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Tema : oclusão intestinal Introdução A obstrução intestinal é uma complicação que ocorre quando há interrupção do fluxo normal do conteúdo intraluminal. Essa complicação é uma das principais causas de internação, hospitalizações e emergências cirúrgicas. Um terço dos casos vão evoluir com isquemia, devido a comprometimento da vascularização intestinal. Em geral, 80% das obstruções ocorrem no intestino delgado e sua incidência é semelhante entre homens e mulheres. Em relação a idade, a média é de pacientes com 64 anos, contudo, nessa faixa etária vemos um predomínio maior do sexo masculino do que do feminino. Dos indivíduos com obstrução do intestino delgado, em torno de 20-30% necessitam de intervenção cirúrgica e aqueles que evoluíram com isquemia têm um aumento significativo das chances de óbito. Conceito Oclusão intestinal -impossibilidade, parcial ou completa, de propagação do conteúdo gastro êntero-cólico até o reto e de ser fisiologicamente eliminado. CLASSIFICAÇÃO Podemos dividir as obstruções intestinais em três categorias: mecanismo, Grau, Gravidade. Cont… O mecanismo é descrito a partir de causas mecânicas e funcionais. Causas mecânicas -são aquelas cuja obstrução é decorrente de efeito de massa por processos intrínsecos ou extrínsecos. Causas funcionais-são por um comprometimento dinâmico do intestino sem que haja um local específico de obstrução. Em relação ao grau, dividiremos em parcial, alto grau ou completo. A obstrução parcial é aquela em que uma parte do intestino se encontra bloqueada, fazendo com que o fluxo de conteúdo intestinal esteja diminuído, porém, presente. Cont… Alto grau -a obstrução ocupa a maior parte da luz do intestino (o que dificulta, ainda mais o fluxo); na completa, há bloqueio total, impedindo, completamente, a passagem. Por fim, para a gravidade, devemos saber se é um caso de obstrução simples ou estrangulada. A estrangulada costuma acontecer em volvos (ou vólvulos) e hérnias, se caracteriza por rotação da alça intestinal sobre si mesma e leva ao estrangulamento e comprometimento do fluxo sanguíneo. A simples, entretanto, corresponde ao bloqueio sem comprometimento do aporte sanguíneo Etiologia As principais etiologias são aderências intra peritoneais (bridas), hérnias e tumores. As aderências, contudo, são as mais comuns. Outras causas, apesar de menos frequentes, também podem provocar esse quadro. As etiologias, ainda, podem ser divididas em: Causas intrínsecas (da parede ou de defeitos luminais) extrínsecas. As causas intrínsecas, geralmente, levam a invasão do lúmen por processos infiltrativos, edema ou processos fibróticos expansivos. Causas externas decorrem de condições extrínsecas ao intestino que o comprimem ou bloqueiam mecanicamente, dificultando ou impedindo a passagem de conteúdo intestinal. Como exemplos, temos volvos, aderências, intussusceção, hérnias, cálculos biliares e corpos estranhos. Manifestações clínicas Dor distensão abdominal, diminuição ou interrupção da eliminação de gases e/ou fezes, náuseas vômitos. A obstrução intestinal pode também acarretar sinais sistêmicos, tais como desidratação e febre. taquicardia, redução da produção de urina, mucosas secas e hipotensão postural( hipotensão ortostática) FISIOPATOLOGIA Quando o intestino sofre um processo obstrutivo, seja por obstrução luminal intrínseca ou compressão extrínseca, o intestino, em um primeiro momento, aumenta a peristalse na tentativa de “vencer” aquele bloqueio. Contudo, com o tempo, começa a haver uma dilatação progressiva na região proximal ao acometimento, fazendo com que esses movimentos peristálticos tenham sua frequência reduzida. A presença de alimentos pode corroborar para a distensão abdominal, ao passo que sua fermentação, por bactérias do intestino, leva à formação de gases que acabam ali se acumulando. Gradualmente, com a evolução desse processo, há sequestro de líquido do lúmen e edema da parede intestinal, comprometendo o processo absortivo desse órgão. Quadros de dilatação e edema intestinal expressivos podem comprimir os vasos intramurais do intestino delgado, reduzindo o suprimento de sangue local. Cont… Como consequência, esse órgão iniciará o processo de isquemia, que, caso não seja revertido a tempo, pode evoluir para necrose. Ademais, devido a esse aumento de volume abdominal, o paciente vai apresentar aumento de pressão intra abdominal (PIA), comprimindo o diafragma e, portanto, dificultando a respiração. Em alguns casos, ainda, essa PIA elevada vai diminuir o retorno venoso e provocar instabilidade hemodinâmica. Esse quadro, quando inicia um processo inflamatório significativo, vai levar à síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS). Além disso, esses indivíduos vão cursar com estase no interior do intestino. Essa condição favorece a proliferação de bactérias e, até mesmo, sua translocação para dentro do peritónio. Junto a isso, pode ocorrer anorexia e desidratação, tendo em vista que os alimentos e líquido ingeridos não serão absorvidos. Diagnóstico A anamnese com história de dor abdominal, comprometimento da eliminação de flatos e fezes, além de náuseas e vômitos favorece a suspeita. Ademais, devemos nos atentar para a história farmacológica (drogas prescritas ou não que podem afetar a função intestinal), familiar (neoplasias, doenças inflamatórias intestinais) e fatores de risco. No exame físico, devemos iniciar com inspeção de sinais sistêmicos, tais como hipotensão arterial, mucosas desidratadas e febre. Feito isso, seguimos para inspeção, ausculta, percussão e palpação do abdome, nessa ordem. Na inspeção abdominal devemos procurar cicatrizes, que indicam cirurgias prévias, e distensão abdominal (pode variar dependendo da etiologia; quadros de obstrução proximal tendem a acumular mais gases que os distais, enquanto obstruções de circuito fechado, geralmente, apresentam distensão mínima). A ausculta deve ser realizada, imediatamente, antes da percussão e palpação, tendo em vista que, caso realizada por último, pode haver alteração dos movimentos peristálticos. Exames complementares Avaliação laboratorial (hemograma completo, eletrólitos, ureia e creatinina) Gasometria arterial Hemocultura radiografia de abdómem tomografia computadorizada (TC) de abdome Tratamento administrar cristaloide isotónico e reposição de K+ (com cuidado para não haver lesão renal aguda). passagem de um cateter vesical, com o intuito de acompanhar a diurese sonda nasogástrica (para indivíduos que possuem distensão intestinal, náuseas e/ou vômitos, devemos realizar a descompressão) indicação cirúrgica Metoclopramida Loperamida Dexametasona Prednisolona Prometazina Intervenção de enfermagem Aliviar a dor e promover maior conforto ao paciente Regular o padrão respiratório Controlar o volume de líquidos Estabelecer uma nutrição adequada Melhorar a mobilidade física Educar os pacientes e a família acerca dos cuidados a ter com a medicação. Conclusão A oclusão intestinal, se não for tratada, leva à perfuração e infecção generalizada, por isso o atraso no diagnóstico pode fazer toda a diferença entre uma boa evolução e uma situação já muito adiantada em que é necessário retirar intestino, com muito mais complicações associadas. Por isso é importante recorrer rapidamente à ajuda dos profissionais de saúde no início dos sintomas e não esperar que a situação evolua para algo muito mais grave.
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