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Desenvolvimento Humano I Aula 9: Teoria bioecológica de Urie Bronfenbrenner Apresentação Nesta aula, teremos a compreensão do desenvolvimento da criança por intermédio da teoria proposta por Urie Bronfenbrenner. Para ele, o sujeito faz parte de diversos sistemas desde seu nascimento, sendo essa relação estabelecida de forma direta e indireta. A partir dessa ideia, durante todo o processo de desenvolvimento, a criança será afetada e afetará os envolvidos que pertencerem aos sistemas do qual ela fará parte, dividido em cinco, e nomeados em: microssistema, mesossistema, exossistema, macrossitema e cronossistema. Essa teoria foi chamada de bioecologia do desenvolvimento humano. Objetivos Relatar o percurso da teoria; Identificar os conceitos principais da bioecologia do desenvolvimento humano; Descrever os cinco sistemas. A teoria e seu percurso Bronfrenbrenner, ao pensar em sua teoria, inspirou-se em pesquisas e em estudos que buscavam compreender o desenvolvimento humano através de sua relação com ambiente. Para ele, era importante observar como as crianças interagiam na escola, em casa, em seus diferentes contextos. Esse olhar tinha como foco os aspectos que facilitavam e/ou dificultavam as trocas envolvidas nessas relações, que produziam o desenvolvimento do sujeito ao longo do seu ciclo vital. (Fonte: Pressmaster / Shutterstock). Em uma primeira fase de sua teoria, Bronfrenbrenner também deu ênfase a essa lógica, dando pouca relevância aos aspectos individuais de cada sujeito como, por exemplo, os aspectos biológicos, psicológicos e comportamentais, privilegiando a relação do sujeito com o seu habitat, seu ambiente, seu contexto de vida onde suas interações com o outro aconteciam. A esta etapa da teoria chamou de Modelo Ecológico do Desenvolvimento Humano. Dando continuidade aos seus estudos, ele mesmo confere algumas críticas ao seu modelo. A principal que contribuiu para mudanças significativas foi com relação à ênfase dada ao contexto. Ele percebe a incompletude da teoria ao não tratar a individualidade do sujeito. Bronfrenbrenner passou a integrar ao estudo além do contexto (modelo ecológico) a biologia, psicologia e comportamento. Assim, o sujeito com a sua individualidade será observado na relação com seus diferentes contextos. Atenção Vale ressaltar que essas diferenças já podem ser percebidas desde o nascimento, à medida que, cada um de nós traz em si além de sua genética, seu temperamento que nos diferencia dos demais. A esse novo modelo chamou de Bioecológico do Desenvolvimento Humano. Podemos entender a proposta de Urie Bronfrenbrenner para o desenvolvimento humano como um processo ativo, constante, no qual cada organismo biológico se desenvolve dentro de diversos contextos ecológicos que irão facilitar ou dificultar seu desenvolvimento. Sendo nomeados em: microssistema, mesossistema, exossistema, macrossistema e cronossistema. Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano No segundo momento de sua teoria, Bronfrenbrenner passa a considerar além do contexto, as questões biopsicológicas do sujeito com a mesma relevância, mudando o nome para modelo bioecológico do desenvolvimento humano. Atenção Outro ponto importante deste novo modelo foi à construção teórica dos processos proximais que, para ele, eram a forma de interação entre o organismo e o ambiente, acontecendo ao longo de todo o ciclo vital. Também foram reapresentados, nesse momento, os quatro aspectos multidirecionais inter-relacionados chamados de: pessoa, processo, contexto e tempo (PPCT). Para o autor, somos ativos na construção de nossa identidade e também contribuímos na do outro, e vice versa. Esse movimento envolve a pessoa, o processo, o contexto e o tempo (PPCT). Vamos começar tratando da pessoa, que significa falar das características físicas, psicológicas, sociais, crenças, valores, habilidades. O processo são nossas interações, que precisam ser estabelecidas para o desenvolvimento de nosso aprendizado seja ele intelectual, emocional ou psicológico. Essas relações são construídas de forma ativa, ficando cada vez mais complexas, contínuas e recíprocas. Acontecem em diferentes níveis, porém em um contexto aproximado tende a ser duradoura, sendo chamadas de processos proximais, um exemplo seriam as relações entre pais e filhos. Quando o autor refere-se ao contexto, quer dizer o espaço onde o indivíduo está inserido e seu desenvolvimento acontece. Nele, estão contidos diversos sistemas nomeados como: microssistema, mesossistema, exossistema, macrossistema e cronossistema. Comentário Com relação ao tempo, podemos dizer que ele atravessa o desenvolvimento do indivíduo, através do processo de envelhecimento, como também por mudanças, crises, eventos ocorridos tanto em nível pessoal como global. Por exemplo, o avanço tecnológico provocando transformações nas relações entre netos e avós. Sistemas ecológicos Para Bronfenbrenner, os sistemas são os diferentes contextos com o qual o sujeito estará interagindo de forma direta ou indireta, afetando e sendo afetado por ele, durante todo seu desenvolvimento. Podendo esta inter-relação acontecer de uma forma mais proximal ou distal. Vejamos, com mais detalhes, cada um deles. Clique nos botões para ver as informações. É o contexto imediato da pessoa em atividade em um determinado momento do seu ciclo vital. Nesse ambiente, os papéis e relacionamentos estarão acontecendo em espaços em que o contato será diário, pessoal, face a face e com influências bidirecionais. No caso da criança, essas relações influentes terão impacto na construção da sua identidade individual e grupal, assim como, o comportamento do bebê também irá afetar os diversos contextos das pessoas que mantém uma relação proximal com ele. Importante ressaltar que as questões biológica, psicológica, e comportamental dos envolvidos também estará sendo considerada. Exemplo desse contexto: escola, casa, vizinhança. Microssistema Neste sistema ecológico, ocorrem interações entre dois ou mais microssistemas. Sua importância está em ser possível observar seu funcionamento, e identificar padrões de vulnerabilidades e potencialidades, já que tanto a pessoa, como as que fazem parte de seu cotidiano estarão interagindo. Podemos exemplificar através de uma criança que se relaciona com seus pais (microssistema) e tem um determinado comportamento, essa mesma criança vai a escola (microssistema) e também se comporta de uma determinada maneira. Quando esses dois microssistemas da criança se encontram pais e escola (reunião de pais) podem trocar informações que facilitam ou dificultam o desenvolvimento desta criança. Esse encontro de microssistemas é chamado de mesossistema. Mesossistema A experiência neste contexto, assim como no mesossistema, também envolve dois ou mais contextos. A diferença é que a pessoa observada não estará sendo afetada diretamente por um desses contextos. Ele exerce influência no desenvolvimento, porém não faz parte diretamente dele, ou seja, sua relação é distal. Exemplo: trabalho do pai ou da mãe. Exossistema Nesse sistema, encontram-se referências no que diz respeito aos valores, crenças dominantes, cultura, subcultura, leis e modelos sociais que afetam diretamente o desenvolvimento da pessoa. Exemplo: Uma empresa que institui o benefício de uma jornada menor de trabalho para mulheres em período de amamentação. O bebê será diretamente afetado, mesmo não tendo uma relação face a face com o contexto. E a empresa também será afetada por ele, ao estar bem assistido (bebê), essa funcionária estará mais produtiva no período em que estiver na empresa. Macrossistema Este sistema nos fala de um tempo histórico, situações, crises, eventos que podem atravessar as relações e alterar o curso do desenvolvimento. Aponta o nível de mudanças e períodos estáveis na vida de uma pessoa. Exemplo: a puberdade, a chegada de um irmão, uma guerra, mudanças tecnológicas. Cronossistema Leiamos, no texto a seguir,a exemplificação da teoria com os quatro aspectos multidirecionais inter-relacionados. Exemplificando a teoria Clique no botão acima. Exempli�cando a teoria Vamos iniciar definindo os quatro aspectos multidirecionais inter-relacionados da teoria chamados de: pessoa, processo, contexto e tempo (PPCT). Pessoa: menina, 6 anos de idade, brasileira, filha única (podem ser atribuídas mais características como etnia, religião). Neste momento, defino meu objeto de análise, e assim inicio o estudo com um determinado objetivo. Processo: interações da criança, observando as atividades desenvolvidas por ela que facilitam ou dificultam seu desenvolvimento, a forma como essas interações acontecem, sua duração e reciprocidade. Contexto: contextos que interferem no desenvolvimento da menina seja proximal ou distal. Importante ressaltar que a definição da composição dos sistemas será feita através da observação realizada a partir de cada situação e objeto/sujeito definido para pesquisa e análise. Tempo: observação do movimento das interações e do desenvolvimento das interações, da aprendizagem e a cronologia do ciclo da vida. Quando falamos em indivíduo, na verdade precisamos pensar que cada um de nós é uma pessoa, processo, contexto e tempo (PPCT) em interação. A partir disso, o nosso contexto se desdobra em cinco sistemas: microssistema, mesossistema, exossistema, macrossistema e cronossistema. Com base nessas definições, podemos identificar os sistemas que fazem parte do contexto da criança. O microssistema é composto por ela e seus pais, ressaltando que as características individuais de cada um estarão afetando no processo de construção da identidade da menina. Então, vamos lá, a menina (pessoa) estabelece uma relação de troca com seu microssistema (pai e mãe, escola), numa relação face a face. Em determinado momento, esses microssistemas se reúnem formando o mesossistema (pais+escola= reunião de pais) para falar sobre a menina. Desse encontro, surgem informações que podem facilitar ou dificultar seu processo de aprendizagem e interações futuras. Quando seu pai chega do trabalho (exossistema da menina), ele relata à família que será transferido para outro Estado, isso significa mudanças de contextos. Ao ser questionado pela esposa sobre o motivo, ele diz que são as novas regras da empresa (macrossistema da menina). Como podemos observar as interações, tanto o nosso como o movimento de outros contextos desencadeiam novas respostas e comportamentos, em um processo dinâmico e contínuo, no qual o sujeito é ativo nesta construção. Com base nessa reflexão, como a menina poderia afetar seu mesossistema (escola), aqui um processo proximal, e exossistema (trabalho do pai) neste caso um processo distal? Dependendo das informações geradas na reunião de pais, e como isso seria apresentado a ela, seu comportamento poderia dificultar suas relações com a escola, chegando a uma situação em que a mãe retirasse a filha da escola, ou a escola passasse a ter problemas com relação ao seu comportamento. No que diz respeito ao trabalho do seu pai, a dificuldade da menina com mudanças poderia provocar um pedido de demissão, e a empresa perderia um funcionário estratégico, o que seria ruim para a empresa. Outra situação seria por inadequação da menina com a transferência, o pai decidisse retornar causando um grande transtorno e gastos para a empresa. A abordagem sistêmica de Bronfrenbrenner tem sido muito útil no campo da saúde para análise de questões relacionadas à prevenção e à promoção de saúde. Por exemplo, se na clínica da família o médico começa a atender de forma recorrente mulheres na faixa dos 60 anos com queixa de dores nas articulações e moradoras da mesma região, esses dados podem definir as características da pessoa do estudo. Nesse estudo, o objetivo será identificar que interações estão ocorrendo e de que forma elas podem ser modificadas a fim de melhorar o bem-estar dessas mulheres, considerando a participação do sujeito como agente de mudança. Por fim, para Bronfrenbrenner, a pessoa não é um mero coadjuvante no seu processo de desenvolvimento, muito pelo contrário, é ativa e determinante, na medida em que utiliza suas características biológicas, psicológicas, suas fragilidades, potencialidades e talentos na construção de sua identidade individual e grupal. Atividade Explique a diferença considerada por Urie Bronfrenbrenner entre o Modelo Ecológico e o Modelo Bioecológico do desenvolvimento humano. Descreva o sistema ecológico denominado por Urie Bronfrenbrenner de Microssistema. Na segunda parte da teoria de Bronfrenbrenner, chamada de Bioecológica, quatro aspectos foram reapresentados por ele, pessoa, processo, contexto e tempo (PPCT). Discorra sobre o conceito de processo e contexto. Notas Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Referências ALVES, Paola Biasoli. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. In: Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 10, n. 2, p. 369-373, 1997. Disponível em: //www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 79721997000200013&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 15 out. 2019. BRONFENBRENNER, Urie. Bioecologia do Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artmed, 2011. PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. Próxima aula Conceito de adolescência ao longo da história; Aspectos físicos, cognitivos e psicossociais deste período do ciclo vital; Possíveis impactos das experiências da adolescência na vida adulta. Explore mais Leia os artigos: CECCONELLO, Alessandra Marques; KOLLER, Sílvia Helena. Inserção ecológica na comunidade: uma proposta metodológica para o estudo de famílias em situação de risco. In: Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 16, n. 3, p. 515-524, 2003. Disponível no Link. Acesso em: 15 out. 2019. MARTINS, Edna; SZYMANSKI, Heloisa. A abordagem ecológica de Urie Bronfenbrenner em estudos com famílias. In: Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, jun. 2004. Disponível no Link. Acesso em: 15 out. 2019. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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