atribuições dos enfermeiros relacionadas à assistência pré-natal de baixo risco.
2 DESENVOLVIMENTO
Esta pesquisa tem caráter exploratório e descritivo. Foi utilizada como metodologia para este estudo a revisão bibliográfica sobre o tema “A importância do Pré-natal e o papel da enfermagem na assistência à mulher gestante”. Conforme Gil, 
Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridadecom o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A maioria dessas pesquisas envolve: levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. As pesquisas podem ser classificadas como: pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. (GIL, 2007, p.87). 
Os estudos exploratórios foram realizados através de levantamento bibliográfico, os quais nos levam a uma melhor compreensão sobre o assunto. A análise contextual está vinculada a trabalhos, artigos científicos, programas federais, leis federais, entre outros, publicados no período de 1984 a 2019. Como fonte de pesquisa foi utilizada trabalhos, artigos científicos, programas federais, leis federais, entre outros materiais disponíveis na Internet. A princípio, foi realizado um levantamento em periódicos científicos indexados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e na Biblioteca Virtual Eletrônica Científica Online (SciELO), bem como site do Ministério da Saúde (MS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). 
Cabe ressaltar ainda, que este trabalho tem o objetivo central de delinear a importância do pré-natal na atenção básica e destacar o papel dos profissionais da enfermagem na assistência à mulher gestante. Para isto, torna necessário apresentar o contexto histórico da implantação do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) e do Programa Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal. E para entender melhor sobre o pré-natal e o trabalho dos profissionais da enfermagem, este trabalho identifica os procedimentos adotados na primeira consulta e nas consultas subsequentes, bem como explicita sobre as intervenções dos enfermeiros que atuam na atenção pré-natal de baixo risco.
2.1 A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL E NASCIMENTO (PHPN) NO BRASIL
Na década de 80, foi elaborado pelo Ministério da Saúde, o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), abrangendo os princípios e diretrizes das pospostas de descentralização, regionalização e hierarquização dos serviços, bem como os princípios da integralidade e da equidade consolidados no Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Ministério da Saúde,
O novo programa para a saúde da mulher incluía ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando a assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional das mulheres (BRASIL, 1984, p. 10).
Todavia, mesmo com a existência do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), a assistência à saúde da mulher no Brasil, ainda enfrentava diversos desafios, entre eles: elevadas taxas de mortalidade por causas evitáveis, como por exemplo, causas evitáveis por diagnóstico e tratamento precoces; causas evitáveis por medidas preventivas (vacinação, infeções sexualmente transmissíveis IST, pressão arterial, diabetes gestacional, tratamento odontológico, etc.), causas evitáveis por medidas de saneamento básico e causas evitáveis por aplicação de conjunto de medidas (sociais, diferentes níveis de atenção médica). Além das taxas crescentes de mortalidade por causas evitáveis, outras questões a serem enfrentadas eram a saúde reprodutiva da mulher e a violência contra a mulher (SERRUYA; LAGO; CECATTI, p. 270, 2004).
Para o enfrentamento destes desafios, o Ministério da Saúde sistematizou três linhas principais de ações: reduzir a mortalidade por causas evitáveis, melhorar a saúde reprodutiva da mulher, e combater a violência contra a mulher. Desta forma, para a melhoria da assistência à mulher gestante, a Secretaria de Assistência à Saúde criou um plano estratégico que englobou três etapas: 
A primeira etapa, teve como prioridade, incentivar a mulher a realizar o parto normal, e reduzir o percentual máximo de cesárias, conforme a portaria MS/GM 2.816, de 29 de maio de 1998. A segunda etapa estava relacionada a melhorar e organizar a assistência às mulheres com maior risco obstétrico, para isto, foi instituído o Programa de Apoio à Implantação de Sistema Estadual de Referência Hospitalar para a gestação de alto risco (Portaria MS/GM 2.817, de 28 de maio de 1998). E a terceira etapa, tratava da atenção no pré-natal e ao parto. Esta etapa tinha como objetivo focar na qualidade da assistência, ao acesso dos serviços prestados e na humanização da atenção às mulheres gestantes. Portanto estas três etapas, tinham a finalidade de diminuir a morbimortalidade materna e melhorar os resultados perinatais, fundamentadas no eixo central da humanização (SERRUYA; LAGO; CECATTI, p. 270, 2004).
A partir deste contexto, o Ministério da Saúde lançou o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) para trazer melhorias na assistência obstétrica. Este programa surge para dar um atendimento digno de qualidade as mulheres gestantes e aos recém-nascidos. Este atendimento é um direito inalienáveis da cidadania. De acordo com a Portaria nº 569, de 1º de junho de 2000:
Considerando que o acesso das gestantes e recém-nascidos a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto, puerpério e período neonatal são direitos inalienáveis da cidadania; Considerando a necessidade de ampliar os esforços no sentido de reduzir as altas taxas de morbi-mortalidade materna, perinatal e neonatal registradas no país; Considerando a necessidade de adotar medidas destinadas a assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério e da assistência neonatal (BRASIL, 2000);
Entende-se que, o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), foi instituído pelo Ministério da Saúde em 1 de junho de 2000 (Portaria 569, publicada no Diário Oficial da União em oito de junho de 2000, na seção 1, página 4), foi constituído para atender as necessidades de atenção específica à gestante, ao recém-nascido e à mulher no período pós-parto, e objetiva-se reduzir as altas taxas de morbi-mortalidade materna e perinatal. Portanto, este programa veio para trazer a melhoria da assistência ao parto, puerpério e neonatal, bem como trazer a melhoria da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal (BRASIL, 2000).
	A Filosofia do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento, está diretamente relacionada à humanização da assistência obstétrica e neonatal. Existem diversos aspectos fundamentais para compreender as ações da humanização. Porém destacam-se dois principais deles: o primeiro está associado à adoção de uma postura solidaria e ética por parte da equipe multiprofissional da Atenção Básica de Saúde (ABS), uma vez que, estes profissionais estão na linha de frente ao atendimento à mulher gestante, desta forma é necessário acolher com dignidade, buscar organizar de melhor maneira o atendimento e adotar condutas éticas. O segundo aspecto fundamental para exercer a humanização refere-se à adoção de medidas caritativas para o acompanhamento do pré-natal, do parto e do pós-parto, e para isto, os profissionais da unidade de saúde precisam evitar práticas intervencionistas supérfluas que não beneficiam a mulher, nem o recém-nascido (SERRUYA; LAGO; CECATTI, p. 276, 2004).
Sabe-se que o Programa está compreendido em um projeto de aperfeiçoamento da assistência obstétrica universal. O PHPN contempla outras instâncias da gestão, e são necessárias para a implantação dos objetivos pautados pelo Ministério da Saúde. Desse modo, o Art. 3º da Portaria GM Nº 569, de 1º de junho de 2000, estabelece três componentes:
Art. 3º Estabelecer que o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento seja constituído pelos seguintes componentes, regulamentados em ato próprio do Ministério da Saúde: a - Componente I - Incentivo à Assistência Pré-natal; b - Componente II -Organização, Regulação e Investimentos na Assistência Obstétrica e Neonatal; c - Componente III - Nova Sistemática de Pagamento da Assistência ao Parto (BRASIL, 2000);
Além do PHPN, o Ministério da Saúde propôs em 2004 a adoção do Pacto Nacional pela Redução da Morte Materna e Neonatal. Foi implantado para o enfrentamento da problemática morte materna e neonatal, de forma que diversos atores sociais sejam envolvidos neste processo, para garantir que as políticas nacionais sejam, na integra, executadas, e que respondem às reais necessidades locais da população de gestantes (BRASIL, 2004).
Segundo dados estatísticos do Ministério da Saúde, desde 1990 até 2007, o Brasil teve uma redução expressiva na mortalidade materna. Em 1990, a Razão de mortalidade Materna (RMM) era de 140 óbitos por 100 mil nascidos vivos (NV), enquanto em 2007, foi registrado um declínio de 75 óbitos por 100 mil NV. Diante dos fatos, pode afirmar que ocorreu uma diminuição de aproximadamente a metade de mortes materna (BRASIL, 2013). 
Essa diminuição da taxa de mortalidade materna é reflexo das iniciativas de ampliação, qualificação e humanização da atenção à saúde da Mulher, incluindo a implantação do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), do aumento de números de consultas de cada gestante, do Pacto Nacional pela Redução da Morte Materna e Neonatal, assim como a regulamentação de ações de Vigilância de Óbitos Maternos, que podem estar relacionados aos avanços observados na redução das mortes por causas obstétricas diretas (BRASIL, 2013).
Cabe explicitar ainda, o conceito básico de morte materna obstétrica direta e indireta. Segundo o Ministério da Saúde,
Morte materna obstétrica direta é aquela que ocorre por complicações obstétricas durante gravidez, parto ou puerpério devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos resultantes de qualquer dessas causas mencionadas (BRASIL, 2009, p.12).
As causas por mortes diretas correspondem aos óbitos codificados na Classificação Internacional de Doenças (CID 10), tais como: Gravidez ectópica, mola hidatiforme e aborto e as complicações destes agravos (infecções, hemorragias), hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, eclampsia, tromboses, infecções puerperais e por outras causas, diabetes mellitus gestacional, entre outras doenças hipertensiva. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), 
As causas diretas com maior frequência são toxemia gravídica (30% das mortes); hemorragias ligadas à gestação, parto e puerpério (18%) e infecções
puerperais (15%). “As mortes decorrentes de aborto respondem por 12% dos óbitos maternos, sendo 25% em virtude das demais causas. Estando associada à frequência importante de gestações de risco (45%), mais comumente observadas nas áreas rurais (59%), onde há menor acesso a serviços de saúde” (OPAS, 1998).
E o conceito básico de morte obstétrica indireta, segundo o Ministério da Saúde, “é aquela resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se desenvolveram durante esse período, não provocadas por causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez” (BRASIL, 2009, p.12).
As mortes maternas obstétricas indiretas correspondem aos óbitos codificados na CID 10, tais como: Tétano, desnutrição na gravidez, hipertensão pré-existente, doenças cardíacas e renais pré-existentes ou adquiridas, diabetes mellitus pré-existente, doenças infecciosas e parasitárias complicando a gravidez, anemia, doenças endócrinas, AIDS, entre outras (BRASIL, 2009, p.12).
É relevante ressaltar que as mortes maternas obstétricas indiretas estão diretamente associadas às mulheres já portadoras de algumas doenças e, portanto, devem ser consideradas gestantes de risco, e devem ser acompanhadas pela equipe multidisciplinar com mais cuidado e atenção, neste sentido, afirma-se a importância do acompanhamento pré-natal (BRASIL, 2009, p.12).
2.2 A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL 
	O acompanhamento pré-natal tem a finalidade essencial de assegurar o desenvolvimento do bebê em todas as etapas da gestação, pois a desde a concepção até ao parto, cada semana que passa representa um progresso de extrema importância na formação do feto, esse acompanhamento permite o parto de um recém-nascido saudável, e sem nenhum impacto para a saúde da mãe, além disso, aborda aspectos psicossociais e promove atividades preventivas e educacionais. 
Durante a realização do pré-natal, é imprescindível que as informações sobre as diferentes circunstâncias da gestação devem ser trocadas entre mulheres gestantes e os profissionais da Unidade Básica de Saúde (USB). “Essa possibilidade de intercâmbio de experiências e conhecimentos é considerada a melhor forma de promover a compreensão do processo de gestação, afirma o Ministério da Saúde”. E ainda sobre a importância da realização do pré-natal o Ministério da Saúde completa que “a realização do pré-natal representa papel fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante” (BRASIL, 2016). 
	É preciso salientar que o acesso à assistência ao pré-natal teve um aumento significante no Brasil, de acordo com os dados do DATASUS,
O número de gestantes sem qualquer consulta de pré-natal passou de 10,7% em 1995 para apenas 2% no ano de 2009. No mesmo período, a proporção de gestantes com sete ou mais consultas aumentou de 49,0% para 58,5% (DATASUS, 2006).
Esse aumento à assistência ao pré-natal é resultado dos programas voltados à saúde da mulher gestante e à saúde do recém-nascimento, como por exemplo o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), e entre outros. A partir da implementação dos diversos programas, o Ministério da Saúde “subsidia processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas públicas e ações de saúde voltadas para a atenção pré-natal, o parto e a atenção à saúde da criança” (DATASUS, 2006).
Assim, os cuidados assistenciais no primeiro trimestre são utilizados como um indicador maior da qualidade dos cuidados da mulher gestante, desta forma, para ter uma assistência adequada, é necessário que seja realizado precocemente o acompanhamento do pré-natal.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número adequado seria igual ou superior a 8 (oito). Pode ser que, mesmo com um número mais reduzido de consultas (porém, com maior ênfase para o conteúdo de cada uma delas) em casos de pacientes de baixo risco, não haja aumento de resultados perinatais adversos. “As novas diretrizes indicam que mulheres devem ter seu primeiro contato com o atendimento médico especializado durante as 12 primeiras semanas de gestação, com visitas subsequentes na 20ª,26ª, 30ª, 34ª, 36ª, 38ª e 40ª semanas” (OMS. 2016).
O acompanhamento do pré-natal ocorre por consultas médicas na Unidade Básica de Saúde (UBS). As consultas são marcadas mensalmente, até a 28ª semana, logo, as consultas passam ser marcadas quinzenalmente entre 28ª e 36ª semanas de gestação. No final da gestação, as consultas médicas passam a ser marcadas semanalmente, e se tiver qualquer intercorrência, a gestante é atendida de imediato na UBS e encaminhada a maternidade de referência. O pré-natal não possui alta médica. Quando o parto não ocorre até a 41ª semana, se faz necessário encaminhar a gestante para uma avaliação do bem-estar fetal. No exame solicitado, o médico consegue avaliar o índice do líquido amniótico e o monitoramento cardíaco do bebê. De acordo com o Ministério da Saúde,
Estudos clínicos randomizados demonstram que a conduta de induzir o trabalho de parto em todas as gestantes com 41 semanas de gravidez é preferível à avaliação seriada do bem-estar fetal, pois se observou menor risco de morte neonatal e perinatal e menor chance de cesariana no grupo submetido à indução do parto com 41 semanas (BRASIL, 2013, p.62).
Para que as gestantes possam ter um acesso à assistência pré-natal de qualidade e com práticas humanizadas, a equipe multiprofissional promove diversasatividades, envolvendo os aspectos psicossociais, preventivas e educacionais. Destaca-se, as intervenções da equipe de enfermagem, as quais resultam em um significativo aumento de demanda de Pré-Natais (atingindo no mínimo oito consultas de cada gestante), e consequentemente contribuem na redução dos índices de doenças e mortalidade materna e perinatal (ZAMPARI, 2019, p. 6).
O modelo de Atendimento Pré-Natal (APN) de 2016, descrito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como a finalidade proporcionar às mulheres gestantes atendimento individualizado, respeitoso e centralizada, bem como garantir que cada consulta possa oferecer as práticas clínicas eficazes e integradas (intervenções e exames). Além disso preconiza que a equipe multidisciplinar – com boas habilidades clínicas e interpessoais – ofereça informações relevantes e oportunas, dando apoio psicossocial e moral as gestantes, com o objetivo de proporcionar um atendimento humanizado e em perfeito funcionamento (OMS, 2016).
2.3 ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DOS SERVIÇOS VOLTADOS A ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
A principal porta de entrada para ter o direito à assistência ao Pré-natal do Sistema Único de Saúde (SUS), é a Unidade Básica de Saúde (UBS). A USB é o eixo estratégico para melhor acolher as necessidades das gestantes, pois proporciona um acompanhamento longitudinal e contínuo durante a gravidez (BRASIL, 2013).
	As atividades e ações de saúde realizada na Atenção Básica são organizadas e planejadas pela equipe multiprofissional. Cabe reiterar que, a equipe multidisciplinar deve iniciar a oferta dos serviços em saúde relacionados ao cuidado materno-infantil. De acordo com o Ministério da Saúde, 
A equipe precisa conhecer ao máximo a população adscrita de mulheres em idade fértil e, sobretudo, aquelas que demonstram interesse em engravidar e/ou já têm filhos e participam das atividades de planejamento reprodutivo. Quanto maior vínculo houver entre a mulher e a equipe, quanto mais acolhedora for a equipe da UBS, maiores serão as chances de aconselhamentos pré-concepcionais, detecção precoce da gravidez e início precoce do pré-natal (BRASIL, 2013, p.37).
Os serviços ofertados pela esta equipe são organizados em forma de atender, sobretudo, os princípios da integralidade. Em relação a assistência integral à saúde da mulher, em específico a assistência pré-natal, é preciso que a equipe da UBS se organize corretamente para que consigam prestar um real atendimento as necessidades das mulheres gestantes, seja por meio dos conhecimentos técnico-científicos existentes, seja por meio de recursos disponíveis mais adequados para cada caso (BRASIL, 2013).
As atividades e ações organizadas e planejadas devem abranger principalmente a população-alvo das respectivas UBS, e precisa assegurar no mínimo, 6 (seis) consultas relacionadas a assistência ao pré-natal, bem como assegurar a continuidade no atendimento, no acompanhamento e na avaliação, das ações sobre a saúde materna e perinatal. Conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde, “toda gestante tem o direito de fazer pelo menos seis consultas durante toda a gravidez para que se tenha uma gestação saudável e um parto seguro” (BRASIL, 2013).
Porém, com o Modelo Atendimento Pré-natal (APN) de 2016, elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o número adequado seria igual ou superior a 8 (oito). Pode ser que, mesmo com um número mais reduzido de consultas (porém, com maior ênfase para o conteúdo de cada uma delas) em casos de pacientes de baixo risco, não haja aumento de resultados perinatais adversos. “As novas diretrizes indicam que mulheres devem ter seu primeiro contato com o atendimento médico especializado durante as 12 primeiras semanas de gestação, com visitas subsequentes na 20ª,26ª, 30ª, 34ª, 36ª, 38ª e 40ª semanas” (OMS. 2016).
 2.4 O PAPEL DA ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA À MULHER GESTANTE
	A partir da otimização do Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN), a assistência pré-natal proporciona as gestantes um atendimento humanizado, promove a redução dos índices de mortalidade das mulheres em decorrência do período gestacional, permite a detecção precoce de alterações com a mãe e a criança, bem como viabiliza melhoria na qualidade de vida materno-infantil. O pré-natal significa um acompanhamento das gestantes durante toda a sua gestação, é um momento único que proporciona trocas de experiências e informações entre a mulher, parceiro (a) e a equipe multiprofissional da Unidade Básica de Saúde (BAPTISTA; DUTRA, 2015).
Conforme o Ministério da Saúde, o principal objetivo da atenção pré-natal e puerperal é “acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando no fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal” (BRASIL, 2004).
Essa assistência ao pré-natal também é realizada pelos profissionais da área da enfermagem. Estes profissionais atuam na linha de frente pelo Programa Saúde da Família (PSF). Eles desenvolvem seu processo de trabalho em duas dimensões essenciais: na unidade de saúde, junto à equipe de profissionais, e na comunidade, apoiando e supervisionando o trabalho dos Agente Comunitário de Saúde (ACS), bem como assistindo às pessoas que necessitam de atenção de enfermagem (BRASIL, 2007).
O exercício profissional da equipe de enfermagem está presente em todo o processo de assistência ao pré-natal, inicia-se a partir da territorialização, mapeamento da área de atuação da equipe, identificação das gestantes, atualização contínua de informações, na organização e planejamento dos serviços voltados ao pré-natal (BAPTISTA; DUTRA, 2015).
As atribuições dos enfermeiros em relação a assistência pré-natal, começa antes mesmo que a gestante acesse a UBS. Estes profissionais já iniciam com a oferta de ações em saúde referente a linha de cuidado materno-infantil. Para isto, a equipe precisa conhecer o território de abrangência referente a Unidade Básica de Saúde, e deve conhecer a população de mulheres em idade fértil, e principalmente, aquelas mulheres que demonstram um grande interesse em engravidar, e/ou já tem filhos e participam das atividades educativas e de planejamento reprodutivo. Os enfermeiros emergem como profissionais habilitados para assistir à gestação de baixo risco, em face disto, a atuação desses profissionais frente a assistência à mulher gestante é de suma importância para todo o desenvolvendo e bem-estar do bebê (BAPTISTA; DUTRA, 2015).
A profissão dos enfermeiros é regulamenta pela Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências. De acordo com o Art. 11 – o Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, mas destaca-se: 
Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II do art. 6º desta lei incumbe, ainda: a) assistência à parturiente e ao parto normal; b) identificação das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico; c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária (BRASIL, 1986)
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O Exercício Profissional da Enfermagem é respaldado pelo decreto nº 94.406/87 do Conselho Federal de Enfermagem, - e que este, é regulamentado pela Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Em síntese, o profissional da área de enfermagem está autorizado a realizar a consulta pré-natal básica, a proceder a consulta de enfermagem, a prescrição de enfermagem, a prescrição medicamentosa, a assistência durante o parto, puerpério, além de atividades educativas em saúde (COFEN, 1987).
 	Segundo Ministério da Saúde (2004), são atribuições dos enfermeiros na assistência Pré-natal: Orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da vacinação; Realizar a consulta de pré-natal de gestação de baixo risco intercalada com a presença do(a) médico(a); Solicitar exames complementares de pré-natal; Prescrever medicamentos padronizados para o programa de pré-natal (sulfato ferroso e ácido fólico, além de medicamentos padronizados para tratamento dasDST); Realizar o cadastramento da gestante no SisPreNatal e fornecer o Cartão da Gestante devidamente preenchido; Orientar a vacinação das gestantes; Identificar as gestantes com algum sinal de alarme e/ou identificadas como de alto risco e encaminhá-las para consulta médica; Realizar visitas domiciliares durante o período gestacional e puerperal, acompanhar o processo de aleitamento; Desenvolver atividades educativas, individuais e em grupos; Orientar as gestantes e a equipe quanto aos fatores de risco e à vulnerabilidade; Orientar as gestantes sobre a assiduidade das consultas;
O acompanhamento do pré-natal começa a partir da primeira consulta, realizada na Unidade Básica de Saúde do Sistema Único de Saúde, tanto pelo enfermeiro quanto pelo médico. A primeira consulta, é realizada a anamnese, isto quer dizer que, a equipe da USB deve pesquisar os aspectos socioepidemiológicos, ginecológicos e obstétricos, situação da gravides atual, bem como os antecedentes familiares e pessoais gerais. Portanto nesta primeira etapa a equipe multidisciplinar realiza um registro de dados obtidos numa conversa inicial com a paciente, bem como realiza o histórico clinico, exame físico geral e os exames complementários (BRASIL, 2013).
Outro fator importante acrescentar na primeira consulta é a entrega do Cartão da Gestante, que durante todo o acompanhamento do pré-natal, serão feitas anotações necessárias. Além deste cartão que terá as devidas anotações, o médico não pode deixar de realizar as anotações no prontuário da Unidade de Saúde, Ficha Clínica de Pré-natal (BRASIL, 2013).
Passado a primeira consulta, a equipe da Unidade de Saúde, já faz o agendamento do próximo retorno. Sendo assim, até 28ª semanas, as consultas ocorrem mensalmente. As consultas passam ser marcadas quinzenalmente entre 28ª e 36ª semanas de gestação. No final da gestação, as consultas médicas passam a ser marcadas semanalmente, e se tiver qualquer intercorrência, a gestante é atendida de imediato na UBS e encaminhada a maternidade de referência. De acordo com o Ministério da Saúde, devem ser realizados os seguintes procedimentos:
Anamnese atual sucinta: deve-se enfatizar a pesquisa das queixas mais comuns na gestação e dos sinais de intercorrências clínicas e obstétricas, com o propósito de se reavaliar o risco gestacional e de se realizar ações mais efetivas; Exame físico direcionado (deve-se avaliar o bem-estar materno e fetal); Verificação do calendário de vacinação; deve-se avaliar o resultado dos exames complementares; devem ser feitas a revisão e a atualização do Cartão da Gestante e da Ficha de Pré-Natal (BRASIL, 2013. P. 70).
Neste sentido, nas consultas subsequentes, a equipe multidisciplinar executa outras tarefas: Controles maternos; Controles fetais; Vacinação (Vacina dupla do tipo adulto – dT difteria e tétano; DTpa – tríplice bacteriana acelular do tipo adulto; Vacina Contra Hepatite B); Vacina da Influenza. Cabe ressaltar ainda, que é necessário durante as consultas subsequentes de pré-natal, orientar a gestante para os serviços de saúde bucal, uma vez que, o estado da saúde bucal apresentado durante a gravidez, pode influenciar na saúde geral e bucal do bebê (BRASIL, 2013).
É preciso salientar que estes profissionais possuem boas habilidades clínicas e interpessoais – oferecem informações relevantes e oportunas, dando apoio psicossocial e moral as gestantes, com o objetivo de proporcionar um atendimento humanizado e em perfeito funcionamento. Nas palavras dos autores,
A atuação do enfermeiro no pré-natal deve dar especial atenção aos órgãos dos sentidos como um dos instrumentos utilizados na prestação de um cuidado sensível, facilitador da aproximação entre o cuidador e o cliente. Saber utilizar os cinco sentidos com sensibilidade é requisito primordial no trabalho com a mulher grávida, dada a sensibilidade emocional por ela manifestada (DUARTE; ANDRADE, 2006, p. 123).
Portanto, estes profissionais possuem, autonomia, atitudes, habilidades e conhecimentos necessários para o exercício qualificado de sua profissão. E no que tange a assistência pré-natal, estes profissionais são responsáveis por conduzir e acompanhar a mulher durante o ciclo gravídico através dos programas de atenção básica, como por exemplo o programa Estratégia Saúde da Família (ESF) (BAPTISTA; DUTRA, 2015).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho fundamentou-se em literaturas bibliográficas a respeito da importância do pré-natal e o papel da enfermagem na assistência à mulher gestante. A partir destas leituras, entende-se o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta diversos desafios acerca da atenção à saúde da mulher, em especial na atenção obstétrica. Estes desafios estão associados as elevadas taxas de mortalidade por causas evitáveis, a saúde reprodutiva da mulher e a violência contra a mulher. Para o enfrentamento destes, o Ministério da Saúde (MS), sistematizou três linhas principais de ações: reduzir a mortalidade por causas evitáveis, melhorar a saúde reprodutiva da mulher, e combater a violência contra a mulher (SERRUYA; LAGO; CECATTI, 2004).
Logo, foram implantadas iniciativas de ampliação, qualificação e humanização da atenção à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde, incluindo o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) criando em 2000 e o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, criado em 2004. Essas iniciativas tiveram como prioridade: incentivar a mulher a realizar o parto normal, reduzir o percentual máximo de cesárias, melhorar e organizar a assistência às mulheres com maior risco obstétrico, e sobretudo, focar na qualidade da assistência, ao acesso dos serviços prestados e na humanização da atenção às mulheres gestantes (SERRUYA; LAGO; CECATTI, 2004).
Vale reiterar que Brasil atingiu uma significativa redução na taxa de mortalidade materna e perinatal a partir da implantação destas iniciativas. Nota-se que o PNPH intensificou o acesso a assistência Pré-Natal de qualidade e humanizado, bem como permitiu que, diversos atores sociais sejam envolvidos neste processo, para garantir que as políticas nacionais sejam, na integra, executadas, e que respondem às reais necessidades locais da população de gestantes.
O PNPH tem por objetivo o desenvolvimento de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde de gestantes e recém-nascidos, promovendo a ampliação do acesso a estas ações, o incremento da qualidade e da capacidade instalada da assistência obstétrica e neonatal bem como sua organização e regulação no âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2000).
Neste sentido, sua finalidade é assegurar o desenvolvimento e o bem-estar do bebê em todas as etapas da gestação, oferecendo as gestantes um acesso à assistência pré-natal de qualidade e com práticas humanizadas, bem como qualificar e orientar a equipe multiprofissional sobre o Atendimento Pré-natal (APN) (BRASIL, 2004).
Para que as ações atingem de fato o público-alvo e a assistência pré-natal seja adequada, o Ministério da Saúde investe em progressiva expansão do processo de organização dos serviços de atenção básica nos municípios e busca cada vez mais qualificar e orientar as equipes multidisciplinares para oferecer um atendimento de qualidade, integral e humanizado à toda população de gestantes, desde as consultas de pré-natal realizadas na Atenção Básica – Unidade Básica de Saúde (UBS) até na assistência ao parto BRASIL, 2004).
No que se refere a equipe multiprofissional, este trabalho enfatiza as atribuições principalmente dos enfermeiros, fundamentadas na Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências e pelo respaldado do decreto nº 94.406/87 do Conselho Federal de Enfermagem. Todavia, foram identificados, principalmente o Exercício Profissional da Enfermagem no âmbito da assistência pré-natal (BRASIL, 1986).
Neste sentido, o trabalho explicitou a importância da atuação dos enfermeiros no Programa Saúde da Família (PSF). De acordo com o Ministério da Saúde, o profissionalde enfermagem atuante no PSF possui dois campos essenciais,
Este profissional desenvolve seu processo de trabalho em dois campos essenciais: na unidade de saúde, junto à equipe de profissionais, e na comunidade, apoiando e supervisionando o trabalho dos ACS, bem como assistindo às pessoas que necessitam de atenção de enfermagem (BRASIL, 1997)
Esses profissionais participam de todo o processo de organização, programação e planejamento das ações de trabalho das unidades de Saúde da Família. Neste sentido, elaboram o plano de assistência na consulta de enfermagem pré-natal, para que possam identificar e priorizar as intervenções, orientações e encaminhamentos a outros serviços. A partir desse planejamento e organização dos serviços, os enfermeiros promovem a interdisciplinaridade das ações, integralizando os serviços da enfermagem com a odontologia, medicina, nutrição e psicologia. Além disto, são estes profissionais que promovem diversas atividades, envolvendo os aspectos psicossociais, preventivas (planejamento familiar) e educacionais (DUARTE; ANDRADE, 2006).
Essas atividades organizadas em grupo são uma das metodologias utilizadas pelo enfermeiro que atua no Programa Saúde da Família, com a finalidade de estimular as futuras mães, dar a continuidade do acompanhamento pré-natal. Logo, essas intervenções da equipe de enfermagem resultam em um significativo aumento de demanda de Pré-Natais (aumento no número de consultas de cada gestante) e consequentemente contribuem na redução dos índices de doenças e mortalidade materna e perinatal (ZAMPARI, 2019, p. 6).
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 2011. São Paulo: Edições 70.
BAPTISTA, Rosilene Santos; DUTRA, Michelinne Oliveira Machado. Assistência pré-natal: ações essenciais desenvolvidas pelos enfermeiros. Outubro de 2015. Enfermería Global – Revista electónica trimestral de Enfermería. Nº 40. Disponível em: < http://scielo.isciii.es/pdf/eg/v14n40/pt_clinica5.pdf> Acesso em 25/02/2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência integral à saúde da mulher:
bases da ação programática. Brasília: Ministério da Saúde, 1984. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/assistencia_integral_saude_mulher.pdf> Acesso em 06/02/2021.
BRASIL. Planalto – Presidência da República. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm> Acesso em 10/02/2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde de Família: Uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. 1997. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd09_16.pdf> Acesso em 21/03/2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN): Portaria Nº 569, de 1º de junho de 2000. 2000. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2000/prt0569_01_06_2000_rep.html> Acesso em: 06/02/2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Pacto Nacional pela Redução da Morte Materna e Neonatal. 2004. Disponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/junho/20/2.a%20Pacto%20redu%C3%A7%C3%A3o%20mortalidade.pdf> Acesso em 12/02/2021.
BRASIL. DATASUS. Cobertura de consultas de pré-natal. 2006. Disponível em: < http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/LivroIDB/2edrev/f06.pdf> Acesso em 12/02/2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual dos Comitês de Mortalidade Materna. 2009. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_comites_mortalidade_materna.pdf> Acesso em 20/03/2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). 2012. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf> Acesso em 21/03/2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica: Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco. 2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_pre_natal_baixo_risco.pdf> Acesso em 03/03/2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. A importância do pré-natal. 2016. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2198-importancia-do-pre-natal> Acesso em 08/02/2021.
COFEN. Decreto Nº 94.406/87. 1987. http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html> Acesso em 12/02/2021.
DUARTE, Sebastião Junior Henrique; ANDRADE, Sônia Maria Oliveira de. Assistência Pré-Natal no Programa Saúde da Família. 2006. Esc. Anna Nery vol.10 no.1 Rio de Janeiro. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-81452006000100016&script=sci_arttext> Acesso em 23/03/2021.
GIL, A.C. Metodologia do Ensino Superior. 2007. 3ª Ed. São Paulo. Atlas.
OMS. Organização Mundial de Saúde. Recomendações da OMS sobre atendimento pré-natal para uma experiência gestacional positiva: Resumo. 2016. Disponível em: <https://www.mcsprogram.org/wp-content/uploads/2018/07/ANCOverviewBrieferA4PG.pdf> Acesso em 14/03/2021.
OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Saúde no Brasil. Brasília: Representação no Brasil, 1998. 
SERRUYA, Suzanne Jacob; LAGO, Tânia Di Giácomo; CECATTI, José Guilherme. O panorama da atenção pré-natal no Brasil e o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento. 2004. Disponível em: < https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292004000300007> Acesso em 05/02/2021.
ZAMPARI, Paula Raysa de Oliveira. Melhora da Assistência ao Pré-Natal. 2019. Disponível em https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/13795/1/PI-PAULA_RAYSA_DE_OLIVEIRA_ZAMPARI.pdf> Acesso em: 12/02/2021

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