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Proliferação Fumante Inveterado Aluna: Gabriela Sales Ano: 2º (XIX) Medicina - Universidade Estadual de Santa Cruz 1. Revisar a anatomohistologia do pulmão e da árvore brônquica. 1.1. Anatomia do pulmão Cada pulmão é revestido por uma pleura, formada por duas membranas contínuas: a pleura visceral, que reveste a superfície pulmonar e a pleura parietal, que reveste as cavidades pulmonares. São leves, elásticos, macios e esponjosos, ocupando totalmente as cavidades pulmonares. Cada pulmão tem: ● Ápice: superior, da raiz do pescoço até a 1ª costela ● Base: se apoia na cúpula ipsilateral do diafragma ● Três faces: costal, mediastinal e diafragmática ● Três margens: anterior, inferior e posterior Pulmão direito: apresenta fissura oblíqua direita e horizontal, dividindo-o em 3 lobos: superior, médio e inferior. É o pulmão mais curto e largo e tem margem inferior relativamente reta. Pulmão esquerdo: tem uma fissura oblíqua única, dividindo-o em dois lobos, o superior e o inferior. Sua margem anterior tem uma incisura cardíaca profunda, produzida pelo desvio do coração à esquerda. Abaixo da incisura há um estreitamento denominado língula, que desliza para dentro e para fora do recesso costomediastinal durante a inspiração e expiração. Face costal: côncava Face mediastinal: côncava, compreende o hilo, sendo que o pulmão direito tem uma impressão cardíaca e do esôfago e o esquerdo tem a impressão do arco e a parte descendente da aorta, além de uma impressão menor do esôfago. 1 Face diafragmática: côncava, apoiada sobre o diafragma, sendo mais profunda no pulmão direito, já que a cúpula do diafragma é mais alta. Os pulmões se fixam ao mediastino pelas raízes (brônquios, artérias e veias pulmonares, plexos pulmonares de nervos e vasos linfáticos. O hilo do pulmão é uma área da face mediastinal pelo qual entram as estruturas da raiz, sendo encerrada na área de continuidade entre as lâminas parietal e visceral (bainha pleural ou mesopneumônio). Essa continuidade forma o ligamento pulmonar inferiormente à raiz, que se estende entre o pulmão e o mediastino. É formado por uma camada dupla de pleura separada por tecido conjuntivo. Árvore traqueobronquial Depois da laringe, as vias respiratórias são sustentadas por anéis de cartilagem hialina em formato de ferradura. A traqueia, do mediastino superior, se bifurca no nível do ângulo do esterno em brônquios principais, um para cada pulmão, que seguem em sentido inferolateral e entram nos hilos. ● Brônquio principal direito: mais largo, curto e vertical ● Brônquio principal esquerdo Os brônquios se ramificam para formar a árvore traqueobronquial. Cada brônquio principal se divide em brônquios lobares secundários, dois para o esquerdo e três para o direito, cada um suprindo um lobo do pulmão. Daí eles se dividem em brônquios segmentares terciários, que suprem os segmentos broncopulmonares (maiores subdivisões do lobo, sendo piramidais, com ápices voltados para a raiz do pulmão. São separados por septos de tecido conjuntivo, supridos por um brônquio segmentar e um ramo arterial pulmonar terciário, drenados por partes intersegmentares das veias pulmonares. Há de 18 a 20 nos dois pulmões e todos são cirurgicamente ressecáveis). Após os brônquios segmentares terciários, há 20 ou 25 bronquíolos condutores ramificados que terminam como bronquíolos terminais. Os bronquíolos não têm parede cartilaginosa, sendo que os condutores transportam ar mas não têm glândulas, nem alvéolos. Cada bronquíolo terminal, gera bronquíolos respiratórios, que têm alvéolos. Os alvéolos são a unidade estrutural básica de trocas gasosas. Cada bronquíolo respiratório origina 2 a 11 ductos alveolares e cada um dá origem em 5 a 6 sacos alveolares. Os ductos são vias respiratórias alongadas, revestidas por alvéolos pulmonares. Vasculatura Composta por 2 artérias pulmonares e 4 veias pulmonares. As artérias pulmonares direita e esquerda originam-se no tronco pulmonar no nível do ângulo esterno e conduzem sangue venoso para oxigenação. Ao entrar no pulmão a artéria se divide em artérias lobares 2 secundárias, que se dividirão em artérias segmentares terciárias. Artérias e brônquios formam pares com ramificações simultâneas e paralelas. As veias pulmonares são as inferiores e superiores, conduzindo sangue arterial dos lobos para o átrio esquerdo do coração. O trajeto das veias é independente do trajeto das artérias e brônquios, seguindo entre segmentos broncopulmonares adjacentes e recebendo sangue no seu trajeto em direção ao hilo. Inervação Derivados dos plexos pulmonares anteriores e posteriores às raízes pulmonares. Contém fibras aferentes parassimpáticas, simpáticas e viscerais. As fibras parassimpáticas são pré-ganglionares do nervo vago (X), sendo motoras para o músculo liso da árvore brônquica (broncoconstritoras), inibidoras para os vasos pulmonares (vasodilatadoras) e secretoras para as glândulas da árvore bronquial (secretomotoras). Já as fibras simpáticas são pós-ganglionares. São inibitórias para os músculo brônquico (broncodilatadoras), motoras para vasos pulmonares (vasoconstritoras) e inibitórias para as glândulas alveolares da árvore brônquica. Por fim, as fibras aferentes viscerais são reflexas ou nociceptivas (respostas a estímulos dolorosos). 1.2. Histologia Epitélio Respiratório Porção condutora: epitélio ciliado pseudoestratificado colunar + células caliciformes. Tipos celulares: ● Célula colunar ciliada: cada uma com 300 cílios +/- com numerosas mitocôndrias que fornecem ATP para os batimentos ciliares. ● Célula caliciforme: secretora de muco composto de glicoproteínas. ● Células em escova: células colunares com muitos microvilos em suas superfícies apicais, e na base com várias terminações nervosas aferentes, sendo consideradas receptores sensoriais. ● Células basais: apoiadas na lâmina basal, sendo células tronco que se multiplicam para originar o epitélio. ● Célula granular: parece basal mas contêm grânulos. Pertencem ao sistema neuroendócrino difuso. Traquéia Revestida por epitélio respiratório. Sua lâmina própria é de tecido conjuntivo frouxo com muitas fibras elásticas. Contém glândulas seromucosas com ductos que se abrem para o lúmen. A secreção, junto à secreção das caliciformes formam um tubo viscoso que auxilia na remoção de 3 pó no ar inspirado. Além da barreira de muco, há os linfócitos isolados e acúmulos linfocitários ricos em plasmócitos que compõem a barreira linfocitária de proteção. Contém 16 a 20 cartilagens hialinas em forma de C, voltadas posteriormente. O pericôndrio é preso por ligamentos fibroelásticos e feixes de músculo liso, que participa tanto na regulação do calibre da traquéia quanto no reflexo da tosse. Externamente a traqueia contém revestimento de tecido conjuntivo frouxo. Árvore brônquica A delimitação dos lóbulos é dada por septos conjuntivos. Os brônquios primários tem a mesma estrutura da traquéia, e conforme eles se dividem até os bronquíolos terminais, o epitélio tem sua altura diminuída. Ou seja, nos ramos menores o epitélio é cilíndrico simples ciliado. A lâmina própria é rica em fibras elásticas. Após isso há uma camada muscular lisa, com feixes dispostos em espiral, circulando o brônquio. Os bronquíolos não apresentam cartilagem, glândulas ou nódulos linfáticos. O epitélio varia de cilíndrico simples ciliado para cúbico simples, ciliado ou não. As células caliciformes vão se tornando raras. Contém regiões chamadas de corpos neuroepiteliais, contendo grânulos de secreção e terminações nervosas colinérgicas, que provavelmente se tratam de quimiorreceptores que reagem às alterações na composição gasosa do ambiente. A lâmina própria é delgada e rica em fibras elásticas e após há uma camada muscular que se entrelaça com as fibras. A musculatura bronquiolar é mais desenvolvida do que a brônquica. Nos bronquíolos terminais epitélio colunar baixo ou cúbico, ciliado ou não. Têm ainda as células de Clara, não ciliadas, que apresentam grânulosque secretam proteínas que protegem o revestimento bronquiolar de poluentes. Nos bronquíolos respiratórios, tubo curto com expansões saculiformes com alvéolos, são revestidos por epitélio simples, cuboide ou colunar baixo, pouco ciliado. Contém células de Clara. O músculo liso e as fibras elásticas são mais delgadas. No ducto alveolar, há epitélio simples plano, bem delgado. Nas bordas dos alvéolos a lâmina própria tem feixes de músculo liso (exceto nos alvéolos distais). A matriz é rica em fibras elásticas e reticulares que sustentam os ductos e os alvéolos. Os alvéolos são constituídos por uma camada epitelial fina apoiada em um tecido conjuntivo delicado com uma rica rede de capilares sanguíneos. A parede alveolar é comum a dois alvéolos adjacentes (septo interalveolar), que consiste em duas camadas de pneumócitos principalmente do tipo I, separadas pelo interstício de tecido conjuntivo. O citoplasma do pneumócito I separa o ar alveolar do sangue capilar. As células endoteliais dos capilares são numerosas e com núcleo alongado. O pneumócito tipo I (célula alveolar pavimentosa) tem núcleo achatado e faz saliência para o interior do alvéolo. Têm desmossomos e zonas de oclusão que impedem a passagem de fluidos do interstício para o interior dos alvéolos. Já os pneumócitos tipo II são septais, formando junções unitivas, são arredondados e têm núcleo maior. Têm corpos multilamelares que contém fosfolipídeos, proteínas, glicosaminoglicanos e são liberados pela porção apical dos 4 pneumócitos II, formando assim o surfactante pulmonar, uma hipofase aquosa e proteica, que reduz a tensão superficial dos alvéolos, impedindo que os alvéolos colapsem durante a respiração. Ainda existem os poros alveolares comunicando dois alvéolos adjacentes, equalizando a pressão do ar e possibilitando a circulação colateral do ar se um bronquíolo for obstruído. Por fim, há os macrófagos alveolares, localizados na camada surfactante que limpam o epitélio alveolar e são posteriormente carregados para a faringe e deglutidos. 2. Explanar a neoplasia maligna do pulmão. 2.1. Tumores pulmonares (etiologia, patogenia e morfologia) - Patologia Básica de Robbins, cap 12 95% dos tumores pulmonares são carcinomas e 5% são carcinóides, tumores mesenquimais malignos, linfomas, lesões benignas (hamartoma, que é uma lesão esférica pequena, constituído por cartilagem madura com tecido fibroso, adiposo e vasos sanguíneos). Os carcinomas de pulmão são uma das grandes causas de morte em países industrializados. A incidência tem caído em homens mas continua crescendo em mulheres, podendo ser explicada pelo tabagismo. O pico acontece nos 50 aos 60 anos de idade, sendo que no diagnóstico, mais de 50% dos pacientes já apresentam metástase e 25% têm células tumorais em linfonodos regionais. É um tipo de câncer de mau prognóstico. Os principais tipos de câncer são adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas, carcinoma de pequenas células e carcinoma de grandes células. Pode haver combinações entre os diferentes tipos histológicos. O carcinoma de células escamosas e o de pequenas células são os mais associados ao tabagismo. Os adenocarcinomas são os tumores primários mais comuns em mulheres, não fumantes, e menores de 45 anos. As CPCP (pequenas células) sempre estão em metástase no diagnóstico e por isso são mais bem tratados por quimio com ou sem radio. Já as CPCNP (células não pequenas) são mais propensos à ressecção cirúrgica, e respondem pouco à quimio. Os adenocarcinomas respondem bem às novas terapias que têm os genes mutados como alvos. Etiologia e Patogenia Os carcinomas que se relacionam ao tabagismo surgem com o acúmulo sucessivo de mutações genéticas (aprox. 1000 no CPCP). As células progenitoras pulmonares se transformam em células neoplásicas. Os eventos incluem a inativação de genes supressores no braço curto do cromossomo 3 e mutações no P53 ou ativação do RAS. A perda de material genético no 3p são 5 encontradas no câncer e nos tabagistas sem câncer, sugerindo que as áreas de mucosa respiratória sofrem mutações ao serem expostas a agentes cancerígenos. Alguns tipos de adenocarcinomas abrigam mutações ativadoras do receptor de fator de crescimento epidérmico. Outras mutações dos adenocarcinomas podem gerar a fusão dos genes EML4-ALK (ativadores de tirosina quinase) e do gene c-MET (amplificador da cascata de tirosina quinase*) *relembrando: a tirosina quinase é um regulador de expressão gênica. Algumas terapias incluem alvos de inibidores de tirosina quinase. Há fortes evidências de que o tabagismo e outros fatores ambientais sejam os grandes responsáveis pelas mutações genéticas que levam ao câncer pulmonar. Reconhece-se uma correlação linear entre quantidade e tempo de consumo e a frequência do câncer de pulmão. As mulheres apresentam maior suscetibilidade à carcinogênese pelo tabaco do que os homens. O cessamento do hábito de fumar diminui o risco de câncer, mas os níveis basais jamais voltam ao normal. Outros fatores de risco são os trabalhadores de minas radioativas. Porém o fumo e as influências ambientais são importantes causas de câncer mas nem todas as pessoas expostas ao tabaco desenvolvem neoplasia, sendo que o efeito mutagênico pode estar condicionado a fatores hereditários. Outro fator importante são as pessoas com polimorfismos gênicos no gene P450 que converte pró-carcinógenos em carcinógenos definitivos. Outro fator são as pessoas que os linfócitos sofrem quebra cromossômica nos sangue periférico após a exposição à cancerígenos. Alterações epiteliais (hiperplasia de células basais e metaplasia escamosa)→displasia escamosa e carcinoma in situ→câncer invasivo. Morfologia Carcinomas: pequenas lesões na mucosa (firmes e cinza-esbranquiçadas) → massas intraluminais → invasão da mucosa brônquica ou →massas volumosas → empurra o parênquima pulmonar adjacente. As grandes massas podem ter necrose central ou áreas focais de hemorragia, ambas resultado de interações (ou sua ausência) com a vascularização da área. Podem invadir a cavidade e parede torácica, se espalhando pelas estruturas adjacentes. Metástases ocorrem por via linfática ou hematogênica. 6 2.2. Carcinoma de Pulmão de Células Não Pequenas (CPCNP) (Tratado de oncologia de Hoff, capítulos 111; Patologia Básica de Robbins, capítulo 12) - Adenocarcinomas Adenocarcinomas mais comum em mulheres e não fumantes. Crescem lentamente mas se metastatizam com facilidade. Exame histológico: podem assumir forma acinar (em forma de glândula), papilar, mucinosa (multifocal e pode se manifestar como uma pneumonia) e o tipo sólido. A lesão precursora dos adenocarcinomas é a hiperplasia adenomatosa atípica → adenocarcinoma in situ → adenocarcinoma minimamente invasivo → adenocarcinoma invasivo. Ao microscópio, a hiperplasia é caracterizada por um foco demarcado de proliferação epitelial de epitélio cuboide ou colunar baixo, com atipia variada (hipercromasia, pleomorfismo e nucléolo proeminente). O adenocarcinoma in situ afeta partes periféricas dos pulmões com um único nódulo de diâmetro menor que 3 cm com preservação da arquitetura alveolar. As células podem ser mucinosas ou não (ou mistas), crescem em uma camada ao longo dos septos alveolares (padrão de crescimento lepídico). Não demonstra destruição da arquitetura alveolar ou invasão estromal com desmoplasia. - Carcinoma de células escamosas Carcinomas de células escamosas (CCE): mais comuns em homens, estão relacionados ao tabagismo. Geralmente surgem centralmente nos brônquios principais e se espalham para linfonodos hilares. Os maiores apresentam cavitações (resultado da necrose central). São precedidos por um desenvolvimento recorrente de metaplasia escamosa e displasia do epitélio brônquico que se transforma em carcinoma in situ (fase que dura vários anos). Células atípicas podem ser detectadas em exame citológico de esfregaços de escarro, lavados ou escovados brônquicos, mas não são sintomáticas nem levam a alteraçõesno exame radiográfico. Os pequenos tumores são sintomáticos, principalmente quando obstruem os grandes brônquios (produzem atelectasia (colapso pulmonar) distal e infecções), podem invadir o tecido pulmonar adjacente. Exame histólogico: podem ser neoplasias bem diferenciadas (pérolas de queratina) ou mal diferenciadas, com poucas características residuais de células escamosas. 7 - Carcinoma de grandes células Carcinomas de grandes células são tumores epiteliais malignos indiferenciados com ausência de características citológicas de carcinoma de células pequenas e sem diferenciação glandular ou escamosa. As células têm grandes núcleos, nucléolos proeminentes e citoplasma moderado em quantidade. Representam carcinomas de células escamosas ou adenocarcinomas extremamente indiferenciados. Porém, a diferenciação glandular ou escamosa em sua forma mínima é comum. 2.3. Carcinoma de células pequenas - Tratado de oncologia de Hoff, capítulo 112; Patologia Básica de Robbins, cap 12 Os carcinoma de pequenas células são cinza-claro, localizados centralmente com extensão para o parênquima pulmonar e envolvimento dos linfonodos hilares e mediastinais. Essas célular podem ser redondas ou fusiformes, como pouco citoplasma e cromatina granular. Têm necrose e pode ser extensa e são células frágeis. Esses tumores têm marcadores neuroendócrinos e secretam hormônios polipeptídicos que podem resultar em síndromes paraneoplásicas. Alguns carcinomas tem uma linha de diferenciação celular ou até várias, sugerindo que são derivados de uma célula progenitora multipotente. O envolvimento do linfonodo supraclavicular esquerdo (Virchow) é característico. Quando essas neoplasias se estendem para o espaço pleural ou pericárdico podem levar à inflamação e derrame, comprimir a cava superior ou se infiltrar nela, levando à congestão venosa ou síndrome de veia cava. As neoplasias apicais podem invadir o plexo braquial ou cervical, causando dor e síndrome de Horner. Essas neoplasias podem ser chamadas de tumores de Pancoast , podendo ser acompanhadas de destruição da 1ª e 2ª vértebras torácicas e costelas. Os tumores carcinoides são neoplasias malignas com células com densos grânulos neurossecretores no citoplasma, e também podem secretar polipeptídeos hormonais ativos. São classificados em típicos (baixo grau) e atípicos (grau intermediário). Ambos costumam ser operáveis e curáveis. Ocorrem precocemente (40 anos). Se originam em brônquios principais e crescem ou em pólipos formadores de obstrução ou como uma placa mucosa bronquial que penetra a parede e se espalha no tecido peribrônquico, empurrando o tecido pulmonar. Metástases distantes são raras. Os carcinoides típicos são ninhos de células uniformes com núcleos redondos e cromatina em sal e pimenta, mitoses raras e baixo pleomorfismo. Já os atípicos exibem maior índice mitótico e necrose focal. Também têm maior incidência de metástases para linfonodos e à distância. Também apresentam mutações no p53 em 20 a 40% dos casos. Causam tosse, hemoptise e infecções brônquicas e pulmonares recorrentes. As taxas de sobrevida correspondem a 5-10 anos para cerca de 85% dos pacientes com carcinoide típico, 8 enquanto esses índices caem para 35-56% para carcinoides atípicos. Apenas 5% dos pacientes com tumores neuroendócrinos pulmonares — CPCP — sobrevivem até 10 anos. Curso clínico Costumam ser silenciosos. Em alguns casos, tosse crônica e expectoração acusam doença localizável e ressecável. O prognóstico é pior em casos de rouquidão, dor torácica, síndrome da veia cava superior, derrame pleural ou pericárdico e atelectasia persistente. O tumor pode demonstrar sinais de metastatização no cérebro (alterações neurológicas e mentais), fígado (hepatomegalia) e ossos (dor). CPCNP apresentam melhor prognóstico, quando detectados antes da metástase e feita lobectomia ou pneumonectomia. Já os CPCP, provavelmente são metastáticos quando localizados, a média de sobrevivência mesmo com tratamento é de um ano. 3% a 10% dos pacientes de câncer de pulmão desenvolvem síndrome paraneoplásica, que envolve hipercalcemia causada por secreção de peptídeo relacionado ao hormônio da paratireoide, síndrome de Cushing, por causa da produção de hormônio adrenocorticotrópicos, entre outros sintomas. A hipercalcemia está relacionada às neoplasias de células escamosas enquanto que as síndromes hematológicas estão relacionadas com os adenocarcinomas. 3. Discutir os fatores de risco relacionados à neoplasia maligna de pulmão (tabagismo, gênero, idade, hereditariedade). - artigo 3.1. Tabagismo Epidemiologia do câncer do pulmão, MAURO ZAMBONI Essa associação câncer-tabaco foi sugerida em 1927 na Inglaterra pela primeira vez, devido ao estudo que mostrou a maior incidência do câncer de pulmão entre fumantes. Nesse trabalho, 51 dos pacientes entre os 54 com câncer de pulmão eram fumantes e 30 desses 51 fumavam 20 a 90 cigarros por dia. Doll e Hill demonstraram a correspondência entre a neoplasia pulmonar e a carga tabágica, ou seja quanto maior a carga, maior a probabilidade de câncer, medida por número médio de cigarros por dia, número máximo de cigarros por dia, idade em que começou a fumar, intensidade da tragada, total de anos de fumante, número de tragos, extensão do cigarro não queimado, níveis de alcatrão e nicotina no cigarro. Os que começam a fumar na adolescência têm maior risco do que os que começam a partir dos 25 anos. O número de 9 cigarros fumados por dia é definitivo para o aparecimento de neoplasias. A interrupção do tabagismo reduz o risco do câncer do pulmão(28,30-33). A diminuição do risco de se adoecer pelo câncer do pulmão depende do número de anos desde que o hábito de fumar foi abandonado, bem como da carga tabágica prévia(34-36). A diminuição do risco é menos significativa entre os pacientes que tiveram grande exposição ao tabaco – fumantes de mais de 20 cigarros por dia, por mais de 20 anos e que tragam profundamente a fumaça. O cigarro possui mais 1.200 substâncias que podem ser iniciadores, promotores, elementos radioativos (carbono-14), contaminantes (níquel) e aditivos. 87% dos carcinomas de pulmão ocorrem em fumantes ativos ou os que pararam recentemente. Quanto maior for: ● a quantidade de fumo diário ● a tendência a inalar ● a duração do hábito de fumar maior será a frequência desse câncer. Fumantes médios têm 10 vezes mais chances de ter câncer de pulmão do que não fumantes, já os fumantes intensos (mais de 40 cigarros por dia por vários anos) têm 60 vezes mais chances. O fumo passivo também eleva essas chances, já que não há um nível de exposição seguro. O tipo de fumo também influencia, por exemplo: charutos e cachimbos aumentam os riscos em comparação ao cigarro. Uso de fumo sem fumaça, embora não elevem muito os riscos para o câncer do pulmão, pode causar câncer oral e a dependência de nicotina. Exposição à fumaça de cigarro induz o aparecimento linear de alterações do epitélio respiratório, iniciando pela displasia escamosa, carcinoma is situ e carcinoma invasivo. A fumaça também estimula mutações no gene p53 por meio do benzo[a]pirene. 3.2. Gênero Os estudos iniciais apontavam para risco de aparecimento do câncer do pulmão nas mulheres muito mais baixo do que nos homens. Justificavam que esse fato deveria ser resultante dos diferentes hábitos tabágicos observados entre os dois sexos e não a conseqüência de uma determinação biológica: as mulheres começavam a fumar mais tarde, fumavam menos cigarros por dia e não tragavam profundamente. Ultimamente, as mulheres fumam tal qual os homens e não existem diferenças entre a incidência do câncer do pulmão entre os ambos. A taxa de incidência tem diminuído em homens devido à redução do hábito de fumar. A taxa de incidência e mortalidade em mulheres tem superado o câncer de mama. Mulheres apresentam maior susceptibilidade aos carcinógenos do tabaco e elas constituem a maioria de casos de adenocarcinomas, câncer causado em não fumantes. 103.3. Idade Freqüente entre as idades de 40 a 70 anos, com incidência máxima na faixa etária de 50 a 60. Apenas 2% dos casos aparecem antes dos 40 anos. Isso acontece principalmente por conta do tempo de carga tabágica. 3.4. Hereditariedade Uma vez que somente 10 a 15% dos fumantes desenvolvem câncer do pulmão, é provável que outros fatores, além dos ambientais, sejam responsáveis ou co-responsáveis pela doença. Existem evidências de que a hereditariedade tenha um peso nesse processo. Não há conhecimento preciso sobre marcadores genéticos envolvidos com o câncer do pulmão, mas estudos recentes o têm relacionado a uma alteração do citocromo 450 e do cromossomo 22. 3.5. Outros fatores (fatores exógenos, poluição atmosférica, dieta etc) A possível contribuição da poluição ambiental no desenvolvimento do câncer do pulmão, apesar de muitos estudos, continua controversa. O risco atribuído a sua influência na origem do câncer do pulmão varia de < 1 a 10%. O ar ambiente está contaminado comumente por diversos carcinógenos oriundos dos veículos a motor e das diferentes indústrias, sendo plausível que a poluição atmosférica tenha algum significado no risco de aparecimento do câncer do pulmão. Uma vez que a fumaça do cigarro é responsável por mais de 90% dos casos de cân-cer do pulmão, é difícil concretizar estudos que comprovem a participação de outros fatores na gênese do câncer do pulmão. Um forte argumento a favor do efeito danoso da poluição atmosférica baseia-se no fato de que há um gradiente consistente entre o meio urbano e o rural na incidência do câncer do pulmão, que varia de 1,1 a 1,9. Essa diferença sugere que o indivíduo que vive nas grandes cidades têm risco maior de ser acometido pelo câncer do pulmão, possivelmente devido à maior exposição aos carcinógenos, tais como os hidrocarbonetos policíclicos e a fumaça do óleo diesel. Três tipos de doenças estão associadas ao risco de câncer do pulmão e merecem atenção especial: tumores da cabeça e pescoço, síndrome da imunodeficiência adquirida e algumas 11 doenças pulmonares não malignas. Entre os pacientes com neoplasias da cabeça e do pescoço – doenças intimamente relacionadas com o tabagismo – o risco de ocorrência de câncer do pulmão é quatro vezes maior do que nos pacientes da mesma idade, fumantes, mas que não tenham esse tipo de tumor. Trabalho de Mallefato et al. mostrou que mais de 50% dos tumores de pulmão, diagnosticados em pacientes com tumores da cabeça e do pescoço, são primários e não metástases. A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) está associada ao aparecimento de algumas neoplasias: sarcoma de Kaposi, linfoma não Hodgkin e câncer do colo uterino. Ainda não está definido se a infecção pelo HIV aumenta a probabilidade de o paciente vir a sofrer de câncer do pulmão. Mas o trabalho de Parker et al. sugere que os indivíduos infectados pelo HIV têm risco 6 ⁄ vezes maior de desenvolver câncer do pulmão do que a população não infectada. Algumas doenças pulmonares não malignas estão relacionadas à maior incidência de câncer do pulmão, especialmente o adenocarcinoma. Entre elas, a mais comum é a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Pacientes com enfisema pulmonar têm seis vezes maior probabilidade de apresentar câncer do pulmão do que os fumantes sem enfisema. Lesões fibróticas cicatriciais da tuberculose também coexistem com maior probabilidade de ocorrência de câncer do pulmão, no local da infecção primária – são os chamados “scar carcinomas”. 4. Abordar os métodos diagnósticos do câncer de pulmão. - artigo A evolução do tumor e suas abordagens terapêuticas se diferem para os cânceres CPPC e CPNPC. O diagnóstico de câncer de pulmão baseia-se mais frequentemente nas características morfológicas ou citológicas correlacionadas com achados clínicos e radiográficos. Clínica: tosse, perda ponderal, dor torácica, dispneia. Pneumonia, abscesso ou atelectasia por obstrução das vias aéreas, derrame pleural se disseminação tumoral na pleura, rouquidão se compressão do nervo laríngeo recorrente, disfagia se compressão esofágica, paralisa diafragmática se compressão do nervo frênico, síndrome da veia cava superior (cianose, dilatação das veias do pescoço, cefaleia, edema, pletora facial, ortopneia) por compressão desta, tamponamento pericárdico. Os cânceres de pulmão são estadiados em: T1: menor que 3cm, sem envolvimento pleural ou do brônquio principal. T2: 3-7cm ou envolvimento do brônquio principal a 2cm da carina ou da envolvimento da pleura visceral interna. 12 T3: maior que 7cm ou envolvendo da parede torácica, diafragma, folheto pleural mediastinal externo, da carina da traqueia ou atelectasia ou múltiplos nódulos pulmonares no mesmo lobo. T4: invasão no mediastino, coração, grandes vasos, traqueia, esôfago, vértebras ou nódulos pulmonares em lobos diferentes ipsilaterais. N0: Nenhuma metástase linfonodal. N1: Envolvimento do linfonodo hilar ou peribrônquico ipsilateral. N2: Metástase a linfonodos mediastinais ou subcarinais ipsilaterais. N3: Metástase a linfonodos supraclaviculares, mediastinais, escalenos ou hilares contralaterais M0: Sem metástase M1: Metástase (M1a –nódulo em lado contralateral ao tumor primário ou na pleura; M1b – metástase à distância). Colégio Brasileiro de Cirurgiões, ano 3 4.1. Raio-X do tórax Normalmente se usa a radiografia de tórax em PA e perfil, podendo ser utilizadas as radiografias prévias para comparação. Deve-se determinar tamanho, localização e extensão da lesão, buscar evidências de alterações ósseas e detectar derrames pleurais e pericárdicos. Tumor central: opacidade hilar. A maioria dos tumores pulmonares surge na periferia. Inicialmente arredondadas, mas posteriormente demonstram irregularidades no contorno. Os tumores com cavitação mostram paredes espessadas. O alargamento do mediastino superior sugere comprometimento linfonodal, além de poder definir o estágio. Metástases para arcos costais e outras estruturas ósseas torácicas também podem ser visualizadas. 4.2. Tomografia computadorizada Em todo paciente que será submetido a alguma forma de tratamento deve passar por uma TC de tórax e abdome sup. Fornece detalhes das características tumorais, localização em relação às estruturas do mediastino, se há metástases ou derrames. Também há possibilidade de realizar estudo dos linfonodos do mediastino, permitindo análise de localização, densidade e tamanho. 13 4.3. Ressonância magnética nuclear Não substitui a TC, mas ajuda a limitar a detecção de nódulos e outras lesões parenquimatosas. É mais caro, demorado e de menor disponibilidade nos sistemas de saúde. É mais útil para detectar invasão ou trombose tumoral vascular, além de avaliar a extensão do tumor para regiões como o estreito superior do tórax, a janela aortopulmonar, o ângulo cardiofrênico, envolvimentos pericárdicos, invasão vertebral, entre outros. 4.4. Outros (Broncofibroscopia, Citologia do escarro, Biópsia Transbrônquica, Punção aspirativa transbrônquica por agulha, lavado bronco-alveolar, Punção-biópsia percutânea com agulha fina, Screening) Citologia do escarro É de grande valor diagnóstico quando coletado e analisado corretamente, precisando de experiência do citologista e várias amostras. Fornece diagnóstico em 90% a 95% dos casos quando examinados 5 ou mais amostras colhidas de manhã em dias consecutivos. Os mais comumente detectados por esse método são os tumores centrais (brônquios fontes ou lobares). É de baixo custo mas não usado com frequência, pois a broncoscopia é obrigatória para pacientes de tratamento cirúrgico além de permitir avaliação mais completa da árvore brônquica. Mesmo assim, é o único exame capaz de diagnosticar um câncer de pulmão em doentes assintomáticos com radiografias de tórax normais, pega o câncer na fase mais precoce. Broncoscopia Método mais utilizado. Pode obter biópsias teciduais, lavados e escovados brônquicos. O broncoscópio rígido permite realização de biópsias com maiorquantidade de tecido, retirada de corpos estranhos e controle de hemorragias, mas apenas os tumores de grande calibre são visualizados. Já o broncoscópio flexível permite a visualização da árvore traqueobrônquica mais periférica, possibilitando biópsias em lesões de brônquios segmentares. É um método menos traumático, realizado sob anestesia tópica. Possibilitou também biópsias transbrônquicas, sem a visualização direta do tumor. O diagnóstico anatomopatológico dessas biópsias é obtido em cerca de 55% a 80% dos casos. A possibilidade maior corresponde aos casos de tumores centrais, sendo mais baixa, no entanto, nos tumores periféricos. A A técnica de aspiração transbrônquica por agulha aumentou a eficácia diagnóstica. Uma agulha fina é inserida, por broncoscópio, através da parede brônquica, aspirando material para exame citológico. A broncofibroscopia é, ainda, de importância capital para avaliação pré-operatória no sentido de observar mobilidade de cordas vocais e integridade de mucosa no planejamento da sutura em coto brônquico. 14 5. Relacionar perda ponderal, anorexia e câncer. - artigo A síndrome da anorexia-caquexia (SAC) é uma complicação frequente no paciente portador de uma neoplasia maligna em estado avançado. Caracteriza-se por um intenso consumo dos tecidos muscular e adiposo, com consequente perda involuntária de peso, além de anemia, astenia, balanço nitrogenado negativo, devido às alterações fisiológicas, metabólicas e imunológicas. A SAC é intensificada pelas alterações no metabolismo dos nutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), alterações hormonais (leptina, NPY, MC, grelina), além do aumento das citocinas circulantes (TNF alfa, IL-1, IL-6, IFN). Mudanças na percepção de paladar e olfato ocorridas com a progressão tumoral e com o tratamento oncológico, também contribuem com a anorexia e, consequentemente, com a SAC. O tratamento nutricional é realizado com a utilização de nutrientes especiais, como os ácidos graxos poliinsaturados EPA e DHA, os aminoácidos glutamina e arginina e os nucleotídeos. A nutrição deve ser seguida junto ao tratamento farmacológico, com estimulantes do apetite, devido aos maiores resultados positivos para o paciente com SAC. FISIOPATOLOGIA DA CAQUEXIA NO CÂNCER: UMA REVISÃO - Cecília Hitomi Kowata A caquexia do câncer é definida por anorexia, perda de peso involuntária, perda de massa muscular, alterações da sensibilidade do paladar, saciedade precoce, fraqueza e atrofia de órgãos viscerais. Existem duas formas de caquexia: ● Primária: interações metabólicas entre o tumor e o hospedeiro, que levam ao consumo progressivo e irreversível de proteína visceral, músculo esquelético e tecido adiposo, além da anorexia. ● Secundária: ingestão e absorção diminuídas. Ambos os tipos ocorrem no mesmo paciente. Elas resultam primeiramente em alterações na ingestão e má absorção de nutrientes e, posteriormente, alterações metabólicas. Alterações metabólicas no paciente oncológico São diferentes das observadas no jejum prolongado, pois afetam todas as vias metabólicos simultaneamente. 15 Metabolismo Energético Ocorre aumento de gasto energético, podendo os pacientes serem hipermetabólicos, normometabólicos ou hipometabólicos dependendo do tipo de tumor, estágio e formas de terapêutica. O fígado é um órgão normalmente consumidor de grande energia e centro de atividade enzimática elevada em cancerosos, sugerindo alta taxa metabólica. Os tumores gástricos e os sarcomas são em geral hipermetabólicos e causam perda de peso importante. Outros tumores, como os melanomas, apesar de hipometabólicos, também provocam perda de peso e caquexia. No paciente oncológico, mesmo com a redução da ingestão calórica, não há redução na taxa metabólica. O hipermetabolismo e catabolismo persistente é comum em estágios avançados, já que as células neoplásicas capturam glicose rapidamente (células malignas têm glicose como fonte preferencial de energia). Carboidratos A célula tumoral consome de 10 a 50x mais glicose do que as células normais, o que aumenta a produção de glicose hepática a partir do lactato (ciclo de Cori) e aminoácidos musculares (gliconeogênese). O ciclo de Cori consome ATP que contribui para perda de peso (300 calorias diárias). Também se observa resistência periférica à insulina em pacientes caquéticos, definindo um estado metabólico semelhante ao da diabetes. Isso é ocasionado tanto pela diminuição da sensibilidade dos receptores das células beta pancreáticas como pela redução da sensibilidade dos tecidos periféricos. Assim, ocorre: ● depleção de fontes de energia ● destruição de tecidos Proteínas O paciente não mantém nem reduz o catabolismo muscular o que leva à depleção proteica e por consequência, à atrofia e à miopatia muscular, atrofia visceral e albuminemia (por causa da diminuição da síntese proteica hepática e da proliferação celular tumoral). Katz em 96 diz que a capacidade de poupar proteínas em resposta ao jejum está ausente no câncer, e vai haver persistência da proteólise. Lipídeos Ocorre depleção da reserva de gordura e os níveis séricos de lipídeos aumentam, e assim ocorre perda de gordura, relacionada ao aumento da lipólise e a diminuição da lipogênese, já que o paciente tem queda de lipase lipoproteica, levando a hiperlipidemia. 16 Guimarães diz que o tumor produz células lipolíticas que induzem lipólise e aumenta a oxidação de ácidos graxos. Por isso, há maior formação de corpos cetônicos, e com isso, maior utilização de ácidos graxos como fonte de energia. Ocorre falha da lipogênese devido à desregulação do glucagon, corticoesteróides e adrenalina. Citocinas Regulam a absorção de energia e o seu gasto. Citocinas importantes para tal incluem a TNF-alfa, IL-1, IL-6, IFN-gama. TNF-alfa É secretada pelos macrófagos em resposta ao crescimento tumoral. Causa anorexia, suprimindo os centros de saciedade e a síntese de lipase. IL-1 Também secretada pelos macrófagos, têm efeitos menos potentes que o TNF-alfa. Age direto no centro de regulação do apetite do SNC, induzindo saciedade. Pode também causar febre e alterar a síntese proteica hepática. IL-6 Produzida pelos macrófagos, monócitos e fibroblastos. Capaz de reduzir a ingesta alimentar e interfere no balanço de energia Alterações hormonais Hipotálamo, eixo hipotálamo-hipofisário e o Sistema Autônomo dependem do bom funcionamento da leptina, neuropeptídeo y, grelina, insulina e melanocortina. Leptina Produzida e secretada pelo tecido adiposo, é essencial na regulação do peso corpóreo, regulando as taxas de gordura. A diminuição de seus níveis leva à diminuição de gordura corporal, ingestão e aumenta o gasto energético por feedback do hipotálamo, ativando catabólise e inativando anabólise. Baixos níveis de leptina estimulam o apetite e diminuem o gasto energético, enquanto níveis elevados de leptina diminuem o apetite e elevam o gasto energético. Neuropeptídeo y É um estimulador de apetite secretado pelo hipotálamo. Promovem atividade lipogênica enzimática no tecido adiposo, inibindo a lipólise. Aumenta a ingestão de alimentos, diminui o 17 gasto energético, origina balanço energético positivo e aumenta a reserva de gordura. No câncer o NPY fica reduzido. Grelina Neuropeptídeo secretado por células endócrinas, principalmente no estômago. Regula o apetite e o peso corporal. No jejum, a grelina circulante aumenta e diminui logo após a ingesta, ao contrário da leptina e da insulina. Em pacientes caquéticos, a grelina fica diminuída devido a um bloqueio na resposta ao jejum, diminuindo o apetite. 6. Explicar a importância da relação médico-paciente e família. - artigo De acordo com o código de ética médica no capítulo V, artigo 34, é vedado ao médico: “Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal.” Além disso,a relação médico-paciente, em oncologia, adquire uma particular importância devido à gravidade da doença e ao estigma que muitas vezes acompanha a experiência do paciente. O respeito e a compaixão para com o paciente e seus familiares é a chave determinante para a satisfação familiar. Tão importante quanto os cuidados médicos dispensados ao paciente crítico, a comunicação com este e suas famílias assume um papel fundamental nesse plano de cuidados e merece a mesma atenção dada aos aspectos biomédicos por parte dos profissionais. Além disso, a parceria com a família permite um melhor conforto aos pacientes e um melhor acompanhamento integral, por isso, o médico deve explicar de forma detalhada e em linguagem apropriada sobre o diagnóstico e a função da família nesse momento crucial do paciente. Angústias e sofrimento também estão presentes nos familiares, que devem ser tratados com o máximo de respeito por também serem alvo de estresse emocional. Podem ser aliados na mudança de hábitos. O papel da família também tem importância de validação, aceitação e adesão ao tratamento e ao relacionamento médico-paciente, podendo a família, com apoio, influenciar positivamente em seu sucesso (família funcionando como mediadora do relacionamento médico-paciente). O médico deve manter uma relação de confiança com os familiares. Revoltas familiares que sentem que o serviço médico é problemático ou desacreditam o tratamento podem ser prejudicial. Relação médico-paciente no câncer, medos, angústias e habilidades. Heil Silva et al. 2011 18 19
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