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2 Sumário CAPA ROSTO INTRODUÇÃO Capítulo 1 - ORIENTAÇÕES PRELIMINARES 1. Justificativas e sugestões sobre o tema de cada dia do tríduo 1.1 Primeiro dia: A vida da Igreja 1.2 Segundo dia: A vida do(a) santo(a) padroeiro(a) da paróquia e/ou comunidade 1.3 Terceiro dia: A vida da Comunidade 2. Ambientação do tríduo 2.1 O espaço da celebração 2.2 Que símbolos colocar nesse espaço 2.3 Como disponibilizar os símbolos no espaço d) Os gestos e posturas Capítulo 2 - PRIMEIRO DIA (VER): A VIDA DA IGREJA 1. Objetos e símbolos a serem providenciados para o primeiro dia do tríduo 1.1 Espaço da celebração 1.2 A acolhida 1.3 Momento penitencial 1.4 Recordação da vida 1.5 Momento de louvor 1.6 Liturgia da Palavra 1.7 Profissão de Fé 1.8 Preces 1.9 Ofertório 1.10 Pai-nosso 1.11 Comunhão 1.12 Ação de graças 1.13 Ritos finais Capítulo 3 - SEGUNDO DIA (JULGAR): - A VIDA DO(A) PADROEIRO(A) - DA PARÓQUIA OU COMUNIDADE 1. Objetos e símbolos a serem providenciadospara o segundo dia do tríduo 1.1 Espaço da celebração 1.2 A acolhida 1.3 Momento penitencial 1.4 Recordação da vida 3 kindle:embed:0002?mime=image/jpg 1.5 Momento de louvor 1.6 Liturgia da Palavra 1.7 Profissão de fé 1.8 Preces 1.9 Ofertório 1.10 Pai-nosso 1.11 Comunhão 1.12 Ação de graças 1.13 Ritos finais Oração final Bênção final e envio Capítulo 4 - TERCEIRO DIA (AGIR): A VIDA DA COMUNIDADE 1. Objetos e símbolos a serem providenciadospara o terceiro dia do tríduo 1.1 Espaço da celebração 1.2 A acolhida 1.3 Momento penitencial 1.4 Recordação da vida 1.5 Momento de louvor 1.6 Liturgia da Palavra 1.7 Profissão de fé 1.8 Preces 1.9 Ofertório 1.10 Pai-nosso 1.11 Comunhão 1.12 Ação de graças 1.13 Ritos finais Capítulo 5 - MISSA DO(A) PADROEIRO(A) (CELEBRAR) 1. Espaço da celebração e recomendações gerais 1.1 Acolhida 1.2 Ritos iniciais 1.3 Recordação da vida 1.4 Ato penitencial 1.5 Hino de louvor 1.6 Liturgia da Palavra 1.7 Profissão de fé 1.8 Preces 1.9 Ofertório 1.10 Liturgia eucarística 1.11 Pai-nosso 1.12 Abraço da paz 4 1.13 Cordeiro 1.14 Comunhão 1.15 Ação de graças 1.16 Ritos finais ORIENTAÇÕES CONCLUSIVAS BIBLIOGRAFIA COLEÇÃO CRÉDITOS 5 INTRODUÇÃO Este livro tem como objetivo auxiliar as paróquias na preparação espiritual da solenidade de seu padroeiro. Há muitas maneiras de preparar esse momento, dentre elas, os tríduos, as trezenas e as novenas, que antecedem a cerimônia religiosa em louvor ao(à) santo(a). Na hora de preparar esses eventos, nossas equipes de liturgia ou de preparação se deparam com a escassez de materiais que as orientem. Foi pensando nisso que elaboramos esse roteiro de sugestões para organizar um tríduo em preparação da festa religiosa do padroeiro da paróquia ou comunidade. Nesse caso, o tríduo significa três dias consecutivos de preparação espiritual, colocando a comunidade em clima de oração, através de um conjunto de celebrações que antecedem a grande festa ou solenidade da paróquia. Paróquias que, por ocasião da festa de seu padroeiro, promovem a preparação espiritual de seus fiéis, através de eventos como esse, têm grandes chances de celebrar melhor aquela que é uma das datas mais importantes de seu calendário. Portanto, este subsídio tem por finalidade ser uma ferramenta na preparação de um tríduo em louvor ao padroeiro. Para preparar um tríduo é preciso ter, antes, um tema, um método e um esquema. São esses três elementos que irão nortear o conjunto da celebração, conferindo aos fiéis que dela participam momentos litúrgicos de oração verdadeiramente conectados com a Igreja. Desse tema geral se desdobrarão outros três temas que formarão o conjunto da celebração, conferindo uma harmonia no seu conjunto. O subsídio ora proposto procura contemplar esses passos, através de um dos métodos mais eficazes que a Igreja da América Latina vem utilizando desde a Conferência de Medellín: o método “ver, julgar, agir e celebrar”. O primeiro dia deste tríduo tem como proposta, através do primeiro passo desse método, ver a realidade da Igreja, da qual é parte integrante a paróquia ou a comunidade – a Igreja centrada em Roma, na figura do Sumo Pontífice, o Papa, e que se estende até os confins da terra, chegando até nós, nos lugares mais recônditos ou longínquos de nosso país. Fazer presente na comunidade essa Igreja mãe, através da figura de seus dirigentes, de seus símbolos, documentos e orientações, faz com que os fiéis se sintam verdadeiramente membros da família de Jesus Cristo, que confiou a Pedro, representado pelo Papa, a missão de ser pedra que fundamenta essa mesma Igreja. É esse o principal objetivo desse primeiro dia do tríduo, ao colocar como tema para a reflexão dos participantes a vida da Igreja. 6 O segundo dia traz para a reflexão a vida do(a) santo(a) padroeiro(a). É hora de cada um, à luz das virtudes deste(a) santo(a), julgar a sua própria vida e a vida da comunidade. Julgar, aqui, não significa fazer julgamentos, mas avaliar como anda a nossa vida de batizados, de pessoas que, pelo batismo, foram chamadas à santidade. Propomos, neste segundo dia, tornar presentes todos os símbolos e virtudes do padroeiro. Toda oração estará envolta nesta temática, conduzindo, assim, os participantes a um verdadeiro momento de sintonia com Deus, iluminados por tão grandes virtudes. Um dos objetivos deste segundo dia é fazer com que os fiéis descubram suas virtudes, conformando sua vida à vida do padroeiro. A comunidade só tem a ganhar com isso. É momento, portanto, de conversão, de preparação para a ação. No terceiro dia, é a vida da comunidade que estará no centro das reflexões. É o momento de agir. É dia de celebrar a comunidade que se compromete com a construção do reino de Deus, através de suas pastorais, movimentos e associações. Através de pessoas que são agentes de pastoral, agentes de transformação, pessoas que procuram viver o batismo se doando pela paróquia. As dinâmicas e os símbolos propostos para esse terceiro dia devem resgatar a história da comunidade, bem como seu presente e suas perspectivas futuras. Com esse terceiro dia, o tríduo se encerra e a comunidade já estará preparada para celebrar, verdadeiramente, o dia do seu santo(a) padroeiro(a). O tríduo acabou, portanto é hora de vivenciar o quarto passo do método: celebrar o grande dia da paróquia. Para essa solenidade, colocamos neste roteiro uma série de sugestões que contemplam cada momento da missa, desde os ritos iniciais até os ritos finais. São dicas que poderão ajudar a equipe de liturgia a tornar a celebração mais dinâmica, explorando as riquezas dos ritos, gestos e símbolos que ajudam a celebrar melhor. Cada comunidade poderá adaptar, de acordo com sua realidade, as dicas aqui propostas. Este modelo de tríduo é dinâmico e não se esgota numa única vez. Tudo o que aqui é apresentado, é passível, a cada ano, de adaptações e mudanças, levando em conta não apenas a realidade de cada comunidade, mas, sobretudo, um fato que se repete todos os anos, que é a missa do padroeiro. Assim sendo, a comunidade poderá, a partir das sugestões aqui apresentadas e, sobretudo, do modelo e do método deste tríduo, inová-lo a cada ano, na ocasião desta festa. 7 Capítulo 1 - ORIENTAÇÕES PRELIMINARES Os tríduos têm como objetivo, entre outras coisas, preparar, espiritualmente, a comunidade para celebrar com ardor a festa do(a) padroeiro(a). São os três dias que antecedem a missa solene em homenagem aquele santo ou santa, que é o(a) patrono(a) da paróquia ou da comunidade. Os tríduos visam, também, chamar a atenção da comunidade, despertando nela o interesse não apenas para esse evento, mas mobilizando-a para a missão, estimulando, assim, o ardor missionário e o compromisso com a paróquia. É uma forma de evangelizar a partir da celebração e, por isso, é muito importante todo o empenho na preparação de um tríduo que tenha tal finalidade. Um tríduo mal preparado, ou organizado com desdém, pode afetar não apenas a participação na celebração da solenidade patronal, como também na vida da paróquia, porque as celebrações são como que a “alma” de uma comunidade eclesial.Se elas não são bem preparadas, com selo litúrgico, dedicação e fé, podem resultar no afastamento das pessoas. Em se tratando de uma solenidade do(a) padroeiro(a), isso se agrava ainda mais, porque a festa do(a) padroeiro(a) tem um significado especial no imaginário dos fiéis. Há muitas formas de se preparar um tríduo, e a comunidade, ou a equipe de liturgia, poderá escolher a que mais se adapta a sua realidade. Vale lembrar que a criatividade na organização desse evento é fundamental para a vida da paróquia. Assim sendo, fuja das repetições, das mesmices que muitos insistem em reproduzir por falta de criatividade ou mesmo por comodismo. Foi pensando nisso que preparamos esse roteiro, com uma inovadora sugestão de tríduo que é adaptável a qualquer paróquia ou comunidade, dentro ou fora do Brasil. Ele é passível de mudanças, alterações, adaptações e outros desdobramentos oriundos das diferentes realidades da nossa Igreja pelo mundo afora. Pode ser feito no meio urbano ou rural, em pequenas ou grandes cidades, bem como nos lugares mais longínquos em que duas pessoas ou mais estiverem reunidas em nome de Jesus Cristo para celebrar a festa de seu padroeiro(a). Para isso, basta seguir o arcabouço que aqui apresentamos como guia de organização e celebração do tríduo e adaptá-lo de acordo com o seu contexto religioso e cultural. Para organizar essa sugestão de tríduo, fizemos uso do conhecido e eficaz método “ver, julgar e agir”, acrescentando nele o quarto passo, tipicamente brasileiro, que é o 8 “celebrar”. Já que o objetivo desse tríduo é preparar uma solene celebra- ção, esse quarto passo não poderia ficar de fora. Porém, ele não corresponde ao tríduo, porque, como já vimos, tríduo significa três passos, ou, três dias ou celebrações consecutivas. O quarto passo é a festa, isto é, a solenidade propriamente dita. Aquele momento para o qual a comunidade se preparou através do tríduo. Por que aplicamos esse método para a organização de um tríduo? Aqui está a primeira novidade desse roteiro. O método “ver, julgar e agir”, comumente usado para eventos de estudos (assembleias, conferências e seminários), visa ajudar na reflexão da vida da comunidade, seguindo um raciocínio lógico e dialético que revisa, avalia e traça metas concretas para a vida da comunidade, resultando, assim, num processo dinâmico que faz a Igreja caminhar. Agora, usá-lo para um roteiro de orações e celebrações é algo novo. A novidade está em fazer desse momento oracional, de piedade popular, algo encarnado na realidade da Igreja e não apenas um momento de oração isolado, individual, desligado da vida da Igreja, da qual a paróquia ou comunidade faz parte. É uma forma de conciliar oração e ação, de forma crítica e construtiva, sem desmerecer ou negligenciar nenhuma das duas dimensões. Segundo o Documento de Aparecida, “este método implica contemplar a Deus com os olhos da fé através de sua Palavra revelada e o contato vivificador dos Sacramentos, a fim de que, na vida cotidiana, vejamos a realidade que nos circunda à luz de sua providência e julguemos segundo Jesus Cristo, caminho, Verdade e Vida, e atuemos a partir da Igreja [...]” (DA, nº 19). É essa Igreja, “Corpo Místico de Cristo e Sacramento universal de salvação”, que estamos celebrando quando preparamos e participamos deste modelo de tríduo ora apresentado. Assim sendo, procuramos distribuir didaticamente os temas, de modo que esse método fique evidente e contribua para fazer da comunidade paroquial um lugar privilegiado de experiência concreta de Cristo e de comunhão eclesial, como pede o Documento de Aparecida (nº 170). Assim sendo, procuramos distribuir os temas, como pede a lógica formal, partindo do geral para o particular. À vista disso, o primeiro dia do tríduo deverá ter como tema algo relacionado à Igreja universal, ou com algo proposto pelas Conferências do Episcopado Latino-Americano. É o momento de ver e rezar o conjunto da nossa Igreja e ver como nos comportamos dentro dela, no dia a dia da paróquia ou comunidade de que participamos. Para o segundo dia propomos que se reflita e reze a vida do santo ou santa padroeiro(a) da comunidade. Os santos têm uma grande importância na vida da Igreja, bem como na vida particular dos fiéis devotos. É o momento de julgar, isto é, 9 avaliar e rezar a nossa postura, enquanto cristãos, católicos dentro desta Igreja que tem como fundamento ou alicerce, depois de Jesus Cristo, um santo: São Pedro. Pedro, tido como primeiro Papa, representa uma das colunas da Igreja, a hierarquia eclesial que celebramos no primeiro dia. Neste segundo dia, a vida do santo padroeiro deve servir de modelo para a vida dos membros da comunidade, por isso a colocamos como tema geral desse segundo dia do tríduo, como veremos mais adiante. A partir desse arquétipo de santidade, a comunidade deve procurar viver a santidade pedida por Jesus Cristo, isto é, ser santo como nosso Pai celeste é santo (Mt 5,48). Assim, o segundo dia do tríduo se serve do padroeiro da comunidade para reavivar a santidade dos fiéis. O terceiro e último dia do tríduo traz como tema central a vida da comunidade. É dia de colocar os pés no chão da realidade concreta desta, na sua história, no seu dia a dia, isto é, no agir cotidiano da comunidade e, assim, de modo encarnado, rezar o nosso compromisso de discípulos e missionários, que faz da paróquia uma “célula viva da Igreja” (DA, nº 170). Por fim, chegamos ao grande dia, para o qual foram direcionados todos os esforços: o dia da solenidade do(a) padroeiro(a). Já não estamos mais no tríduo de preparação, mas na grande festa, no momento tão esperado. É hora de celebrar. À vista desse momento, colocamos, no final deste roteiro, algumas dicas de como preparar bem a liturgia dessa missa solene. São sugestões variadas, do início ao fim da missa, em cada uma das suas partes ou ritos. Cabe à comunidade escolher quais delas são mais condizentes consigo mesma e aplicá-las, podendo também adaptá-las ou modificá-las. 10 1. Justificativas e sugestões sobre o tema de cada dia do tríduo 11 1.1 Primeiro dia: A vida da Igreja Um tríduo, para ser bem organizado e levar as pessoas a celebrar de forma encarnada na realidade eclesial, deve ter, a cada dia, temas que falem em uníssono. No primeiro dia, é conveniente à comunidade celebrar com um tema geral que contemple a vida da Igreja, referente à Igreja da América Latina, tratado pelo CELAM, como sugerimos acima, ou à Igreja como um todo, e que esteja centrado nas orientações de Roma, como, por exemplo, o tema de alguma encíclica recente, de uma carta pastoral, um pronunciamento do Papa ou outra orientação que esteja em voga no momento. O mais importante é que o enfoque dado neste primeiro dia de celebração esteja voltado para a dimensão universal da Igreja, da qual faz parte a nossa paróquia ou comunidade que está em festa. O tema escolhido para o primeiro dia deve estar de acordo com o momento que a Igreja está vivendo, como, por exemplo, o que foi sugerido acima, que contempla a temática da V Conferência do Episcopado Latino-Americano. Portanto, a comunidade, ao se reunir para preparar um tríduo, deve levar em conta a realidade da Igreja e a escolha de um tema que se adapte a sua realidade, sem perder de vista, porém, o conjunto da Igreja. 12 1.2 Segundo dia: A vida do(a) santo(a) padroeiro(a) da paróquia e/ou comunidade O segundo dia deverá ter como tema a vida do(a) santo(a) padroeiro(a). Por que a vida do padroeiro? Porque é ela que vai nos trazer para o chão da nossa comunidade (no terceiro dia) e que fará a ponte entre aquilo que pede a Igreja universal (centrada em Roma) e a Igreja particular (diocese, paróquia e comunidade) em que estamos inseridos. Além disso, o santo servirá de referência ou modelo para julgarmos nosso agir cotidiano, como discípulos e missionários que buscam viver os mandamentos de Deus dentro de uma realidade eclesial concreta, no “hoje” da nossa história. Para esse segundo dia, escolha um tema que tenha a ver com a vida do santo ou um tema bíblicoque se refira à santidade, como, por exemplo: “Sede santo como vosso Pai celeste é Santo” (Lv 11,44 ou Mt 5,48). Há muitas traduções bíblicas que trazem, no lugar de “santo”, o termo “perfeito”. “Santo” e “perfeito” são, na verdade, sinônimos. Os santos são modelos de perfeição e todos nós, pelo batismo, somos chamados à perfeição. Poderá ser também um tema extraído da própria biografia do santo, da sua vida ou de uma de suas expressões mais conhecidas. A partir do tema, desenvolver uma reflexão que ajude as pessoas a se tornarem ainda mais discípulas e missionárias, comprometidas com a comunidade. As orientações para organizar esse segundo dia encontram-se mais adiante. Leia trechos da vida do padroeiro. Traga curiosidades sobre ela e disponha no espaço de modo que todos possam conhecer. Peça para as pessoas contar o que conhecem sobre a vida do santo. Coloque a imagem num lugar de destaque ou faça a entronização desta, de forma solene. Ornamente o local nesse dia com símbolos relacionados ao santo. Peça que pessoas com o nome do santo se manifestem e, em momento oportuno, prestem a elas homenagens. O objetivo desse segundo dia do tríduo é despertar em cada participante, através do exemplo de vida dos santos, o desejo de se santificar cada vez mais. 13 1.3 Terceiro dia: A vida da Comunidade O terceiro e último dia do tríduo deve ter como tema geral a vida da comunidade. Escolha um tema específico que fale com clareza e objetividade daquilo que se celebra nesse último dia. Por exemplo: “comunidade, lugar de perdão”; “comunidade que reza unida permanece unida”; “Comunidade, espaço de encontro com Deus e com os irmãos” ou outro que a equipe encontrar. Nesse último dia do tríduo, é a vida da comunidade, passado e presente, que é foco das reflexões e orações. A comunidade concreta, feita de gente, de lutas e conquistas que está sendo celebrada. É o momento de trazer presente toda a sua história e a história de gente que ajudou a construí-la. Os textos bíblicos desse dia devem falar da vida em comunidade e das diferenças existentes dentro dela, os distintos dons, que fazem da mesma um lugar de encontro e manifestação de Deus. Conte e peça para alguém contar fatos marcantes da vida da comunidade. Reúna fotos e disponha-as no espaço para que todos possam reviver sua história. Leia documentos antigos que falem da sua fundação e de acontecimentos importantes. Peça que alguém dê depoimentos que ajudem a rememorar a vida da comunidade. Faça presentes os acontecimentos dos últimos tempos, os atuais, enfim, tudo o que estiver envolto na vida da comunidade deve ser trazido e celebrado nesse último dia. 14 2. Ambientação do tríduo 15 2.1 O espaço da celebração O espaço onde vai ocorrer o tríduo é muito importante. Ele pode ser dentro da igreja, no salão paroquial da comunidade, numa sala escolhida pela equipe ou mesmo ao ar livre, ou em outro espaço que a comunidade achar conveniente. O que importa é como ele vai ser preparado para esse acontecimento. A preparação do espaço sempre deve ocorrer com antecedência, evitando que, na hora da celebração, haja preocupação ou desconcentração por causa da preparação do ambiente. Procure colocar os assentos (bancos ou cadeiras) em círculo. Essa posição dos assentos favorece que todos se vejam e evita, assim, que alguns fiquem muito afastados e não participem do tríduo como deveriam. Se for bastante gente, faça mais de uma fileira, mas mantenha sempre os assentos colocados na forma de círculo. Ornamente o espaço com os símbolos correspondentes a cada dia, conforme sugerimos abaixo. Tudo o que for colocado no espaço deve ter alguma coisa a ver com o tema celebrado nesse dia. Evite excessos ou sobrecarregar o espaço com coisas desnecessárias. O mesmo deve ser sóbrio, singelo, confortável e aconchegante, e que favoreça a concentração e oração dos participantes. 16 2.2 Que símbolos colocar nesse espaço Como o primeiro dia tem como tema geral a Igreja, procure disponibilizar no espaço símbolos que recordem a mesma, como, por exemplo, a bandeira do Vaticano, alguns documentos da Igreja (documentos das Conferências do Episcopado Latino- Americano: Rio de Janeiro, Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida), o Código de Direito Canônico, algumas Encíclicas ou outro documento. Não se esquecer da Bíblia, que deve estar presente todos os dias, não apenas como símbolo, mas como Palavra de Deus em que estará fundamentada toda a reflexão e oração. Crie um clima de oração com velas e flores, disponibilizando-as de modo que o espaço fique bonito e adequado para a celebração. Na hora de buscar os símbolos, use da criatividade litúrgica e acrescente na mesma outros que achar conveniente. 17 2.3 Como disponibilizar os símbolos no espaço Há muitas maneiras de disponibilizar os símbolos no espaço da celebração, e a equipe deve escolher a que mais se adapta à sua realidade e ao seu espaço. Fica bem estender no chão, no centro, uma toalha colorida, da cor do tempo litúrgico, por exemplo, ou alguma toalha artesanal feita por alguém da comunidade, como toalhas feitas de retalhos, de renda ou aquelas que são confeccionadas pelos indígenas latino- americanos, muito comuns na Bolívia, Peru e Equador. Fica a critério da comunidade escolher o tecido que irá forrar o local onde serão dispostos os símbolos. Se preferir, em vez de colocá-los sobre a toalha, no chão, coloque-os sobre uma mesa baixa, no centro. O mais importante desse arranjo é que todos possam visualizar os símbolos, e que eles ajudem na oração e no entendimento do que está sendo celebrado nesse dia. Com a toalha estendida no centro, no chão ou sobre a mesa, coloque sobre ela os diversos símbolos do dia. A Bíblia deverá estar bem no centro, aberta e ladeada por uma ou duas velas grandes. Um discreto arranjo de flores poderá ajudar a compor o conjunto de símbolos. Em volta, disponibilizar os livros (documentos da Igreja). Na parte superior do conjunto de arranjo central ou outro lugar que a equipe escolher, colocar em pé, num mastro, a bandeira do Vaticano, tendo ao seu lado a foto do Papa. Deverá ter também no centro, estendida sobre o chão, uma cruz, de mais ou menos um metro, ou maior se a comunidade preferir. Essa cruz será usada numa dinâmica, em momento oportuno, como vamos sugerir abaixo, dentro do roteiro da celebração desse primeiro dia. Como a Bíblia, a cruz deverá estar presente nos três dias. A cada dia será dado a ela um enfoque diferente, de acordo com a temática do dia. a) Os sons Além dos símbolos visíveis, como os supracitados, os sons também têm função simbólica e ajudam de diversas maneiras na celebração, cumprindo funções como as de ajudar na concentração e na oração, bem como na própria reflexão, pois há muitas canções cujo conteúdo favorecem na elucidação de temas. Assim sendo, prepare bem o repertório das músicas que serão usadas a cada dia. Comece por escolher as músicas de cada momento do tríduo, como, por exemplo, canto de acolhida, momento penitencial, de louvor, Salmos, aclamações, respostas às preces, oferendas e comunhão (se houver), meditações etc. Se preferir, confeccione folhas de canto. Se forem cantos conhecidos, é melhor deixar que os participantes cantem de forma espontânea, acompanhando o animador de cantos. Além desses cantos convencionais, é aconselhável preparar um aparelho para executar CD. Escolher, antecipadamente, alguns CDs com cantos instrumentais meditativos. Eles darão ao ambiente um clima oracional e poderão ser executados em diversos momentos, como, por exemplo, enquanto as pessoas vão chegando, após a 18 proclamação das leituras, num momento de Ação de Graças, ou mesmo durante toda a celebração. Ter um suave som de fundo contribui para o bom desenvolvimento do roteiro de orações e reflexões, conferindo aos participantes maior concentração. É aconselhável, também, deixar uma pessoa responsável pelo som. Ela saberá o momento de aumentar ou abaixar o volume, de modo discreto e imperceptível para não desconcentrar os participantes. Os demais cantos devem serensaiados antes e ser cantados de modo natural, assim como os instrumentos devem ser regulados e afinados antes do momento de oração. O ideal seria não precisar nem anunciar os cantos. O coordenador, com um discreto olhar, indicaria para o responsável pelo canto que, naquele momento, é hora de entoar determinado canto. Não há necessidade de muitos instrumentos – um violão é o suficiente. Evite baterias, baixo, guitarras elétricas ou outros instrumentos de shows, que tiram a concentração dos participantes. Mas há, além de violão, outros instrumentos que podem ser usados isoladamente, como, por exemplo, uma flauta ou outro instrumento de sopro que produza sons belos e discretos que ajudam na meditação. b) Os odores Oramos com todos os nossos sentidos e, por isso, ao preparar um momento de oração como esse, não se pode esquecer de perfumar o ambiente. Os odores podem estar em todos e em toda parte, desde lugares como o espaço onde a celebração acontece e os objetos, até nas pessoas que frequentam o local. Isso faz com que o ambiente fique mais agradável. Mas como, quando e onde usá-lo? O primeiro aroma que dá um clima diferenciado ao ambiente vem dos incensos. Existem muitos aromas de incenso que ajudam a tornar o ambiente mais agradável. Para isso, escolha um incenso de aroma agradável e prepare uma pequena vasilha com brasas, num local não muito visível. Um pouco antes da celebração, coloque alguns grãos de incenso na vasilha com brasa e deixe que a fumaça se encarregue de perfumar o ambiente. Vez por outra, repita a operação, para manter o local sempre perfumado, evitando excessos para não enjoar as pessoas. Outra sugestão é usar incenso de vareta, vendido não apenas em lojas de artigos religiosos, mas em diversos estabelecimentos comerciais. Eles também podem ser usados para perfumar o ambiente. Há outras formas de perfumar o ambiente, como, por exemplo, usando essências que, quando aquecidas, exalam perfume no ambiente. Essa é mais discreta e produz aroma sem produzir fumaça. Escolha o que é mais adequado para o seu espaço e utilize-o para diferenciar o ambiente. Sugerimos que, no primeiro dia, por se tratar do tema da Igreja propriamente dita, seja usado o mesmo incenso que se usa nas missas solenes. Há outra forma mais natural de perfumar o local, espalhando pelo chão do mesmo 19 ervas aromáticas como, por exemplo, hortelã, erva-cidreira, erva-doce ou funcho, citronela, manjericão ou alfavaca, alecrim etc. À medida que as pessoas forem pisando, as plantas vão exalando os seus odores, causando uma atmosfera agradável no ambiente. O aroma pode estar também nas pessoas, mas não devido ao perfume que elas usaram para vir à celebração, mas a um tipo de perfume que ela recebeu ao chegar na celebração. Sugerimos, portanto, que seja preparado um pequeno recipiente com óleo perfumado e algodão e, à medida que as pessoas forem chegando, o grupo que faz a recepção recebe a todos ungindo suas mãos com um pouco de óleo perfumado. É um gesto que lembra a boa acolhida do tempo de Jesus, quando era costume receber as pessoas em casa ungindo-as com perfume, sinal de boa acolhida, como vemos na passagem da mulher pecadora que adentra a casa do fariseu e unge os pés de Jesus com perfume (Lc 7,38), ou quando Maria levou quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro e ungiu com ele os pés de Jesus (Jo 12,3), ou, ainda, como encontramos no Salmo 45 (46), que diz: “[...] por isso o Senhor seu Deus o ungiu com perfume de festa, entre todos os seus companheiros. Mirra e aloés perfumam as suas vestes, [...]” (Sl 45,8b-9a). Vemos, assim, que o perfume é encontrado em diversas passagens bíblicas como sinal do bom acolhimento, do agrado de Deus para com seus eleitos, do amor para com o próximo, como vemos também na Segunda Carta de Paulo aos Coríntios: “De fato, diante de Deus nós somos o bom perfume de Cristo entre aqueles que se salvam e entre aqueles que se perdem” (2Cor 2,15). No livro dos Provérbios, o perfume é referência de um lugar ou espaço acolhedor, onde reina o amor: “perfumei o quarto com mirra, aloés e cinamomo” (Pr 7,17). Ou, ainda no livro dos Provérbios, o perfume é sinal de alegria para o coração: “óleo e perfume alegram o coração” (Pr 27,9). Desse modo, receber as pessoas ungindo-as com perfume será, sem dúvida, um gesto fraterno de boa acolhida e todos irão, com certeza, se sentir muito bem. Quanto aos objetos perfumados de que se pode fazer uso, a vela está entre os mais conhecidos. Acender no ambiente uma vela perfumada também ajuda a aromatizar o ambiente. Ou, então, fazer uma dinâmica com velas perfumadas, como a que sugerimos mais adiante, ajuda não só a perfumar o ambiente como também a perfumar as mãos das pessoas que as acendem. Outra forma é ornamentar o local com flores perfumadas ou mesmo especiarias como cravo, canela, anis, ou, ainda, com objetos ornamentais construídos com essas especiarias. Enfim, a equipe deve encontrar a melhor forma de perfumar o espaço onde vai ocorrer a celebração, pois isso vai fazer com que as pessoas se sintam bem e voltem mais vezes. c) O tato 20 Se o visual do espaço, os sons e os aromas ajudam a celebrar melhor, com o tato não é diferente. Por isso, prepare momentos em que as pessoas possam se tocar e tocar em alguns dos símbolos e objetos que estão sendo usados na celebração. O primeiro contato deve se dar na chegada à celebração, na acolhida. No início, acolher com um aperto de mão, um abraço ou outro gesto que possibilite que as pessoas se sintam tocadas. Durante a celebração, preparar momentos como rezar de mãos dadas, abraço da paz ou outros, como, por exemplo, traçar o sinal da cruz um na fronte do outro e gestos similares. Há muitas formas de propiciar momentos para as pessoas se tocarem e serem tocadas. Esses gestos ajudam a “quebrar o gelo” da celebração e criar laços mais fraternos, de aproximação e confiança. Rezamos, também, pelo tato. Por isso, durante a celebração, crie momentos para as pessoas tocarem na Bíblia, na cruz e em outros símbolos que estivem no espaço. Faça uma dinâmica de passar a Bíblia ou a cruz de mão em mão. Momentos em que todos possam pegar um grão de incenso e colocar na brasa ou acender, ritualmente, uma vela são algumas das inúmeras possibilidades para se promover o tato entre pessoas e objetos sagrados. Esse dado pode parecer insignificante, mas muito contribui para que as pessoas gostem da celebração, se sintam bem e queiram voltar. O tríduo será um sucesso se essas dicas forem colocadas em prática adequadamente. 21 d) Os gestos e posturas Conta também para o bom êxito de uma celebração as posturas e os gestos que o fiel terá durante o desenrolar do ritual. Assim sendo, evite uma única postura, como, por exemplo, ficar o tempo todo sentado ou só em pé. É preciso intercalar, de acordo com o momento, a melhor postura para o corpo. Rezamos melhor quando variamos nossa maneira de receber ou contatar o sagrado. É isso que prevê a liturgia da Missa, quando temos, em aproximadamente 1 hora de celebração, vários gestos e posturas. A mesma coisa deve acontecer durante a celebração de um tríduo. Deve haver momentos para que o fiel fique em pé, circule, fique sentado, de joelho, dance ou gingue o corpo, fique imóvel etc. Quanto aos gestos, alguns já citamos acima, como o abraço e o aperto de mão. Mas deve, ainda, haver momentos para bater palma, fechar os olhos, ajoelhar, falar, ficar em silêncio, cantar etc. Enfim, quanto mais variedade de gestos e posturas, mais agradável e menos cansativa será a celebração, e as pessoas vão poder rezar melhor. Não é essa a técnica usada pela RCC (Renovação Carismática Católica) e que agrada a tanta gente, principalmente os jovens. Pense nesses detalhes ao preparar o tríduo da sua comunidade. 22 Capítulo 2 - PRIMEIRO DIA (VER): A VIDA DA IGREJA Tema específico (exemplo): “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo” 23 1. Objetos e símbolos a serem providenciados para o primeiro dia do tríduo Óleo perfumado; algodão; CD com músicas instrumentais; aparelho paratocar CD; incenso de grãos e incenso de vareta perfumado; cruz de tamanho médio; duas velas de tamanho médio; Círio Pascal; Documentos da Igreja (Código de Direito Canônico, Catecismo da Igreja, Documentos do CELAM; ex.: Doc. de Aparecida, Santo Domingo, Puebla e Medellín, algumas Encíclicas do Papa, alguns documentos da CNBB, e outros que a equipe desejar); bandeira do Vaticano; Bíblia; turíbulo (se desejar); vasilha para colocar brasas; carvão; foto do Papa; foto do Bispo; cesto para ofertas; toalhas coloridas e flores para ornamentar o espaço; chaves de diversos tamanhos e formatos, em número suficiente para todos (para usar na dinâmica); lembrança para ser distribuída no final (a critério da equipe de preparação); e outros símbolos e objetos que a equipe desejar ou necessitar. Deixar pessoas responsáveis pelo som, para acender e apagar as luzes, para colocar ou retirar os símbolos que vão ser usados e outras funções que porventura forem ocorrer durante a celebração. Tudo isso deve ser feito de modo discreto, para não quebrar a atmosfera de oração que o tríduo deve propor. 24 1.1 Espaço da celebração Colocar os assentos em círculo e disponibilizar no espaço todos os objetos que fizerem parte da ornamentação do mesmo. Ao centro, no chão ou sobre uma mesa, poderá ser estendida uma bonita toalha e, sobre ela, a Bíblia aberta, ladeada por duas velas e um vaso de flores. Em volta da Bíblia, espalhar os livros (documentos da Igreja) de modo que fiquem bem visíveis. A bandeira do Vaticano e a foto do Papa e do Bispo também devem estar em lugar bem visíveis, de preferência no centro, junto com os documentos da Igreja. Antes de iniciar a celebração, poderá ser queimado um pouco de incenso para perfumar o local e lhe conferir um clima de oração. Uma música de fundo deve ajudar a compor o ambiente antes de iniciar a celebração. Se preferir, poderá deixar o espaço na penumbra, com apenas a claridade das velas ou do Círio Pascal. As luzes deverão ser acesas em momento oportuno, determinado pela equipe de preparação. 25 1.2 A acolhida Procure fazer uma acolhida afetuosa a todos que chegam. Para isso, disponha de uma equipe para fazer esse serviço. Dependendo do tamanho da comunidade, duas ou três pessoas será o suficiente. Se for uma comunidade grande e os participantes forem muitos, aumente o número dos que vão se responsabilizar pelo acolhimento. Procure aproveitar os membros da Pastoral da Acolhida, caso sua paróquia ou comunidade tenha essa pastoral. Não tendo, prepare pessoas que tenham o dom do acolhimento fraterno e amoroso, pessoas simpáticas, que saibam acolher bem a todos. A acolhida deve ser feita na porta da igreja ou do local onde vai acorrer a celebração. Há muitas maneiras de acolher bem. Sugerimos que, neste dia, por se tratar do primeiro, procure fazer uma acolhida diferenciada, como, por exemplo, ungindo as mãos dos que chegam, com óleo perfumado. Por que acolher com um gesto de unção? Porque “a unção com óleo era sinal da penetração do Espírito de Deus, investindo uma pessoa para a missão que podia ser de rei, de sacerdote ou de profeta”.1 É por isso que, durante o ritual do batismo, somos ungidos. Receber alguém para uma celebração, ungindo-o com óleo abençoado, realça a sua dignidade junto de Cristo, como fez Maria quando levou quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro e ungiu com ele os pés de Jesus (cf. Jo 12,3) ou como a mulher conhecida como pecadora que, sabendo que Jesus estava à mesa na casa do fariseu, levou um frasco de alabastro com perfume banhou os seus pés (Lc 7,37-38). Seu gesto a tornou digna, apesar dos seus pecados. Assim sendo, após ungir a pessoa, dê um abraço e manifeste o desejo de boas- vindas. Além dessa sugestão, a comunidade poderá escolher uma outra que achar mais conveniente e adequada para a comunidade. Em seguida, se possível, conduza a pessoa até o local onde ela poderá se assentar confortavelmente e se coloque à sua disposição caso necessite de algo. Ofereça a ela, caso houver, os materiais que serão usados durante a celebração, como, por exemplo, folhas de canto, roteiro do encontro ou outro material que venha a ser usado no decorrer da celebração. Como dissemos no início, se possível, os assentos devem estar posicionados de modo que formem um círculo. Ao fazer esse acolhimento primário, procure ser discreto: fale baixo e com calma. Ao entrar no recinto do tríduo com a pessoa, procure fazer o máximo de silêncio possível para não quebrar o clima de oração e para que ela perceba que está num lugar sagrado, ambiente de oração. Faz parte da acolhida, também, um ambiente acolhedor e aconchegante. Para isso, enquanto as pessoas vão chegando, deixe tocando uma música de fundo, bem suave, além de algum tipo de aroma no ar (um 26 pouco de incenso). Fica bem o ambiente estar na penumbra, com pouca claridade. Uma cruz ao fundo, iluminada apenas pela luz de algumas velas... Isso confere ao espaço a seriedade e serenidade de um ambiente de oração. Depois que todos chegarem e estiverem bem acomodados, inicie a celebração, abaixando, aos poucos, o som do ambiente e substituindo-o por um mantra que alguém, previamente, tenha preparado. Sugerimos o seguinte: “Onde Reina o amor, fraterno amo. Onde reina o amor, Deus aí está”, ou outro que a comunidade conheça melhor. Repita várias vezes, aumentando e diminuindo o volume da voz, de modo que todos acompanhem, naturalmente. Após o mantra, as luzes do ambiente são acesas e o dirigente faz a acolhida a todos, desejando boas-vindas e inteirando-os do que vai ser celebrado. É bom que nessa hora seja dito o tema que se celebra nesse primeiro dia e o porquê da escolha desse tema. Evite fazer longas explanações. É apenas para inteirar os participantes do tema a ser rezado e não para refletir sobre o tema. 1 Cf. CNBB. Ele está no meio de nós. Roteiros Homiléticos do Tempo Comum: setembro, outubro e novembro – Ano A – Projeto Nacional de Evangelização – “Queremos ver Jesus, caminho, verdade e vida”. São Paulo: Paulus/Paulinas, 2008, nº 47, p. 53. 27 1.3 Momento penitencial Após os ritos de acolhimento, é hora de motivar os participantes para um momento penitencial, como ocorre em outra celebração (da Eucaristia ou da Palavra). Para isso, é bom que o ambiente volte a ficar na penumbra. As luzes são apagadas, deixando apenas a luz das velas acesas. Segue-se a motivação de um momento de concentração e silêncio, numa espécie de revisão da vida da Igreja naquilo que ela tem de dificuldade, de tropeço, de falhas que precisam ser superadas. Vale lembrar que a Igreja não é somente o Papa, os bispos, padres e religiosos(as) e consagrados(as), mas todos os que foram batizados. Não se pode esquecer que, no método que está sendo seguido, esse primeiro dia corresponde ao ver. Portanto, é momento de ver a realidade da Igreja naquilo que ela tem de pior. As coisas boas virão nos momentos seguintes. Para este momento penitencial sugerimos uma dinâmica com a cruz. O dirigente, com fervor e fé, motiva a assembleia a lembrar aquilo pelo que gostaria de pedir perdão a Deus da parte da Igreja, para que ela continue sendo cada vez mais santa, mais digna de celebrar seus santos mistérios. Lembrar que a Igreja é santa, como rezamos na Oração Eucarística (I), porém, é feita de pessoas pecadoras e, por isso, queremos reparar nossas faltas para que essa mesma Igreja, da qual somos parte integrante, continue seu processo de santidade. Para isso, é preciso que nós, membros pecadores dessa Igreja que se pretende universalmente santa, nos convertamos a cada dia. Poderão ser motivados pedidos de perdão por pecados que a Igreja tem cometido ao longo de sua história e também na atualidade; exemplos: a condenação de Galileu Galilei, de Giordano Bruno; a Inquisição; por ter compactuado com o colonialismo e com o genocídio de povos indígenas, entre outros povos; o silêncio diante do holocausto dos judeus na Segunda Guerra Mundial; o silêncio obsequioso colocado a teólogos da América Latina e de outras partes do mundo; os escândalosenvolvendo padres e religiosos; pelos momentos que houve carência de denúncia profética diante de situações de morte, desrespeito à vida ou outra violação de direitos humanos; pelas situações que o comodismo de alguns sobressaiu ao compromisso de transformação da realidade; pelo comodismo de muitas comunidades e paróquias que poderiam fazer mais pelo reino de Deus; pela falta de solidariedade da parte de muitos católicos; pela pouca participação nos projetos sociais da Igreja; pelos medos que nos impedem de ser Igreja que, profeticamente, anuncia e denuncia; pelas fofocas que dificultam a convivência fraterna na comunidade; pela falta de compromisso para com as coisas de Deus; e outros tantos pecados eclesiais que o grupo puder lembrar e que são convenientes em pedir perdão. Para que tudo seja bem articulado e sem 28 julgamentos, é necessária uma boa motivação por parte do dirigente. Depois dessa motivação, poderá pegar a cruz que se encontra no centro e ir passando, calmamente, de mão em mão. Cada um que recebe a cruz poderá dizer, numa palavra, o que gostaria de ver perdoado por Deus, na Igreja. Os que desejarem, poderão apenas receber a cruz em silêncio. Após cada três manifestações, a assembleia poderá entoar: “Piedade, piedade, piedade de nós” (bis). Depois que a cruz passou pelas mãos de todos, o último a devolve para o coordenador que, em pé, à vista de todos e com a cruz levantada, conclui o momento penitencial traçando o sinal da cruz na assembleia, com a seguinte fórmula: “Deus infinitamente misericordioso, tenha compaixão da vossa Igreja, perdoe os seus pecados e conduza-a à eternidade. Amém!” Ou outra que achar conveniente. Se a comunidade for numerosa, esse momento poderá ser feito de modo mais simplificado ou adaptado. 29 1.4 Recordação da vida Após o momento penitencial, é importante fazer um momento de recordação da vida. Cada um, espontaneamente, depois da motivação do dirigente, poderá trazer para a celebração os fatos mais significativos dos últimos meses, semanas ou dias, relacionados à vida da Igreja. Não esquecer de mencionar, nesse momento, alguns nomes de pessoas que têm se destacado na Igreja por algum feito (ex.: nomes de mártires; nomes de pessoas que foram assassinadas ou que estão vivas e lutam em defesa da vida e que, por isso, tenham recebido algum tipo de destaque seja na mídia ou de outra forma; algum acontecimento ou projeto da diocese etc.). Poderá ser recordado, se ocorridas recentemente, alguma Conferência Episcopal, alguma visita do Papa a algum país, ou a promulgação de alguma encíclica, carta pastoral ou recomendação do Papa ou dos Bispos (CNBB), enfim, que seja feita uma breve memória dos acontecimentos mais marcantes da Igreja. Não é hora de refletir sobre os assuntos trazidos, mas apenas para colocá-los como memória, intenção da celebração. Após deixar um tempo para que algumas pessoas falem, poderá ser feito uma oração conclusiva ou um canto que tenha a mesma finalidade (acolher as intenções ou os fatos lembrados). 30 1.5 Momento de louvor Para o momento de louvor, é importante também a participação das pessoas. Assim, antes de entoar um hino de louvor, é bom pedir aos participantes que tragam presente alguma coisa, acontecimento ou fato que seja digno de louvor, algo bom, seja na vida da Igreja ou na vida pessoal. Ficar atento para que esse momento não seja uma repetição do momento anterior. A tônica nos motivos pessoais fará a diferença. Todos nós, em todo momento, temos motivos para louvar à Deus, uns mais, outros menos. Porém, basta olhar atentamente a nossa volta que veremos as maravilhas de Deus que acontecem em nossa vida. Esse momento possibilitará, portanto, saber quais são os motivos que cada pessoa da assembleia tem para louvar a Deus. Motivos que, agora, são partilhados com os demais, para que todos se alegrem com isso. O dirigente poderá motivar o grupo com estas ou outras perguntas que achar conveniente: “Por qual motivo, hoje, eu quero louvar a Deus?”, ou: “Qual o motivo de alegria que eu gostaria de partilhar com vocês?”. As pessoas, de modo bem espontâneo, poderiam responder: “Eu louvo a Deus por (dizer o motivo)”. Não há problema se alguém quiser descrever com um pouco mais de detalhe o acontecimento de sua vida pelo qual ela louva a Deus. Após cada manifestação de partilha, o grupo poderá responder com palmas ou outra forma de manifestação alegre ou, simplesmente, com um “Amém!”. Depois de deixar um tempo suficiente para que um bom número de participantes se expresse, convidar a todos para ficar em pé e entoar um hino de louvor bem alegre, com palmas ou coreografia. 31 1.6 Liturgia da Palavra A liturgia da Palavra é um momento muito importante do tríduo. Por isso, é bom dar bastante destaque ao Livro Sagrado (a Bíblia), de modo que desperte a atenção para os textos bíblicos que serão proclamados nesse momento. Há várias formas de destacá-lo. Vamos, aqui, indicar uma, porém, a comunidade poderá encontrar outras maneiras criativas de dar enfoque na Palavra de Deus. O dirigente faz uma breve motivação, possibilitando que todos se acomodem e se concentrem. Essa motivação poderá ser algo bem espontâneo e seu conteúdo deve versar sobre a importância da Palavra de Deus na vida da Igreja e em nossa vida. Após a motivação, poderá ser colocado um som suave: uma música instrumental, de fundo, ou alguém fazendo um leve dedilhado de violão, ou ainda, um toque suave de flauta. Enquanto isso a Bíblia é passada, de mão em mão, com muita tranquilidade. Cada um que recebe a Bíblia aberta beija-a e passa para o companheiro que está ao lado, até que todos tenham recebido. O último participante que receber a Bíblia entrega-a ao que vai fazer a primeira leitura. Este, por sua vez, apresenta-a à assembleia, mais uma vez, erguendo-a, de modo que todos, em pé, possam acolhê-la com palmas. Pode-se, nesse momento, cantar um canto relacionado à Palavra de Deus ou, se preferível, ir direto para a proclamação da primeira leitura. Primeira leitura: Atos dos Apóstolos 2,1-12 (Pentecostes, o nascimento da Igreja) Quem vai proclamar a leitura deve se posicionar em pé diante da assembleia e proclamá-la com calma, pronunciando de modo claro e audível o texto. Se houver ambão ou mesa da Palavra, o texto deve ser proclamado diretamente desse local. Essa pessoa deve ser escolhida previamente, para que ela possa ter tido contato, antes, com o texto. Nunca escolha de última hora as pessoas que irão proclamar um texto bíblico. Após a leitura, a assembleia poderá responder com um Salmo de resposta. Salmo responsorial: Salmo 103 (104) De preferência, o Salmo deve ser cantado. No entanto, se for rezado, que o seja com uma entonação poética, diferenciado-o das demais leituras. Este Salmo de resposta (bem como a sugestão de leitura acima) corresponde ao Salmo da liturgia de Pentecostes (Ano A) e sua melodia poderá ser encontrada no Diretório Litúrgico dessa celebração. Se a comunidade preferir, poderá escolher outro Salmo, mas deve sempre ser levado em conta que o mesmo deve ser uma resposta à primeira leitura, como acontece na liturgia da Missa ou da Celebração da Palavra. Se a primeira leitura for outra, procure escolher um Salmo correspondente a ela. A função do Salmo responsorial, como o próprio nome diz, é oferecer uma resposta à leitura proclamada e não uma meditação, como muitos pensam ser essa a função. 32 O Salmo poderá ser entoado com ou sem instrumentos. O que conta mesmo é a boa entonação dada a ele. Para que isso ocorra, quem for cantar ou recitar o Salmo deverá ensaiar antes. Evite qualquer comentário entre a primeira leitura e o Salmo. Ao término da primeira leitura, após leve reverência diante do livro, inicia-se, solenemente, o canto ou recitação do mesmo. Ao terminar, com leve inclinação, beije o livro e dirija-se ao seu lugar. Segunda leitura Por se tratar de um dia cujo tema refletido versa sobre a vida da Igreja, é oportuno que a segunda leitura seja um trecho de algum documento da Igreja, que poderá ser extraído das Conferênciasdo Episcopado Latino-Americano, ou de outro documento do Papa. Sugestões de textos de documentos da Igreja que podem ser lidos como segunda leitura: • Documento de Aparecida: nº 149; 150; 151; 152 e 153, pp. 77-79 (Animados pelo Espírito Santo). Os números supracitados se encaixam muito bem no tema desse primeiro dia, pois estão de acordo com os textos bíblicos sugeridos da liturgia de Pentecostes. A equipe poderá escolher um desses números citados ou ler todos. Se todos forem lidos, as pessoas terão uma visão de conjunto, embora, assim, um tempo maior seria tomado. Se preferível, poderão ser lidos outros textos desse mesmo documento, como, por exemplo: nº 181, p. 92 (As Conferências Episcopais e a comunhão entre as Igrejas); nº 186-187, p. 94 (Os bispos, discípulos missionários de Jesus Sumo Sacerdote); ou outro que a equipe achar pertinente com o tema do dia. • Documento de Santo Domingo: nº 12. Esse texto fala da “Igreja peregrina e missionária por natureza, uma vez que procede da missão do Filho e da missão do Espírito Santo”. O nº 22 desse Documento também é bem adequado para ser lido na segunda leitura. O mesmo retoma o texto de Mt 28,19-20, em que Jesus envia os discípulos para fazer mais discípulos, isto é, os envia com a missão de batizar e evangelizar. Além desses dois textos, há muitos outros que podem ser usados, como, por exemplo, o nº 23 e tantos outros que podem ser encontrados na palavra “Igreja” do índice temático que se encontra no final desse documento. • Documento de Puebla: no Documento de Puebla encontramos um belo texto no nº 348 (O ministério da Evangelização). Também é um texto baseado em Mt 28,19 e, por isso, relaciona-se com o tema tratado (se os textos bíblicos escolhidos para esse primeiro dia do tríduo forem da liturgia de Pentecostes). Poderão também ser escolhidos os textos que se encontram nos números 222 a 225. São quatro textos curtos, que falam com muita clareza e objetividade da 33 missão da Igreja, fundada em Jesus Cristo Evangelizador, como afirma a Lumem gentium e outros documentos da Igreja.2 Caso queira ter outras opções de textos referentes à Igreja para esse momento, busque no índice analítico desse documento, na palavra “Igreja”, em que estão apontados outros tantos textos que poderão ser úteis. • Documento de Medellín: do Documento de Medellín, indicamos um que se encontra no capítulo 4, sobre a educação. O tópico II, nº 2, cujo título é “A educação libertadora e a missão da Igreja” pode ser uma boa opção. Há muitos outros, e a equipe poderá pesquisar e escolher um que se adapte ao que está sendo celebrado nesse primeiro dia do tríduo. • Documento do Vaticano II: o documento do Concílio Vaticano II é um vasto campo onde podem ser encontrados muitos textos bons para se fazer, nesse momento indicado, uma reflexão. Devido à grande variedade de textos, vamos indicar apenas um, deixando em aberto que a equipe que organiza o tríduo possa buscar outros de seu interesse. O que indicamos traz como título “Deveres da Igreja” e faz parte do “Decreto Inter Mirifica sobre os meios de comunicação social”.3 A escolha desse texto se deve ao fato de ele tratar da evangelização, utilizando os meios de comunicação. Esse tema daria, hoje, uma boa reflexão e discussão. • Catecismo da Igreja: no Catecismo da Igreja, também encontramos uma gama de textos que falam, especificamente, da missão da Igreja. Indicamos os nos 77, 78 e 79, que falam do magistério da Igreja e da sua hierarquia, bem como da sua missão guiada pelo Espírito Santo. A equipe poderá obter outros textos referentes à Igreja buscando no índice desse documento, através da palavra Igreja. • Outros documentos: temos, ainda, as Encíclicas e pronunciamentos do Papa, que podem ajudar a refletir sobre a Igreja. Se a Equipe desejar, poderá buscar entre elas alguma que fale diretamente ao que se está refletindo. Evangelho: João 20,19-23 (a Igreja que nasce é enviada em missão) Este texto da liturgia de Pentecostes é importante nesse primeiro dia do tríduo, pois fala do nascimento de uma Igreja missionária. Jesus envia os seus discípulos como missionários, como pede o documento da V Conferência em Aparecida. Se a comunidade preferir, poderá escolher outro texto bíblico, como, por exemplo, Mt 16,13-20, quando Jesus confia a Pedro a missão de ser o fundamento da Igreja, pedra sobre a qual ele irá construir a sua Igreja. É um belo texto que poderá ser lido nesse primeiro dia do tríduo porque tem tudo a ver com o tema do mesmo, que é a Igreja. Na hora da preparação, a equipe deve avaliar qual texto é mais significativo. Há 34 muitos outros que podem ajudar na reflexão. Antes da proclamação do Evangelho, faça uma bela aclamação. Poderá fazer uso do incenso nessa hora, usando o turíbulo, como nas missas solenes, ou, simplesmente, com duas pessoas ao lado segurando vasilhas com brasas e grãos de incensos. Outra sugestão: em vez de incenso, as duas pessoas poderão segurar velas acesas ou tochas enquanto o Evangelho é proclamado. Ou, ainda, as duas sugestões ao mesmo tempo: incensos e velas ou tochas acesas. Depois, proclame calma e solenemente o Evangelho, beijando o livro no final. A proclamação poderá ser cantada. Em seguida, faça um instante de silêncio para que a Palavra seja meditada e assimilada e, somente depois, inicie a reflexão ou motivação para a partilha da Palavra. Partilha da Palavra Por se tratar de uma celebração informal, isto é, não se tratar de uma missa, a reflexão poderá ser feita também de modo informal, na forma de diálogo, proporcionando a participação de todos na reflexão ou deixando em aberto para que cada um coloque o que mais lhe chamou a atenção das leituras que foram feitas. Como fazer isso? Através de perguntas que motivem os participantes a perguntar e a refletir sobre a Palavra proclamada. Se o Evangelho escolhido foi João 20,19-23, as perguntas para motivar a participação poderão ser as que colocamos a seguir, ou outras que o dirigente escolher: 1. O que significa “o anoitecer daquele dia”? Qual o significado do anoitecer no Evangelho de João? 2. Por que “o primeiro dia da Semana”? Isso tem algo a nos dizer? Qual é o primeiro dia da semana? 3. O que significa “portas fechadas”? Por que eles estavam com medo? O que o medo provocou na vida dos discípulos e o que ele provoca em nossa vida? 4. Por que Jesus, ao entrar, “pôs-se no meio deles”? O que isso significou e o que isso significa para nós, hoje? 5. Qual o primeiro desejo de Jesus aos discípulos ao se colocar no meio deles? O desejo de Jesus é também nosso desejo? Por quê? O que falta para que o desejo de Jesus se realize plenamente? O que tenho feito para que o desejo de Jesus se torne realidade? 6. Por que Jesus lhes mostra as mãos e o lado? O que ele trazia nas mãos e no lado que comprovava que era ele mesmo? Hoje, nós continuamos exigindo que Jesus nos mostre as mãos e o lado para que creiamos nele? 7. Qual foi o sentimento dos discípulos ao verem as mãos e o lado de Jesus? Por que ocorreu esse sentimento por parte dos discípulos? Esse sentimento é, hoje, 35 nosso sentimento? Por quê? Quais são as coisas que, hoje, na Igreja, nos provocam esse sentimento? 8. Por que Jesus insiste (duas vezes) em desejar a paz para os discípulos? Falta paz no mundo, hoje? E em nossa Igreja (paróquia ou comunidade), há paz? Por quê? Somos promotores da paz? Quando? Como? Onde? 9. Após desejar a paz pela segunda vez, o que Jesus faz? 10. De que modo Jesus envia os discípulos? Por quê? O que isso significa? 11. O que eles recebem de Jesus? Por quê? 12. Qual a responsabilidade que Jesus confia aos discípulos? O que isso significa? Quais as consequências que isso traz para a comunidade, hoje? Algumas respostas que poderão ajudar na conclusão das reflexões do grupo: 1. Anoitecer significa, entre outras coisas, um tempo em que as coisas ainda não estão claras. Paira, ainda, entre os discípulos, muitas dúvidas sobre tudo o que tinha ocorrido com Jesus, como podemos conferir na passagem sobre os “discípulos de Emaús” (Lc 24,13-35).Jesus vem ao encontro deles num momento de muita confusão e medo. Jesus, hoje, continua vindo ao nosso encontro também nos momentos de confusão, incerteza e medo, porém, nem sempre reconhecemos ou percebemos que Ele está perto de nós. 2. O primeiro dia da semana é o domingo. É uma alusão à ressurreição. Ao se apresentar vivo entre os discípulos num domingo, Jesus que dar provas da sua ressurreição. O domingo é um dia muito significativo para nós. É a páscoa semanal. É quando fazemos a experiência desse encontro com Jesus que dissipa os nossos medos, nos fortalece, nos dá a certeza de que ele caminha conosco, está entre nós, está no meio de nós. Cada vez que celebramos a Eucaristia, não apenas fazemos memória desse encontro com o ressuscitado como o encontramos de fato, presente na Eucaristia, mistério e centro de nossa fé. 3. Portas fechadas significa não apenas a porta literal, da sala onde eles estavam, mas, sobretudo, a porta do coração dos discípulos, que se fechou por causa da brutalidade presenciada por ocasião da crucificação de Jesus. O coração que se fechou pela incredulidade, pelo medo e por tantos outros motivos derivados do episódio fatídico vivido por eles naqueles dias. Há muitas coisas que hoje continuam fechando as portas do nosso coração e impedindo que recebamos Jesus dentro dele. Fechamos as portas do nosso coração a Jesus quando fechamos o nosso coração para os nossos irmãos mais necessitados. Fechamos nosso coração a Jesus quando nos fechamos em nosso individualismo, nossos pequenos grupos ou no nosso comodismo. Quando nos fechamos em nossas ideias e não aceitamos dialogar com o diferente. Quando achamos que sabemos tudo e não nos abrimos para conhecer novas ideias. 36 4. Jesus se colocou no meio deles para dizer que a partir daquele momento ele deveria ser o centro da vida deles. Ele deve estar no centro da vida da Igreja, das comunidades, da nossa fé. Tudo o que nós fazemos, hoje, na Igreja, deve ter como centro a pessoa de Jesus Cristo. Se assim não for, nossas ações na Igreja não têm razão de ser. 5. O desejo primordial de Jesus ao se colocar entre os discípulos é que eles tivessem paz. É, portanto, o desejo de que a paz reinasse entre eles, porque sem paz nada se pode fazer. Assim, Jesus pede para nós, hoje, fazermos da Igreja, da paróquia, da comunidade eclesial, um lugar de paz. Ou, como pede o Documento de Aparecida, fazermos das nossas paróquias lugares privilegiados para que a maioria dos fiéis possa, de fato, ter uma experiência concreta de Cristo e de sua Igreja (DA, nº 304). Portanto, devemos nos esforçar para evitar as intrigas, as rivalidades ou qualquer outra coisa que possa dissipar a paz entre nós, membros dessa Igreja de Jesus Cristo. 6. Jesus, ao mostrar-lhes as mãos e o lado, quer provar que quem está ali não é um fantasma, mas Ele mesmo, vivo, ressuscitado. Assim, não há mais motivo para medo ou inseguranças. É hora de acreditar plenamente e abrir as portas do coração para anunciar a sua ressurreição. Anunciar que a vida venceu a morte. Anunciar que Ele está vivo e caminha conosco. Hoje, quando a Igreja pede que sejamos discípulos e missionários, está pedindo para fazermos memória dessa constatação dos discípulos e sermos promotores da vida de nosso povo onde as chagas de Jesus continuam abertas nas mãos e no lado dos nossos irmãos “crucificados” de hoje. 7. Eles se alegraram. Os discípulos, ao verem as marcas da crucificação, têm as dúvidas dissipadas. Isso é motivo de alegria e por isso eles se alegram. A dor da perda dá, agora, lugar à alegria do reencontro. É indescritível esse sentimento, que vai ser evidenciado na prática, na continuação dos discípulos da missão do Mestre. Hoje damos provas da nossa constatação, da nossa certeza, da nossa alegria da presença do Cristo vivo entre nós, quando, como os primeiros discípulos, continuamos a testemunhar a ressurreição nos engajando na luta em defesa da vida. 8. Jesus insiste que a paz esteja com eles. A insistência de Jesus nesse elemento é porque, sem paz, o Reino proposto por Ele não será possível. Ele veio trazer a paz e quer que seus discípulos sejam promotores da mesma, mas não uma paz qualquer. Não uma paz fruto do comodismo, do medo ou do conformismo com as atrocidades do mundo. Não uma paz de cemitério. Deseja a paz fruto da justiça. A paz resultado do empenho e da luta contra todas as formas de violência que continuam ceifando vidas inocentes. Uma paz que exige comprometimento. 37 Por isso, Jesus insistiu, insiste e continuará insistindo conosco a cada momento para que a paz esteja conosco. 9. Após desejar a paz e ter certeza de que eles não esquecerão tal desejo, Ele os envia em missão. 10. Porém, não os envia de qualquer modo, envia como o próprio Pai o enviou. Portanto, os discípulos têm uma missão semelhante à de Jesus. Nós, como discípulos, hoje, temos uma missão semelhante à missão de Jesus. Somos enviados como discípulos e missionários do mesmo modo que Jesus foi enviado. Isso é motivo de alegria, de ânimo, porém, é também um grande desafio. Como foi mesmo que o Pai enviou Jesus? Como cordeiro no meio de lobos. Devemos estar preparados e atentos aos grandes desafios, ao enfrentamento dos obstáculos, às cruzes que encontraremos pelo caminho. 11. Além disso, Jesus sopra sobre eles o Espírito Santo. Assim, eles não estarão mais sozinhos na missão, como imaginavam que estariam. É o Espírito que os guiará a partir de então, até os confins da terra. A confiança de que nossas ações são guiadas pelo Espírito nos dá a coragem necessária para não fraquejarmos diante da dúvida, dos obstáculos ou de qualquer outra coisa que possa representar perigo para a missão. 12. Jesus confia grande responsabilidade aos discípulos: perdoar ou não os pecados. Os discípulos terão, agora, autoridade e autonomia para promover ou não a reconciliação entre as pessoas, ligar ou não céus e terra. Terão o livre arbítrio no processo de construção do Reino de Deus. Que tamanha responsabilidade Ele nos deu! A construção do reino está em nossas mãos, cabe a nós fazer com que ele aconteça ou não. Como anda essa responsabilidade? Como anda essa promoção do Reino? Como anda o perdão que damos àqueles que nos têm ofendido? A Igreja nos deixou o sacramento da reconciliação, mas, além dele, há também o perdão que devemos exercitar todos os dias como parte de nosso processo de conversão. Deus nos perdoa sempre (cf. Mt 18,21-23) e nos ensina a fazer o mesmo. Assim, descobrimos que a Igreja é lugar de perdão e lugar de manifestação da Graça de Deus. Essas são algumas pistas para a reflexão. Devido ao tempo, não há necessidade de fazer todos os questionamentos ou passar todas as respostas. O que importa é que o grupo todo, ou, ao menos, a maior parte, dê sua opinião, participe, fale. O dirigente pode também apresentar outras pistas para a reflexão do grupo. Após a reflexão é bom promover uns instantes de silêncio. Para favorecer a meditação, poderá haver um fundo musical ou o dedilhar de um violão. 2 Cf. Lumem gentium 5b, 8c; Gaudium et spes 40b; Unitatis redintegratio 1a. 3 Cf. Decreto Inter Mirifica sobre os meios de comunicação social. In: Concílio Ecumênico Vaticano II. Cap. I, nº 3, p. 95. 38 1.7 Profissão de Fé Embora essa celebração não seja missa, uma vez que tem como tema a vida da Igreja, seria bom fazer um momento de profissão de fé, rezando a oração tradicional do credo (o Credo Apostólico ou Niceno-Constantinopolitano), como se faz nas missas, ou rezando-o através de perguntas e respostas, como se faz por ocasião do batismo, ou, ainda, rezando ou cantando uma das versões mais populares dessa oração que existem por aí. A oração poderá ser feita convidando os participantes a estender a mão direita em direção à cruz, ou ao círio pascal, ou mesmo em direção à bandeira do Vaticano ou foto do Papa. Fica a critério da equipe de organização definir de que modo será rezada a oração do creio. 39 1.8 Preces Por se tratar de uma ocasião em que a comunidade está reunida em oração, é importante ter um momentoreservado para as preces dos participantes. Assim, após a profissão de fé, promova um instante em que todos os que desejarem poderão fazer, espontaneamente, seus pedidos a Deus. Motivar que esse momento seja algo bem espontâneo. Que cada um peça de acordo com as suas necessidades ou de acordo com as necessidades da Igreja. Pelo fato de a temática do dia ser a Igreja, o dirigente deve, no final, depois que um número significativo de pessoas fizer seus pedidos, se não tiver sido feito nenhum pedido voltado para as necessidades da Igreja, fazer alguns que tenham esta conotação, como, por exemplo, pelo Papa, pelos bispos, pelos padres, pelas vocações sacerdotais e religiosas etc. Após cada pedido poderá ser entoada uma resposta pedindo a intercessão do(a) Santo(a) padroeiro da Comunidade. Outra sugestão bem significativa é colocar ao centro uma cruz e aos seus pés uma vasilha com brasa e uma outra com grãos de incenso. Cada pessoa que for fazer um pedido se aproxima da cruz e, enquanto faz o pedido, deposita na vasilha com brasa um grão de incenso. A comunidade responde cantando o seu pedido. No final, depois que boa parte dos presentes fez seu pedido, poderá concluí-los com uma fórmula previamente preparada ou com esta que sugerimos a seguir: “Deus Pai de misericórdia, acolhei os pedidos que nós, vossos filhos e filhas, membros de vossa Igreja aqui reunida, acabam de apresentar. Fazei de nós, cada vez mais, discípulos e missionários comprometidos com a construção de vosso Reino. Por Cristo Senhor Nosso. Amém!” 40 1.9 Ofertório Embora esta não seja a celebração de uma Missa, um momento para se fazer oferendas a Deus é muito importante para fortalecer o vínculo de unidade e compromisso entre os fiéis leigos e a Igreja, através da partilha. Sugerimos que, nesse primeiro dia, por ter como tema a vida da Igreja, a oferta seja feita em espécie, como fazemos nas missas. Qualquer quantia pode ser ofertada. Quem não puder ofertar ou caso não tenha trazido dinheiro, poderá aproximar da mesma forma, e fazer a oferta da sua vida a Deus e à Igreja, tocando o altar, a mesa da Palavra ou qualquer outro objeto simbólico que a equipe tenha preparado para esse momento. Seria interessante colocar ao centro, ou em outro local adequado, além do cesto para depositar as ofertas, um globo terrestre, simbolizando a missão da Igreja em toda a terra. Quem preside, motiva os participantes a fazer suas ofertas. Enquanto isso, a equipe de canto poderá entoar um canto próprio de ofertório. A oferta coletada nesse dia poderá ser destinada aos trabalhos missionários da Igreja, como, por exemplo, para a missão Ad Gentes. No último dia, quem preside comunica aos participantes a quantia que foi arrecadada. 41 1.10 Pai-nosso Após o momento de ofertório, rezar ou cantar a oração do Pai-nosso, seguida de outras orações que a comunidade preferir. Colocamos, aqui, a Oração a Jesus Cristo Eucaristia, que ajudará os participantes a se prepararem melhor para receber a comunhão: Lado 1: “Deus, nosso Pai, nós acreditamos que és o Criador de todas as coisas e que vieste junto a nós no rosto do teu Filho, concebido de Maria Virgem, por obra do Espírito Santo, feito um de nós e penhor de vida eterna. Jesus, Palavra de Deus, Jesus, Filho de Deus, Jesus, Filho de Maria, Jesus, Vencedor da morte, Jesus, Vencedor do pecado, Jesus, Senhor glorioso.” Lado 2: “Acreditamos, Pai previdente, que, pela força do teu Espírito, o pão e o vinho se transformam no Corpo e Sangue do teu Filho, flor da farinha que alivia a fome do caminho.” Lado 1: “Acreditamos, Senhor Jesus, que a tua Encarnação se prolonga na semente do teu Corpo Eucaristia, para dares de comer aos famintos de luz e verdade, de amor e perdão, de graça e salvação.” Lado 2: “Acreditamos que, na Eucaristia, te prolongas na história, para alentar a fraqueza do peregrino e o sonho de quem anseia dar fruto em seu trabalho. Sabemos que, em Belém, ‘Casa do Pão’, o Pai eterno preparou, no ventre da Virgem Maria, o pão que Ele oferece aos que têm fome de infinito. Amém!” 42 1.11 Comunhão Em seguida, o grupo poderá se preparar para a comunhão eucarística, com algumas orações e cantos que falem dessa expectativa de receber o corpo de Cristo através do pão eucarístico. A comunhão poderá ser precedida da Oração do Pai- nosso, rezada de mãos dadas. Se não estiver presente nenhum Ministro Ordinário da Comunhão (padre ou diácono), o momento poderá ser dirigido por um Ministro Extraordinário da Comunhão. 43 1.12 Ação de graças Toda a celebração deste e dos demais dias do tríduo é uma espécie de ação de graças, porém, é importante que, após o rito da comunhão, a equipe prepare um instante de silêncio, em que cada participante poderá agradecer a Deus. Durante o momento de silêncio, meditação e contemplação, poderá haver um fundo musical bem suave, ou, então, alguém poderá dedilhar uma música no violão enquanto o grupo medita. Em seguida, se for conveniente, poderá motivar o grupo a manifestar o que gostaria de agradecer a Deus nesse dia. Essa motivação poderá ser feita antes de iniciar o silêncio. Assim, cada um poderá refletir sobre aquilo que gostaria de agradecer. Esses agradecimentos devem ser algo espontâneo, brotado da vida e do coração de cada um. Pelo fato de esse primeiro dia do tríduo ter como tema a vida da Igreja, o dirigente poderá motivar o grupo a tecer seus agradecimentos voltados para essa temática. Dinâmica das chaves Se a equipe de preparação do tríduo desejar, e se o tempo permitir, poderá ser feito nesse momento de ação de graças uma breve dinâmica que ajude o grupo a aprofundar a reflexão, a oração e a responsabilidade com o tema proposto. Sugerimos aqui a dinâmica das chaves, que nos remete à responsabilidade confiada a Pedro depois que ele reconhece que Jesus é o Messias, o Filho de Deus (cf. Mt 16,19). Vemos nesse texto que Jesus lhe dá as chaves do Reino do Céu, dizendo: “o que você ligar na terra será ligado no céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu”. Essa referência é bem oportuna nesse momento, porque o grupo está concluindo um momento de oração que o conduziu à responsabilidade com a Igreja através do reconhecimento de Jesus Cristo como centro da vida da mesma. É hora de assumir um compromisso mais acentuado e a chave representa esse compromisso, essa responsabilidade e, sobretudo, o livre-arbítrio, a escolha e a decisão de responder ou não aos apelos da Igreja. Vamos à dinâmica. Providencie uma quantidade de chave que seja suficiente para todo o grupo e que possa sobrar algumas, dando, assim, a possibilidade de escolha ou de troca, se alguém desejar. As chaves devem ser de diferentes tamanhos e formatos, pois isso ajuda na imaginação do grupo na hora da reflexão. • Ambiente: Espalhar pelo chão vários tipos de chaves, de diversos tamanhos e formatos, em quantidade suficiente para todos os participantes e disponibilizados de modo que todos possam ver. • O dirigente convida para que as pessoas se levantem do seu lugar, em silêncio, e observem por uns instantes as chaves espalhadas pelo chão. Em seguida, escolha uma e volte para o seu lugar. Enquanto isso, uma música que favoreça a 44 contemplação pode ser tocada. Dê um tempo de aproximadamente cinco minutos para que todos possam pegar uma chave. • Em seguida, cada um vai observar atentamente a chave que escolheu e perceber seus detalhes: tamanho, estado de conservação, tipo, os dentes da chave. Enquanto o grupo observa, o dirigente poderá fazer alguns questionamentos que ajudarão as pessoas a extrair da sua chave uma infinidade de reflexões: quantas portas essa chave já abriu e fechou? Em quantas mãos ela já passou? Por que ela está nesse estado? Qual foi a intenção de seu dono ao mandar confeccionar essa chave? Qual a razão da existência dessa chave? Quais os tesouros que ela guardou? Por que ela veio parar, hoje, nas minhas mãos? Por que ela é tão grande ou tão pequena? Por que tem tantos detalhes? etc. Em seguida, mudar os questionamentos, trazendo a reflexão do grupo paraa realidade concreta da Igreja e seu compromisso com ela: Tenho tido muitas chaves na minha vida? Como as tenho usado? Tenho sido chave na vida da Igreja e do meu próximo? Como? Tenho aberto ou fechado portas? O que a chave representa na minha vida e na vida da Igreja? • Após uns cinco minutos de observação/contemplação, ler, pausadamente, Mt 16,13-20. • Convidar todos a perceber a provocação que Deus faz a partir da chave e dar um nome à própria chave (é im- portante um tempo suficiente para que cada um possa sentir-se provocado a orar e a agradecer a partir das chaves: se for o caso, faça mais uma vez algumas motivações que possam ajudar na oração). • Partilha: expressar, espontaneamente, o que cada um sentiu durante o tempo de reflexão. • Concluir o momento de ação de graças convidando cada um a levar a chave consigo e trazer nos outros dois dias do tríduo. A mesma poderá ser reutilizada durante a celebração da missa do(a) padroeiro(a) (durante o ofertório), dando mais vida ao seu simbolismo. Concluir esse momento com um canto adequado. 45 1.13 Ritos finais Oração final Para a oração final desse primeiro dia do tríduo, poderá ser usada alguma oração oficial da Igreja que ainda não tenha sido feita, como, por exemplo, a oração da Campanha da Fraternidade do ano correspondente, ou a seguinte Oração Missionária (ou outra que a equipe escolher): “Nós vos louvamos, Senhor, e agradecemos pela vossa Palavra, pela graça do Batismo, pela missão que de vós recebemos. Ensinai-nos, nós vos pedimos, a ser missionários neste tempo e em toda parte. Alimentados pelo vosso Corpo e Sangue, seja a nossa missão um serviço à paz; e, para a humanidade à procura do caminho, sedenta de vida e de verdade, um sinal de amor e de esperança. Amém!” Comunicados Após a oração final, a equipe poderá passar os avisos que forem necessários para o próximo dia, bem como agradecer a participação de todos. Entre os avisos, peça que cada um traga para o próximo encontro uma flor. Ela será usada durante o ofertório do segundo dia do tríduo. Bênção final e envio A bênção final poderá também ser dinamizada. Convide as pessoas a traçar na fronte uma da outra o sinal da cruz e dar-lhe um afetuoso abraço, desejando uma boa noite (ou bom dia) e manifestando o desejo de vê-la, novamente, no próximo dia do tríduo. Enquanto o grupo se despede, a equipe de animação e canto poderá executar uma música bem alegre. Se desejar, a equipe poderá providenciar algumas pequenas lembranças e entregá-las aos participantes nesse momento. 46 Capítulo 3 - SEGUNDO DIA (JULGAR): - A VIDA DO(A) PADROEIRO(A) - DA PARÓQUIA OU COMUNIDADE Tema específico: “Sede santo como vosso Pai Celeste é Santo” (Lv 19,2b; Lv 11,44). 47 1. Objetos e símbolos a serem providenciados para o segundo dia do tríduo Imagem do(a) padroeiro(a); Bíblia; uma ou duas velas; toalhas e flores para ornamentar o espaço; livro com a biografia do(a) santo(a) padroeiro(a) ou algo similar; cruz; vasilha para brasas; carvão; pedaços de papéis suficiente para todos; algumas canetas ou lápis; CD com músicas instrumentais; aparelho para tocar CD; folhas de cantos; cesto para ofertas; pão grande; pães pequenos (uma quantia que seja suficiente para todos); água, asperge e caldeirinha para aspersão ou mesmo um copo e ramo verde; alguns símbolos relacionados ao santo(a) e outros símbolos e objetos que a equipe for utilizar durante essa celebração. Como no primeiro dia, providenciar pessoas que se responsabilizem para que tudo transcorra de forma harmônica e tranquila, sem interferir no ritual da celebração. 48 1.1 Espaço da celebração Como foi sugerido inicialmente, o espaço desse segundo dia do tríduo deve estar ornamentado com símbolos referentes ao tema. Não poderá faltar, em lugar de destaque, a imagem do(a) padroeiro(a) da comunidade nem os símbolos que são comuns a ele(a). Além disso, a Bíblia, velas e flores deverão estar presentes todos os dias. Procure reunir o maior número possível de elementos que lembrem a vida do padroeiro, inclusive um ou mais livros que contenham sua biografia. Vale lembrar que esse segundo dia, dentro do método “ver, julgar e agir”, tem como objetivo julgar a vida de cada um e da comunidade, iluminada pela vida do(a) santo(a) padroeiro(a). Sugestões: se a comunidade tiver como padroeiro Santo Antônio, cestos com pães podem ajudar a compor os elementos que ornamentam o espaço. Se a comunidade é dedicada a São Francisco, elementos da natureza (plantas, pássaros, terra, água etc.) são símbolos que reforçam o tema celebrado. A equipe poderá usar da criatividade para compor o espaço da celebração, tornando-o o mais possivelmente apropriado para a oração. 49 1.2 A acolhida A acolhida é sempre um elemento muito importante numa celebração. As pessoas, quando se sentem acolhidas no espaço da celebração, participam mais e, além de ficarem mais à vontade, rezam melhor, fazendo com que a celebração se torne rica e profunda não apenas para si mesmas, mas para todos. Assim sendo, prepare bem a recepção das pessoas que vão chegar para esse segundo dia de oração. A equipe poderá preparar algum gesto simbólico para a acolhida desse segundo dia, como, por exemplo, receber as pessoas ungindo a fronte ou as mãos delas com óleo perfumado, como foi feito no primeiro dia. Ou poderá, ainda, receber os participantes com algum gesto ou símbolo que lembre algo da vida do santo padroeiro da comunidade que está sendo celebrado nesse dia. Por exemplo, se a comunidade tiver como padroeira Santa Teresinha (de Lisieux) ou Santa Rita de Cássia, receber as pessoas entregando uma rosa. Ou se a padroeira é Santa Luzia, acolher as pessoas traçando sobre seus olhos o sinal da cruz. Enfim, verifique na vida do padroeiro da sua comunidade qual gesto poderá ser aplicado no momento da acolhida. As recomendações dadas no primeiro dia do tríduo, para a acolhida, poderão ser repetidas nesse e no terceiro dia: receber as pessoas e conduzi-las até seu assento, ter uma equipe para fazer a acolhida, receber a todos com simpatia e delicadeza etc. Depois dessa primeira acolhida personalizada, o dirigente, antes de iniciar a celebração, deverá fazer uma outra acolhida, agora mais geral, desejando boas-vindas a todos. Poderá pedir que a equipe de animação entoe o refrão de algum canto de acolhida, como, por exemplo: “Bem-vindo irmão, você completa a nossa alegria. Sinta-se bem. Seja feliz em nossa companhia. Bem-vinda irmã, você completa a nossa alegria. Sinta-se bem. Seja feliz em nossa companhia”, ou outro que a comunidade conheça bem. Depois da acolhida, inteirar os participantes do tema desse dia, apresentando, de modo breve, a temática desse segundo encontro. 50 1.3 Momento penitencial Lembrar no momento penitencial que toda a nossa vida deve ser um processo de santificação. Santificamo-nos quando pedimos perdão pelas nossas falhas, erros e fraquezas e nos propomos a não repetir tais erros. Trazer presentes nesse momento alguns exemplos da vida do(a) santo(a) padroeiro(a) que contribuíram no seu processo de santificação. A equipe de preparação do tríduo poderá preparar para esse momento penitencial a seguinte dinâmica: • Colocar no centro uma cruz e, aos seus pés, ou ao lado, uma vasilha com brasas. A imagem do(a) padroeiro(a) poderá também estar junto à cruz. Em seguida, distribuir pequenos pedaços de papéis para os participantes. Pedir que cada um escreva um ou mais pecados, como forma de pedido de perdão a Deus (o dirigente poderá distribuir uma ou mais canetas ou lápis aos participantes). Enquanto as pessoas escrevem seus pecados nos papéis, poderá haver um fundo musical que favoreça a revisão de vida. Em seguida, pedir que, com calma, as pessoas se aproximem e coloquem sobre a vasilha com brasa os papéis com os pecados. Se alguém desejar manifestar o pedido de perdão em alta voz, poderá fazê-lo. No final, um canto de pedido de perdão. Se a equipe desejar, poderá orientar, no final desse ritual, que todos se abracem como gesto de reconciliação com Deus e com os irmãos.
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