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TCC BNCC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIAL EDUCAÇÃO – UAEE 
REGIONAL CATALÃO
 CURSO DE PEDAGOGIA
DO PCN À BNCC: QUAL O CAMINHO TRILHADO PELA BNCC DOS ANOS INCIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ATÉ SUA IMPLANTAÇÃO, TOMANDO COMO NORTE OS PCN 
LUCAS GOMES DA CUNHA
CATALÃO – GO
MARÇO/2021
LUCAS GOMES DA CUNHA
DO PCN À BNCC: QUALO CAMINHO TRILHADO PELA BNCC DOS ANOS INCIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ATÉ SUA IMPLANTAÇÃO, TOMANDO COMO NORTE OS PCN 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Unidade Acadêmica Especial de Educação, da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão, como requisito parcial ao título de Licenciada em Pedagogia. Orientadora: Prof. Dra. Cláudia Tavares do Amaral.
CATALÃO – GO
MARÇO/2021
LUCAS GOMES DA CUNHA
DO PCN À BNCC: O CAMINHO TRILHADO PELA BNCC DOS ANOS INCIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ATÉ SUA IMPLANTAÇÃO, TOMANDO COMO NORTE OS PCN 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca de Qualificação do Curso de Pedagogia da Regional Catalão – UFG, como exigência parcial para conclusão da disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso II – TCC II, sob orientação da Prof. Dra. Cláudia Tavares do Amaral. 
Data da aprovação: 08 de Março de 2021. Nota _____
Banca Examinadora:
_______________________________________________________________
Prof. Dra. Cláudia Tavares do Amaral
Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão
_______________________________________________________________
Prof.ª Altina Abadia da Silva
Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão
_______________________________________________________________
 Prof.ª Jussara Bueno de Queiroz Paschoalino
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
CATALÃO – GO
MARÇO/2021
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradecer a Deus que é fundamental em minha vida, iluminado meus passos, colocando as pessoas certas ao meu lado, dando discernimento e forças para buscar meus objetivos. Este trabalho é dedicado para minha família, amigos e os professores do curso, que orientaram a minha formação, aos quais tenho imensa gratidão. Especialmente aos meus pais, Wilia Gomes e Maria Celma, por nunca deixar de me incentivar e apoiar nos momentos bons e ruins desse percurso, pela compreensão e sacrifícios para garantir que continuasse, superando a saudade da distância e ausência de momentos importantes, mas sempre na torcida para que meu sonho fosse realizado. A minha professora e orientadora Cláudia Tavares do Amaral, por ser mais que uma profissional, sempre motivando e focada na minha formação, uma amiga que me ajudou em vários momentos, para além de suas obrigações acadêmicas de orientação e docência, o que rendeu grandes momentos de troca de experiências, boas conversas e puxões de orelha que culminaram numa relação de amizade e respeito mútuo. As amizades que construí, ao longo do curso, que irão permanecer por toda a vida sempre vivas em minha memória, através das lembranças dos momentos triste e alegres, mas que foram de grande aprendizado, pois nos tornaram melhores enquanto seres humanos e profissionais, moldando nosso caráter e perfil profissional. E por fim, a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para que este trabalho fosse feito.
 
Não há motivo para pensares que alguém viveu longamente só por causa de seus cabelos brancos ou de suas rugas. Ela não viveu longo tempo; mas existiu longo tempo. (Sêneca)
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
BNCC – Base Nacional Comum Curricular
CF – Constituição Federal
CONAE – Conferência Nacional de Educação
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais 
PNE – Plano Nacional de Educação 
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
RESUMO
A monografia aqui apresentada procura analisar o trajeto percorrido pelo documento normativo Base Nacional Comum Curricular (BNCC), buscando entendê-lo, bem como fazer uma articulação com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), ou seja, descrever o caminho trilhado pela BNCC dos anos iniciais do ensino fundamental, tendo como ponto de partida os PCN. Para completar esse objetivo, foram usados os seguintes objetivos específicos: Compreender como se deram as discussões sobre a elaboração e implantação da Base Nacional Comum Curricular; identificar produções científicas acerca da BNCC para os anos iniciais do ensino fundamental para compreender os desdobramentos já existentes; analisar os documentos referentes a BNCC para os anos iniciais do ensino fundamental e os PCN, a fim de saber se existe uma correlação entre esses documentos; e identificar os documentos que estabeleceram e deram corpo a versão final da BNCC dos anos iniciais do ensino fundamental. Para tal, utilizamos a metodologia de pesquisa de natureza qualitativa, com base em uma análise documental dos registros documental (BNCC e PCN), além de outros que possa ser usado como fonte de informação. Dentre os resultados relevantes encontrados pela pesquisa, cabe destaque as alterações nas estruturas orgânicas dos dois documentos e na abordagem do conhecimento, principalmente o científico, em cada um.
Palavras-chave: BNCC. Currículo. PCN. Anos Iniciais. 
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	09
2 AS CONFIGURAÇÕES DA BNCC E DOS PCN NO CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO	13
2.1 BREVE TRAJETÓRIA DA BNCC	13
2.2 OS PCN’s e BNCC	15
2.3 CURRÍCULOS	17
3 ANÁLISES E DISCUSSÕES	20
3.1 PCN	20
3.2 BNCC	24
3.3 DOS PCN`s À BNCC	26
CONSIDERAÇÕES FINAIS	30
REFERÊNCIAS	32
1 INTRODUÇÃO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso – TCC – busca abordar a importância à trajetória de vigência do documento normativo Base Nacional Comum Curricular, buscando entendê-lo, bem como fazendo uma articulação com os Parâmetros Curriculares Nacionais, ou seja, o intuito é descrever o caminho trilhado pela BNCC dos anos iniciais do ensino fundamental, tendo como ponto de partida os PCN.
A escolha deste tema se justifica pelo papel de grande relevância e importância que o currículo assume, por meio dos documentos oficiais que norteiam a educação básica no país, ao definir as concepções de educação e cidadão que se quer formar para o futuro, nesse caso, os PCN, anteriormente, e, agora, a BNCC. Tendo em vista a intensificação dos embates em torno desta temática, após a elaboração da BNCC. Por se tratar de um assunto fundamental para a educação Nacional, conhecer os desdobramentos e consequências dessas mudanças, se tornou imperativo para quem faz parte do campo educacional, o que possibilitará tecer contribuições para a avanço e melhoria das concepções de educação e sujeitos que se quer formar.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que tem por intuito a universalização do ensino por meio dos “direitos de aprendizagem”, como o próprio nome já sugere, de um programa norteador de conteúdos para todo o território nacional, no tocante à Educação Básica.
A BNCC tem como objetivo principal apresentar os direitos e propósitos de aprendizagem e desenvolvimento que devem nortear a elaboração de currículos da Educação Básica no país, em conformidade com o que recomenda o Plano Nacional de Educação – PNE – e a Conferência Nacional de Educação – CONAE – (TRICHES; ARANDA, 2016). Conforme o texto apresentado na sequência: 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Aplica-se à educação escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), e indica conhecimentos e competências que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes CurricularesNacionais da Educação Básica (DCN), a BNCC soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. (BRASIL, 2017, p.1).
Diante disso, pode-se perceber que a BNCC não consiste em um currículo, segundo o discurso dos planejadores, mas sim em um documento norteador, sendo este uma referência única para que as escolas elaborem os seus currículos individuais, em que devem estar de acordo com a nova BNCC, cumprindo as diretrizes que consagram as etapas de aprendizagem que devem ser assumidas e seguidas por todas as escolas. 
Mesmo sem aprofundar muito em certos eventos que influenciaram no contexto da elaboração da BNCC, há que apontá-los, para se ter uma ideia das possibilidades das implicações dos mesmos, como o impeachment contra a presidenta Dilma, as várias legislações educacionais, do trabalho e da previdência social com propostas de mudanças rápidas; as pressões sobre do “Escola sem Partido”; a ausência de profissionais especialistas durante a elaboração da BNCC; as exigências de certos setores do governo Temer, para que a BNCC fosse votada e legitimada pelo Congresso e não pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), são alguns dos acontecimentos que trouxeram implicações profundas que parecem ter acelerado, e não dado tempo suficiente para maiores debates e discussões, no que se refere aos conhecimentos a serem ensinados e aprendido nas escolas brasileiras (FRANCO e MUNFORD, 2018).
Tema que tomou enormes proporções nas discussões sobre currículo nos iniciais anos no Brasil, a BNCC, documento que faz parte do plano Nacional de Educação, previsto na Constituição Federal de 1988, passou por um longo processo de debates acerca de qual seria seu conteúdo e objetivos para o ensino a ser posto em prática nas escolas brasileiras. A mesma foi aberta para consulta pública no ano de 2015, como forma de permitir que a sociedade pudesse contribuir com suas ideias sobre essa proposta, algo que tem sido alvo dos críticos, por assim entender, que no final o documento foi resultado de imposição de cima pra baixo, não levando em consideração as contribuições da sociedade, professores e estudiosos sobre o tema. 
Pode-se destacar também os documentos que delimitaram as questões sobre o currículo anterior a ela, como é o caso dos PCN para as séries iniciais do ensino fundamental. Embora fosse um documento que apenas orientava o currículo em território nacional, estando a cargo de cada estabelecimento escolar elaborar seus próprios currículos levando em consideração suas especificidades regionais e locais, a maioria das escolas tomou este como base para a proposta curricular a ser executada. De certo modo, foram intermediários nesse processo de criação e implantação do documento, que contém os conteúdos comuns a serem ensinados em todo o território Nacional e servirá de base para as escolas, tanto públicas quanto privadas, elaborarem seus currículos e por assim dizer, definir a sociedade que será formada para o futuro. 
Partindo do que é observado nos debates, desde a criação até a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), levando em consideração a polarização entre prós e contras e em quais contextos se deu as discussões sobre a BNCC, na qual embasaram sua proposta de elaboração e conseguinte implantação, a presente pesquisa fará um estudo bibliográfico contendo um levantamento das produções publicadas sobre o tema, para embasar as discussões posteriores, e documental, a fim de analisar os dois últimos documentos que estabelecem currículos para os anos iniciais do ensino fundamental, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a BNCC, a fim de responder o seguinte questionamento: qual o caminho trilhado pela BNCC dos anos iniciais do ensino fundamental, tomando como ponto de partida os PCNs, documento anterior a este, e verificar se é possível estabelecer alguma relação com o mesmo?
Assim, este trabalho tem como objetivo geral analisar o processo de discussão, elaboração e implementação da BNCC para os anos iniciais do ensino fundamental, procurando aferir se, durante este processo, tomou como ponto de partida o documento anterior a ela, os PCNs, ou estabeleceu alguma relação com o mesmo. Para auxiliar o alcance deste objetivo, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: compreender como se deram as discussões sobre a elaboração e implantação da Base Nacional Comum Curricular; identificar produções científicas acerca da BNCC para os anos iniciais do ensino fundamental para compreender os desdobramentos já existentes; analisar os documentos referentes a BNCC para os anos iniciais do ensino fundamental e os PCN, a fim de saber se existe uma correlação entre esses documentos; identificar os documentos que estabeleceram e deram corpo a versão final da BNCC dos anos iniciais do ensino fundamental.
Assim, este documento, que durante anos foi importante para educação Brasileira, foi construído, assim como o seu sucessor, a partir de grandes discussões e embates entre as diversas correntes políticas e ideológicas acerca do tema, não podendo ser ignorado e, por isso, servir como uma ponte entre o que está dado e o que se espera da educação brasileira para as próximas gerações. Ademais, é preciso entender os desdobramentos deste documento, tomado como base e ponto de partida das discussões sobre currículo que permearam os últimos anos e os PCN, verificando a relação entre o currículo estabelecido na versão final da BNCC e aquele presente no documento antecessor.
A metodologia de pesquisa adotada é de natureza qualitativa, o que para Richardson (1999), além de ser uma opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social. Como esta foi uma investigação sobre a trajetória de um documento normativo da Educação, a abordagem qualitativa foi a opção que atendeu aos objetivos da pesquisa. Assim, o trabalho consiste em uma análise documental, que se baseia na análise de qualquer registro documental que possa ser usado como fonte de informação, por meio da investigação, englobando os seguintes aspectos: a observação, leitura, reflexão e crítica (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 56). 
Ainda no que se refere à natureza da metodologia, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, nesta direção Minayo (1994, p. 21 e 22) afirma que: 
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não pode ser reduzidos à operacionalização de variáveis. 
Este estudo está organizado em cinco seções, onde a primeira seção apresenta a Introdução ao assunto abordado no trabalho. A segunda seção aborda o Referencial Teórico sobre o tema. A terceira seção discorre sobre o percurso metodológico utilizado no estudo em questão. A quarta seção, registra as Análises dos Dados Coletados, apresentando Resultados e Discussões da Análise do documento da BNCC, e por fim, as Considerações Finais que contemplam as conclusões acerca do objeto investigado, seguidas das Referências Bibliográficas.
2 AS CONFIGURAÇÕES DA BNCC E DOS PCN NO CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO
	O presente capítulo apresenta o contexto e configuração da BNCC e dos PCN’s no contexto educacional brasileiro, buscando compreender melhor como essa temática se situa pela ótica científica e dos teóricos da educação que debatem o sobre a BNCC, os PCN e o currículo, de forma geral e específica do Brasil. Será feita uma breve abordagem sobre a trajetória da BNC, do ponto de vista histórico, conhecendo um pouco do seu processo de discussão e elaboração. De igual modo, contextualizaremos sobre aspectos relevantes dos PCN, como sua finalidade e os pressupostos que balizam este documento, além de alguns apontamentosconceituais sobre o currículo e de como ele se relaciona com os documentos citados, a luz do que pensa esses teóricos e pesquisadores.
2.1 BREVE TRAJETÓRIA DA BNCC
A imprescindibilidade de um currículo que atingisse a toda a comunidade escolar brasileira vem sendo debatida há algum tempo. Desse modo, a BNCC tem como intuito “[...] promover equidade nos sistemas de ensino, isto é, de promover o direito de aprendizagem da totalidade dos estudantes” (BRASIL, 2017 p.1).
A composição da BNCC, em seu desenvolvimento, passou por alguns estágios que encabeçaram com os debates ocorridos entre profissionais do âmbito da educação de diferentes áreas, desde o municipal, estadual e federal. Sucederam discordância e momentos de apreensão no que diz respeito à construção, além dos períodos agitados no meio político, como podemos citar a conversão da presidência e zaragata de corrupção ocorridos durante o processo da elaboração do documento, o que originou, tortuosamente, impactos nas etapas posteriores do processo.
A primeira versão foi disponibilizada em setembro de 2015, e nela a BNCC foi assim determinada: 
É um conjunto de orientações que deverá nortear os currículos das escolas, redes públicas e privadas de ensino de todo o Brasil. A Base trará os conhecimentos essenciais, as competências e as aprendizagens pretendidas para as crianças e jovens em cada etapa da Educação Básica em todo país. O documento conterá: Competências gerais que os alunos devem desenvolver em todas as áreas; Competências especificas de cada área e respectivos componentes curriculares; Conteúdos que os alunos devem aprender e habilidades a desenvolver a cada etapa da Educação Básica da Educação Infantil ao Ensino Médio. A progressão e sequenciamento dos conteúdos e habilidades de cada componente curricular para todos os anos da educação básica. (BRASIL, 2017 p.1)
A Base é citada na Constituição Federal (CF) de 1988, em seu artigo 205, que estabelece que “a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (BRASIL, 1988).
Ainda na Constituição existe a afirmação de que é primordial estruturar uma base nacional comum curricular que vai dar direcionamento a um protótipo único obedecendo às diversidades existentes no Brasil, e se determina, no Artigo 210, que “serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.” (BRASIL, 1988).
De acordo com Zambon (2017), desde meados do ano de 1980 há pesquisas no que se refere às políticas públicas, e no Brasil passaram a se evidenciar com o passar do tempo apenas se fortificaram. Dessa forma, há a algum tempo se tem tido pesquisas sobre um currículo comum, para a educação básica, que acolhesse a toda população escolar brasileira. 
A BNCC tem como principal objetivo exibir os direitos e propósitos de aprendizagem e desenvolvimento que devem parametrizar a elaboração de currículos da Educação Básica no país, em conformidade com o que preconiza o Plano Nacional de Educação – PNE – e a Conferência Nacional de Educação – CONAE – (TRICHES; ARANDA, 2016). Assim reiteramos que:
A concepção de educação como direito abarca as intencionalidades do processo educacional, em direção à garantia de acesso, pelos estudantes e pelas estudantes, às condições para seu exercício de cidadania. Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimentos, apresentados pelos componentes curriculares que integram a BNCC, referem-se a essas intencionalidades educacionais. (BRASIL, 2017, p.24)
Sendo assim, entre os princípios norteadores da BNCC está o da educação como direito – no caso, o direito de aprender e se desenvolver. Assim a primeira versão da BNCC, quando finalizada, o documento foi liberado para a consulta pública, sendo conceituada como:
Um conjunto de orientações que deverá nortear os currículos das escolas, redes públicas e privadas de ensino de todo o Brasil. A Base trará os conhecimentos essenciais, as competências e as aprendizagens pretendidas para as crianças e jovens em cada etapa da Educação Básica em todo país. O documento conterá: Competências gerais que os alunos devem desenvolver em todas as áreas; Competências especificas de cada área e respectivos componentes curriculares; Conteúdos que os alunos devem aprender e habilidades a desenvolver a cada etapa da Educação Básica da Educação Infantil ao Ensino Médio. A progressão e sequenciamento dos conteúdos e habilidades de cada componente curricular para todos os anos da educação básica. (BRASIL, 2017 p.1)
Diante disso, nota-se que a BNCC é um documento norteador, sendo este uma diretriz única para que as escolas desenvolverem os seus currículos individuais, em que devem ir em concordância com a nova BNCC, cumprindo as diretrizes que legitimam as fases de aprendizagem que devem ser atribuídas e seguidas por todas as instituições de ensino. 
2.2 OS PCN’s e BNCC
A Educação Básica no Brasil vivencia um lento processo de transformação, iniciado a mais de sessenta anos. De acordo com Santos (2007), estas ações, de uma forma muito progressiva, começaram a modificar a função da escola perante a sociedade, buscando melhorar o perfil que estas instituições conduziam. Ainda segundo o mesmo teórico, a partir dos anos setenta, a educação formal começa a valorizar a compreensão das ciências, relacionando-a com o contexto econômico e social. 
Desenvolvido com o objetivo de parametrizar e direcionar os professores sobre alguns elementos essenciais das disciplinas que constituem o currículo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) incluem todos os níveis da educação básica, das escolas públicas e privadas do país. Os PCN’s tem o intuito de assegurar aos alunos uma educação com significação através da explicitação dos objetivos a serem atingidos com cada disciplina curricular, as peculiaridades de cada esfera do conhecimento, os conteúdos e critérios de avaliação. Os PCN’s como documento tinham a função de efetivação obrigatória, embora se constituíssem como referência para escolas e docentes de todo país na construção dos currículos e objetivos de aprendizagem em cada disciplina.
Entre os anos de 1997 e 2000, de acordo com o determinado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei n. 9394/96, foram instituídos os PCN’s para os Ensinos Fundamental e Médio. Somente um tempo depois, através do Programa Currículo em Movimento, incluiu-se uma sugestão para o desenvolvimento de uma grade também para a Educação Infantil. Embora tenham o intuito de promover condições que propiciem o acesso aos conhecimentos fundamentais para o exercício da cidadania dos sujeitos, os PCN’s não eram tão esmiuçados ou sequer tão diretos quanto pretender ser a BNCC.
A Base Nacional Comum Curricular é um documento normativo legal que tem a função de instrução para o desenvolvimento dos currículos de todas as escolas de educação básica, sejam elas públicas ou privadas. Sancionada em dezembro de 2017, a BNCC é responsável por parametrizar as redes de ensino como modelo imposto para estruturação dos currículos e propostas pedagógicas para a educação infantil e ensino fundamental e trabalha com a concepção de competências, que vêm definidas na BNCC como: 
Mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BRASIL, 2017, p. 8)
A Base Nacional Comum Curricular e os Parâmetros Curriculares Nacionais são documentos oficiais em vigor que determinam meios para as práticas, que estimula a ponderação no que se refere a ação pedagógica.
Todas estas diretrizes, dos diferentes documentos, buscam modificar uma realidade educacional, tradicionalmente encontrada com características de ensino fragmentadoe descontextualizado.
Os PCN’s (BRASIL, 1998, p. 28) reiteram que os conhecimentos cognitivos e afetivos desenvolvidos no ensino deverão preparar os educandos a tomarem suas próprias decisões em situações problemáticas, contribuindo para o desenvolvimento do aluno como pessoa humana e como cidadão para que o mesmo seja protagonista de sua história, atuando ativamente no combate aos problemas da sociedade. 
Os PCN’s reiteram que “propõem mudanças curriculares e metodológicas nas práticas educacionais presentes na escola “[...] buscamos dar significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização; evitar a compartimentalização, e incentivar o raciocínio e a capacidade de aprender.” (BRASIL, 1998).
A BNCC reforça a ideia de currículo integrado a competência. Tal competência é definida como a mobilização de conhecimento entendido como conceitos e procedimentos; habilidades como práticas cognitivas e socioemocionais; atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2017).
A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo. (BNCC, 2017, p. 58)
Dessa forma, para atender as exigências propostas nos documentos normativos PCN’s e BNCC, e, sobretudo para tornar o aprendizado significativo, é imprescindível que escolas e professores procurem estratégias de desenvolver um ensino significativo referente os conteúdos propostos no fluxo curricular com as experiências e vivências do aluno. O professor como mediador do processo ensino aprendizagem apodera-se de diversificadas metodologias para iniciar um tema em sala de aula. 
Assim, tais documentos serve como apoio ao professor e ao processo de ensino, de forma que não torne o conteúdo superficial e sim de significância ao aluno. Deste modo é importante que o professor dos Anos Iniciais traga métodos alternativos para que haja maior interação do aluno com as aulas. 
2.3 CURRÍCULOS
Pensar em currículo nos faz ponderar sobre as disputas, sobre a seleção de disciplinas. Além disso, expressa um documento nacional, regional, dentre outros, está reconhecendo uma dada maneira de pensamento, a nível político e macrossocial desse indivíduo. 
Quando uma Base Nacional é sancionada fundamentada em um currículo fechado, desconsiderando as discrepâncias regionais em distintos níveis, pode-se reiterar que este currículo tem uma intencionalidade, uma visibilidade, um projeto.
O termo currículo é cheio de acepções. De acordo com Silva (2010, p.15) “o currículo é sempre o resultado de uma seleção: de um universo mais amplo de conhecimentos e saberes selecionados aquela parte que vai constituir, precisamente o currículo.” Assim podemos compreender que um currículo colabora para a construção das identidades e subjetividades.
Transformações acontecidas na educação brasileira no decorrer dos anos sugeriram uma modificação de observar para criar esse currículo, dentre das quais podemos citar as, as teorias tradicionais, as críticas e pós-críticas. De acordo com Silva (2010), as tradicionais não se interessavam em fazer nenhum tipo de indagações aos arranjos educacionais e, também às maneiras imperantes de conhecimentos. Para as críticas, o fundamental era estabelecer conceitos que nos propiciassem a compreensão de o que o currículo faz. As teorias pós-críticas consideravam em um currículo embasado nas concepções de tolerância, respeito e convivência harmoniosa entre as culturas. 
O currículo é lugar, espaço, território. O currículo é relação de poder. O currículo é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida ‘curriculum vitae’: no currículo se forja nossa identidade. O currículo é texto, discurso, documento. O currículo é documento de identidade (SILVA, 2010, p. 150).
Sacristán (2007), afirma a existência de um currículo gerador da conjuntura social, político, econômico e cultural objetivando à necessidade de se analisá-lo em virtude a estes elementos, sem os quais, o currículo tornava-se vazio de seus determinantes. Ao retratar valores e contextos sociais, o currículo precisa, então, vir traçado nos princípios que determinam a sociedade no propósito em que se concretizam em forma de conteúdos educacionais. 
Se por um lado o currículo é uma ponte entre a cultura e a sociedade exteriores às instituições de educação, por outro ele também é uma ponte entre a cultura dos sujeitos, entre a sociedade de hoje e a do amanhã, entre as possibilidades de conhecer, saber se comunicar e se expressar em contraposição ao isolamento da ignorância. (SACRISTÁN, 2007, p.10) 
Assim, esta afirmação é o mesmo que a afirmar que o currículo precisa estar em sintonia com o contexto social e a contemporaneidade, focando o dialogismo entre currículo e a cultura dos sujeitos.
A educação é um direito de todo sujeito e deve ocorrer na esfera pública. Contudo, pode-se perceber que os governos ainda não demonstraram a devida importância com a educação, pois elementos como distorção idade-série, repetência e baixa escolaridade dos adolescentes, jovens e adultos demonstram os limites existentes na educação. A Educação é considerada enquanto um direito de todos e um dever do Estado e da família, a mesma será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A educação tem hoje um papel crucial para o desenvolvimento do conhecimento, pois esta pode possibilitar a autonomia dos sujeitos sociais, buscando sempre o compromisso fundamental de fazer desta um espaço de lutas e conquistas para que sejam garantidos os direitos dos cidadãos.
Dessa forma o direito ao acesso e permanência de crianças e adolescentes na escola, tem sido garantido reiteradamente através de seu arcabouço normativo que se constitui na: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Plano Nacional de Educação (PNE), além da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A Base Nacional Comum Curricular BNCC – tem como pressuposto padronizar as aprendizagens fundamentais que os educandos da Educação Básica devem desenvolver ao longo da vida escolar. De acordo com o MEC (2017, p. 7) “[...] a BNCC soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”.
Na BNCC os objetivos de aprendizagens são estruturados por grupos de faixas etárias: Crianças de Zero a um ano e seis meses; Crianças de um ano e sete meses a três anos e onze meses nas creches e por fim crianças de quatro e cinco anos e onze meses na pré-escola. 
Portanto, compreende-se que a função do currículo é a difusão de conhecimento especializado, que é universal e claro, patrimônio cultural da humanidade, a todos os alunos principalmente de classes populares.
3 ANÁLISES E DISCUSSÕES
Conforme apresentado anteriormente, este estudo, num primeiro momento, trouxe aspectos introdutórios pertinentes ao tema. Posteriormente, foram abordados os Referenciais Teóricos e o percurso metodológico escolhido para estudo em questão. Por se tratar de dois documentos normativos, se justificou a escolha pela metodologia de pesquisa de natureza qualitativa a fim de realizar uma investigação sobre a trajetória destes documentos normativos da Educação. 
Assim, foi feito o levantamento bibliográficopara conhecer o posicionamento que os especialistas da área têm defendido. Após isso, foi feita uma análise documental, a partir da leitura dos documentos oficias, PCN e BNCC, e dos teóricos que referenciam e conceituam a discussão acerca destes documentos.
Com essa visão dos autores e com base nos documentos, esperamos entender o percurso trilhado pela BNCC, desde o seu processo de discussão, elaboração, procurando aferir se, esta, tem aproximações sobre as concepções ideológicas e metodológicas de educação com os PCN, provocou uma ruptura no entendimento educacional adotado dos anos 90 até aqui. Ou se, ainda, estabeleceu alguma relação com o mesmo. Por isso a importância do referencial teórico, como embasamento científico para as análises aqui feitas.
Portanto, buscando responder aos questionamentos propostos, nessa seção será apresentado os dos Dados Coletados e as Discussões e Análises dos dois últimos documentos que estabeleceram os currículos para os anos iniciais do ensino fundamental, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN`s) e a BNCC. Será abordado primeiro os PCN, depois a BNCC e, por fim um comparativo destes dois documentos.
3.1 PCN				
Os PCN (Parâmetros Nacionais Curriculares) foi o documento que norteou a criação de currículos e propostas pedagógicas das escolas brasileiras públicas e privadas, além de ter orientado os professores e demais entes do corpo escolar, sobre objetivos, conteúdos e metodologias de ensino, desde 1998, ano da sua publicação, até 2018, quando foi substituído pela BNCC(Base Nacional Comum Curricular).
Resultado de discussões de abrangência nacional sobre a criação de uma base curricular para o Brasil nos anos 90, contou com a participação de “docentes de universidades públicas e particulares, técnicos de secretarias estaduais e municipais de educação, de instituições representativas de diferentes áreas de conhecimento, especialistas e educadores.” (BRASIL, 1997, p.15).
Esse material foi disponibilizado pelo MEC para as escolas, na qual repassava aos seus professores um exemplar deste documento, afim de, usa-lo como ferramenta de consulta na elaboração da proposta curricular da escola. Uma vez que este documento apenas referencia a criação dos currículos escolares, fica a cargo dos Estados e Municípios, bem como das escolas construírem com toda a equipe suas propostas curriculares. (BRASIL, 1997).
De acordo com o documento oficial dos PCN a sua função é:
É orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual. (BRASIL, 1997, p.13).
Portanto, se trata de uma proposta flexível que era adequada as diferentes realidades regionais do país, além de não ser homogênea e impositiva, respeitando a autonomia dos entes federativos, escolas e professores, e valorizando a diversidade cultural de um pais de dimensões continentais. (BRASIL, 1997).
Embora seja um documento norteador e não um currículo como produto final, o PCN trás imbricado no seu aporte teórico, filosófico e ideológico uma noção implícita e explícita de currículo, que na sua forma explícita está apresentada no seu escopo através seguinte organização disciplinar:
Pode-se afirmar que o currículo, tanto para o ensino fundamental quanto para o ensino médio, deve obrigatoriamente propiciar oportunidades para o estudo da língua portuguesa, da matemática, do mundo físico e natural e da realidade social e política, enfatizando-se o conhecimento do Brasil. Também são áreas curriculares obrigatórias o ensino da Arte e da Educação Física, necessariamente integradas à proposta pedagógica. O ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna passa a se constituir um componente curricular obrigatório, a partir da quinta série do ensino fundamental (art. 26, § 5o). Quanto ao ensino religioso, sem onerar as despesas públicas, a LDB manteve a orientação já adotada pela política educacional brasileira, ou seja, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas, mas é de matrícula facultativa, respeitadas as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis (art. 33). (BRASIL, 1997, p. 14).
	A noção de educação está pautada nos seguintes princípios e fundamentos:
Para isso faz-se necessária uma proposta educacional que tenha em vista a qualidade da formação a ser oferecida a todos os estudantes. O ensino de qualidade que a sociedade demanda atualmente expressa-se aqui como a possibilidade de o sistema educacional vir a propor uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira, que considere os interesses e as motivações dos alunos e garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem. (BRASIL, 1997, p.27).
Segundo os PCN para adquirir cidadania é preciso ter acesso às produções culturais importantes para a participação na vida em sociedade e para intervir na dinâmica social vigente. Para tal se faz necessário: 
O domínio da língua falada e escrita, os princípios da reflexão matemática, as coordenadas espaciais e temporais que organizam a percepção do mundo, os princípios da explicação científica, as condições de fruição da arte e das mensagens estéticas, domínios de saber tradicionalmente presentes nas diferentes concepções do papel da educação no mundo democrático, até outras tantas exigências que se impõem no mundo contemporâneo. (BRASIL, 1997, p.27).
Além disso, para ser cidadão na sociedade contemporânea precisa haver uma “inserção no mundo do trabalho e do consumo, o cuidado com o próprio corpo e com a saúde, passando pela educação sexual, e a preservação do meio ambiente”. (BRASIL, 1997, p.27).
A concepção de ensino presente está marcada pela presença da noção de competências e habilidades a serem adquiridas pelos educandos, como exigência para os desafios do presente e do futuro, num mundo cada vez mais globalizado e tecnológico. Dessa forma:
Não basta visar à capacitação dos estudantes para futuras habilitações em termos das especializações tradicionais, mas antes trata-se de ter em vista a formação dos estudantes em termos de sua capacitação para a aquisição e o desenvolvimento de novas competências, em função de novos saberes que se produzem e demandam um novo tipo de profissional, preparado para poder lidar com novas tecnologias e linguagens, capaz de responder a novos ritmos e processos. (BRASIL, 1997, p.28).
Nesse sentindo, a educação básica tem uma função instrumental, a medida que dá subsídios através de instrumentos, visando garantir um processo de educação contínua para o estudante. (BRASIL, 1997, p.28).
Por se tratar de país de grandes dimensões e diferenças peculiaridades regionais significativas, a garantia da igualdade passa pelo viés da equidade e também da sua garantia, tendo em vista que esta, “reconhece a diferença e a necessidade de haver condições diferenciadas para o processo educacional”. Por isso, este referencial deve ser “capaz de indicar aquilo que deve ser garantido a todos, numa realidade com características tão diferenciadas, sem promover uma uniformização” do conhecimento, desconsiderando as múltiplas realidades. (BRASIL, 1997, p.28).
A sua organização em termos de estruturas e elementos curriculares ocorre numa perspectiva generalista de formação para a cidadania, disposta da seguinte forma: Caracterização das Áreas, Objetivos, Organização dos Conteúdos, Critérios de Avaliação e Orientações Didáticas. 
Na visão dos PCN para que se atinjam seus objetivos de aprendizagens, é necessária uma organização didática baseada na divisão por áreas e por ciclos. Essa maneira de organizar se justifica, pelo fato de:
Garantir coerência entre os pressupostos teóricos, os objetivos e os conteúdos, mediante sua operacionalizaçãoem orientações didáticas e critérios de avaliação. Em outras palavras, apontam o que e como se pode trabalhar, desde as séries iniciais, para que se alcancem os objetivos pretendidos. (BRASIL, 1997, p. 41).
Esses ciclos compreendem um intervalo de dois anos. O primeiro ciclo engloba a primeira e segunda série; o segundo ciclo, a terceira e a quarta séries; e da mesma forma para as demais séries do ensino fundamental. (BRASIL, 1997).
Essa forma de tratar o conhecimento por áreas se deu pela relevância instrumental delas, porém buscando uma integração, para que o ensino não ocorresse de forma isolada entre elas. Em razão da necessidade de abordar questões sociais, tais como: ética saúde, meio ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural, esses temas foram incorporados com a nomenclatura de temas transversais, a serem trabalhados de maneira interdisciplinar por todas as áreas. Essa maneira de organizar o currículo foi feita com base em experiências nacionais e internacionais. (BRASIL, 1997).
Quando as áreas são apresentadas no documento, elas vêm acompanhadas dos seguintes aspectos:
Descrição da problemática específica da área por meio de um breve histórico no contexto educacional brasileiro; justificativa de sua presença no ensino fundamental; fundamentação epistemológica da área; sua relevância na sociedade atual; fundamentação psicopedagógica da proposta de ensino e aprendizagem da área; critérios para organização e seleção de conteúdos e objetivos gerais da área para o ensino fundamental. (BRASIL, 1997, p.44).
A partir da Concepção de Área assim fundamentada, segue-se o detalhamento da estrutura dos Parâmetros Curriculares para cada ciclo (primeiro e segundo) especificando Objetivos e Conteúdos, bem como Critérios de Avaliação, Orientações para Avaliação e Orientações Didáticas. (BRASIL, 1997, p.44).
A estrutura está disposta da seguinte forma: Objetivos Gerais do Ensino Fundamental; Áreas de Conhecimento; Caracterização da Área; Objetivos Gerais da Área; 1º ciclo (1ª e 2ª S.); 2° ciclo (3ª e 4ª S.); Objetivos da Área para Ciclo; Critérios de Avaliação da Aula para o Ciclo; e Orientações Didáticas. (BRASIL, 1997).
Essas são as Áreas de Conhecimento, a saber: Área de Língua Portuguesa; Área de Matemática; Área de Ciências Naturais; Área de História; Área de Geografia; Área de Arte; e Área de Educação Física;
De acordo com os princípios já apontados, os conteúdos são considerados como um meio para o desenvolvimento amplo do aluno e para a sua formação como cidadão. (BRASIL, 1997, P.41).
A avaliação é considerada como elemento favorecedor da melhoria de qualidade da aprendizagem, deixando de funcionar como arma contra o aluno. É assumida como parte integrante e instrumento de auto regulação do processo de ensino e aprendizagem, para que os objetivos propostos sejam atingidos. A avaliação diz respeito não só ao aluno, mas também ao professor e ao próprio sistema escolar. (BRASIL, 1997, P.42).
3.2 BNCC
Elaborada com intenções parecidas ao documento anterior, os PCN, a BNCC (BRASI, 2017, p.7) “é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver”, norteando a criação de currículos dos sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições escolares, públicas e privadas, a partir de 2018, ano da sua publicação.
O seu processo de elaboração se deu a partir de muitos debates e discussões que contou com a participação de especialistas do MEC e grupos gestores escolhido por este órgão, além de ter sido colocada para consulta pública. Na sua segunda versão o documento passou por discussões em seminários realizados no Brasil inteiro, sendo o documento atual, resultado de três versões anteriores.
Sancionada em dezembro de 2017, a BNCC é responsável por parametrizar as redes de ensino como modelo imposto para estruturação dos currículos e propostas pedagógicas para a educação infantil e ensino fundamental e trabalha com a concepção de competências, que vêm definidas na BNCC como: 
Mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BRASIL, 2017, p. 8).
Essa proposta voltada para aquisição de competências está de acordo com a agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). (BRASIL, 2017).
	Dessa forma, são definidas dez competências gerais que se esperam dos alunos, como condição para se sobressair aos desafios do tempo presente e futuro. A saber: 1 – Conhecimento; 2 – Pensamento científico, crítico e criativo; 3 – Repertório Cultural; 4 – Comunicação; 5 – Cultura digital; 6 – Trabalho e projeto de vida; 7 – Argumentação; 8 – Autoconhecimento e autocuidado; 9 – Empatia e cooperação e 10 – Responsabilidade e cidadania. (BRASIL, 2017).
	Baseada na LDB e na CF, a BNCC apresenta os dois fundamentos para essa abordagem metodológica, sendo o primeiro a definição de que “as competências e diretrizes são comuns, os currículos são diversos”, já o segundo afirma que “os conteúdos curriculares estão a serviço do desenvolvimento de competências,” e “aprendizagens essenciais”. (BRASIL, 2017, p.11).
	Desde os ano 90 e início dos anos 2000, os currículos desenvolvidos no território brasileiro e em outros países, teve como foco principal o desenvolvimento de competências, principalmente, devido à influência das avaliações internacionais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
	Por isso o trabalho pedagógico deve ser voltado para a noção da aquisição de habilidades e competências, por meio da indicação clara:
Do que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho), (BRASIL, 2017, p.13).
	Portanto, dentro da realidade atual, para que o aluno se reconheça em seu contexto histórico e cultural, seja comunicativo, criativo, capaz de analisar com criticidade, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, responsável e produtivo, é necessário muito mais do que acumular informações, surgindo, assim, a importância do:
Desenvolvimento de competências para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades. (BRASIL, 2017, p.14).
Com foco numa educação integral, ou seja, que priorize a formação e o desenvolvimento global, evitando reducionismos que valorizem mais ou os aspectos intelectuais ou os de dimensão afetiva, assumindo uma visão integral, singular e plural da criança, a escola “deve se fortalecer na prática coercitiva de não discriminação, não preconceito e respeito às diferenças e diversidades.” (BRASIL, 2017, p.14).
Nessa direção, a BNCC faz uma ruptura do conhecimento estruturado em disciplinas ao propor: 
A superação da fragmentação radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida. (BRASIL, 2017, p.15).
Visando garantir equidade, igualdade e diversidade, a BNCC explicita as aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver, além de apontar um padrão de igualdade educacional com o intuito de atender as singularidades. Porém para alcançar esses objetivos,os sistemas, redes de ensino e as escolas devem contemplar em seu planejamento ferramentas e meios de garantia da equidade, uma vez que as necessidades formativas são diferentes, pois os estudantes não são iguais. (BRASIL, 2017)
A BNCC ainda prevê uma responsabilidade da união em garantir a formação dos professores com base em suas diretrizes, além de avaliar, elaborar e fornecer infraestrutura, a fim de garantir que as propostas de aprendizagens aqui dispostas sejam cumpridas. (BRASIL, 2017)
Para apresentar as competências que devem ser desenvolvidas nos anos iniciais do ensino fundamental, a BNCC se estrutura com base nomenclatura: Áreas do Conhecimento, Competências Especificas da Área, Componentes Curriculares, Competências Específicas de componente, que comporta as Unidades Temáticas, Objetos de Conhecimento e Habilidades. (BRASIL, 2017).
As Áreas do conhecimento previstas são: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Na qual cada uma delas apresentam as competências específicas da área.
Por sua vez, os componentes curriculares se apresentam da seguinte forma: Linguagens (Língua Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa); Matemática (Matemática); Ciências da Natureza (Ciências); Ciências Humanas (História e Geografia); e Ensino Religioso (Ensino Religioso). A fim de desenvolver as competências específicas da área, os componentes curriculares possuem habilidades relacionadas aos conhecimentos das unidades temáticas. (BRASIL, 2017).
De acordo com a BNCC:
As unidades temáticas definem um arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do Ensino Fundamental adequado às especificidades dos diferentes componentes curriculares. Cada unidade temática contempla uma gama maior ou menor de objetos de conhecimento, assim como cada objeto de conhecimento se relaciona a um número variável de habilidades. (BRASIL, 2017, p. 29).
No entanto, somente componente de Língua Portuguesa não está estruturado em unidades temáticas. O mesmo é definido por meio de práticas de linguagem, campos de atuação, objetos de conhecimento e habilidades.
3.3 DOS PCN`s À BNCC
Diante das características dos PCN`s e da BNCC, apresentadas anteriormente, percebe-se que os dois documentos apresentam muitas aproximações, do ponto vista ideológico e pedagógico, sobre a concepção de sujeito e cidadão que se quer formar. Por outro lado, vemos que a forma como se organizam estruturalmente, para atingir os objetivos formativos, apresentam algumas distinções. 
Analisando a organização estrutural nota-se que o PCN adota uma abordagem de distribuição dos conhecimentos por meio de Ciclos e Áreas, se utilizando das disciplinas e de temas transversais, enquanto que a BNCC a divisão é feita por Áreas de conhecimentos com enfoque no desenvolvimento de competências e habilidades.
As diferenças mais significativas são em relação a forma como o conhecimento deve ser abordando nos currículos, passando de uma perspectiva disciplinar, como nos PCN, na qual a divisão era feita por meio de ciclos, áreas do conhecimento e disciplinas, mas que não eram estáticas, pois conversam entre si através da interdisciplinaridade, além da presença de alguns temas transversais presentes em todas elas e trabalhados de forma concomitante. 
Já na BNCC, esta estrutura organizacional é superada. As áreas do conhecimento continuam presentes, porém a divisão do saber de maneira disciplinar dá lugar ao ensino de competências habilidades. Essa mudança visa:
A superação da fragmentação radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida. (BRASIL, 2017, p.15).
 
No entanto, observa-se uma diferença de nomenclatura e de conceitos em relação à identificação das Áreas do conhecimento. Enquanto no PCN aparece o nome das disciplinas (Área de Língua Portuguesa; Área de Matemática; Área de Ciências Naturais; Área de História; Área de Geografia; Área de Arte; e Área de Educação Física;), na BNCC aparece um numero menor de Áreas (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas) com as competências específicas da área.
O que antes era chamado de disciplinas, agora recebe o nome de componentes curriculares, incluídos dentro da categoria “Áreas do conhecimento” (Linguagens (Língua Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa); Matemática (Matemática); Ciências da Natureza (Ciências); Ciências Humanas (História e Geografia); e Ensino Religioso (Ensino Religioso)). Estes buscam desenvolver as competências específicas da área, além de possuir as habilidades relacionadas aos conhecimentos das unidades temáticas. (BRASIL, 2017).
Apesar de ambos serem documentos norteadores dos currículos dos sistemas, redes de ensino e das escolas, a BNCC se difere ao se apresentar com um viés normativo, impondo de cima pra baixo as diretrizes curriculares, diferente dos PCN, que apenas referenciava os currículos, embora na prática funcionasse, em sua maioria, como livro de cabeira dos professores, auxiliando-os em seus planejamentos e métodos de ensino diários. 
Mesmo que permeie a noção de que são apenas documentos balizares dos currículos escolares, deixando a cargo dos demais entes federativos o papel de exercerem sua autonomia na elaboração de suas propostas curriculares, fazendo a inclusão da parte diversificada, a fim de atender as singularidades regionais, vemos uma intensificação do processo de padronização do conhecimento de forma mais acirrada e explicita da BNCC. 
Essa busca por um padrão de cidadão e de sociedade tem a finalidade de atender aos certames do mercado e da logica neoliberal que perpassa as camadas da sociedade, atingindo de forma direta a educação, que passou a ser usada como meio para que o capital pudesse se recuperar de suas crises de mercado. (GONÇALVES, 2020). 
Se antes, com os PCN, o conhecimento era apresentado por meio de disciplinas, agora essa noção de divisão do conhecimento foi superada, uma vez que para o mercado a eficiência e o desenvolvimento de competências voltadas para atender suas necessidades de mão de obra técnica e especializada. Isso fica evidente ao observarmos a valorização das competências e habilidades presente no documento, em detrimento do conhecimento científico e das contribuições culturais historicamente constituídas. (GONÇALVES, 2020).
Essas mudanças de foco em relação ao conhecimento e o ensino presente na BNCC se devem ao fato do Brasil, desde as discussões sobre currículos e a criação de uma base dos anos 90, ter aderido aos ditames do mercado internacional, através da influência de agências multilaterais, como o Banco Mundial, que criam documentos e receituários que servem de base para elaboração de propostas curriculares para a América Latina. Além disso, como justifica no próprio documento oficial a escolha pelo foco na aquisição de competências e habilidades, existe grande influências das avaliações internacionais de organizações como a OCDE e UNESCO. (GONÇALVES, 2020).
Concordando com Gonçalves (2020), verifica-se que as dez competências da BNCC (1 – Conhecimento; 2 – Pensamento científico, crítico e criativo; 3 – Repertório Cultural; 4 – Comunicação; 5 – Cultura digital; 6 - Trabalho e projeto de vida; 7 – Argumentação; 8 - Autoconhecimento e autocuidado; 9 – Empatia e cooperação e 10 - Responsabilidade e cidadania.), ao serem analisadas, separadamente, acerca do seu teor ideológico, dos personagens que as formularam, na qual ela os chama de “intelectuais orgânicos” da BNCC, sendo estes participantes de organizações multilaterais, busca atender as exigências do mercado, o conteúdo desvaloriza os conhecimentos científicos, enquanto colocam em evidência as competências cognitivas para alcançar seu “projeto de vida”, resolução dos problemas e para a concretização do autoconhecimento. (GONÇALVES, 2020).
Segundo Gonçalves (2020), essas competências são baseadas na lógica mercadológica e o seu desenvolvimento possibilitaráo “engajamento” dos sujeitos para na economia. Onde os mais “engajados” são aqueles com formação completa e um bom emprego.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	
Finalizando a discussão, mas sem tê-la por encerrada, dada às possibilidades de aprofundamentos que podem ser feitos, afinal esse foi um pequeno recorte sobre a implantação de uma base nacional no Brasil, podendo ser tecidas análises mais abrangentes e detalhadas, pois o assunto é amplo em constante transformação, uma vez que o currículo acompanha o curso evolutivo da sociedade. Mas indo ao encontro da definição de Gatti, de que
Pesquisa é o ato pelo qual procuramos obter conhecimento sobre alguma coisa. [...] Contudo, num sentido mais estrito, visando a criação de um corpo de conhecimentos sobre um certo assunto, o ato de pesquisar deve apresentar certas características específicas. Não buscamos, com ele, qualquer conhecimento, mas um conhecimento que ultrapasse nosso entendimento imediato na explicação ou na compreensão da realidade que observamos. (GATTI, 2002, p. 9-10)
Para além dos aspectos aqui debatidos, outras vertentes precisam ser investigadas e postas para discussão, como sua dimensão política, as tensões que envolverão o seu processo de implantação na realidade brasileira, e, por se tratar, de um documento laçado recentemente que ainda precisa de mais estudos. 
	Destaca-se a importância de conhecer o documento que o Governo Federal brasileiro, cercado de polêmicas politicas e ideológicas, se esforçou, apressou e elaborou, delimitando, assim, o currículo que já vigora nas escolas públicas e privadas. Fato que gerou muitas críticas se posicionamentos opositores de diversos setores da educação no país.
	Por se tratar de um documento que substitui seu antecessor, as comparações são inevitáveis, porém, estas, devem ser feitas a partir do rigor metodológico e cientifico. Cabe ressaltar que apesar de ter apresentado algumas rupturas importantes na estrutura curricular e disciplinar, em linhas gerais, com fundamentos ideológicos, políticos econômicos a BNCC, manteve uma tendência que já reverbera nos currículos brasileiros desde os 90.
	Vale criticar que mesmo tendo passado por diversas versões (3) e etapas de discussões com participação da sociedade brasileira (por meio de consulta pública), especialista da educação designados pelo MEC, e organizações privadas importantes da sociedade brasileira, na versão final, após varias alterações, o que prevaleceu foi o viés mercadológico e economicista da educação. Desconsideraram-se vários aspectos essenciais para o processo formativo de qualidade, ao esvaziar os conhecimentos produzidos historicamente e alcançados com muito esforço científico. 
	 As constatações aqui realizadas indicam que a melhoria da educação passa diretamente pelas diretrizes nacionais que chegam às escolas, com vistas a orientar o que será ensinado em suas salas de aulas. Por isso é importante que toda sociedade tenha participação direta nas decisões da vida escolar, pois esta define o futuro do país, não só do ponto de vista econômico, como parece pensar os grandes influenciadores da BNCC.
	Formar cidadãos conscientes politicamente evita que tomem de assalto a educação, os currículos, com justificativa de estarem fazendo educação, mas com objetivos e fins obscuros. 
	Por isso é importante a participação cada vez maior dos professores e demais sujeitos envolvidos no processo educativo, para debaterem, colocar em evidência as fragilidades dos currículos, com vistas a sua melhoria e, consequentemente, a melhoria do ensino nas escolas e sujeitos que serão formados nelas, promovendo a verdadeira intervenção sociedade e nos seus problemas atuais e futuros, em razão, por exemplo, de concepções de educação que não visam a emancipação humana. Caminho que tem sido tomado atualmente, como revela esta pesquisa.
	Por fim, não se deve permanecer apenas no campo das pesquisas e críticas, mas colocar em prática, intervindo de forma eficiente na realidade que está posta. Pois só com a materialização desse pensamento será possível contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária e de oportunidades para todos, como está explícito em um dos objetivos da BNCC.
	 
	
	 
REFERÊNCIAS
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