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Já é hora de enfrentarmos os desafios inerentes à sala de aula universitária multicultural, típica do mundo contemporâneo. Graças à miríade de avanços tecnológicos, principalmente no que diz respeito ao mundo digital, as antigas fronteiras entre os países caíram e estudantes de todos os cantos do mundo agora podem interagir via world wide web (www). Além disso, a necessidade de autodesenvolvimento, seja profissional ou academicamente, fez da sala de aula universitária um caldeirão cultural, no qual pessoas de diferentes culturas e nacionalidades devem ser capazes de interagir com competência para o sucesso de seus objetivos. Portanto, não podemos mais conceber a sala de aula universitária apenas como monocultural, mas como um ambiente de experiências interculturais. Uma vez atentos a esta nova realidade, devemos nos perguntar: em que medida as questões culturais podem interferir no desempenho acadêmico de professores e alunos? O que significa competência intercultural? Que habilidades devem ser desenvolvidas para evitar mal-entendidos interculturais? Que teorias foram desenvolvidas para preparar o caminho para melhores experiências interculturais? Esta lição se concentrará em questões interculturais com as quais os professores devem ter cuidado para que seus objetivos sejam alcançados de maneira inteligente e intercultural. Discutir sobre a importância do conhecimento transcultural no mundo acadêmico e profissional de hoje. Explicar o que é competência intercultural e sua aplicação na sala de aula universitária; Refletir sobre uma série de perspectivas teóricas interculturais apropriadas para facilitar a aprendizagem e o ensino em ambientes interculturais. Antes de explorar os tópicos a serem abordados nesta aula, gostaríamos que você refletisse sobre as seguintes questões: Didática do Ensino Superior Aula 5: Competência intercultural no ensino superior Introdução Objetivos Refletindo sobre... a) como a competência intercultural pode ser desenvolvida? b) que elementos teóricos podem abrir caminho para uma melhor compreensão dos alunos em uma sala de aula multicultural? c) existe uma maneira de organizar as culturas de acordo com seus comportamentos típicos (e esperados)? Conforme navegamos pelas seções desta lição, acreditamos que você encontrará naturalmente algumas respostas possíveis para as perguntas listadas. “Estar exposto à existência de outras línguas aumenta a percepção de que o mundo é habitado por pessoas que não apenas falam de forma diferente de si, mas cujas culturas e filosofias são diferentes das suas. Talvez as viagens não possam evitar o preconceito, mas ao demonstrar que todas as pessoas choram, riem, comem, se preocupam e morrem, pode introduzir a ideia de que, se tentarmos nos entender, podemos até nos tornar amigos. ” (Maya Angelou) Embora o conjunto de conteúdos que uma disciplina acarreta seja normalmente visto como os elementos centrais a serem enfocados ao longo de um semestre, há eventos vitais que acontecem dentro da sala de aula universitária: discussões em grupo, reflexões sobre conteúdos específicos do curso (definições, conceitos etc.), seminários, dentre outros. No entanto, um pequeno mal-entendido sobre uma determinada informação ou atitude pode resultar em sérios danos à reputação de alguém. É senso comum que nossas percepções de mundo são movidas por nossas experiências sócio-históricas no país em que nascemos: nossas noções de tempo, pontualidade, valores para as artes, literatura, papéis da família, amigos e cônjuges... Todos esses elementos estão diretamente ligados à cultura em que estivemos imersos desde o dia em que nascemos. Os elementos mais comuns que utilizamos para perceber as diferenças entre nossa cultura e a de outras pessoas contam com pistas visíveis diretas, que incluem: língua, literatura, comida, festivais, roupas, música, artes e ofícios, festivais, danças e feriados, por exemplo. No entanto, as informações mais íntimas sobre as informações culturais não são visíveis. Na verdade, essas informações são dados intrínsecos naturalmente explorados pelos membros da cultura, mas que raramente são percebidos por eles: que só os percebem quando entram em contato com pessoas de outros países (e este é o momento em que os choques culturais tornam-se literalmente visíveis). Esses elementos podem se referir à percepção das pessoas sobre o tempo, o lugar, o uso da linguagem corporal; papéis relacionados a sexo, idade, família; a importância do passado para o presente, a maneira como os membros de uma cultura enxergam o futuro; abordagens quanto à religião, casamento etc. Figura 5.1 - Comunicação Fonte: 123RF (2021). Sobre competência intercultural Aspectos visíveis e invisíveis http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/MLC022/aula5/img/01.z.jpg As metáforas mais típicas usadas para tornar essas informações abstratas tangíveis são a árvore cultural e o iceberg, conforme mostrado na Figura 01 e Figura 02 abaixo: Figura 5.2 - A metáfora da árvore cultural. (Observe como os elementos culturais mais íntimos são a raiz, a essência de sua cultura e não são visíveis.) Figura 5.3 - A metáfora do iceberg cultural. (Novamente, observe a quantidade de informações "escondidas" sob a superfície) Com base no que foi apresentado até agora, você já deve ter percebido a importância de desenvolver sua competência intercultural como forma de ter sucesso em ambientes interculturais, especialmente quando eles estão circunscritos a ambientes acadêmicos. Todos nós sabemos a importância da competência comunicativa em nossas vidas: a capacidade de manipular, explorar, perceber e compreender os elementos linguísticos de uma variedade de canais. Nesse sentido, a competência intercultural é normalmente vista como um quinto elemento ou habilidade a ser incluída nos quatro conjuntos tradicionais de Competência comunicativa como filtro http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/MLC022/aula5/img/06.gif http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/MLC022/aula5/img/07.jpg habilidades linguísticas (fala, escuta, leitura e escrita). Na verdade, como a língua faz parte da cultura de alguém, este quinto elemento deve ser visto como o central para o desenvolvimento de nossa competência comunicativa: as questões culturais irão de fato atuar como filtros em todas as situações comunicativas - se a comunicação cumprir um comunicativo cultural específico, regras de uma comunidade ou sociedade, o entendimento mútuo será alcançado. No entanto, se houver falta de informação sobre a cultura-alvo, um dos interlocutores não conseguirá expor o seu ponto de vista. A competência intercultural, conforme Zanganeh (2018), pode ser definida como a capacidade de se comunicar e comportar-se de maneira apropriada com aqueles que são culturalmente diferentes e de cocriar espaços compartilhados, equipes e organizações que sejam inclusivas, eficazes, inovadoras e satisfatórias. Aqueles que desejam lidar com experiências interculturais com êxito devem possuir um conjunto de competências e características interculturais, que foram tipicamente identificadas como a vontade de se envolver com a cultura estrangeira, autoconsciência e habilidade de olhar para si mesmo de fora, de ver o mundo pelos olhos dos outros, capacidade de vir com a incerteza, de agir como um mediador cultural, de avaliar os pontos de vista dos outros, de usar conscientemente habilidades de aprendizagem cultural e de ler o contexto cultural, além da compreensão de que os indivíduos não podem ser reduzidos as suas identidades coletivas. Na literatura sobre o tema, tem havido a tendência de se usar o termo savoirs (= conhecimento em francês) como referência às habilidades citadas. Esses elementos, conforme Sercu e Leuven (2006), foram categorizados da seguinte forma: Competência intercultural Elementos importantes Constitui a dimensão do conhecimento utilizado como marco conceitual. Foi definido como conhecimento sobre grupos sociais e suas culturas no próprio país, e conhecimento semelhante ao dos processos e interaçõesnos níveis individual e social. Esses saberes, juntos, constituem o quadro de referência das pessoas que vivem em uma determinada cultura, abrangendo os seguintes itens: a) as palavras e os gestos que as pessoas usam; b) os comportamentos que exibem; c) os valores em que acreditam; d) os símbolos que prezam. Todos os itens anteriores são sempre vínculos culturais e carregam significado dentro de um quadro de referência cultural particular. Consequentemente, na comunicação intercultural, é importante estar atento às potenciais diferenças referenciais. Além disso, a pessoa interculturalmente competente também tem que adquirir certa quantidade de conhecimentos gerais de cultura, o que lhe permitirá lidar com uma diversidade de culturas estrangeiras. Savoirs Saber como aprender e como entender, referem-se à dimensão das competências do quadro conceptual. O primeiro significa a capacidade de aprender culturas e atribuir significado aos fenômenos culturais de forma independente; a segunda se refere à capacidade de interpretar e relacionar culturas. Savoir-apprendre e savoir-comprendre Essas são habilidades mínimas que uma pessoa precisa possuir para ter sucesso em um ambiente multicultural. No entanto, uma vez que o conceito de cultura é complexo, os estudiosos desenvolveram um conjunto de variáveis que podem ser usadas como matrizes para equilibrar as semelhanças e diferenças entre as culturas. Essas variáveis podem ser usadas para desenvolver a inteligência intercultural e evitar choques interculturais. “Para nos comunicarmos com eficácia, devemos perceber que somos todos diferentes na maneira como percebemos o mundo e usar esse entendimento como um guia para nossa comunicação com os outros” (Anthony Robbins) Inteligência cultural, conforme Peterson (2004), pode ser definida como a capacidade de se envolver em um conjunto de comportamentos que usa habilidades e qualidades que estão adequadamente sintonizadas com os valores e atitudes culturais das pessoas com quem se interage. Basicamente falando, significa comunicar-se com competência em uma variedade de cenários em uma cultura diferente da nossa. Como já mencionamos, como a cultura trata de elementos implícitos e intrínsecos, que normalmente não são visíveis a estranhos, os estudiosos conceberam um conjunto de variáveis com o objetivo de ajudar na interação entre membros de diferentes culturas. Essas variáveis, às vezes, são vistas como escalas, pois o grau a que se referem será configurado de acordo com as culturas em jogo. Em termos gerais, existem cinco escalas culturais básicas: a) Igualdade x hierarquia: significa as diferenças entre pessoas comuns que têm a chance/ o poder de tomar iniciativa, mesmo que não tenham uma posição ou título após o nome versus apenas alguém de uma posição superior que deve assumir o controle e tomar decisões. As principais ideias por trás desta escala estão no quadro a seguir: Quadro 5.1 - Escala de igualdade x hierarquia. Está relacionado à capacidade geral de agir de forma interculturalmente competente em situações de contato intercultural, de levar em conta a identidade cultural específica de seu interlocutor e de agir de forma respeitosa e cooperativa. Savoir-faire Know-how e know-how para envolver-se. O primeiro significa a capacidade de estabelecer e manter uma relação entre a própria cultura e a cultura estrangeira, enquanto o último implica a capacidade crítica de envolver-se com a cultura estrangeira em consideração e a sua própria. Savoir-être e savoir-s’engager Habilidades mínimas Inteligência Intercultural Escala de igualdade x hierarquia 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Igualdade Um estilo baseado na igualdade significa que as pessoas preferem: Hierarquia Um estilo que se baseia na hierarquia significa que as pessoas preferem: · ser autodirigidas; · ter flexibilidade nas funções que desempenham na equipe da empresa; · ter a liberdade de desafiar a opinião de quem está no poder; · fazer exceções, ser flexível e talvez burlar as regras; · tratar homens e mulheres basicamente da mesma maneira. · seguir a direção daqueles acima; · ter fortes limitações sobre o comportamento adequado para certas funções; · respeitar e não desafiar as opiniões daqueles que estão no poder por causa de seu status e posição; · aplicar regulamentos e diretrizes; · esperam que homens e mulheres tenham uma atitude diferente e sejam tratados de maneiras diferentes. Fonte: Adaptado de Peterson (2004). b) Direto x indireto: refere-se à maneira como as pessoas tendem a se comunicar e interagir umas com as outras na comunicação verbal e não verbal, face a face e na comunicação escrita. Basicamente falando, significa que algumas culturas são mais propensas à diretividade, enquanto outras tendem a evitar conflitos. O quadro a seguir mostra as características típicas de cada grupo: Quadro 5.2 – Escala direta x indireta. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Direto Um estilo direto significa que as pessoas preferem. Indireto Um estilo indireto significa que as pessoas preferem: Escala direta x indireta 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 · ser mais direto ao falar e ficar menos preocupado em como algo é dito; · confrontar abertamente os problemas ou dificuldades; · comunicar as preocupações imediatamente; · entrar em conflito quando necessário; · expressar opiniões de maneira franca; · dizer as coisas claramente, não deixando muito em aberto para interpretações. · concentra-se não apenas no que é dito, mas em como é dito; · evitar discretamente questões difíceis ou contenciosas; · expressar preocupações com tato; · evitar o conflito, se possível; · expressar visões ou opiniões diplomaticamente; · contar com o ouvinte para interpretar o significado. Fonte: Adaptado de Peterson (2004). c) Individual x grupo: trata do grau de importância que as pessoas normalmente atribuem a fazer parte de um grupo (ou seja, família, amigos, trabalho) e até que ponto suas decisões serão influenciadas e influenciarão os grupos aos quais pertencem. A Figura 05 destaca as principais questões relativas a esta escala. Quadro 5.3 – Escala individual x grupo. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Individual Um estilo individual significa que as pessoas preferem: Grupo Um estilo de grupo significa que as pessoas preferem: Escala individual x grupo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 · tomar iniciativa individual; · usar orientação pessoal em situações pessoais; · focar em si mesmos; · julgar as pessoas com base em características individuais; · tomar decisões indicativamente; · colocar os indivíduos antes da equipe; · ser não conformista quando necessário; · entrar e sair dos grupos conforme necessário ou desejado. · agir cooperativamente e estabelecer metas de grupo; · padronizar a orientação; · tornar a lealdade aos amigos uma alta prioridade; · determinar sua identidade por meio da afiliação ao grupo; · tomar decisões como um grupo; · colocar a equipe ou grupo antes do indivíduo; · conformar-se com as normas sociais; · manter a associação ao grupo para o resto da vida. Fonte: Adaptado de Peterson (2004). d) Tarefa x relacionamento: refere-se ao conflito entre colocar a construção de relacionamento e a confiança em primeiro lugar e o trabalho/ negócios/ tarefas como o foco mais importante. O próximo quadro destaca as características típicas de cada perspectiva. Quadro 5.4 – Escala de tarefa x relacionamento. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tarefa Um estilo de tarefa significa que as pessoas preferem: Relacionamento Um estilo de relacionamento significa que as pessoas preferem: Escala tarefa x relacionamento 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 · definir as pessoas com base no que fazem – ir direto para as relações de negócios virá mais tarde; · manter a maioria dos relacionamentos com colegas de trabalho impessoais; · sacrificar o tempo de lazer e o tempo com a famíliaem favor do trabalho; · conhecer colegas de trabalho e colegas rapidamente e, de preferência, superficialmente; · usar critérios de seleção amplamente pessoais na contratação (como currículos ou notas de testes); · permitir que o trabalho se sobreponha ao tempo pessoal. · definir as pessoas com base em quem elas são; · estabelecer relacionamentos confortáveis e um senso de confiança mútua antes de começar a trabalhar; · ter relacionamentos pessoais com colegas de trabalho; · sacrificar o trabalho em favor do tempo de lazer e com a família; · conhecer colegas de trabalho e colegas lentamente e em profundidade; · usar critérios de seleção amplamente pessoais (como conexões familiares) ao contratar; · não permitir que o trabalho atrapalhe a vida pessoal. Fonte: Adaptado de Peterson (2004). e) Risco x Cuidado: trata-se de algumas culturas que têm a disposição de correr riscos, em contraste com culturas mais estabelecidas que preferem cautela, conhecer a fundo as informações e demorar para decidir quais ações serão tomadas. A Figura 07 mostra como essas escalas são diferentes. Quadro 5.5 – Escala de risco x cuidado. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Risco Um estilo de risco significa que as pessoas preferem: Cuidado Um estilo de cautela significa que as pessoas preferem: Escala de risco x cuidado 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 · tomar decisões rapidamente com poucas informações; · focar no presente e no futuro; · ser menos cauteloso - de um modo "pronto, atirar, mirar"; · mudar rapidamente sem medo de riscos; · tentar maneiras novas e inovadoras de fazer as coisas; · usar novos métodos para resolver problemas; · ter menos regras, regulamentos, diretrizes e orientações; · sentir-se confortável mudando planos no último minuto. · coletar informações consideráveis antes de tomar uma decisão; · focar no passado; · ser mais cauteloso - de uma forma "pronto, apontar, apontar, atirar"; · mudar lentamente e evitar riscos; · ter mais regras, regulamentos, diretrizes e orientações; · referir-se a precedentes anteriores do que funciona e do que não funciona; · aderir ao método comprovado para resolver problemas ; · não mudar os planos no último minuto. Fonte: Adaptado de Peterson (2004). O conjunto de escalas mencionado é um recurso útil para orientar pessoas imersas em ambientes interculturais. No entanto, estudos mais aprofundados têm sido desenvolvidos a fim de fornecer detalhes mais específicos sobre como as culturas diferem. A próxima seção focará nas perspectivas interculturais em relação a vários países ao redor do globo. “Um dos fatos mais significativos sobre a humanidade pode finalmente ser que todos nós começamos com o equipamento natural para viver mil tipos de vida, mas terminamos no final tendo vivido apenas um” (Clifford Geertz) Os choques transculturais resultam da falta de informação cultural entre os interlocutores envolvidos em um ambiente multicultural. Consequentemente, com o objetivo de minimizar esses conflitos e maximizar a cooperação intercultural, diversos estudos têm sido realizados com o objetivo de caracterizar culturas em todo o mundo. Uma contribuição importante pode ser encontrada em Lewis (2006), que se baseia na categorização dos países no mundo por meio do uso de três rótulos culturais: Aqueles que planejam, agendam, organizam, perseguem cadeias de ação, fazem uma coisa de cada vez. Aprofundamento dos aspectos culturais Colisões e perspectivas interculturais Linear ativo Pessoas lineares ativas tendem a ser planejadores altamente organizados e orientados para a tarefa, que completam cadeias de ação fazendo uma coisa de cada vez, com uma agenda linear. Eles preferem a discussão direta, apegando-se a fatos e números de fontes escritas confiáveis. A fala é para troca de informações, falam e ouvem em proporções iguais. Eles são mais verdadeiros do que diplomáticos e não temem o confronto, aderindo à lógica ao invés das emoções. Em parte, eles ocultam sentimentos e valorizam uma certa privacidade, são orientados a resultados e gostam de avançar rapidamente, comprometendo-se quando necessário para fechar um negócio. Esta categoria de membros da cultura acredita fortemente que bons produtos seguem seu próprio caminho e, às vezes, não percebem que as vendas costumam ser baseadas em relacionamentos em outras culturas. Os lineares ativos normalmente usam canais oficiais para perseguir seus objetivos; eles não têm uma forte inclinação para usar conexões, tomar atalhos ou convencer as pessoas por meio de presentes e hospitalidade. Normalmente, cumprem as leis e confiam nas regras e regulamentos que orientam a sua conduta. Eles honram contratos e não atrasam indevidamente o pagamento de bens ou serviços recebidos. Podemos relacionar pessoas lineares ativas aos seguintes adjetivos: planejadoras legais, factuais, decisivas. Pessoas que normalmente fazem muitas coisas ao mesmo tempo, planejando suas prioridades não de acordo com um cronograma, mas com a emoção relativa ou a importância que cada compromisso traz consigo. Pessoas multiativas são falantes e impulsivas, que dão grande importância aos sentimentos, relacionamentos e orientação para as pessoas, gostam de fazer muitas coisas ao mesmo tempo e tendem a sentir-se confinados por agendas. A conversa é tortuosa e animada, eles tentam falar e ouvir ao mesmo tempo. As interrupções são frequentes e as pausas na conversa são poucas. Culturas multiativas incomodam-se com o silêncio e raramente o permitem ou experimentam. Para essas pessoas, os relacionamentos são melhores quando estão cara a cara, o que significa que não podem ser mantidos por um período prolongado simplesmente por correspondência ou telefonemas. A comunicação escrita tem menos efeito com culturas multiativas do que a oral. Eles são extremamente orientados para o diálogo e desejam obter suas informações diretamente das pessoas. Eles trocam boatos e fofocas e mostram menos respeito do que pessoas lineares ativas por anúncios, regras ou regulamentos oficiais. Eles têm respeito limitado pela autoridade, mas aceitam seu lugar em sua própria hierarquia social ou empresarial. Pessoas multiativas costumam atrasar as datas de entrega e o pagamento de serviços ou mercadorias recebidas, estão menos interessadas em cronogramas ou prazos que as lineares ativas e geralmente se movem apenas quando estão prontas. A procrastinação é comum e a impontualidade é frequente. Seus conceitos de tempo e discurso são decididamente não lineares e divertem-se ou confundem a importância que os horários têm para as pessoas lineares ativas. Pessoas multiativas são flexíveis e frequentemente mudam seus planos. Podemos relacionar pessoas multiativas aos seguintes adjetivos: calorosas, emocionais, loquazes, impulsivas. Refere-se àquelas culturas que priorizam a cortesia e o respeito, ouvindo com calma e serenidade seus interlocutores e reagindo com atenção às propostas do outro lado. Culturas reativas ou de escuta raramente iniciam ação ou discussão, preferindo primeiro ouvir e estabelecer a posição do outro, para então reagir a ela e formular a sua própria. Eles geralmente ouvem antes de falar. Consequentemente, são os melhores ouvintes do mundo, na medida em que se concentram no que o orador está dizendo; não deixam suas mentes divagar e raramente, ou nunca, interrompem um orador enquanto o discurso/ apresentação Multiativo Reativo está acontecendo. Quando termina, eles não respondem imediatamente, pois um período decente de silêncio após a interrupção do orador mostra respeito pelo peso dos comentários, que devem ser considerados sem pressa e com a devida deferência. Mesmo quando os representantes de uma cultura reativa começam sua resposta, é improvável que expressem qualquer opinião forte imediatamente. Uma tática mais comum é fazer mais perguntas sobre o que foi dito, a fim de esclarecer a intenção e as aspirações do orador. Podemos relacionar indivíduos reativos aos seguintes adjetivos: corteses, complacentes, conciliadoras,bons ouvintes. Figura 5.4 – Choques culturais Fonte: 123RF (2021). A figura mostra os níveis de dificuldade quando essas culturas interagem. Figura 5.5 - Dificuldades de interação entre pessoas linearmente ativas, multiativas e reativas Fonte: Lewis (2006, p. 39). A figura mostra uma lista de países categorizados em termos dos três rótulos anteriores. Níveis de dificuldades de interação Categorização dos países http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/MLC022/aula5/img/03.z.jpg http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/MLC022/aula5/img/04.z.png Figura 5.6 – Categorização de países com base em perspectivas interculturais Fonte: Adaptado de Lewis (2006). Os procedimentos de avaliação são processos elementares em qualquer ambiente de aprendizagem. Como já mencionamos, os projetos de currículo de cursos de aprendizagem de resultados devem focar em maneiras de verificar novamente o quanto os alunos progrediram em suas experiências de aprendizagem. No entanto, devemos refletir sobre algumas questões importantes: como os estudantes universitários devem ser avaliados? Quais são os tipos mais eficazes de avaliação (de aprendizagem): Como as atividades devem ser avaliadas? O sistema de classificação deve ser radicalmente imposto ou deve haver algum espaço para discussão? De que forma os testes e tarefas podem ser usados para retratar um estado de coisas realista do domínio dos alunos em todos os conteúdos abordados? Nossa sexta lição mergulhará no universo de testes e avaliações e discutirá as vantagens e desvantagens de um conjunto de procedimentos avaliativos. Competência intercultural em cidadania global Os elementos interculturais têm desempenhado um papel vital em diferentes áreas do conhecimento. No entanto, sua relevância tem sido destacada no cenário acadêmico e profissional. Se você deseja ler sobre os elementos básicos sobre este assunto, acesse os seguintes links: [https://www.gcu.ac.uk/media /gcalwebv2/theuniversity/cen tresprojects/globalperspective s/Definition_of_Intercultural_c ompetence.pdf] Avaliação: Critérios e possibilidades Aprenda mais http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/MLC022/aula5/img/05.z.png https://www.gcu.ac.uk/media/gcalwebv2/theuniversity/centresprojects/globalperspectives/Definition_of_Intercultural_competence.pdf https://www.dw.com/pt-br/compet%C3%AAncia-intercultural-um-dos-segredos-para-o-sucesso/a-1354822 Clique aqui [https://www.dw.com/pt- br/compet%C3%AAncia- intercultural-um-dos- segredos-para-o- sucesso/a-1354822] [https://www.gcu.ac.uk/media/gcalwebv2/theuniversity/centresprojects/globalperspectiv es/Definition_of_Intercultural_competence.pdf] Clique aqui [https://www.dw.com/pt-br/compet%C3%AAncia-intercultural-um- dos-segredos-para-o-sucesso/a-1354822] Exercícios de fixação Assinale a alternativa correta. I. Leia o texto a seguir: “É a capacidade de se engajar em um conjunto de situações que utiliza habilidades e qualidades que estão adequadamente sintonizadas com as perspectivas (valores e atitudes) baseadas na cultura das pessoas com quem se interage (tipicamente de uma cultura estrangeira)”. O texto contém a definição de: a) pessoas lineares ativas. b) pessoas multiativas. c) desafio transcultural. d) Inteligência intercultural. e) pessoas reativas. II. Leia o texto: “Esta escala se relaciona ao grau de importância que as pessoas normalmente consideram em termos de fazer parte de um grupo (ou seja, família, amigos, trabalho) e até que ponto suas decisões serão determinadas e influenciarão os grupos dos quais são membros”. O texto implica a definição de uma escala cultural importante. Qual? a) risco x cuidado. b) direto x indireto. c) tarefa x relacionamento. d) individual x grupo. https://www.dw.com/pt-br/compet%C3%AAncia-intercultural-um-dos-segredos-para-o-sucesso/a-1354822 https://www.gcu.ac.uk/media/gcalwebv2/theuniversity/centresprojects/globalperspectives/Definition_of_Intercultural_competence.pdf https://www.dw.com/pt-br/compet%C3%AAncia-intercultural-um-dos-segredos-para-o-sucesso/a-1354822 e) igualdade x hierarquia. III. Leia o texto a seguir. “Este conhecimento específico trata da capacidade geral de agir de forma interculturalmente competente em situações de contato intercultural, levando em consideração a identidade cultural específica de seu interlocutor e de agir de forma respeitosa e cooperativa.” O texto traz a definição de um importante saber. Qual? a) Savoir-faire. b) Savoir-comprendre. c) Savoir-s’engager. d) Savoir-être. e) Savoir-apprendre. IV. Leia o texto. “Essa categoria de pessoas normalmente fala muito, age por impulso e tende a dar muito valor aos sentimentos, relacionamentos e orientação para as pessoas. Uma característica importante dessas pessoas tem a ver com sua preferência em fazer muitas coisas ao mesmo tempo e não se sentirem à vontade para seguir agendas. Brasileiros, espanhóis e italianos fazem parte dessa categoria ”. O texto acima caracteriza um importante grupo cultural. Qual? a) Pessoas lineares ativas. b) Pessoas multiativas. c) Pessoas hierárquicas. d) Tomadores de risco. e) Pessoas reativas. V. Leia o texto a seguir. “Este saber específico centra-se na capacidade de aprender culturas e atribuir sentido aos acontecimentos culturais de forma independente”. O texto acima caracteriza um importante grupo cultural. Qual? a) Savoir-faire. b) Savoir-comprendre. c) Savoir-s’engager. d) Savoir-être. e) Savoir-Apprendre. Nesta aula: Discutir sobre a importância do conhecimento transcultural no mundo acadêmico e profissional de hoje. Explicar o que é competência intercultural e sua aplicação na sala de aula universitária. Refletir sobre uma série de perspectivas teóricas interculturais apropriadas para facilitar a aprendizagem e o ensino em ambientes interculturais. Na próxima aula: Verificar que os projetos de currículo de cursos de aprendizagem de resultados devem focar em maneiras de verificar novamente o quanto os alunos progrediram em suas experiências de aprendizagem, refletindo sobre como os estudantes universitários devem ser avaliados e quais os tipos mais eficazes de avaliação e de que forma os testes e tarefas podem ser usados para retratar um estado de coisas realista do domínio dos alunos nos conteúdos abordados. Analisar o universo de testes e avaliações. Discutir as vantagens e desvantagens de um conjunto de procedimentos avaliativos. LEWIS, R. D. When Cultures Collide: Leading across Cultures. London: Nicholas Berkley International, 2006. PETERSON, B. Cultural Intelligence: a guide to working with people of other cultures. Yarmouth: Intercultural Press, 2004. SERCU, L.; K. U. LEUVEN. Foreign language teachers and intercultural competence: an international investigation. Toronto: ITL - International Journal of Applied Linguistics, jun. 2006. ZANGANEH, S. Análise dos fatores eficazes na competência intercultural na vista dos trabalhadores sociais: uma abordagem sociocultural. 2018. Disponível em: https://www.semanticscholar.org/paper/ANALYSIS-OF-EFFECTIVE-FACTORS-IN- INTERCULTURAL-FROM-Zanganeh/86fd92ee7f36dd69ff9171d0ad48ad1dfd744b0f?p2df [https://www.semanticscholar.org/paper/ANALYSIS-OF-EFFECTIVE-FACTORS-IN- INTERCULTURAL-FROM-Zanganeh/86fd92ee7f36dd69ff9171d0ad48ad1dfd744b0f?p2df] . Acesso em: 20 mar. 2021. LARSEN-FREEMAN, D.; ANDERSON, M. Techniques and principles in language teaching. Oxford: OUP, 2017. NILSON, L. B. Teaching at its best. San Francisco: John Wiley & Sons, 2010. PIAZZI, P. Aprendendo inteligência: manual de instruções do cérebro para estudantes em geral. São Paulo: Aleph, 2015. Síntese Próxima aula Referências Referências complementares https://www.semanticscholar.org/paper/ANALYSIS-OF-EFFECTIVE-FACTORS-IN-INTERCULTURAL-FROM-Zanganeh/86fd92ee7f36dd69ff9171d0ad48ad1dfd744b0f?p2df RICHARDS, J. C.; RODGERS, T. S. Approaches and methods in language teaching. Cambridge: CUP, 2018. TOOHEY, S. Designing courses for higher education. Philadelphia: Open University Pres, 1999.
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