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Currículo - Unidade 4

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Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
 
 
Currículo 
 
 
Unidade Nº 4 - Legislação Educacional e as 
perspectivas curriculares 
 
 
 
 
Franciane Heiden Rios 
 
 
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
 
Introdução 
Nesse último capítulo teremos como tema a legislação educacional brasileira e, 
como objetivo principal, relacionar a estrutura dessas orientações legais às concepções 
curriculares trabalhadas até aqui. Assim, enquanto objetivos específicos esperamos: 
● Conhecer, compreender e refletir sobre o currículo previsto na Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Brasileira - LDB 9394/96 e, 
● Conhecer e Identificar os princípios da Base Nacional Comum Curricular e 
refletir sobre as implicações de sua criação nos currículos das escolas da 
educação básica brasileira. 
 Conforme os objetivos apresentados, nossas reflexões serão ancoradas na Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira - LDB 9394/96 e na Base Nacional Comum 
Curricular, dois dos mais importantes e significativos documentos que orientam de 
forma prescritiva os currículos nacionais. Algumas das questões pertinentes a esses 
documentos são: quais as concepções curriculares que seus textos e propostas 
privilegiam? Em suas organizações há espaço para a diversidade no campo curricular? 
Entre outras que se farão necessárias conforme avançamos nos textos constitutivos. 
Desejamos a todos um excelente processo formativo de reflexões pertinentes e 
aprendizagens significativas! 
Bons estudos! 
1. Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Brasileira - LDB nº 9394/96 
 Para melhor compreensão da estruturação da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional - LDB 9394/961, é necessário estabelecermos um panorama 
histórico das leis que a antecederam, para assim discutirmos os elementos 
comparativos e analíticos que nos permitam perceber a intenção curricular, seja em 
avanços ou em desafios que essa legislação em vigor estabelece. 
1.1. Panorama histórico Leis de Diretrizes e Bases da Educação 
 
1 A partir desse trecho, referenciaremos a lei no decorrer do texto como LDB 9394/96. 
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A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi promulgada em 
1961, sendo debatida e construída no período de redemocratização logo após a queda 
do Estado Novo (1937-1945). Sob o nº 4.024, sua reformulação resultou na Lei nº 
5.692/1971 e, posteriormente, na LDB nº 9.394/96 em vigor e objeto de discussão 
dessa unidade. 
Seu texto foi previsto em votação pela Assembleia Nacional Constituinte em 18 
de setembro de 1946, quando da elaboração da Constituição democrática. Essa 
intenção de um estatuto legal e normativo para o ensino nacional representou possível 
avanço para a sistematização e expansão das escolas oficiais. 
O debate de seu texto sofreu diversos ajustes e recebeu numerosas emendas e 
substitutivos, havendo dois grupos antagônicos: aqueles que defendiam mecanismos 
de transferência de recursos públicos para as escolas particulares e aqueles que 
defendiam a prioridade da escola pública. Esse debate não ficou restrito ao setor 
político, envolveram-se associações profissionais, entidades culturais, sindicatos, 
entidades estudantis, organizações religiosas e a imprensa. 
Após a crise desencadeada com a renúncia de Jânio Quadros em agosto de 
1961 e a assunção do vice-presidente João Goulart, o congresso propôs um texto 
conciliador das várias tendências e foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, de nº 4.024, sancionada em 20 de dezembro do mesmo ano. 
Como característica, destaca-se a perspectiva tradicional de ensino, 
entretanto, não havia a prescrição de um currículo fixo e rígido enquanto base para o 
território nacional. A estrutura organizacional manteve-se a mesma e, efetivamente 
em termos de currículo, para o ensino médio caberia à esfera federal indicar cinco 
disciplinas e, a cada sistema, complementar a grade de acordo com suas propostas. 
Com essa lei também foi criado o Conselho Federal de Educação, órgão 
representativo que descentralizaria a administração do ensino, assumindo as funções 
normativas da educação. 
 
Saiba mais: O Conselho Federal de Educação posteriormente renomeado 
Conselho Nacional de Educação - CNE é um órgão normativo de grande 
responsabilidade no cenário educacional. Saiba mais sobre esse Conselho acessando 
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a página oficial do Ministério da Educação: http://portal.mec.gov.br/conselho-
nacional-de-educacao/apresentacao 
 
Em 1971, durante o regime militar a lei nº 4.024/1961, após dez anos de efetivo 
exercício, foi reformulada resultado na Lei nº 5.692/1971. Enquanto principais 
mudanças, esse novo texto uniu primário e ginásio em um segmento nomeado 
primeiro grau, com 8 (oito) anos de duração e matrícula obrigatória dos 07 aos 14 
anos. O segundo grau passou a ser compulsoriamente profissional destinados ao 
preenchimento de postos de trabalho. Entretanto, essa mudança enfrentou muitas 
críticas e dificuldades de implantação, resultando no Parecer nº 76/75 do Conselho 
Federal de Educação que reestruturou o conteúdo formativo. 
 
Para pesquisar: O Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro - DHBB disponibiliza 
7.553 verbetes, sendo 6.584 de natureza biográfica e 969 verbetes temáticos, relativos 
a instituições, eventos e conceitos de interesse para a história do Brasil pós-1930, 
assim, em termos de legislação, é um excelente recurso. 
Consulta integral dos documentos oficiais na íntegra, bem como, outras versões 
comentadas. Link: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo 
 
1.2. Estrutura da LDB nº 9394/96 
A lei que hoje está em vigor, LDB nº 9.394/96, teve início com as mudanças no 
cenário político no final da década de 70 e a forte oposição ao regime militar que 
culminou no movimento “Diretas Já” em 1984 e com a posse de José Sarney em 15 
março de 1985, após a morte de Tancredo Neves, efetivando a retomada do direito à 
escolha aos civis. Entretanto, cabe lembrar que o grande marco desse período de 
redemocratização foi a promulgação da Constituição de 1988, essa que de fato registra 
e sela o retorno da Democracia. 
No campo educacional, em 5 de outubro de 1988 teve início o processo de 
tramitação, no Congresso ordinário, a proposta de texto do novo projeto de Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Processo que se estenderia até 1996 em 
http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/apresentacao
http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/apresentacao
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo
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decorrência das divergências entre as mais diversas esferas que participavam das 
discussões e do processo de elaboração de seu texto. 
A LDB atual, de fato, teve seu avanço mais significativo a partir de 1994, 
retornando à Câmara em 1995 no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, 
com o texto do relator José Jorge que incorporou as diversas sugestões do MEC ao 
texto de Darcy Ribeiro, resultando no texto final. 
Com um total de 92 artigos sua aprovação aconteceu em 20 de dezembro de 
1996, se efetivando a Lei de Diretrizes e Bases – Lei nº 9.394, conhecida como Lei Darcy 
Ribeiro, tendo como premissa uma lei do “possível e passível de cumprimento a partir 
dos recursos financeiros disponíveis nos esquemas orçamentários convencionais” 
(SOUZA, 1998, p. 45). Apesar de normativa, seu texto final demonstrou ampla 
flexibilização, garantindo certa autonomia para que houvesse adequação às diferentes 
situações da educação nacional. 
Figura 1. Principais indicações da LDB 9394/96. Fonte: a autora, 2019. 
 Apartir dessa historicização podemos avançar para as perspectivas curriculares 
que a LDB nº 9.394/96 evidencia em seu texto e como essas se projetam nas práticas 
pedagógicas. 
2. LDB nº 9394/96 e as discussões curriculares 
 Como vimos, a LDB nº 9.394/96 é fruto do processo de redemocratização a 
partir da homologação da Constituição Federal de 1988 e, portanto, efetiva a 
transposição dos princípios democráticos também no campo educacional prevendo 
como fim da Educação: 
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Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de 
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno 
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996, online) 
 Assim, o compromisso com a formação cidadã, a qual considera os sujeitos em 
referência ao seu contexto social, cultural e econômico, prevê uma organização 
curricular com vistas à humanização e superação das desigualdades. Portanto, inerente 
em seu texto, está o conceito de currículo para além dos conteúdos programáticos, 
tendo como princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a 
arte e o saber; 
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; 
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; 
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; 
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
VII - valorização do profissional da educação escolar; 
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos 
sistemas de ensino; 
IX - garantia de padrão de qualidade; 
X - valorização da experiência extra-escolar; 
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. 
XII - consideração com a diversidade étnico-racial. 
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. (BRASIL, 
1996, online) 
Essas premissas curriculares são significativas em relação à mudança da 
intenção da educação escolar e seu currículo, evidenciando a influência das Teorias 
Críticas nas quais a aprendizagem, essa expressa em competências e habilidades, 
passa a ser o eixo das normativas. No texto essa transição fica evidente quando 
menciona: capacidade de aprender; compreensão do ambiente físico e social; 
autonomia intelectual; pensamento crítico; compreensão do significado; 
relacionamento entre teoria e prática. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1
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 Em seu texto não há a indicação de um currículo formal ou prescritivo. Prevê 
que o currículo deve abranger o estudo da Língua Portuguesa, Matemática, o 
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente 
do contexto nacional, avançando para as demais áreas que considera fundamentais à 
formação dos estudantes: arte, música, educação física, história entre outras. 
Entretanto, cabe ressaltar que não há a indicação de um plano curricular ou matriz de 
conteúdo, apenas são contempladas de maneira genérica as indicações de área com 
o intuito de “Art. 22 [...] desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum 
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no 
trabalho e em estudos posteriores”. (BRASIL, 1996, online). 
Portanto, a primeira característica a ser destacada em relação à LDB é a escassez 
do seu texto em definir o que é obrigatório ou não em termos de área de estudo 
e disciplinas curriculares, flexibilizando as decisões no campo curricular, 
outorgando aos entes federados grande autonomia de decisão. Verifica-se assim a 
garantia da possibilidade de projetos políticos pedagógicos, esses também 
assegurados no texto, convergentes com a realidade e contexto de cada localidade. 
É fundamental evidenciarmos que isso implica, mesmo que implicitamente, na 
visão curricular que ultrapassa a mera “relação de conteúdos” a serem ministrados em 
um ano letivo, ou seja, a LDB não intenciona a definição de uma matriz curricular, 
porém, seu texto também é genérico e superficial na perspectiva em elucidar os 
conjuntos de aprendizagens que se espera, prevendo documentos complementares 
para esses fins, como em seu Artigo 9º, que prevê a elaboração Plano Nacional da 
Educação e, nesse mesmo artigo, indica como responsabilidade: “IV - estabelecer, em 
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e 
diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que 
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação 
básica comum” (BRASIL, 1996, online - grifos nossos). 
Destacamos as palavras “competências” e “diretrizes” para avançarmos no que 
tange ao que Mello (2014, p.10) se referiu como “núcleo duro do trabalho pedagógico 
de professores e alunos”. Como vimos, a LDB não define conteúdos e sim propõe 
diretrizes que orientam o processo de implementação curricular que inclui a escolha 
desses conteúdos. 
 
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Glossário técnico: 
Diretrizes: são orientações de valores e princípios que devem nortear todo o 
processo de definição e implementação curricular. 
Competência: é a capacidade do aluno de mobilizar conhecimentos para 
resolver demandas complexas. 
 
Por essa perspectiva, podemos compreender que ao propor apenas diretrizes, 
a LDB é convergente com a perspectiva dos princípios da recontextualização de Young 
(2013), que induzem à concepção do conhecimento curricular contextualizado na 
realidade local, social e pessoal da escola e seus estudantes. Na prática, isso significa 
que o perfil do currículo seja da seleção do conteúdo à avaliação, deverá ser encarado 
no perfil local de sua concepção, viabilizando a concretude das aprendizagens. 
Em relação às competências, o texto busca aproximar-se do conceito de 
"expectativas de aprendizagem" ou "direitos de aprendizagem", porém, não 
avançando em materialidade, dependendo da efetivação de outras legislações e 
documentos, tais como o Plano Nacional da Educação e a Base Nacional Comum 
Curricular, para efetivação. 
Com o texto da LDB sendo, como já vimos, amplo e genérico, garante-se 
vantagens e desvantagens em termos operacionais. A autonomia profissional, 
princípio fundamental para a formação cidadã é garantida, porém, a desregulação ou 
“afrouxamento” das políticas públicas de formação docente não garantem que esses 
professores tenham a oportunidade, por vezes, de uma formação pedagógica e 
didática que os instrumentalize para isso. Assim, a questão pertinente é: até que ponto 
é benéfica a generalização do texto? Quais dispositivos e instrumentos de regulação 
deveriam ser efetivos para a garantia da qualidade formativa? Afinal, por melhor que 
seja qualquer proposta, ela só será real e implantada com qualidade se quem estiver 
envolvido no processo estiver capacitado para esse exercício. Portanto, se retornarmos 
às discussões dos capítulos anteriores, veremos que o item 
“Formação/Profissionalização Docente” apresenta uma lacuna significativa em termos 
de qualidade. 
Avançando nas reflexões curriculares, o texto expresso na LDB pode gerar o 
equívoco de compreender o conhecimento como aquilo que tem única e exclusiva 
função prática. Ou seja, corre-se o risco de entender que o conhecimento necessário 
é apenas aquele que tem significado para o estudante, fato que nos leva a uma 
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segunda reflexão necessária: Quantoavançariamos invertendo essa lógica? A partir de 
novos conhecimentos, quais outros significados seriam possíveis para meus alunos? 
Mello afirma: 
Há um princípio científico das teorias de aprendizagem segundo o qual, para que ela 
ocorra, é preciso que o que está para ser aprendido seja significativo para o sujeito. 
Isso não significa que só o que é significativo tem valor educativo. A negação do valor 
do conhecimento faz com que bons professores fiquem presos à indagação ‘este 
currículo faz sentido para meus alunos?’, em vez de ‘quais novos sentidos se abrirão 
para meus alunos com este currículo?’ ou ‘será que este currículo leva meus alunos 
para além da experiência deles e permite que vislumbrem alternativas com alguma 
base no mundo real?’ (Michael Young, 2013). Limitar o valor educativo do 
conhecimento ao seu significado para quem aprende, é desconsiderar que em todas 
as áreas ou disciplinas sempre há um corpo de teorias, leis, conceitos, que até aquele 
momento é o que mais se aproxima da verdade sobre o mundo e sobre nós: um 
conhecimento mais confiável. Esse tipo de conhecimento não é estático e se apresenta 
de tal forma que sempre pode ser contestado. (2014, p. 15) 
Assim, na operacionalização da LDB as contradições passam a ser evidenciadas 
principalmente em termos da produção de conhecimento e seleção de conteúdo, 
outro exemplo diz respeito ao Programa Nacional do Livro Didático - PNLD: se os 
conteúdos devem ser pensados de acordo com a realidade e contexto, como é possível 
um programa nacional de livro didático que “compra” material com um “currículo 
estruturado”? 
Mello (2014) indica que essas questões são importantes para perceber que, 
apesar do texto da LBD ser pontual prevendo a autonomia do desenvolvimento 
curricular pelos municípios e ampliando para a legitimação no Projeto Político 
Pedagógico, essas distorções que podem ser evidenciadas como no exemplo do 
“sistema de seleção e aquisição do livro didático” (MELLO, 2014, p. 14) resultou em 
“[...] currículos estruturados" [...] conjuntos de materiais articulados com todos os 
conteúdos de cada ano escolar.” (op.cit). 
Outro elemento que cabe indicação é o tempo escolar. Como vimos 
anteriormente, ele influi diretamente nas escolhas e, nesse ponto, a LDB tem em seu 
texto grande interferência, pois, sua indicação é normativa, definindo o tempo 
curricular em dias e carga-horária prevendo “Art. 34. A jornada escolar no ensino 
fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, 
sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola.” (BRASIL, 
1996, online). Ou seja, nesse aspecto a lei opera como regra. 
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 Essas são algumas reflexões importantes a serem feitas sobre a LDB e, 
efetivamente, não existem respostas prontas ou receitas para que os processos de 
implantação ou efetivação do seu texto sejam assertivas. Cabe o bom senso e, 
principalmente, a qualidade da formação dos profissionais da educação que estão na 
gestão e articulando os processos educacionais, na macro ou micro estruturas 
(secretarias de educação, diretorias, escolas, etc.), sendo portanto, imprescindível, a 
prioridade de discutirmos as políticas públicas de formação desses profissionais como 
prioridade. Adiante, veremos como a diversidade é contemplada no texto da LDB, 
avançando nos objetivos definidos para esse capítulo. 
2.1. A diversidade e a LDB nº 9.394/96 
 Conceituamos anteriormente diversidade como as diferenças existenciais, 
resultados das construções histórica, social, cultural e política, originadas em meio às 
relações de poder e das desigualdades. Assim, a diversidade e inclusão, quando na 
área educação, não se limitam às questões de uma Educação Especial, mas abarca 
todas as relações culturais, sociais, étnicas e religiosas. 
 Diante disso, a LDB assegura elementos substanciais para o respeito à 
diversidade, sendo eles: 
● Educação escolar bilingue e intercultural aos povos indígenas (Art. 78). 
● Inclusão escolar na rede regular de ensino de alunos com deficiências, 
transtornos globais de desenvolvimento ou altas habilidades ou superdotação 
(Parágrafo único - Capítulo V - Da Educação Especial). 
● Adequação às necessidades e contextos dos estudantes das zonas rurais (Art. 
28). 
● Inserção no currículo escolar de conteúdos inerentes às diferentes culturas e 
etnias de formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígenas, 
africanas e européias. 
● Ensino religioso, previsto como: 
Art. 33. [...] de matrícula facultativa, é parte integrante da formação 
básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das 
escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à 
diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de 
proselitismo. (BRASIL, 1996, online) 
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Em relação às questões étnico-raciais, a LDB indica um conjunto substantivo de 
elementos para os currículos educacionais, com a obrigatoriedade da educação das 
relações étnico-raciais e do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana na 
educação básica, há o fortalecimento significativo da diversidade cultural, avançando 
para o reconhecimento da discriminação racial e do racismo, fundamental para o 
processo educacional e superação do preconceito e das desigualdades, fruto de um 
passado escravocrata e de injustiças sociais. 
Nesses apontamentos da lei, fica evidente que “[...] o benefício da inclusão não 
é apenas para crianças com deficiência, é efetivamente para toda a comunidade, 
porque o ambiente escolar sofre um impacto no sentido da cidadania, da diversidade 
e do aprendizado.” (HADDAD, 2018, p. 45), efetivando a premissa da Educação 
enquanto direito de todos, sendo um dos seus objetivos fundamentais: “Art. 3º [...] 
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação.” (BRASIL, 1988, online). 
Um ponto controverso na LDB é o Ensino Religioso, pois, a questão primordial 
é: O estado e a educação são laicos? Na Constituição Federal de 1988, em seu Art. nº 
5, inciso VI, seu texto prevê como: “[...] inviolável a liberdade de consciência e de 
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma 
da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias” (BRASIL, 1988, online). Na LDB 
está previsto o Ensino Religioso como vimos, cabe a evidência que a matrícula nessa 
“disciplina” é facultativa às famílias, respeitando, portanto, o direito de escolha. 
 
Leitura complementar: 
As leis brasileiras e o ensino religioso na escola pública - Por: Gestão Escolar. 
Link: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/728/as-leis-brasileiras-e-o-ensino-
religioso-na-escola-publica 
 
Dickie e Lui (2007) indicam que “Em todas as interpretações da lei [...] há um 
componente comum: definem “religião” como o que remete ao transcendente, ainda 
que definam sua função de forma diferente.” (p. 12), e por mais que durante toda a 
implementação e propostas se busque a condição de “não-confessionalidade”, ainda, 
é visível que “o ensino religioso é uma plataforma onde se dá o embate entre religião 
https://gestaoescolar.org.br/conteudo/728/as-leis-brasileiras-e-o-ensino-religioso-na-escola-publica
https://gestaoescolar.org.br/conteudo/728/as-leis-brasileiras-e-o-ensino-religioso-na-escola-publica
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e Estado em que, ao que parece, a religião recusa assumir-se como parte derrotada.” 
(p. 18). 
 
Você quer ver? Quando nos propomos a refletir, temos o objetivo de “sair do lugar 
comum”, da “zona de conforto”, portanto, alguns temas polêmicos são necessários, 
mesmo que possam causar algum desconforto. Porém, não podemosnos esquecer 
que somos aqui estudantes em formação para atuarmos na formação de pessoas. Mais 
que isso: na formação de cidadão críticos. Dito isso, e diante das questões emergentes 
sobre o Ensino Religioso, podemos parar para refletir: a escola pode tornar facultativa 
aos alunos a presença em aulas de Ensino Religioso? Quais conteúdos devem ser 
abordados? A escola pode (ou deve) comemorar datas como Páscoa, Natal e outras 
datas do calendário católico? Pode propor a liturgia bíblica? 
Essas questões são fundamentais e precisam ser pensadas. Para ampliar um 
pouco mais o repertório para essas reflexões, vocês podem assistir o filme “A mulher 
mais odiada dos Estados Unidos”, o trailer está disponível nesse link: 
https://www.youtube.com/watch?v=lXAtX6RwhF4 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=lXAtX6RwhF4
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Figura 2 - Capa filme: A mulher mais odiada dos Estados Unidos. Fonte: Netflix - divulgação. 
 
 Essas são algumas das principais reflexões e apontamentos acerca da LDB nº 
9.394/96. Sabemos que são vastos os caminhos e que ainda são necessárias muitas 
outras aproximações, porém, o primeiro passo foi dado nessa direção. Como vimos, 
da LDB outras legislações e complementos são necessários para organização do 
sistema educacional, principalmente em termos curriculares e um dos que se destacam 
é a Base Nacional Comum Curricular, objeto que discutiremos na sequência. 
3. Base Nacional Comum Curricular - BNCC 
 A Base Nacional Comum Curricular - BNCC2 é o documento que regulamenta, 
para as redes e sistemas de ensino público e particular, as aprendizagens essenciais 
a serem trabalhadas na Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e 
Médio). Tem como objetivo garantir o direito à aprendizagem e o 
desenvolvimento dos estudantes de acordo com o que vimos nas indicações da 
LDB nº 9.394/96. Ainda, seu texto indica orientações para a construção de currículos 
próprios pelos estados e municípios, garantindo o regime de colaboração previsto na 
LDB em seu Art. 9, inciso IV3. 
 
Indicação de vídeo: O que é a Base Nacional Comum Curricular? - BNCC 
Vídeo produzido pelo Ministério da Educação - MEC com uma breve apresentação da 
proposta da base. 
Link: https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=ELQ2azcQC9Q 
 
 
2 A partir desse momento, utilizaremos no texto sempre a sigla BNCC quando nos referirmos à 
Base Nacional Comum Curricular. 
3 “[...] estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e 
diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos 
e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum [...]” 
https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=ELQ2azcQC9Q
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Mas, finalmente, seria a BNCC o produto final do currículo, aquele que 
destacaria os conteúdos a serem ensinados e aprendidos? 
3.1. BNCC é currículo? 
A resposta à pergunta que intitula esse subtítulo é respondida de maneira 
objetiva no texto da BNCC: “de maneira simples, é possível afirmar que a base indica 
o ponto aonde se quer chegar. O currículo traça o caminho até lá.” (BNCC, 2017, 
online). Ou seja, a BNCC e os currículos são compreendidos como documentos 
diferentes em concepções e finalidades. 
Os fundamentos pedagógicos da BNCC focam no desenvolvimento de 
competências, no compromisso com a educação integral; nos princípios da 
diversidade, igualdade e equidade; reafirmando a condição imprescindível do regime 
colaborativo para a construção dos currículos a partir de um pacto interfederativo. 
 
Glossário: 
Equidade: sentimento de justiça, de apreciação, do julgamento justo. Consiste no 
respeito à igualdade de direito de cada um, que independe da lei positiva, mas de um 
sentimento do que se considera justo, tendo em vista as causas e as intenções. 
 
Assim, a BNCC seria parte do currículo, orientando os referenciais e os PPP4 das 
escolas à medida que estabelece as competências e habilidades a serem alcançadas 
pelos alunos, ano a ano. Para melhor compreendermos como se estrutura a BNCC, 
optamos por um recorte do seu texto: trabalharemos com a etapa do Ensino 
Fundamental, 4.3 - A área de Ciências da Natureza, 4.1.1 - Ciências, 4.3.1.1 - Ciências 
no Ensino Fundamental - Anos Iniciais: Práticas de linguagem, objetos de 
conhecimento e habilidades. 
A primeira indicação é com a prioridade não de apresentar conhecimentos 
científicos aos estudantes, mas sim promover: 
[...] oportunidades para que eles, de fato, envolvam-se em processos de 
aprendizagem nos quais possam vivenciar momentos de investigação que lhes 
 
4 Projeto Político Pedagógico 
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
possibilitem exercitar e ampliar sua curiosidade, aperfeiçoar sua capacidade de 
observação, de raciocínio lógico e de criação, desenvolver posturas mais 
colaborativas e sistematizar suas primeiras explicações sobre o mundo natural 
e tecnológico, e sobre seu corpo, sua saúde e seu bem-estar, tendo como 
referência os conhecimentos, as linguagens e os procedimentos próprios das 
Ciências da Natureza. (BNCC, 2017, online) 
 
Saiba mais: o site Movimento pela Base apresenta um pouco do processo de 
construção da BNCC e traz orientações para sua implementação nas escolas. 
http://movimentopelabase.org.br/ 
 
 Para esse objetivo, a estrutura da BNCC por área pode ser representada da 
seguinte forma: 
 
 
Figura 3. Estrutura BNCC por área. Fonte: Elaborado pela autora. 
http://movimentopelabase.org.br/
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
 Dentro da especificidade da área, essa estrutura é refinada e apresentada em 
quadros: 
Quadro 1. Habilidades Ciências da Natureza - 1º ano. Fonte: BNCC 
 Portanto, podemos visualizar que na BNCC há a indicação da unidade temática, 
dos objetos de conhecimento e o que se espera que os estudantes aprendam em 
relação a eles, nesse exemplo, a passagem do tempo em dias, porém, mesmo que no 
texto completo se discuta a pertinência da prática pedagógica, essas tangem o campo 
teórico, intencionam fomentar a discussão e ampliar possibilidades e não definir ou 
normatizar o trabalho docente em sala. Mas, diante da concepção de currículo 
trabalhada durante a disciplina e que também é prevista na LDB nº 9.394/96, a qual 
prevê a BNCC, por quê a base não é currículo? O que a diferencia? Ou ela é currículo? 
Para essas questões Macedo (2018) traz necessárias reflexões. A autora 
evidencia que, desde o início do processo de elaboração do documento até a 
implantação do documento final, inúmeras foram as críticas sobre o fato de, tentando 
diferenciar currículo e base, a proposta reduz currículo a uma listagem de 
competências. 
O texto oficial da BNCC busca esclarecer essa questão, indicando que: “BNCC e 
currículos têm papéis complementares para assegurar as aprendizagens essenciais 
definidas para cada etapa da Educação Básica, uma vez que tais aprendizagens só se 
materializam mediante o conjunto de decisões que caracterizam o currículo em ação” 
(BNCC, 2017, online). 
 Se retornarmos ao que vimos sobre currículo formal, real e oculto, a BNCC, no 
sentido da explicação fornecida em seu texto oficial e como apontado por Macedo 
(2018) apesar da tentativa de diferenciação entre base e currículo, a BNCC opera como 
um currículo formal e prescritivo. É fato que não esgota ou restringe o currículo em 
ação que ocorre nas escolas e, tampouco, o currículo oculto: 
A BNCC seria, assim, currículo, mas não esgotaria as possibilidades de ser do 
currículo. O conceito de currículo em ação ou vivido aparece em diferentesautores no campo do currículo, no geral, se referindo, ao que ocorre nas 
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
escolas. A ideia de complementaridade em relação ao currículo prescrito 
também perpassa a maioria dos sentidos que ele vai assumindo na literatura, 
dando conta da impossibilidade do currículo formal fazer jus às experiências 
imprevisíveis que ocorrem no dia a dia da sala de aula. (MACEDO, 2018, p. 29) 
 
Indicação de vídeo: Base Nacional Comum Curricular - Célia Carolino, professora do 
programa de estudos pós-graduados em Educação Matemática da PUC-SP, fala sobre 
a base nacional comum curricular e os níveis de concretização do currículo. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=paqvIE5w6gA 
 
 
 A crítica principal de Macedo (2018) sobre a proposta da BNCC recai no fato de 
que seu texto explicita a compreensão do currículo em ação como uma releitura do 
currículo formal, bastando a implementação da base para que se efetive. Para a autora, 
um grande equívoco, inclusive já demonstrado em outros países como a Finlândia. 
Para ela, o processo de construção curricular deveria seguir o caminho inverso: da 
escola (do currículo em ação) para a regulamentação (currículo formal). 
 
Para acessar: Acesse os documentos e materiais completos relacionados à BNCC no 
site oficial do Ministério da Educação para melhor compreender e conhecer todos os 
elementos e suas configurações. 
Site: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ 
 
 Entretanto, cabe refletirmos que sim, várias são as críticas a serem feitas à BNCC, 
porém, é preciso destaque para o fato de seu texto indicar o que é mínimo, o que 
habilita e possibilita grande autonomia e possibilidade de trabalho docente. Nessa 
perspectiva, reflexões, análises e principalmente uma postura propositiva: o que 
faremos enquanto professores? Torna-se muito mais significativa pensando na 
aprendizagem dos estudantes e na efetivação curriculares como um todo. 
https://www.youtube.com/watch?v=paqvIE5w6gA
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
 A partir dessas primeiras reflexões sobre a BNCC, avançaremos na sequência 
sobre como se estabelecem a perspectiva do prescrito e da ação em suas propostas. 
4. BNCC: do prescrito ao real 
 Como vimos, a BNCC inicialmente define aprendizagens essenciais, essas que 
devem assegurar aos estudantes dez competências gerais, entendidas como 
direitos de aprendizagem e desenvolvimento, ao final do processo escolar. São elas: 
 
 
Figura 4 - As 10 competências gerais da BNCC. Fonte: Tuneduc. 
Competências, em seu texto, são definidas como: “[...] a mobilização de 
conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e 
socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida 
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.” (BNCC, 2017, 
online). 
 Essa perspectiva indica que as escolhas pedagógicas devem ser, 
obrigatoriamente, no sentido do desenvolvimento de competências, ou seja, a 
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
perspectiva tradicional de transmissão de conteúdos descontextualizados não é 
possível. Privilegia-se o saber no sentido da construção do conhecimento, de 
habilidades, atitudes e valores e o saber-fazer, que consiste na mobilização do saber 
em prol das demandas da vida cotidiana. Sua estrutura geral segue a seguinte 
organização: 
 
 
Figura 5 - Competências gerais da Educação Básica. Fonte: BNCC. 
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
São elas, portanto, definidas por etapa de escolarização, as quais veremos 
a seguir. 
4.1. Educação Infantil 
 O texto da BNCC para a primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil, 
a partir do eixo estruturante Interações e Brincadeiras, prevê seis direitos de 
aprendizagem e desenvolvimento, sendo eles: 
1. Conviver 
2. Brincar 
3. Participar 
4. Explorar 
5. Expressar 
6. Conhecer-se 
 Esses direitos são estabelecidos em cinco campos de experiências que, como 
vimos, definem os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, aqui em três faixas 
etárias: bebês (0 a 1 ano e 6 meses), crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos 
e 11 meses) e crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses). 
 
 
Figura 6 - Campos de Experiência - BNCC Educação Infantil. Fonte: Elaborado pela autora. 
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
A perspectiva pedagógica aqui evidencia um currículo prescrito de ações 
experimentais que, na prática, vai de acordo com a concepção da criança enquanto: 
[...] sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que 
vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, 
aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e 
a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009, online). 
 Possibilitando, assim, um currículo real que, diante da indissociabilidade do 
cuidar e educar inerente dessa etapa da educação, as crianças desempenhem papel 
ativo em sua aprendizagem e desenvolvimento, construindo significados sobre si, os 
outros e o mundo social e natural. Ancorado em práticas e vivências relacionadas ao 
cotidiano da infância, a partir de brincadeiras, desafios e ambientes estimulantes. 
4.2. Ensino Fundamental 
 O Ensino Fundamental está organizado em cinco áreas do conhecimento 
que intencionam o favorecimento da: “[...] comunicação entre os conhecimentos e 
saberes dos diferentes componentes curriculares” (BRASIL, 2010, online), prevendo 
assim, a interdisciplinaridade embora se mantenha a sistematização dos elementos. A 
divisão dos objetivos de aprendizagem são feitos em duas etapas e devem ser 
consolidados nos nove anos de escolarização: Anos Iniciais e Anos Finais, seguindo a 
seguinte organização: 
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
Figura 7. Componentes curriculares - BNCC Ensino Fundamental. Fonte: BNCC. 
Como vimos, dos componentes, se organizam as unidades temáticas e os 
arranjos dos objetos de conhecimento, esses que deverão ser adequados às 
especificidades dos diferentes componentes curriculares. Como objetivo final, espera-
se que os estudantes efetivem as aprendizagens essenciais, essas descritas como 
habilidades. 
A diferenciação entre o currículo formal e real é evidenciado no texto da BNCC 
em relação a essa etapa quando na indicação que as habilidades não são “[...] ações 
ou condutas esperadas do professor, nem induzem à opção por abordagens ou 
metodologias” (BNCC, 2017, online). Reforçando que as práticas e, portanto, o 
currículo em ação se efetivam mediante as: “[...] escolhas no âmbito dos currículos e 
dos projetos pedagógicos, que, como já mencionado, devem ser adequados à 
realidade de cada sistema ou rede de ensino e a cada instituição escolar, considerando 
o contexto e as características dos seus alunos.” (op. cit.) 
 
Indicação de vídeo: Audiência Pública 20/09/2017 Debate sobre o tema "Base 
Nacional Comum Curricular: desafios para implementação e o combate às 
desigualdades educacionais", com a fala do Prof José Pacheco. TV Senado. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=ms2LOkkoLn4 
 
Síntese 
Nesse último capítulo tivemos como tema Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
nº 9.394/96 e a Base Nacional Comum Curricular, sobre elas, relacionamos seus textos 
e estruturas às concepções curriculares trabalhadas durante as demais unidades, 
identificando: 
● Os currículos prescritos; 
● As possibilidades de avanços em relação aos currículos reais; 
● As aberturas possíveis para temas relacionados à diversidade e, por fim, 
https://www.youtube.com/watch?v=ms2LOkkoLn4
Currículo- Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
● Os desafios no campo da efetivação das propostas que se estabelecem nesses 
textos diante das realidades educacionais. 
 
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
Bibliografia 
BRASIL, Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Educação das Relações Étnicos-Raciais e para o Ensino de História e Cultura 
AfroBrasileira e Africana. Brasília: MEC/CNE, 2004. 
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso 
em: 10 jul. 2019 
______. (1961) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional., n. 4024. Fixa as Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional. Disponível em: Acesso em: 08 jul. 2019. 
______.(1971). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n. 5.692. Fixa 
Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Disponível 
em: Acesso em: 08 jul. 2019. 
 ______. (1996). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n. 9394. Estabelece as 
diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Senado Federal, 1996. Disponível em: 
Acesso em: 08 jul. 2019. 
 ______. Diversidade Religiosa e Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos 
Direitos Humanos, 2004. 
DICKIE, M.A.S. Unspoken ethics: a multi-religion group and the building of a public 
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Study of Religion, Bath Spa University, Inglaterra, 2006. 
MELLO, Guiomar Namo. Currículo da Educação Básica no Brasil: Concepções e 
políticas. Movimento pela Base. Setembro/2014. Disponível em: 
http://movimentopelabase.org.br/wp-
content/uploads/2015/09/guiomar_pesquisa.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019. 
SANTOS, B.S. A construção intercultural da igualdade e da diferença. In: SANTOS, B.S. 
A gramática do tempo. São Paulo: Cortez, 2006. p. 279-316. 
Referências imagéticas: 
Quadro 1 - Habilidades Ciências da Natureza - 1º ano. Disponível em: 
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#fundamental/ciencias-no-ensino-
fundamental-anos-iniciais-unidades-tematicas-objetos-de-conhecimento-e-
habilidades>. Acesso em: 15 jul. 2019. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2015/09/guiomar_pesquisa.pdf
http://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2015/09/guiomar_pesquisa.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#fundamental/ciencias-no-ensino-fundamental-anos-iniciais-unidades-tematicas-objetos-de-conhecimento-e-habilidades
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#fundamental/ciencias-no-ensino-fundamental-anos-iniciais-unidades-tematicas-objetos-de-conhecimento-e-habilidades
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#fundamental/ciencias-no-ensino-fundamental-anos-iniciais-unidades-tematicas-objetos-de-conhecimento-e-habilidades
Currículo - Unidade Nº 4 - Legislação educacional e as perspectivas curriculares 
 
Figura 4 - As 10 competências gerais da BNCC. Fonte: Tuneduc. Disponível em: 
<https://www.tuneduc.com.br/competencias-gerais-da-bncc/>. Acesso em: 15 jul. 
2019. 
Figura 5 - BNCC. Competências. Disponível em: 
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#estrutura>. Acesso em: 15 jul. 2019. 
Figura 7 - BNCC. Componentes curriculares. Disponível em: 
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#estrutura>. Acesso em: 15 jul. 2019. 
https://www.tuneduc.com.br/competencias-gerais-da-bncc/
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#estrutura
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#estrutura

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