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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO 
Daniele Bernardino Pereira de Salles 
Maria Alzira Leite 
Maria Vera Pereira Skitnevsky
São Paulo | 2017
ADMINISTRAÇÃO DA ENTIDADE MANTENEDORA (IAE)
Diretor Presidente Domingos José de Sousa
Diretor Administrativo Élnio Álvares de Freitas
Diretor Secretário Emmanuel Oliveira Guimarães
ADMINISTRAÇÃO GERAL DO UNASP
Reitor Martin Kuhn
Pró-Reitora de Pós-Graduação, 
Pesquisa e Extensão Tânia Denise Kuntze
Pró-Reitor de Graduação Afonso Ligório Cardoso
Pró-Reitor de Relações, Promoção 
de Desenvolvimento Institucional Allan Macedo de Novaes
Pró-Reitor Administrativo Andrenilson Marques Moraes
Secretário Geral Marcelo Franca Alves
CAMPUS VIRTUAL
Diretor Geral Martin Kuhn
Gerente Acadêmico Everson Mückenberger
Gerente Administrativo Andrenilson Marques Moraes
Gerente de Produção Valcenir do Vale Costa
PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO 
DELINEA TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Diretoria Executiva Charlie Anderson Olsen
Larissa Kleis Pereira
Margarete Lazzaris Kleis
Supervisão do Projeto Camila Sayury Nakahara
Renata Oltramari
Coordenação do Projeto e de DE Josane Mittmann
Mônica Guarezi Rodrigues
Coordenação de Revisão Tiago Costa Pereira
Coordenação de Design Gráfico Victor Américo Cardoso
Projeto Gráfico Cassiana Mendonça Pottmaier
Fernando Andrade
Conteudistas Daniele Bernardino Pereira de Salles, 
Maria Alzira Leite, Maria Vera Pereira Skitnevsky
Designer Educacional Cíntia Macedo
Revisão Gramatical Paula Barretto Barbosa Trivella
Diagramação Fernanda Vieira Fernandes
4
CONHEÇA A DISCIPLINA
Olá! 
Seja bem-vindo à disciplina de Fundamentos da Educação. Nosso ob-
jetivo aqui é analisar, desde a Antiguidade até os dias atuais e sob a 
perspectiva dos contextos sociais, culturais, políticos, econômicos e com-
portamentais, a educação, a formação do educador e os seus principais 
processos históricos.
No decorrer desta disciplina, vamos fazer leituras, discutir textos, trocar 
experiências, estudar e analisar os pressupostos fi losófi cos da educação 
a partir dos pensadores clássicos, bem como entender as tendências e 
correntes da área. Além disso, faremos uma análise crítica do fenômeno 
educativo, considerando as relações entre educação e sociedade.
No processo de ensino-aprendizagem na modalidade a distância, o prin-
cipal protagonista é o educando, sendo o professor um facilitador, orga-
nizador e coordenador. Portanto, você, aluno, deve se organizar e manter 
um ritmo disciplinado para ter o tempo necessário para dedicar às leitu-
ras e à realização das tarefas e atividades. Seguindo essa logística, você 
vai aproveitar bem o conhecimento adquirido não só para suas práticas 
profi ssionais, mas também para o exercício da cidadania.
Agora é com você! Explore o conteúdo, pesquise e abra espaços para 
promover a interação comunicativa. Estamos à disposição para quaisquer 
esclarecimentos. 
Agora, convidamos você para começar uma viagem ao universo da educação. 
5
EMENTA
Aborda a educação e o desenvolvimento do sistema escolar a partir de 
uma perspectiva histórica, identifi cando as causas da diversidade de cor-
rentes fi losófi cas e as grandes questões sociológicas da educação escolar, 
evidenciando a importância da fi losofi a, da história, da sociologia e da 
psicologia da educação na constituição do sujeito-cidadão, assim como 
legislações educacionais que tratam da educação ambiental, direitos hu-
manos, afrodescendentes e indígenas, inclusão do defi ciente e bullying.
CAPÍTULO 1
EDUCAÇÃO E 
SUA PERSPECTIVA HISTÓRICA
Objetivos
No fi m dos estudos deste capítulo você será capaz de: 
Analisar a educação, a formação do educador e o seu processo histórico 
desde a Antiguidade até os dias atuais, a partir dos contextos sociais, 
culturais, políticos, econômicos e psicológicos.
7
NOSSO TEMA
Neste capítulo, apresentaremos os conceitos presentes nos estudos da 
educação, para que você entre em contato com os principais 
aspectos que norteiam o conhecimento desta disciplina. Você já 
observou quantas atribuições são dadas à palavra “educação” em nossa 
vivência social? Este questionamento nos remete à importância da 
sólida formação do edu-cador, pois nela está inserida a grande 
responsabilidade da formação de cidadãos capazes de transformar a 
realidade.
O conhecimento sobre a evolução da educação ao longo da história nos 
possibilita analisar os avanços obtidos para o alcance do desenvolvimento 
social e científi co da atualidade. Os estudos sobre a educação, a partir de 
sua perspectiva histórica, também nos permitem a compreensão de que 
novos rumos educacionais devem ser implementados para que a educa-
ção acompanhe a revolução tecnológica e a sociedade do conhecimento 
advindo da globalização, sobre o qual a educação tem um papel histori-
camente imprescindível na atualidade.
Vamos, então, refl etir sobre a nossa disciplina, abrindo espaço para al-
guns questionamentos: qual a defi nição de educação e como ela se de-
senvolveu ao longo da história? Que paralelo podemos traçar entre as 
concepções educacionais e a prática educacional? Como a fi gura docente 
é construída a partir do ponto de vista da educação? 
Ao longo dos estudos deste capítulo, você terá a oportunidade de respon-
der a essas questões. 
8
1.1 Conceituando a educação 
Muitas são as compreensões do que de fato entendemos por educação. 
Destacamos aqui a etimologia desta palavra latina – educatio – diciona-
rizada em latim-francês no século XVI. Ela aparece primeiramente com 
o sentido de criar animais e alimentos (plantas). Seu signifi cado de edu-
cação como instrução; ensino é, portanto, o sentido fi gurado da palavra. 
Segundo Terra (2014, p. 35), “De qualquer maneira, fi xemos um ponto: o 
conceito de educação é historicamente produzido (construído), porque referi-
do a um aspecto da prática social que é também historicamente produzida”.
O conceito, portanto, perpassa pela capacidade do ser humano em apren-
der algo, adquirindo conhecimentos e experiências. Assim, podemos 
pensar em uma educação enquanto ação entre os indivíduos, que se ca-
racteriza pela intervenção de um sujeito sobre o outro. Trabalha-se, desse 
modo, em uma reciprocidade em que um educa o outro, e o outro se 
deixa educar. Nesse cenário, é possível ter um sujeito que ensina, e outro 
que deseja aprender. Nessa linha, à medida que ocorre o aprendizado, 
incide-se também o conhecimento. 
MATERIAL COMPLEMENTAR
Para ampliar seus conhecimentos acerca dos fundamentos e da 
história da educação, sugerimos que você leia o Capítulo 4 do livro 
“História da Educação”, de Maria de Lima Elias Terra. 
É interessante ressaltar que as defi nições de educação são descritivas ou 
normativas: as primeiras se referem ao processo educacional, isto é, ensi-
nar de que forma? Qual é o passo a passo? Já as segundas estão ancoradas 
aos fi ns a serem atingidos: ensinar para quê?
9
F igura 1: Educação como processo de aprendizagem escolar.
Fonte: <www.123rf.com.br>. ID da imagem: 50042298.
A fi gura ilustra a fi nalidade social da educação, ou seja, a formação do 
indivíduo para atuar na sociedade de forma crítica e responsável, e reto-
ma nossos questionamentos. Ora, a educação está atrelada ao processo 
de ensino e aprendizagem que perpassa o indivíduo e a sociedade. Como 
processo individual, procura estimular o crescimento e o desenvolvimen-
to do sujeito. Historicamente, tem sido essa a concepção educacional dos 
povos ocidentais.
É importante destacar que esses processos – o individual e a sociedade – 
se completam. Não se compreende o desenvolvimento individual e não 
se admite a transmissão social sem transformações individuais. Assim, 
podemos pensar em uma educação como estímulo de transformação.
1.2 História da educação
O estudo da história da educação é inerente aos fundamentos educa-
cionais: para a compreensão do seu estado atual, com o objetivo da não 
relativização dos problemas educacionais, é necessário que se pense nas 
questõessociais da atualidade de maneira simplifi cada. Os estudos sobre 
10
os aspectos históricos dizem respeito diretamente ao compromisso polí-
tico que professores, de qualquer área do conhecimento, devem ter com 
relação ao processo educativo.
É importante saber como, ao longo do tempo, foram gestadas essas con-
cepções antropológicas para termos uma visão a respeito do ato de edu-
car. Além disso, esse conhecimento propicia uma refl exão em torno da 
prática docente, considerando os pontos de vista educacionais. Vejamos a 
seguir uma breve apresentação dos primórdios educacionais.
1.2.1 Os primórdios educacionais
Neste tópico, apresentamos uma breve abordagem sobre a história geral 
da educação. Destacamos, de início, que ela não existia no formato de 
escolas. Assim, a aquisição da experiência era uma ação-chave no âmbito 
educacional. O foco era ajustar o sujeito ao seu ambiente físico e social. 
Então, quem eram os docentes? Primeiramente, os chefes de família, pos-
teriormente os sacerdotes.
A educação nos tempos primitivos se dava sempre de forma espontânea: 
os jovens aprendiam por imitação ao observarem os mais velhos, sem ter 
um planejamento de horário e local, de acordo com as necessidades bási-
cas dos afazeres familiares.
Mais tarde, o ensino passou a ser realizado no interior de ofi cinas artesa-
nais. Entretanto, isso não se dava por sistemas pedagógicos, mas sim pela 
observação da prática dos mais velhos.
Queremos destacar também alguns aspectos específi cos da educação 
oriental, visto que ela é marcada pelo surgimento da escrita. Entretan-
to, o conhecimento era privilégio dos governantes e da religião. Era por 
meio da religião que se difundiam os valores morais, de conduta social, 
trabalho e alimentação.
11
Figura 2: Hieróglifos egípcios fundo de pedra: surgimento da escrita.
Fonte: <www.123rf.com.br>. ID da imagem: 32231103.
Na China, a educação sistematizada só ocorreu a partir do Período Im-
perial, para a formação do indivíduo por meio da autodisciplina e da 
prática da virtude, podendo assim agir com espontaneidade, sem a ne-
cessidade de coagir com leis para fazer o bem. Chegando a esse ponto, 
ele seria um homem superior ou verdadeiro e teria o poder de infl uenciar 
positivamente os outros, transformando-os.
1.2.2 Educação clássica
A educação clássica está relacionada à educação ocidental, compreenden-
do Itália e Grécia. Vamos aqui nos ater à Grécia, já que foi o lugar em que 
ela atingiu seu apogeu cultural.
Surgiram durante essa época vultos extraordinários nos mais diversos 
campos da arte e da ciência, que desenvolveram grandes atividades cria-
doras. A cultura grega deixou uma herança de magnífi cos empreendi-
mentos, como vemos na fi gura a seguir, o que foi capaz de empolgar os 
homens desde a Antiguidade até os dias atuais.
12
Figura 3: A educação clássica.
Fonte: <www.123rf.com.br>. ID da imagem: 10220934.
Embora a educação tenha ocupado um lugar essencial na formação cul-
tural grega, a educação formal era privilégio das classes dominantes. Às 
demais famílias restavam-lhes dar educação integral aos seus fi lhos por 
meio de orientações de condutas, tanto no âmbito dos costumes familia-
res quanto na sociedade.
1.2.3 Educação medieval
No período medieval, a esfera educacional estava atrelada à igreja. Com 
isso, a fé cristã e as igrejas orientavam as pessoas a uma determinada edu-
cação e formação em que se negavam os valores culturais greco-romanos. 
Dessa igreja, emergiram modelos educativos e práticas, que remontam 
às tradições da Antiguidade Clássica, como a transmissão do ensino em 
latim e a ordenação da sociedade cristã. 
13
Segundo Veiga (2007, p. 19):
A seleção e censura dos textos aconteciam porque não era intenção dos 
membros da Igreja transmitir e divulgar a literatura greco-romana como um 
sistema fi losófi co, já que ela não se conciliava com as ideias de revelação cris-
tã e da felicidade em outro plano que não o terreno.
A seleção dos textos, conforme a autora explicita na citação anterior, era 
importante – uma vez que o ensino ministrado pelos escolásticos, basea-
do na língua latina, tinha como fundamento o aspecto formal da língua 
para a estruturação do discurso com vistas à refl exão e aos conteúdos.
Os espaços de ensino conhecidos como escolas eram os locais onde os 
mestres ministravam suas aulas, como salas alugadas, na própria residên-
cia ou mesmo no interior das igrejas. Os prédios escolares passaram a 
existir somente a partir do século XV. Existiam poucas destas escolas na 
Idade Média e estas eram frequentadas pelos jovens (homens) oriundos 
de diversas classes sociais, sendo que a maioria dos nobres educava seus 
fi lhos no seio familiar por pessoas notáveis da sociedade.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Recomendamos a leitura completa do Capítulo 1, intitulado “Uni-
versidades, Colégios e Saberes (Séculos XII a XVIII)”, do livro “Histó-
ria da Educação”, de Cyntia Greive Veiga. Esse capítulo oferece um 
vasto panorama da educação na Idade Média.
Importante destacar que na Idade Média a educação era gratuita e os 
mestres não recebiam em dinheiro, pois educar era considerado um ato 
divino: eles recebiam apenas recompensas de seus pupilos.
Os séculos XVI, XVII e XVIII compreenderam um forte desenvolvi-
mento científi co e cultural, o que nos leva inferir a respeito da evolução 
educacional, sobretudo no âmbito das universidades localizadas em pré-
dios específi cos para a educação universitária. Esses prédios eram fre-
quentados por pessoas ligadas ao clero, membros de famílias nobres e 
burgueses. Isso pressupõe uma heterogeneidade social no âmbito escolar.
ESCOLÁSTICOS
Denominação dada aos 
clérigos vinculados ao ensino. 
Eles dirigiam as escolas 
que eram ligadas a um 
estabelecimento religioso e 
submetidas a um bispo ou 
abade (VEIGA, 2007).
14
Sendo assim, o progresso científi co fez culminar o período conhecido 
como Renascimento ou Humanismo, sobre o qual estudaremos a seguir 
com a abordagem educacional.
1.2.4 A educação humanista no Renascimento
As pluralidades social e cultural decorrentes do avanço educacional e 
científi co na Idade Média, segundo Veiga (2007, p. 37), “se desenvolve-
ram no contexto das sociedades europeias” e tiveram como protagonistas 
a classe trabalhadora, bem como a burguesia crescente, além de pessoas 
ligadas à igreja.
Nes se contexto, a educação escolástica fi cou defasada. Diante das mu-
danças políticas do Renascimento, ocorreu o advento da educação huma-
nista. Segundo Veiga (2007, p. 39),
Importa enfatizar, por ora, algumas críticas: o desinteresse pela alfabetização 
da população pobre, a restrição ao ensino do latim e a não valorização do 
vernáculo, a negligência quanto aos saberes do quadrivium, um ensino fun-
dado em práticas formais dedutivas, o emprego de castigos físicos muitas ve-
zes extremos e a falta de uma didática adequada às gerações. Os humanistas 
proporão um modelo educacional mais adequado às necessidades da época.
O estudo de Letras era fundamental para o êxito do ensino como um 
todo. No Humanismo, o currículo passou a oferecer, além do latim, a 
língua materna. A proposta era trabalhar a diversidade de estilos grama-
ticais com base na literatura dos clássicos gregos e latinos. Atualmente, a 
diversidade linguística signifi ca observar os diversos falares presentes na 
sociedade. De qualquer forma, a educação era voltada para a formação 
de mão de obra.
No fi m do século XVIII, os jesuítas foram expulsos de Portugal, do Bra-
sil, da França e da Espanha. Segundo Veiga (2007, p. 43), o novo poder 
político defendia a ideia de que a educação “moral e científi ca deveria ser 
prerrogativa do Estado, sobretudo pela necessidade, de formar quadros 
administrativos de governo”.
Nes se contexto de debates sobre os objetivos da educação e de efervescen-
tes mudanças socioeconômicas, surge a fi gura de Jean-Jacques Rousseau, 
15
fi lósofo suíço, contemporâneo dos iluministas, para infl uenciar defi niti-
vamente as ideias pedagógicas.Conforme Pissurno (2016, s.p.), o
[...] movimento conhecido como Iluminismo (ou Ilustração) foi um infl uen-
te processo cultural, social, fi losófi co e político que tem suas origens ainda no 
século XVII, com a Revolução Científi ca, possibilitada pela pesquisa efetuada 
por nomes como  René Descartes  (1596-1650) e  Isaac Newton  (1643-1727), 
mas se desenvolveu plenamente apenas durante o século seguinte.
As obras de Rousseau, intituladas “O Contrato Social” e “Emílio”, pre-
conizavam a organização da sociedade por meio da educação. Esse seria 
um caminho para o entendimento e a prática da ética social.
Figura 4: Rousseau.
Fonte: <www.123rf.com.br>. ID da imagem: 13991052.
O pensador difunde a ideia de que, diante das inovações sociais, é ne-
cessário que se estabeleça um contrato de organização em que todos os 
setores sociais sejam contemplados. Isso se daria de maneira que as pes-
16
soas abririam mão de determinadas prerrogativas para que todos fossem 
contemplados com o pleno desenvolvimento social.
No campo da educação, isso aconteceria a partir das fases iniciais, e as 
noções de convivência e responsabilidade social se constituiriam confor-
me o desenvolvimento do educando. O legado de sua obra infl uenciou 
fortemente a educação a partir do fi m do século XIX, quando os educa-
dores passaram a reconhecer as fases da educação infantil.
REFLETINDO...
As ideias de Rousseau quanto à educação infantil preconizavam 
que na infância a educação deve priorizar a descoberta natural dos 
próprios sentidos, dos objetos e da natureza. Mas atualmente po-
demos observar que até mesmo crianças em tenra idade manipu-
lam aparelhos tecnológicos, assim a educação se afasta dos ideais 
rousseaunianos. Dessa forma, indagamos: em que medida a crian-
ça, na atualidade, é respeitada como tal, e não como futuro adulto? 
Os estudos sobre a história geral da educação, como apresentados, nos 
dão a dimensão da evolução educacional pelo mundo e sua infl uência na 
educação brasileira – como vimos no caso dos jesuítas. Seguimos nossos 
estudos com um breve histórico da educação brasileira.
1.2.5 Breve história da educação brasileira
Neste tópico, vamos estudar sobre o desenvolvimento histórico da educa-
ção, priorizando a educação básica face ao contexto histórico brasileiro, 
com vistas a uma compreensão geral das mudanças ocorridas.
Iniciamos com o século XVI e a chegada da ordem religiosa educacio-
nal Companhia de Jesus composta pelos professores jesuítas. O projeto 
inicial era o de catequizar, instruir o índio e formar sacerdotes. Após a 
expulsão dos jesuítas, em 1759, o Estado assumiu a educação no Brasil 
Colonial. Nessa nova gestão, a preocupação era de educar os jovens das 
nobres famílias portuguesas residentes na nova terra, sendo a igreja o 
principal expoente educacional. Naquele período, os professores tinham 
uma distinção social e privilégios próprios da nobreza.
17
No p eríodo colonial, o Estado procurava englobar os conceitos iluminis-
tas advindos da cultura europeia. Segundo Veiga (2007, p. 43), “combi-
nando os pressupostos iluministas com o ideário liberal”, a educação era 
de responsabilidade do Estado que a controlava, mantendo a escr avidão 
– situação contraditória em um país que pretendia construir uma nação
pela educação de seu povo.
A ed ucação pública estatal foi institucionalizada somente entr e o fi m do 
século XIX e início do século XX, com a Proclamação da República, 
quando o governo percebeu a necessidade do controle educacional. Aque-
le foi um período de crescimento industrial, desta forma, era necessário 
formar mão de obra com aptidões na escrita, na leitura e em cálculos.
Diante desse contexto, houve uma ampliação do número de escolas, pois 
a maioria da população não tinha formação para o trabalho no meio 
urbano – já que a economia brasileira anterior à revolução industrial (no 
período imperial entre os anos de 1822 e 1889) era essencialmente agrá-
ria. A organização da educação pass ou a ser fundamentada no princípio 
do direito de todos e dever do Estado.
PESQUISE!
Considerado o contexto histórico dos diferentes movimentos edu-
cacionais, pesquise sobre as principais tendências de concepções 
teórico-pedagógicas e faça uma relação com o momento histórico 
em que foram usadas nos processos educacionais. Verifi que tam-
bém as teorias aplicadas na atualidade. 
O quadro a seguir apresenta, de forma sintética, as principais reformas e 
os movimentos da história da educação no Brasil:
18
Ano Evento Objetivo Principais expoentes Fim
1549
Chegada dos Jesuítas 
a Salvador.
Catequizar os índios 
e formar sacerdotes 
entre os jovens colonos 
portugueses. 
Manuel da Nóbrega, 
José de Anchieta, 
Antônio Vieira.
1759 
Expulsos por 
Marquês de 
Pombal.
1759 Reforma Pombalina.
Modernizar a 
administração da colônia 
e a educação com os 
ideários iluministas. 
Marquês de Pombal.
1789 Intervenção 
de Dona Maria I.
1789
Instituição dos 
educandários.
Reformulação da 
educação e instituição de 
planos de ensino. 
Dona Maria I, Rainha 
de Portugal.
1792 
Chegada da Corte 
portuguesa.
1808
Corte portuguesa no 
Brasil.
Estudos superiores, 
nomeação de professores 
para diversas cadeiras, 
colégios particulares 
leigos e religiosos para 
meninos e meninas.
D. João VI,
Bispo José Joaquim 
Azeredo Coutinho.
1822
Independência do 
Brasil. 
1824 Constituição brasileira.
Método educacional 
mútuo e funcionamento 
uniforme das escolas, 
responsabilização das 
províncias pela educação.
Martim Francisco 
Ribeiro de Andrada.
1889 Proclamação 
da República.
1889 Primeira República.
Expansão da rede 
escolar, alfabetização 
de trabalhadores para 
formar mão de obra para 
o trabalho urbano, criação
dos Grupos Escolares.
Benjamin Constant 
e os pioneiros 
da educação ou 
escolanovistas 
(abrangendo a Era 
Vargas).
Revolução de 1930. 
1930
Início da Era Getúlio 
Vargas.
Criação do Ministério 
da Educação e Saúde, 
reordenar a população, 
medidas higienistas, 
ensino laico, ensino 
técnico-profi ssional, 
descentralização do ensino.
Francisco Campos, 
Anísio Teixeira.
1937 
Estado Novo.
1937
Estado Novo. Ditadura 
de Getúlio Vargas.
Controle da educação 
pelo Estado, 
desenvolvimento do 
ensino secundário 
frequentado pelas 
elites urbanas e ensino 
profi ssionalizante para as 
classes populares.
Gustavo Capanema, 
Lourenço Filho, 
Fernando de 
Azevedo.
1945 
Queda do Estado 
Novo. 
19
Ano Evento Objetivo Principais expoentes Fim
1945
Redemocratização 
do país.
Normatização do ensino 
normal e do primário 
para crianças e do 
supletivo para jovens e 
adultos, 1ª LDB, criação 
do MEC.
Anísio Teixeira, 
Clemente Mariani.
1964
Golpe Militar.
1964
Regime de ditadura 
militar.
Controle dos recursos 
destinados à 
educação pelo Estado, 
responsabilização do 
ensino de 1º grau aos 
municípios, implantação 
do MEC/USAID, com 
ensino de 2º grau 
profi ssionalizante, 
Plano Nacional 
de Alfabetização, 
perseguição dos 
professores universitários. 
Vários ministros da 
educação, não houve 
um destaque.
1985
Esgotamento da 
ditadura militar.
1985
Redemocratização 
do país.
Elaboração da LDB 
nº 9.394/96 com a 
participação de diversos 
setores da sociedade, 
implantação de diversas 
políticas públicas 
educacionais para a 
melhoria da qualidade de 
ensino, universalização 
da educação básica, 
expansão do ensino 
universitário, inovações 
tecnológicas, avaliações 
externas e internas, 
expansão da rede privada 
de ensino.
Paulo Freire, 
Gilberto Freire, 
Sérgio Buarque de 
Holanda, dentre 
outros pedagogos e 
sociólogos.
Atualidade.
Quadro 1: Resumo da evolução da história da educação brasileira.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
 Enfatizamos que os estudos sobre a história da educação devem estar associa-
dos à compreensão do funcionamento da sociedade em seu contexto político 
e socioeconômico. Isso se justifi ca pelo fato de ela estar atrelada aos interesses 
sociais, que são regulamentados pelas políticas públicas governamentais.20
Também destacamos que as políticas educacionais não determinam de 
imediato a anulação das práticas anteriores. Em suma, a educação brasi-
leira tem sido historicamente pautada em valores materiais para o mundo 
do trabalho e desenvolvimento do capitalismo.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação: 1ª LDB nº 4.024/61: prevista na 
Constituição Federal, essa lei norteia a educação brasileira e recebe 
novas promulgações de acordo com as orientações da Carta Magna 
nos regimes governamentais. 2ª LDB nº 5.692/71. Atualmente, está 
em vigor a 3ª LDB, nº 9.394/96, que vem sendo atualizada desde a 
sua promulgação. 
Queremos também dizer que somente em meados da primeira metade do 
século XX a educação brasileira passou a se basear em concepções teóri-
cas fundamentadas em estudos comportamentais e cognitivos elaborados 
por pensadores como John Dewey, Jean Piaget, Lev Vygotsky, Maria 
Montessori e Paulo Freire.
Concepções teóricas educacionais dizem respeito às diversas com-
preensões dos modos de ensinar, das perspectivas sociais, dos ob-
jetivos de aprendizagem, da elaboração curricular, dos conteúdos, 
das metodologias de ensino e das formas de gestão (LIBÂNEO; TOS-
CHI; OLIVEIRA, 2012). 
Na atualidade, os rumos da educação estão a serviço da sociedade do co-
nhecimento e da revolução tecnológica. Paralelamente, a história da educa-
ção vem sendo descrita por renomados autores, com destaque para análises 
e críticas das políticas públicas educacionais, face aos eventos de ordem 
socioeconômica que geram mudanças em todos os setores da sociedade. 
Além da política educacional, fazem parte do momento histórico atual 
as diversas concepções pedagógicas, usadas nas diferentes instituições de 
ensino, para atender aos interesses dos grupos sociais, de acordo com suas 
concepções de vida. 
21
Importante ter em mente que a história da educação é escrita perma-
nentemente e sua revisão permite aos educadores atuar rumo aos novos 
desafi os educacionais.
22
APLICANDO A TEORIA NA PRÁTICA
As instituições escolares, sejam elas públicas ou particulares, são carre-
gadas de fatos históricos que demandaram sua criação. Tais fatos podem 
ter acontecido em diferentes momentos, tais como: história da expansão 
educacional, demandas de infraestrutura regionais etc.
Para compreender como se processam esses contextos sociais, pesquise 
a história de uma escola em que você tenha estudado e anote os fatos 
relevantes, os nomes de pessoas da sociedade e as autoridades envolvidas.
RESPOSTA ESPERADA
As escolas públicas são construídas em determinados espaços rurais e ur-
banos de acordo com estudos de demanda educacional, conforme previs-
to em lei. Na ocasião da inauguração das instituições escolares, a comu-
nidade é convidada a escolher o nome que a instituição receberá. Dessa 
forma, educadores e comunidade passam a elencar pessoas do meio edu-
cacional ou da sociedade local que tiveram importância para a educação 
local. Assim, passa a haver uma movimentação de líderes comunitários, 
autoridades políticas e educadores em torno dos temas educacionais im-
portantes para a comunidade em que a escola está inserida. As discussões 
sobre o assunto fi cam registradas em atas dos livros escolares e passam a 
compor seu patrimônio histórico, que pode ser consultado por qualquer 
pessoa interessada.
23
SÍNTESE
Chegamos ao fim deste capítulo em que apresentamos a evolução da his-
tória geral da educação com ênfase para a história da educação brasileira, 
bem como discutimos os contextos históricos em que se processaram 
os fatos. Durante essa discussão, abordamos algumas concepções 
teóricas que nortearam a educação. Sintetizando, neste capítulo você 
aprendeu:
• O conhecimento sobre a evolução da educação ao longo da his-
tória nos possibilita analisar os avanços obtidos para o alcance
desenvolvimento social e científi co da atualidade.
• O signifi cado de educação como instrução, ensino é, portanto, o
sentido fi gurado da palavra educativo, do latim.
• O conceito de educação perpassa um processo de reciprocidade
em que um educa o outro, e o outro se deixa educar.
• Um dos destaques da educação na Antiguidade era o aprendiza-
do de forma espontânea, por meio da imitação e observação do
fazer dos mais velhos.
• Na Idade Média, a igreja controlava a educação e houve grande
avanço técnico e científi co.
• No Renascimento ou Humanismo, a educação se voltou para
a formação do indivíduo, considerando as diversidades sociais
sem, no entanto, deixar de estar ligada às orientações religiosas.
• O iluminista Rousseau infl uenciou fortemente a educação com
teorias voltadas para a ética e fases de aprendizado das crianças.
• A história da educação brasileira passou por diversas fases desde
o Brasil Colônia, mudando com a Independência, com a Procla-
mação da República, e vem sendo atualizada de acordo com os 
rumos determinados pelos contextos socioeconômico e cultural 
do país.
24
REFERÊNCIAS
LIBÂNEO, J. C.; TOSCHI, J. F.; OLIVEIRA, M. S. Educação Es-
colar: Políticas, Estrutura e Organização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 
2012. 544p.
PISSURNO, F. P. Iluminismo. Infoescola: navegando e aprendendo. 
2016. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/iluminis-
mo/>. Acesso em: 22 ago. 2017.
TERRA, M. de L. E. História da Educação. São Paulo: Pearson Edu-
cation do Brasil, 2014.
VEIGA, C. G. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007. 
CAPÍTULO 2
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL 
NO BRASIL
Objetivos
Neste capítulo, vamos conhecer a legislação da educação básica 
no Brasil, compreendendo sua evolução, sua prática e o papel 
do educador.
26
NOSSO TEMA
Olá!
Você, estudante, percebe a importância do conhecimento da legislação 
da educação básica para sua formação profissional? Ao longo deste 
capítulo, apresentaremos a legislação da educação básica brasileira, 
discutiremos sobre as políticas educacionais governamentais, bem como 
refletiremos a respeito dos conceitos que envolvem a elaboração da 
legislação.
Você já deve ter estudado sobre a história da educação brasileira e a evolu-
ção educacional de acordo com os contextos socioeconômicos e culturais. 
De posse desse conhecimento, você poderá verifi car que esse movimento 
social impulsiona a elaboração e a implementação da legislação.
Sendo assim, você está convidado a analisar e lançar seu olhar crítico 
sobre os aspectos legais envolvidos nos fundamentos da educação. 
27
2.1 O que é uma legislação educacional?
Quando você ingressou no curso de Letras, provavelmente se motivou a 
conhecer o mundo da literatura, da linguística, da produção textual, das 
teorias da literatura, dentre outros aspectos próprios da sua graduação. 
Você já refl etiu sobre como poderá exercer sua profi ssão enquanto profes-
sor? Saiba que, para além do conhecimento específi co necessário para sua 
área de atuação, é de enorme importância o conhecimento da legislação.
Figura 5: Professor em formação e a legislação educacional.
Fonte: <www.123rf.com.br>. ID da imagem: 40365338.
De posse desse conhecimento, você estará habilitado para desenvolver 
com maior potencial sua atuação em sala de aula, assim como em relação 
às questões de gestão da educação que envolvem o fazer pedagógico.
REFLETINDO...
Quanto é necessário saber para ser um bom professor, para ser ca-
paz de atuar em um processo de ensino-aprendizagem de quali-
dade, para estar preparado para enfrentar os inúmeros desafi os da 
profi ssão? Refl ita sobre o quanto você deve aproveitar sua gradua-
ção para se preparar para a atuação em sala de aula. 
28
A palavra legislação envolve o mundo do Poder Legislativo, o qual elabo-
ra as leis a serem sancionadas pelo chefe do Poder Executivo, que pode ser 
o presidente da República, o governador do estado ou o prefeito munici-
pal. Para que uma lei seja elaborada, um grupo de cidadãos, categoria de 
trabalhadores ou comunidade de instituições públicas ou privadas deve 
reivindicar a instituição de leis que regulem com assertividade os diversos 
setoressociais.
No caso da educação, especifi camente, nos referimos às leis advindas das 
políticas públicas educacionais. Essas estão compreendidas nas políticas 
sociais do Estado, isto é, a educação é responsabilidade do governo, que 
deve garantir a aplicação das políticas conforme o que preconiza a legis-
lação vigente.
Na educação brasileira, as primeiras legislações surgiram na tentativa de 
sistematizar o ensino com a chegada da Família Real. A organização dos 
estudos foi realizada por meio de alvará expedido pelo Marquês de Pom-
bal, em 1759, no Brasil Colônia. Para se ter uma ideia do que se legislava 
naquela época, vejamos o seguinte trecho sobre o referido alvará, segun-
do Veiga (2007, p. 134):
O alvará régio de 1759, além de diretrizes administrativas gerais, estabelecia 
a nova organização dos estudos, o ‘novo método’, o ensino público e gratuito 
de gramática latina, grego e retórica, a indicação e a proibição de vários com-
pêndios e o impedimento para ensinar sem licença do diretor de Estudos. 
Determinava ainda que os professores passariam a gozar dos privilégios da 
‘nobreza ordinária’ - o que signifi cava distinção social. 
Você observou como a elaboração da lei tinha um caráter de regulação da 
vida profi ssional dos educadores? Esses fatos históricos dão a dimensão 
da educação no contexto social da época em que a educação era bastante 
incipiente e precária no nosso país. Na época do Império, a legislação 
continuou incipiente frente aos projetos de formação de uma nação bra-
sileira. As decisões eram tomadas sem a preocupação real do desenvolvi-
mento do povo brasileiro, mas mantendo a escravidão.
Com a Proclamação da República, não houve avanços signifi cativos no 
campo da organização por meio de medidas governamentais. Podemos 
observar, em realidade, que a educação foi bastante negligenciada até o 
29
advento da industrialização do país, iniciada em meados do século XIX. 
As consequências do descaso com a educação resultaram, até o fi m das 
duas primeiras décadas do século XX, na Primeira República com 65% 
dos habitantes analfabetos.
Passemos, então, a analisar e refl etir sobre a legislação a partir da Pro-
clamação da República, uma vez que as condições e reivindicações dos 
educadores sobre as leis educacionais são importantes elementos para a 
compreensão da evolução educacional até chegar à atualidade. 
2.2 A legislação educacional na história da 
educação básica brasileira 
Vimos anteriormente que no Brasil não havia uma legislação específi ca 
para a educação, mas sim medidas ou decretos governamentais que não 
contemplavam uma organização de desenvolvimento educacional sufi -
ciente para levar a educação para a maioria dos brasileiros. 
Mesmo assim, no século passado, os métodos de ensino (ou a falta deles) 
não se alinhavam às importantes mudanças que marcaram as últimas dé-
cadas do século XIX, ocasião em que ocorreram os avanços da indústria, 
da comunicação, da organização dos espaços urbanos e da organização 
familiar. Porém, havia uma discussão sobre as c oncepções de educação 
escolar, que, conforme Libâneo, Toschi e Oliveira (2012, p. 239),
[...] referem-se a determinados modos de compreender as modalidades de 
educação, as funções sociais e pedagógicas da escola, os objetivos educati-
vos, as dimensões da educação, os objetivos de aprendizagem, o currículo, 
os conteúdos, e a metodologia de ensino, as formas de organização e gestão.
Essas concepções procuravam alinhamento com o desenvolvimento so-
cial; entretanto, os estudos dos intelectuais da educação não eram con-
templados na organização da educação. 
30
Figura 6: Educação para qualifi car o trabalhador urbano.
Fonte: <www.123rf.com.br>. ID da imagem: 54316987.
Na Era Vargas, as mudanças socioeconômicas mais importantes foram 
verifi cadas com a paulatina inserção da indústria nos meios urbanos em 
detrimento dos negócios agrários, que até então dominavam a economia 
nacional. Esta mudança exigiu pessoas mais preparadas para o trabalho 
no meio urbano, o que forçou a modernização e a adaptação da legislação 
educacional às novas exigências do mercado.
Mesmo assim, a legislação educacional patinava ao tentar solucionar pro-
blemas pontuais, sem atentar para as concepções de educação escolar e 
contextuais que a época exigia e que já eram postas em prática nos Esta-
dos Unidos e na Europa, como as concepções da Escola Nova.
A Primeira República foi marcada por medidas dispersas e pontuais, im-
plementadas por Benjamin Constant em 1891 e dirigidas ao ensino do 
Distrito Federal, localizado então na cidade do Rio de Janeiro (GHI-
RALDELLI JUNIOR, 2006).
Na verdade, Benjamin Constant promoveu uma reforma da legislação 
existente para atender de imediato à necessidade de melhorar o ensino, 
reorganizando os ensinos primário e secundário e a Es cola Normal, pois 
havia a necessidade urgente da formação de professores. A exigência do 
diploma da Escola Normal para ministrar aulas nas escolas públicas e 
ESCOLA NORMAL
Curso de ensino médio 
(antigo segundo grau), 
destinado à formação de 
professores para atuar na 
educação dos anos iniciais do 
ensino fundamental.
31
particulares havia apenas na necessidade da idoneidade moral das pes-
soas (GHIRALDELLI JUNIOR, 2006).
MATERIAL COMPLEMENTAR
Para conhecer os detalhes da organização do ensino a partir da Re-
forma Benjamin Constant, que é embrionária do ensino em ciclos que 
temos hoje, leia o Capítulo 2, intitulado “A Primeira República (1889-
1930)”, do livro “Filosofi a da Educação”, de Paulo Ghiradelli Junior.
No Brasil, durante a Primeira República, os intelectuais da educação se 
inteiravam das concepções pedagógicas da Escola Nova, idealizada por 
John Dewey, e se organizavam para levar suas reivindicações ao sistema 
governamental.
Co m a Revolução de 1930 e a chegada de Getúlio Vargas ao poder, a 
produção da indústria já superava a produção agrícola. Isso fez com que 
o novo governante incluísse mudanças na legislação do país abrangendo
a educação, inclusive com a criação do Ministério da Educação e Saúde 
Pública. Entretanto, tais medidas contemplavam apenas em parte as rei-
vindicações dos escolanovistas, visto que os ideais da classe dominante 
infl uenciaram a elaboração da legislação.
John Dewey defendia a ideia de que as práticas escolares rígidas, 
que obrigavam a criança a aprender forçosamente e até com re-
preensões físicas, deveriam ser abandonadas para que ela pudesse 
exercer sua autonomia para aprender. Conforme Ghiraldelli Junior 
(2006, p. 13), “a criança é uma criatura ativa, exploradora e inqui-
sitiva, e por isso, a tarefa da educação consistiria em alimentar a 
experiência introduzida pelas aptidões naturais”. 
A partir da Revolução de 1930, com a Segunda República, e com a ex-
pansão do meio urbano brasileiro, a legislação educacional passou por 
inúmeras reformas e mudanças. No entanto, a promulgação da 1ª LDB 
da educação brasileira só foi realizada na segunda metade do século XX, 
como veremos adiante.
32
Durante o governo de Getúlio Vargas, a reforma educacional disseminou 
a ideia de que a solução dos problemas educacionais era essencial para o 
desenvolvimento do país, como vemos no texto do documento da “Re-
construção do País: a Reconstrução Educacional do Brasil”, citado por 
Ghiraldelli Junior (2006, p. 23):
Se a evolução do sistema cultural de um país depende de suas condições 
econômicas, é impossível desenvolver as forças econômicas ou de produção, 
sem o preparo intensivo das forças culturais e o desenvolvimento das apti-
dões à invenção e à iniciativa que são fatores fundamentais do acréscimo de 
riqueza de uma sociedade.
O quadro a seguir apresenta as principais reformas legislativas educacio-
nais ocorridas no Brasil:
Ano Reforma Ações Críticas
1930
1931
Plano de reconstrução 
nacional.
Decretos de reforma 
e regulamentação da 
educação.
Regulamentação e organização 
do ensino superior, organização 
do ensino secundário e do ensino 
profi ssionalizante.Pioneiros da educação: o 
aspecto econômico como 
objetivo da educação 
prejudica a fi losofi a, que 
deve estar presente no 
processo educacional.
1934
1945
Estado Novo - 
Constituição Federal.
Reforma Capanema: lei orgânica dos 
ensinos primário e secundário, criação 
do SENAI e do SENAC, fi xação de 
currículos, programas e metodologias 
de ensino.
Ensino elitista e conservador 
sob controle das elites que 
faziam parte do poder.
Quadro 2: Principais reformas educativas brasileiras.
Fonte: Ghiraldelli Junior (2006).
Na Era Vargas, o número de escolas aumentou signifi cativamente em 
relação ao período da Primeira República (1889-1930), mas embora a lei 
preconizasse a importância da educação para a construção de um país 
desenvolvido, sua concepção elitista fazia com que grande parte da popu-
lação brasileira fosse mantida excluída dos bancos escolares, mesmo com 
a duplicação do número de escolas nesse período.
A legislação presente na Constituição Federal que compreende o período 
o governo de Getúlio Vargas, de 1930 a 1945, foi marcada por grandes
mudanças e avanços educacionais, porém não livre de críticas. Entretanto, 
33
como o sistema de ensino não era capaz de dar conta da formação de mão 
de obra necessária, foram criados o Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial (SENAI), em 1942, e, em 1946, o Serviço Nacional de Aprendi-
zagem Comercial (SENAC) (LIBÂNEO; TOSCHI; OLIVEIRA, 2012).
MATERIAL COMPLEMENTAR
Para você conhecer e ainda fi car por dentro das reivindicações dos 
educadores da Escola Nova nos anos de 1930, leia “O Manifesto dos 
Pioneiros da Educação Nova (1932)”, disponível em: <http://www.
histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/22e/doc1_22e.pdf>. 
Com o fi m da ditadura Vargas, em 1945, os debates em torno da educação 
ganharam impulso entre os intelectuais, e a Constituição Federal de 1946 
exigiu a elaboração da 1ª LDB, conforme apresentamos no tópico a seguir.
2.3 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDBEN)
Apesar da exigência na Carta Magna de 1946, a 1ª LDB, nº 9.394, só foi 
promulgada em de 20 de dezembro de 1961. Durante esse intervalo tem-
poral, houve muita discussão para sua elaboração, envolvendo diversos 
setores da sociedade.
 Com a promulgação da LDB, houve a regulamentação do ensino por 
meio de medidas de descentralização, com a determinação de responsa-
bilidade do estado pela organização de seus sistemas de ensino. A descen-
tralização do ensino se trata da responsabilização de cada estado da Fe-
deração em organizar seus sistemas de ensino.
Você percebeu como os debates entre educadores e intelectuais de várias 
áreas do saber científi co e social foram (e ainda são) necessários para de-
fi nir os rumos da educação brasileira? São essas discussões que dão início 
ao princípio da elaboração das políticas públicas educacionais. Esses es-
forços têm origem nas discussões pedagógicas sistematizadas no interior 
das escolas, disto se corrobora a importância da compreensão dos aspec-
tos legislativos educacionais para a formação do professor.
SISTEMA DE ENSINO
Conforme Saviani (2008, p. 
120), “[...] constitui-se em 
uma ordenação articulada dos 
vários elementos necessários 
à consecução dos objetivos 
educacionais preconizados 
para a população à qual se 
destina”.
34
Em 1964, com o golpe militar, a LDB nº 9.394/61 foi substituída pela 
LDB nº 5.692/71, cuja elaboração traduzia o fortalecimento do Poder 
Executivo e o controle das decisões sobre a organização da educação. A 
descentralização aqui está ligada à transferência do ensino primário para 
os munícipios, porém dependente das decisões federais. O mesmo ocorre 
com o ensino de segundo grau.
Figura 7: Descentralização da educação.
Fonte: <www.123rf.com.br>. ID da imagem: 43580041.
A legislação também modifi cou o ensino profi ssional técnico, preconi-
zando sua obrigatoriedade no segundo grau, ou seja, todo estudante era 
obrigado a optar por uma modalidade de ensino profi ssional. Entretanto, 
essa medida foi naturalmente enfraquecida, até sua total falência.
Veremos no próximo tópico o processo de elaboração da LDB no Brasil 
democrático.
2.3.1 A LDBEN nº 6.934/96
Com o fi m do período da ditadura militar, a redemocratização do país 
encontrou uma legislação educacional totalmente defasada. Entretanto, 
mesmo antes do fi m da ditadura, os debates entre educadores, intelec-
tuais e setores da sociedade civil já demandavam uma nova legislação 
para a educação – o que de fato aconteceu anos mais tarde, com a parti-
cipação de diversos setores da sociedade civil.
35
Com a promulgação da Constituição Federal de 1986, houve a exigência 
de leis que pudessem implementar melhorias na qualidade do ensino e, 
ao mesmo tempo, acompanhar a nova ordem socioeconômica mundial 
com o advento da globalização. Nesse contexto, a Nova Constituição 
preconizou a implantação de uma nova LDB, que está em vigência na 
atualidade, bem como a elaboração do P lano Nacional de Educação 
(PNE) e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Bási-
ca (Fundeb).
Você observou o intervalo de tempo existente entre a promulgação da 
Constituição de 1988 e da LDB nº 9.634/96? Vejamos a explicitação da 
demora da atual LDB, segundo Terra (2014, p. 146):
O projeto da LDB foi apresentado em novembro de 1988 e teve uma contur-
bada tramitação que durou 8 anos no Congresso Nacional. Aprovado com 
muitas emendas na Câmara de Deputados, em maio de 1993 foi enviado ao 
Senado. Substituído por um novo projeto de autoria do senador Darcy ribei-
ro, voltou à Câmara, onde foi aprovado. Finalmente, foi sancionado pelo pre-
sidente da República no dia 20 de dezembro de 1996, exatamente 35 anos 
depois da primeira LDB.
A atual LDB foi promulgada em um período de mudanças indeléveis na 
sociedade, a saber: a globalização, a implantação mundial da sociedade 
do conhecimento ou revolução tecnológica. Soma-se aos eventos mencio-
nados a Conferência Mundial de Educação para Todos e das Metas para 
a Educação da U nesco. Sendo assim, a lei priorizou as novas demandas 
socioculturais e buscou acompanhar as questões econômicas do país.
PLANO NACIONAL DE 
EDUCAÇÃO (PNE)
Trata-se de um plano de ação 
do governo, cuja implantação 
em forma de lei está prevista 
na nossa Constituição, no 
artigo 214, como o PNE 
de duração plurianual, 
visando à articulação e ao 
desenvolvimento do ensino 
em seus diversos níveis e 
à integração das ações do 
poder público que conduzam. 
Com o desenvolvimento 
socioeconômico e cultural 
brasileiro, o PNE passou 
por diversas mudanças, e 
o atual 2º PNE (2014-2024)
entrou em vigor com a Lei 
nº 13.005, de 25 de junho de 
2014, sancionada pela então 
presidente da República Dilma 
Rousseff (BRASIL, 2017b).
FUNDO DE MANUTENÇÃO 
E DESENVOLVIMENTO DA 
EDUCAÇÃO BÁSICA (FUNDEB)
Foi criado pela Emenda 
Constitucional nº 53/2006 e 
regulamentado pela Lei nº 
11.494/2007 e pelo Decreto 
nº 6.253/2007. Trata-se de 
um fundo de distribuição 
dos recursos para a melhoria 
da educação, os quais são 
oriundos dos impostos 
arrecadados pelos próprios 
estados e municípios e a eles 
repassados. Ele também 
conta com recursos federais 
para complementar os valores 
de despesas por alunos 
(BRASIL, 2017a).
UNESCO
Sigla para Organização das 
Nações Unidas para a Educação, 
a Ciência e a Cultura. Sua 
relação com a educação se 
refere, atualmente, à realização 
da Conferência Mundial de 
Educação para Todos, realizada 
em Jomtien, na Tailândia, em 
1990, com o objetivo de traçar 
metas para a educação mundial 
(UNESCO, 2016).
36
Figura 8: Globalização e a revolução tecnológica.
Fonte: <https://br.123rf.com>. ID da imagem: 21247187.
Desta forma, a LDBEN nº 9.396, de 20 de dezembro de 1996, contem-
plou a questão da formação para a cidadania e o mundo do trabalho, 
conforme Brasil (1996, s.p.):
TÍTULO I
Da Educação
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na 
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensinoe pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominante-
mente, por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática
social. 
Além de normatizar e organizar a educação básica, a LDB preconiza 
conceitos sobre a fundamentação do magistério, como a liberdade para 
37
ensinar e o pluralismo de ideias. Tratam-se de princípios básicos nortea-
dores da prática docente com vistas à qualidade do ensino, à valorização 
do magistério, à formação de cidadãos éticos que saibam buscar a justiça 
e igualdade social e assim a transformação da realidade em que vivem, 
conforme Brasil (1996, s.p.): 
TÍTULO II
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
Ar t. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de 
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fi nalidade o pleno 
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualifi cação para o trabalho.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensa-
mento, a arte e o saber;
II I - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos ofi ciais;
VI I - valorização do profi ssional da educação escolar;
VI II - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legisla-
ção dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
XI I - consideração com a diversidade étnico-racial.
38
Como podemos perceber, a prerrogativa democrática é garantida pela lei 
educacional, assim como a defesa de uma educação emancipadora e di-
versifi cada. Observamos no item XI as indicações de preparação do alu-
no para o trabalho e para as práticas sociais, o que nos remete à formação 
da cidadania e ao mundo do trabalho.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Para conhecer a LDB nº 9.634/96 na íntegra e atualizada, acesse: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. 
Talvez você questione a vigência da atual LDB com tantas mudanças 
ocorrendo no país e este é um ótimo questionamento. Ocorre que a lei 
máxima brasileira ainda é a Constituição Federal de 1988, entretanto, 
assim como ela vem passando por recorrentes modifi cações, o mesmo se 
dá com a legislação educacional. 
MATERIAL COMPLEMENTAR
Para conhecer mais sobre a atualização da lei e da oferta da EaD, 
você pode consultar o site do MEC em: <http://portal.mec.gov.
br/busca-geral/212-noticias/educacao-superior-1690610854/
50451-mec-atualiza-regulamentacao-de-ead-e-amplia-a-oferta-
-de-cursos>. 
Embora venha passando por mudanças, a LDB implementou as modifi -
cações na educação, as quais estão listadas no quadro seguinte:
Reformulação dos conteúdos curriculares (2017).
Duração da educação básica gratuita dos 4 aos 17 anos (2013).
Atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com defi ciência (2013 e 2015).
Educação de jovens e adultos - EJA (2013).
Material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
A criação do ENEM com constantes aprimoramentos (1988).
Carga horária mínima para os ensinos fundamental e médio de 800 horas, devendo a do ensino médio ser 
aumentada para até 1.200 horas no prazo de cinco anos (2017).
Regulamentação e ampliação da Educação a Distância - EaD (2017).
Quadro 3: Principais alterações da LDB nº 9.634/96.
Fonte: Adaptado de Brasil (1996).
39
As mudanças têm como foco os ajustes necessários para atender às exi-
gências do atual momento socioeconômico do país, tais como a defasa-
gem quanto ao atendimento das diversidades culturais, da inclusão e da 
atualização do currículo, enfi m, da modernização dos parâmetros educa-
cionais – incluindo a expansão da oferta de ensino na EaD.
As atuais discussões sobre a educação básica brasileira têm repercutido 
em todos os setores da sociedade civil pela enorme importância que ela 
tem para a construção de uma nação desenvolvida e mais igualitária. No 
bojo dessas discussões, está a implementação da proposta da Base Nacio-
nal Comum Curricular (BNCC) a ser avaliada pelo Conselho Nacional 
de Educação (CNE), elaborada com base na Constituição Federal de 
1988, na LDB, no PNE 2014-2024 e nas Diretrizes Curriculares Nacio-
nais (DCNs) da educação básica de 2013, conforme Brasil (2017, s.p.):
A BNCC e os currículos se identifi cam na comunhão de princípios e valores 
que, como já mencionado, orientam a LDB e as DCN. Dessa maneira, reco-
nhecem que a educação tem um compromisso com a formação e o desenvol-
vimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, 
ética, moral e simbólica. Além disso, BNCC e currículos têm papéis comple-
mentares para assegurar as aprendizagens essenciais defi nidas para cada 
etapa da educação básica, uma vez que tais aprendizagens só se materiali-
zam mediante o conjunto de decisões que caracterizam o currículo em ação. 
São essas decisões que vão adequar as proposições da BNCC à realidade dos 
sistemas ou das redes de ensino e das instituições escolares, considerando o 
contexto e as características dos alunos.
A BNCC propõe a efetivação de práticas educacionais de acordo com o 
currículo ofi cial, preconizado na LDB e discutido nas DCNs. Tais pro-
postas fazem parte das aprendizagens inerentes a uma educação inclusi-
va, de qualidade e formadora do indivíduo cidadão. 
PESQUISE!
O currículo do curso de graduação em Letras busca oferecer uma 
formação baseada na legislação da educação básica, bem como 
no que a lei preconiza quanto ao currículo dessa modalidade de 
ensino. Além da lei, há parâmetros ofi ciais que buscam organizar a 
educação para cada disciplina. Pesquise nas DCNs da educação bá-
sica quais são os parâmetros para o ensino de Língua Portuguesa e 
de línguas estrangeiras. 
40
A importância da participação dos professores e da sociedade civil para a ela-
boração da legislação educacional está relacionada em atender às expectativas 
da população no que se refere: aos rumos que a educação deve tomar em fun-
ção do contexto socioeconômico e cultural, das necessidades educacionais 
da população, das exigências relacionadas à inserção no mundo do trabalho, 
da correção de caminhos educacionais defasados, na formação de cidadãos 
éticos e capazes de transformar a realidade em que vivem.
As medidas pressupostas nas leis não devem suplantar as discussões e re-
fl exões que os educadores devem manter em sua prática profi ssional, pois 
estas prerrogativas democráticas contribuem para que a legislação seja 
aplicada em cada escola e em cada região de acordo com suas realidades. 
41
APLICANDO A TEORIA NA PRÁTICA
A legislação da educação brasileira busca acompanhar as exigências socio-
culturais da atualidade, bem como viabilizar a inserção do maior número 
de profi ssionais no magistério regulamentando as diversas modalidades 
de ensino. Essas medidas visam promover a qualidade e o desenvolvimen-
to dos cursos de graduação. Sendo assim, propomos que você consulte 
a legislação que normatiza a EaD para se apropriar desse conhecimento 
face às discussões em torno dela e da modalidade presencial de ensino.
RESPOSTA ESPERADA
A modalidade de EaD vem se expandindo em diversas áreas educativas. 
Para colocar em prática a sua regulamentação e normatização, foi pro-
mulgado o Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que regula-
menta o art. 80, da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB). 
A partir de então, novos decretos foram lançados para aprimorar a lei, 
de forma que houvesse um atendimentoàs novas exigências advindas 
do desenvolvimento da educação nesta área. Recentemente, foi promul-
gado o Decreto nº 9.057/2017, sobre o ensino superior, e o Decreto nº 
9.057/2017, que regulamenta a oferta de cursos a distância para o ensino 
médio e para a educação profi ssional técnica de nível médio.
42
SÍNTESE
Chegamos ao fim de mais um capítulo e esperamos que ela tenha 
gerado boas reflexões acerca da legislação da educação básica brasileira. 
Neste capítulo, apresentamos os conceitos que envolvem a elaboração 
das legislações. Sintetizando, você acompanhou os seguintes assuntos:
• A legislação da educação faz parte das políticas públicas educacio-
nais e estão compreendidas no rol das políticas sociais do Estado.
• As primeiras leis de ensino surgiram com a chegada da Família Real.
• A educação foi bastante negligenciada com o advento da indus-
trialização do país, iniciada em meados do século XIX.
• Durante a Primeira República, os intelectuais da educação se in-
teiravam das concepções pedagógicas da Escola Nova, idealizada
por John Dewey, e se organizavam para levar suas reivindicações
ao sistema governamental.
• No governo de Getúlio Vargas, houve reformas e mudanças na
legislação, mas não a realização de uma legislação específi ca para
a educação.
• Com a transição da economia rural para a industrial, foi neces-
sária a formação de mão de obra letrada. Com isso, houve gran-
de aumento do número de escolas nas cidades brasileiras.
• A 1ª LDB foi promulgada em 1961, após o fi m do período di-
tatorial, no Estado Novo, comandado por Getúlio Vargas, no
período de 1930 a 1945.
• A 2ª LDB, de 1971, foi elaborada para implementar o modelo
educacional da ditadura militar brasileira com forte controle do
sistema educacional e ensino médio profi ssionalizante.
• A atual LDB foi promulgada em 1996, conforme as exigências
contidas na Constituição Federal de 1988.
• A atual LDB vem passando por atualizações constantemente.
• Atualmente, há a proposta governamental de implantação da
BNCC para organizar a aplicação do currículo ofi cial.
43C u r s o d e L e t r a s | F u n d a m e n t o s d a E d u c a ç ã o
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