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1 1 Fisiopatologia II - Turma B| 5º semestre | Débora de Sousa Rodrigues | 23/02/2022 Síndrome do túnel do carpo, neuropatia diabética e neuropatia pós-herpética SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO DEFINIÇÃO Definida pela compressão do nervo mediano no punho -> a mais frequente das síndromes compressivas. É realmente um túnel anatômico, e por ele passam 9 tendões, dos quais o do polegar se destaca na clínica pelo paciente não conseguir (muitas vezes) fazer o movimento de pinça. CAUSA Geralmente não é bem determinada. Pode incluir trauma, manobras repetitivas (frequentemente associada, principalmente relacionada ao trabalho), doenças específicas e gravidez. FISIOPATOLOGIA Síndrome compressiva: combina fenômenos de compressão e tensão. Anatomicamente, existem dois locais de compressão do nervo mediano: um no nível do limite proximal do túnel do carpo, ocasionado pela flexão do punho por causa da alteração na espessura, na rigidez da fáscia antebraquial e na porção proximal do RF; e o segundo no nível da porção mais estreita, próximo do hâmulo do hamato. Compressão e tração nervosa podem criar, de maneira sequencial, problemas na microcirculação sanguínea intraneural, lesões no nível da bainha de mielina e no nível axonal e alterações no tecido conjuntivo de suporte. Se a pressão ultrapassar 40-50mmHg, irá interferir no retorno venoso da microcirculação intraneural e causar uma diminuição do aporte de oxigênio intraneural e estase venosa com problemas de permeabilidade originada de edema endoneural. O aumento da pressão de 30mmHg durante duas horas leva ao abrandamento progressivo do transporte axonal lento e rápido. Isso se corrige quando o paciente reposiciona seu punho, faz movimentos dos dedos e permite a drenagem do edema. Após o alívio da compressão, uma melhoria rápida dos sintomas ocorre. Mesmo com a compressão de todas as fibras nervosas no interior de um mesmo nervo, elas não estarão no mesmo estágio de lesão. Foi demonstrado que as fibras nervosas periféricas na região do tronco nervoso são afetadas antes que as fibras mais centrais e, da mesma forma, as mielinizadas em relação às menores e as sensitivas em relação às motoras. Na STC crônica, a pioria pode acontecer em meses ou anos. Clínica: inicia-se no punho e pode irradiar p/ face palmar dos I, II, III e metade do radial do IV quirodáctilos região de antebraço e ombro (raíz) ipsilateral TRATAMENTO O manejo da síndrome do túnel do carpo deve ser baseado na gravidade. Pacientes com síndrome do túnel do carpo leve a moderada apresentam estudo de condução nervosa e achados eletromiográficos normais a levemente anormais. Doença leve: 6 semanas a 3 meses de tratamento conservador é razoável. Talas de punho e corticosteroides orais são considerados terapias de primeira linha, com injeções locais de corticosteroides usadas para sintomas refratários. Doença grave: sugerida pela piora dos sintomas clínicos e estudos eletrodiagnósticos claramente anormais. Doença moderada a grave, ou aqueles com sintomas persistentes apesar do tratamento conservador, podem ser encaminhados para avaliação cirúrgica. Modificação do estilo de vida: Evitar movimentos repetitivos, usar equipamentos ergonômicos | Medicação Oral (corticoides) | Talas | Injeção de corticoide. NEUROPATIA DIABÉTICA DEFINIÇÃO 2 2 Fisiopatologia II - Turma B| 5º semestre | Débora de Sousa Rodrigues | 23/02/2022 Definido por um grupo heterogêneo de manifestações clínicas ou subclínicas, que acometem o sistema nervoso periférico (SNP) como complicação do diabetes mellitus (DM). CAUSA A principal causa da neuropatia diabética é a própria DM, especialmente nos casos em que o paciente não utiliza nenhum medicamento, nem controla a dieta para evitar a elevação dos níveis de glicose. FISIOPATOLOGIA Lesões nos elementos neural, glial, vascular e do tecido conjuntivo dos nervos periféricos, sem definição de qual deles é acometido primeiramente. O marco estrutural da neuropatia diabética pode ser considerado como sendo a atrofia e perda de fibras mielinizadas e não-mielinizadas, acompanhadas de degeneração walleriana, desmielinização paranodal e segmentar, associada a uma fraca resposta regenerativa. As anormalidades do tecido conectivo observadas são proliferação do tecido conectivo endoneural e espessamento e duplicação da membrana basal com tumefação e proliferação das células endoteliais da vasculatura endo e perineural. A alteração neuronal mais precoce detectável em modelos experimentais é a tumefação do axônio nas regiões nodal e paranodal, associada à lentificação da condução nervosa e ao aumento de até cinco vezes na concentração intraoral de sódio. Essas mudanças foram revertidas nos estágios agudos com a reposição intensiva de insulina; porém, em ratos cronicamente diabéticos, tal reposição restaurou apenas parcialmente a condução do nervo, sugerindo que mudanças estruturais mais avançadas e menos responsivas se sobreponham. A possibilidade de tal fato ocorrer devido à atrofia residual foi excluída, pois parâmetros morfológicos foram normalizados. TRATAMENTO Um controle glicêmico rigoroso parece ser fundamental para a estabilização e, mesmo, para a melhora da ND. Desta forma, todo empenho deve ser aplicado para manter o paciente em estado de normoglicemia. O ácido α-lipoico (thioctacideMR) por via venosa (600mg/dia por 3 semanas) é, atualmente, o único tratamento baseado no mecanismo da doença com eficácia comprovada e passível de utilização na prática clínica. A utilização do mesmo fármaco via oral (600mg/dia, em jejum), a única apresentação atualmente disponível no Brasil, ainda necessita de mais estudos comprobatórios, embora os indícios sugiram sua eficácia. Outras formas de tratamento foram propostas, mas ainda carecem de dados que comprovem ser eficazes. Dentre os fármacos disponíveis para o tratamento sintomático da dor, existe nível A de evidência dando suporte ao uso dos antidepressivos tricíclicos, aos anticonvulsivantes gabapentina e pregabalina, e ao antidepressivo duloxetina, um inibidor seletivo dual da recaptação de serotonina e norepinefrina. Também existe evidência como segunda linha para o uso de opioides tais como tramadol e oxicodona. A combinação de fármacos de primeira linha deve ser considerada antes do uso dos opioides Dentre os anticonvulsivantes, a gabapentina e a pregabalina, ambas inibidoras da subunidade alfa-2- delta do canal de cálcio, são atualmente as melhores opções para este grupo de pacientes. Dentre os antidepressivos duais, bloqueadores da recapturação da serotonina e da noradrenalina, a duloxetina, em comparação com a venlafaxina, é a que melhor resultado apresenta no controle e custo- benefício da DN das formas dolorosas A duloxetina pode ser administrada na dose inicial de 30mg/dia, titulando em uma semana para 60mg/dia como manutenção. Alguns pacientes necessitam de 120mg/dia para controle da DN. NEUROPATIA PÓS-HERPÉTICA DEFINIÇÃO Conceituada como dor persistente por mais de três meses após a resolução das lesões de pele observadas no herpes-zoster (HZ). CAUSA Após infecção primária com a varicela, o vírus fica quiescente nos gânglios de nervos sensoriais cranianos e nos gânglios da raiz dorsal espinhais. A imunidade celular para o vírus da varicela-zoster diminui com a idade ou devido à imunossupressão. 3 3 Fisiopatologia II - Turma B| 5º semestre | Débora de Sousa Rodrigues | 23/02/2022 Nesta situação, o vírus reativa-se e migra por meio dos nervos sensitivos acometidos até a pele, causando pródromos de dor, seguido por erupção e eritema cutâneos. FISIOPATOLOGIA Pobremente compreendida | A replicação do vírus da varicela-zoster latente no gânglio sensorial resulta emlesão no sistema nervoso periférico e central (SNP, SNC). {Diferentes processos fisiopatológicos parecem estar envolvidos no desenvolvimento do HZ e da NPH} Estudos demonstram que no HZ agudo, a pele é inflamada e parcialmente desnervada. Este processo inflamatório inicial tem duração variável, podendo persistir por semanas ou até mesmo meses. Mediadores inflamatórios como bradicinina, substância P, histamina, citocinas e íons H+, são liberados após a lesão tissular, contribuindo para a ativação de nociceptores e para a redução do limiar de dor. Tem início o processo de sensibilização periférica, com consequente exacerbação da resposta aos estímulos nóxicos e não nóxicos. No gânglio da raiz dorsal observa-se inflamação, necrose hemorrágica e perda neural, sobretudo de fibras C. Como consequência há brotamento de fibras A-beta no local das conexões aferentes das fibras C, ampliando o campo receptivo do neurônio e facilitando a interpretação de estímulos mecânicos periféricos inócuos como agressivos, fenômeno conhecido como alodínea mecânica, tão observado nos pacientes portadores de NPH. Acredita-se que a alodínea e a perda sensitiva no dermátomo afetado estejam associadas com o fenômeno de desaferentação, o qual é decorrente da reorganização dos campos receptivos presentes na coluna dorsal. As fibras nervosas A-delta e C estão primariamente envolvidas na nocicepção e as fibras A-beta estão relacionadas à sensação de tato. Estas fibras partem da periferia e se dirigem para o corno posterior da medula espinhal, o qual está organizado de forma laminar. Esta organização foi reconhecida inicialmente por Rexed e recebeu o seu nome. As lâminas de Rexed são numeradas de I a X. Numa situação fisiológica, as lâminas I, II e V são responsáveis pela transmissão do estímulo de dor, enquanto as lâminas adjacentes estão associadas à transmissão da sensação de tato. Na presença de uma agressão neural, observa-se uma reorganização dos campos receptivos, o que permite que um estímulo de tato seja percebido e interpretado pelo organismo como sendo uma informação de dor. As fibras A-beta conectam-se com tratos espinhais transmissores de sensações dolorosas e originam alterações sensoriais e alodínea. O processo de sinalização normal do sistema nervoso está alterado na NPH. Acredita-se que o brotamento de axônios noradrenérgicos simpáticos no gânglio da raiz dorsal, ao redor de fibra A-delta, seja responsável pela ativação de fibras aferentes sensitivas após a estimulação do simpático. Além disto, a perda de neurônios gabaérgicos e a lesão nos elementos que compõem o sistema inibitório descendente da dor contribuem para um aumento da sensibilidade na área afetada. TRATAMENTO O alívio da dor em NPH é um desafio e deve incluir uso de fármacos, procedimentos intervencionistas e terapias adjuvantes não farmacológicas. PODE HAVER TAMBÉM, COMO OPÇÕES TERAPÊUTICAS: Radiofrequência | Estimulação de cordão espinhal | Bomba implantável | Estimulação espinhal profunda 4 4 Fisiopatologia II - Turma B| 5º semestre | Débora de Sousa Rodrigues | 23/02/2022 REFERÊNCIAS: KIM EDWARD LEBLANC; CESTIA, W. Carpal Tunnel Syndrome. American Family Physician, v. 83, n. 8, p. 952–958, 15 abr. 2011. CHAMMAS, M. et al. Síndrome do túnel do carpo – Parte I (anatomia, fisiologia, etiologia e diagnóstico). Revista Brasileira de Ortopedia, v. 49, n. 5, p. 429–436, set. 2014. Neuropatia Diabética: O que é, sintomas, tratamentos e causas. Disponível em: <https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/neu ropatia-diabetica>. Acesso em: 23 fev. 2022. NASCIMENTO, O. J. M. DO; PUPE, C. C. B.; CAVALCANTI, E. B. U. Diabetic neuropathy. Revista Dor, v. 17, 2016. Vista do Neuropatia diabética: fisiopatologia, clínica e eletroneuromiografia. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/articl e/view/102254/100636>. Acesso em: 23 fev. 2022. OLIVEIRA, C. A. DE; CASTRO, A. P. C. R. DE; MIYAHIRA, S. A. Post-herpetic neuralgia. Revista Dor, v. 17, 2016. Aluna: Débora de Sousa Rodrigues Turma B
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