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Adg2 - Sociolinguística 1) Observe os dados a seguir: Tabela 1: Frequência e probabilidade de concordância verbal, segundo o grupo de fatores ‘sexo/gênero’ Sexo/Gênero Aplicação/Total = % Peso relativo* Feminino 736/905 = 81% 0,53 Masculino 515/678 = 76% 0,45 Fonte: MONGUILHOTT (2001, p. 62) Tabela 2: Frequência e probabilidade de concordância verbal, segundo o grupo de fatores ‘escolaridade’ Anos de escolarização Aplicação/Total = % Peso relativo* 11 anos 591/733 = 81% 0,57 4 anos 660/850 = 78% 0,44 Fonte: MONGUILHOTT (2001, p. 59). *Peso relativo é uma medida probabilística usada para calcular o efeito de um fator condicionador na aplicação da regra variável. Quanto mais próximo de 1,0, maior o peso relativo do fator sobre a variante escolhida; quanto mais próximo de 0,0, menor a força de atuação do fator na escolha da variante; valores próximos a 0,5 indicam ponto neutro, isto é, o fator tem pouco efeito sobre a aplicação da regra variável. Assinale a alternativa que interpreta corretamente os dados coletados por Monguilhott (2001) sobre a concordância de terceira pessoa de plural na fala de florianopolitanos. Alternativas: · a) Os falantes mais escolarizados e os homens aplicaram mais a regra de concordância verbal, o que indica que os condicionadores gênero e escolaridade influenciam nesse fenômeno. · b) Os falantes mais escolarizados e as mulheres aplicaram mais a regra de concordância verbal, o que indica que os condicionadores gênero e escolaridade influenciam nesse fenômeno. Alternativa assinalada · c) Os pesos relativos mostram que não há diferença entre a fala de homens e mulheres e que a variável gênero não influencia no fenômeno da concordância verbal. · d) Os pesos relativos mostram que não há diferença entre a fala de pessoas com mais ou menos escolaridade e que a variável escolaridade não influencia no fenômeno da concordância verbal. · e) Os dados indicam que os fatores sociais escolaridade e gênero investigados pela autora não influenciam na marca de concordância verbal. 2) Santana et al. (2008) investigaram a variável /l/ nos encontros consonantais na fala de alunos da 4ª série (atual 5º ano) de escolas da zona urbana e rural da cidade de Ribeirópolis. A variável social investigada, então, eram as características socioeconômicas das escolas. Em relação à variável linguística investigada, os autores ressaltam o fato de que a variante /r/ é alvo de estigma social pelo fato de os falantes que a empregam na fala serem pertencentes a camadas sociais desprestigiadas, marginalizadas, que não têm ou têm pouco acesso à educação formal. Entre as escolas investigadas, a escola J é a mais prestigiada, segundo os autores, por estar no centro da cidade e ser uma das mais antigas e tradicionais. As escolas menos prestigiadas são, segundo os autores, a escola A e a escola G que, respectivamente, são uma escola localizada na periferia da cidade voltada a alunos carentes e uma escola da zona rural mantida pelo município. A escola C, por sua vez, é uma escola pública mantida por uma empresa privada, situada na zona rural de Ribeirópolis. Observe na tabela a seguir os resultados obtidos pelos autores: Distribuição das ocorrências de rotacismo na fala de Ribeirópolis em função da escola Escolas Aplicação da variante /l// Total de ocorrências Percentual Peso Relativo* G 69/72 96% 0,64 A 86/99 87% 0,32 J 352/371 95% 0,59 C 325/351 93% 0,42 Fonte: Santana et al. (2008, p. 152. Adaptada.) *Peso relativo é uma medida probabilística usada para calcular o efeito de um fator condicionador na aplicação da regra variável. Quanto mais próximo de 1,0, maior o peso relativo do fator sobre a variante escolhida; quanto mais próximo de 0,0 menor a força de atuação do fator na escolha da variante; valores próximos a 0,5 indicam ponto neutro, isto é, o fator tem pouco efeito sobre a aplicação da regra variável. Sobre os dados da tabela, pode-se afirmar que Alternativas: · a) os alunos de todas as escolas tendem a aplicar mais frequentemente a variante mais prestigiada do que a variante menos prestigiada na ocorrência de encontro consonantal de palavras como blusa, globo, planta. · b) os alunos da escola mais prestigiada são os que mais tendem a aplicar a variante menos prestigiada na ocorrência de encontro consonantal de palavras como blusa, globo, planta. · c) os alunos da escola menos prestigiada G tendem a aplicar mais frequentemente a variante prestigiada e os alunos da escola menos prestigiada A, a variante mais estigmatizada. Alternativa assinalada · d) os alunos das escolas A e C tendem a aplicar mais frequentemente, em comparação aos alunos das outras escolas, a variável prestigiada na ocorrência de encontro consonantal de palavras como blusa, globo, planta. · e) os alunos da escola mais prestigiada são os que mais tendem a aplicar a variante mais prestigiada na ocorrência de encontro consonantal de palavras como blusa, globo, planta. 3) "Oralidade e escrita são práticas e usos da língua com características próprias, mas não suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas linguísticos nem uma dicotomia. Ambas permitem a construção de textos coesos e coerentes, ambas permitem a elaboração de raciocínios abstratos e exposições formais e informais, variações estilísticas, sociais, dialetais e assim por diante. As limitações e os alcances de cada uma estão dados pelo potencial do meio básico de sua realização. Som de um lado e grafia de outro...". Considerando a proposta de Marcuschi (2001) acerca de uma visão não dicotômica das variações entre a modalidade oral e a modalidade escrita, avalie as seguintes afirmações: I. A fala apresenta estratégias que viabilizam a sua produção, tais como hesitação, reformulação, repetição e inserção. Todas essas estratégias devem ser suprimidas em uma retextualização para um texto escrito, pois são exclusivas da oralidade e não têm função na escrita. II. Na escrita, ao contrário da fala, não podemos observar nenhum traço linguístico da identidade do falante, tais como sua classe social, sua idade, seu gênero, já que a pronúncia não é representada foneticamente na escrita. III. As estratégias de construção do texto falado podem estar presentes também na escrita para fins expressivos, como causar efeitos de informalidade, espontaneidade, proximidade com o leitor. IV. As exposições orais produzidas por jornalistas, por atores, por professores e por certos políticos, por exemplo, estão mais próximas, no continuum, da escrita, pois são planejados previamente e submetidos a alguma pré-formatação que pode estar relacionada a práticas de escrita. É correto apenas o que se afirma em: Alternativas: · a) I e II. · b) I e III. · c) II e III. · d) III e IV. Alternativa assinalada · e) II e IV. 4) "Um indivíduo pode usar um desvio e fazê-lo por várias vezes, sem exercer com isso qualquer influência na língua. O início da mudança linguística só acontece quando outros falantes adotam o novo traço e o empregam convencionalmente para transmitir formas e significados. Embora a inovação possa começar em virtude da influência de uma pessoa importante, não é o ato de inovar que muda a língua, mas o de influir. Por conseguinte, a mudança e sua primeira difusão ocorrem ao mesmo tempo". (LABOV, 1994 apud MONTEIRO, J. L. Para compreender Labov. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2008, p.125-6.) Considerando essa afirmação de Labov e a sua teoria da mudança linguística, avalie as seguintes afirmações. I. Não é possível compreender o desenvolvimento da mudança linguística fora da vida social da comunidade na qual ela ocorre. II. As formas inovadoras só começam a ser imitadas por outros grupos sociais quando começam a ter significado social. III. É o ato de inovar que muda a língua: se um falante inova alguma forma linguística, a mudança linguística se difunde na comunidade. IV. O processo de mudança linguística se inicia sempre na classe social com maior prestígio. É correto apenas o que se afirma nos itens:Alternativas: · a) I e II. Alternativa assinalada · b) I e III. _______________________________________________________________________
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