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TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA II
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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes síndromes marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
Também chamado de Desordens do Espectro Autista (DEA ou ASD em inglês), recebe o nome de espectro (spectrum), porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das outras, numa gradação que vai da mais leves à mais grave. Todas, porém, em menor ou maior grau estão relacionadas, com as dificuldades de comunicação e relacionamento social.
Tipos
De acordo com o quadro clinico, o TEA pode ser classificado em:
1) Autismo clássico – o grau de comprometimento pode variar de muito. De maneira geral, os portadores são voltados para si mesmos, não estabelecem contato visual com as pessoas nem com o ambiente; conseguem falar, mas não usam a fala como ferramenta de comunicação. Embora possam entender enunciados simples, têm dificuldade de compreensão e apreendem apenas o sentido literal das palavras. Não compreendem metáforas nem o duplo sentido. Nas formas mais graves, demonstram ausência completa de qualquer contato interpessoal. São crianças isoladas, que não aprendem a falar, não olham para as outras pessoas nos olhos, não retribuem sorrisos, repetem movimentos estereotipados, sem muito significado ou ficam girando ao redor de si mesmas e apresentam deficiência mental importante;
2) Autismo de alto desempenho (antes chamado de síndrome de Asperger) – os portadores apresentam as mesmas dificuldades dos outros autistas, mas numa medida bem reduzida. São verbais e inteligentes. Tão inteligentes que chegam a ser confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em que se especializam. Quanto menor a dificuldade de interação social, mais eles conseguem levar vida próxima à normal.
3 ) Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação (DGD-SOE) – os portadores são considerados dentro do espectro do autismo (dificuldade de comunicação e de interação social), mas os sintomas não são suficientes para incluí-los em nenhuma das categorias específicas do transtorno, o que torna o diagnóstico muito mais difícil.
Incidência
Não faz muito tempo, o autismo era considerado uma condição rara, que atingia uma em cada duas mil crianças. Hoje, as pesquisas mostram que uma em cada cem crianças é portadora do espectro, que afeta mais os meninos do que as meninas.  Em geral, o transtorno se instala nos três primeiros anos de vida, quando os neurônios que coordenam a comunicação e os relacionamentos sociais deixam de formar as conexões necessárias.
As manifestações na adolescência e na vida adulta estão correlacionadas com o grau de comprometimento e com a capacidade de superar as dificuldades seguindo as condutas terapêuticas adequadas para cada caso desde cedo.
O diagnóstico é essencialmente clínico. Baseia-se nos sinais e sintomas e leva em conta os critérios estabelecidos por DSM–IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS).o comprometimento e o histórico do paciente
Causas
Estudos iniciais consideravam o transtorno resultado de dinâmica familiar problemática e de condições de ordem psicológica alteradas, hipótese que se mostrou improcedente. A tendência atual é admitir a existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos, biológicos e ambientais. No entanto, saber como o cérebro dessas pessoas ainda é um mistério para ciência.
Tratamento
Ainda não se conhece a cura definitiva para o transtorno do espectro do autismo. Da mesma forma não existe um padrão de tratamento que possa ser aplicado em todos os portadores do distúrbio. Cada paciente exige um tipo de acompanhamento específico e individualizado que exige a participação dos pais, dos familiares e de uma equipe profissional multidisciplinar visando à reabilitação global do paciente. O uso de medicamentos só é indicado quando surgem complicações e comorbidades.
Família
O diagnóstico de autismo traz sempre sofrimento para a família inteira. Por isso, as pessoas envolvidas – pais, irmãos, parentes – precisam conhecer as características do espectro e aprender técnicas que facilitam a autossuficência e a comunicação da criança e o relacionamento entre todos que com ela convivem.
Crianças com autismo precisam de tratamento e suas famílias de apoio, informação e treinamento. A AMA (Associação dos Amigos dos Autistas) é uma entidade sem fins lucrativos que presta importantes serviços nesse sentido.
Publicado em 30/01/2014.
Revisado em 28/03/2014.
Disponível em
https://drauziovarella.com.br/crianca-2/tea-transtorno-do-espectro-autista-ii/
Transtorno do Espectro Autista (TEA). Maria Alice Fontes
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é transtorno do neurodesenvolvimento infantil caracterizado por dificuldades na interação social, comunicação, comportamentos repetitivos e interesses restritos, podendo apresentar também sensibilidades sensoriais.
Esses comportamentos muitas vezes se manifestam pelo interesse intenso e focalizado em um assunto em particular; com movimentos corporais estereotipados como agitar as mãos; e uma sensibilidade aumentada a sons ou texturas.
O conceito de espectro reflete a ampla gama de desafios e até que ponto que as pessoas com autismo podem ser afetadas. O ocorrência é de cerca de um em cada 100 pessoas tem um TEA. Sabe-se que é quatro vezes mais comum em meninos do que meninas.
A qualidade de vida de muitas crianças e adultos pode ser significativamente melhorada por um diagnóstico precoce e a indicação de tratamento.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizada por dificuldades acentuadas no comportamento, interação social, comunicação e sensibilidades sensoriais. Algumas destas características são comuns entre pessoas com um transtorno do espectro autista; outros são típicos da doença, mas não necessariamente exibido por todas as pessoas do espectro do autismo.
· Comportamental 
· A interação social 
· Comunicação
Comportamental
As pessoas com o transtorno do espectro autista, devido às dificuldades que têm de responder ao ambiente, podem apresentar um comportamento incomum. O seu comportamento é geralmente uma tentativa de comunicar os seus sentimentos ou para lidar com uma situação. Problemas de comportamento podem ocorrer como resultado de sua maior sensibilidade a um som ou algo que pode ter visto ou sentido.
As pessoas com transtorno do espectro autista, aderem rigidamente a rotinas e podem passar seu tempo com comportamentos repetitivos a fim de tentarem reduzir as incertezas e manter a previsibilidade do ambiente.
Outros comportamentos podem incluir:
Interesses intensos ou híper foco; 
Movimentos corporais estereotipados e repetitivos, tais como agitar as mãos; 
Manipulação repetitiva de objetos, tais como ligar e desligar ou alinhar brinquedos;
Insistência em aderir a rotinas, tais passar sempre pelo mesmo lugar e fazer as coisas exatamente na mesma ordem a cada vez; 
Interesses sensoriais incomuns, como cheirar objetos ou olhar atentamente para objetos em movimento; 
Sensibilidades sensoriais, incluindo a evitação de sons do cotidiano e texturas, como secadores de cabelo, aspiradores de pó e areia; 
Deficiência intelectual ou dificuldades de aprendizagem
A interação social
As pessoas com TEA têm dificuldade em estabelecer e manter relacionamentos. Eles tem dificuldades para entender algumas formas de comportamentos não-verbais típicos como como expressões faciais, gestos físicos e contato visual. Eles são muitas vezes incapazes de compreender e expressar as suas necessidades, assim como eles podem ter dificuldades de interpretar e compreender as necessidades dos outros. Isso prejudicasua capacidade de partilhar interesses e atividades com outras pessoas. Por esta razão, podem parecer distantes e indiferentes. A dificuldade de comunicação verbal em geral acarreta problemas de interação social, podendo abandonar brincadeiras de jogos, com comportamentos repetitivos para evitar a interação.
Suas dificuldades de interação social pode se manifestar das seguintes formas:
· Utilização limitada e compreensão da comunicação não-verbal, como o olhar, a expressão facial e o gesto; 
· Dificuldade de iniciar e manter amizades; 
· Falta de compartilhamento de prazeres, interesses e atividades com outras pessoas; 
· Dificuldades com a capacidade de resposta social e emocional.
Comunicação
Pessoas com um TEA, invariavelmente, têm de uma forma ou de outra dificuldades de comunicação. Há algumas pessoas com ASD que falam fluentemente, outros podem ter alteração da fala em diferentes graus, alguns poucos podem ainda serem incapazes de falar normalmente. Dentre os que conseguem falar, sua linguagem pode ser limitada ou incomum.
O seu discurso pode incluir a repetição de frases ou palavras de forma a fazer as mesmas perguntas várias vezes. As pessoas com ASD geralmente só falam de temas que são de interesse para eles mesmos, o que torna difícil a troca de experiências na comunicação. Eles têm dificuldade em interpretar as formas não-verbais de comunicação, como expressões faciais, gestos e outras linguagens corporais.
Comunicação prejudicada é caracterizado por:
· Desenvolvimento atrasado da linguagem;
· Dificuldades de iniciar e manter conversas; 
· Uso estereotipado e repetitivo da linguagem como repetir sempre as mesmas frases.
 
 Veja o vídeo sobre Autismo:
http://youtu.be/AUtjZxPFVv4
disponível
http://www.plenamente.com.br/artigo.php?FhIdArtigo=207#.WGrmHdIrLIU
DIAGNÓSTICO DO AUTISMO
Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) já começam a demonstrar sinais nos primeiros meses de vida: elas não mantêm contato visual efetivo e não olham quando você chama. A partir dos 12 meses, por exemplo, elas também não apontam com o dedinho. No primeiro ano de vida, demonstram mais interesse nos objetos do que nas pessoas e, quando os pais fazem brincadeiras de esconder, sorrir, podem não demonstrar muita reação.
O diagnóstico do autismo é clínico, feito através de observação direta do comportamento e de uma entrevista com os pais ou responsáveis. Os sintomas costumam estar presentes antes dos 3 anos de idade, sendo possível fazer o diagnóstico por volta dos 18 meses de idade.
Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) referem-se a um grupo de transtornos caracterizados por um espectro compartilhado de prejuízos qualitativos na interação social, associados a comportamentos repetitivos e interesses restritos pronunciados (Brentani et al, 2013). Os TEAs apresentam uma ampla gama de severidade e prejuízos, sendo frequentemente a causa de deficiência grave, representando um grande problema de saúde pública. Há uma grande heterogeneidade na apresentação fenotípica do TEA, tanto com relação à configuração e severidade dos sintomas comportamentais (Geschwind, 2009).
A atual dificuldade de identificação de subgrupos de TEA que poderiam direcionar tratamentos e viabilizar melhores prognósticos, dificultam progressos no desenvolvimento de novas abordagens de tratamento destes pacientes.
A nova edição do DSM trouxe uma nova estrutura de sintomas, e a tríade de sintomas que modela déficits de comunicação separadamente de prejuízos sociais do DSM-IV, que foi substituído por um modelo de dois domínios composto por um domínio relativo a déficit de comunicação social e um segundo relativo a comportamentos/interesses restritos e repetitivos. Além disso, o critério de atraso ou ausência total de desenvolvimento de linguagem expressiva foi eliminado do DSM-5, uma vez que pesquisas mostraram que esta característica não é universal, nem específica de indivíduos com TEA.
A seguir os critérios diagnósticos do DSM-V, cuja versão original pode ser acessada aqui.
DSM-V : Transtorno do Espectro do Autismo
Deve preencher os critérios 1, 2 e 3 abaixo:
1. Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e nas interações sociais, manifestadas de todas as maneiras seguintes:
2. Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para interação social;
b. Falta de reciprocidade social;
c. Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade apropriados para o estágio de desenvolvimento.
3. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das maneiras abaixo:
4. Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns;
b. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento;
c. Interesses restritos, fixos e intensos.
5. Os sintomas devem estar presentes no início da infância, mas podem não se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades.
Justificativas:
1. Novo nome para a categoria, Transtorno do Espectro do Autismo, que inclui transtorno autístico (autismo), transtorno de Asperger, transtorno desintegrativo da infância, e transtorno global ou invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.
A diferenciação entre Transtorno do Espectro do Autismo, desenvolvimento típico/normal e de outros transtornos “fora do espectro” é feita com segurança e com validade. No entanto, as distinções entre os transtornos têm se mostrado inconsistentes com o passar do tempo. Variáveis dependentes do ambiente, e frequentemente associadas à gravidade, nível de linguagem ou inteligência, parecem contribuir mais do que as características do transtorno.
Como o autismo é definido por um conjunto comum de sintomas, estamos admitindo que ele seja melhor representado por uma única categoria diagnóstica, adaptável conforme apresentação clínica individual, que permite incluir especificidades clínicas como, por exemplo, transtornos genéticos conhecidos, epilepsia, deficiência intelectual e outros. Um transtorno na forma de espectro único, reflete melhor o estágio de conhecimento sobre a patologia e sua apresentação clínica.
1. Três domínios se tornam dois:
1) Deficiências sociais e de comunicação;
2) Interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos.
Déficits na comunicação e comportamentos sociais são inseparáveis, e avaliados mais acuradamente quando observados como um único conjunto de sintomas com especificidades contextuais e ambientais.
Atrasos de linguagem não são características exclusivas dos transtornos do espectro do autismo e nem universais dentro dele. Podem ser definidos, mais apropriadamente, como fatores que influenciam nos sintomas clínicos de TEA, e não como critérios do diagnóstico do autismo para esses transtornos.
Exigir que ambos os critérios sejam completamente preenchidos, melhora a especificidade diagnóstico do autismo sem prejudicar sua sensibilidade.
Fornecer exemplos a serem incluídos em subdomínios, para uma série de idades cronológicas e níveis de linguagem, aumenta a sensibilidade ao longo dos níveis de gravidade, de leve ao mais grave, e ao mesmo tempo mantém a especificidade que temos quando usamos apenas dois domínios.
A decisão foi baseada em revisão de literatura, consultas a especialistas e discussões de grupos de trabalho. Foi confirmada pelos resultados de análises secundárias dos dados feitas pelo CPEA e pelo STAART, Universidade de Michigan, e pelas bases de dados da Simons Simplex Collection.
Muitos critérios sociais e de comunicação foram unidos e simplificados para esclarecer os requerimentos do diagnóstico do autismo.
No DSM IV, critérios múltiplos avaliam o mesmo sintoma e por isso trazem peso excessivo ao ato de diagnosticar.
Unir os domínios social e de comunicação, requer uma nova abordagem dos critérios.
Foram conduzidas análises sobre os sintomas sociais e de comunicação para estabelecer os conjuntos mais sensíveis e específicos de sintomas, bem como os de descrições de critérios parauma série de idades e níveis de linguagem.
Exigir duas manifestações de sintomas para comportamento repetitivos e interesses fixos e focados, melhora a especificidade dos critérios, sem perdas significativas na sensibilidade. A necessidade de fontes múltiplas de informação, incluindo observação clínica especializada e relatos de pais, cuidadores e professores, é ressaltada pela necessidade de atendermos uma proporção mais alta de critérios.
A presença, via observação clínica e relatos do(s) cuidador(es), de uma história de interesses fixos, rotinas ou rituais e comportamentos repetitivos, aumenta consideravelmente a estabilidade do diagnóstico do autismo do espectro do autismo ao longo do tempo,  e reforça a diferenciação entre TEA e os outros transtornos.
A reorganização dos subdomínios, aumenta a clareza e continua a fornecer sensibilidade adequada, ao mesmo tempo que melhora a especificidade necessária através de exemplos de diferentes faixas de idade e níveis de linguagem.
Comportamentos sensoriais incomuns, são explicitamente incluídos dentro de um subdomínio de comportamentos motores e verbais estereotipados, aumentando a especificação daqueles diferentes que podem ser codificados dentro desse domínio, com exemplos particularmente relevantes para crianças mais novas.
1. O Transtorno do Espectro do Autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico, e deve estar presente desde o nascimento ou começo da infância, mas pode não ser detectado antes, por conta das demandas sociais mínimas na mais tenra infância, e do intenso apoio dos pais ou cuidadores nos primeiros anos de vida.
O DSM-5 também reconhece que indivíduos afetados variam com relação a sintomas não específicos do TEA, tais como habilidade cognitiva, habilidade de linguagem expressiva, padrões de início, e comorbidades psicopatológicas. Estas distinções podem proporcionar meios alternativos para identificação de subtipos dentro do TEA.
Assim, visando aumentar a especificidade do diagnóstico de TEA, o DSM-5 identifica tanto os sintomas diagnósticos principais como características não específicas do TEA que variam dentro desta população.
Apesar dos avanços genéticos em relação ao TEA, as bases genéticas associadas aos fenótipos ainda permanecem desconhecidas devido à grande heterogeneidade genética e fenotípica da doença, pois o TEA não é visto como uma doença atrelada a um único gene, mas sim uma doença complexa resultado de variações genéticas simultâneas em múltiplos genes (Iyengar and Elston 2007) junto com uma complexa interação genética, epigenética e fatores ambientais (Persico and Bourgeron 2006, Eapen 2011).
Como há uma enorme variabilidade em termos de comportamento (gravidade dos sintomas), cognição e mecanismos biológicos, construindo-se a idéia de que o TEA é um grupo heterogêneo, com etiologias distintas, eles de beneficiam de avaliação individualizada para propor a melhor composição de acompanhamento para o caso.
Aproximadamente 60-70% têm algum nível de deficiência intelectual, enquanto que os indivíduos com autismo leve, apresentam faixa normal de inteligência e cerca de 10 % dos indivíduos com autismo têm excelentes habilidades intelectuais para a sua idade (Brentani, et al. 2013).
Disponível em
http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/diagnosticos-do-autismo/
O que é Autismo?
	
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um termo que tem sido usado por muitos profissionais para descrever crianças que apresentam dificuldades na interação social, no brincar e na comunicação.
TEA não é um termo médico. Mas é uma maneira prática de descrever um grupo grande e variado de crianças com semelhanças na sua maneira de processar as informações e entender o mundo.
Você pode ter ouvido os termos Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, Autismo, Síndrome de Asperger, Hiperlexia e Transtorno Semântico-Pragmático, todos associados aos TEA. Independente do diagnóstico dado a uma criança, lembre-se primeiro e principalmente de que cada criança é um indivíduo único, com seus próprios talentos e desafios.
Os rótulos podem ser amedrontadores. Mas o rótulo de TEA pode ajudá-lo a ter acesso a informações e serviços adequados para a criança. Reconhecer as necessidades especiais da criança é o primeiro passo para ajudá-la a se desenvolver e melhorar.
		Características
Transtornos do Espectro do Autismo é um distúrbio do desenvolvimento que normalmente surge nos primeiros três anos de vida da criança. Estimativas atuais mostram que o TEA, abrangendo todos os diagnósticos do espectro, ocorre aproximadamente dois a sete em cada 1.000 indivíduos. É cerca de três a quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas.
O TEA atinge a comunicação, a interação social, a imaginação e o comportamento. Não é algo que a criança pode contrair. Não é causado pelos pais. É uma condição que prossegue até a adolescência e vida adulta. Contudo, todas as crianças com TEA continuarão a demonstrar progresso no desenvolvimento; há muito que pode ser feito para ajudá-las.
Lembretes importantes
· Não há padrão fixo para a forma na qual o TEA se manifesta.
· Não há idade determinada para o aparecimento dos sintomas.
· Em geral, os sintomas tornam-se evidentes gradativamente.
· Os sintomas específicos variam bastante. Muitas crianças podem não apresentar todos os sintomas até hoje identificados.
· Os sintomas variam de acordo com a idade. Algumas crianças com três anos podem repetir indefinidamente frases que ouvem, mas podem não repeti-las aos sete anos.
· A gravidade dos sintomas varia. Por exemplo, algumas crianças podem evitar quase completamente o contato visual, enquanto outras podem ter apenas dificuldades sutis.
· Se uma criança apresenta alguns dos sintomas, não significa automaticamente que tenha TEA.
· Muitos dos comportamentos associados ao TEA podem ser consequência de outros problemas; por exemplo evitar o contato visual pode ser devido à ansiedade; a falta de boa interação com outras crianças talvez seja apenas timidez; o atraso no desenvolvimento da linguagem pode ser causado por dificuldades auditivas resultantes de várias infecções do ouvido.
· O fato de não ser bom pai não causa TEA.
Sintomas
O TEA pode ser detectado no nascimento?
O TEA não é uma condição que pode ser detectada no nascimento. Bebês com TEA parecem tão bonitos quanto qualquer outro. Não existem características óbvias e nem exames de sangue para detectar a condição.
Quais os possíveis sintomas nos primeiros seis meses?
Neste caso, também não há sintomas óbvios. Alguns bebês são muito passivos, outros muito inquietos - na verdade, iguais aos outros bebês, com personalidade e características próprias. A maioria dos pais de crianças que são posteriormente diagnosticadas com TEA comenta que os bebês pareciam ter desenvolvimento normal nos primeiros meses, embora muitos pais passam a temer a existência de algo errado no primeiro ano de vida.
Algumas famílias descrevem bebês muito passivos ou agitados e inconsoláveis. Obviamente, essas coisas podem ter muitas causas, entre as quais temperamento. Alguns descrevem bebês que raramente olham o rosto ou olhos dos pais, ou que balbuciam ou imitam muito pouco os movimentos ou sons dos pais. Esses sinais devem ser notados e discutidos com um médico.
Quais sintomas podem aparecer na idade de seis a doze meses?
Algumas crianças podem demonstrar certo atraso para atingir os marcos de desenvolvimento, embora outras se desenvolvam de uma maneira normal. Em geral, como avaliação muito grosseira, por volta de 12 meses, a criança é capaz de engatinhar ou mover-se no ambiente, ficar em pé com apoio, dizer palavras isoladas como "mamâ" ou "papá" e usar gestos simples como dar tchauzinho. se a criança não atingiu esses marcos, ele poderá desenvolver essas aptidões nos meses seguintes. Contudo, um profissional de saúde (por exemplo, médico ou outro profissional qualificado) talvez queira monitorar o progresso da criança. Isso não significa necessariamente que seu filho tenha TEA, mas pode sinalizar outras dificuldades gerais do desenvolvimento,atraso na linguagem, na fala ou no desenvolvimento físico. como regra geral, a criança deve balbuciar e usar gestos por volta de 12 meses, e palavras isoladas com significado (além de mamã e papá) por volta de 16 meses.
Quais os sintomas prováveis aos 18 meses?
Geralmente, as primeiras preocupações surgem quando a criança tem cerca de 17 meses. Isso é relevante porque é nessa época que a criança recebe as primeiras vacinas, e alguns pais costumas associar os dois eventos. Até hoje, não se constatou nenhum vínculo entre as vacinas anti-sarampo, anti-caxumba e  anti-rubéola e a causa do TEA; e alguns pesquisadores acham que os pais culpam a vacina porque o TEA costuma surgir nesta idade.
A criança deve usar duas palavras juntas com significado por volta de 24 meses; o fato de ela não fazê-lo, ou qualquer outra perda de linguagem neste período, é razão para procurar um profissional de saúde (por exemplo, médico ou outro profissional qualificado). algumas crianças com TEA terão aprendido aptidões que então parecem perder: Em particular, algumas delas ganham e, posteriormente, parecem perder aptidões de linguagem.
Pode haver muitos motivos para a criança apresentar alguns dos comportamentos enumerados no quadro a seguir. Se voce estiver preocupado, converse com um profissional de saúde. É provável que ele faça alguns trestes simples e marque novas consultas nos meses seguintes, ou encaminhe a criança a um pediatra. Os pediatras são especializados no desenvolvimento de bebês e crianças.
Comportamentos que causam preocupação aos 18 meses
· Não faz bom contato visual com os pais.
· Não responde prontamente quando o chamam pelo nome.
· Demonstra pouquíssimo interesse em outras pessoas.
· Parece estar no " mundo dele" .
· Tem atraso no desenvolvimento da linguagem. Em geral, a criança consegue usar dez palavras ou mais nesta idade.
· Está perdendo a linguagem. Algumas crianças param de usar palavras que usavam antes e não aprendem palavras novas.
· Não usa gestos como apontar para indicar que deseja algo.
· Pega a mão do adulto e coloca sobre coisas que ele quer abrir, em vez de gesticular, apontar e usar contato visual e linguagem.
· Não parece entender os gestos dos pais, como apontar.
· Não brinca de faz-de-contas (por exemplo, brincar de casinha).
· Parece fascinado por partes de brinquedos em vez de brincar com eles como esperado - por exemplo, gira constantemente as rodas de um carrinho em vez de fazê-lo rodar no chão.
· Passa longos períodos de tempo enfileirando objetos e fica mais perturbado do que o normal se alguém os muda e lugar.
· Faz movimentos incomuns como caminhar na ponta dos pés o tempo todo ou agitar as mãos excessivamente.
· Insiste em carregar pares de objetos, um em cada mão, quase sempre da mesma forma e cor.
Diagnóstico
	Qual a diferença entre autismo, síndrome de Asperger, autismo atípico e autismo de alto desempenho?
Há muita confusão quanto aos rótulos usados para descrever TEA. Embora o TEA descreva um conjunto de comportamentos, esses variam de pessoa para pessoa na gravidade e na combinação de sintomas.
Ainda que crianças com autismo apresentem maior probabilidade de ter pouca inteligência, algumas são inteligentíssimas. Da mesma maneira, o temperamento de crianças com TEA pode diferir radicalmente. Algumas são muito tranquilas, ao passo que outras são voluntariosas. Portanto, crianças com o mesmo diagnóstico diferem.
Distúrbio do espectro do autismo
O termo " Transtornos do Espectro do Autismo " (TEA) não é um diagnóstico único. Refere-se a qualquer um dos disgnósticos acima: autismo, síndrome de Asperger, transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação etc. É um termo abrangente que incluitodos os disgnósticos do espectro.
Autismo ( autismo infantil ou transtorno autista)
Crianças e jovens que recebem este diagnóstico mostram distúrbios em interação social, comunicação e brincadeiras imaginativas antes dos três anos de idade, bem como comportamentos, interresses e atividades  estereotipados.
Síndrome ou transtorno de Asperger
Crianças e jovens que recebem este disgnóstico mostram distúrbios em interações sociais e atividades de interesses restritos, sem atraso geral significativo na linguagem e caem na faixa de inteligência média ou acima da média.
Autismo atípico ou transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação
Pode-se fazer este diagnóstico quando a criança não atende a todos os critérios para o diagnóstico de autismo ou síndrome de Asperger, mas há um distúrbio grave invasivo nas áreas afetadas por TEA.
Autismo de Alto Desempenho
Às vezes,usa-se esse termo para indicar que o jovem tem as mesmas dificuldades descritas no autismo, mas apresenta nível de inteligência médio ou acima da média.
Dificuldades Sensoriais
	Muitas crianças com TEA, reagem de formas incomuns ao mundo ao seu redor. Isto acontece porque elas podem não sentir as coisas da mesma forma que você e eu, Seu filho pode hipersensível a certas sensações, o que significa que uma pequena quantidade da sensação pode estimulá-lo intensamente.
Se a criança é hipersensível, ela pode se afligir e tentar evitar as sensações que o incomodam. Por exemplo: Uma criança hipersensível ao som de um aspirador de pó, por isso cobre os ouvidos para bloquear o barulho.
Ao mesmo tempo, uma criança pode ser hiposensível a certas sensações e buscá-las, porque é necessária uma grande quantidade da sensação para estimulá-la. Crianças que são hipossensíveis ao movimento são particularmente ativas, porque correm de um lado para o outro, balançam o tronco ou pulam buscando provocar sensações que precisam. Por outro lado, há crianças que são hipossensíveis às sensações, e mesmo assim são passivas. Elas mal reagem ao mundo à sua volta, porque não estão obtendo estímulos suficientes.
É possível que uma criança tenha reações contraditórias às sensações - ela pode ser hipersensível a algumas e hipossensível a outras. Muitas crianças com TEA são hispossensíveis à fala e não respondem a ela, muito embora outros sons as incomodem. Vai ser difícil que a criança preste atenção ao que os outros dizem, se ela tiver dificuldades em ouvir sons da fala.
Sensibilidades
	Por razões não inteiramente compreendidas, crianças com autismo podem desenvolver uma série de sensibilidades e interesses sensoriais. Entre as explicações possíveis está o fato de que crianças com menor capacidade de "entender a essência" podem ter menos interesse no significado geral ou em entender a figura inteira e, assim, sentir maior atração pelos detalhes ou experiências sensoriais. Além disso, crianças com autismo acham que se concentrar em experiências sensoriais reduz sua ansiedade. Sentem-se à vontade ao agirem assim. Isso lhes permite evitar experiências que causam mais ansiedade, por exemplo, interagir com outros indivíduos.
Dificuldades com a imaginação também podem levar a uma tendência a concentrar-se em experiências perceptivas concretas (definidas e claras). A natureza, em parte, conduz o desenvolvimento infantil por meio de brincadeiras de tal forma que a criança possa adquirir mais aprendizado. As brincadeiras "evoluem" em consequência da imaginação. Se a imaginação estiver ausente, então as brincadeiras permanecem onde estão e envolvem padrões e rotinas. Finalmente, em consequência da cegueira mental, crianças com autismo não vêem o motivo de brincar "com" alguém; como a maioria das vezes são outras pessoas que introduzem variedade em brincadeiras, brincar sozinho diminui a probabilidade da introdução da variedade.
Qualquer que seja a razão, crianças com autismo costumam concentrar-se em ruídos, tato, sensação, gosto, aroma e experiências visuais - embora nem todas elas. Isso pode levar a preocupações ou compulsões, ou excesso de sensibilidade a certas experiências sensoriais. Por exemplo, algumas crianças ficam muito inquietas ao ouvir ruídos altos, facilmente tolerados pela maioria das pessoas. Talvez seja porque elas têm dificuldade em atribuir significado social a suas experiências perceptivas, ou pode estarrelacionado à maneira como seu cérebro vivencia percepções como o som. Na verdade, não sabemos ao certo.
Sensibilidades e interesses visuais
É muito comum ver crianças com autismo que gostam de observar padrões ou certos tipos de formas ou outros estímulos visuais. Podem procurá-los regularmente e quase sempre os percebem no ambiente. Entre alguns exemplos estão:
· Mover as mãos para frente e para trás diante dos olhos e observar as formas e padrões criados.
· Mover, diante dos olhos, garfos ou outros objetos semelhantes.
· Observar torres elétricas e formas interessantes.
· Balançar contas coloridas diante dos olhos.
· Olhar coisas através da água.
 
Temperatura
Algumas crianças com autismo ou são alheias ou são particularmente sensíveis à temperatura. Uma criança brincava alegremente na neve, trajando apenas uma camiseta, enquanto seus irmãos usavam casacos e suéteres. Outra insistia em usar um casaco, independente da temperatura.
Algumas crianças com autismo gostam de tocar ou lamber coisas frias (por exemplo, canos). Outras gostam de tocar objetos excessivamente quentes.
Vibração
Crianças com autismo costumam interessar-se pela vibração. Podem colocar as mãos ou partes do corpo (por exemplo, rosto ou pés) sobre a porta da máquina de lavar roupa, secadora de roupa ou canos pelos quais a água corre.
Tato e textura
Textura pode ser interessante para indivíduos com autismo. A sensação da pele ou cabelos pode despertar interesse em algumas crianças com TEA. Elas podem querer tocar ou esfregar as mãos na pele ou tocá-la com os lábios ou beijá-la.
Algumas crianças podem demonstrar grande interesse por diversas texturas e acariciam roupas deliberada ou distraidamente. Outras podem ser muito sensíveis às etiquetas nas roupas e insistem que elas sejam removidas antes de vestir-se. Algumas não toleram certos tecidos e recusam-se a usar qualquer coisa feita com materiais sintéticos.
Olfato
Muitas crianças com autismo percebem alterações de aroma no ambiente. Podem cheirar a comida, objetos ou outras pessoas à medida que exploram aromas.
Alguns pais dizem que seus filhos regularmente cheiram os alimentos antes de comê-los, aparentemente verificando se são conhecidos.
Algumas crianças acham difícil suportar os aromas de vários produtos de limpeza.
Paladar
Algumas crianças com autismo lambém alimentos e superfícies. Elas exploram pelo paladar e podem ser muito sensíveis aos sabores, surpreendendo os pais quando percebem a diferença entre várias marcas de cereais, feijões e petiscos, quando outros indivíduos parecem totalmente alheios a isso.
Sons
Algumas crianças com autismo ficam fascinadas com os sons do ambiente. Ao contrário de outras crianças, elas demonstram menos interesse no significado do som do que no próprio som. Algumas crianças procuram um ruído em determinado vídeo e o repetem várias vezes, ou gostam de manter o som em determinada altura; outras ficam fascinadas por ruídos domésticos como os da panela de pressão, exaustores etc.
É muito comum criança com autismo temerem, ao extremo, sons altos feitos por cortadores de grama, motores de helicóptero, aspiradores de pó, liquidificadores, trânsito pesado ou sinetas escolares. Na maioria dos casos, a reação instantânea da criança ao vê-los ou ouvi-los é levar as mãos aos ouvidos.
Trecho extraído do livro Convivendo com Autismo e Síndrome de Asperger
Tratamentos
		Foram desenvolvidas várias filosofias intervencionistas que prestam atenção ao ambiente da criança para maximizar seu desenvolvimento. Algumas têm defensores fortíssimos e algumas têm oponentes fortíssimos. Conhecemos alguns adultos com TEA que são a favor e outros que são contra a alguns dos programas que iremos descrever. Nossa opinião é que apegar-se emocionalmente a qualquer uma abordagem é, provavelmente, um erro. Muitas delas são semelhantes. São, em sua maioria, abordagens equilibradas e todas têm boas idéias que podemos aproveitar.
Programa Hanen Adaptado
Em 1977, fundou-se o Centro Hanen na School of Human Communication Disorders na Universidade de McGill em Montreal. Em 1995, o centro desenvolveu um novo programa, desde então denominado " Mais do que palavras" , para pais de crianças com TEA. em 2000, foi oferecida a primeira oficina de treinamento do programa para fonoaudiólogos e terapeutas de linguagem. Trata-se, em sua maioria, de orientações boas e despojadas, como manter o vocabulário simples na comunicação, ficar frente a frente com a criança e ouvi-la atentamente.
Análise Comportamental Aplicada
Essa expressão surgiu para descobrir um certo tipo de programa intenso baseado em terapia comportamental e passou a ser usado para descrever muitos dos programas que surgiram desde Lovaas. Keenan, Kerr e Dilenburger (2000) escreveram um livro no qual descrevem seu uso.
Treinamento de Integração Auditiva
Difere do Treinamento de Integração Sensorial (mencionado abaixo). O som é usado como forma de expor a criança a várias experiências auditivas. Usam-se dispositivos com fones de ouvido para tocar música que pode ser alterada e controlada. Dr. Guy Berard é otorrinolaringologista na França e defensor deste tipo de trabalho.
Dietas
Inúmeras dietas são sugeridas para aliviar alguns sintomas de TEA. Até hoje, as pesquisas não confirmaram sua eficácia. Dietas sem glúten e sem caseína são as mais comuns. (O glúten está presente no trigo, no centeio e na cevada e, a caseína, em derivados do leite.) A teoria é que as proteínas no glúten e na caseína quebram-se no intestino, transformando-se em peptídeos tóxicos. Esses geralmente passam pelo organismo sem nenhum problema. Os defensores dessa teoria acreditam que crianças com TEA têm cólon irritável" que permite a passagem dos peptídeos para a corrente sanguínea, através da parede intestinal. Diz-se então que chegam ao cérebro (atravessam a barreira cerebral sanguínea) e causam danos ao seu funcionamento.
PECS: Sistema de Comunicação por Troca de Figuras
No PECS, as crianças aprendem a trocar figuras por itens que desejam. Por exemplo, se querem uma bolacha, dão a figura de uma a um adulto, que responde imediatamente. A idéia é que a criança dê início à comunicação.
O Programa começa com figuras simples, passa por opções e, depois, para a construção de frases mais complexas. As figuras ficam guardadas em um livro portátil e podem ser inseridas e removidas facilmente porque têm tiras de velcro no verso.
Treinamento de Integração Sensorial
Dra. Jean Ayres era psicóloga e terapeuta ocupacional em Los Angeles. A partir da década de 1960, ela desenvolveu uma abordagem baseada na teoria de que o sistema nervoso de algumas crianças não se integrava e não entendia informações sensoriais ( o que vemos, ouvimos, tocamos etc.). A teoria sugere que entender nossos sentidos nos dá uma imagem elaborada do mundo e nos permite planejar o que fazer e como. Além disso, segundo essa teoria, a integração de informações sensoriais não funciona adequadamente no autismo.
Programa Son-Rise, o Option Institute e o Autism Treatment Center of America
A família Kaufmann dirigiu o desenvolvimento do programa Son-Rise como uma divisão dentro do Option Institute e do Autism Treatment Center oj America e o programa existe há mais de 20 anos.
O Option Institute fica em Sheffield, Massachusettes, Estados Unidos. Son-Rise é uma abordagem para tratamento e educação projetada para ajudar crianças com autismo, suas famílias e provedores de cuidado. Baseia-se em alguns princípios fundamentais, entre os quais são:
· Participar ativamente de comportamentos incomuns ou repetitivos da criança na tentativa de facilitar mais interação social.
· Focar nas motivações e interesses da criança para facilitar a aprendizagem e a aquisição de aptidões.
· Incentivar as brincadeiras interativas e usá-las para aprendizagem.
· Manter uma atitude positiva, imparcial e amorosa em interações e expectativas.
· Reconhecer que os pais ou provedores de cuidado são o recurso mais importante e duradouro da criança.
· Criar uma área de trabalho / diversão segura e livre de distrações.
Essa abordagemexplora os interesses da criança e o adulto interage com o que a criança faz. Baseia-se muito em entrar na realidade da criança. Sugere que as interações sociais e a aprendizagem são mais bem facilitadas por meio dos próprios interesses da criança. Pede-se, sobretudo, aos terapeutas que não dominem, nem controlem as brincadeiras e as interações. a terapia começa na sala de jogos, preparada segundo diretrizes específicas e necessariamente tranquila e decorada sem cores fortes e excesso de elementos. A abordagem reconhece que a ansiedade da criança autista inibe a interação e a aprendizagem, e que os ambientes e as atividades que a minimizam facilitam melhor a aprendizagem. Na maioria das vezes, os terapeutas serão pais e voluntários treinados em cursos especiais.
TEACCH ( Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com problemas relacionados à Comunicação)
A abordagem TEACCH foi desenvolvida na década de 1970 por Eric Schopler e outros no Departamento de Psiquiatria da Escola de Medicina da Carolina do Norte. A abordagem busca ajudar indivíduos com TEA a cultivarem a vida e a independência dentro de seu potencial máximo, com apoio da comunidade. Em 1972, a North Carolina General Assembly aprovou lei que exigia a criação da divisão para TEACCH. Foi o primeiro programa estadual dos Estados Unidos, comunitário e abrangente, dedicado a melhorar tanto a compreensão do autismo quanto os seerviços para crianças com autismo ( e outros distúrbios de comunicação) e suas famílias.
Entre as principais prioridades estão o foco no indivíduo, a compreensão do autismo e uma base intervencionista ampla fundamentada em aptidões e interesses existentes. A filosofia de REACCH é a noção de que os autistas fazem parte de um grupo cultural distinto, não inferior aos indivíduos sem autismo. Cada programa é individualizado - reconhecendo que todos são diferentes. Organizar o espaço físico, desenvolver horários e sistemas de trabalho, esclarecer e explicitar as expectativas e usar materiais visuais são formas eficazes de desenvolver aptidões e permitir que os autistas as usem sem a ajuda direta de adultos. É dada atenção especial ao ambiente social e de aprendizagem e à ação de proporcionar uma estrutura clara para todo o ensino (por exemplo, minimizar distrações como ruídos ou estímulos visuais). Enfatiza-se a importância dos pais e do relacionamento entre casa e escola.
Brincadeiras Sensoriais
	
Apresentamos a seguir algumas idéias de atividades, que podem ser feitas em casa ou na escola. Antes de apresentarmos essas sugestões algumas considerações são necessárias.
· Em primeiro lugar precisamos saber que Integração Sensorial não é o mesmo que estimulação sensorial e que algumas vezes pode ser necessário reduzir a quantidade ou certos tipos de estímulos.
· É importante reconhecer que cada criança é única em seus interesses, necessidades e respostas. Devemos observar suas reações a diferentes estímulos, como por exemplo, ao toque, ao movimento, à altura, aos sons e luzes, e estar prontos para alterar as atividades e fazer modificações no ambiente sempre que necessário.
· As respostas podem variar não só de criança para criança, como também podem ser diferentes em um mesmo dia ou ainda de um dia para outro. A criança nos dará pistas sobre o que seu sistema nervoso precisa, procurando certas experiências sensoriais ou evitando e se desorganizando diante daquelas com as quais não sabe lidar.
· Os pais não precisam nem devem se tornar terapeutas de seus filhos, mas podem fazer algumas adaptações no ambiente e na forma como lidam com a criança, procurando sobretudo preservar uma boa relação entre pais e filhos.
· Manter a criança informada sobre o que vão fazer, antecipando situações de estresse, pode ser uma boa estratégia para ajudá-la a se sentir menos ameaçada e evitar comportamentos inesperados. Rotinas diárias bem estruturadas, sem rigidez excessiva, permitindo que a criança antecipe os eventos, também ajudarão a criança a se organizar. Mudanças na rotina devem ser comunicadas.
Apresentamos a seguir algumas idéias de atividades que podem ser realizadas em casa ou escola, mas é preciso se ter um cuidado especial com a segurança, preservando sempre a integridade física e respeitando o desejo da criança.
1. Sugestões de Atividades Principalmente para Modulação Tátil
· Evite tocar a criança por trás e de forma inesperada. Crianças mais sensíveis apreciarão um toque mais firme.
· Na hora do banho incentive o uso de buchas. Na hora de secar use toalhas macias e se a criança for muito sensível vá apertando a toalha em seu corpo ao invés de esfregá-la.
· Pintura do corpo: Usar materiais como talco, creme, amido, creme de barbear, buchas, pincéis, rolinhos de pintura, luvas de tecidos texturados. Incentivar a criança a passar em seu próprio corpo ou no do outro. Não forçar, respeitar onde ela deseja receber o estímulo.
· Manipulação de texturas - Num recipiente plástico (bacia) colocar água , areia, farinha, creme, pedrinhas, cereais. A criança poderá experimentar estes materiais separados ou misturados. Misturar com as mãos, encher canecas, esconder objetos no meio, enterrar as mãos ou os pés e etc.
· Caixa ou piscinas de texturas - Caixas contendo grãos, flocos de isopor, pedaços grandes de espuma. A criança poderá entrar na caixa para achar algum objeto escondido lá, ou se não suportar pode inicialmente, procurar o objeto com as mãos ou os pés.
· Trilha: Montar uma trilha, com superfícies de texturas variadas como papelão, tapete de retalhos, colchonete e carpete, almofadões, para que a criança se desloque sobre ela, rolando, engatinhando, ou numa brincadeira corporal com outra pessoa (ex: luta, trenzinho, natação no seco).
· Sanduíche: Usar colchonetes, almofadões ou cobertores para enrolar a criança, tipo rocambole, ou então amontoá-los sobre ela. Podemos cantar enquanto damos pequenos apertos sobre o corpo da criança. Podemos também enrolar a criança no colchonete e deixar que ela ande pela sala ou role pelo chão com ele.
· Abraço de Tamanduá - Abraço bem firme, apertado, incentivando a criança a fazer o mesmo. Abraçar e soltar pois a criança poderá ficar aflita se for muito demorado. Repetir várias vezes durante o dia.
· Amassa pão: Criança deitada sobre um tapete ou colchonete, rolar uma bola fazendo pressão sobre seu corpo. Chamar atenção para as partes do corpo. Observamos que atividades que envolvem o toque mais firme, como nas três ultimas sugestões, são geralmente muito apreciadas por crianças hipersensíveis.
2. Sugestões de Atividades para Estimulação Proprioceptiva/Vestibular
· Usar balanços de tamanhos e formas variados, como rede, gangorra, trapézio, balanço infantil de cadeirinha. Colocar o balanço baixo, para a criança impulsionar sozinha. Um balanço bastante divertido e de baixo custo é pendurar uma câmara de ar de caminhão. Observar sempre se há proteção, com colchonetes, no caso de quedas.
· Rampa ou escorregador baixo, para descer em posições variadas (Ex: deitada de barriga para baixo ou para cima, sentada de frente ou de costas) e para escalar. Pode subir engatinhando ou se puxando por uma corda estando deitada de barriga para baixo.
· Carrinho de rolimã para usar sentado ou deitado de barriga para baixo. Fazer trilhas para percorrer. Descer em pequenas rampas.
· Tapete voador: Puxar a criança sentada ou deitada sobre uma colcha ou tapete. Variar direção e velocidade.
· Freqüentar parquinhos, incentivando, sem forçar, o uso do escorregador e de balanços.
· Bolas grandes próprias para ginástica podem ser usadas para várias brincadeiras. A criança sentada sobre a bola pode brincar de "pula-pula", balançar para trás e frente e para as laterais. Deitada de barriga para baixo a criança pode balançar para trás e para frente e, se gostar, pode até virar uma cambalhota.
Os balanços devem estar pendurados numa altura que permita a criança tocar o chão com os pés sempre que desejar. As crianças mais inseguras podem se sentir inicialmente melhor balançando no colo de um adulto. Procure sempre enriquecer as atividadesnos balanços com outros objetivos (Ex: cantar, acertar alvos com os pés ou com as mãos, jogar bola num cesto ou com aoutra pessoa), isto é muito importante, principalmente para aquelas crianças que tendem a querer usá-los por muito tempo e de forma pouco criativa. Brincadeiras de puxar e empurrar estimulam os proprioceptores e podem ser combinadas com as atividades vestibulares acima citadas.
3. Sugestões de Atividades para Estimulação Visual
· Chame a atenção da criança para acontecimentos no ambiente como, a fogueira, o nascer e o pôr do sol.
· Ligar e desligar a luz. Adaptar uma chave no interruptor para regular a luminosidade.
· Providencie uma variedade de opções de iluminação como, lâmpadas de mesa, lâmpadas coloridas, piscapisca.
· Brincadeiras com lanternas, fazendo sombras ou movimentos na parede, iluminando objetos.
· Clarear a superfície de gavetas para facilitar que objetos sejam encontrados e da mesa onde a criança for realizar atividades.
· Providencie livros com figuras amplas.
· Usar preferencialmente papel branco e lápis preto para dar o máximo de contraste nos desenhos.
· Lápis fluorescentes podem ser usados sobre papel preto.
· Prancha inclinada sobre a mesa onde será fixado o papel poderá facilitar a escrita melhorando o campo de visão.
· Aquários com peixes coloridos.
4. Sugestões de Atividades para Estimulação Auditiva
· Ensinar canções.
· Ensinar ritmos.
· Ouvir estilos musicais diferentes.
· Variar o rítmo de uma mesma música.
· Grave sons da natureza.
Finalmente, um aspecto importante a se considerarem qualquer programa para crianças que apresentam distúrbios invasivos do desenvolvimento é que na maioria da vezes temos boas idéias para brincadeiras e atividades, o problema, no entanto, é como levar a criança a participar. As sugestões de Greenspan e Weider (1998) sobre como iniciar e manter interações com crianças com distúrbios do desenvolvimento, apresentada no quadro abaixo, nos parecem bastante úteis para pais e cuidadores.
5. Sugestões de Estratégias para Iniciar e Manter a Interação com Crianças
· Acompanhe a criança e siga sua liderança. Observe seu comportamento e dê sentido ao que ela faz,agindo como se tudo fosse intencional. Por exemplo, se ela cai sobre o sofá, inicie uma guerra de almofadas, se ela deixa algo cair e faz um barulho diferente, repita, como se fosse intencional.
· Se posicione na frente da criança e ajude-a a fazer o que ela quer.
· Dê suporte às iniciativas da criança e expanda o conteúdo inicial, se faça de bobo, faça coisas erradas ou engraçadas e observe a reação. Se interponha no caminho da criança, interferindo de maneira divertida com o que ela está fazendo.
· Descubra o que atrai a atenção e causa prazer na criança. Use brincadeiras sensoriais (ex: balançar, pular, rodar e luta), jogos de causa e efeito, que aparecem e desaparecem, ou brincadeiras infantis, como o esconde-esconde e o "vou te pegar".
· Enfatize palavras e gestos, exagere a expressão facial e entonação, deixando claro seus sentimentos e intenções.
· Faça o que for possível para manter a interação e não interrompa a atividade enquanto conseguir manter a interação.
· Dê sentido aos sons que a criança emite, completando palavras, ampliando o conteúdo ou dando um contexto para a palavra emitida, coloque palavras ou dê nome aos sentimentos que ela conseguir expressar.
· Insista sempre em uma resposta, que seja um gesto, um som, um olhar.
· Não desista da criança, seja persistente, paciente e espere pela resposta.
Foi apresentada uma visão prática dos problemas de processamento sensorial observados em crianças portadoras de distúrbios invasivos do desenvolvimento. São necessárias muitas pesquisas nessa área, mas esperamos que as descrições de sinais e sugestões de atividades ajudem pais e profissionais a compreender melhor alguns comportamentos dessas crianças, usando essa perspectiva para inspirar novas formas de interação e intervenção com essas crianças.
(Por: Márcia Cristina Franco Lambertucci / Lívia de Castro Magalhães)
(Retirado de: Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, 3º Milênio - Walter Camargos Jr e Colaboradores, 2005)
O que nos pediria um autista?
	1 - Ajuda-me a compreender. Organize o meu mundo, facilite, antecipando o que vai acontecer. Me dê ordem, estrutura e não confusão.
2 - Não te angusties comigo, porque me angustio. Respeite o meu ritmo. Sempre poderás relacionar-te comigo, se compreenderes as minhas necessidades e o meu modo especial de entender a realidade. Não te deprimas, o normal é que eu avance e me desenvolva cada vez mais.
3 - Não me fale muito, nem depressa. As palavras são “ar” que não pesa para ti, porém podem ser uma carga muito pesada para mim. Muitas vezes, não são as melhores maneiras de te relacionar comigo.
4 - Como outras crianças e os outros adultos, necessito de compartilhar o prazer e o gosto de fazer bem as coisas, ainda que não o consiga sempre. Faz-me saber, de algum modo, quando faço as coisas certas e ajuda-me a fazê-las sem erros. Quando tenho muitas falhas, acontece-me o mesmo que a ti: irrito-me e acabo por recusar-me fazer as coisas.
5 - Necessito de mais ordens do que tu, mais previsibilidade no meio, que tu requeres. Teremos que negociar os meus rituais para convivermos.
6 - Torna-se difícil compreender o sentido de muitas das coisas que me pedem que faça. Ajuda-me a entendê-lo. Trata de me pedir coisas que podem ter um sentido concreto e decifrável para mim. Não permitas que me aborreça ou permaneça inativo.
7 - Não me invadas excessivamente. Às vezes, as pessoas são muito imprevisíveis, barulhentas e estimulantes. Respeita as distâncias que necessito, porém sem me deixares sozinho.
8 - O que faço não é contra ti. Quando fico bravo ou me agrido, se destruo algo ou me movimento em excesso, quando me é difícil atender ou fazer o que me pedes, não o faço para te magoar. Já que tenho um problema de intenções, não me atribuas más intenções!
9 - O meu desenvolvimento não é absurdo, ainda que não seja fácil de entender. Tem a sua própria lógica e muitas das condutas que chamas “alteradas” são formas de enfrentar o mundo a partir da minha forma especial de ser e de perceber. Faz um esforço para me compreender.
10 - As outras pessoas são demasiadamente complicadas. Meu mundo não é complexo e fechado, mas sim simples. Ainda que te pareça estranho o que te digo, o meu mundo é tão aberto, tão sem dissimulações nem mentiras, tão ingenuamente exposto aos demais, que se torna difícil penetrar nele. Não vivo numa “fortaleza vazia”, mas sim numa planície tão aberta que pode parecer inacessível. Tenho muito menos complicações do que as pessoas que são consideradas normais.
11 - Não me peças sempre as mesmas coisas nem me exijas as mesmas rotinas. Não tens de te fazer autista para me ajudares. O autista sou eu, não tu!
12 - Não sou só autista, também sou uma criança, um adolescente ou um adulto. Compartilho muitas coisas das crianças, adolescentes e adultos como os que chamas de “normais”. Gosto de jogar e divertir-me, quero os meus pais e pessoas que me cercam, me sinto satisfeito quando faço as coisas certas. Vale mais o que compartilhamos do que a distância que nos separa.
13 - Vale a pena viver comigo. Posso dar-te tantas satisfações como as outras pessoas, ainda que não sejam as mesmas. Pode chegar um momento na tua sua vida em que eu, que sou autista, seja a tua maior e melhor companhia.
14 - Não me agridas quimicamente. Se te disseram que tenho de tomar medicamentos, procura que a medicação seja periodicamente revista por um especialista.
15 - Nem os meus pais nem eu temos culpa do que acontece comigo. Tão pouco a tem os profissionais que me ajudam. Não serve de nada que se culpem uns aos outros. Às vezes, as minhas reações e condutas podem ser difíceis de compreender ou de enfrentar, mas não é por culpa de nada. A idéia de “culpa” não produz mais do que sofrimento em relação ao meu problema.
16 - Não me peças constantemente coisas acima do que eu sou capaz de fazer. Porém, pede-me o que posso fazer. Dá-me ajuda para ser autônomo,para compreender melhor, porém não me dê ajuda demais.
17 - Não tens que mudar completamente a tua vida pelo fato de viveres com uma pessoa autista. A mim não me serve de nada que tu estejas mal, que te feches e te deprimas. Necessito de estabilidade e bem-estar emocional em meu redor para estar melhor. Pensa que o teu parceiro tão pouco tem culpa do que acontece comigo.
18 - Ajuda-me com naturalidade, sem convertê-la numa obsessão. Para me poderes ajudar, tens de ter os teus momentos em que descansas ou em que te dedicas às tuas próprias atividades. Aproxima-te de mim, não te afastes, mas não te sintas como submetido a um peso insuportável. Na minha vida, tive momentos ruins, mas posso ficar cada vez melhor.
19 - Aceita-me como sou. Não condiciones o teu desejo a que eu deixe de ser autista. Seja otimista sem fazer “novelas”. A minha situação normalmente melhora, ainda que por hora não tenha cura.
20 - Ainda que seja difícil para eu comunicar ou não compreender as sutilezas sociais, tenho inclusive algumas vantagens em comparação aos que se dizem “normais”. É difícil comunicar-me, porém não consigo enganar. Não compreendo as sutilezas sociais, porém tão pouco participo das duplas intenções ou dos sentimentos perigosos tão freqüentes na vida social. Minha vida pode ser satisfatória se for simples, ordenada e tranqüila. Se não me pede constantemente e somente aquilo que é difícil para mim. Ser autista é um modo de ser, ainda que não seja o normal. Minha vida como autista pode ser tão feliz e satisfatória como a tua “normal”. Nessas vidas, podemos encontrar-nos e compartilhar muitas experiências.
Por Angel Rivière (Assessor Técnico da Associação de Pais de Crianças Autistas - Madrid)
AMA-BA é Cognitivista
	
O trabalho pedagógico, realizado com êxito há oito anos pela Associação de Amigos do Autista da Bahia- AMA-BA, é resultado das reflexões acerca dos insucessos e das experiências negativas vividas pelas pessoas com autismo, no processo de inclusão. Queremos ser atores de um sistema educacional especializado, pois acreditamos na capacidade cognitiva de cada um e não desejamos condená-los a uma pedagogia conservadora, que apenas pensa na “inclusão social” sem o menor interesse em apostar na “inclusão cognitiva” dessas pessoas. Atrelar o social à cognição é tarefa a ser empreendida para que a aprendizagem ocorra de fato e de direito.
O trabalho com pessoas autistas traz uma gama de inquietações e indagações para os profissionais da área de educação. Os autistas sempre colocam os professores na condição de impotentes mediante as condutas adquiridas: ecolalias, maneirismos, estereotipias, limitações simbólicas, transtornos na fala ou inexistência dela, interação precária, dificuldade de aprendizagem e condutas comportamentais inadequadas.
Para o professor, isto se torna um enorme desafio, pois ele precisa conhecer o que é o autismo, quem é o autista, compreender a linguagem corporal, ensinar formas de comunicação, trabalhar as condutas, muitas vezes trazidas de casa de forma inadequada e, principalmente, elaborar mecanismos para romper as dificuldades de aprendizagem que seus alunos apresentam; nesse processo, destacamos as abordagens lúdicas que, como sabemos, possibilita a socialização e facilita a aprendizagem.
Nosso maior desafio, portanto, foi e sempre será o de tornar digno de crédito um trabalho individualizado que nos exige muita abnegação. Nosso fazer pedagógico inicia em uma avaliação extremamente rigorosa, lenta e detalhada; através dela, é possível detectar as dificuldades maiores trazidas pelos alunos e, consequentemente, organizar a montagem do Currículo de Construção Cognitiva com materiais criados, especificamente, para as necessidades individuais de evolução.
Para tornar mais eficaz todo este processo, é necessário elaborar o CURRÍCULO DE CONSTRUÇÃO COGNITIVA e os RECURSOS PEDAGÓGICOS INDIVIDUAIS; a etapa seguinte é a de preparação, instrumentação e, por fim, a formação do professor-mediador. É necessário muito estudo e crença em uma nova teoria, e até mesmo um investimento muito maior na habilidade criativa do professor para transformar a realidade “corriqueira de salas de aula com materiais abstratos”, de difícil compreensão para a pessoa autista, em materiais concretos e aplicáveis na vida prática.
Para constatar a eficácia do atendimento individualizado, da criação do Currículo de Construção Cognitiva, do investimento nos professores, torna-se necessário um diagnóstico da realidade inicial dos trabalhos da AMA-BA. Há oito anos, apenas 1% dos autistas era atendido na rede particular e pública de ensino. No decorrer dos trabalhos, esta realidade foi se modificando e hoje, 25% dos alunos estão incluídos na rede regular de ensino. Uma vitória movida pelo esforço contínuo de um estudo elaborado, estruturado e consciente do processo de inclusão.
Disponível em:
http://www.ama-ba.org.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=44&Itemid=57
HISTÓRIA
A nossa história começa em 1983, quando a síndrome do autismo, que hoje muitos tratam com familiaridade, era totalmente desconhecida. A palavra autismo, definida em 1943/44 por Leo Kanner e Hans Asperger, constava apenas do vocabulário de alguns psicólogos e psiquiatras, e ainda assim só os especializados.
Mas, como diz Uta Frith, "um transtorno descrito recentemente não é necessariamente um transtorno novo". O autismo já existia.
Em 1983, o  Dr. Raymond Rosenberg tinha alguns clientes que viviam um momento de angústia: eles tinham filhos de 3 anos em média e há pouco tinham sido diagnosticados com autismo. Essa era toda a informação que esses pais tinham: o nome da síndrome. Não havia qualquer pesquisa ou tratamento na cidade, no estado ou no país que pudesse ser utilizado para ajudar aquelas crianças. Os atendimentos para crianças excepcionais não eram adequados e nem mesmo aceitavam pessoas com autismo.
Foi então que esses pais decidiram se reunir para, juntos, construir um futuro que amparasse seus filhos, e proporcionasse a eles maior independência e produtividade. Fundaram a AMA - Associação de Amigos do Autista, a primeira associação de autismo no país,  e antes de completar um ano de fundação, a AMA já tinha uma escola, que funcionava no quintal de uma igreja batista. Este espaço era cedido pelo pastor Manuel de Jesus Thé, pai de César, portador de Síndrome de Asperger.
A partir de então, começou uma luta sem igual. Por sua natureza de pesquisa na área do autismo e por haver uma população carente para ser atendida, a instituição - beneficente e sem fins lucrativos - lutava e luta até hoje para manter-se financeiramente. Na época da fundação da AMA, sendo o autismo ainda pouco conhecido, tornava-se muito difícil conseguir ajudas e arrecadar fundos. Fez-se necessária uma campanha na televisão com o conhecido ator Antonio Fagundes, para que as pessoas em geral pudessem familiarizar-se com a palavra autismo e não continuassem confundindo a AMA com Associação de Amigos do Artista, ou Alpinista como freqüentemente acontecia.
Hoje esse quadro está muito mudado.
A luta ainda é muito dura. Hoje a AMA pode oferecer atendimento 100% gratuito graças a dois importantes convênios com as Secretarias de Estado de Educação e da Saúde, mas estes convênios não garantem tudo. É necessário levantar recursos para a compra de alimentos, de material pedagógico, para a manutenção dos equipamentos e dos imóveis, além dos programas de capacitação e motivação dos funcionários.
Contudo, a palavra autismo não é mais aquele mistério. Muitas pessoas se envolveram com a causa e fundaram associações semelhantes, para a educação de pessoas com autismo por todo o Brasil. Outros países se envolveram com nosso trabalho,  como a Suécia que durante mais de 10 anos contribuiu financeira e tecnicamente com a AMA. Já foram realizados encontros regionais e nacionais, cursos e congressos. Continuamos trazendo profissionais estrangeiros altamente qualificados que dão apoio técnico a todo o trabalho realizado pela AMA.
Ao longo desta dura jornada, a AMA conquistoureconhecimento como instituição de utilidade pública (Utilidades Públicas: Municipal - Decreto n°. 23.103 - 20/11/86, Estadual - Decreto n°. 26.189 - 06/11/86 e Federal - D.O.U.24/06/91). Recebeu, da sociedade, prêmios pelo trabalho realizado, como o "Prêmio Bem Eficiente", da Kanitz e Associados (1997 e 2005) e o "Prêmio Direitos Humanos", da Unesco e Poder Executivo Federal (1998), entregue à AMA pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
A AMA tem muito orgulho de sua história, e considera o seu principal patrimônio toda a experiência e o conhecimento acumulados.
DIAGNÓSTICO
Letícia Calmon Drummond Amorim* 
O diagnóstico do autismo é clínico, feito através de observação direta do comportamento e de uma entrevista com os pais ou responsáveis. Os sintomas costumam estar presentes antes dos 3 anos de idade, sendo possível fazer o diagnóstico por volta dos 18 meses de idade. Ainda não há marcadores biológicos e exames específicos para autismo, mas alguns exames, tais como cariótipo com pesquisa de X frágil, EEG, RNM, erros inatos do metabolismo, teste do pezinho, sorologias para sífilis, rubéola e toxoplasmose, audiometria e testes neuropsicológicos podem ser necessários para investigar causas e outras doenças associadas. Os critérios diagnósticos do Transtorno de Espectro do Autismo, segundo o DSM 5 (APA, 2014) são:
1) déficits persistentes na comunicação social e nas interações, clinicamente significativos manifestados por: déficits persistentes na comunicação não-verbal e verbal utilizada para a interação social; falta de reciprocidade social; incapacidade de desenvolver e manter relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de desenvolvimento.
2) padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos dois dos seguintes: estereotipias ou comportamentos verbais estereotipados ou comportamento sensorial incomun, aderência excessiva à rotinas e padrões de comportamento ritualizados, interesses restritos.
3) Os sintomas devem estar presentes na primeira infância (mas podem não se manifestar plenamente, até que as demandas sociais ultrapassem as capacidades limitadas).
4) Os sintomas causam limitação e prejuízo no funcionamento diário.
O DSM 5 também sugere o registro de especificadores: Com ou sem Deficiência intelectual, com ou sem comprometimento da linguagem concomitante, associado à alguma condição médica ou genética conhecida, ou a fator ambiental, associado a outro transtorno do desenvolvimento, mental ou comportamental, com catatonia.
Atualmente o TEA é dividido em graus e sua gravidade é baseada na tabela abaixo:
	NÌVEL DE GRAVIDADE
	COMUNICAÇÂO SOCIAL
	COMPORTAMENTOS REPETITIVOS E RESTRITOS
	Nível 3 
“exigindo apoio muito substancial”
	Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal causam prejuízos graves de funcionamento, limitação em iniciar interações sociais e resposta mínima a aberturas sociais que partem de outros.
	Inflexibilidade de comportamento, extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos interferem acentuadamente no funcionamento em todas as esferas. Grande sofrimento/dificuldade para mudar o foco ou as ações.
	Nível 2 
“exigindo apoio substancial”
	Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal, prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio, limitação em dar inicio a interações sociais e resposta reduzida ou anormal a aberturas sociais que partem dos outros.
	Inflexibilidade do comportamento, dificuldade de lidar coma mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos aparecem com frequência suficiente para serem óbvios ao observador casual e interferem no funcionamento em uma variedade de contextos. Sofrimento/dificuldade para mudar o foco ou as ações.
	Nível 1
“Exigindo apoio”
	Na ausência de apoio, déficits na comunicação social causam prejuízos notáveis. Dificuldade para iniciar interações sociais e exemplos claros de respostas atípicas ou sem sucesso a aberturas sociais dos outros. Pode aparentar pouco interesse por interações sociais.
	Inflexibilidade de comportamento causa interferência significativa no funcionamento em um ou mais contextos. Dificuldade em trocar de atividade. Problemas para organização e planejamentosão obstáculos à independência.
 
Referencia Bibliogográfica:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico deTranstornos Mentais - DSM 5. Tradução de Maria Inês Correa Nascimento et al; revisão técnica Aristides Volpato Cordiolo. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2014.
*Psiquiatra da infância e adolescência, Mestre em Psicologia pela USP - SP
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DEFINIÇÃO
Embora inúmeras pesquisas ainda venham sendo desenvolvidas para definirmos o que seja o autismo, desde a primeira descrição feita por Kanner em 1943 existe um consenso em torno do entendimento de que o que caracteriza o autismo são aspectos observáveis que indicam déficits na comunicação e na interação social, além de comportamentos repetitivos e áreas restritas de interesse. Essas características estão presentes antes dos 3 anos de idade, e atingem 0,6% da população, sendo quatro vezes mais comuns em meninos do que em meninas.
A noção de espectro do autismo foi descrita por Lorna Wing em 1988, e sugere que as características do autismo variam de acordo com o desenvolvimento cognitivo; assim, em um extremo temos os quadros de autismo associados à deficiência intelectual grave, sem o desenvolvimento da linguagem, com padrões repetitivos simples e bem marcados de comportamento e déficit importante na interação social, e no extremo oposto, quadros de autismo, chamados de Síndrome de Asperger, sem deficiência intelectual, sem atraso significativo na linguagem, com interação social peculiar e bizarra, e sem movimentos repetitivos tão evidentes.
ESCALAS
INTRODUÇÃO A ALGUMAS ESCALAS DE AVALIAÇÃO RELACIONADAS AO ESPECTRO DO AUTISMO
Autor da Pesquisa e Tradução: Vinicius Aguiar Agosto – 2009
ADI-R
ADI-R é a sigla para Autism Diagnostic Interview-Revised ou Entrevista Diagnóstica para o Autismo Revisada. Trata-se de uma entrevista diagnóstica semi-estruturada concebida para ser aplicada no principal cuidador da criança com hipótese de transtorno global do desenvolvimento (TGD). Tem o objetivo de fornecer uma avaliação ao longo da vida de uma série de comportamentos relevantes para o diagnóstico diferencial de TGD em indivíduos a partir dos 5 anos até o início da idade adulta e com idade mental a partir dos 2 anos de idade. 
O instrumento passou por uma revisão em 1994. Na revisão, o instrumento foi reorganizado, abreviado e modificado de forma a ser adequado na avaliação de crianças com idade mental de 18 meses até a idade adulta e aumentou a equivalência com os critérios do CID-10 e do DSM-IV. 
A ADI-R é composta por cinco seções: perguntas introdutórias; questões sobre comunicação (inicial e atual); sobre desenvolvimento social e o brincar (novamente inicial e atual); investigação sobre comportamentos repetitivos e restritos (todos pontuados, tanto para os atuais como para os que sempre aconteceram), e um número reduzido de questões relativas a problemas de comportamento em geral. Devido a revisão, tornou-se possível que um aplicador com uma prática relativa no instrumento o aplique em cerca de 1 hora e meia de entrevista, em cuidadores de crianças de 3 a 4 anos. Em crianças mais velhas, a entrevista pode ser um pouco mais longa. 
A entrevista é focada em três áreas principais:
A. A qualidade da interação social recíproca (incluindo características como comportamento de saudação, compartilhamento de emoções, oferecendo e buscando conforto e o desenvolvimento de amizades intensas.
B. Comunicação e linguagem (incluindo características como uso social, qualidade da interação/troca durante a conversa, linguagem idiossincrática e modo de falar estereotipado.
C. Comportamentos repetitivos, limitados e estereotipados (como preocupações incomuns, afeto inadequado, rituais e interesses sensoriais incomuns). Alémdas três principais áreas de investigação, a entrevista também abrange uma variedade de comportamentos que, embora tenham uma menor relevância para o diagnóstico, muitas vezes ocorrem em TGD e são importantes no planejamento do tratamento. Por exemplo, existem questões sobre autolesão, pica , hiperatividade e agressividade. Uma vez que a entrevista está preocupada com o diagnóstico diferencial de transtornos do desenvolvimento, uma investigação padronizada da história começa (depois de uma seção de orientando geral), com questionamentos sobre como e quando os pais pela primeira vez perceberam de que algo poderia estar errado com a criança, e sobre os principais marcos do desenvolvimento. A entrevista segue de forma a investigar o comportamento da criança durante os primeiros 5 anos de vida, porque certas características diagnósticas são normalmente mais evidentes durante esse período. Em seguida, a investigação se concentra no comportamento atual, ou seja, durante os 12 meses anteriores à entrevista. No entanto, para muitos itens, o entrevistador também avalia se alguns comportamentos específicos estiveram presentes.
CARS
CARS é a sigla para Childhood Autism Rating Scale ou Escala de Avaliação do Autismo na Infância. Trata-se de uma escala com 15 itens que auxiliam o diagnóstico e identificação de crianças com autismo, além de ser sensível na distinção entre o autismo e outros atrasos no desenvolvimento. A sua importância é baseada na capacidade de diferenciar o grau de comprometimento do autismo entre leve, moderado e severo (Magyar & Pandolfi, 2007; Schopler, Reichler & Renner, 1988). Sua aplicação é rápida e adequada a qualquer criança com mais de 2 anos de idade. Ela foi desenvolvida ao longo de um período de 15 anos, tendo como base 1500 crianças com autismo. A escala incorpora critérios diagnósticos baseados no trabalho de Kanner (1943), Creak (1961), Rutter (1978) e Ritvo & Freeman (1978) e, a partir de 1980, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III) (Schopler, Reichler & Renner, 1988). 
A escala avalia o comportamento em 14 domínios geralmente afetados no autismo, somadas a uma categoria única para descrição de impressões gerais (Stella, Mundy & Tuchman, 1999; Rellini et al., 2004). Os 15 quesitos de avaliação são os seguintes: (1) interação com as pessoas, (2) imitação, (3) resposta emocional, (4) uso do corpo, (5) uso de objetos, (6) adaptação à mudança, (7) reação a estímulos visuais e (8) auditivos, (9) a resposta e uso da gustação, olfato e tato; (10) medo ou nervosismo, (11) comunicação verbal, (12) comunicação não verbal, (13) nível de atividade, (14) o nível e a coerência da resposta intelectual e, finalmente, as (15) impressões gerais. A pontuação atribuída a cada domínio varia de 1 (dentro dos limites da normalidade) a 4 (sintomas autísticos graves). A pontuação total varia de 15-60 e o ponto de corte para o autismo é 30 (Schopler, Reichler & Renner, 1988).
ABC OU ICA
O Autism Behavior Checklist (ABC) é uma lista contendo 57 comportamentos atípicos (Krug et al., 1980). No Brasil, a lista foi traduzida, adaptada e pré-validada com o nome de Inventário de Comportamentos Autísticos (ICA) (Marteleto & Pedromônico, 2005). A lista foi concebida para a triagem inicial de crianças suspeitas de ter TGD e foi padronizado, por meio das observações dos professores das crianças. Alguns estudos utilizaram o questionário em forma de entrevista com os pais e cuidadores. O objetivo do ABC/ICA é ajudar no diagnóstico diferencial das crianças suspeitas de ter TGD e encaminhá-las a tratamentos interventivos adequados. O ABC é um dos cinco subtestes que compõem a ASIEP-2 (Krug et al., 1980). É mais freqüentemente utilizado durante o início do processo diagnóstico em indivíduos suspeitos de terem autismo. O ABC/ICA lista 57 comportamentos atípicos que são sintomáticos do autismo, organizados em cinco áreas: sensoriais, relacionais, imagem corporal, linguagem, interação social e autocuidado. Há um protocolo para a marcação do comportamento da criança. Cada item é pontuado de 1 a 4, determinado estatisticamente de acordo com o grau de associação ao comportamento patológico. A pontuação para cada um dos cinco domínios é registrada, dando uma pontuação parcial para cada domínio, assim como uma pontuação global. Quando o total chega a 68 pontos ou mais, a criança é considerada com autismo (Krug et al., 1980; 1993); a pontuação entre 54 e 67 indica uma probabilidade moderada da criança ter autismo; a pontuação entre 47 e 53 é considerada duvidosa para a classificação do autismo, e escores abaixo de 47 indicam que a criança é típica. A lista tem sido amplamente utilizada em vários países, tanto na investigação quanto na prática clínica devido a facilidade de aplicação e o baixo custo. Nos últimos anos, as propriedades psicométricas do ABC/ICA foram investigadas e avaliadas (Miranda-Linne & Melin, 1997; Sevin et al., 1991). Apesar destes estudos questionarem o ponto de corte determinado pelos autores do ABC, a lista tem sido considerada útil na triagem de crianças suspeitas de pertencer ao espectro do autismo. As propriedades psicométricas do ABC/ICA foram abordadas em um estudo preliminar de validação (Marteleto et al., 2005). Os autores demonstraram que o instrumento é capaz de identificar as crianças com suspeita de autismo infantil e propôs uma pontuação de 49 como ponto de corte com alta sensibilidade e especificidade na identificação em tais casos na população em geral. Portanto, as avaliações do comportamento por meio de escalas ou listas (cada uma com suas próprias particularidades) revelaram-se bastante úteis na identificação do autismo. No entanto, elas são instrumentos complementares para o diagnóstico desta síndrome e, portanto, incapazes de realizar o diagnóstico isoladamente.
ASQ OU SCQ
O Social Communication Questionnaire (SCQ) ou Questionário de Comunicação Social, anteriormente chamado de Autism Screening Questionnaire (ASQ) ou Questionário de Rastreio do Autismo, foi desenvolvido por Rutter e Lord, é uma seleção de 40 perguntas respondidas pela principal cuidador de crianças a partir de 4 anos. Derivada da versão revista do ADI (Le Couteur et al., 1989), o SCQ é uma ferramenta com o foco na avaliação de crianças com elevado risco de problemas de desenvolvimento, que prevê um diagnóstico baseado na pontuação de comportamentos organizados em três áreas de funcionamento: interação social recíproca, linguagem e comunicação; além de padrões repetitivos e estereotipados de comportamento. Um estudo sobre a validade do SCQ foi realizado por Berument et. Al., (1999), com indivíduos com idades entre 4 e 18 anos, em pais que já conheciam o diagnóstico. A melhor pontuação de corte foi 15. Para diferenciar transtornos globais do desenvolvimento a partir de outros diagnósticos, incluindo atrasos do desenvolvimento sem autismo, a sensibilidade foi de 85%, especificidade 67%, valor preditivo positivo 93% e preditivo negativo valor 55%. Este estudo mostra que a SCQ é um importante instrumento de rastreio para crianças que possuem um alto risco de terem um TGD com idades compreendidas entre os 3 e 5 anos; pois ela é capaz de identificar corretamente as crianças com um possível diagnóstico de TGD em comparação a outros diagnósticos relacionados ao desenvolvimento. 
No entanto, a principal preocupação com o uso desta ferramenta para rastreamento é que, apesar do SCQ possuir uma alta pontuação em relação a sua sensibilidade (tendo 11 como ponto de corte), ela acabou resultando numa baixa especificidade. Por exemplo, o instrumento não seria muito adequado para especificar se uma pessoa possui Síndrome de Asperger ou Autismo. Sendo assim, esta condição produz muitos falsos positivos que podem resultar num aumento da ansiedade parental, enquanto se aguarda uma avaliação formal. A possibilidade de um diagnóstico de autismo em uma criança é algo que iria alarmar a maioria pais. Por isso, a utilização do SCQ deve ser feita por profissionais experientes e familiarizados com os TGDs. Embora

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