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Doenças Oportunistas Vivianne Beatriz – Infectologia 7P – Medicina UFAL São doenças que se apresentam no paciente com HIV com localização aberrante, duração exagerada ou demora/ausência de resposta ao tratamento de escolha. OPORTUNISTAS GASTROINTESTINAIS Candidíase Oral · Candida albicans é o agente etiológico mais comum; · Em geral aparece em pacientes com CD4 < 200; · "A AIDS está chegando" · Diagnóstico CLÍNICO: lesão típica (exsudato branco, removível, com base eritematosa, indolor), localizada em raiz de dente, língua e úvula; · Pode se apresentar com queilite angular e pápulas eritematosas na mucosa; · Pode ser feito exame direto de raspado superficial a fim de identificar pseudo-hifas; · Tratamento: · Forma leve/moderada: Fluconazol 100mg VO 1x ao dia durante 7-14 dias + Nistatina suspensão oral 1ml em cada canto da boca, gargarejar e engolir 4-5x ao dia; Leucoplasia Pilosa · Está associada com replicação do EBV; · Aparece em pacientes com 400 > CD4 > 200; · "A AIDS está chegando" · Lesão branca não exsudativa, não removível com espátula, geralmente na borda lateral da língua e na mucosa bucal subjacente, podendo se estender para o dorso da língua em casos mais graves; · Semelhantes à pelos; · Sangra se tentar arrancar; · Os títulos para EBV podem estar aumentados; · Não é uma lesão pré-neoplásica!!! · Tratamento: melhorar a imunidade! Se for muito dolorosa, pode usar xilocaína spray. Esofagite por Candida · É mais grave do que a candidíase oral; · Está presente especialmente em pacientes com CD4 muito baixo (< 200); · Tem como sintomas a dor retroesternal difusa, disfagia e/ou odinofagia, geralmente sem febre; · Suspeição: candidíase oral + odinofagia + imunossupressão; · Para fechar diagnóstico é necessário realizar EDA: o tratamento empírico antes da EDA pode ser feito; · Tratamento: fluconazol IV por 14 dias ou itraconazol VO. Paciente com ODINOFAGIA: pensar primeiramente em CANDIDA! Esofagite por CMV · O diagnóstico é feito por suspeição clínica; · CD4 < 100 · O reaparecimento de IgM ou aumento de IgG fecham diagnóstico; · Principal sintoma: odinofagia; · Para fechar diagnóstico é necessário realizar EDA; · A EDA é principalmente indicada para casos que apresentem persistência de sintomas após tratamento antifúngico, a fim de investigar outras causas de esofagite. · Achado clássico: úlcera única de grande dimensão (>2cm); · Se não tratada, pode evoluir com fístulas traqueoesofágicas: paciente não pode comer nem beber água!!! GRAVE; · Paciente tem que comer por sonda nasogástrica; · Tratamento: Ganciclovir 5mg/kg IV 12/12h por 14-21 dias; ou Foscarnet (caro!) · Ganciclovir é mielotóxico! · IBP também é usado para diminuir a produção de HCl; · A melhor forma de prevenir a reativação ou infecção por CMV é instituir a TARV e manter CD4 > 100. Não se recomenda tratar viremia na ausência de lesão orgânica! Esofagite por Herpes · Suspeição: CD4 < 100 + história de herpes simples tipo 1 ou 2 em algum momento da vida; · O reaparecimento de IgM ou aumento de IgG fecham diagnóstico; · Se não consegue diferenciar as lesões pela EDA, trata tanto para herpes quanto para CMV; · Para fechar diagnóstico é necessário realizar EDA: lesão sangrante, em moldura, relevo e sulco no meio; · Não sangra nas fezes; · Tratamento: Aciclovir IV. Colite por CMV · CD4 < 100 + história de infecção por CMV + perfuração intestinal; · Apresenta trofismo pelo ceco, podendo atingir até o reto; · Clínica: diarreia crônica, dor abdominal, perda ponderal e anorexia; · Em alguns casos a clínica pode simular colecistite, apendicite, peritonite... · O reaparecimento de IgM ou aumento de IgG fecham diagnóstico; · Fechar diagnóstico: colonoscopia e biópsia + histopatológico; · Lesões ulceradas; · Biópsia mostra inclusões intranucleares (olhos de coruja) e intracitoplasmáticas; · Pode evoluir para fístula vesico/uretrorretais; · Deve-se investigar também coexistência de retinite!!! · Tratamento: Ganciclovir IV ou Foscarnet (caro!) Criptosporidíase · Etiologia: Cryptosporidium ssp (parvum) – protozoário; · A contaminação é por veiculação hídrica; · Gosta de acometer intestino delgado, íleo e colo transverso; · Quadro autolimitado em imunocompetentes; · Quadros mais graves: CD4 < 100; · Em imunossupressos, causa diarreia crônica (> 8 evacuações/dia, durante 20-30 dias) – a diarreia é parecida com a da cólera! · Outros sintomas: náuseas, vômitos, dor abdominal em cólica, desidratação e caquexia; · A doença pode se expandir para a árvore biliar, causando colangite ou colecistite alitiásica; · Leva a síndrome disabsortiva, ou atapetamento da luz intestinal; · Diagnóstico: pesquisa de cryptosporidium nas fezes (oocistos); · Em casos de suspeita de colangites: USG e CPRE; · Tratamento: nitazoxanida (Anita) até 2g/dia + TARV · Em alguns casos também pode fazer antidiarreicos (Imosec), mas é melhor não fazer! Isosporidíase · Isospora belli; · CD4 < 100 · Sintomas: dor em cólica, febre, perda ponderal e diarreia crônica (semelhante a crypto) · Também leva a síndrome disabsortiva; · Diagnóstico: pesquisa de isospora nas fezes; · Os oocistos são cerca de 5x maiores do que os de Crypto; · Tratamento: Sulfa + trimetroprim (800+160, de 12/12h por 14-21 dias), juntamente com TARV para melhorar a imunidade. Microsporidíase · CD4 < 100; · Não se sabe de onde veio nem pra onde vai; · Clínica: fezes líquidas com ou sem muco + sangue/pus + dor abdominal; · Não apresenta febre ou anorexia; · Diagnóstico definitivo: microscopia eletrônica (o microorganismo é intracelular obrigatório, o que dificulta o diagnóstico pelo exame de fezes com microscopia convencional); · Pode se disseminar para outros sítios extraintestinais (olhos, fígado, SNC, músculos); · Tratamento: Melhora da imunidade com TARV + tratamento de suporte · Albendazol 400mg 2x/dia pode ajudar a desmirfugar (não trata a doença!). Nas diarreias por cryptosporidium, isospora e microsporidium, a mucosa está destruída, por isso é importante iniciar a TARV de imediato. OPORTUNISTAS RESPIRATÓRIOS · Em pacientes com quadro respiratório, deve-se avaliar a evolução clínica, nível de CD4 e linfócitos totais; · Exames úteis: Rx e TC de tórax, gasometria, Desidrogenase Láctica (DHL), escarro e PCR; · Quadro respiratório subagudo + hipoxemia + infiltrado intersticial = pneumocistose! Pneumonia bacteriana · Pneumonias bacterianas de repetição (2-3x por ano) tendem a acometer pacientes com HIV e CD4 < 300; · O agente etiológico mais comum é o pneumococo; · O risco de pneumonia por S. aureus e P. aeruginosa está aumentado na vigência do HIV; · Quadro de tosse produtiva com escarro purulento, com duração de 3-5 dias; · Apresenta leucocitose; · DHL e hipoxemia são variáveis; · Rx: distribuição focal, em geral unilateral, segmentar/lobar. Padrão alveolar com 25-30% de acometimento de derrame pleural; Pneumocistose · Pneumonia pelo fungo Pneumocystis jirovecii; · CD4 < 200; · Simula uma doença da membrana hialina; · Quadro clínico: curso arrastado por semanas, febre, fadiga, tosse seca (ou com pouco escarro claro), dispneia aos esforços, dor torácica retroesternal, taquicardia e perda ponderal; · A ausculta respiratória só está alterada em 1/3 dos casos; · Ocorre a formação de um exsudato alveolar espumoso, o que impede a troca gasosa: DISPNEIA e HIPOXEMIA (PaO2 < 70mmHg)! · Exames complementares: · O Raio X pode ser normal em fases precoces, ou pode apresentar infiltrado intersticial peri-hilar bilateral e difuso; · TC de tórax mostra um padrão em "vidro fosco" ou "pneumonite"; · DHL está muito aumentada (> 500), o que representa um prognóstico ruim (maior reação inflamatória); · Diagnóstico definitivo: broncoscopia ou lavado alveolar (visualização direta do fungo), ou biópsia; · Indivíduos que fazem uso de pentamidina inalatória como profilaxia de PCP estão sob risco de desenvolver pneumocistose em outros sítios, como otite pelo P. jirovecii; · A presença de derrame pleural e/ou adenomegalia intratorácica sugerem outros diagnósticos, como TB, sarcoma de Kaposi, linfoma, infecção fúngica...; ·Tratamento: · Droga de primeira escolha: Sulfametoxazol-Trimetroprim EV durante 21 dias; · Associar corticoide, com o intuito de desinflamar a parede alveolar e melhorar a troca gasosa (prednisona); · Segunda escolha: clindamicina + primaquina; · Não se deve iniciar TARV de início! · Pode haver uma piora nos primeiros dias de tratamento, mas isso não necessariamente significa falha terapêutica: deve-se aguardar uma melhora por volta do 5º dia de ATB; · É preciso manter profilaxia secundária até o CD4 > 200 por um período de ≥ 3 meses em resposta à TARV; Tuberculose Pulmonar Tuberculose pulmonar é uma doença definidora de AIDS, e não uma doença oportunista!!! · Todo paciente com TB deve ser testado para HIV; · TB cavitária pulmonar não fecha diagnóstico de AIDS, mas a TB pleural, miliar, disseminada, neuroTB e extrapulmonar fecham; · A pesquisa de febre, sudorese noturna, emagrecimento e/ou tosse, independente da duração, deve ser avaliada nas consultas de rotina de pacientes com HIV; · Pode ser pulmonar ou disseminada, o que vai definir isso é o valor do CD4; · O HIV propicia a TB devido diminuição da imunidade e por ser uma doença sistêmica e disseminada; · Pacientes HIV + que não apresentam sinais e sintomas para TB devem realizar o PPD uma vez ao ano; · TB latente: PPD ≥ 5mm (forte reator para imunosupresso). Fazer quimioprofilaxia com Isoniazida diária durante 6 meses, apenas uma vez na vida (pode associar vitamina B6 para prevenir a neuropatia por isoniazida); · O tratamento para ILTB reduz a incidência de TB e reduz mortalidade em pacientes HIV +; · Quadro clínico: · CD4 mais alto se associa com forma pulmonar apical cavitária; · CD4 mais baixo se associa com formas pulmonares atípicas (infiltrados em lobos inferiores, adenopatia hilar...), formas extrapulmonares ou disseminadas (TB miliar); · Diagnóstico · TB PULMONAR: TRM + baciloscopia + cultura de escarro (esse último não serve para dar diagnóstico devido a demora); · TB EXTRAPULMONAR OU DISSEMINADA: TRM + cultura + biópsia + TS · TRM tem 99% de especificidade para TB; · Baciloscopia é útil para TB multirresistente; · Rx: podem ter cavitações; · Cavitações revelam que ainda existe imunidade celular; · Na TB miliar ainda existe um pouco de imunidade, por isso existem alguns focos de cavitações pequenas; · A TB extrapulmonar disseminada revela uma imunossupressão acentuada; · Tratamento · Esquema geral: RIPE (Rifampicina, Isoniazida, Pirimetamina e Etambutol), durante 6-9 meses; · RIPE nos 2 primeiros meses, e depois segue com RI por 6 meses se for TB pulmonar, ou por mais 10 meses se for neuroTB; · Evitar combinar IP e Rifampicina: rifampicina reduz os níveis séricos dos IP; · Nunca iniciar a TARV e a RIPE simultaneamente!!! Aumenta o risco de Síndrome da Reconstituição Imune (SRI); · A TARV de escolha é TDF/3TC/EFV ou RAL, e pode ser iniciada 2-8 semanas após o início dos tuberculostáticos; · Se CD4 < 50, não se deve demorar muito para começar a TARV; · Em casos de meningoencefalite tuberculosa, a TARV só deve ser iniciada após 8 semanas de tratamento com RIPE; · Monitorar as transaminases ao longo do tratamento; · Corticoides podem ajudar a diminuir a resposta inflamatória. Histoplasmose · Causada pelo fungo Histoplasma capsulatum; · A infecção se dá por inalação de esporos presentes no solo; · Em geral ocorre com CD4 < 200; · CD4 < 150 aumenta a chance de histoplasmose disseminada; · A pneumonia é a principal forma de apresentação, com característica de infiltrado reticulo-nodular difuso; · Parece com a PCP; · Principais sintomas: febre, perda ponderal, lesões de pele e boca que se iniciam como pápulas e progridem para nódulos umbilicados e úlceras, hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia, pancitopenia e alterações pulmonares diversas; · Causa POUCA DISPNEIA, e NÃO FAZ IMAGEM EM VIDRO FOSCO RICO; · Diagnóstico: · Padrão ouro: Cultura de medula/sangue, biópsia das lesões e histopatológico; · Pode ser feito sorologias, pesquisa de antígeno e pesquisa molecular; · Tratamento: · Tratamento inicial (pelo menos por duas semanas): anfotericina B lipossomal; · Tratamento de consolidação e manutenção: itraconazol Paracoccidioidomicose · Causada pelo fungo Paracoccidioides sp; · A infecção primária em geral é assintomática, porém focos residuais de leveduras podem levar a uma reativação na vigência de imunossupressão; · CD4 < 200 · A imunossupressão pode levar a uma sobreposição de formas clínicas; · Quadro clínico: lesão pulmonar em asa de borboleta (infiltrado retículo-nodular bilateral), úlceras orais, linfonodomegalia, hepatoesplenomegalia e lesões cutâneas; · Diagnóstico · Cultura de medula/sangue, biópsia de lesões e histopatológico; · Exame micológico direto, a fim de identificar leveduras típicas, de amostra de lesões de pele, mucosa, escarro, aspirado de linfonodos e abscessos subcutâneos; · Tratamento · Tratamento inicial: anfotericina B lipossomal; · Tratamento de manutenção: itraconazol · Iniciar TARV 2-6 semanas após, ou assim que se perceba melhora do quadro; · Se CD4 se mantiver < 200: fazer profilaxia com itraconazol; OPORTUNISTAS DERMATOLÓGICOS · Sarna crostosa: gosta de áreas de dobras. Tratamento: benzoato de benzila + permetrina, ou ivermectina, + TARV; · Líquen plano é muito comum em paciente HIV +. É muito malcheirosa; · Infecções fúngicas de pele de repetição: histoplasmose, paracoco, blastomicose; · Herpes simples deve ser autolimitada: máximo 10 dias! Geralmente acomete sempre o mesmo lugar; · Impetigo¹, ectima² e furunculose³ também pode acometer pacientes com HIV; · Furunculose trata com drenagem. Descolonização para > 3 casos de furunculose no ano: cefalotina ou cefalexina + ácido fusídico (verutex) nas narinas, áreas inframamárias, virilhas e linha interglútea; · Erisipela de repetição: fazer profilaxia secundária se > 3 casos no ano, com penicilina G benzatina 1.200.000 UI a cada 28 dias durante 5 anos; · Criptococose de pele: associada com cripto no SNC ou no pulmão. Dermatite Seborreica · Miscelânia de fungos de pele; · Tende a ser mais grave quanto menor for o CD4; · Caracteriza-se pelo surgimento de placas eritemato-descamativas em áreas ricas em glândulas sebáceas (centro da face, ouvido externo, couro cabeludo, tronco superior e regiões intertriginosas; · Pode ser uma manifestação da SRI; · Tende a melhorar com a introdução da TARV; · Tratamento de escolha: cetoconazol shampoo, AAS e sulfeto de selênio; · Se as lesões perduram por > 30 dias: tratamento com hidrocortisona tópica. Herpes Simples · Tende a ser crônico e recorrente na AIDS, com lesões mais graves: grandes áreas de ulceração confluente e dolorosa; · O herpes simples mucocutaneo com duração > 30 dias é considerado uma doença definidora de AIDS! · HS 1 geralmente causa herpes labial, gengivoestomatites e faringotonsilites, enquanto o HS 2 causa herpes genital; · Assim como a varicela, após a primo-infecção os vírus permanecem latentes nos gânglios, podendo recorrer em casos de imunossupressão; Herpes Zoster · Reativação do vírus da varicela; · Varicela não livra nenhuma região do corpo, e quanto mais velha a pessoa, pior o quadro; · Causa lesões cutâneas maculopapulares, que evoluem para vesículas, bolhas e crostas; · Tem distribuição em um dermátomo; · Causa dor; · Quando a vesícula aparece antes da dor, o prognóstico é melhor!!! · Tratamento: controle da dor! · Aciclovir + prednisona + analgésico potente e/ou analgésico para dor neuropática (pregabalina, amitriptilina, gabapentina); · Existe vacinação disponível na rede privada; · A neuralgia pós-herpética tende a ser mais frequente em pacientes com AIDS; OPORTUNISTAS NEUROLÓGICOS Neurotoxoplasmose · Principal etiologia de lesão cerebral com efeito de massa no paciente HIV+; · CD4 < 100 · Em geral os pacientes são portadores de infecção latente, e acabam desenvolvendo abscessos necrosantes no parênquima cerebral pela recrudescência de cistos teciduais de T. gondii; · Pacientes HIV+ e com IgG anti-toxo negativo devem ser orientados quanto as formas de prevenção primária; · Quadro clássico:cefaleia, déficits neurológicos focais, febre, alterações no estado mental e convulsões; · A TC de crânio com contraste mostra lesões focais com centro hipodenso e captação anelar (periférica) de contraste, com um importante edema associado, predominantemente nos núcleos da base e região periventricular/occipital; · Devido a sua elevada morbimortalidade, a biópsia cerebral só é indicada para os pacientes que não respondem após semanas de tratamento; · Diagnóstico diferencial: linfoma 1º do SNC e neuro chagas · Tratamento: sulfa + trimetroprim · Alternativa 1: sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico · Alternativa 2: clinda + pirimetamina + ácido folínico · Período de indução: 6 semanas · Período de manutenção: varia de acordo com o paciente · Pode fazer dexametasona durante os 5 primeiros dias para tentar diminuir a inflamação e edema perilesional · Evitar TARV na fase aguda da doença · Pacientes com CD4 < 100 e IgG positivo devem receber quimioprofilaxia até CD4 > 200; Toxoplasmose ocular · Lesão necrótica na região ocular com aumento da vascularização, com algumas lesões satélites já necrosadas; · Poupa a mácula; · Não tem feito de hipertensão intraocular; Meningite criptocócica · Principal causa de meningite na AIDS; · Neoformans é mais comum no imunosupresso do que o gatti; · CD4 < 100 · Caracteriza-se por um quadro subagudo em que o doente evolui ao longo de dias ou semanas com HIC brutal: cefaleia intensa, febre, náuseas e vômitos, fotofobia, rebaixamento do nível de consciência; · O microorganismo em geral fica localizado no plexo coroide, por isso a HIC; · Pode causar sinais de irritação meníngea discretos; · A neurocripto também pode se manifestar como um criptococoma: tumoração parenquimatosa com efeito de massa; · Também acomete pulmão e pele; · Líquor · Bioquímica: celularidade normal ou baixa, proteinorraquia e glicose baixa; · Para identificar o microorganismo, é preciso solicitar o exame em TINTA DA CHINA; · Hipertensão liquórica significativa! · Cultura liquórica é positiva; · Teste do látex (detecção do antígeno) também pode ser feito; · Tratamento · Anfotericina para indução + Fluconazol para consolidação e manutenção quando CD4 > 200; · O início da TARV deve ser adiado em casos de HIC, e deve tentar fazer punção de alívio; Meningite tuberculosa · Meningoencefalite com evolução subaguda; · Para ter meningite tuberculosa, o paciente deve ter tuberculose em outro sítio; · Para fechar diagnóstico, outras patologias devem ser excluídas; · Quadro clínico: febre moderada, sinais meníngeos, convulsão e rebaixamento do nível de consciência; · Na TC contrastada: presença de tuberculomas; · Pode ser feito TRM no líquor; · Líquor: · Dissociação proteino-citológica; · Predomínio de linfócitos mononucleares; · Glicose diminuída; · Proteínas aumentadas; · Diagnóstico definitivo: cultura de líquor (demora muito); · Tratamento · RIPE durante 2 meses + RI durante 10 meses + corticoide nos 2 primeiros meses; Encefalite e retinite por CMV · Encefalite · Confusão mental, rebaixamento do nível de consciência, sonolência, alteração da marcha, fotofobia, mal-estar; · Líquor com características virais; · O exame de imagem não mostra alterações; · Pode ser feito sorologia para CMV; · Tratamento: ganciclovir · Profilaxia secundária deve ser instituída até que o CD4 > 100: se o paciente tem condições, fazer valganciclovir VO; se não tem, pedir para ele retornar semanalmente para fazer ganciclovir EV; · Retinite · CD4 < 50; · Quadro clínico: perda visual progressiva e indolor, podem surgir escotomas; · CMV é um dos principais agentes causadores de cegueira em pacientes com AIDS; · A fundoscopia mostra necrose retiniana; · Tratamento: ganciclovir; · Profilaxia secundária deve ser instituída até que o CD4 > 100: se o paciente tem condições, fazer valganciclovir VO; se não tem, pedir para ele retornar semanalmente para fazer ganciclovir EV; Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP) · Causada pelo vírus JC; · CD4 < 50 · Causa desmielinização da substancia branca subcortical; · O quadro clínico é caracterizado por déficits neurológicos focais sucessivo e cumulativos, podendo haver também alteração do nível de consciência e crises convulsivas; · NÃO GERA QUADRO AGUDO (febre, cefaleia, náuseas...) · O diagnóstico é confirmado pela detecção do vírus JC no líquor por PCR, associado a presença de múltiplas lesões desmielinizantes na substancia branca das regiões occipitais e parietais do cérebro; · Na TC de crânio as lesões são hipodensas e não captam contraste; · Não há tratamento: deve se restaurar a competência imunológica com TARV; Linfoma primário do SNC · Causado pelo EBV: transforma as células B em células tumorais; · Em geral acomete pacientes com CD4 < 50; · Quadro clínico: déficits neurológicos focais, cefaleia; · A TC de crânio mostra a presença de poucas lesões de caraterísticas focais com efeito de massa, edema perilesional e captação anelar de contraste; · Tende a se localizar na região frontal; · Líquor está NORMAL; · PCR é positivo para EBV; · O tratamento é feito com radio e/ou quimioterapia; · A sobrevida de pacientes com linfoma primário é baixa. DOENÇAS DISSEMINADAS · Sarcoma de Kaposi · Relacionado ao herpes vírus 8; · Pápulas eritematosas com fundo roxo; · Mais comum em homens que fazem sexo com homens; · Prefere mucosa anal; · CD4 < 50 · Se há suspeita, deve ser feito: EDA, broncoscopia e colonoscopia; · Pode ser a primeira manifestação da AIDS; · Tratamento: radioterapia local, quimioterapia local, cauterizações, quimioterapia EV, TARV também; · TB miliar · Ocorre quando a doença progride devido a baixa imunidade; · CD4 baixo; · Tratamento igual (RIPE) · Citomegaloviroses · CMV disseminada; · Micobacterioses atípicas (Complexo MAC) · CD4 < 50 · Causam quadros específicos a depender dos microorganismos; · Padrão ouro: cultura; · O que vai ajudar de verdade é melhorar a imunidade; · Candidíase sistêmica SINDROME DA RECONSTITUIÇÃO AUTOIMUNE - SRI · Nos primeiros meses de TARV, o paciente pode vir a apresentar, junto com a melhora clínica e imunológica, uma exacerbação de condições clínicas ou reativação de doenças; · A SRI tende a ser pior quando a TARV é instituída com CD4 < 100; · O paciente tende a desenvolver as mesmas doenças as quais estaria propenso naquela faixa de CD4 sem o uso de TARV, porém estas não são mais chamadas de doenças oportunistas, mas sim de SRI; · Pode ocorrer um desenvolvimento precoce de reação às drogas utilizadas para tratamento das doenças que vão surgindo ao longo da ressuscitação imunológica com a TARV; · A SRI tende a reativar doenças preexistentes naquele paciente; · Ao longo da ressuscitação imunológica, o paciente diminui a chance de desenvolver doenças com CD4 abaixo do que ele se apresenta no momento; · O início da TARV não deve ser postergado por receio de ocorrência da SRI, muito menos suspenso ao longo da ressuscitação imunológica; · Deve-se tratar o paciente conforme ele for apresentando as patologias; * TUBERCULOSE PODE DAR EM QUALQUER VALOR DE CD4!
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