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Disciplina: Psicopatologia II Semestre: 2021.2 Discente: Ana Júlia Soares Silva Cultura e Psicopatologia A identificação de psicopatologias é algo que gera discordâncias tanto quanto qualquer outra coisa relacionada à subjetividade humana. Portanto, não surpreende que seja assim também com o sofrimento psíquico, especialmente pelo seu nível de complexidade, já que é influenciado por incontáveis fatores, como o biológico, social e ambiental. O fator social, no caso das psicopatologias, tem ainda um peso distinto que muitas vezes não é considerado da forma que deveria. É notável que o adoecimento psíquico tem características mais evidentes, como sua relação com comportamentos, pensamentos e sentimentos, relação essa que não ocorre com essa mesma força nas doenças físicas, por exemplo. Considerando que na sociedade existem padrões para esses elementos que são modificados de acordo com o contexto, região e período histórico, é de extrema importância se atentar para o que e quando estamos considerando algo problemático, adoecedor, e se perguntar se estamos fazendo isso por realmente ser algo que gera sofrimento àquela pessoa ou para manter certos hábitos culturais tradicionais. Assim, pensando que antes de se determinar tal coisa como psicopatologia essa passa por uma interpretação e significação da cultura em que o indivíduo está inserido, percebemos os problemas em tratar essas “doenças” como um perfil sintomático, assim como se faz com lesões, gripes ou infecções. Os sintomas do que chamamos de doenças mentais são mais do que alterações prejudiciais, são comportamentos comuns que são julgados estar em contexto ou intensidade errada, e é por isso que é tão comum se identificar com tantos transtornos ao se abrir um manual diagnóstico de transtornos mentais. Além disso, a influência da cultura nas psicopatologias não ocorre só na determinação do que é normal e do que é normal, o que deve ser aceito e o que não deve, mas também na instalação do próprio sofrimento no indivíduo. Muitas vezes, a cultura exige uma forma de viver nada saudável ao indivíduo, e quando esse sucumbe, aponta o dedo para ele o chamando de problemático. Mas será que é o indivíduo que está com problemas ou é essa própria cultura? A modernidade nos traz inúmeros exemplos disso, basta pensar como o capitalismo, a competitividade, o consumismo, a pressa e a determinação de ideais utópicos afetam as pessoas. Nossa cultura exige que sejamos ricos, multitarefa, estejamos sempre ocupados e aparentando felizes, e se não conseguimos uma dessas coisas, independente do motivo, ficamos doentes ou estamos doentes, porque ir contra esse modo de vida ou não o desejar também é desculpa para ser taxado como “louco”. Entretanto, os efeitos dessa relação com a cultura adoecedora não são somente psicológicos, não se trata apenas do sentimento de fracasso, da tristeza, do isolamento ou da baixa autoestima por não conseguir ser o ideal imposto. Algumas consequências físicas e fisiológicas também estão entre os fatores que colaboram para o sofrimento do indivíduo, como o sedentarismo e distúrbios de sono. Talvez seja válido ainda puxar uma reflexão sobre o quanto esses resultados na saúde do indivíduo são frutos do acaso, afinal, a sociedade são os próprios indivíduos e eles não se lesariam de propósito, certo? Apesar disso, sabemos que não é à toa que os manuais de transtornos mentais só aumentam, e nem é coincidência que a indústria farmacêutica cresce cada vez mais. Além disso, basta parar um pouco para perceber que também não são todos que saem prejudicados nessa história. Por essa razão é importante sempre se questionar sobre o que consideramos psicopatologias. E, especialmente sendo um profissional da área, é bom ter cuidado para não se tornar mais um inspetor de checklist de sintomas, e perceber e tratar as pessoas como o que elas realmente são, seres humanos que não estão isolados no mundo e que estão em constante troca com o ambiente, inseridos e em movimento constante dentro seu contexto. Disciplina: Psicopatologia II Semestre: 2021.2 Discente: Ana Júlia Soares Silva Cultura e Psicopatologia A identificação de psicopatologias é algo que gera discordâncias tanto quanto qualquer outra coisa relacionada à subjetividade humana. Portanto, não surpreende que seja assim também com o sofrimento psíquico, especialmente pelo seu nível de complexidade, já que é influenciado por incontáveis fatores, como o biológico, social e ambiental. O fator social, no caso das psicopatologias, tem ainda um peso distinto que muitas vezes não é considerado da forma que deveria. É notável que o adoecimento psíquico tem características mais evidentes, como sua relação com comportament os, pensamentos e sentimentos, relação essa que não ocorre com essa mesma força nas doenças físicas, por exemplo. Considerando que na sociedade existem padrões para esses elementos que são modificados de acordo com o contexto, região e período histórico, é de extrema importância se atentar para o que e quando estamos considerando algo problemático, adoecedor, e se perguntar se estamos fazendo isso po r realmente ser algo que gera sofrimento àquela pessoa ou para manter certos hábitos culturais tradicionais. Assim, pensando que antes de se determinar tal coisa como psicopatologia essa passa por uma interpretação e significação da cultura em que o indivíduo está inserido, percebemos os problemas em tratar essas “doenças” como um perfil sintomático, assim como se faz com lesões, gripes ou infecções. Os sintomas do que chamamos de doenças mentais são mais do que alterações prejudiciais, são comportamentos comuns que são julgados estar em contexto ou intensidade errada, e é por isso que é tão comum se identificar com tantos transtornos ao se abrir um manual diagnóstico de transtornos mentais. Além disso, a influência da cultura nas psicopatologias não ocorre só na determinação do que é normal e do que é normal, o que deve ser aceito e o que não deve, mas também na instalação do próprio sofrimento no indivíduo. Muitas vezes, a cultura exige uma forma de viver nada saudável ao indivíduo, e quando esse sucumbe, aponta o dedo para ele o chamando de problemático. Mas será que é o indivíduo que está com problemas ou é es sa própria cultura? A modernidade nos traz inúmeros exemplos disso, basta pensar como o capitalismo, a competitividade, o consumismo, a pressa e a determinação de ideais utópicos afetam as pessoas. Nossa cultura exige que sejamos ricos, multitarefa, Disciplina: Psicopatologia II Semestre: 2021.2 Discente: Ana Júlia Soares Silva Cultura e Psicopatologia A identificação de psicopatologias é algo que gera discordâncias tanto quanto qualquer outra coisa relacionada à subjetividade humana. Portanto, não surpreende que seja assim também com o sofrimento psíquico, especialmente pelo seu nível de complexidade, já que é influenciado por incontáveis fatores, como o biológico, social e ambiental. O fator social, no caso das psicopatologias, tem ainda um peso distinto que muitas vezes não é considerado da forma que deveria. É notável que o adoecimento psíquico tem características mais evidentes, como sua relação com comportamentos, pensamentos e sentimentos, relação essa que não ocorre com essa mesma força nas doenças físicas, por exemplo. Considerando que na sociedade existem padrões para esses elementos que são modificados de acordo com o contexto, região e período histórico, é de extrema importância se atentar para o que e quando estamos considerando algo problemático, adoecedor, e se perguntar se estamos fazendo isso por realmente ser algo que gera sofrimento àquela pessoa ou para manter certos hábitos culturais tradicionais. Assim,pensando que antes de se determinar tal coisa como psicopatologia essa passa por uma interpretação e significação da cultura em que o indivíduo está inserido, percebemos os problemas em tratar essas “doenças” como um perfil sintomático, assim como se faz com lesões, gripes ou infecções. Os sintomas do que chamamos de doenças mentais são mais do que alterações prejudiciais, são comportamentos comuns que são julgados estar em contexto ou intensidade errada, e é por isso que é tão comum se identificar com tantos transtornos ao se abrir um manual diagnóstico de transtornos mentais. Além disso, a influência da cultura nas psicopatologias não ocorre só na determinação do que é normal e do que é normal, o que deve ser aceito e o que não deve, mas também na instalação do próprio sofrimento no indivíduo. Muitas vezes, a cultura exige uma forma de viver nada saudável ao indivíduo, e quando esse sucumbe, aponta o dedo para ele o chamando de problemático. Mas será que é o indivíduo que está com problemas ou é essa própria cultura? A modernidade nos traz inúmeros exemplos disso, basta pensar como o capitalismo, a competitividade, o consumismo, a pressa e a determinação de ideais utópicos afetam as pessoas. Nossa cultura exige que sejamos ricos, multitarefa,
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