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ser professor hoje

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1 Nome dos acadêmicos 
2 Nome do Professor tutor externo 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (PED3053) – Prática do Módulo I - 13/09/18 
SER PROFESSOR HOJE 
 
José Fernando Belíssimo Araujo¹ 
Mireilla ² 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem por objetivo geral destacar como o professor se torna um bom 
profissional, além da licenciatura, na prática com o aluno, irá surgir o “professor professor”. 
Aquele que ensina uma arte, uma ciência ou uma língua. Esse é um trabalho com metodologia de 
pesquisa bibliográfica. Concluímos que os professores são eternos alunos, só o talento não nos faz 
acompanhar a evolução dos tempos é preciso estar sempre se atualizando. A grande lição de 
aprender a ensinar é entender como o aluno chegou ao resultado, o método e isso só se adquire 
com muito treino. 
 
Palavras-chave: Professor, licenciatura, aluno, educação 
 
1. INTRODUÇÃO 
Neste artigo abordaremos o profissional que sua, transige, estuda para apreender na intenção 
de preencher tabulas rasas com conteúdos vivos: o conhecimento. Apresentamos o surgimento do 
“professor professor”: o profissional humano, real, livre do mito do professor acima do 
conhecimento e da necessidade de formação. No nosso pensar, professor é muito mais este todo. 
Nosso objeto de trabalho, o aluno, precede nossa existência, transforma esta profissão em arte. 
Professor: qual seria a melhor definição? Segundo o dicionário “Priberam: Substantivo masculino 
(1. Aquele que ensina uma arte, uma atividade, um ciência, uma língua, etc; aquele que transmite 
conhecimentos ou ensinamentos a outrem , 2. Pessoa que ensina em escola, universidade ou noutro 
estabelecimento de ensino. = DOCENTE , 3. [Figurado] Entendido, perito Adjetivo e substantivo 
masculino , 4. Que ou aquele que professa uma religião ou crença [...] 
 
 
2. PROFESSOR: UMA PROFISSÃO 
Ser professor no Brasil de hoje e, até quem sabe, no de sempre é um ato de fé: firmamos 
propósitos que, no mais das vezes, não vemos (Paulo, Novo Testamento: Hebreus 11). Cremos que 
uma infraestrutura adequada é suficiente, cremos que todos os alunos são padronizados e, portanto, 
reagem da mesma forma as mesmas questões, cremos até que aprender é lembrar. O professor é um 
crente, crê inclusive que ensina. 
Vivemos na mesma caverna do mito platônico, açambarcados de certezas inconsistentes, 
assistindo sombras e imaginando a realidade, em PLATÃO (2012, p 258): 
 
2 
 
SÓCRATES – Agora imagina a maneira que segue o estado da nossa natureza 
relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em 
forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de 
pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está 
adiante deles, pois corrente os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma 
fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros 
passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo desta estrada está construído um 
pequeno muro, semelhantes as divisórias eu os apresentadores de títeres armam diante de si 
e por cima das quais exibem as suas maravilhas. 
Glauco – Estou vendo. 
SÒCRATES – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam 
objetos de toda espécie, que o transpõe: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira 
e toda espécie de matéria; naturalmente, esses transportadores, uns falam e outros seguem 
em silêncio. 
Glauco – Um quadro estranho e estranhos prisioneiros. [...] 
SÓCRATES – E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos 
transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles? 
Glauco – Sim, por Zeus. Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às obras 
dos objetos fabricados. 
SÓCRATES - Considera agora o que acontecerá, naturalmente, se forem liberados de suas 
cadeias e curadas de sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele 
obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço e caminhar, a erguer os olhos 
para luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá. E o deslumbramento impedi-lo-á de 
distinguir os objetos que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier 
dizer que viu até então senão fantasmas, mas agora, mais perto da realidade e voltado para 
objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que 
passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e 
que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe 
mostram agora? 
Glauco – Muito mais que verdadeiras [...] 
Comparamos a caverna à escola, os prisioneiros são os professores e os alunos, enquanto 
que as sombras nossos paradigmas. Resta-nos a esperança cartesiana da descoberta da realidade no 
“Eu penso, logo existo” (DESCARTES, 1979,Discurso do Método, p23), uma vez que o pensar 
desencadeia o conhecimento, que é a premissa básica da Educação. 
Mas, que tipo de professor você é? Um deus, acima do bem e do mal, com direito de vida e 
morte sobre os seus alunos, autorizado para julgar sumariamente quem se opor a suas diretrizes ou 
ainda o tipo terrorista que provoca no aluno a certeza que a única razão da existência escola é 
“passar” ou “rodar”, impunemente, os alunos? Ou você é um poço de lamentações exalando 
vapores depressivos ministrando reclamações contra tudo e contra todos sem qualquer atitude 
reativa? 
Que tipo de professor você pretende ser e que tipo de professor você será? 
GREEN (2015,p17) desperta para o fato que temos que aprender a ensinar quando conhece a 
professora Magdalene Lampert: 
 
3 
 
[...]. Meus amigos professores pareciam ter nascido para a lousa. Dava para ver em suas 
personalidades e na forma como se dedicavam – a sensibilidade determinada e o 
comprometimento de um, a devoção confiante e lúdica do outro. Agregadores, 
encantadores e teatrais, eles atraiam a atenção onde quer que fossem. Não surpreende que 
tenham decidido ser professores, enquanto eu – timidamente séria, alérgica a palhaçadas e 
cética – me tornei jornalista. Eles tinham aquela qualidade mágica do “professorismo” [...] 
Quando encontrei Magdelene pela primeira vez, seu talento era evidente, parecia uma 
espécie de feiticeira. Estávamos no inverno de 2009 [...] ela era agora professora do curso 
de Educação da Universidade de Michigan[...]. 
Quanto mais eu aprendia sobre Magdelene e sua didática, mais eu enxergava que o que 
parecia leitura de mentes era resultado de uma prática extraordinária, não talento inato. O 
sucesso dela não dependia de sua personalidade – introspectiva, reflexiva e metódica, bem 
o oposto dos míticos professores hollywoodianos. Ao contrário, o desempenho de 
Magdelene se baseava em conhecimentos e habilidades que ela passou anos treinando. 
Ensinar, do jeito que ela fazia, era uma técnica complexa. 
A realidade é que não existem professores “a priori”. O senso comum se equivoca ao pensar 
que alguns professores já nascem assim, como Robin Willians em Sociedade dos Poetas Mortos. A 
ideia do dom de ser professor está encravada no inconsciente coletivo há muito sem que qualquer 
estudo científico tenha concluído que esta crença é real, ou melhor, até hoje incontáveis pesquisas 
foram realizadas sem que nenhuma delas apresentasse um modelo de professor preexistente, nato, 
resumindo: aprendemos a ser professores (GREEN, 2015,p21). 
A grande lição do aprender a ensinar é que, antes de usar repetições infindáveis de 
informações enfadonhas como base para o conhecimento e a simples correção de erros de exercícios 
aplicados aos alunos, devemos entender precisamente como o aluno chegou ao seu resultado, não 
interessando se ele acertou ou errou. Método: esta é a resposta, e isto só se adquire com muito 
treino. 
O professor, como disse Albert Einstein fazendo comentáriosobre a genialidade, necessita 
de 1% de inspiração e 99% de transpiração. Precisa estudar e aprender precisa errar... entender 
como errou e acertar, tornar o acerto cada vez mais preciso... entender como acertou, estudar mais e 
mais. Entender que quanto mais sabe, mais descobre quão pouco sabe. 
Os “professores professores” devem entender que são eternos alunos de si mesmos e das 
experiencias externas. 
O “professor professor” é um cientista, um pesquisador atento a cada aresta do complexo 
poliedro da sala de aula, com cada aluno ocupando posição única e independente, ora como 
receptor, ora como fonte e cada qual a seu tempo. Deve-se deixar bem claro que a correspondência 
entre ensinar e aprender é perfeitamente biunívoca e que o conhecimento é a função que rege esta 
correspondência. O limite entre o aprender e o ensinar é tão tênue que não distinguimos quando 
começa um e termina o outro e que a existência de alunos precede a existência de professores. 
O “professor professor” aprende, incessantemente, que sabe pouco e por isso precisa 
continuar a estudar para permanecer aprendendo e que este processo é eterno e ilimitado. 
3. TALENTO X TREINO 
Sim, devemos levar em conta que o talento é um bom tempero, mas não é o prato principal, 
ou seja, faz diferença, mas é insuficiente. Ninguém discute a capacidade especial de Pelé como 
jogador de futebol, mas quanto jogador ele seria sem preparo físico e sem muito treinamento? E, 
sem aulas de canto, sem técnicas de respiração quão cantores seriam Robert Plant, Fredie Mercury 
ou Cauby Peixoto? 
4 
 
Ouvi várias vezes de um grande amigo e jornalista David Coimbra: “-...Treino é tudo! ”. 
Certamente sua cultura e seu texto genial estão relacionados com os milhares de livros que ele lê 
(aprende-se a ler escrevendo e, lendo, escrevesse cada vez melhor). 
Ensinamos estudando e ensinar é conhecer a opinião externa, é comparar, é criticar com base 
na comparação. 
O conhecimento se desenvolve da mesma forma que as sinapses cerebrais: informações 
múltiplas, fontes diversas viabilizam a formação de novos caminhos que simplificam o atingimento 
de objetivos e a busca de novas metas. Estudar é criar novas sinapses, ensinar é usufruir destas 
recém criadas sinapses. A aprendizagem é o resultado do conhecimento, porém a aprendizagem não 
é concluída com o conhecimento, ela apenas encontra um “oásis” para descansar em meio a 
maratona infindável. Só percebemos a imensidão do oceano quando observamos o horizonte e, se 
nos dirigirmos nesta direção, veremos que o horizonte continua na mesma distância. 
O “professor professor” inclui, associa, integra, não vê diferenças, observa individualidades. 
O “professor professor” sabe que “normal” nada mais é que uma questão estatística, um intervalo 
onde a população se concentra, seja a população cultural, econômica ou étnica. 
Mas como treinar um professor? A experiência do ensino da matemática nas escolas 
japonesas é esclarecedora o aluno é incentivado métodos novos para soluções de problemas ao 
invés de, pura e simplesmente, calcular: o saber antecede o resultado, isto é, a escolha do caminho 
antecede a chegada ao destino. 
A metodologia normal (e, novamente, entendamos normal como uma questão puramente 
estatística*1) nos oferece algo semelhante ao experimento mental de Schoredinger*2): o problema é 
proposto, a fórmula da solução é desconhecida (a “caixa” está fechada) e o resultado continua uma 
incerteza. O “professor professor” deixaria um orifício na caixa do experimento para despertar a 
curiosidade do aluno! 
Toda ciência é exata, desde que conheçamos todas as variáveis envolvidas. Educar é uma 
ciência exata com comportamento paradoxal: as variáveis dependem tanto do resultado como o 
resultado dependem delas, em outras palavras, dominar o conteúdo a ser ensinado é condição 
necessária, mas não suficiente, também temos que conhecer cada aluno como único. O aluno é o 
resultado que altera as variáveis. 
 
4. MATERIAIS E MÉTODOS 
Este trabalho foi realizado utilizando pesquisa bibliográfica com consulta aos volumes 
apresentados no item “Referências” e exaustivos debates entre os autores. PLATÃO e 
DESCARTES ofereceram a metáfora histórica a respeito do tema, enquanto que ELIZABETH 
GREEN proporcionou a visão atualizada e contundente sobre a realidade do comportamento dos 
professores nos Estados Unidos da América e no Japão. A pesquisa compilada é dirigida aos cursos 
de graduação em licenciatura. 
 
 
 
 
 
*1: Normal: é a chance estatística de ocorrer determinado evento 
*2: Erwin Rudolf Josef Alexander Schrödinger (pronúncia alemã ˈɛʁviːn ˈʃʁøːdɪŋgɐ) (Viena-Erdberg, 12 de agostode 1887 — Viena, 4 de janeiro de 1961) foi um físico 
teórico austríaco, conhecido por suas contribuições à mecânica quântica, especialmente a equação de Schrödinger, pela qual recebeu o Nobel de Física em 1933. Propôs 
o experimento mental conhecido como o Gato de Schrödinger e participou da 4ª, 5ª, 7ª e 8ª Conferência de Solvay. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Erwin_Schr%C3%B6dinger 
[consultado em 04-11-2018] 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:AFI_para_alem%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Viena
https://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_agosto
https://pt.wikipedia.org/wiki/1887
https://pt.wikipedia.org/wiki/4_de_janeiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1961
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica_te%C3%B3rica
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica_te%C3%B3rica
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81ustria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mec%C3%A2nica_qu%C3%A2ntica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Equa%C3%A7%C3%A3o_de_Schr%C3%B6dinger
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nobel_de_F%C3%ADsica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Experimento_mental
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gato_de_Schr%C3%B6dinger
https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Solvay
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erwin_Schr%C3%B6dinger
5 
 
5. CONCLUSÃO 
Esta é uma história sem final. O professor é o profissional que ensina e cria todos os outros 
profissionais, inclusive novos professores. Sabemos que talento direcionado é uma realidade 
(neurológica, quem sabe), porém, qualquer talento necessita de muito treino competente, caso 
contrário o talentoso se mediocriza. Sócrates não tinha certezas (“só sei que nada sei...”), Einstein se 
considerava um estudante obstinado (“O homem erudito é um descobridor de fatos que já existem, 
mas o sábio é um criador de valores que não existem e que ele faz existir...”), Descartes um 
insaciável explorador da verdade (“Muitas vezes as coisas que me pareceram verdadeiras quando 
comecei a concebê-las tornaram-se falsas quando quis coloca-las sobre o papel...”). Humildade para 
aprender sempre, entender que cada aula é uma peça inédita representada para uma plateia única, 
esta parece ser a fórmula que transforma o professor em “professor professor”. 
Ser um professor hoje requer uma dedicação a mais sempre aprimorando nossos 
conhecimentos para tentarmos não ficar no passado com métodos atualizados baseados no 
conhecimento e habilidades que se consegue através de muito treino e técnicas didáticas. Fazendo 
um trabalho com resultados positivos em que o aluno adquira conhecimento para a vida, seja um ser 
pensante e possa se tornar um cidadão capaz e autônomo. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
DESCARTES, René. Discurso do Método. São Paulo: Editora Abril, 1979. 
PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1949. 
GREEN, Elizabeth. Formando mais que um Professor. Indaial: Editora Boa Prosa, 2015. 
("professor", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2013, https://dicionario.priberam.org/professor [consultado em 04-11-2018].) 
 
https://dicionario.priberam.org/professor

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