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questões HM 2012 2

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UNIRIO / CCBS / IB / Departamento de Saúde Coletiva 
História da Medicina / profAlexandre 
2012.2 [em março de 2013] 
 
1) O Juramento, conhecido como "Juramento Hipocrático", foi transcrito abaixo. 
Após a leitura do texto, assinale a assertiva incorreta: 
 
"[1a] Juro por Apolo médico, Asclépio, Hígia, Panacéia e todos os deuses e deusas, e os 
tomo por testemunhas que, conforme minha capacidade e discernimento, cumprirei este 
juramento e compromisso escrito: 
[1b] considerar aquele que me ensinou esta arte igual a meus pais, compartilhar com ele 
meus recursos e se necessário prover o que lhe faltar; considerar seus filhos meus 
irmãos, e aos do sexo masculino ensinarei esta arte, se desejarem aprendê-la; 
compartilhar os preceitos, ensinamentos orais e todas as demais instruções com os meus 
filhos, os filhos daquele que me ensinou, os discípulos que assumiram compromisso por 
escrito e prestaram juramento conforme a lei médica, e com ninguém mais; 
[2] utilizarei a dieta em benefício dos que sofrem, conforme minha capacidade e 
discernimento, e, além disso, evitarei o mal e a injustiça; 
[3] não darei a quem pedir nenhuma droga mortal e nem recomendarei essa decisão; do 
mesmo modo, não darei a mulher alguma pessário para abortar; 
[4] com pureza e santidade conservarei minha vida e minha arte; 
[5] não operarei ninguém que tenha a doença da pedra, mas cederei o lugar aos homens 
que fazem essa prática. 
[6] Em quantas casas eu entrar, entrarei para benefício dos que sofrem, evitando toda 
injustiça voluntária ou outra forma de corrupção, e também atos libidinosos no corpo de 
mulheres e homens, livres ou escravos. 
[7] O que vir e ouvir, durante o tratamento, sobre a vida dos homens, sem relação com o 
tratamento, e que não for necessário divulgar, calarei, considerando tais coisas segredo. 
[8] Se cumprir e não violar este juramento, que eu possa desfrutar minha vida e minha 
arte afamado junto a todos os homens, para sempre; mas se eu o transgredir e não o 
cumprir, que o contrário aconteça" (CAIRUS, H. F. e RIBEIRO JR., W. A. Textos 
hipocráticos: o doente, o médico e a doença. Rio de Janeiro, Ed. FIOCRUZ, 2005, p. 
151-153). 
 
(A) O texto do Juramento foi estruturado em três partes: invocação [1a], cláusulas [1b-
7] e imprecação [8]. A cláusula [2] apresenta dois princípios éticos: "beneficência" e 
"não maleficência". Considerados fundamentais ao exercício da prática médica, 
integram, atualmente, além dos princípios do "consentimento livre e esclarecido" e da 
"justiça e equidade", um conjunto de exigências éticas e científicas que devem ser 
atendidas em pesquisas envolvendo seres humanos. 
 
(B) Da coleção de textos reunidos sob o título Corpus hippocraticum, provavelmente foi 
escrito entre o final do século V a.C. e o início do século IV a.C.. É considerado um 
tratado deontológico e, apesar de algumas particularidades históricas incomensuráveis, 
se tornou modelo para a elaboração de códigos de ética profissionais atuais (não 
somente para médicos, mas também para outras profissões e áreas). 
 
(C) A invocação conferia aos juramentos um caráter sagrado e solene, essencial em 
pactos de ordem moral da época. Remete, também, a um tempo de origem, cuja lógica 
em muito difere da racionalidade médica contemporânea. Deve ser pensada, pois, em 
perspectiva histórica e filosófica e não meramente descartada como informação 
ultrapassada. Tal cuidado se aplica às demais partes do texto. 
 
(D) Todas as assertivas acima estão incorretas, pois apresentam erros de datação, 
interpretação e análise histórica. Por ter sido escrito a cerca de 2500 anos atrás, o texto 
Juramento não se coaduna com o desenvolvimento ético, tecnológico e científico da 
medicina contemporânea. Assim sendo, trata-se de um texto de grande importância 
alegórica e literária, mas sem aplicação prática. 
 
2) "Nossa época é uma época de crise e revolta social, é um período de transição 
caracteristicamente marcado pela reavaliação de todos os valores. Refletindo estas 
condições e afetada por elas, a educação médica (...) está sofrendo transformações 
e se adaptando às condições em modificação. A educação médica amanhã será 
muito diferente e o historiador pode muito bem colocar a questão: qual o papel da 
história no treinamento dos médicos de amanhã? Para responder a esta questão, 
ele deve colocar outra: é o estudo da história médica somente uma questão de 
moda, um "hobby agradável de médicos aposentados" e um sinal de refinamento e 
cultura intelectual ou é suficientemente importante para ser considerado como 
elemento essencial na educação médica?" (ROSEN, George, Da polícia médica à 
medicina social: ensaios sobre a história da assistência médica. Rio de Janeiro, 
Graal, p. 5). O texto do médico, filósofo, epidemiologista e historiador da medicina 
George Rosen (1910-1977) data da década de 1970, mas a questão é bastante atual. 
Com base no que foi debatido ao longo do curso e de acordo com o autor, quais 
assertivas abaixo estão corretas? 
 
I - A medicina é uma construção histórica e social. Quando apresentada do ponto de 
vista das ciências humanas e sociais e não divorciada dos fatores econômicos, políticos 
e ideológicos, a história da medicina permite que a o estudante compreenda a posição da 
medicina no interior da complexa estrutura social e o ajuda a construir, gradativamente, 
uma concepção ampliada da medicina. Ajuda-o, também, a realizar inferências éticas e 
conceituais cada vez mais abrangentes, de sorte a contrabalançar os efeitos pedagógicos 
colaterais de uma formação que tende, por determinação econômica e epistemológica, a 
rebaixar as reflexões humanistas. 
 
II – Mais importante do que o estudo da história da medicina é a perfeita compreensão 
atualizada dos mecanismos fisiopatológicos, das interações medicamentosas e a 
formação clínica e semiológica (incluindo, obviamente, o conhecimento preciso das 
mais atuais técnicas de imagem), sem o que se torna inviável a prática do diagnóstico, a 
prescrição terapêutica e até mesmo o prognóstico. No estado atual de sobrecarga 
curricular e de demanda crescente de atendimento médico à população, a história é um 
luxo ao qual o médico realmente responsável não pode se dar. 
 
III – Um curso de história da medicina deve apresentar categorias e conceitos históricos, 
epistemológicos e sociológicos que permitam ao estudante compreender e 
contextualizar os elementos fundamentais dos discursos e práticas médicas (o que 
permanece, o que se transforma e como se transforma ao longo do tempo) e estimular o 
interesse pela pesquisa histórica em Medicina e Saúde, em particular (e pela pesquisa 
científica, em geral). 
 
 
(A) I e II 
 
(B) II e III 
 
(C) II 
 
(D) I e III 
 
(E) Todas as alternativas estão corretas 
 
3) Rudolf VIRCHOW (1821-1902) é conhecido por ter desenvolvido o conceito de 
patologia celular e por ter sido pioneiro no uso do microscópio em patologia. Todos 
os alunos de medicina e biologia são devidamente apresentados à "Tríade de 
Virchow" (trombose venosa ou arterial): lesão endotelial, estase sanguínea, 
aumento da coagulação. Sabe-se também que Virchow foi responsável pela 
introdução do termo "leucemia", em 1856, mesmo ano em que assumiu a cátedra 
de Anatomia Patológica na Universidade de Berlim. Porém, o mesmo Virchow que 
mergulhava na intimidade celular através do microscópio buscava compreender as 
relações entre medicina, sociedade, cultura, economia e política. Dessa forma, 
Virchow concebia a medicina como ciência social e desenvolveu uma teoria sócio-
histórica da doença epidêmica, na qual diferenciava as epidemias naturais das 
artificiais. Em 1848, Virchow escrevia: “Frequentemente me decepcionei com as 
pessoas, mas ainda não com a época. E por isso agora tenho a sorte de não ser mais 
um homem parcial e sim um homem completo, de minha crença médica fundir-se 
com minha crença políticae social”. Ao mesmo tempo, preconizava: “Sendo a 
saúde e a educação condições do bem-estar, é tarefa do Estado providenciar para 
que o maior número de pessoas tenha acesso, através da ação pública, aos meios de 
manutenção e promoção tanto da saúde quanto da educação”. Leia e interprete os 
enunciados abaixo [de I a V] e assinale a assertiva correta com relação ao 
pensamento de Virchow (para estudo, ou em caso de dúvida, consulte os slides de 
aula, o capítulo IV ["O que é a medicina social? Uma análise genética do 
conceito"] do livro de George Rosen, Da polícia médica à medicina social, citado 
acima, e/ou "Uma história da Saúde Pública", do mesmo autor): 
 
I - As epidemias naturais sempre ocorreram quando mudanças de estação, de tempo, 
etc. alteraram as condições de vida e a grande massa não se protegeu por meios 
artificiais. 
 
II - As epidemias artificiais são atributos da sociedade, produtos de uma falsa cultura ou 
de uma cultura não acessível a todas as classes. 
 
III - A história das epidemias artificiais é a história de alterações sofridas pela cultura do 
homem. Irrupções violentas de epidemias nos assinalam os momentos em que a cultura 
muda de direção. Toda verdadeira revolução cultural é seguida de epidemias. 
 
IV - A ideia de epidemias psíquicas é fora de propósito e não guarda relação 
epistemológica com a teoria da doença epidêmica de Virchow, sobretudo porque se trata 
de objeto específico da psiquiatria. 
 
V- Para Virchow, as causas das epidemias eram tanto sociais, econômicas e políticas 
quanto biológicas e físicas. 
 
(A) Estão corretos somente os enunciados I, II e III 
 
(B) Todos os enunciados estão incorretos 
 
(C) Todos os enunciados estão corretos 
 
(D) Estão corretos somente os enunciados I, II, IV e V 
 
(E) Estão corretos somente os enunciados I, II, III e V 
 
4) “A doença é um processo biológico mais antigo que o homem. Antigo como a 
própria vida, porque é um atributo da vida. Um organismo vivo é uma entidade 
lábil em um mundo de fluxo e mudança. A doença e a saúde são aspectos dessa 
instabilidade onipresente, são expressões das relações mutáveis entre os vários 
componentes do corpo e o ambiente externo no qual ele existe. Como fenômeno 
biológico, as causas da doença são procuradas no reino da natureza; mas no 
homem a doença possui ainda uma outra dimensão: nele a doença não existe como 
“natureza pura”, sendo mediada e modificada pela atividade social e pelo 
ambiente cultural que tal atividade cria” (ROSEN, George, Da polícia médica à 
medicina social: ensaios sobre a história da assistência médica. Rio de Janeiro, 
Graal, p. 77). Com base na interpretação do texto, nos debates em sala de aula e na 
perspectiva de Rosen, assinale a opção correta em relação aos enunciados abaixo: 
 
I - Interesses econômicos, relações de poder entre os homens e lutas por projetos 
distintos de organização da sociedade interferem não somente na produção de 
conhecimento em saúde, mas também no próprio processo saúde-doença e nas formas 
de lidar com ele. 
 
II - A doença no homem extrapola a dimensão da natureza. Isso não quer dizer que se 
deva desprezar a compreensão do fenômeno biológico, mas sim que se deve buscar o 
entendimento do processo saúde-doença nas interações entre natureza, cultura, 
economia e sociedade. 
 
III - Para compreender a complexidade do processo saúde-doença é preciso também 
entender que a relação homem-natureza é mediada pelo trabalho e pelas relações sociais 
de produção. A história como ciência social oferece ferramentas teóricas e 
metodológicas que contribuem para essa compreensão. 
 
IV - Vive-se em um mundo caracterizado por uma complexa organização social, 
econômica e política. Para se enfrentar com eficiência os problemas de saúde e doença 
neste contexto, o desenvolvimento da medicina como ciência social é uma condição 
necessária (embora não seja suficiente). 
 
V - A doença, por ser um processo biológico muito antigo, mais antigo que o homem, é 
um atributo da vida e exige, para ser conhecida, a priori, a compreensão inequívoca do 
fenômeno biológico. Para desvendá-la, mesmo no caso específico das doenças mentais, 
basta compreender os mecanismos fisiopatológicos e as alterações bioquímicas 
envolvidas na sua etiopatogenia. Apesar de todos os esforços das ciências humanas e 
sociais, a busca de uma essência outra para o processo saúde-doença que não a 
biológica tem sido em vão. 
 
(A) Estão corretos somente os enunciados II, III, IV e V 
 
(B) Estão corretos somente os enunciados I, II, III e IV 
 
(C) Estão corretos somente os enunciados IV e V 
 
(D) Estão corretos somente os enunciados I, II e III 
 
(E) Estão corretos somente os enunciados I, III, IV e V 
 
5) Abaixo, foi transcrita e editada uma parte do texto "Fundações Estatais: projeto 
de Estado do capital", de autoria da Profª Drª Sara Granemann (UFRJ). Leia, 
interprete e assinale, de acordo com a leitura do texto e os conteúdos elaborados 
em sala de aula, a afirmativa correta: 
 
"Em outros estudos temos afirmado que as políticas sociais no Brasil, com a 
transferência de fundo público para diferentes modelos de instituições privadas, 
constituem formas de privatização mais difíceis (...) de serem desveladas. Chamei-
as de "privatizações não clássicas", porque não se realizam pelo mecanismo da 
venda típica, mas envolvem também, no plano dos argumentos, uma afirmação de 
que tais mecanismos operarão como mais e não como menos Estado. Estou segura 
de que as OSCIPS, as OS, as Fundações Estatais de Direito Privado, as Fundações 
de Apoio e a EBSERH, embora diversas na aparência e na forma são em tudo 
símiles no conteúdo e na essência (...) Nas duas últimas décadas, no Brasil, nos 
chamados anos de neoliberalismo, o ataque às organizações da classe trabalhadora 
foram implacáveis. A reestruturação produtiva nos negócios do capital [gerou] 
mais trabalho (potencializado pelo [desenvolvimento da] tecnologia) e mais 
desemprego e exploração dos trabalhadores (...) Neste mesmo tempo, o aumento da 
exploração dos trabalhadores também atingiu aos servidores públicos contratados 
pelo Estado; entretanto, este conjunto de trabalhadores, por possuir contrato de 
trabalho estável – sua demissão não depende apenas da vontade do dono do 
negócio – pôde resistir de modo mais intenso aos ataques e às subtrações de 
direitos de toda a classe trabalhadora (...) [Há também os que argumentam que] a 
política social deve ser [somente] dirigida aos 'mais necessitados': aqueles que não 
podem pagar por ela devem ter o serviço gratuito e os demais devem contribuir e 
pagar pelos atendimentos. [Porém, na realidade], a noção presente neste 
argumento é a de que uma política social deve ser lucrativa, uma mercadoria" 
(Granemann, S., "Fundações Estatais: projeto de Estado do capital" em Saúde na atualidade: por 
um sistema único de saúde estatal, universal, gratuito e de qualidade (Maria Inês Bravo e Juliana 
Bravo de Menezes, orgs.), UERJ/UFRJ, 2011, p. 54-55). 
 
(A) O melhor caminho para as áreas da Saúde e da Educação é a instituição de 
fundações estatais com personalidade jurídica de direito privado, o que diminuirá a 
burocracia de Estado, beneficiando a população usuária dos serviços de Saúde como um 
todo. Com essa medida, aumenta-se o Controle Social dos Serviços de Saúde e, por 
conseguinte, o compromisso dos profissionais de Saúde com a população. 
(B) Para melhorar a saúde da população brasileira, é preciso transformar o paradigma de 
Estado vigente, encarar os novos desafios colocados para a gestão pública, ter mais 
agilidade, flexibilidade e eficiência; bem como tornar mais eficaz o controle dos 
funcionários da Saúde, diminuindo o absenteísmo e dificultando o descumprimento da 
jornada de 40 horas semanais exigida pelo Ministério da Saúde como critério de 
qualidade. O Estado não pode ser um "elefante branco". 
 
(C) Segundo a lógicade mercado, o bem-estar universal é uma impossibilidade. Dessa 
perspectiva, somente alguns merecem realmente obter "proteção", a ser adquirida como 
mercadoria na forma de serviços privados de educação, saúde, previdência, lazer etc. 
Submeter a Seguridade Social (Saúde, Previdência e Assistência Social) à lógica do 
capital é aprofundar ainda mais as desigualdades sociais e as iniqüidades do setor Saúde 
historicamente produzidas. 
 
(D) Se o Estado continuar a arcar com os custos e prejuízos da Saúde, o caos instalado 
nesse setor só se agravará, tal como podemos perceber através das notícias veiculadas 
diariamente na imprensa e nos telejornais. Além disso, a criação de entidades jurídicas 
de direito privado na Saúde fará com que funcionários indolentes possam ser 
substituídos a qualquer momento, pois não contarão com o beneplácito da estabilidade. 
 
6) Assinale o enunciado correto em relação à LEI Nº 8.080, DE 19 DE 
SETEMBRO DE 1990, também conhecida como Lei Orgânica do SUS, que dispõe 
sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a 
organização e o funcionamento dos serviços de saúde e dá outras providências: 
 
(A) A alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a 
renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais são, 
entre outros, fatores acessórios da saúde. Os níveis de saúde da população expressam a 
organização social e econômica do País. Quanto mais expansão e concentração de 
riquezas o atual modo de produção (da economia) gerar, melhor será a saúde da 
sociedade. 
 
(B) A assistência à saúde é livre à iniciativa privada, bem como a participação direta ou 
indireta de empresas ou de capitais estrangeiros na assistência à saúde. Na prestação de 
serviços privados de assistência à saúde, deverão ser observados os princípios éticos e 
as normas expedidas pelas autarquias federais de fiscalização e controle do exercício 
profissional. A participação substitutiva dos serviços privados, no âmbito municipal, 
deverá ser formalizada mediante contrato ou convênio, sempre visando o bem-estar da 
população. 
 
(C) A assistência à saúde é livre à iniciativa privada, sendo vedada a participação direta 
ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros na assistência à saúde, salvo através de 
doações de organismos internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas, de 
entidades de cooperação técnica e de financiamento e empréstimos. Na prestação de 
serviços privados de assistência à saúde, serão observados os princípios éticos e as normas 
expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde-SUS quanto às condições para 
seu funcionamento. 
 
(D) A fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano é 
responsabilidade da indústria de alimentos e derivados, pois esta é a instância social que 
possui o conhecimento e a tecnologia de ponta suficientes e necessários e é capaz de 
responder com agilidade às demandas da população. 
 
(E) É dever de o Estado formular e executar políticas econômicas e sociais que visem à 
melhoria da saúde. Portanto, a redução de riscos de doenças e de outros agravos é 
responsabilidade das empresas e da sociedade. Os planos de saúde, garantidos pelo 
Estado por intermédio da Agência Nacional de Saúde (ANS), têm por obrigação e meta 
assegurar acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde. 
 
7) Leiam o que diz o Art. 199 da Constituição Federal: 
 
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema 
único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou 
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. 
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às 
instituições privadas com fins lucrativos. 
§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na 
assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. 
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, 
tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem 
como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado 
todo tipo de comercialização. 
 
Com base no texto constitucional, pode-se afirmar que: 
 
(A) Sendo a assistência à saúde livre à iniciativa privada, como reza o Artigo 199, não 
há problema algum na proposta do governo federal de auxiliar e subsidiar planos de 
saúde privados para que ofereçam pacotes acessíveis às classes C e D da população. 
Além do mais, tal medida contribuiria para desafogar as urgências e emergências do 
setor público, hoje em dia totalmente saturadas e sem condições de prover a demanda de 
atendimento populacional. 
 
(B) Uma vez que a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, deve-se encorajar a 
realização de fusões entre empresas menores de assistência privada à saúde. Dessa 
forma, contribui-se para a melhoria da atenção prestada à população e a eficácia do 
sistema, pois é sabido que, havendo mais investimento, a melhora do serviço é 
inequívoca. 
 
(C) A aquisição da empresa Amil pelo grupo norte-americano United Health Group em 
nada fere o texto constitucional. Não se entende, portanto, porque tantas vozes 
contrárias na sociedade, sobretudo porque a entrada de tecnologia norte-americana no 
setor privado da Saúde em nosso país em muito favorecerá o desenvolvimento científico 
e de gestão e organização do trabalho em Saúde, com benefícios evidentes para o nosso 
SUS. Tal medida representa, ipso facto, uma oportunidade ímpar de equiparação do 
nosso Sistema de Saúde, hoje de terceiro mundo, ao sistema de Saúde norte-americano, 
mais desenvolvido, como é de se esperar de uma grande potência econômica, centro do 
„imperialismo hegemônico global‟, para usar uma expressão cara a Mészáros. 
 
(D) Somente por meio de artifícios contábeis, de articulações políticas suspeitas e de 
interpretação duvidosa do texto constitucional é que se torna viável o processo de 
aquisição da Amil pela empresa norte-americana United Health Group. Se tal evento se 
confirmar, representará uma ameaça concreta de entrada do capital financeiro norte-
americano em nosso Sistema de Saúde, com prejuízos inequívocos para o SUS e para os 
consumidores de planos privados de saúde. 
 
(E) Somente com a criação de um mercado de órgãos para transplante e de sangue e 
derivados para transfusão é que se poderá superar a crise de abastecimento que se 
expressa nas sucessivas campanhas para doação de sangue e órgãos, geralmente 
inócuas, e nas filas intermináveis para realização de transplante. A lógica de mercado, 
contra a lógica burocrática, é a única capaz de prover a agilidade e a eficiência 
necessárias. Basta que tal mercado seja regulado pelo Estado para que a beneficência, a 
não maleficência, a justiça, a universalidade e a eqüidade sejam garantidas. 
 
8) Quanto aos princípios e diretrizes do SUS é correto afirmar: 
 
(A) Integralidade é a organização de programas que atendam aos agravos mais 
incidentes ou prevalentes. Embora uma fatia grande da população esteja isenta do 
pagamento de IRPF retido na fonte, a integralidade é garantida quando todos pagam os 
impostos embutidos em produtos, mercadorias e serviços. 
 
(B) A descentralização eficaz se expressa na organização das centrais de marcação de 
consultas e de gerência de leitos, garantindo que os usuários utilizem toda a rede de 
serviços. Um bom exemplo disso, na prática, é o Hospital de Clínicas de Porto Alegre. 
Vinculado à UFRGS, hoje é gerido por fundação de direito privado e garante, com 
indubitável justiça, aos clientes dos planos privados de saúde, porta de entrada e 
alojamentos próprios, bem como o direito de marcação de consultas, exames eoutros 
procedimentos de forma descentralizada. 
 
(C) Equidade é a garantia de acesso para todos os usuários. Graças à equidade, todos 
devem receber o mesmíssimo tratamento e ser atendidos por ordem de chegada, a 
despeito de raça, credo, gênero ou opção sexual, sobretudo nas emergências dos 
hospitais gerais. 
 
(D) O Controle Social se materializa pela participação efetiva dos usuários do SUS na 
gestão do sistema e na formulação das políticas de Saúde, tanto em âmbito municipal, 
quanto estadual e federal. Seus fóruns oficiais são as Conferências e os Conselhos de 
Saúde, instâncias deliberativas. Os Conselhos de Saúde são órgãos colegiados 
compostos por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde 
e usuários. Atuam na formulação de estratégias e no controle da execução da política de 
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, 
cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada 
esfera de governo. 
 
(E) Universalidade significa condições de acesso à assistência médica a todos os 
trabalhadores que contribuem para previdência social ou que contribuam para planos 
privados de saúde. Privilegiar o atendimento de quem paga mais pela Saúde é uma 
questão de justiça, pois o governo precisa empenhar os recursos do Tesouro em áreas 
mais importantes, como o pagamento dos juros, encargos e amortizações da Dívida 
Pública, para que o país não pare. 
 
9) Sua avaliação da disciplina e do seu envolvimento com o curso: 
 
( ) tédio total 
( ) um pouco chato, mas valeu a pena 
( ) curti muito 
 
( ) nada fez sentido 
( ) hummm...?! 
( ) viajei! 
 
( ) história? Que história? 
( ) aprendi alguma coisa 
( ) ajudou-me a compreender a história milenar e os diferentes sentidos, bem como a 
entender melhor o que se passa hoje em dia e quais as perspectivas de futuro para a 
profissão e o setor Saúde no Brasil 
 
( ) não gosto de bibliotecas e centros de documentação e tenho raiva de quem gosta rsrs 
( ) não cheguei a visitar, mas tive uma vontade(zinha)... 
( ) visitei pelo menos uma biblioteca ou centro de documentação que ainda não 
conhecia: ______________________________ (citar o local) 
 
( ) não tive nenhuma vontade de interagir (nem com a turma, nem com o professor) 
( ) queria ter interagido mais, mas rolou inibição 
( ) super interativo! 
 
Fique à vontade para fazer quaisquer comentários. 
 
10) Car@s alun@s de História da Medicina [2012.2, adentrando 2013], fiquei a 
pensar em algo um pouco diferente do habitual para lhes escrever nesse final de 
período, sobretudo depois das tempestades e enchentes que juntos sofremos, 
enfrentamos ou não soubemos como lidar. Tempestades são da ordem da natureza. 
Já as enchentes e os problemas resultantes pelo quais a população do Estado do 
Rio de Janeiro é obrigada a passar são fenômenos de outra ordem; fenômenos que 
extrapolam a ordem da natureza. Para compreendê-los é preciso entender a trama 
do tecido social e econômico, as relações complexas entre economia, sociedade, 
política e cultura e como essas relações - que vão para muito além da esfera 
individual – afetam as vidas de milhões de trabalhadores e, microscopicamente, as 
vidas de cada um de nós. Espero que esse período de „com-partilhamento‟ [„con-
vivência‟] tenha, ao menos, os ajudado um pouco a desenvolver o pensamento 
humano, dialético, histórico e crítico. De minha parte, quero exaltar o quanto foi 
importante e enriquecedor, o quanto aprendi, refleti, pensei, questionei [e o quanto 
isso, dialeticamente, modificou o meu ser, a minha vida e as minhas expectativas de 
ação no mundo] a partir dos nossos encontros. Recordando Heráclito
1
[fl. 504-501 
a.C.], já que falamos de águas e do ser: “Nos mesmos rios entramos e não entramos, 
 
1 O fragmento XLIX chegou até nós graças a Galeno [130-200 d.C.], médico. Acabei por me lembrar 
também de outro fragmento heraclítico, que nos remete às primeiras aulas, para quem se recordar ou 
quiser buscar o sentido: “Comédias, tragédias e ritos sagrados: remédios” [fragmento CXXIX]. 
somos e não somos” [fragmento XLIX] e “Não se entra duas vezes no mesmo rio” 
[fragmento L]. 
Sugiro também que vocês explorem mais essa verve “musical” que os une. Nunca 
soube antes de uma turma que concentrasse tantos iniciados em música e piano ou 
teclado! Esse conhecimento de „harmonia‟ em muito poderá ajudá-los, creiam, em 
ações coletivas – sem contar que reunir amigos para fazer música em conjunto é 
um trabalho maravilhoso. 
Por conta da ausência de adequadas condições de trabalho e outros obstáculos, não 
pudemos compartilhar pelo menos um filme, filme que vocês não podem deixar de 
ver: “Diários de motocicleta”, de Walter Salles. Aos que já viram, sugiro que 
vejam de novo, pois, parafraseando Heráclito, “não se entra duas vezes no mesmo 
filme”... 
Essa paráfrase pode ser aplicada igualmente a livros. Como sei que muitos de 
vocês estão irremediavelmente ligados à literatura, transcrevo, abaixo, algumas 
passagens de dois livros maravilhosos de Gabriel García Márquez. É óbvio que uns 
fragmentos assim não representam todo o vigor e a maravilha literária dos 
romances. Que seja ao menos uma sugestão, uma dica, uma pista, um incentivo – 
sei lá – aos que buscam compreender e viver a vida em plenitude. A literatura (ou 
a arte em geral. como forma de realização humana através do trabalho), 
acreditem, é uma aliada em nossas lutas, em nossas vitórias, em nossos exílios, em 
nossas alegrias, em nossas dores, em nossas travessias dos desertos – e, como diria 
o poeta português, Fernando Pessoa, "Grandes são os desertos / e tudo é deserto". 
"O doutor Juvenal Urbino tinha uma rotina fácil de seguir, desde que haviam ficado 
para trás os aos tempestuosos dos primeiros embates, e conseguiu uma respeitabilidade 
e um prestígio que não tinham igual na província (...) Permanecia uma hora em seu 
gabinete, preparando a aula de clínica geral que ministrou na Escola de Medicina 
todos os dias de segunda a sábado, às oito em ponto, até a véspera de sua morte (...) 
Aos oitenta e um anos conservava o jeito despreocupado e o espírito festivo de quando 
voltou de Paris, pouco depois da epidemia grande do cólera morbo (...). Tomava café 
em família, mas com um regime pessoal: uma infusão de flores de absinto maior, para o 
bem-estar do estômago, e uma cabeça de alho cujos dentes descascava e comia um por 
um, mastigando-os com método em fatias de pão caseiro, para prevenir os sufocos do 
coração (...) Era capaz de saber o que tinha um doente só pelo seu aspecto, e cada vez 
desconfiava mais dos medicamentos comerciais e via com alarme a vulgarização da 
cirurgia. Dizia: "O bisturi é a prova maior do fracasso da medicina". Achava que 
dentro de um critério estrito todo remédio era veneno, e que setenta por cento dos 
alimentos correntes apressavam a morte (...) Seus antigos alunos continuavam a 
consultá-lo mesmo quando já eram profissionais estabelecidos, pois reconheciam nele o 
que então se chamava olho clínico" (pequeno trecho recortado e editado do romance "O 
amor nos tempos do cólera", editora Record). 
Do mesmo autor, uma passagem de outro livro, "Do amor e outros demônios" (editora 
Record): "Abrenuncio o fez sentar diante dele, e os dois se entregaram ao vício da 
conversação, enquanto uma tempestade apocalíptica convulsionava o mar. O médico 
fez uma exposição erudita e inteligente sobre a raiva desde a origem da humanidade, 
sobre seus estragos impunes e a incapacidade milenar da ciência médica para impedi-
los. Deu exemplos lamentáveis de como sempre fora confundida com a possessão 
demoníaca, assim como certas formas de loucura e outras perturbações do espírito". 
 
Bom fim de semestre letivo, que tenham ao menos um pouco de descanso merecido, 
que compartilhem bons momentos com pessoasqueridas sem preocupação com uma 
prova no dia seguinte... 
 
Abraço coletivo 
profAlexandre.

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