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A Era do Empreendedorismo e o fenômeno Brasileiro Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD 1ª Edição Copyright © 2019, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário A Era do Empreendedorismo e o fenômeno Brasileiro Para início de conversa… ................................................................... 04 1. Empreendedorismo na Era do Conhecimento. ........................... 05 2. Comportamento do Mercado na Sociedade Informatizada. ......... 05 3. Desenvolvimento e Financiamento Colaborativo ........................ 08 4. Oportunidades Empreendedoras na Era .................................... 09 da Informação ...................................................................... 09 5. O cenário empreendedor brasileiro. ......................................... 11 6. Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor ................................ 12 7. Números do Empreendedorismo No Brasil ................................ 14 8. Expectativas para o Empreendedorismo no Brasil ...................... 19 Considerações Finais .......................................................................... 21 Referências ........................................................................................ 22 4 Empreendedorismo Para início de conversa… Nesta unidade você conhecerá de que maneira as novas tecnologias alteraram o cenário sob o ponto de vista do empreendedorismo. Você conhecerá as características da sociedade pós-industrial e entenderá porque os autores têm definido o atual momento da sociedade como a Era do Conhecimento e como isto afeta a visão empreendedora no século XXI. E também vai conhecer o fenômeno do empreendedorismo no Brasil, as pequenas e médias empresas representam 20% do Produto Interno Bruto brasileiro e são responsáveis por 60% dos 94 milhões de empregos no Brasil. O relatório publicado pela Global Entrepreneurship Monitor, um projeto de pesquisa sem fins lucrativos que reúne 125 países no mundo e que tem por objetivo a geração e divulgação de informações sobre a atividade empreendedora em âmbito mundial, sobre os dados de sua 12ª pesquisa realizada em 54 países do mundo, além de confirmar os dados sobre a força do empreendedorismo no Brasil, demonstram que os empreendedores no Brasil desenvolvem a atividade por opção de carreira pela atividade. 5Empreendedorismo 1. Empreendedorismo na Era do Conhecimento. Para a maioria dos pesquisadores e autores, a humanidade está vivendo uma nova era a partir da difusão da utilização em escala mundial da rede de computadores (internet). Daniel Bell¹, em seu livro “O Advento da Sociedade Pós-Industrial” (1974), define o atual momento da sociedade humana como Sociedade Pós- industrial. Segundo Bell, esta nova sociedade está baseada no setor de serviços, uma mudança significativa em relação à Revolução Industrial que tinha como base a produção de produtos manufaturados. A era do conhecimento, ou era da informação é uma época onde a informação troca de mãos com muita velocidade e, portanto, a agilidade na tomada de decisão é o grande diferencial competitivo. “Na era do conhecimento não é mais o franco que vence o mais forte e sim o mais rápido que derrota o mais lento” – autor desconhecido. 2. Comportamento do Mercado na Sociedade Informatizada. Veja como mudou comportamento do consumidor após o advento da Internet com as compras online. Clique e assista a reportagem sobre a mudança de comportamento do internauta a partir do surgimento do Google. Segundo dados do Ibope Media, em dezembro de 2012 existiam 94,2 milhões de internautas brasileiro, colocando o Brasil na quinta posição entre os países mais conectado do mundo, atrás da China, Estados Unidos, Índia e Japão. Saiba Mais Assista agora https://www.youtube.com/watch?v=Hw2wxRauK40 6 Empreendedorismo Em 2011, a revista Veja divulgou estudos da Fecomercio-RJ/ Ipsos informando que o percentual de brasileiros conectados à internet aumentou mais de 77% (27% em 2007 e 48% em 2011). As compras pela Internet cresceram 128% no período de 2008 (R$ 8,2 bilhões) a 2011 (R$ 18,7 bilhões). Apesar do crescimento do número de brasileiros que fazem compras online também ter aumentado no período de 2007 (13%) a 2011 (20%), ele ainda é considerado baixo. Na entrevista, Christian Travassos, economista responsável pelo levantamento na FECOMERCIO, comenta: “Pelo histórico de acesso à internet houve um avanço significativo e a tendência é aumentar porque cada vez mais as pessoas precisam estar conectadas”. A percepção de Travassos é confirmada na pesquisa Cisco2 Visual Networking Index de 2012, divulgada pelo Diretor de Operadoras da Cisco no Brasil, Rodrigo Dienstmann. Segundo a pesquisa, o Brasil terá um crescimento anual de 53% na internet. Para o executivo, os principais responsáveis pelo aumento do tráfego serão o número de dispositivos, a banda larga com velocidade mais rápida e o aumento do número de usuários e no conteúdo disponível, principalmente o consumo de vídeos, que exige mais banda. O estudo também prevê um aumento no número de dispositivos e usuários conectados. No Brasil, serão 617 milhões de aparelhos conectados até 2016, contra os 332 milhões em 2011. Haverá 98 milhões de usuários de internet em 2016 no país, 60% de crescimento comparado com os 61 milhões em 2011. O uso de dispositivos smartphones vem mudando o modo como os consumidores fazem compras. Entender estes números é fundamental para o empreendedor decidir sobre as estratégias de publicidade que incluam a rede móvel. Veja os dados levantados pelo Google em 2012. ▪ 23% dos usuários de smartphones utilizaram o dispositivo para comprar pela internet; ▪ 45% compraram pelo menos uma vez por mês; ▪ 46% estavam na faixa de 18 a 29 anos e 42% estavam na faixa de 30 a 59 anos; 7Empreendedorismo ▪ 61% compraram de suas casas (41%) ou trabalho (20%); ▪ 31% levaram os smartphones para pesquisar produtos; ▪ 38 % pretendem comprar mais utilizando smartphones. Os dados de atividade de usuários de smartphones levantados pelo Google mostram que os smartphones transformaram o comportamento do consumidor. 23% 72% 54% 12% 31% 2% BrasilPa ís 0 25 50 75 100 Atividades gerais em smartphones Compraram um produto ou serviço Acessaram uma rede social Pesquisaram rotas ou usaram um mapa Usaram cupons de compras on-line/para celular Atividades financeiras Outras atividades Google base: proprietários de smarphones 8 Empreendedorismo 3. Desenvolvimento e Financiamento Colaborativo As estratégias para financiamento de empreendimentos e de desenvolvimento colaborativo também estão mudando, veja o caso do crowdfunding e do crowdsourcing. O crowdfunding é um conceito de financiamento cooperado que nasceu nos Estados Unidos em 2009. Comunidades são criadas na internet para arrecadar recursos financeiros destinados a financiar projetos de interesse daquela comunidade, uma verdadeira “vaquinha na internet”. O crowdfunding foi trazido para o Brasil graças à visão empreendedora e o senso de oportunidade do grupo carioca do Queremos. A ideia era criou uma ação cooperada na internet para financiar a vinda de grupos musicais ao Rio de Janeiro. Com o objetivo em vista, eles contatavam o grupo musical de interesse,verificavam qual o valor mínimo para trazê-los ao Rio de Janeiro, criavam uma espécie de “vaquinha na internet” entre aqueles internautas que também desejassem ver o grupo musical tocar ao vivo no Rio de Janeiro. A inovação veio com o compromisso feito aos investidores em devolver o dinheiro investido mesmo se o objetivo fosse atingido, ou seja, todos veriam o show de graça. A ação foi um sucesso e pessoal do Queremos inovou mais uma vez, vendendo cotas de participação do empreendimento para empresas que quisessem apoiar o empreendimento, ação que eles chamam de crowdrefunding. Para entender melhor o conceito do crowdfunfing e de como ele vem se devolvendo no Brasil veja a reportagem da Globo News. Assista a entrevista que o grupo Queremos deu a “Mundo SA”. O crowdsourcing, criado nos Estados Unidos em 2006, é outro exemplo de ação colaborativa na internet. O que muda é o objetivo. A intenção é usar a capacidade e competência do coletivo para desenvolver tarefas e solucionar problema, criando novos produtos ou serviços, utilizando um grande número de colaboradores virtuais. https://www.queremos.com.br/ http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2012/03/crowdfunding-um-modelo-de-financiamento-promissor.html https://www.youtube.com/watch?v=Eq-9e2wnMEQ 9Empreendedorismo Entenda melhor o conceito do crowdsourcing assista ao vídeo da entrevista de Claudio Cosenza, diretor de inovação e sustentabilidade da Boa Vista Serviços SCPC, para a HSM - Inspiring Ideas e a palestra sobre o tema na Endeavor. Empresas como a crowdtest e a onedaytesting utilizam o crowdsourcing para testar softwares utilizando uma rede de especialistas conectados na rede. Na área de ciência e tecnologia a metodologia foi utilizada por Richard Stallman2 em 1983 para desenvolver o primeiro software livre. O crowdsourcing também é usado como ferramenta de jornalismo colaborativo, também conhecido como jornalismo cidadão. A ideia é que os veículos de informação abram seus espaços (sites de jornais e revistas) para que os seus internautas possam enviar e publicar notícias. Pessoas comuns, sem formação específica na área de jornalismo e que têm como principal motivação compartilhar as informações que possuem com o maior número de pessoas possível. Assista a reportagem sobre o tema na TV Brasil. 4. Oportunidades Empreendedoras na Era da Informação Constata-se que o mundo vem passando por um significativo processo de transformação ocasionado pelos avanços tecnológicos fruto de grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento. O diagnóstico do cenário nos leva a concluir que o empreendedor precisa levar em conta nas suas pesquisas de mercado o crescimento na utilização de ambientes virtuais por seu público alvo. É importante que o empreendedor compreenda que as distâncias entre o mercado consumidor e seus fornecedores está sendo reduzidas na mesma proporção que aumentam as taxas de inclusão digital, aproximando mercados antes muito distantes. Hoje é possível um Cliente instalado na América do https://www.youtube.com/watch?v=pCQ58giIzZ0 https://www.youtube.com/watch?v=3lQoe9GlYWU http://crowdtest.me/ https://www.onedaytesting.com.br/ https://www.youtube.com/watch?v=N2P45d81HOc 10 Empreendedorismo Norte, contratar um produto de um fornecedor da Ásia, pagando através de um banco na Europa pedindo que o material seja entregue na América do Sul. Tudo isto em alguns poucos minutos e, dependendo do investimento em sistemas de informática, de forma automática. Portanto os empreendedores precisam estar muito bem preparados para os novos desafios, investindo em capacitação continuada para sua equipe e ferramentas de gestão e controle para que possam acompanhar de perto as rápidas e constantes mudanças do mercado. Ao entendermos que a internet criou um marco na história da humanidade, tão relevante como foi a descoberta do fogo e da roda, que a partir do uso de ferramentas baseadas na rede mundial a pesquisa passou a ser mundialmente colaborativa, reduzindo o tempo de surgimento de novas tecnologias, concluímos que a tese do processo criativo destrutivo defendido por Jean-Baptiste Say no século XVIII nunca foi tão atual. Partindo destas percepções, intuímos que as mudanças criaram um ambiente propício ao surgimento de inúmeras e novas oportunidades para aqueles que estiverem atentos, preparados e rápidos. Pois a globalização dos 11Empreendedorismo mercados também trouxe para mais perto de você uma concorrência maior e mais predatória. Concluindo, ao perceber que os produtos industrializados são hoje commodities3, o diferencial ficou no setor de serviços, onde os diferenciais competitivos são a qualidade na oferta e a velocidade no atendimento às demandas do mercado. “O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX.” Jeffry Timmons, 1990. 5. O cenário empreendedor brasileiro. “No Brasil, são criados anualmente mais de 1,2 milhão de novos empreendimentos formais”, a frase abre o documento “Taxa de Sobrevivência das Empresas no Brasil” da “Coleção de Estudos e Pesquisa” de outubro de 2011 publicado pelo Sebrae1, o texto conclui com a informação de que mais de 99% são micro e pequenas empresas e Empreendedores Individuais. O Brasil segue no mesmo caminho que os países do mundo, fortalecendo o empreendedorismo e incentivando o aumentado de sua participação na economia brasileira. Entre 2005 e 2008 foi registrado um crescimento de 29% na criação de novos negócios no Brasil, índice considerando expressivo, principalmente quando comparado com a média mundial ocorrida entre os países que compõem o G202 que foi de 11,8% no mesmo período. Segundo dados do “Anuário do Trabalho da Micro e Pequena Empresa 2010/2011” realizado pelo Sebrae o número de médias e pequenas empresas (MPE) no Brasil atingiu a marca de 6,1 milhões, um crescimento de 45,24% comparado com os dados de 2000. Entre 2001 e 2009, o número de empreendedores no Brasil passou de 20,2 milhões para 22,9 milhões, representando 22,7% da população economicamente ativa (PEA), com destaque para os estados da região norte (26,5%) e nordeste (25,5%) em comparação com os estados das regiões sudeste (20,2%), sul (23,4%) e centro-oeste (22,4%). Segundo dados do Sebrae, o número de microempreendedores individuais (MEI) atingiu 2,1 milhões em março de 2012, somados aos 12 Empreendedorismo 22,9 milhões de MPEs, o país atinge a marca de mais de 25 milhões de empreendedores de micro a médio porte, representando algo me torno de 26% da PEA. O portal do empreendedor no site do governo federal (http://www. brasil.gov.br) da conta de que nos últimos cinco anos foram registrados mais de 600 mil novos negócios por ano no Brasil. Segundo dados mais recentes do IBGE, as MPEs representam 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, são responsáveis por 60% dos 94 milhões de empregos no país e constituem 99% dos 6 milhões de estabelecimentos formais existentes no país. A maior parte dos negócios estão localizados na região Sudeste (com quase 3 milhões de empresas) e o setor preferencial é o comércio, seguido de serviços, indústria e construção civil. 6. Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor Em 2000 o Brasil ingressou na Global Entrepreneurship Monitor4 (GEM), um projeto de pesquisa sem fins lucrativos que reúne 125 países no mundo e que tem por objetivo a geração e divulgação de informações sobre a atividade empreendedora em âmbito mundial. O principal objetivo do GEM é medir o envolvimento das pessoas na faixa de 18 a 64 anos na criação negócios com menos de 42 meses de existência, definido pelo GEM como “Empreendedor em Estágio Inicial”. Para medir o percentual de empreendedores neste estágio o GEM criou um índice chamado Total Early-Stage Entrepreneurial Activity (TEA). Apesar do foco principal do trabalho realizado pelo GEM ser o grupo Empreendedores em Estágio Inicial, os empreendedores com negóciosestabelecidos há mais de 42 meses também foram pesquisados e tiveram seus resultados tabulados como veremos a seguir. Para equalizar os resultados, o GEM agrupa as economias dos países participantes em três níveis adotando o critério do Relatório de Competitividade Global (Global Competitiveness Report.), publicação do Fórum Econômico Mundial, que identifica três fases do desenvolvimento econômico, considerando o PIB per capita e a parcela das exportações relativa aos bens primários como critério. 13Empreendedorismo Agrupamentos ▪ Países impulsionados por Fatores – Economias dominadas pela agricultura de subsistência e negócios extrativistas, com uma forte dependência do trabalho e dos recursos naturais. ▪ Países Impulsionados pela Eficiência – Economias caracterizadas pela industrialização e pelos ganhos em economias de escala, com predominância de grandes organizações intensivas em capital. ▪ Países Impulsionados pela Inovação - Economias onde os negócios são mais intensivos em conhecimento destacando o setor de serviços. Fatores Eficiência Inovação Argélia África do Sul Alemanha Bangladesh Argentina Autrália Guatemala Barbados Bélgica Irã Bósnia e Herzegovina Cingapura Jamaica Brasil Coréia do Sul Paquistão Chile Dinamarca Venezuela China Emirados Árabes Unidos Colômbia Eslovênia Croácia Espanha Eslováquia Estados Unidos Fatores Eficiência Inovação Hungria Finândia Letônia França Lituânia Grécia Malásia Holanda México Irlanda Panamá Japão Peru Noruega Polônia Portugal Romênia Reino Unido Rússia República Tcheca Fatores Eficiência Inovação Tailândia Trinidade e Tobago Turquia Uruguai 07 24 23 Quadro 1: Agrupamento dos países Pesquisados em 2011. Fonte: GEM 2011 14 Empreendedorismo 7. Números do Empreendedorismo No Brasil Empreender por Opção Em 2011 a GEM realizou sua 12ª pesquisa mundial em 54 países no mundo (quadro 1). No Brasil os dados foram levantados pela Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade, uma entidade privada, sem fins lucrativos com foco no desenvolvimento da qualidade, da produtividade e da inovação no Brasil. Os do quadro 2 mostram que o brasileiro vem empreendendo por opção, classificando o país no grupo eficiência. http://www.ibqp.org.br/ http://www.ibqp.org.br/ 15Empreendedorismo O Brasil possui a 3ª maior população de empreendedores (cerca de 27 milhões), o maior TEA da pesquisa (17,5%), com uma expressiva participação de jovens empreendedores (25 a 34 anos). Segundo dados da pesquisa GEM a taxa de otimismo para empreender no Brasil é maior do que a média mundial. A atração que o empreendedorismo tem exercido aos brasileiros, principalmente nos mais jovens, nos leva a intuir que isto pode ser explicado em parte pela maior visibilidade dos casos de empreendedores de sucesso (81,98%) e a percepção de status social que a atividade empreendedora passa (86,33%), maior índice entre os integrantes de seu grupo e o segundo maior da pesquisa, superando inclusive a China. Além disto, a estabilidade econômica e o maior peso que o país representa no mundo têm sido fatores determinantes para que o empreendedorismo passe a figurar como opção no Brasil (86,33%). Apesar de a pesquisa GEM classificar o Brasil no grupo daqueles países cuja motivação por empreender esteja sendo impulsionada pela eficiência, é importante considerar que grupos demograficamente diferenciados podem ter diferentes percepções sobre oportunidades e capacidades. Portanto, considerando a extensão territorial do Brasil, a diversidade cultural e os diferentes estágios de desenvolvimento econômicos em que as regiões brasileiras se encontram, podemos conceber que esta classificação deve variar de região para região no Brasil. Assim, a motivação dos empreendedores localizados nas regiões economicamente menos desenvolvidas pode ser explicada pela necessidade de complementar suas rendas, diferente daqueles que estão localizados em regiões economicamente mais desenvolvidas que são motivados a empreender pela oportunidade, por opção de carreira ou por ascensão econômica e social. 16 Empreendedorismo O quadro 3 demonstra que no Brasil a opção de empreender é grande na população de menor renda, o que reforça o papel do empreendedorismo no processo de inclusão social. Os números são confirmados pelos dados do Sebrae, que registram crescimento no número de microempreendedores individuais (2,1 milhões de microempreendedores em 2012). Empreendedorismo Feminino Os números do empreendedorismo feminino demostram que o Brasil tem a 10ª mais alta taxa entre todos os países que participaram da pesquisa (14,49%). No Brasil, entre os Empreendedores Iniciais, a taxa é praticamente igual a dos homens (49%), entre os Empreendedores Estabelecidos a taxa cai para (40%), com tendência ao crescimento, o que demonstra coerência com dados de outras pesquisas que apontam aumento geral na participação da mulher no mercado de trabalho. Os pesquisadores apontam que uma das razões para este alto envolvimento de mulheres brasileiras no empreendedorismo seria a flexibilidade que um negócio próprio acaba acarretando, permitindo a conciliação dos horários do trabalho com o acompanhamento da educação dos filhos e o gerenciamento do lar, tarefas que ainda são, na maior parte dos casos, delegadas às mulheres. Com relação à atividade do empreendimento, a pesquisa demonstra que as mulheres têm focado em áreas típicas do universo feminino: estética, moda, alimentação e serviços domésticos. 17Empreendedorismo Faixa Etária do Empreendedor O quadro 4 mostra que no Brasil os empreendedores iniciam suas atividades na faixa de 18 a 34 anos, bem mais cedo do que nos demais países do mundo, o que confirma a percepção de que o empreendedorismo vem sendo considerado pelos mais jovens como uma opção de carreira. Observa-se ainda que a TEA no Brasil, para na faixa de 25 anos a 64 no grupo empreendedores estabelecidos, é bem maior no Brasil quando comparada aos demais países pesquisados, o que demonstra que atividade empreendedora nos pais ainda é muito recente. No Brasil, os empreendedores estabelecidos estão concentrados nas faixas etárias de maior idade (45 a 64 anos), seguidos pelos de 35 a 44 anos. O dado é positivo já que demonstra estar havendo uma maior dedicação dos empreendedores aos seus negócios no Brasil, acumulando experiência para vencer as dificuldades e profissionalizando o seu negócio, reduzindo assim a taxa de mortalidade das empresas nos primeiros anos. A conclusão que é apoiada pelos dados divulgados na pesquisa de 2011 do Núcleo de Estudos e Pesquisas do Sebrae. Nela verifica-se que a taxa 18 Empreendedorismo de sobrevivência de empresas brasileiras constituídas em 2005 após dois anos de sua abertura é de 71,9%. Índice superior às taxas de países como Holanda (50%), Itália (68%) e Espanha (69%), segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico - OCDE. Escolaridade do Empreendedor O Relatório Global GEM 2011 mostra nos países do grupo eficiência (grupo do Brasil) quanto maior o nível de educação do empreendedor maior o prevalecimento de empreendimentos em estágio inicial. Entretanto é possível notar que enquanto nos países do grupo inovação a taxa de empreendedores aumenta à medida que os indivíduos aumentam seu 19Empreendedorismo nível de escolaridade, no Brasil tal relação se mostrou inversa, ou seja, as taxas são menores à medida que o nível de escolaridade aumenta. Tal fato pode explicado pela alta taxa de empreendedores por necessidade ainda existente no Brasil, apesar desse indicador ter melhorado substancialmente nos últimos anos, somada a alta demanda por mão de obra qualificada pelas empresas brasileiras, que se encontra em um momento de expansão econômica forte e com altos níveis de recrutamento e seleção de empregados e pelo baixo nível de escolaridade da população. A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) de 2009 indica que a taxa da população brasileira com mais de 15 anos de escolaridade é de 6,3%. Assim, é possível que aqueles com escolaridade superior encontrem melhores oportunidades de renda em ofertas de empregos estáveis. A questão da escolaridade talvez também explique a causa do baixo índice de inovação tecnológica utilizado nos seus empreendimentos, colocando o Brasil na 46ª posição entre os 54 países pesquisados e na 21ª posição entre os 24 países do seu grupo. 8. Expectativas para o Empreendedorismo no Brasil Empreender no Brasil não é uma tarefa fácil. O processo de abertura de empresas é lento e burocrático e caro. Faltam políticas públicas de longo prazo e de fomento às atividades destinadas ao pequeno empreendedor que possibilitem a consolidação do empreendedorismo no Brasil e que nos leve ao cenário vivido pelos países de primeiro mundo. A legislação fiscal é complexa, a carga fiscal é uma das maiores de mundo e faltam condições de infraestrutura para escoamento de produção. Faltam escolas especializadas destinadas a capacitação de empreendedores, o que é confirmado pela declaração daqueles empreendedores que responderam a questão levantada pela pesquisa GEM sobre conhecimento, habilidade e experiência necessários para se começar um novo negócio (52,78%). A Pesquisa GEM utiliza um segundo instrumento que é aplicado a um grupo de especialistas em cada país participante, que tem por objetivo 20 Empreendedorismo avaliar questões relacionadas às condições de empreender (Entrepreneurial Framework Conditions - EFC´s). O questionário é finalizado por uma questão aberta que solicita ao entrevistado indicar os três aspectos que considera mais limitantes ao empreendedorismo, os três mais favoráveis e três recomendações para melhorar o cenário. Em relação aos fatores favoráveis foram apontados Normas Culturais e Sociais, Acesso ao Mercado/Abertura e Barreiras à Entrada, Clima Econômico, Oportunidade e Capacidade Empreendedora. Dentre os fatores passíveis de melhoria, destacam-se Políticas Governamentais, Apoio Financeiro, novamente Normas Culturais e Sociais e Educação e Capacitação. Em relação às expectativas para o futuro do empreendedorismo no Brasil, os números sobre o movimento empreendedor levam os especialistas a acreditar na tese de que o país tem potencial para desenvolver um dos maiores programas de empreendedorismo do mundo, seguindo o modelo de países do primeiro mundo que já há algum tempo têm utilizado o empreendedorismo como recurso para promover crescimento econômico como os Estados Unidos. “o empreendedorismo é o combustível para o crescimento econômico, criando empregos e prosperidade” Dornelas (2012, p.13). O crescimento do empreendedorismo no Brasil não acontece por acaso, uma das razões para o fato está na mudança de entendimento do brasileiro, principalmente o jovem, que passou a perceber o empreendedorismo como uma alternativa de carreira, levando o país a figurar entre aqueles que empreender por necessidade para empreender por oportunidade. Apesar das críticas sobre a velocidade de implantação de condições que facilitem o melhor desenvolvimento da atividade empreendedora no Brasil, algumas iniciativas do governo merecem destaque. Na área Regulatória ▪ Lei nº 10.973 (2004) que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo; ▪ Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (2007) que instituiu o estatuto nacional da microempresa e da empresa de pequeno porte; ▪ A Lei Complementar 128 (2008) que criou a figura Microempreendedor Individual. 21Empreendedorismo Considerações Finais Vimos nesta unidade que o mundo está passando por um novo processo de transformações tendo como fator motivador os novos e rápidos avanços tecnológicos. Entendemos as características que definem a denominada Era do Conhecimento e entendemos como os novos valores da sociedade globalizada afetam as oportunidades de empreendimento. Percebemos o valor estratégico no investimento de pesquisa e desenvolvimento e verificamos como o processo foi acelerado a partir da utilização dos recursos alocados na rede mundial de computadores. Confirmamos o fato que as Nações têm desenvolvido consórcios mundiais para investir no desenvolvimento tecnológico de forma cooperada. Você também conheceu os números do empreendedorismo no Brasil e os dados sobre o Brasil publicados no relatório da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2011.O atual estágio do empreendedorismo no Brasil e fatores como políticas públicas delimitam um melhor desenvolvimento da atividade empreendedora. Ao final você teve a visão sobre as oportunidades que estão reservadas para o país. 22 Empreendedorismo Referências DEGEN, Roanald Jean. O empreendedor. 2. ed. São Paulo. Prentice-Hall Brasil, 2011. 440p. ISBN 9788576052050 BARON, Robert A.; SHANE, Scott A. Empreendedorismo: Uma Visão do Processo. 1. ed. São Paulo: Cengage, 2007. 443 p. ISBN 8522105332 DORNELAS, José C. Plano de Negócios: O Seu Guia Definitivo. 1. ed. São Paulo: Campus, 2011. 130 p. ISBN 9788535239300 COZZI, Afonso; DOLABELA, Fernando; FILION, Louis J.; JUDICE, Valéria. Empreendedorismo de Base Tecnológica. 1. ed. São Paulo: Campus, 2008. 138 p. ISBN 9788535226683 BERNARDI, Luiz A. Manual de Plano de Negócios: Fundamentos, Processos e Estruturação. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 195 p. ISBN 852244286X FERRARI, Roberto. Empreendedorismo para computação: criando negócios de tecnologia. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, Campus, 2010. 164 p. ISBN 9788535234176 DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 3. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 232 p. ISBN 9788535232707 MAXIMIANO, Antonio C. A. Administração para Empreendedores. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2011. 240 p. ISBN 9788576058762 23Empreendedorismo DEGEN, Roanald Jean. O empreendedor. 2. ed. São Paulo. Prentice-Hall Brasil, 2011. 440p. ISBN 9788576052050 BARON, Robert A.; SHANE, Scott A. Empreendedorismo: Uma Visão do Processo. 1. ed. São Paulo: Cengage, 2007. 443 p. ISBN 8522105332 DORNELAS, José C. Plano de Negócios: O Seu Guia Definitivo. 1. ed. São Paulo: Campus, 2011. 130 p. ISBN 9788535239300 COZZI, Afonso; DOLABELA, Fernando; FILION, Louis J.; JUDICE, Valéria. Empreendedorismo de Base Tecnológica. 1. ed. São Paulo: Campus, 2008. 138 p. ISBN 9788535226683 BERNARDI, Luiz A. Manual de Plano de Negócios: Fundamentos, Processos e Estruturação. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 195 p. ISBN 852244286X FERRARI, Roberto. Empreendedorismo para computação: criando negócios de tecnologia. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, Campus, 2010. 164 p. ISBN 9788535234176 DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 3. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 232 p. ISBN 9788535232707 MAXIMIANO, Antonio C. A. Administração para Empreendedores. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2011. 240 p. ISBN 9788576058762 Título da Unidade Objetivos Introdução Do Mercantilismo à Revolução Industrial e Perfil do Empreendedor Para início de conversa… Objetivos 1. A Era do Mercantilismo 1.1 A Revolução Industrial 1.2 A Revolução Industrial no Brasil 1.3 A Terceira Fase da Revolução Industrial 1.4 A Era Pós-industrial 1.5 Definindo o Empreendedorismo 1.6 Característica do Empreendedor Síntese Referência _fyjfntpojgho _mnyx1ccapcfb _nmdzp8j6rrxs A Era do Empreendedorismo e o fenômeno Brasileiro Para início de conversa… 1. Empreendedorismo na Era do Conhecimento. 2 Comportamento do Mercado na Sociedade Informatizada. 3. Desenvolvimento e Financiamento Colaborativo 4. Oportunidades Empreendedoras na Era da Informação 5. O cenário empreendedor brasileiro. 6. Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 7. Números do Empreendedorismo No Brasil 8. Expectativas para o Empreendedorismo no Brasil Considerações Finais Referências
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