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O TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E A 
APRENDIZAGEM 
Autor: José Fernando Belíssimo Araújo1 
Tutor externo: Lilian Soares Alves Branco2 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 
Licenciaura em Matemática (FLX1230) – Estágio Curricular Obrigatório I 
13/07/2020 
 
RESUMO 
 
O objetivo principal desse trabalho foi realizar um estudo sobre a gênese, as testagens 
e possíveis terapias do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), 
com foco especial no Déficit de Atenção, na intenção de colaborar com a ideia da 
educação inclusiva a partir de um transtorno fartamente identificado no dia a dia da 
sala de aula, transtorno este cercado por preconceitos e estigmas. A postura e a 
proposta pedagógica do docente podem contribuir para trazer o aluno com TDAH 
participar integralmente e, dessa forma, incluí-lo plenamente no contexto da 
aprendizagem formal. 
 
Palavras-chave: Educação inclusiva. TDAH. Matemática. 
 1 INTRODUÇÃO 
 
Integrar ou incluir: eis a questão!!! Incluir, eis a única resposta! 
Necessitamos escolher bem o “solvente” para que os solutos não se distingam. 
Para incluirmos, havemos de realizar uma cisão contundente em diversos 
paradigmas e conceitos arraigados que definem tudo pela média mais 
abundante da população. Na situação específica das pessoas com deficiência 
o ato de inclusão significa oportunizar vida integral, indistintamente, pois 
nossas individualidades nos tornam diferentes. 
O conceito de normal é puramente estatístico, ou seja, quando 
estudamos distribuição de probabilidades, para avaliar a possibilidade da 
ocorrência ou da não ocorrência de um determinado evento. Desta forma, o 
“normal” é uma questão de quantificação e não de qualificação, por exemplo, 
entre a tribo australiana de Pigmeus o normal (ou comum) é possuir estatura 
 
1 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Matemática; E-mail: jfernandobelissimo@gmail.com 
2Tutor Externo do Curso de Licenciatura em Matemática – Polo IERGS; E-mail: 
lilian.branco@uniasselvi.edu.br 
inferior a 1,50m, em outras palavras, consideramos como “normal” o evento 
que se encontra dentro do intervalo da média dos eventos. 
Incluir é muito mais que integrar, incluir significa, principalmente, fazer 
com que os diferentes (e todos o somos) não sejam desiguais, não significa 
“nivelar por baixo”, mas sim, realizar um nivelamento dinâmico, adaptativo, 
capaz de oportunizar, de forma justa e igualitária, a aprendizagem a, 
indistintamente, todos os aprendizes. 
 Nesse trabalho exploraremos a mais abundante das deficiências: o 
TDAH3 (ênfase ao déficit de atenção). Com um contingente de portadores, 
segundo o “Blog da Saúde” do governo federal, superior a 400 milhões da 
população mundial, apresentaremos uma síntese do transtorno, do ponto de 
vista da comunidade científica, métodos de testagem e a posição do docente 
do aluno portador do déficit. 
Frequentemente confundido como característica, esta deficiência tem 
origem bioquímica, onde estudos indicam o envolvimento da dopamina e da 
noradrenalina, e possui um potencializador ambiental, onde a estrutura social 
do habitat do paciente pode ser um catalizador do transtorno. 
Anexo ao “paper” incluiremos um “e-Book” com as principais 
características da deficiência, métodos diagnóstico e de testagem, além de 
sugestões inclusivas aos professores de matemática. 
2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA 
Como podemos chamar de anormal um transtorno que atinge, conforme 
o “BLOG DA SAÚDE” do governo federal, cerca de 5% da população mundial? 
Este contingente é, aproximadamente, toda a população da América do Sul, 
portanto, falando em estatística, esse é um transtorno absolutamente comum, 
como se fosse um continente inteiro a ser incluído. 
No universo da educação o docente se depara com uma parcela de 
público portador de necessidades especiais, necessidades estas que exigem 
práticas inclusivas que introduzam o educando especial no universo da 
 
3 TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade 
normalidade. O papel do professor é fundamental nessa quebra de 
preconceitos e paradigmas arraigados, como sugere Maiola: 
No caso das pessoas com deficiência, suas diferenças se exaltam e 
respondem na forma de preconceitos que menosprezam suas 
potencialidades. Estas pessoas costumam ser percebidas pelo que foge ao 
padrão, tanto no que falta, quanto no que necessitam em questão de 
assistência e adaptações. (MAIOLA, 2016, p.02). 
 O TDAH, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, 
segundo CID104 (1993, p255), é a dificuldade de prestar atenção a detalhes 
ou, paradoxalmente, ou a compulsão a prestar atenção a tudo que cerca o 
paciente, é como se seu cérebro nunca conseguisse ficar em “silêncio”. Ainda 
segundo CID10 (1993, p.256) a característica essencial do TDA consiste num 
padrão persistente de desatenção, mais frequente e grave do que aquele 
normalmente observado nos indivíduos em nível equivalente de 
desenvolvimento. 
Estudos indicam, conforme COUTO (2010, p4), que, esta patologia é 
essencialmente causada pela baixa concentração, no cérebro, de dopamina e 
noradrenalina, que são os neurotransmissores responsáveis por ativar as 
sensações de recompensas no SNC5, sendo que esta síndrome também pode 
ser agravada por fatores ambientais. 
O aluno com TDAH, enfrenta, via de regra, uma dificuldade importante 
para aprendizagem de assuntos que envolva raciocínio lógico minucioso em 
função da sua dificuldade de focar sua atenção a um algoritmo por vezes 
extenso e complexo, como se apresenta a ciência Matemática. Desta forma, é 
imprescindível que o docente mantenha uma eterna vigília ao grupo de alunos 
para indicar a necessidade de diagnósticos pelos profissionais adequados e 
que a atitude inclusiva seja rotineira no dia a dia da sala de aula, mantendo, 
assim, a possibilidade de aprendizagem a todos aprendizes. 
Ainda a respeito do diagnóstico, observamos a opinião de Graeff: 
É necessário que se realize um diagnóstico diferencial criterioso, 
buscando entender a dinâmica dos sintomas e o funcionamento do 
paciente, assim como contextualizar sua conduta numa perspectiva 
 
4 CID10: Cadastro Internacional de Doenças 
5 SNC: Sistema Nervoso Central 
do desenvolvimento. O uso de uma testagem psicológica pode ser de 
muita importância, tanto para clareamento do diagnóstico como para 
o planejamento de uma intervenção. O uso de escalas, de testes 
psicológicos e neuropsicológicos é opção viável, capaz de fornecer 
um número significativo de informações. Ainda assim, a avaliação 
clínica se mantém sendo o recurso diagnóstico mais importante: além 
de critérios objetivos, supõe experiência profissional, pois o 
diagnóstico perpassa a subjetividade de quem avalia. (GRAEFF, 
2008, p16). 
Realizada as testagens específicas, definidas as atitudes terapêuticas, 
cabe ao docente incluir o aluno portador do TDAH ao dia a dia da sala de aula. 
Fica claro que a metodologia mecânica6 de aprendizagem não apresenta as 
estratégias necessárias para transformar o paciente do TDAH em um aprendiz 
focado. Evocamos Ausubel e sua “Teoria da Aprendizagem Significativa”7 que 
apresenta na teoria que o processo de aprendizagem é muito mais eficiente e 
efetivo se o assunto a ser estudado está relacionado com conceitos pré 
existentes na estrutura cognitiva do aluno, o que provoca satisfação e, 
portanto, ative as centrais de recompensa do cérebro e, consequentemente, 
melhore a atenção do aprendiz, relacionando o novo conhecimento a estrutura 
cognitiva8 do aluno. 
A terapia clínica, associada a atitude do docente utilizando 
procedimentos lúdicos, significativos, com associação coerente da prática com 
a teoria, pode ser o caminho para atingir positivamente a estrutura cognitiva8 
tanto para alunos portadores como os não portadores do TDAH, ocasionando o 
processo de inclusão de forma generalizada. A apresentação de exercícios 
com aplicaçõesdo dia a dia, cria um clima de curiosidade que, naturalmente, 
provoca a atenção do aprendiz. Aproveitando o pensamento de Ira Shor, a 
respeito da importância do cotidiano nos elementos da aprendizagem: 
[...]Espero que encontremos um certo estilo dançante. Assim, 
seremos ao mesmo tempo poéticos, divertidos e profundos. [...]Este 
problema de incorporar o pensamento crítico a vida cotidiana constitui 
sempre em desafio. Talvez em algum lugar isto seja mais importante 
do que no ensino, que é uma experiência humana cheia de 
momentos imprevisíveis. (SHOR,1987, p.11). 
 
 
6 Aprendizagem mecânica: as novas informações têm pouca ou nenhuma relação com conhecimentos 
previamente estabelecidos nos saberes do aprendiz. 
7 TSA: Teoria da Aprendizagem Significativa 
8 Estrutura cognitiva: é o conteúdo organizado e total dos conhecimentos de um indivíduo. 
No próximo item apresentaremos uma visão geral da situação 
operacional que resultou nesse trabalho. 
3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO 
Novas catástrofes indicam sempre a necessidade de novas e criativas 
soluções. É a força necessária para mudar o movimento retilíneo da história. 
Uma grave pandemia obrigou-nos a repensar a ordem das coisas, e o estágio 
vivido dentro do mundo da virtualidade foi tão concreto e real como se 
estivéssemos em uma sala de aula convencional. Referenciando Descartes, o 
estágio prático está para pesquisa teórica, como a existência está para o 
pensamento 
Começamos pela observação virtual, em tempos de massificação das 
comunicações, nunca pensamos que seria tão difícil obter informações sobre 
uma escola de ensino médio, não importando se pública ou privada. Emails 
foram enviados, buscamos contato telefônico, enfim, realizamos diversas 
abordagens em diversas escolas, sem qualquer resposta. O Colégio Tiradentes 
da Brigada Militar de Santa Maria, cujo site oferece um portfólio com 
minuciosos detalhes sobre todos tópicos relativos à estrutura e a organização 
da escola, foi a única instituição a qual obtivemos o acesso necessário. 
Com relação a temática escolhida para o trabalho, o TDAH, nosso 
principal foco foi apresentar de como preconceitos podem mascarar uma 
doença cientificamente reconhecida e dificultar a inclusão no ambiente escolar, 
de uma parcela, conforme mencionado na “Fundamentação Teórica” deste 
“paper”, que pode chegar a 5% da população dos aprendizes. Além disso 
constatamos em nossa pesquisa que a terapia é gravemente dificultada 
quando maior for o tempo para o diagnóstico deste transtorno patológico e que 
a criação de um ambiente de inclusão, pautado pela criatividade e pela 
significatividade, melhora consistentemente os índices de aprendizagem de 
toda população de alunos. 
Todo este contexto será culminado com um tutorial na forma de um “e-
book”, o qual sintetizará um auxílio ao docente para identificar, com a 
observação do comportamento e uma sugestão de testagem, alunos com 
TDAH, e, a partir daí, fundamentar sugestões para a supervisão pedagógica 
contactar familiares na intenção da realização de um diagnóstico especializado. 
O trabalho de extensão também contém tópicos que sugerem atitudes 
inclusivas necessárias ao planejamento da aula onde o público contenha 
alunos com o transtorno do déficit de atenção. 
4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS) 
O estágio prático, para formação acadêmica, é a consolidação de toda 
pesquisa teórica realizada. Entretanto, o maior desafio enfrentado no modelo 
virtual do Roteiro de Observação foi a disponibilização de informações relativas 
a estrutura organizacional de uma escola de ensino médio. Em função da 
pandemia, a maioria dos estabelecimentos não mantinha pessoal na secretaria, 
dificultando a obtenção do material para a redação dos trabalhos do estágio. 
Mas o professor é um incessante pesquisador, portanto, este formato de 
estágio fez-nos vivenciar a realidade do dia a dia do docente que, a todo 
momento, tem que criar uma aula nova e instigante, para, dessa forma, tornar 
atrativa e eficaz a aprendizagem. Tanto a pesquisa teórico bibliográfica quanto 
a pesquisa virtual nos entregaram horas de inspiração e transpiração, ora no 
trabalho de garimpagem do material confiável e realmente útil, ora na árdua 
tarefa de encontrar informações a respeito dos detalhes sobre a instituição. 
Anexo a este “paper” encontraremos o projeto de extensão: um e-book 
no qual sintetizaremos nossa busca pela inclusão de alunos portadores do 
TDAH, nele encontraremos, além da gênese sintomatológica da doença, 
aspectos da testagem e observação como ferramentas para auxiliar o professor 
a identificar alunos com o transtorno de atenção. 
A pandemia, ao que tudo indica, catalisou mudanças definitivas no 
processo de aprendizagem e no relacionamento entre docentes e discentes, e 
as ferramentas de comunicação e informação o mundo virtual em algo que 
tangencia o concreto. 
 
REFERÊNCIAS 
BLOG DA SAÚDE: disponível em <http://www.blog.saude.gov.br/34273-tdah-
atinge-de-3-a-6-da-populacao-mundial-saiba-mais-sobre-o-
transtorno.html#:~:text=TDAH%20atinge%20de%203%20a%206%25%20da%2
0popula%C3%A7%C3%A3o%20mundial.,Hiperatividade%2C%20mais%20con
hecido%20como%20TDAH>. Acesso em: 11 de junho de 2020 
BRASIL. Resolução CEB. Resolução nº 2, de 7 de abril de 1998. Institui as 
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. Brasília, DF: 
abril de 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/ 
rceb02_98.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2018. 
COUTO, Taciana de Souza; MELO, Mario Ribeiro; GOMES, Cláudia Roberto 
de Araujo. Aspectos neurobiológicos do Transtorno do Déficit de Atenção 
e Hiperatividade: uma revisão. Ciência e Cognição - 2010. Disponível em: < 
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v15n1/v15n1a19.pdf>. Acesso em: 17 jun. 
2020. 
DESCARTES, René. Discurso do Método. Disponível em: < 
https://www.netmundi.org/home/wp-content/uploads/2015/06/O-Discurso-do-
metodo.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2020 
FREIRE, PAULO; SHOR, IRA. Medo e Ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 
1987. 
GRAEFF, Rodrigo Linck; VAZ, Cícero E. Avaliação e diagnóstico do 
transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Psicol. USP 
vol.19 no.3 São Paulo julho/setembro 2008 . Disponível em: < 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
65642008000300005>. Acesso em: 17 jun. 2020. 
MAIOLA, Carolina dos Santos. Curso sobre práticas inclusivas para formação 
de professores. ETAPA 1. Centro Universitário Leonardo da Vinci, p. 04, 
2016. 
MOOJEM, S. M., DORNELES, B. V., & Costa, A. (2003). Avaliação 
psicopedagógica do TDAH. In L. A. Rohde et al., Princípios e Práticas 
em TDAH . Porto Alegre: Artmed. 
PINHO ALVES, J. P. Atividades experimentais: do método à prática 
construtivista. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de 
Santa Catarina. Florianópolis, 2000. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ANEXO II 
TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA A DIVULGAÇÃO DE 
MATERIAL DIGITAL DESENVOLVIDO NO PROJETO DE 
EXTENSÃO 
 
 
Eu José Fernando Belíssimo Araújo, acadêmico do curso de Licenciatura em 
Matemática, matrícula 1367576, CPF 33434654020, da turma FLX1230, autorizo a 
divulgação do produto virtual, realizado para atender o Projeto de Extensão, intitulado 
de: TDAH – Um Estudo para Inclusão, de acordo com critérios abaixo relacionados: 
 
a) O produto virtual é de minha autoria, desenvolvido com materiais de 
diferentes fontes pesquisa (vídeos, imagens, links de textos para 
pesquisa, links para visitas virtuais, dicas de filmes, livros, etc.) 
devidamente referenciados, conforme as Regras da ABNT. 
b) Tenho ciência de que o material por mim cedido à UNIASSELVI é isento 
de plágio, seguindo a Legislação brasileira vigente. 
c) Estou ciente de que o material ficará disponível para consulta pública à 
comunidade internae externa, desde que aprovado pelos 
coordenadores, professores e tutores da UNIASSELVI. 
 
 
 
Número de telefone fixo/celular: (51) 3407-5851/ (51) 98528-1419 
 
Dar o aceite _____________________________________ 
 Assinatura do acadêmico 
 
 
Porto Alegre, 13 de julho de 2020.

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