Buscar

APG 05 mente de menina e corpo de mulher

Prévia do material em texto

APG 05 – mente de menina e corpo de mulher
SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
A Fisiologia do Sistema Reprodutor Feminino é composto por dois grupos de órgãos: os internos e os externos. Os órgãos internos são o útero, os ovários, as tubas uterinas e a vagina. Já os externos são: o monte do púbis, os grandes lábios, os pequenos lábios e o clitóris.
OVÁRIOS: são órgãos pares e dentro deles são originados os oócitos, que são os gametas, ou as células germinativas femininas. Além disso, os ovários exercem a função endócrina de produzir hormônios sexuais.
ÚTERO é um órgão oco para onde o embrião é levado para se desenvolver. Ele é formado por 3 camadas concêntricas: o endométrio (mais internamente), o miométrio (camada média) e o perimétrio (camada mais externa. É o endométrio que vai sofrer alterações durante o ciclo menstrual, que vão permitir o sangramento.
TUBAS UTERINAS: órgãos pares que ligam os ovários ao útero, conduzindo os oócitos liberados pelo ovário para o interior da cavidade uterina. É na tuba uterina onde ocorre a fertilização.
OVULOGÊNESE E DESENVOLVIMENTO FOLICULAR DOS OVÁRIOS
Durante o período fetal, entre a 6ª e 8ª semana de gestação, ocorre a diferenciação sexual do embrião, de acordo com o sexo cromossômico. Nesse momento, inicia-se a diferenciação da gônada primordial em ovário. É nesse ovário que vai ocorrer a produção folicular.
A produção folicular da mulher se inicia ainda no período intrauterino. A superfície externa dos ovários é formada por células germinativas, que dão origem às ovogônias. Essas células se dividem através de meiose e interrompem o processo de divisão celular na primeira fase da meiose, originando os ovócitos primários.
Então, cada ovócito primário é circundado por células foliculares (células da granulosa), gerando um folículo, denominado folículo primordial. Nesse momento, a maturação folicular é cessada até a puberdade.
Por volta do 6º mês de vida intrauterina, os ovários contêm cerca de 7 bilhões de folículos. A partir desde ponto, muitos folículos sofrem atresia. Ao atingir a menarca, a mulher tem cerca de 300.000 folículos.
Durante a puberdade, o hipotálamo inicia gradualmente a liberação do GnRH, que estimula a adenohipófise a secretar de hormônios gonadotróficos: LH e FSH. Esses hormônios estimulam os ovários a produzir os hormônios sexuais femininos (estrogênio e progesterona), levando a menarca, a primeira menstruação de uma mulher, que marca o início de sua vida reprodutiva.
A menarca pode ocorrer entre 9 e 16 anos, com idade média, no Brasil, de 12 anos e 4 meses. Os primeiros ciclos menstruais costumam ser irregulares e podem permanecer assim por até 2 ou 3 anos.
Chamamos de menacme o período fértil da mulher. Este intervalo de tempo ocorre entre a menarca e a menopausa. 
Durante o menacme acontecem os ciclos sexuais mensais femininos ou ciclos menstruais. A duração média do ciclo menstrual é de 28 dias, variando entre 25 e 35 dias. Nesse período de 28 dias, existem 2 diferentes ciclos que ocorrem ao mesmo tempo: o ciclo ovariano e o ciclo endometrial.
O primeiro dia de menstruação é o primeiro dia do ciclo menstrual mensal feminino.
CICLO OVARIANO
Os ciclos ovarianos correspondem a alterações cíclicas nos ovários envolvendo as gonadotropinas e as etapas desse ciclo são 3: desenvolvimento dos folículos, ovulação e formação do corpo lúteo. 
DESENVOLVIMENTO FOLICULAR O FSH causa crescimento acelerado de 6 a 12 folículos primários por mês, fazendo proliferação leve de células da granulosa, fazendo aparecer várias camadas. Além disso, as células fusiformes do interstício do ovário formam massa de células chamada teca, as quais se dividem em 2. A teca externa forma cápsula de tecido conjuntivo vascularizado; a teca interna secreta hormônios sexuais esteroides (estrógenos e progesteronas). Com os hormônios FSH, LH e estrógenos, o crescimento do folículo dá-se de modo acelerado. Após 1 semana de crescimento, mas antes da ovulação, um dos folículos cresce mais que os outros 5 ou 11, os quais involuem, tornando-se atrésicos. A causa da atresia pode ser porque o folículo mais crescido possui grandes quantidades de estrogênio, o qual age na hipófise anterior bloqueando a liberação de FSH, que bloqueia o crescimento dos folículos menos desenvolvidos. Atresia é importanteporque evita que mais de uma criança se desenvolva.
OVULAÇÃO: O folículo maduro libera o ovócito secundário com massa de milhares de células da granulosa (coroa radiada) junto com líquido viscoso. Para que haja a ovulação, é necessário pico de LH. Esse também é importante para crescimento folicular final. Dois dias antes da ovulação, a hipófise aumenta secreção de LH e FSH também. Ambos causam dilatação do folículo. O LH converte células da granulosa e tecais em secretoras de progesterona. Daí a produção de estrógeno começa a cair 1 dia antes da ovulação.
FASE LÚTEA: Após ovulação, o folículo remanescente se transforma em corpo lúteo, o qual, nos próximos 7 a 8 dias, cresce. Depois, começa a involuir e a perder suas funções secretórias, cerca de 12 dias depois da ovulação. Além de perder sua característica lipídica amarela, daí torna-se corpo albicans, que é substituído por TC e absorvido ao longo de meses. Enfim, o corpo lúteo tem como funções produzir progesterona e estrógeno. Isso ocorre graças ao pico de LH, que age nas células granulosas e tecais causando luteinização, proliferação, aumento de secreção e, por fim, degeneração. Tudo isso ocorre em 12 dias. O hormônio hCG secretado pela placenta, age no corpo lúteo e prolonga sua vida a, pelo menos, 2 a 4 meses de gestação. Os hormônios produzidos pelo corpo lúteo causam feedback negativo na hipófise anterior, reduzindo concentrações de FSH e LH. Além disso, secreta inibina, que inibe FSH. O corpo lúteo costuma viver 12 dias, portanto morre ao 26º dia do ciclo menstrual. Daí perde produção de estrógeno e progesterona, que permite produção de FSH e LH, dando início ao novo ciclo quando ocorrer a menstruação.
CICLO UTERINO ou menstrual
Durante o ciclo uterino ou menstrual, as camadas do endométrio são alteradas. As 3 camadas endometriais são: Camada basal; Camada compacta; Camada esponjosa: 
A camada basal possui sua própria vascularização e, portanto, não se descama na menstruação. As camadas compacta e esponjosa descamam durante menstruação ou parto e são chamadas de camada funcional.
Podemos dividir o ciclo menstrual em 4 fases:
· Fase menstrual: normalmente ocorre a cada 28 dias durando em média de 3 a 5 dias.
· Fase proliferativa, folicular ou estrogênica: após descamação, os estrógenos causam reepitelização do endométrio. A espessura do endométrio aumenta devido ao crescente número de células estromais e glândulas endometriais.
· Fase secretora ou progestacional: a progesterona causa inchaço e desenvolvimento secretor aumentado do endométrio. Acumulam substâncias, aumenta o suprimento sanguíneo, vasos ficam tortuosos. Enfim, serve para tornar o endométrio bem nutrido para suprir o embrião. Nessa fase ocorre o edema do estroma.
· Fase isquêmica ou pré-menstrual: caso óvulo não seja fertilizado, 2 dias antes da menstruação, o corpo lúteo involui e secreção ovariana diminui. Com isso, as células endometriais perdem estimulação e involuem, liberando molécula vasoconstritora, que faz os vasos tortuosos terem espasmo, há diminuição dos nutrientes ao endométrio e isso causa necrose. Com isso, ocorrem hemorragias, separando as camadas endometriais e as fazem descamar. Daí, há liberação de prostaglandinas, que com a massa de tecido descamado e sangue, ocorrem contrações que expulsam o conteúdo do útero. Em geral, são expelidos 40mL de sangue e 35mL de líquido seroso. Não há coagulação desse sangue por causa da presença de fibrinolisinas, que são liberadas com material necrótico. 
HORMÔNIOS OVARIANOS E SUAS FUNÇÕES
FUNÇÕES DOS ESTRÓGENOS
1. Causa proliferação celular e crescimento dos tecidos dos órgãos sexuais e reprodutores (ovários, trombas uterinas, útero, vagina, vulva).
2. Altera o epitélio vaginal do tipo cuboide para estratificado,o qual é mais resistente a traumas e infecções.
3. Causa proliferação do estroma endometrial e desenvolvimento das glândulas endometriais.
4. Nas mamas, causa desenvolvimento dos tecidos, crescimento de sistema de ductos, depósito de gordura nas mamas. Também é inibidor da secreção de leite junto com a progesterona. A lactação ocorre por causa da prolactina.
5. No esqueleto, inibe osteoclastogênese, o que permite crescimento ósseo. O crescimento da mulher é mais rápido nos primeiros anos da puberdade por esse motivo. Porém, causa união dos ossos com epífises, o que faz com que o crescimento das mulheres cesse antes do dos homens.
6. Causam leve depósito de proteínas, o que pode gerar leve aumento de massa muscular.
7. Aumenta metabolismo corporal e depósito de gorduras, especialmente nos glúteos e coxas.
8. Não possui efeitos grandes na distribuição de pelos, quem faz isso são os andrógenos.
9. Faz a pele desenvolver textura macia, lisa e vascularizada.
10. Causa leve retenção de líquidos, o que pode ser um dos mecanismos de hipertensão induzida pela gravidez.
FUNÇÕES DA PROGESTERONA
1. Promove aumento das secreções uterinas, preparando para implantação do óvulo fertilizado.
2. Diminui frequência e intensidade das contrações uterinas, o que impede expulsão do óvulo implantado.
3. Causa secreção pelas tubas uterinas, o que nutre o zigoto durante os primeiros dias após a fertilização.
4. Promove desenvolvimento das mamas para adquirir caráter secretor, porém o leite só é secretado com prolactina
PUBERDADE PRECOCE
A puberdade precoce ocorre quando o aparecimento dos caracteres sexuais secundários se dá antes dos 8 anos no sexo feminino ou antes dos 9 anos no sexo masculino. Contudo, o critério cronológico não pode ser o único empregado 
Além dele, é importante avaliar a velocidade de progressão dos estágios puberais de Marshall e Tanner utilizados para acompanhar o desenvolvimento da puberdade, o qual deve ser de, no mínimo, 6 meses
Os eventos da puberdade também possuem uma ordem de ocorrência e quando essa não é seguida (por exemplo, quando a menarca ocorre antes da telarca), a puberdade pode ser considerada patológica
ETIOLOGIA e FISIOPATOLOGIA
De acordo com suas causas, a puberdade precoce pode ser dividida em CENTRAL (também chamada de puberdade dependente de gonadotrofinas ou verdadeira) e PERIFÉRICA (independente de gonadotrofinas ou pseudopuberdade) 
O subtipo central da puberdade precoce, caracteriza-se pela ativação prematura do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, gerando a produção de esteroides dependentes do estímulo de LH e FSH. O padrão de desenvolvimento puberal fisiológico é mimetizado, porém em idade incorreta. Dessa forma, os caracteres sexuais são adequados ao sexo gonadal do paciente (padrão isossexual) 
Na modalidade periférica, há uma produção autônoma de esteroides sexuais pelas suprarrenais ou gônadas, independente do controle e modulação do eixo HHG. Por esse motivo, ela é subclassificada em isossexual e heterossexual (virilização de meninas e feminização de meninos), a depender do tipo de produção hormonal. Ela também pode alterar a ordem de aparecimento dos caracteres secundários 
Vale destacar que, além dessas duas formas antes citadas, pode haver também o desenvolvimento de manifestações puberais isoladas (telarca isolada, sangramento vaginal pré-puberal precoce), classificadas como desenvolvimento prematuro benigno 
É importante salientar que, em meninas, a PUBERDADE PRECOCE CENTRAL (PPC) é idiopática em 95% dos casos, caracterizada por ausência de lesões neurológicas, podendo ser esporádica ou familial. Ao mesmo tempo, nos meninos, o quadro está associado a alterações da região hipotálamo-hipofisária em cerca de 60% das vezes
Dentro dessas alterações, os tumores representam um total de 50% dos casos, sendo mais comuns os hamartomas. Os estudos têm demonstrado que essas lesões secretam em excesso o fator hipotalâmico que estimula a produção de gonadotrofinas hipofisárias
Além das já citadas, existem outras anormalidades do Sistema Nervoso Central (SNC) causadoras de PPC, como algumas malformações (hidrocefalia, cisto aracnoide), infecções ou inflamações intracranianas e radioterapia prévia
Falando agora sobre a PUBERDADE PRECOCE PERIFÉRICA (PPP), suas principais etiologias são de origem adrenal e gonadal. Dentro do primeiro grupo, merecem destaque a Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) e os Tumores Adrenocorticais. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Em geral as condições clínicas que indicam suspeita ou diagnóstico de puberdade precoce são: 
· Meninas: surgimento de broto mamário (telarca) ou pelos pubianos/axilares (pubarca) antes de 8 anos de idade; ou - sangramento menstrual (menarca) antes de 9 anos de idade. 
· Meninos: aumento do volume testicular (≥ 4 ml de volume ou ≥ 2,5 cm no maior diâmetro) antes de 9 anos de idade; ou - pubarca antes de 9 anos de idade.
Na HAC, a deficiência de enzimas do metabolismo do cortisol e aldosterona causam estímulo constante pelo ACTH e desvio de seus precursores para a produção de andrógenos, os quais podem gerar virilização da genitália de pacientes com cariótipo 46 XX, macrogenitossomia ao nascimento no sexo masculino, aumento de clitóris ou pênis em período pós-natal, pubarca precoce, aumento da massa muscular e da velocidade de crescimento com fechamento precoce das epífises, tudo a depender do subtipo da HAC apresentada
BULLYING E SUA INFLUENCIA NAS CRIANÇAS.
O bullying pode acontecer de forma direta ou indireta. Porém, dificilmente a vítima recebe apenas um tipo de agressão; Essas atitudes maldosas contribuem não somente para a exclusão social da vítima, como também para muitos casos de evasão escolar
A prática de bullying agrava o problema preexistente, assim como pode abrir quadros graves de transtornos psíquicos e/ou comportamentais que, muitas vezes, trazem prejuízos irreversíveis
Os pacientes tendem a apresentar diversos sintomas físicos, entre os quais podemos destacar: cefaleia (dor de cabeça), cansaço crônico, insônia, dificuldades de concentração, náuseas (enjoo), diarreia, boca seca, palpitações, alergias, crise de asma, sudorese, tremores, sensação de nó na garganta, tonturas ou desmaios, calafrios, tensão muscular e formigamentos. Vale a pena ressaltar que esses sintomas, isolados ou múltiplos, costumam causar elevados níveis de desconforto e prejuízos às atividades cotidianas do indivíduo.
Além desses sintomas tem-se também Transtorno do pânico; Fobia escolar; Fobia social (timidez patológica); Transtorno de ansiedade generalizada (TAG); depressão; Anorexia e bulimia; Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
Artigo: PUBERDADE PRECOCE: CONDIÇÕES ASSOCIADAS na revista brasileira de promoção à saúde de 2014
Artigo fala sobre a puberdade precoce de forma geral.
Existe clara associação entre obesidade infantil, refletida pelo IMC, e desenvolvimento puberal precoce, tendo em vista a ação da aromatase, enzima produzida pelo tecido adiposo capaz de fazer a conversão de andrógenos em estrógenos, expondo as crianças pré-púberes, com sobrepeso e obesidade a uma maior carga de estrógeno.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bullying: mentes perigosas na escola
MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2021. 
KUMAR, V. et al. Robbins patologia básica. 9ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013
COSTANZO, Linda S.. Fisiologia. 6. ed. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018

Continue navegando