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Principais demencias - generalidades

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PRINCIPAIS DEMÊNCIAS
características E exames complementares
09/02
INTRODUÇÃO
PORTO, 2019 define demência como “o termo usado para definir a 
perda gradual e, em geral, irreversível da capacidade intelectual”, 
entendendo-se como capacidade intelectual a habilidade de efetuar 
complexos modos de raciocínio e de aprendizado, de resolver problemas, 
abstração, pensar logicamente, perceber características de determinada 
situação e saber reagir a elas de maneira adequada do ponto de vista 
motor, verbal e simbólico. 
PORTH, 2014 a define como “declínio cognitivo não normativo que 
pode ser causado por qualquer doença que danifique permanentemente 
grandes áreas de associação dos hemisférios cerebrais ou áreas 
subcorticais subjacentes à memória e aprendizagem”. Deve-se pensar em 
demência quando ocorrem relatos de perdas de funções notáveis da 
pessoa, em geral pelos cuidadores ou familiares, ou com observações ao 
longo do acompanhamento pelo médico de família e comunidade. É 
incomum que o indivíduo perceba e identifique a própria demência. 
(GUSSO, G; LOPES, J. M. C; DIAS, L. C, 2019). 
A característica essencial da demência é o comprometimento da memória 
de curto e longo prazo. A perturbação deve ser suficientemente grave 
para interferir significativamente no trabalho ou nas atividades sócias 
(PORTH, 2014). PORTO, 2019 diz que o grupo mais importante das 
demências é o grupo das doenças degenerativas, com evidência da doença 
de Alzheimer, responsável por mais ou menos 60% dos casos de 
demência. Em seguida, vem o grupo das demências vasculares, as 
demências que associam deterioração mental e distúrbios motores, e as 
doenças infecciosas. 
CARACTERÍSTICAS
Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer, é em geral, de ocorrência esporádica, porém em 
cerca de 10% dos casos é de origem familiar. A herança é autossômica 
dominante, com penetrância completa. No caso da DA, os distúrbios de 
memória predominam desde o início, seguidos por alterações da linguagem, 
cálculo, orientação visuespacial e da personalidade, sendo difícil determinar 
com precisão o início das manifestações. As alterações da memoria de curto 
prazo são quase sempre as primeiras a surgir, provocando amnesia 
anterógrada grave. 
Durante algum tempo, conserva-se durante algum tempo a memória 
remota, levando o paciente a quadros importantes de fabulação. O 
indivíduo tem dificuldade para denominar objetos e pessoas, acompanhado 
com distúrbio de compreensão oral, mantendo-se boa capacidade de 
repetição, o que caracteriza a afasia transcortical sensitiva, típica da DA. 
Além disso, há dificuldades para ler e escrever. Com o passar do tempo, o 
paciente mostra-se apático, desinteressado, negligenciado, com alterações 
cada vez mais intensas da memoria e da comunicação verbal. Surge 
desorientação espacial, perdendo-se na rua, ou dentro da própria casa. 
A apraxia, a não realização de certos movimentos por conta própria, pois, 
por exemplo, não consegue usar adequadamente os talheres à mesa, ou 
desaprende a vestir-se. A anosognosia, ou seja, a falta de consciência da 
própria doença, faz com que o indivíduo não perceba as próprias 
dificuldades. Com o passar do tempo, o quadro piora e surge incontinência. 
Podem ocorrer crises convulsivas. Também se manifestam alterações do 
comportamento de personalidade, desde reações depressivas até surtos 
psicóticos. (PORTO, 2019)
O Alzheimer é uma patologia que pode ser classificada em maior ou menor 
grau, ou seja, existem pacientes portadores que estão em estado inicial e 
ainda não possuem comprometimento significativo da memória e das 
habilidades físicas, motoras e intelectuais. (CAETANO, L. A. O; SILVA, 
F. S; SILVEIRA, C. A. B, 2017).
Em fases avançadas da doença, grande parte dos pacientes apresentam 
sinais extrapiramidais, como hipomimia, perda do balanço dos braços e 
tremores nas mãos. Pode-se notar também exagero dos reflexos axiais da 
face, leve ataxia da marcha, mioclonias e discinesia orofacial. 
Na fase final, os pacientes tornam-se inválidos, não deabulam mais, 
sucumbindo às infecções urinárias e broncopulmonares (PORTO, 2019)
O comprometimento da memória e esquecimento é uma queixa muito 
comum, principalmente em idosos. Esse fator torna difícil definir quando 
esses sintomas podem ser considerados dentro do esperado, por conta da 
idade, ou quando se trata do início de um processo demencial. Entretanto, 
com sinais e sintomas mais explícitos, torna-se mais fácil confirmar uma 
demência. Por esse motivo, existe um ponto onde encontra-se um meio termo 
onde a suspeita fica em observação, com definição pela evolução clínica. 
(PORTO, 2019)
Demência vascular
Após a doença de Alzheimer, a demência vascular é a segunda causa mais 
comum de demência associada ao envelhecimento. (AFZAL, S, BOJESEN, 
S. E, NORDESTGAARAD, B. G, 201 É causada tanto por episódios 
cerebrais isquêmicos quanto hemorrágicos. 
Pode ser causada pelos seguintes achados: (1) infartos cerebrais múltiplos; 
(2) múltiplas lacunas; (3) hemorragia lobar e/ou dos núcleos das bases; (4) 
infartos intermediários (PORTO, 2019). O quadro clínico da demência 
vascular tem como distúrbios mentais mais comuns: depressão, apatia, 
alteração da linguagem e da memória, labilidade emocional, distúrbios da 
atenção e indiferença. Para o diagnostico, têm grande peso a presença de 
hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, tabagismo, alcoolismo, 
coronariopatia e arteriopatia de membros. UWAGBAI, O; KALISH, V. B, 
2022 diz que para a prevenção de demência, a modificação do estilo de vida 
que não culminem em fatores de risco como diabetes, hipertensão, tabagismo 
e dislipidemia. Estudos mostram que o uso de anti-hipertensivos pode 
reduzir o risco de demência vascular. Em pacientes que apresentam 
comprometimento precoce da cognição, ou têm evidências de RM ou TC de 
acidente vascular cerebral ou doença da artéria carótida, os dados mostram 
que a prevenção secundária com tratamentos preventivos de acidente 
vascular cerebral, como agentes antiplaquetários, varfarina ou exercício 
físico, pode retardar a progressão da doença. 
Demência Alcóolica
A demência alcoólica está associada à carência de vitaminas do complexo B, 
sobretudo da tiamina. Essa carência provoca inúmeras manifestações 
neurológicas, tanto do SNP como SNC. Existem alguns tipos de demência 
alcóolica, onde pode haver ou não alteração anatômica. Após anos de uso 
abuso de álcool, podem surgir alterações de personalidade e comportamento, 
caracterizando um quadro demencial. (PORTO, 2019). A Organização 
Mundial da Saúde recomenda que para reduzir o risco de problemas de 
saúde relacionados com o álcool, o consumo deve ser no máximo de duas 
bebidas padrão, o correspondente a 20g de álcool, para homens, por dia, e de 
uma bebida padrão de 10g de álcool para mulheres no mesmo período, no 
máximo cinco dias por semana. (ALZHEIMER PORTUGAL)
Doença de Parkinson
A doença de Parkinson resulta de uma alteração do sistema extrapiramidal 
que provoca a redução de neurônios dopaminérgicos da substância negra. 
Essa alteração neurológica ocasiona características motoras consideradas 
clássicas, como tremor; rigidez muscular e lentidão na execução de 
movimentos. O tremor pode ser mais percebido distalmente, como nos dedos 
das mãos, e as vezes nas pálpebras, língua e face, ou em outras partes do 
corpo. Além do tremor e rigidez, também são observadas lentidão e redução 
na execução de movimentos. Quando ocorrem respostas emocionais, tendem a 
se desenvolver lentamente e a se prolongar, como um sorriso (VIEIRA, R; 
CHACON, L, 2015)
O quadro demencial é em geral, do tipo subcortical, com alterações de 
memória sem amnésia retrógrada, apatia, bradifrenia, dificuldadede uso dos 
conhecimentos adquiridos, disfunção visuoespacial e confusão mental. Os 
fatores predisponentes ao desenvolvimento da demência da doença de 
Parkinson são: idade tardia de inicio da enfermidade; maior gravidade dos 
distúrbios motores e distúrbios psicóticos em resposta à levodopa. (PORTO, 
2019)
EXAMES COMPLEMENTARES
Na avaliação do paciente com demência, exames complementares são 
necessários para excluir ou confirmar as possíveis causas. PORTO, 2017 diz 
que o recomendado são exames de sangue e de neuroimagem, sendo os de 
sangue: hemograma, glicemia, ureia, creatinina, T4L, TSH, albumina, 
TGO, TGP, gama GT, vitamina B12, cálcio, sorologia para sífilir e, abaixo 
de 60 anos, testes para HIV. De neuroimagem recomenda-se uma TC, mas 
preferencialmente uma RNM. Exame de liquor fica restrito a casos 
especiais, como os mais precoces de evolução rápida, atípicos e com suspeita 
de doenças inflamatórias ou infecciosas. O eletroencefalograma tem pouca 
especificidade, mas a presença de alterações sugere doença orgânica, com 
maior utilidade em encefalopatias metabólicas. (PORTO, 2017)
PORTH, 2014 cita também a necessidade da exclusão de um diagnóstico de 
depressão, pois é uma doença possível de ser mascarada como demência, e 
deve ser excluída quando se considera um diagnóstico de demência. 
Recomenda-se também uma triagem para avaliação de hematoma subdural, 
infarto ou tumor cerebral e hidrocefalia de pressão normal, uma vez que 
essas e outras formas de demências reversíveis devem ser descartadas 
(fármacos, condições emocionais, condições metabólicas...)

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