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ARQUITETURA ECLÉTICA ARQUITETURA ECLÉTICA Grandjean de Montigny. Projeto da Praça do Comércio. Rio de Janeiro, RJ. Projeto com Pórtico em destaque. Pierre Joseph Pézerat. Fachada principal da Academia Militar, RJ. Pórtico alinhado com fachada. Palácio Imperial de Petrópolis. Pórtico avançado. Templo. O despertar de um novo estilo: Ecletismo Rompe-se a rigidez dos cânones clássicos, fosse nas proporções ou no excesso de ornamentos. Temos a transição para o Ecletismo. Instituto de Meninos Cegos. Bethencourt da Silva, 1872. Fachada monumental e desproporcional. Imprensa Nacional do Rio de Janeiro, 1874 Paula de Freitas. Palácio Nova Friburgo, 1860. Gustav Waehneldt. Influência do Romantismo Fatos ocorridos a partir da maioridade de Pedro II: Estabilidade econômica advinda da produção cafeeira. Nova etapa da Revolução Industrial. Migração de trabalhadores livres, com formação técnica superior a mão de obra escrava. Surgem os funcionários públicos, os profissionais liberais e comerciantes abastados, criando a semente de uma nova classe social. A opção desta nova classe em morar na zona urbana, em casas de aluguel. Os mais abastados transformaram antigas chácaras em residências apalacetadas. Surgimento de novos bairros onde antes só existiam chácara abandonadas. Estas novas residências: As fachadas incorporam os padrões das casas nobres com modenadura e o embasamento compostos pelo porão elevado. Em muitos exemplares, foi adotado o tratamento tradicional para a implantação, com fachada no limite da testada, situação que mudaria nas décadas seguintes, com a ocupação de lotes mais generosos, distantes das áreas mais ocupadas. A solução das plantas, a setorização tornava-se definida, sem superposição de funções. A área de trabalho deixava a casa, e em seu lugar, destacava-se o setor social. Gradativamente cada aposento abrigaria seu próprio mobiliário, adquirindo funções específicas. O Segundo Reinado, ainda com uma estrutura agrária, monocultora e escravocrata, paradoxalmente procura estabelecer vínculos com as propostas modernas internacionais. Brasil é incorporado às exposições internacionais. A aproximação com o exterior favorecia à incorporação de outras inovações, também nos aspectos artísticos. Na Europa, desde as últimas décadas do século XVIII, o Romantismo afirma-se como tendência, com ampla expansão geográfica e cultural, chegando com muita representatividade ao Brasil. ROMANTISMO Muito mais que um simples estilo ou modismo passageiro, o Romantismo tornou-se um modo de vida, “um estado de espírito, que tem sido associada a palavra evasão. Evasão para o sonho e evasão para a fantasia. Suas origens têm-se geralmente buscado no século XVIII, em Rousseau, na atração pela vida campestre e primitiva...” Tal busca e apreço pelo passado associavam essa tendência ao Neoclassicismo, contando como afinidade, principalmente, a incorporação de elementos do passado, cada qual à sua maneira, com significativas divergências ideológicas. Tratava-se da busca de um padrão estético para aquela época, cuja solução veio através de reinterpretações do passado, tornando-se o passaporte para a modernidade que se avizinhava. No Brasil, no entanto, a influência do Romantismo na arquitetura não teve o caráter europeu, onde aparecia, frequentemente como resgate da formação nacional daqueles países. Aqui, devido à imigração, à industrialização e à busca da modernidade, havia a supremacia da composição de várias tendências, sem predominância de uma sobre as outras. Funcionalismo ou Historicismo Tipológico no Brasil Em relação ao historicismo tipológico, tal prática era adotada com frequência na Europa, desde a primeira metade do Oitocentos. Algumas exposições internacionais incluíam variadas experiências formais, indicando o advento do Ecletísmo. Real Gabinete Português de Leitura RJ - Neomanuelino Real Gabinete Português de Leitura em Salvador Ilha Fiscal, réplica de castelos franceses Catedral de São Pedro de Alcântara, Petrópolis, RJ, 1860/1960 Basílica Imaculada Conceição, Rio de Janeiro, c.1890 Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz. Curitiba, PR, 1876/1893 Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, Belo Horizonte, MG, 1897/1932 Catedral Metropolitana de São Paulo, SP, arquiteto Maximilan Emil Hehl, 1913/1967 Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, com obras iniciadas em 1874 e concluídas em meados do século XX, mantendo um discurso medievo para edifícios religiosos Catedral Metodista do Rio de Janeiro. Projeto de Antonio Januzzi, inaugurada em 1886 ECLETISMO “Atitude antiga de formar um todo a partir da justaposição de elementos escolhidos entre diferentes sistemas. Pode ser eclético um sistema moral ou filosófico, uma coleção de objetos ou simplesmente o gosto ao vestir-se”. Gustavo Rocha Peixoto Neoclassicismo: ordem, disciplina, contenção, equilíbrio, razão, nobreza. Ecletismo: dramaticidade, conforto, expressividade, luxo, emoção, exuberância ECLETISMO Apresenta-se como doutrina filosófica estruturada a partir de meados do século XIX. Apresenta duas tendências: 1- a reunião de afirmativas doutrinárias, sem crítica ou metodologia, manifestando-se como um amálgama de conceitos diferentes. 2- a premissa que o pensamento filosófico pode abranger elementos incompatíveis entre sí. Pensadores: Victor Cousin (1792-1867), francês, recomendava “um ecletismo ilustrado que, julgando com equidade e inclusive com benevolência todas as escolas, peça-lhes por empréstimos o que tem de verdadeiro e elimine o que tem de falso”; ou ainda “distinguir entre o verdadeiro e o falso nas diferentes doutrinas e, após um processo de depuração e separação pela análise e dialética, reunir as verdades de cada uma em um todo legítimo para obter uma doutrina melhor e mais ampla”. César Denis Daly (1811-1893), defendia a adoção do Ecletismo como o uso livre do passado, mas com capacidade e cultura arquitetônica para combinar (compor) as carcterísticas. Ópera de Paris, projetada por Charles Garmier, 1861/1875. Classificação: para uma melhor compreensão, é possível separar algumas dessas manifestações em grupos com alguma afinidade formal ou construtiva, adaptando-se a classificação de Luciano Patteta. (PATTETA, Luciano. Considerações sobre ecletismo na Europa. In: FABRIS, Annateresa (org.) Ecletismo na Arquitetura Brasileira. São Paulo: Nobel; Editora da Universidade de São Paulo, 1987. p.8-27. REVIVALISMO: distinto do ecletismo, relacionado às buscas de um estilo nacional, calcado em pesquisas aprofundadas sobre manifestações da arquitetura do passado nacional. COMPOSIÇÃO ESTILÍSTICA: variante do revivalismo, sem a procura de um estilo nacional, que procurava aplicar referências do passado com unidade e correção, porém incluindo novas técnicas construtivas. FUNCIONALISMO OU HISTORICISMO TIPOLÓGICO: procurava associar a forma da edificação às suas origens históricas. PASTICHE COMPOSITIVO: com a catalogação e aplicação das formas do passado consideradas como afirmativas, nem sempre apresentavam-se com soluções estilísticas associadas às leis de composição da academia. ECLETISMO DE CATÁLOGO: pode ser considerado uma popularização de produtos manufaturados, aplicado nas crescentes metróples Estilos apontados no Rio de janeiro por Gustavo Rocha Peixoto Ecletismo Classicizante: Instituto nacional de Educação de Surdos – 1913-1915 Edifício Príncipe D. João, 1912. Projeto: Orlando Alves da Silveira. Hospital da Cruz Vermelha. Projeto: Pedro Campofiorito. Construção: Leonídio Gomes, 1919-1923 Idade Média: Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Projeto: Luiz Raphael Vieira Souto, 1890. Construção: Luiz Raphael Vieira Souto, 1890-1909. Forte de Copacabana, (detalhe da cúpula) Projeto: major Tasso Fragoso, 1902-1904 Construção 1908-1914 V Batalha da Polícia Militar, RJ Projeto: Heitor de Mello, 1906 Construção: 1908-1914 Quartel Central do Corpo de Bombeiros Projeto: Francisco Marcelino de Souza Aguiar, 1898 Construção:1898-1903 Educandário Gonçalves de Araújo Construção: Conde de Santa marinha, 1898-1900 I Batalhão da Polícia Militar Construção: Heitor de Mello, 1913 Palácio da Guanabara Projeto da reforma eclética: Francisco Marcelino de Souza Aguiar Construção: 1908 França: Jockey Club Brasileiro Projeto: Francisque Cuchet e Archimedes Memória (escritório Técnico Heitor de Mello), 1922 Construção: 1924-1926 Campo de Santana Projeto: Auguste Glaziou, 1873 Construção: 1873-1880 Estação Marítima de Passageiros Clube Naval Projeto: Tomasso Bezzi Construção: Heitor de Mello e T. Bezzi, 1905-1910. reformado por Terra, Irmão e Cia. 1928 Palácio Laranjeiras Projeto: Armando da Silva Telles e Joseph Gire, 1909-1914 Estilo Luís XIII Museu Nacional de Belas Artes Projeto original: Adolfo Morales de los Rios, 1906 A fachada principal é uma interpretação da fachada ocidental do palácio do Louvre Teatro Municipal do Rio de Janeiro Projeto: Francisco de Oliveira Passos, 1904 Inspirado no Ópera de Paris, estilo Napoleão III Estilos Ingleses: Fábrica de Tecidos Bangu Construção: De Morgan Snell e Cia. 1898-1892 Antiga Fábrica Confiança Construção: 1884 SEAERJ (The Rio de Janeiro City Improvements Company Limited) Construção: 1862 Estação Inicial da Leopoldina Projeto: Roberto Prentice Construção: 1926 Uma atualização do palladianismo. Palácio da Cidade Projeto: Roberto Prentice Construção: 1947 Concebido em estilo palladiano inglês. OUTROS ESTILOS Escola de Música da UFRJ Projeto: Cipriano Lemos, 1919 Estilo italiano Parque Lage Projeto: Mário Vondret, 1927 Sua ornamentação tem referência italiana Tribunal Regional Eleitoral Projeto: Luís Schreiner, 1892 Referência italiana Edifício Seabra Projeto: Mário Vodret, 1931 Utilização de elementos da linguagem toscana Estilo Mourisco Instituto Oswaldo Cruz Projeto: luís de Moraes Júnior, 1904-1918 Utilização de elementos da linguagem toscana Basílica Imaculado Coração de Maria, no Méier, Rio de Janeiro, RJ Projeto de Morales de los Rios, c. 1915 Basílica Imaculado Coração de Maria, no Méier, Rio de Janeiro, RJ Projeto de Morales de los Rios, c. 1915 Estilo Bizantino Igreja do Capuchinhos Projeto de autor desconhecido, adaptado por Guilherme Oates, 1928 Igreja Nossa Senhora da Paz,1918 Projeto: Gastão Bahiana Ecletismo popular Saara, no Rio de Janeiro SALVADOR NEOCOLONIAL Museu Histórico Nacional Projeto: Archimedes Memória e Franchisque Cuchet, 1920-1922 Escola Municipal Soares Pereira Projeto: José Amaral Nieddemeyer, 1926-1927 Institudo de Educação Projeto: Angelo Brunhs e José Cortez, 1928