Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIDADE I TÓPICOS INTEGRADORES III PEDAGOGIA 2 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Edição, revisão e diagramação: Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD _____________________________________________________________________ Paiva, Fábio. Tópicos Integradores III - Pedagogia: Unidade 1 Recife: Grupo Ser Educacional, 2019. ____________________________________________________________________ Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 3 SUMÁRIO PARA INÍCIO DE CONVERSA ............................................................................................................. 4 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: EDUCAÇÃO INDÍGENA A REDEMOCRATIZAÇÃO . 5 A CHEGADA DOS JESUÍTAS: EDUCAÇÃO PARA ALFABETIZAÇÃO E CATEQUESE ................. 9 A REFORMA POMBALINA E A EDUCAÇÃO APÓS A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL ............... 10 A REPÚBLICA E AS TRANSFORMAÇÕES EDUCACIONAIS (1889-1930) ..................................... 11 A ERA VARGAS: DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO PÚBLICA A CAPANEMA ............................ 13 OS ANOS 1960: OTIMISMO E AVANÇOS E O INÍCIO DA DITADURA MILITAR .......................... 15 4 TÓPICOS INTEGRADORES III - PEDAGOGIA UNIDADE 1 PARA INÍCIO DE CONVERSA Olá, estudante! Como vai? Vamos iniciar juntos os estudos da disciplina de Tópicos Integradores III, então, seja muito bem-vindo (a)! Para que este guia de estudos fosse elaborado, selecionamos temas que são de grande importância na formação de Pedagogia, além de contribuir para uma discussão e reflexão de assuntos presentes nas avaliações externas. A primeira unidade deste material fará uma retomada histórica da educação no Brasil, para que possamos compreender os contextos em que as mais diversas temáticas pedagógicas foram implementadas e desenvolvidas. Em um segundo momento, faremos um retorno às Políticas Públicas e Educação, relacionando-as aos avanços mais recentes da prática pedagógica e dos atuais desafios educacionais brasileiros. Essa retomada da perspectiva política da educação, proporcionará o trabalho com a Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, que se apresenta como conteúdo importante para a formação em Pedagogia. Também nesta disciplina, haverá a retomada das discussões sobre Alfabetização e Letramento, etapa crucial do desenvolvimento cognitivo e parte importante da atuação profissional de professores e professoras. A apropriação e desenvolvimento da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, será apresentada e retomada dentro dessa mesma perspectiva. Para finalizar, faremos uma nova visita aos conteúdos de Educação e Tecnologias, acompanhando o desenvolvimento histórico e suas possibilidades. 5 ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA A disciplina se propõe a articular conhecimentos e conteúdos a partir da retomada de temáticas, servindo para integrar conteúdos numa perspectiva interdisciplinar e trans- disciplinar. Assim, retomamos pontos de destaque nas disciplinas de História da Educação, Políticas Públicas e Educação, Alfabetização em Letramento, LIBRAS e Educação e Tecnologias. Este guia se divide em quatro seções: 1. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: educação indígena a redemocratização - esse item apresenta o desenvolvimento histórico da Educação no Brasil, destacando períodos de grandes mudanças estruturais e das concepções, além das implicações para o cenário educacional contemporâneo. Os novos conceitos e concepções históri- cas, unidos aos clássicos estudos do tema, possibilitam a compreensão do desenvol- vimento do tema; 2. POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO – o segundo item do guia, continua a reto- mada histórica da educação, apresentando as políticas públicas que marcaram a con- solidação do modelo educacional brasileiro. Da redemocratização até a atualidade, a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica, os Parâ- metros Curriculares, os Planos Nacionais de Educação e a nova Base Nacional Comum Curricular, apresentados no contexto multidisciplinar; 3. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO E LIBRAS – no terceiro item retomamos as estruturas e conceitos relacionados a Alfabetização e Letramento, as demandas e in- formações necessárias para o desenvolvimento do tema e suas bases. Também será realizada a retomada de conceitos de inclusão para o estudo da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. 4. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS/ CONCLUSÃO – no quarto e último item deste ma- terial, faremos um retorno aos temas centrais de Educação e Tecnologias, destacando a importância da Educação a Distância no Brasil e apresentaremos as principais ideias destacadas ao longo dos Tópicos Integradores III. Vamos começar a conversa sobre tudo isso! A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: EDUCAÇÃO INDÍGENA A REDEMOCRATIZAÇÃO Para iniciar, convidamos você a pensar: Você poderia dizer qual a importância da História? Seria a história um conteúdo escolar daqueles no estilo decoreba e tema de museus empoeirados? 6 Bem, sabemos que muitos pensam assim e, por isso, os mesmos têm dificuldades em compreender a história e também sua importância. Uma nova concepção da história e de sua importância, nos propiciam compreender, além das datas e nomes, o desenvolvimento social, econômico e cultural, entre outros tantos elementos. É através da compreensão da história que iniciamos o trabalho interdisciplinar desta disciplina; afinal de contas, a educação está presente no desenvolvimento histórico da humanidade. Isso inclui a história do Brasil? GUARDE ESSA IDEIA! A palavra História é de origem grega e surgiu no século VI antes de Cristo (a.C.), segundo Borges (1993). História, segundo o mesmo Borges, significa “investigação” ou “informação”. Esse conceito de investigar remete a ideia de procurar as informações no passado e também registrá-las, mas o conceito de História é muito mais amplo e atualmente carrega outros significados. Segundo Bloch (2001) a história é a ciência que estuda “os homens no tempo”. Essa ideia, já apresenta muitas outras possibilidades, não acha? Ao estudar a presença da humanidade ao longo do tempo, estamos ligados a diversos conceitos e teorias que não precisam ficar restritas ao passado e, consequentemente, a história se amplia. VEJA O VÍDEO! Na história do Brasil, a educação faz parte de momentos históricos marcantes, pautando transformações e dando significado para avanços significativos em todo o processo de desenvolvimento do país. Vamos analisar esses momentos através do vídeo indicado? Assista ao vídeo “Educação e Sociedade: Breve História da Educação no Brasil”. Apesar de ser bem curtinho, duração de aproximadamente cinco minutos, o vídeo traz muita informação e detalha alguns dos mais importantes períodos históricos que trabalharemos mais adiante. LINK Continuando... https://www.youtube.com/watch?v=1w_17aJRbH4 7 E aí, gostou do vídeo? Sentiu falta de algo? Atualmente incluiríamos ao menos mais uma fase nessa história toda. Afinal, a educação realmente começou com a chegada dos portugueses? O que havia antes? Será que não tínhamos processos educacionais? Durante muitos anos aprendemos que a história do Brasil se iniciou em 1.500 com a chegada dos portugueses, sendo assim, esse episódio foi narrado como descobrimento. Atualmente, a história contempla também o que ocorreu anteriormente a esse evento. Havia por aqui uma cultura vasta, com idiomas, festas, construções, comércio e atividades econômicas. Muito do que é nossa cultura atual, se baseia nos costumes indígenas, como a nossa alimentação e uma parte das palavras em nosso vocabulário. Basta fazer a seguinte pergunta: você conhece palavras de origem indígena que usamos?Daí, provavelmente iremos ouvir a seguinte resposta: abacaxi, guaraná, jacaré, tatu, Tietê, entre outros tantos. Elementos da fauna e da flora, lugares e fenômenos, estão presentes no cotidiano e compõem nossa cultura. Jacaré, por exemplo, significa “aquele que olha de lado”. Faz todo o sentido, não é mesmo? Na verdade, temos vários exemplos da presença desta cultura, como por exemplo, a música. O compositor e cantor Hélio Zinskind é autor de clássicos da infância, como “Cocóricó” e as músicas do “Castelo Ratimbum”, programa de TV que fez sucesso há um tempo no Brasil. Na música “Tu tu tu Tupi”, Hélio fala sobre a cultura Tupi Guarani, uma das sociedades mais importantes entre os indígenas brasileiros. VISITE A PÁGINA Aqui você pode ver a letra e ouvir a canção: Essa música também pode ser usada com as crianças em sala de aula! Imagine uma atividade que possamos fazer com nossos alunos? Ótima ideia, não é? LEITURA COMPLEMENTAR O clássico “O que é Educação?” de Carlos Rodrigues Brandão, traz em seu segundo capítulo uma discussão muito importante sobre a construção do conhecimento e sua transmissão em sociedades que foram consideradas “primitivas”. O capítulo “Quando a Escola é Aldeia”, pode ser lido no LINK. Esperamos que você goste! http://www.netmundi.org/home/wp-content/uploads/2017/04/Cole%C3%A7%C3%A3o-Primeiros-Passos-O-Que-%C3%A9-Educa%C3%A7%C3%A3o-Carlos-Rodrigues-Brandao.pdf 8 Gostou, prezado (a) estudante? A proposta trabalhada na leitura indicada, faz referência a um processo de educação baseado no fazer, no exemplo e nas práticas culturais. A Escola que é aldeia, funciona durante a vida em sociedade. Viver e aprender estão interligados. Sabemos que a Educação e a Cultura estão interligadas, esse é um dos temas trabalhados na disciplina de Estudos Culturais em Educação, lembra? Se a educação surgiu para que os conhecimentos e avanços da humanidade fossem compartilhados, o que as sociedades indígenas praticavam ao ensinar suas crianças e transmitir conhecimentos? A resposta é: Educação. A seu modo e de forma natural, a educação ocorria desde que a humanidade se propôs a compartilhar suas descobertas. De maneira mais sistematizada ou livre, a educação estava presente nas vivências das pessoas mesmo antes da chegada dos portugueses. VEJA O VÍDEO! Outra indicação de vídeo é sobre o trabalho de pesquisadores, historiadores, antropólogos e também de jornalistas têm mostrado num panorama histórico muito diferente sobre as sociedades indígenas que habitavam o Brasil, antes da chegada dos europeus. Nesse vídeo, com duração de aproximadamente trinta minutos, os entrevistados apresentam um pouco sobre essas “novidades” do passado! PARA REFLETIR Segundo as mais recentes descobertas sobre o território brasileiro antes da chegada dos europeus, mostram que por aqui haviam diversas sociedades organizadas, que construíram estradas, praticavam comércio e agricultura. Havia prática de artes e práticas coletivas. Então, como ficava a Educação? Em sociedades indígenas, como vimos no texto de Brandão (2007), a educação se fazia na prática e na observação. É de se supor que em sociedades tão organizadas, também havia modelos de transmissão dos conhecimentos. Sabemos que em muitas sociedades a educação é realizada com o modelo em que os mais velhos repassam o que sabem aos mais novos. Você consegue imaginar como a educação foi realizada no Brasil antes do modelo dos portugueses? Vamos entender um pouco mais sobre este assunto... 9 A CHEGADA DOS JESUÍTAS: EDUCAÇÃO PARA ALFABETIZAÇÃO E CATEQUESE Em muitos materiais que tratam da História da Educação no Brasil, a chegada dos padres jesuítas é apon- tada como o início da educação. Isso porque se compreende uma educação sistemática, em busca de um objetivo específico. E qual seria esse objetivo? Ao chegar no nosso país, os portugueses enfrentaram muitas dificuldades para fazer a ocupação, como por exemplo o fato desta terra já ter dono e, por isso, já estar ocupada. Durante o convívio com os seres humanos que viviam por aqui antes deles, os europeus decidiram impor sua cultura. Essa imposição tem resultados diretos com a nossa realidade atual, por exemplo pelo fato de todos falarmos o mesmo idioma em um país tão grande. Outra imposição cultural foi a religião que está totalmente ligada com a educação: para que os índios pudessem fazer a catequese, antes seriam alfabetizados em português. Bem, não necessariamente antes, pois ao longo de todo o processo a religião estava presente, afinal, eram padres educadores. Então, o objetivo dos jesuítas era a catequização dos nativos brasileiros, mas isso passava pela alfabetização. Parece até bem tranquilo, não é? Mas não foi! A ordem jesuíta era muito radical e pregava a obediência total à igreja e a coroa portuguesa. Eles chegam ao Brasil em 1549, com a ordem de “converter os selvagens da América” e isso seria feito de uma forma ou outra, visto que facilitaria muito a dominação dos territórios dos índios. Uma das figuras mais importantes entre os educadores jesuítas era o padre José de Anchieta, que fundou diversos colégios e rivalizou com os colonizadores em razão da escravidão dos nativos. A igreja conseguia convencer os índios a trabalharem de graça em suas tarefas, os colonos costumavam usar a força e isso gerou uma batalha no sistema. Os jesuítas aplicaram nas suas escolas o método conhecido como Ratio Studiorum, que era uma espécie de coletânea de ações e materiais para o exercício da educação, que iam desde a organização escolar até a prática cotidiana, tudo muito fundamentado pela fé católica. VOCÊ SABIA? Você sabia que para que o método de ensino funcionasse, os jesuítas criaram uma organização bastante rígida que era replicada em todas as escolas controladas por eles? Você sabe como funcionava? Pois bem, além das aulas para a alfabetização, o curso também oferecia três etapas: 1. Letras: estudos de gramática e retórica, além do estudo de história e poesia, que era chamado de “humanidades”; 2. Filosofia e Ciências: estudos de lógica, matemática, ética, moral, metafísica, física e ciências naturais; 3. Teologia e Ciências Sagradas: formação específica para sacerdotes. Podemos dizer que essa era a organização do ensino jesuíta, distribuída ao longo dos anos de formação. ??? 10 VEJA O VÍDEO! Quer saber mais detalhes sobre a Educação Jesuítica? Assista ao vídeo-resumo, com duração de cinco minutos e dezoito segundos, sobre a Educação Jesuítica: LINK A REFORMA POMBALINA E A EDUCAÇÃO APÓS A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL O período histórico conhecido como “A Era Pombalina” se inicia em 1759 com a expulsão dos jesuítas do Brasil. Isso mesmo...a expulsão da ordem religiosa que foi responsável por toda educação oficial durante mais de 200 anos, isso porque eles foram acusados de comércio ilegal e de conspiração contra a Coroa. Sebastião José de Carvalho Neto, mais conhecido como Marquês de Pombal, foi um superministro do rei português e responsável por muitas reformas para modernizar toda a estrutura de governo. Isso incluía a educação. Com a expulsão dos portugueses, Pombal executou uma reforma educacional e estabeleceu um novo modelo e estrutura que se diferenciava do Ratio Studiorum. Esse sistema ficou conhecido como pelas “Aulas régias”. Essas aulas eram isoladas e pretendiam continuar com os estudos presentes nos seminários, mas não funcionaram muito bem. Apenas em 1772 ocorreu a implementação do ensino público oficial no Brasil, através do financiamento ocorrido com um novo imposto, chamado “subsídio literário”, que era cobrado nos principais produtos da época. Algum avanço pode ser percebido, mas uma mudança mais significativa só ocorreu mesmo após a chegada da coroa portuguesa ao Brasil, em 1800. Para que o rei de Portugal tivesse conforto e estrutura na nova sede da Coroa, foram trazidos, por exemplo, mais de 60 mil livros, com a transferência da biblioteca real para o Rio de Janeiro, algo inédito.Esse foi um período de abertura de colégios e faculdades, pois havia a necessidade de formação para uma nova elite que se instalara em nossas terras e também para formar mão de obra qualificada para servi-los. Mas isso não foi suficiente e a educação continuou bastante restrita e precária. Em 1822, Dom Pedro I declara a independência do Brasil e é proclamado Imperador. Inicia-se uma série de mudanças políticas, mas a educação tem poucos avanços e na opinião de alguns especialistas, até há retrocessos. Em 1840, aos 15 anos de idade, Dom Pedro II assume o trono. O novo imperador torna-se um entusiasta da educação e das tecnologias, tido como um dos notáveis intelectuais da nossa história. Mesmo assim, a educação não vive bons momentos. https://www.youtube.com/watch?v=PVC4OM5m1zw 11 Vale ressaltar o avanço das instituições privadas, que ao perceberem a falta de oferta pelo estado, oferecem livremente vagas para aqueles que podiam pagar. Em 1845, os jesuítas voltam ao Brasil para se estabelecerem em uma rede de escolas particulares, o que ocorre também com outras ordens religiosas. No ensino público, Dom Pedro II promove uma reforma em 1859. O “ensino primário” passa a ser dividido em elementar e superior: Elementar: instrução religiosa e moral, leitura e escrita, gramática, aritmética e pesos e medidas. Superior: as mesmas disciplinas eram aprofundadas, passando de cinco para dez. VOCÊ SABIA? Estimado (a) aluno (a), você sabia que o Colégio Pedro II, tradicional instituição no Rio de Janeiro, foi fundado em 1837 e recebeu o nome em homenagem ao filho do Imperador, que na época tinha 12 anos? Sim... após assumir o lugar do pai e decidir investir na educação, o imperador Pedro II fez com que o colégio que levava seu nome fosse um modelo a ser seguido e oferecia formação para professores que contribuíam para a alfabetização. Até hoje o colégio é uma referência na educação pública. VEJA O VÍDEO! O período Pombalino trouxe para o Império Português as influências do Iluminismo, sendo suas reformas muito importantes para modernizar as estruturas educacionais. Conheça mais sobre esse período nesse vídeo, com duração de aproximadamente de vinte e dois minutos: A REPÚBLICA E AS TRANSFORMAÇÕES EDUCACIONAIS (1889-1930) Após a Proclamação da República, muitas mudanças ocorreram no país e a educação entrou oficialmente na pauta do Estado. O período histórico é chamado de Primeira República. Marcado pelo poder centra- lizado, pelo coronelismo e por um esquema conhecido como “café com leite”, que garantia a eleição do candidato oficial, ainda que modestamente, o período trouxe mudanças para a educação pública: foram realizadas reformas estruturais para unificar o sistema educacional brasileiro: ??? 12 1893 – São criados os Grupos Escolares: em um mesmo prédio as salas passam a dividir as crianças por séries e idades (ensino seriado), antes disso as salas reuniam estudantes de várias idades; 1915 – É criado o exame vestibular para o ingresso no ensino superior; 1925 – Após o vestibular, cria-se um sistema de classificação para os aprovados assumirem as vagas nas faculdades, mantendo elitizado o acesso ao ensino superior; PARA PESQUISAR Saiba que no ano de 1924 foi criada a ABE (Associação Brasileira de Educação), que foi importantíssima para as mudanças educacionais em nosso país. Através de debates promovidos por grandes intelectuais, criou-se um movimento para propor mudanças nas estruturas de educação. Entre esses grandes nomes, destaca-se o de Anísio Teixeira, que trouxe ao Brasil o movimento Escola Nova. Você conhece o movimento Escolanovista? Certamente já ouviu falar de John Dewey e suas teorias. Conhecendo ou não, este é o momento de relembrar ou pesquisar sobre o assunto. Pesquise quais as principais ideias de Dewey foram colocadas em prática no Brasil. Você vai gostar! Continuando... A República prometia muitos avanços e transformações, especialmente porque o mundo passava por mudanças significativas, por exemplo, a industrialização e os efeitos nas relações sociais indicavam também novas necessidades educacionais. O mundo passava por transformações em todas as áreas e isso não foi diferente no Brasil. Havia uma grande expectativa com a nova forma de governo e o que a República poderia trazer. Infelizmente sabemos que isso não se estabeleceu e a República não respondeu aos problemas brasileiros como se esperava. As eleições, por exemplo, tinham sempre fraudes em que o candidato oficial era o escolhido e isso tinha tudo a ver com a Educação. Isso porque apenas pessoas que eram alfabetizadas podiam votar. Nessa época a educação era restrita a elite e menos de 20% da população sabia ler e escrever, então quem decidia as eleições era apenas uma pequena parte dos brasileiros, justamente quem estava ligado ao poder. Esse cenário de expectativas frustradas acabou gerando movimentos que exigiam mudanças reais e isso foi decisivo para que ocorresse o próximo período, tão marcante na história da educação do Brasil. 13 PALAVRAS DO PROFESSOR Já percebeu que essa retrospectiva está trazendo assuntos pontuais da História da Educação, não é verdade? Queremos lhe sugerir que antes de prosseguirmos, você faça uma pausa para revisar os pontos que tiver dúvidas. Que tal uma consulta ao seu livro de História da Educação do Brasil para aprofundar os assuntos que tiver curiosidade? Temos certeza que irá ajudar. Agora queremos saber como está sua percepção da história. Começamos com o Brasil antes mesmo de ser Brasil, com as sociedades indígenas e isso faz bastante tempo mesmo. O evento conhecido como descobrimento, que é a chegada dos portugueses nesse território, que tratamos em seguida, também está distante no passado. Pare para pensar sobre esses acontecimentos: foram há tanto tempo, mas significaram muito para como nosso país é hoje. E se outro povo tivesse chegado no lugar dos portugueses? E se não tivesse chegado ninguém naquele momento? Certamente teríamos diferenças atualmente. Bem, alguns saltos no tempo depois, chegamos ao Império pós-Independência e, logo em seguida, a República. Esses acontecimentos foram essenciais na construção do país. Seguiremos na nossa retrospectiva... A partir de agora veremos eventos que são muito próximos na história. Pode parecer até um passado distante, mas pense bem, o século XX é nosso “vizinho”. Tudo a partir de agora está ligado diretamente a atualidade da educação que vivemos. A ERA VARGAS: DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO PÚBLICA A CAPANEMA Esse período histórico, que se inicia em 1930, ficou conhecido como a Era Vargas. Inicia-se com um golpe militar, que leva ao poder o gaúcho Getúlio Vargas, colocando fim na República do Café com Leite, por isso mesmo há uma renovação da esperança e expectativas de mudanças. Mas o que nos interessa mesmo é a educação, certo? Você se lembra que nos anos 1920 já havia muita movimentação em torno das ideias da Escola Nova e isso continuou nos anos 1930? Bem, em 1930, o novo governo criou o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública e assumiu a responsabilidade por redefinir as políticas públicas em educação. Foi também criado o Conselho Nacional de Educação (CNE), em 1931, importante instituição da área. O cenário de otimismo estava presente na educação e em 1932 um grupo de 26 educadores e escritores, 14 liderados por Fernando de Azevedo, divulga o “Manifesto dos pioneiros da educação nova”. Olha a Escola Nova aí! Esse manifesto é um dos documentos mais importantes da história da educação do Brasil. Nele, são apresentadas as principais ideias que guiaram a defesa da educação pública por muitas décadas. Vamos saber um pouco mais sobre o manifesto? VEJA O VÍDEO Neste vídeo a história do “Manifesto dos pioneiros da educa- ção nova” é apresentada em detalhes, além disto, você poderá conhecer um pouco dos personagens que fizeram parte desse movimento. O vídeo é curtinho, cerca de doze minutos e trinta e oito segundos, mastem muita informação! Vamos assistir? LINK PRATICANDO E aí, gostou do vídeo? Já sabia de tudo que tratava o manifesto? Tenho certeza que agora você já conhece as ideias que fizeram esses 26 educadores assinarem o documento. E você, assinaria também? Muitas das questões defendidas pelos pioneiros da educação ainda fazem falta na atualidade. Que tal você consultar o manifesto e anotar os pontos que poderiam ajudar na educação atual? Faça uma lista e justifique. Por exemplo: O manifesto dos pioneiros defende a educação obrigatória. Sabemos que na época em que foi publicado o significado era outro, havia um número muito grande de analfabetos no país e a obrigação deveria partir do estado e da sociedade. Mas, a educação não deve ser obrigatória nos dias de hoje? Educação obrigatória – importante para atualidade, pois mantém a formação como exigência para o estado e a sociedade. Quais outros pontos? Tenho certeza que você irá concordar com muitas das pautas do movimento pioneiro. https://www.youtube.com/watch?v=zAV1T1H1WCw 15 VOCÊ SABIA? Caro (a) estudante, a Era Vargas é um longo período na história do Brasil que vai de 1930 a 1945. Apesar de muitos avanços, o período que se inicia em 1937 é marcado por autoritarismo, conhecido como Estado Novo. Esse modelo autoritário também fez parte da educação. Um dos responsáveis por esse modelo tradicional foi Gustavo Capanema, com a reforma que ficou conhecida como “Reforma Capanema”. Em 1942 a educação tinha como objetivos “formas a personalidade integral dos adolescentes”, “acentuar e elevar a consciência patriótica e humanística” e “preparar intelectualmente de maneira geral, servindo como base a estudos mais elevados de formação especial”. A Reforma Capanema também modificou a estrutura do ensino, com o curso ginasial seguido do colegial, que deixou de ser uma preparação para o ensino superior e passou a ter aspecto de formação geral, incluindo a formação profissionalizante. O curso normal, por exemplo, formou muitos novos professores alfabetizadores para atuarem no magistério. PARA REFLETIR Você reparou o quanto a alfabetização está ligada a história da Educação no Brasil? Já mencionamos muitas situações em que o foco dos esforços educacionais era a redução do analfabetismo e isso vai continuar. Em 1947, após algumas reformas na educação promovidas pela Constituição de 1946, o governo lança uma grande campanha de alfabetização. O objetivo? Acabar com os analfabetos no país. E você acha que deu certo? OS ANOS 1960: OTIMISMO E AVANÇOS E O INÍCIO DA DITADURA MILITAR Os anos 1940 e 1950 vimos a educação do Brasil avançar muito pouco, lentamente. Havia a preocupação com a alfabetização e com a manutenção da escola pública, mas pouco se desenvolvia. No início dos anos de 1960 houve um avanço marcante: em 1961, após 13 anos de discussões, é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a LDB. A lei foi importante para estabelecer um modelo e regras gerais para todo o país, e como o próprio nome diz, ditava as diretrizes para o avanço 16 da educação. Os governos, tanto o federal quanto os locais, haviam despertado para a necessidade de incentivarem a educação e a legislação acompanhou isso. Foi no início da década de 1960 que surgiu o método Paulo Freire. Animados com o clima otimista e com o apoio dos governantes, inciativas populares de educação surgiram em todo o país. Algumas delas ficaram famosas, com as da cidade de Natal/RN, onde o movimento de alfabetização se chamava “De pés no chão também se aprende a ler”, e na cidade de Recife e no interior de Pernambuco, onde o Movimento de Cultura Popular (MCP), apresentou ao mundo o Método Paulo Freire de Alfabetização. Nos anos de 1962 e 1963, foram alfabetizados milhares de trabalhadores, gerando uma grande expectativa para o futuro do país. Você se lembra que apenas os alfabetizados podiam votar? Os envolvidos no movimento tinham o desejo de chegar a 75% da população alfabetizada em 1965, no ano em que estava prevista a eleição. Seria o primeiro momento na história em que a maioria pobre votaria para decidir os rumos do país. VEJA O VÍDEO! Agora faça mais uma pausa para conhecer mais sobre o patrono da educação brasileira: Paulo Freire. Esse filme é um documentário sobre a vida do educador e conta sobre o momento histórico em que seu método foi criado e também como houve a perseguição ao movimento de cultura popular. O vídeo tem duração de cinquenta e três minutos: LINK Continuando... O país vivia um momento de grandes avanços na área da educação e também em outras áreas. Mas também havia um clima muito forte de rivalidade, estimulado pela divisão do mundo após a Segunda Guerra Mundial. Como mencionamos, havia a expectativa de eleições em 1965, com grande participação popular, mas em 1964 houve o golpe militar que assumiu o poder e instaurou uma longa ditadura. O que isso significou para a educação? O Brasil passou por um período de muito autoritarismo e de retrocessos. Os avanços educacionais que haviam sido conquistados ficaram abandonados e outros rumos foram tomados para essa área. É preciso registrar que os profissionais de educação sofreram brutalmente com a ditadura, sendo vigiados e perseguidos em seus locais de trabalho. Os conteúdos ensinados sofreram censura e algumas disciplinas escolares foram suprimidas e trocadas. Todas as decisões sobre os rumos da educação eram tomadas com base em acordos com uma agência https://youtu.be/5y9KMq6G8l8 17 de desenvolvimento dos Estados Unidos da América, a USAID. Essa “cooperação” entregava aos EUA as decisões sobre a educação brasileira e isso significava pouquíssimos avanços e muito controle. VISITE A PÁGINA Uma forma de conhecer um pouco mais sobre esse período histórico é acompanhando o trabalho da Comissão Nacional da Verdade. Essa comissão acessou documentos e ouviu muitas testemunhas para buscar justiça em casos de grande violência, como torturas, desaparecimentos e assassinatos. Infelizmente esses casos não foram poucos e muitos deles ainda não foram esclarecidos. Vale a pena conhecer um pouco mais da história recente do país: LINK Para finalizar, ccontinuaremos a jornada histórica pela educação na parte 2 do nosso guia, mudando nosso foco: a partir da democratização e da promulgação da Constituição Federal de 1988, buscaremos compreender as políticas públicas em Educação, especialmente as leis e a nova BNCC. Por enquanto, ficamos por aqui. PALAVRAS FINAIS DO PROFESSOR Prezado (a) estudante (a), espero que tenha sido proveitosa sua leitura e interação até esse momento. Tenho certeza que muitos momentos da história da educação voltaram a sua memória durante nosso trabalho. Com essa primeira parte do guia, salientamos a importância do conhecimento histórico e do esforço de conexão de diversos temas que estão distribuídos ao longo de sua formação. Não é fácil chegar até aqui depois de tanto tempo de curso de Pedagogia, não é mes- mo? Mas sabemos que você já pode prosseguir, após as reflexões sobre pontos cru- ciais do desenvolvimento da educação, especialmente aqueles que estão ligados as políticas públicas e a alfabetização, dois temas que veremos novamente nos guias das unidades: 2 e 3. Se você tiver alguma dúvida ou dificuldade, entre em contato com a tutoria no Ambien- te Virtual de Aprendizagens – AVA. Acesse os vídeos e as leituras propostas para entender ainda mais sobre o conteúdo proposto. No mais, bons estudos! http://cnv.memoriasreveladas.gov.br 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLOCH, Marc. A história, os homens e o tempo. In: Apologia da História ou O ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001, pp. 51-68. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? São Paulo: Brasiliense, 2007 CHARLOT, Bernard. Globalização e educação. Texto de Conferência no Fórum Mundial de Educação, 2000. FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas a outros escritos. São Paulo: UNESP,2000.MANACORDA, M. A. História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006. ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. 19.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. 34. ed. rev. Campinas, Autores Associados, 2001. (Col. Polêmicas do Nosso Tempo; vol. 5). 94 p. YOUNG, M. Para que servem as escolas? Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 101, p. 1287-1302, set./dez. 2007 1287 Disponível em http://cedes.unicamp.br CUNHA, Luiz Antonio; GÓES, de Moacir. O Golpe Na Educação. 11ª, Jorge Zahar Edi- tor, Rio de Janeiro. 1989. GHIRALDELLI Jr., Paulo. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1990. LOPES, Eliane Marta Teixeira. Perspectivas históricas da educação. 5.ed. São Paulo: Ática, 2009. ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil.19.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. B. NAGLE, Jorge. Educação e sociedade na primeira república. Rio de Janeiro, DP&A, 2000. FONSECA, Thais Nivia de Lima e. Letras, ofícios e bons costumes. Civilidade, ordem e sociabilidades na América Portuguesa. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. FREITAS, Marcos Cezar de e BICCAS, Maurilane Souza. História social da educação no Brasil (1926- 1996). São Paulo, Cortez Editora, 2009. 19 FREITAS, Marcos Cezar de. História social da infância no Brasil. São Paulo Cortez Edi- tora, 2006. LOPES, Eliane Marta Teixeira. As origens da educação pública. A instrução na revo- lução burguesa do século XVIII. São Paulo: Fino Traço, 2008. LOPES, Eliane Marta Teixeira; VEIGA, Cynthia Greive; FARIA, Luciano Mendes de. 500 anos de educação no Brasil. Belo Ho- rizonte: Autêntica, 2000. MONARCHA, Carlos (Org.). História da educação brasileira. Ijuí, RS: UNIJUI, 1999. SCHWARTZMAN, Simon e BOMENY, Helena (orgs) Tempos de Capanema. Rio de Ja- neiro, Editora FGV, 2000. TEIXEIRA, Anísio. Educação no Brasil. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 1999. VEIGA, Cynthia Greive. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007. _GoBack Para início de conversa A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: educação indígena a redemocratização A CHEGADA DOS JESUÍTAS: educação para alfabetização e catequese A REFORMA POMBALINA E A EDUCAÇÃO APÓS A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL A REPÚBLICA E AS TRANSFORMAÇÕES EDUCACIONAIS (1889-1930) A ERA VARGAS: dos pioneiros da educação pública a Capanema OS ANOS 1960: Otimismo e avanços e o início da ditadura militar
Compartilhar