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Afecções do Sistema Digestório ● Obstrução Esofágica: ● Etiologia> intraluminal e extraluminal ● Intraluminal causada por ingestão de alimentos de tamanho impróprio (frutas e tubérculos), retração cicatricial. ● Extraluminal causada pela compressão por órgão ou tecidos circunvizinhos, abscessos, linfonodos mediastínicos ou na base do pulmão, hérnia de hiato. ● Fisiopatologia> essa obstrução gera a incapacidade de deglutição, bem como o impedimento da saída dos gases provenientes da fermentação ruminal, consequentemente há o timpanismo gasoso. ● Essa obstrução pode ser total ou parcial, ambas têm como consequência o timpanismo gasoso. ● Sinais clínicos> incapacidade de deglutição, regurgitação de alimento e água, salivação e timpanismo. ● Obstrução aguda (esôfago cervical) pode acarretar em uma necrose compressiva da mucosa, o animal fica inquieto, repentinamente para de se alimentar e fica em tentativa de deglutição. ● Obstrução crônica não há sinal evidente de obstrução, há quadros crônicos de timpanismo, deglutição normal (com movimentos esofágicos quando bolo alimentar alcança o local obstruído). Não há impedimento à passagem de sonda. ● Esse quadro crônico pode levar à dilatação esofágica, formação de um divertículo. ● Diagnóstico> em bovinos é clínico, onde tem-se que se divide em duas porções (cervical e torácica). ● O esôfago na porção cervical é visível e palpável, já na porção torácica é invisível e palpável indiretamente. ● A inspeção direta pela parte externa da região cervical e fazer a inspeção indireta/ complementar utilizando endoscópio. ● A palpação pode ser feita na porção cervical de forma direta utilizando as mãos e indireta utilizando a sondagem. Já na porção torácica só pode ser feita a palpação indireta com uso de sondagem orogástrica. ● Na obstrução completa há um impedimento da sonda até ao rúmen, ficando retida dentro do esôfago. Já na parcial a sonda atravessa o esôfago, mas na porção da obstrução tem um resistência e posteriormente passa a ter a fluidez da passagem da sonda. ● As técnicas de exames complementares são a radiografia da região cervical em pequeno porte, e radiografia da porção torácica em pequeno e grande porte. ● No Brasil não tem radiografia de tórax de bovino adulto. ● A endoscopia é importante podendo ser utilizada para verificar onde ocorre a obstrução, o tipo e visualizar o que está obstruindo. ● Tratamento> irá depender do tipo de obstrução. ● Se for por objetos que não causam cortes ou lacerações no esôfago, pode ser feita a remoção por sonda com gancho, ou empurra o objeto para o interior do rúmen. Além da possibilidade de remoção manual pela cavidade bucal. Nesses casos o tratamento é considerado conservador. ● Já em situações onde a remoção cirúrgica é necessária. Timpanismo Espumoso/Gasoso ● Avaliação do conteúdo ruminal: ● ● Timpanismo é a distensão anormal do rúmen e retículo causada por incapacidade do animal expulsar os gases produzidos através dos mecanismos fisiológicos e normais. Acarreta quadro de dificuldade respiratória e circulatória com asfixia e morte do animal. ● Classificação: primário (espumoso)- relacionado com aumento da tensão superficial do líquido ruminal e viscosidade e secundário (gasoso)- dificuldade física de eructação dos gases da fermentação ruminal; ● Timpanismo espumoso: ● Tem como etiologias na utilização de saponinas, pectinas e proteínas altamente degradáveis no rúmen, presentes em pastagens, como por exemplo, alfafa, trevo vermelho, trevo branco; ● Além disso, pode ter como origem uma dieta rica em grãos e pobre em forragem, grande quantidade de ração finamente triturada, porque a fermentação do farelo é mais rápida. ● ● ● Sinais clínicos do timpanismo espumoso: ● período de latência de 24 a 48 horas; ● alteração do flanco dos animais, abaulamento uniforme ( rúmen localiza no antímero esquerdo entre o 8º espaço intercostal até a entrada da cavidade pélvica); ● O aumento do volume abdominal afeta outros órgãos, há aumento da pressão dos órgãos da cavidade abdominal em relação ao da região torácica. ● Gerando um desconforto e dor para o animal, bem como aumento da frequência cardíaca e respiratória (dispnéia). ● Diagnóstico: ● extremamente clínico! ● Exame físico> ● Palpação do rúmen onde haverá um aumento de volume, e consequentemente aumento de tensão do lado esquerdo, pode ser feita externamente ou por via retal. Na via retal há uma dificuldade em ver a estratificação do conteúdo ruminal. ● Percussão do abdome há um aumento da área de incidência do som timpânico; ● Auscultação há uma diminuição da motilidade ruminal, além disso pode ter diminuição da força da contratilidade ruminal; ● Auscultação + percussão há um ruído de som metálico decorrente de presença de gás; ● Auscultação + balotamento (movimentação do conteúdo ruminal) há um ruído de chapinhar metálico porque tem movimento de líquido e de gás; ● Timpanismo Gasoso: ● Tem como etiologia a obstrução física ou estenose de esôfago, obstrução da cárdia ou orifício retículo-omasal (saco plástico ou neoplasias); ● Ou ainda obstrução por aumento de pressão fora do esôfago em doenças causadas como tuberculose, leucose, linfadenite caseosa; ● Além disso pode ter causas crônicas como indigestão vagal, hérnia diafragmática; ● Interferência nos ramos nervosos (nervo vago), alterações do conteúdo e pH ruminal, tétano e hipocalcemia; ● Sinais clínicos: ● abaulamento na região do quadrante superior esquerdo, diferente do espumoso que tem um abaulamento completo inferior e superior. ● há comprometimento dos demais órgãos, com consequência de aumento da frequência cardíaca e respiratória; ● Diagnóstico: ● Exame físico> palpação é restrita na região superior, percussão é de som timpânico e na auscultação há um hipomotilidade; ● A sondagem é extremamente importante para diferenciar os dois timpanismos e diferenciar a obstrução esofágica; ● Se a sonda fica retida, não chegando ao rúmen, há uma obstrução esofágica; ● Se há passagem com certa resistência e liberação de gás há um compressão esofágica ou obstrução parcial; ● ● Caso a sonda passa facilmente pelo esôfago e chega ao rúmen liberando gás pode ser obstrução do cárdia por massas pedunculares ( carcinomas por intoxicação por samambaias), alimentos e líquidos no cárdia ou atonia ruminal; ● ● Caso a sonda passa facilmente, mas não libera o gás pode ser timpanismo espumoso ou indigestão vagal com produção de espuma; ( espuma fica aprisionada no conteúdo ruminal) ● ● Exames complementares: ● sorologia para leucose, tuberculinização, exame do líquido ruminal (pH e viscosidade ), hemograma e fibrinogênio; ● Tratamento ( clínico): ● Remoção do alimento concentração que esteja causando o esse de fermentação; ● Sondagem + trocaterização; ● ● O uso do trocater é controverso, uma vez que ele é um método muito invasivo, causa perfuração da pele, subcutâneo, muscular e parede ruminal que leva a um processo inflamatório e, quando há o processo cicatricial pode causar uma aderência entre as camadas musculares, ou da parede ruminal com a camada muscular. ● Se há aderência do peritônio e a camada muscular leva a redução do movimento do saco dorsal do rúmen, além da movimentação da digesta afetará a movimentação do gás em sentido do cárdio para eructação; ● Para reativar a movimentação do rúmen utiliza-se o óleo mineral ou vegetal 5l/450 kg SID VO; ● E para a retirada do gás e para que ocorra a fusão das bolhas e a dissolução da espuma é indicado surfactantes sintéticos não iônicos (leguminosas)- Poloxaleno 25-50g SID VO; ● No caso de timpanismo espumoso em decorrência de concentrados é indicado silicone + metilcelulose 100 a 200 ml + 500 ml água morna ou éter tributílico 100 a 200 ml + 500 ml água morna; ● Quando é um timpanismo espumoso de forma mais branda a recuperação é em torno de 3 a 4 dias. Para que isso ocorra é importante a remoção do alimento (ração) e fornecimento de forragem de qualidade e exercitar os animais, conjuntamente uso de silicone + metilceluloseou éter tributílico; ● Já nos casos mais graves quando o tratamento clínico não é eficaz, ou há uma deterioração da condição clínica do animal tem que ser feita técnica cirúrgica como a ruminotomia com a retirada do conteúdo ruminal, repor com líquido ruminal de um animal sadio 10-20 litros, bem como fornecimento de forragem de boa qualidade, fluidoterapia, vitaminas do complexo B(porque a flora ruminal está comprometida), cálcio ( ajudar nos movimentos ruminal) e cobalto (cofator de enzimas); ● No tratamento do timpanismo gasoso é importante identificar a causa primária, e fazer a sondagem; Indigestão Vagal ● Existem dois tipos >>> ● Estenose funcional anterior - orifício retículo-omasal ou a Indigestão Vagal relacionada ao piloro, chamada também de estenose funcional posterior. ● 1- Estenose funcional anterior: ● Tem como causas a retículo-peritonite traumática, tuberculose, leucose, pleurite, hérnia diafragmática e abcesso hepático; ● O nervo vago ( X par de nervo craniano) se ramifica na região do rúmen para região do retículo, e é responsável pelos movimentos ruminais. ● ● hipermotilidade com baixa intensidade, ou seja, o movimento ruminal não é completo. ● A bradicardia é um sinal relevante, para diferenciar de outras afecções (timpanismo…) ● 2- Estenose funcional posterior: ● Tem como causas o vôlvulo abomasal, deslocamento de abomaso à direita ou esquerda, úlcera de abomaso. ● ● Sinais clínicos: ● Gerais> inapetência, queda na produção de leite, diminuição ou ausência de motilidade ruminal, distensão ruminal, alteração do contorno abdominal, escassez de fezes; ● Sinais específicos de EFA> timpanismo leve a moderado, FC e TR normais (20-30% bradicardia vagotônica com FC < 60 bpm); distensão abdominal nos quadrantes dorsal e ventral esquerdo e quadrante ventral direito. (formato de L). ● Hipomotilidade ou atonia, bradicardia com hipermotilidade com MR incompletos; ● fezes escassas pastosa com coloração verde-escura à enegrecidas (leva mais tempo para passagem das fezes); ● palpação retal rúmen em forma de ‘’L’’; ● Sinais clínicos específicos de EFP> é mais grave porque ele retém cloro e potássio, com quadro de desidratação relevante; MR normal ou hipomotilidade, com distensão de compactação da digesta do abomaso; ● A distensão abdominal observada nos quadrantes dorsal e ventral esquerdo e mais acentuada no quadrante ventral direito. ● fezes escassas pastosa e com presença de muco; ● palpação retal depende do tamanho do animal e do comprimento do braço da pessoa, a localização do abomaso é na região mais ventral, com o seu aumento pode ser fácil palpar, já no animal sadio não é capaz de ser feita; ● ● Diagnóstico: ● Anamnese e sinais clínicos… ● Patologia clínica> aumento de Ht (devido a desidratação), aumento de fibrinogênio (processo inflamatório), neutrofilia, diminuição de potássio (hipocalemia); ● Cloro aumentado na região do rúmen, principalmente na estenose funcional posterior de 70-140 mEq/L; ● Cloro diminuído na região ruminal de 30 Meq/L ocorre na estenose funcional anterior; ● Como prova que tem uma bradicardia vagotônica? ● Faz prova de atropina ( 15 min)- 30 a 40 mg via SC em 15 min a FC tem que aumentar em 15%, logo é EFA; ● Palpação retal do abomaso, se sentiu o órgão é EFP; ● Outra forma de diagnosticar é por meio da ruminotomia> na EFA há o relaxamento do orifício retículo-omasal e omaso e abomaso vazios; já na EFP há uma distensão do abomaso; ● Tratamento clínico: ● EFA>>> restrição de movimentos, administração oral de imãs ( evitar retículo pericardite traumática); fluidoterapia; transfaunação ( 3-10 L + capim); terapia antimicrobiana para melhora flora ruminal e evitar infecção secundária ( penicilina - 22,000UI/kg IM SID ou BID ou ainda, ceftiofur 1-2 mg/kg IM SID); ● EFP>>> uso de emolientes para desfazer a compactação do rúmen e abomaso ( óleo mineral, vegetal ou glicerina 1-2 ml/kg VO); laxantes como sulfato de magnésio ( 1-2 g/kg VO) e hidróxido de magnésio ( 100 mg/kg VO); ● E fornecimento de água !!!! ● Tratamento cirúrgico: ● EFA>>> laparotomia exploratória do flanco esquerdo u ruminotomia; ● EFP>>> laparotomia exploratória do flanco direito; ● A indigestão vagal é muito comum em animais com histórico de retículo-peritonite traumática; Retículo-Peritonite Traumática ● Etiologia : penetração do retículo por corpos estranhos metálicos; ● acomete principalmente bovinos de leite, criados de forma intensiva onde pode ter maior contato com arames e pregos de cercas instalações. ● A fisiologia do ruminante favorece essa fixação do corpo estranho. A língua dele tem pouca sensibilidade com isso mastiga e deglute facilmente, além disso, o movimento ruminal em direção ao retículo, pela contrações primárias do retículo, posteriormente com as movimentações secundárias o movimento ruminal acontece para eructação; ● A mucosa do retículo, tipo colmeia, permite que o corpo estranho fique travado. ● Sinais clínicos: ● Fase aguda>> peritonite aguda local pode causar anorexia, com acentuada queda da produção de leite, dor abdominal com relutância ao movimento, defecação e micção com dificuldade (constipação, fezes escassas e retenção de urina); ● Há reação sistêmica moderada, febre e movimento respiratórios superficiais curtos devido a distensão torácica que comprime o retículo; ● Ausência do movimentos ruminais devido a anorexia e resposta positiva aos testes de dor, (pinçamento de cernelha, plano inclinado, dorso arqueado, percussão dolorosa e prova do bastão); ● Evolução>> peritonite aguda difusa leva a toxemia profunda ( 2-3 dias após aparecimento da peritonite local), depressão mental, aumento da FC e diminuição de MR, resposta positiva aos testes de exacerbação da dor. ● Diagnóstico: ● Comportamento> elevação dos membros torácico, locomoção, dorso arqueado; ● Teste de dor ; ● Exames complementares: ● hemograma ( leucocitose por neutrofilia, fibrinogênio plasmático > 1000 mg/dL ) ; normal é 300-600 mg /dl; ● aumento da proteína total e globulina sérica (>10g/dl); ● alterações no líquido peritoneal ( aumento do número de célula- fibrina( > 6000 cel/microl)- e proteína >3g/ml); ● detector de metais; ● raio-x; ● ultrassonografia + comum; ● Tratamento (conservativo): ● imobilizar o animal em baias, reduzir o volumoso, administrar imã oral para imobilizar o corpo estranho no retículo; ● terapia antimicrobiana com penicilina G procaína e ceftiofur; ● Tratamento cirúrgico: ● ruminotomia exploratória para remoção do corpo estranho, avaliar o grau de extensão da peritonite, e verificar se há aderências, abscesso, o tipo de peritonite se é mais localizada ou difusa; Afecções de origem fermentativa (Rúmen E Retículo) ● 1) Acidose Ruminal: ● Etiologia> aumento da ingestão de carboidratos fermentáveis ( grãos, frutas, tubérculos, farináceos, talos e subprodutos - melaço, malte, cevada..); ● Fisiopatologia> ● Uma das principais causas é a produção excessiva de ácidos graxos voláteis provenientes da fermentação dos carboidratos altamente fermentáveis. Quando há oferta de concentrado há produção de uma flora bacteriana muito dependente e consumidora de amido, aumentando a flora amilolítica. Ela degrada o carboidrato, em contrapartida elimina ácidos graxos voláteis na cavidade ruminal, eles em excesso favorecem um ambiente ácido, ou seja, reduz o pH. Esse pH acaba favorecendo o crescimento de bactérias produtoras de ácido lático, consequentemente a associação dessas bactérias com o excesso de ácido graxos voláteis têm redução abrupta do pH ruminal. ● Animais de alta produção de leite, em sistema de confinamento possuem um pH em torno de 5,5, ou seja, já está num quadro de acidose subaguda e qualquer alteração é predisposto a uma acidose aguda. ● ● As consequências desse desequilíbrio de pH em associação com a liberação de endotoxinas provenientes de bactérias gram -, faz com que haja diversas alterações. ● Redução do movimento ruminal; ● O excesso de ácido faz com que há um aumento de água para dentro do rúmen com intuitode reduzir o pH; ● Há redução do fluido extracelular; ● Quais as consequências clínicas? ● O pH ácido associado às bactérias podem ocasionar ruminites e úlceras , essas lesões podem favorecem a entrada dessas bactérias na corrente sanguínea e formar abscessos hepáticos e trombose da veia cava. ● Além disso, as endotoxinas produzidas pela morte das bactérias gram - irão ocasionar lesões no endotélio vascular periférico nas regiões podais e consequentemente há liberação de substâncias vasoativas e vasoconstritores levando o desenvolvimento de um processo inflamatório das lâminas dos cascos = laminite. ● Por outro lado, esse ambiente ácido , junto com a atonia ruminal desencadeia a morte de outras bactérias que são produtoras de vitaminas do complexo B, em especial de tiamina. Essa falta faz com que os animais desenvolvam polioencefalomalácia. ● Por fim, a desidratação que irá desencadear a redução do rendimento cardíaco, consequentemente uma má perfusão periférica. Desse modo, o fluxo sanguíneo renal estará afetado, levando ao choque e posterior morte. ● Sinais Clínicos> ● Forma superaguda : tem evolução clínica < 8 horas, com aumento da FC chegando acima de 140 bpm, hipotermia ou leve hipertermia, decúbito, coma e morte. - abaulamento do antímero esquerdo, na porção superior e inferior dos quadrantes. ● Forma aguda: é mais comum, sua evolução é em torno de 36 horas, o bovino tem anorexia, hipomotilidade a atonia ruminal com quadro de timpanismo, aumento de FC 110 bpm e FR eventualmente aumentada. Há um quadro de febre 40ºC, diarreia do tipo aquosa e espumosa de coloração amarelada-esverdeada podendo ter presença de sangue, em decorrência da ruminite e úlceras. Poliúria evoluindo para anúria devido às lesões renais. ● ● Diagnóstico> ● Não existe sem fazer a avaliação do líquido ruminal!! ● ● No exame físico é possível observar a atonia ruminal, na percussão devido a quantidade de líquido é de som maciço difuso sem distinção das 3 camadas do líquido ruminal, teste do balotamento há presença de líquido. Além disso, na palpação retal dá para perceber a não estratificação do rúmen. ● ● ● Tratamento> ● Corrigir a acidose ruminal e sistêmica, evitar maior produção de ácido lático, restaurar volemia e restaura motilidade ruminal; ● Em casos leves - retirada imediata do concentrado e fornecer feno de boa qualidade ( 3-4 dias); limitação do acesso à água 12-24h devido o excesso de água do rúmen e movimentação do animal que induz a motilidade; ● Aplicação intra-ruminal de antibiótico (penicilina 5- 10.000000UI), já que tem que reduz as bactérias gram + ( S. bovis); ● Forcenecer agente alcalinizantes (hidróxido de magnesio 500 g/450 kg + 5L água morna; ● Transfaunação, ou seja,a transferência de um líquido ruminal de um animal sadio para o doente ( 5L de líquido ruminal); ● Fluidoterapia com ringer com lactato (pois tem efeito leve alcalinizante), associação com bicarbonato de sódio (solução 5% 5L/450Kg; ● Em casos moderados - fluidoterapia com ringer com lactato, e associação de bicarbonato de sódio; ● Catárticos como hidróxido de alumínio ou magnésia 1kg/kg +10l de água morna; ● Transfaunação; ● Antibióticos intraruminal, ● AINES - Flunixin meglumine 1,1-2,2 mg/kg IM ou IV ou Diclofenaco 1 mg/kg IM; ● Borogluconato de cálcio - para melhorar a movimentação/contração do rúmen. 400 ml de solução 30%; ● Dextrose 400 ml de solução 40%; ● Vitaminas do complexo B 30-50 ml- para melhorar a concentração de tiamina; ● Cobalto- auxiliar reações enzimáticas; ● Em casos graves - ( pH 3,8-4,5) ● Bicarbonato de sódio 4,2% IV, 3-4 l por 1 h; ● Ruminotomia - para retirada do conteúdo e aplicação intra-ruminal 100-500g bicarbonato de sódio ou 100 g óxido de magnésio associado a 500 g de levedura +100g propionato de sódio; transfaunação 5-20 l líquido ruminal; ● Fluidoterapia com soluções de cloreto de sódio 0,9% ou ringer simples, glicose 20% -1l; ● Tiamina IM 2-4 g; ● Antibióticos ( penicilina G procaína 22.000 UI/KG IM e Ceftiofur 1-2 mg/kg IM; ● AINES e Borogluconato de cálcio; (repete os tratamentos dos casos moderados); ● 2) Alcalose Ruminal: ● Etiologia> anorexia prolongada ( levando uma alcalose transitória); fermentação bacteriana reduzida + ingestão contínua de saliva; inatividade da flora microbiana devido a ingestão de volumoso de baixa qualidade; aumento da amônia em dietas ricas de proteínas ; ● As causas em casos mais graves de alcalose ruminal comuns são a ingestão excessiva de NNP (uréia ou fosfato de amônia); ingestão acidental de fertilizantes com sais de amônia; ● Fisiopatologia: ● O ciclo normal da ureia é a através da utilização tanto NNP ou proteína degradável no rúmen. Essas proteínas são quebradas pelas bactérias proteolíticas e liberam amônia no rúmen. Essa amônia atravessa a parede ruminal e cai na corrente sanguínea chegando ao fígado. No fígado a amônia é transformada em ureia. ● Essa ureia tem 3 caminhos para ser seguidos - urina, glândula mamária, reciclada e voltar pela saliva ; ● Ureia tem uma função extremamente importante na manutenção do pH ruminal dentro de sua normalidade pH 6-7; ● ● Sinais clínicos> ● Pode ser variável de acordo com a quantidade de ureia ingerida!! ● Início dos sinais pode acontecer 30-60 min após a ingestão, e quanto mais rápido for o aparecimento dos sinais pior o prognóstico, visto que a evolução clínica será mais rápida; ● Há alterações comportamentais como anorexia, inquietação e vocalização; ● Há alterações digestivas como atonia ruminal que gera o timpanismo, o pH estará 7,5-8,5, sialorréia e êmese e escoiceamento do abdômen; ● Há alterações locomotoras porque a amônia tem capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, causando incoordenação e marcha cambaleante e tropeços; ● Midríase, hiperestesia, tremores, espasmos musculares; ● Desidratação; ● Diagnóstico> ● Histórico e sinais clínicos e principalmente avaliação do líquido ruminal; ● ● ● Tratamento> ● Correção da alimentação; ● Acidificação do rúmen com ácido acético% (vinagre) - 1-3 l para cada 100 kg; 70 ml ácido láctico + 5l água gelada ou 70 ml ácido fórmico + 5l água gelada; ● Transfaunação 5l de líquido ruminal de um animal saudável; ● Aplicação intra-ruminal de propionato de sódio + água gelada; ● Em casos graves ainda: ● Fluidoterapia com NaCl 0,9% + KCL 1,1% (proporção 2:1); glicose + NaCl 0,9% + Tiamina; ● Aplicação intra-ruminal ou VO de propionato de sódio ou cloreto de magnésio; ● Antibióticos como penicilina G procaína e Ceftiofur; Borogluconato de cálcio; ● Deslocamento de Abomaso ● Existem 2 tipos de deslocamento (direita e esquerda). ● No deslocamento à direita ainda pode acontecer um vólvulo ou torção; ● Etiologia> redução da motilidade do abomaso decorrente ao excesso de gás (que pode ser em decorrências de alimentos concentrados); ● Ocorrência> vacas adultas de grande porte e alta produção , de raças holandesas e jersey, que consomem dieta rica em grãos e pobre em volumoso ou que tiveram uma alteração brusca de alimentação. ● Além disso, vacas no pós parto são susceptíveis a esse deslocamento, devido a retirada do feto e o reposicionamento dos órgãos no abdômen; ● Doenças concomitantes que levam a redução da motilidade como cetose, hipocalcemia, mastite e metrite; ● Fisiopatologia DAE > ● Aumento da ingestão de concentrado há um processo fermentativo formando gás no rúmen, acaba deslocando um pouco do gás para o abomaso, o qual há uma hipotonia. Esse gás do abomaso causa o deslocamento frontal e à esquerda e após o parto o reposicionamento dos órgãos abdominais o rúmen aprisiona o abomaso; ● Esse deslocamento não gera um comprometimento circulatório, pois não há torção; ● Sinais clínicos> ● anorexia e emagrecimento progressivo; apetite seletivo para volumoso e diminuição na produção de leite ; ● dor abdominal manifestado pelo dorso arqueado, deita e levanta frequentemente, escoiceia o abdômen e diminuição da movimentação; ● fezes escassas, pastosas e finamente digerida; ● Desidratação leve, FC, FR e TRnormais; ● Hipotonia ruminal (movimentos incompletos); ● ● Visualmente é possível observar um abaulamento do quadrante superior esquerdo; ● Diagnóstico> ● É extremamente clínico! ● Auscultação + Percussão será de ruído de chapinhar metálico (ping) decorrente do líquido e gás; ● 8-12º EIC até a fossa paralombar esquerda; ● Palpação retal não consegue fazer a palpação do abomaso, porque um animal grande precisa de uma tamanho de braço razoável; ● O rúmen deslocado medialmente e abomaso na região dorso-caudal do rúmen; ● Patologia clínica > ● alcalose metabólica, redução de cloreto (sequestro para o interior do rúmen), perda de sódio e potássio e hemograma para verificar a condição clínica ( avaliar o grau de desidratação e inflamação); ● Avaliação do líquido ruminal apresentará um aumento de cloreto, indicativo de problema de abomaso ( não necessariamente deslocamento, mas pode ser indigestão vagal e compactação de abomaso); ● Urinálise pode ser observada cetonúria e glicosúria; ● Tratamento clínico com a técnica do rolamento: ● ● ● Tratamento Cirúrgico> ● Abomasopexia pelo flanco esquerdo; ● Omentopexia pelo flanco direito; ● Abomasopexia pelo flanco direito; ● Fisiopatología DAD e Vólvulo Abomasal: ● O aumento de ingestão de concentrado há formação de gás no rúmen que acomete o abomaso gerando um certa hipotonia abomasal. Há então uma distensão e dilatação do abomaso facilitando o deslocamento caudal à direita (fase de dilatação) com consequente formação de vólvulo abomasal levando em uma síndrome da obstrução aguda e necrose isquêmica do abomaso em decorrência do comprometimento circulatório. ● ● Sinais clínicos> ● Fase de deslocamento - inapetência, diminuição da produção, desidratação, mucosas secas e pálidas , fezes escassas, liquefeitas e enegrecidas; ● Além disso, há um aumento de FC , atonia ruminal e distensão da fossa paralombar direita; ● Fase de Vólvulo-sinais clínicas mais evidente. Ocorre alguns dias após o deslocamento, fraqueza e depressão, desidratação, abdômen visivelmente distendido, fezes escassas, liquefeitas e enegrecidas, com FC e FR aumentados. ● Diagnóstico> ● Auscultação + Percussão= ruído de chapinha metálico (ping) no 8-12ºEIC até fossa paralombar direita; ● Palpação retal - abomaso tenso abaixo do arco costal, uma área maior de distensão do abomaso por causa da torção; é importante tbm para diferenciar timpanismo ceco, ou volvulo de ceco; ● Patologia clínica> avaliar condição clínica ● Hemograma- elevado hematócrito, hemoglobina e proteína; ● Leucograma- neutropenia com desvio à esquerda; ● Alcalose metabólica, diminuição do cloreto, sódio e potássio, aumento de pH e bicarbonato; ● Já no vôlvulo terá acidose metabólica, devido o aumento de ácido lático, além de diminuição de cloreto e potássio; ● No líquido ruminal há excesso de cloreto. ● Urinálise com cetonúria e glicosúria; ● Tratamento clínico> ● voltado para o conjunto clínico-cirúrgico; ● ofertar volumoso por 3-5 dias, restaura equilíbrio hidro-eletrolítico; ● Betanecol (0,07 mg/kg SC TID) + Metoclopramida ( 0,1 mg/kg IM ou SC TID); (motilidade ruminal) ● Eritromicina diluída em polietilenoglicol ( 10 mg/kg IM BID) - efeito antibiótico e melhora a motilidade gástrica; ● Tratamento cirúrgico- omentopexia pelo flanco direito ou abomasopexia pelo flanco direito. Afecções Carenciais e Metabólicas (Hipocalcemia e Acetonemia) ● 1) Hipocalcemia: ● Etiologia> ● Falha no sistema de regulação do cálcio; ● Falha na absorção do cálcio intestinal; ● Falha na mobilização de cálcio das reservas do corpo ( comum vacas de alta produção); ● Fisiopatologia> ● Durante o período seco das vacas , 60 dias antes do parto ocorre a revitalização da glândula mamária, produção de colostro e promover o crescimento do feto. ● A demanda de cálcio para manutenção do feto, produção de colostro e produção de leite é alta. ● ● Durante esse período seco é recomendado que nas dietas pré-parto os níveis de cálcio estejam diminuídos, para estimular os mecanismos de mobilização e absorção de cálcio com o paratormônio, através de mobilização do cálcio do ossos, aumentando absorção intestinal e diminuindo a eliminação de cálcio pelos rins. Caso contrário, quando a demanda for grande estes mecanismos demorarão alguns dias para serem ativados e aumentando as chances da hipocalcemia. ● Sinais clínicos> ● Fase de excitação e tetania (leve)- anorexia, abdução leve dos membros posteriores, andar cambaleante e decúbito esternal. ● Pode ocorrer a cura espontânea ou progressão para a fase de decúbito. ● Fase de decúbito esternal (moderada)- animal prostrado, posição de auto auscultação, TR 37-38 (leve diminuição), levemente aumentado de FC ( 80-90). ● Fase de decúbito lateral (grave) - membros estendidos e flácidos, pupilas dilatadas que não respondem a luz, paralisia da mandíbula e língua, opistótono, TR 36-37ºC (hipotermia), aumento de FC 100-120 e morte em 12-48 horas. ● O momento de maior ocorrência de hipocalcemia é pós-parto devido a demanda de cálcio é elevada. ● Diagnóstico> ● Histórico sinais clínicos+ resposta terapêutica de cálcio. ● Dosagem sérica de cálcio ● ● Prognóstico é favorável desde que o tratamento é feito precoce com recuperação de 80% dos casos; ● Desfavorável quando o decúbito é prolongado; ● Tratamento> ● Aplicação de soluções de cálcio e suporte de vitamina D3 ● ● Além disso pode ser administrado Tiamina 4g/dia IM por 5 dias para estimular apetite e melhorar a absorção de cálcio e ação neurítica; E glicocorticóides; ● ● 2) Cetose ● Etiologia> ● aumento da demanda energética no final da gestação; ● redução da ingestão nas últimas semanas que antecedem o parto; ● maior mobilização da gordura corpórea; ● A maior ocorrência de cetose é entre 3ª e 6ª semana após o parto, período antes e durante o pico de lactação; ● Fisiopatologia> ● A diminuição da ingestão de alimentos na fase final da gestação, leva à diminuição da concentração do propionato que é precursor da glicose. Sem a glicose, leva a hipoglicemia na vaca, começando a mobilizar as reservas como fonte alternativa de energia, triglicérides do tecido adiposo. ● Com isso tem a liberação dos ácidos graxos livres, os quais podem ser oxidados para fornecer energia para o animal. No entanto, essa oxidação resulta em acetil-COA, e a partir daqui teria a formação de energia, mas não chega completar esse ciclo de krebs, ficando com excesso de acetil-COA o qual é desviado para formação de corpos cetônicos, levando cetose em bovinos. ● Os corpos cetônicos podem ser utilizados como fonte de energia em alguns tecidos, mas seu excesso leva prejuízos aos animais, seu excesso acaba saindo pela urina e no leite. ● Acetoacetato, Acetona e D-beta-hidroxibutirato são os corpos cetônicos formados e com seus excessos podemos encontrar nos tecidos, fluidos (leite, urina e sangue) corporais e no ar expirado (hálito de cetona); ● A cetose ocorre junto com o BEN ( balanço energético negativo) onde a demanda de energia excede a quantidade de energia fornecida pela dieta. ● O Butirato e Acetato são considerados cetogênicos, porque acabam formando corpos cetônicos, o quais podem ser utilizados como fonte de energia para alguns tecidos; ● Já o propionato é considerado o agv glicogênico, acaba sendo transformado em glicose no fígado para serem utilizados nos tecidos como fonte de energia; ● OBS: Os corpos cetônicos podem atinge o SNC e serem transformado em isopropanol e resultar sintomatologia nervosa; ● Sinais clínicos> ● Típico (95% dos casos) - evolução subaguda média de 16 dias com prognóstico bom e formação de corpos cetônicos; ● Nervoso (5% dos casos) - evolução superaguda 1-2 dias, com prognóstico reservado e com formação do isopropanol; ● De modo geral há redução de até 50% do apetite, queda da produção de leite, perda de peso, sialorréia, pelos ásperos e eriçado, constipação/fezes em forma discóide e odor de cetona à expiração e no leite; ● Forma nervosa - estado de sonolência, olhar fixo, cegueira parcial, excitabilidade,incoordenação motora e tremores musculares intermitentes; ● Diagnóstico> ● Epidemiologia, sinais clínicos; ● Determinação de glicose e corpos cetônicos (soro ou urina); ● ● Biópsia hepática para verificar a degeneração gordurosa ( na prática não é usada); ● Tratamento> ● Fornecimento de medicamentos que aumentem a glicemia e restabeleça, o apetite e a ingestão de alimentos; ● Solução de glicose 50%- 500 ml IV ; ● Propilenoglicol associado ao glicerol ou propionato 225g BID VO misturado ao alimento + 110 SID VO ● Dexametasona 10 mg produz hiperglicemia por 4 e 6 dias; ● Vitaminas do complexo B ( tiamina e cobalamina) estimular o apetite e melhorar conversão do propionato em glicose;
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