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Vict�ria K. L. Card�so Dermat�ses virais Herpes simples Introdução: ● Principais etiologias: HSV-1 e HSV-2. ● Principais afecções: geralmente, causam infecções benignas na pele, especialmente nos genitais e nos lábios, ou nos olhos. ○ Quadros mais graves associados: meningites e encefalites. Epidemiologia: ● Afeta todas as faixas etárias e sem predileção por sexo. Fisiopatologia: 1. Para as infecções é necessário ter um trauma para ser a porta de entrada do vírus no organismo → primoinfecção. 2. Esses vírus têm tropismo por tecidos neurais, permanecendo em estado de latência sem nunca ser eliminado pelo sistema imunológico. 3. Em seguida, com uma reativação do vírus, ocorrem as manifestações clínicas clássicas. ● Fatores que podem ser predisponentes para reativação viral: exposição solar, doença febril, estresse emocional e imunossupressão. Quadro clínico: ● Quadro inicial: sintomas locais com ardor e ou prurido. ● Evolução: hiperemia local, seguindo com o aparecimento de vesículas de conteúdo claro, que pode se tornar hemorrágico ou purulento, sobre a mácula. ● Caracterização da maioria das infecções por herpes = Vesículas sobre uma base eritematosa. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Apresentação do subtipo HSV-1 - infecções mucocutâneas: ○ Ocorrem em qualquer região, mas tem predomínio em lábios. ○ Lesão: vesículas sobre uma base eritematosa, com cicatrização em 7-10 dias, mas em imunossuprimido as lesões se prolongam mais e pode ter disseminação. ■ A primoinfecção geralmente é na infância. ● Apresentação do subtipo HSV-2 - herpes genitais: ○ Lesão: vesículas que passam pelo processo de erosão e formam úlceras na genitália. ○ A infecção primária é mais prolongada e exuberante, cursando com adenomegalia e sintomas constitucionais. ● Quadros cutâneos associados ao herpes: ○ Eritema multiforme recorrente. ○ Eczema herpético (erupção variceliforme de Kaposi). ● Sintomatologias graves: ○ Ceratoconjuntivite por herpes. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Herpes neonatal. ○ Meningoencefalite herpética. Diagnóstico: é essencialmente clínico. ● Exame complementar: (caso necessário) ○ Teste citolǵico de Tzanck → raspagem da base da lesão com esfregaço em lâmina, em coloração do material com Giemsa → revela células balonizantes (queratinócitos alterados pela infecção). ■ Não diferencia as infecções herpéticas entre si. ● Diagnóstico de certeza: biópsia → imunohistoquímica e reação em cadeia polimerase, pode encontrar DNA do vírus em tecidos infectados. ● Sorologia: não costuma ser útil, pois pode provocar infecção prévia. ● Casos extremos: sempre se solicita sorologia para HIV. Tratamento: ● Infecções mucocutâneas simples: tem cura espontânea e geralmente não precisa de tratamento. ● Antissépticos: sempre é importante usar para evitar infecção secundária. ● Na necessidade de tratamento: (uso de medicações sistêmicas). ○ Aciclovir 200 mg, 6x/dia OU 400 mg, 3x/dia → ambos durante 5 dias. ○ Fanciclovir 125 mg, 2x/dia por 5 dias. ○ Valaciclovir 500 mg, 2x/dia por 5 dias. ● Em primoinfecção: usa-se os mesmos fármacos, mas por 7 dias (pois, geralmente a infecção é mais severa). @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Casos graves ou em imunocomprometidos: uso de medicações intravenosas e em regime hospitalar. ● NÃO há vacina para herpes-simples. Varicela Epidemio varicela: ● Erupção pelo vírus HSV-3 comum na infância. Fisiopatologia: 1. Contaminação aérea de perdigotos → primoinfecção pelo vírus HSV-3. 2. Presença de viremia disseminada com sintomas sistêmicos. Quadro clínico: ● Inicia como um quadro gripal, seguindo com erupções cutâneas polimórficas disseminadas. ○ Polimorfismo: simultaneidade entre vesículas, lesões erosivas, lesões crostosas e lesões cicatriciais residuais. ■ Disseminação centrífuga → do centro para a extremidade. ● Caso não haja erupções: o principal sintoma é dor. ● As lesões têm remissão espontânea em torno de 21 dias. ● Principal complicação: ocorre em idosos → neuralgia pós-herpética. Diagnóstico: é essencialmente clínico. ● Diagnóstico de certeza: biópsia da lesão. Tratamento: ● Uso de sintomáticos com anti-histamínicos sistêmicos, para alívio de prurido. ● Administração de antissépticos tópicos, para evitar infecções secundárias. ● Banho de permanganato de potássio e água boricada. ● Isolamento a partir da primeira vesícula, até 2 dias após a última lesão involuir. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Casos de alto risco: uso de imunoglobulina para varicela. ○ Imunocomprometidos. ○ Grávidas. ○ Recém nascidos. ○ Prematuros. ○ Adultos não imunizados. Vacina: ● Vacina contra varicela: são 2 doses → uma aos 12 meses e outra entre 15 e 24 meses de idade. Herpes zoster Introdução: o herpes zoster (HSV-3) é o vírus que causa a varicela (primoinfecção) e a própria infecção de herpes zoster (reinfecção). Epidemio herpes-zóster: ● Erupção pelo vírus HSV-3, mais comum em pessoas com imunodepressão ou em idosos. Fisiopatologia: ● Período de latência após a primoinfecção por HSV-3. ● Imunodepressão e reinfecção. ● Manifestações sistêmicas do HSV-3. Quadro clínico: ● Inicia com dor lancinante ou disestesia no trajeto da raiz nervosa acometida. ● 2-3 dias após, surgem erupções agrupadas sobre uma base eritematosa em disposição linear ou em faixa, unilateral e em dermátomo. ● Frequência de acometimento: ○ Torácico > cervical > trigeminal > lombossacral. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Diagnóstico: é essencialmente clínico. ● Diagnóstico de certeza: biópsia da lesão. ● No caso de herpes-zóster exuberante, com mais de 3 dermátomos acometidos, e ou com evolução atípica, faz-se sorologia para HIV. Tratamento: ● Tratamento sistêmico, iniciado nas primeiras 24-48h dos sintomas, por 7 dias. ○ Após 72h o tratamento pode ser ineficaz. ● Tratamento oral: ○ Aciclovir → 800 mg, 5x/dia. ○ Valaciclovir → 1g, 3x/dia. ○ Fanciclovir → 250-500 mg, 3x/dia. ● Na presença de neuralgia pós-herpética: uso de antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes, gabapentina e pregabalina. ● Infecções exacerbadas em imunocomprometidos: uso de medicações intravenosas. Exantema súbito Introdução: trata-se de uma infecção viral benigna, caracterizada principalmente por um início súbito de febre, seguido de exantema → é mais comum em crianças menores de 2 anos. ● Etiologia: vírus da família herpes HHV-6. ● Primoinfecção: replicação viral nas glândulas salivares e em leucócitos. ○ Após isso, os vírus ficam em latência, até que haja uma reinfecção. ● Reinfecção em adultos imunocomprometidos: pode causar mononucleose. Quadro clínico: ● Quadro prodrômico gripal: ausente. ● Início com febre súbita de 40*C, sem comprometimento sistêmico. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Surgimento de rash cutâneo morbiliforme, com resolução espontânea da febre. ○ O rash começa no pescoço e evolui para o tronco. ○ Há também um exantema puntiforme no palato → manchas de Nagayama. ● O exantema dura de horas a no máximo 2 dias. Diagnóstico: é essencialmente clínico, com a história do quadro clínico da doença. ● Confirmação: sorologia IgM para HHV-6 ou exames de biologia molecular para isolar o DNA viral. Diagnóstico diferencial: ● Se houver febre alta e convulsões → meningite. ● Erupções cutâneas com pápulas crostosas → vasculites. Tratamento: ● Apenas sintomáticos para o alívio da febre. ○ Não se indicam antivirais como o aciclovir, apesar de o vírus pertencer a família herpes. Eritema infeccioso Introdução: trata-se de uma erupção exantemática com apresentação clínica dividida em 3 fases. ● É mais comum em crianças. ● Etiologia: parvovírus B19. Epidemiologia: ● Acomete igualmente ambos os sexos. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Pode atingir qualquer idade, mas é mais comum em crianças e adolescentes. Fisiopatologia: 1. Infecção pela via aérea. 2. Período de incubação de 10 dias. 3. Formação de anticorpos / imunocomplexos, depositados nos tecidos → esse é o motivo do início da sintomatologia.○ Nas outras doenças exantemáticas, a disseminação pela viremia que causa diretamente os sintomas. Quadro clínico: ● Após o período de incubação, há o período prodrômico, com sintomas gripais leves (costumam passar despercebidos) → após 7-10 dias há cura ou evolução para os achados cutâneos. ● Evolução cutânea clássica em 3 estágios: 1. Exantema facial na região malar → “cara esbofeteada” e “cara de palhaço”. 2. Erupção exantemática predominante em extremidades, principalmente em regiões palmoplantares → pode haver prurido. 3. Clareamento do eritema da extremidade, causando um aspecto rendilhado característico. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Presença de artralgia. ● Em adultos: não costuma haver quadro cutâneo, geralmente há poliartralgia súbita, principalmente em mulheres. ● Complicação: crise de aplasia de medula (é raro). Diagnóstico: é essencialmente clínico. ● Confirmação diagnóstica: para casos de maior risco, como na gravidez e em imunossuprimidos. Através de: ○ Sorologia IgM para parvovírus B19. ○ Exames de biologia molecular (PCR). Tratamentos: ● Não é necessário um tratamento específico. ● Uso de sintomáticos, como com anti-histamínicos, para alívio do prurido, e analgésicos sem ácido acetilsalicílico, para as dores articulares. Mão-pé-boca Introdução: é um dos subtipos das enteroviroses, que cursa com lesões puntiformes vesicopetequiais, em mãos, pés e boca. ● Etiologia: coxsackievirus A16, A5, A7 e A9 ou enterovírus 71. Epidemiologia: ● Pode acometer qualquer idade, mas é mais frequente e crianças. ● Não há predileção por sexo. Fisiopatologia: ● Contágio pelo contato direto com secreções, por perdigotos aéreos, de forma oral-oral e fecal-oral. Quadro clínico: ● Período de incubação de 5 dias. ● Pródromo de 2 dias, com sintomas gripais leves, principalmente dor de garganta. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Início das lesões, em forma de vesículas sobre base eritematosa, na cavidade oral. ● Após alguns dias começam as lesões em extremidades (principalmente nas mãos), que podem ser ausentes (principalmente em adultos). ○ Outros locais acometidos: nádegas e braços. ● Resolução espontânea em 7 a 10 dias. ● Complicações: (principalmente causadas pelo enterovírus 71) pneumonia, meningoencefalite e miocardite. Diagnóstico: é essencialmente clínico. ● Confirmação diagnóstica: isolamento do vírus por biópsia da vesícula ou das mucosas, ou por PCR. Tratamento: ● O tratamento é apenas de suporte, com sintomáticos principalmente pela dor das lesões orais e de faringe, que dificultam a deglutição. ● Não é necessário realizar isolamento. Molusco contagioso Introdução: ● Infecção benigna, crônica e localizada da pele, causada por vírus com tropismo pela pele, sendo de alta contagiosidade. ● Etiologia: vírus da família dos poxvírus. Epidemiologia: ● Mais comum em crianças. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Há piora do quadro no inverno, pela quebra da barreira cutânea associada a xerose. Fisiopatologia: ● Contaminação por contato direto ou por fômites (objetos pessoais). Quadro clínico: ● Lesões: pápulas normocrômicas de conteúdo translúcido, umbilicadas e isoladas. ○ As pápulas podem surgir em qualquer local, mas poupam as regiões palmoplantares. ○ Caso as lesões sofram inflamação, pode haver prurido. ○ As lesões não ultrapassam 0,5 cm em pessoas sadias, mas em imunossuprimidos podem chegar a 2 cm. ● Pacientes imunodeprimidos tem um quadro mais grave, com lesões gigantes e numerosas. ● Em adultos, as lesões podem acometer os genitais, sendo considerada uma IST. Diagnóstico: é essencialmente clínico. ● Confirmação diagnóstica: exame anatomopatológico. Tratamentos: ● Utilização de ácidos, curetagem, eletrocoagulação e criocirurgia com nitrogênio líquido → para remoção as lesões. ○ Não é consenso e não há estudos para a curetagem como tratamento. Verrugas Introdução: ● Presença de lesões benignas, contagiosas e restritas à epiderme. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Etiologia: papilomavírus humano. Epidemiologia: ● Ocorre em qualquer faixa etária, sendo mais comuns nas crianças e mais raras nos idosos. ● Não tem predileção por sexo. Quadro clínico: ● Verrugas vulgares: pápulas ceratósicas normocrômicas com pontos escuros em sua superfície (pontos escurecidos = trombose de vasos superficiais). ○ Costumam ser assintomáticas, mas se acometem os pés elas podem ser dolorosas. ● Variações dos tipos: ○ Verrugas filiformes → mais alongadas e afinadas. ○ Verrugas plantares (“olho de peixe”) → calos rígidos no calcanhar ou no pé. ○ Verrugas planas → mais achatadas. ■ Comum na região genital. ○ Verrugas periungueais → verrugas ao redor das unhas (são de difícil tratamento). @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Obs: caso a verruga tenha coloração acastanhada, são chamadas de “papulose bowenoide”, lesões pré-malignas para carcinoma espinocelular. Diagnóstico: é essencialmente clínico. ● Confirmação diagnóstica: biópsia com exame anatomopatológico, que pode ser seguida com tipagem do DNA do vírus com biologia molecular. Tratamento: ● Irritantes locais, com ácidos salicílico e láctico, podofilina, cantaridina e outros. ● Métodos destrutivos: cauterização química com ácido tricloroacético (ATA), eletrocoagulação e criocirurgia com nitrogênio líquido. Vacinação: ● Vacinação quadrivalente gratuita contra o HPV, contra os tipos 6, 11, 16 e 18. ● Idades de maior eficácia da vacinação: ○ Meninas de 9 a 14 anos. ○ Meninos de 11 a 14 anos. Papulose bowenóide Introdução: ● São lesões pré-malignas para carcinoma espinocelular, consideradas CEC in situ que tem a proliferação em extensão. ● As lesões atingem até vários centímetros, mas não costuma haver invasão na derme. Epidemiologia: ● É mais comum em idosos, mas não há diferença entre os sexos. Fisiopatologia: ● Está diretamente relacionda por nados pelos raios UV. ● Outras causas relacionadas: radiação X, pela contaminação com arsênio. Quadro clínico: ● Lesões: placas eritemato-escamosas com bordas definidas, de contornos irregulares e assintomáticas. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Pode ter 1 ou mais centímetros de extensão. ○ São encontradas em qualquer região cutânea e mucosa. ○ Na mucosa genital masculina, é conhecida como eritroplasia de Queyrat. ● O risco de metastização é muito baixo. Diagnóstico: ● Único exame diagnóstico: anatomopatológico. ○ Evidencia a displasia de queratinócitos na epiderme. ○ Raramente há invasão da derme. Diagnósticos diferenciais: ● Psoríase, ceratose actínica, doença de Paget e carcinoma basocelular superficial. Tratamento: ● Excisão simples → é a primeira opção em lesões pequenas (deve-se evitar face e os dedos). ● Outros: curetagem com eletrocoagulação, crioterapia com nitrogênio líquido e radioterapia. ● Tratamentos clínicos: 5-fluoruracila tópica e imiquimode em creme. ● Terapia fotodinâmica. @p�sitivamed