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ECONOMIA E DIREITO ECONOMICO

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Prévia do material em texto

Economia e 
Direito Econômico
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Júlio Cesar Gomes
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Economia Contemporânea Brasileira
• Introdução;
• Entre a Orientação Liberal e Estatizante;
• O Retorno do Modelo Estatista e o Desenvolvimentismo;
• Período Militar (1964-1985): Entre o Estatismo e a Orientação Liberal;
• A Nova República (1985): Fracassos Sucessivos de Planos Econômicos.
• Analisar os aspectos concernentes à ordem econômica nas Constituições de 1946, 
1967 e 1988;
• Caracterizar a política econômica do Pós-Guerra;
• Descrever as políticas econômicas do governo militar (1964-1985);
• Compreender os principais aspectos das políticas econômicas da Nova República.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Economia Contemporânea Brasileira
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Economia Contemporânea Brasileira
Introdução
Nesta unidade, o aluno deve desenvolver uma visão geral sobre os aspectos 
fundamentais das políticas econômicas do Pós-Guerra, até o governo Lula, com a 
ênfase dos aspectos legais constantes nas sucessivas constituições e emendas cons-
titucionais e sua forma de tratamento do sistema econômico. Esta análise abran-
gente e interdisciplinar não pretende ser, no entanto, exaustiva, sendo necessário 
um aprofundamento posterior neste tema – o das relações entre a norma jurídica e 
a economia – com o intuito de julgar as principais orientações ideológicas concer-
nentes ao papel do Estado na Economia.
Este estudo sistemático está permeado de informações complementares e ati-
vidades desafiadoras com o intuito de favorecer um processo mais consistente de 
compreensão do fenômeno dos processos econômicos em suas relações com os 
marcos legais.
Esperamos que você tenha um bom aproveitamento intelectual e adquira uma 
capacidade maior de entendimento da situação atual da economia brasileira nos 
dias de hoje.
Bons estudos!
Entre a Orientação Liberal e Estatizante
Após 1945, uma Assembleia Constituinte foi instalada logo no começo de 1946, 
sendo o texto promulgado em 1946, repudiando o Estado autoritário instaurado 
por Vargas em 1937. A Constituição inspirou-se nos princípios constitucionais da 
Constituição de 1891, em relação aos aspectos políticos, mas conservou as con-
quistas sociais de 1934.
A propósito da Era Vargas, ver: https://goo.gl/BAoy5K
Ex
pl
or
Do ponto de vista econômico, buscou a conciliação dos ideais liberais e sociais, 
apoiado na pretensão de proteção do Estado, para obter a denominada justiça so-
cial, embora tenha remetido à lei complementar as disposições sobre intervenção 
do Estado e mesmo de nacionalização do trabalho ou atividades.
8
9
É de se observar, ainda, que em relação à livre iniciativa e à repressão ao abuso 
do poder econômico, a Constituição de 1946 acabou consagrando uma ambigui-
dade, uma vez que o capitalismo de 
Estado já existente em relação às indús-
trias de base - siderurgia, portos e pe-
tróleo - era compatível com monopó-
lio pela própria escala dos negócios, 
relativizando-se a preocupação com o 
abuso do poder econômico, que é típi-
ca da concepção liberal.
A este respeito, convém ressaltar 
que, neste período, os EUA se tinham 
voltado para uma política de reconstru-
ção da Europa e do Japão em detrimen-
to da América Latina. Deste modo, o 
Brasil precisava se apoiar no financia-
mento de capitais privados para gerir o 
seu processo de desenvolvimento eco-
nômico e industrial, iniciando o proces-
so de constituição de infraestrutura e de 
constituição de uma indústria de bens 
de consumo duráveis, já que o Estado 
não possuía recursos suficientes.
Sobre a política externa dos Estados Unidos no Pós-Guerra, ver: https://youtu.be/e_kcUBngBx4
Ex
pl
or
O que é capitalismo de Estado?
Você acha que ele se manifesta no Brasil atualmente? Ex
pl
or
De fato, neste período, no Governo de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), o recei-
tuário liberal foi percebido como a solução para a inflação que chegara a 11% e 22% 
em 1945 e 1946. Daí a opção incidental pelo Liberalismo político e econômico.
Figura 1
Fonte: crcam.org.br
9
UNIDADE Economia Contemporânea Brasileira
Figura 2
Fonte: Wikimedia Commons
Neste contexto, a industrialização foi favorecida pelas seguintes medidas:
• A taxa de câmbio foi sobrevalorizada;
• Estabeleceram-se medidas discriminatórias à importação de bens de consumo 
não essenciais, semelhantes ao produto nacional;
• O crédito real à indústria cresceu 38%, 19%, 28% e 5%, respectivamente, nos 
anos de 1947 a 1950.
Como resultado, a produção real da indústria de transformação aumentou em 
pouco mais de 42% (9% a.a.), entre 1946 e 1950, com destaque para os setores 
de Material Elétrico (28% a.a.), Material de Transporte (25% a.a.) e Metalurgia 
(22% a.a.) – os setores que respondiam, conjuntamente, por menos de 10% do 
valor adicionado industrial no início da década de 1950.
Na sequência, quando Vargas foi eleito (1951), foi retomada uma orientação 
mais estatizante, embora mais moderada. O governo de Vargas se dividiu em 
duas etapas:
• Primeira fase: buscou a estabilização da economia, através do equilíbrio das 
finanças públicas, permitindo a adoção de uma política monetária restritiva, 
reduzindo a inflação;
• Segunda fase: buscou realizar empreendimentos e obras públicas na área de 
infraestrutura.
Durante a primeira fase, as despesas do setor público em 1951 foram efetiva-
mente reduzidas. Essa orientação fiscal foi mantida em 1952, quando o superávit 
no orçamento da União foi praticamente igual ao do ano anterior. 
10
11
Durante a segunda fase, foram criadas duas empresas estatais, - o Banco 
Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e a Petróleo Brasileiro S.A. 
(PETROBRAS), a quem coube o monopólio da extração do petróleo, cabendo às 
companhias estrangeiras o mercado distribuidor de combustíveis.
Sobre a história da Petrobras, ver: DIAS, José Luciano de Mattos; QUAGLINO, Maria Ana; 
A questão do petróleo no Brasil: uma história da PETROBRAS. Rio de Janeiro: CPDOC: 
PETROBRAS, 1993. 211p. Disponível em: https://goo.gl/7q61vy. 
Ex
pl
or
O Retorno do Modelo Estatista
e o Desenvolvimentismo
A seguir, iniciam-se os anos JK, que mantiveram a orientaçãodemocrática e 
populista iniciada após o fim da Segunda Guerra, sob a influência do modelo de 
gestão e liderança política de Vargas (GIAMBIAGI, 2011).
Figura 3
Fonte: causaoperaria.org.br
Para promover a industrialização, JK estabeleceu o Programa de Metas que 
determinou pesados investimentos públicos e privados na indústria e nas atividades 
relacionadas à infraestrutura econômica.
O Plano ou Programa de Metas tinha 31 objetivos a serem alcançados em seu 
governo, priorizando os seguintes setores: energia, transportes, alimentação, in-
dústria de base e educação.
As fontes internas previstas para financiamento dos investimentos do Plano 
dividiam-se em:
• Orçamento corrente da União (inclusive fundos vinculados) - 39,7%; 
11
UNIDADE Economia Contemporânea Brasileira
• Orçamentos dos Estados (inclusive fundos especiais) - 10,4%; 
• Financiamentos de entidades públicas (BNDE, Banco do Brasil, etc.) - 14,5%;
• Recursos próprios de empresas privadas ou sociedades de economia mista, 35,4%.
O instrumento da política econômica de JK foi a política cambial, já vigente - a 
Instrução 70 da SUMOC, de outubro de 1953. Essa norma eliminou o controle 
de licenças de importação até então em vigor, substituindo-o por um sistema de 
leilão de divisas. Com isso, introduziu-se um componente mais concorrencial numa 
política até então discricionária. O sistema de taxas de câmbio múltiplas inaugurado 
com a Instrução 70 vigorou até março de 1961.
Foi também estabelecida a Instrução 113 da SUMOC, em janeiro de 1955, 
autorizando a importação de bens de capital “sem cobertura cambial”, e sem o 
emprego de divisas. Na prática, a Instrução foi um fator de atração do capital es-
trangeiro, que se entronizou na automobilística, cigarro, eletricidade, farmacêutica 
e mecânica.
Além das medidas supracitadas, o Programa de Metas criou os seguintes órgãos:
• O Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA);
• O Conselho Nacional de Energia Nuclear; criação do Grupo Executivo da In-
dústria de Construção Naval (Geicon);
• O Ministério das Minas e Energia, instalado apenas no governo seguinte;
• A Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE).
Entre 1956 e 1960, as principais metas de ampliação da produção e da in-
fraestrutura econômica, reunidas no Programa de Metas, foram atingidas, assim 
como a construção de Brasília, que foi propulsora da interiorização da ocupação 
econômica e demográfica do Brasil. Nesse sentido, a política de desenvolvimento 
econômico de JK foi exitosa, apesar de gerar um intenso processo inflacionário.
Período Militar (1964-1985): Entre o 
Estatismo e a Orientação Liberal
As gestões econômicas de Jânio Quadros e João Goulart foram marcadas pelos 
desequilíbrios inerentes aos processos de take off econômico acelerados que inter-
feriram negativamente num quadro político já bastante instável, e que culminaria 
com o golpe civil-militar de 1964.
12
13
Figura 4
Fonte: senado.gov.br
Ao contrário destes governos, a estabilidade política do Período Militar foi man-
tida por um regime de exceção, instituído pelo Golpe Militar que depôs o então 
presidente João Goulart em 31 de março de 1964 (GIAMBIAGI, 2011).
A Constituição de 1967 centralizava o poder da União, mesmo trazendo em 
seu texto a questão do federalismo. Impôs a presença de um Estado Militarizado, 
mais unitário e centralizado do que federativo, sob a influência de uma corrente 
doutrinária norte-americana, com o intuito de favorecer o crescimento do Estado - 
a Doutrina da Segurança Nacional - baseada nos princípios da Geopolítica.
Quais os impactos da Constituição de 67 na atividade econômica?
Na verdade, a Constituição de 1967, alterada pela Emenda 1 de 1969, mantém 
as mesmas diretrizes da Constituição de 1946. A Ordem Econômica e Social foi 
abordada em um capítulo próprio, nos artigos de 157 a 166 e 181. Visou distinguir 
a finalidade da ordem econômica (realizar a justiça social) e os princípios (liberdade 
de iniciativa, valorização do trabalho como condição da dignidade humana, função 
social da propriedade, harmonia e solidariedade entre os fatores de produção, de-
senvolvimento econômico, repressão ao abuso do poder.
A ordem econômica com a finalidade de realizar a justiça social já existia em 
constituições anteriores. Já o princípio de desenvolvimento econômico foi uma 
inovação, com a interface para o crescimento com qualidade, distribuído igualita-
riamente de modo a proporcionar melhoria do nível de vida e bem estar geral. Esta 
diretriz foi acentuada na Emenda Nº1 de 1969.
13
UNIDADE Economia Contemporânea Brasileira
Em termos práticos, a liberdade de iniciativa reafirmada pela Constituição de 
1967 consagrou preferencialmente as empresas privadas na organização e explo-
ração das atividades econômicas, deixando ao Estado apenas a suplementação à 
iniciativa privada.
Apesar disso, as empresas públicas, autarquias e sociedades de economia mista 
tinham que ser reguladas por normas aplicáveis às empresas privadas, inclusive 
quanto ao direito do trabalho e das obrigações e igualmente submetidas ao mesmo 
regime tributário. Ou seja, a intenção era que, quando o Estado atuasse na ativida-
de econômica, ficasse submetido às mesmas regras da iniciativa privada.
No entanto, a intervenção e o monopólio são consentidos no art. 157, § 8º, a 
exemplo das Constituições anteriores, por motivo de segurança nacional, o que é 
admitido, a exemplo das Constituições anteriores.
Em relação ao Direito do Trabalho, pode-se dizer que vários direitos previstos 
na Constituição de 1946 permaneceram, tais como salário mínimo, e a duração 
diária do trabalho não excedente de oito horas, dentre outros. Mas se reduziu a 
idade para o trabalho, de 14 anos, que constava na Constituição de 1946, para 12 
anos, mantendo-se a proibição de trabalho noturno para menores de 18 anos e de 
trabalho insalubre para menores de 18 anos e às mulheres; Além disso, consagrou-
-se constitucionalmente o salário-família, que havia sido introduzido pela Lei 4263 
de 03 de outubro de 1963.
Quanto às concessões, o regime das empresas concessionárias de serviços públi-
cos federais, estaduais e municipais voltou a figurar na Constituição, com equação 
de tarifas e remuneração de capital. Mas se estabeleceu a obrigação de manter 
serviço adequado e a fiscalização permanente e revisão periódica das tarifas, ainda 
que estipuladas em contrato anterior.
O resultado da Constituição de 1967 na atividade econômica foi indireto, ao 
longo do período militar.
No que tange ao desempenho da economia, a primeira metade do Período 
Militar, de 1964 a 1973 caracterizou-se pela busca de estabilização econômica e 
política e intenso crescimento econômico, englobando duas fases distintas: 1964 
a 1967 e 1968 a 1973.
Na sua primeira fase, de 1964 a 1967, houve um ajuste conjuntural e estru-
tural da economia para conter o processo inflacionário, o desequilíbrio externo e 
a estagnação econômica. Neste contexto, a economia brasileira apresentou um 
comportamento do tipo stop and go, embora o crescimento médio do PIB tenha 
sido razoável (4,2% ao ano). Outro aspecto importante foi a realização de reformas 
estruturais, tais como as reformas tributária e financeira.
Para tal, foi estabelecido o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG). As suas 
metas para a inflação indicavam uma estratégia do tipo gradualista. O Plano não visou 
a suprimir o processo inflacionário em curto lapso de tempo, mas o diminuiu ao lon-
go de três anos, admitindo ainda uma inflação de dois dígitos (10%) no terceiro ano. 
14
15
Esse diagnóstico determinou algumas medidas corretivas, tais como um programa de 
ajuste fiscal, com base em metas de aumento da receita (via aumento da arrecadação 
tributária e de tarifas públicas) e de contenção (ou corte, em 1964) de despesas go-
vernamentais e um mecanismo de correção salarial (GIAMBIAGI, 2011).
Por sua vez, buscou-se realizar as chamadas reformas estruturais, que tiveram 
por foco a estrutura tributária ea financeira.
A Reforma Tributária visava aumentar a arrecadação do governo através do 
aumento da carga tributária da economia e da racionalização do sistema tributário. 
Para tal, implementou medidas tais como a instituição da arrecadação de impostos 
através da rede bancária, e a criação do ISS (Imposto Sobre Serviços), a ser arre-
cadado pelos municípios.
Por sua vez, a Reforma Financeira pretendeu complementar o Sistema Finan-
ceiro Brasileiro (SFB), criando o Banco Central do Brasil (Bacen), como executor 
da política monetária e o Conselho Monetário Nacional (CMN), com funções nor-
mativas e reguladoras do SFB.
Na segunda fase, de 1968 a 1973, o crescimento econômico que ocorreu du-
rante o período de 1968-73 retomou e complementou o processo de difusão da 
produção e consumo de bens duráveis, iniciado com o Plano de Metas de JK.
Neste período, a política econômica foi 
marcada pelo Plano Estratégico de Desenvol-
vimento (PED), lançado em meados de 1968, 
cujas prioridades eram a estabilização gradual 
dos preços, mas sem a fixação de metas explí-
citas de inflação, o fortalecimento da empresa 
privada, visando à retomada dos investimen-
tos, dentre outras.
Em 1968, propulsionada pelo PED, a econo-
mia brasileira iniciou uma fase de intenso cresci-
mento que se estendeu e se acelerou até 1973 
- o “Milagre Brasileiro”.
Figura 5
Fonte: Universidade de São Paulo
Quais os aspectos positivos e negativos do ‘’Milagre brasileiro’’?
Ex
pl
or
A seguir, o Choque dos preços do petróleo entre 1973-74 deu início a uma 
longa fase de dificuldades para a economia brasileira, pois estabeleceu restrições 
externas de bens de capital e de insumos industriais, além de subir os preços dos 
combustíveis.
15
UNIDADE Economia Contemporânea Brasileira
Em resposta, o modelo de ajuste estrutural implementado no governo Geisel 
(1974-78) teve como objetivo fomentar a produção nacional de bens cruciais ao 
crescimento econômico.
O ajuste externo adotado no governo Geisel foi do tipo estrutural, materializado 
no II PND, em meados de 1974. Tratava-se de um ousado plano de investimentos 
públicos e privados (incentivados por políticas específicas), a serem implementados 
ao longo do período de 1974-79 para promover o desenvolvimento econômico.
Os novos investimentos eram dirigidos aos setores estratégicos para o cresci-
mento da economia brasileira: infraestrutura, bens de produção (capital e insumos), 
energia e exportação.
Diante do alto custo e do longo prazo de maturação dos investimentos, e da 
virtual inexistência de mecanismos privados de financiamento de longo prazo no 
Brasil, a viabilização do II PND dependeu de fontes de financiamento público e 
externo. O primeiro apoiou-se no BNDE, a quem coube o financiamento dos in-
vestimentos privados, com base em linhas especiais de crédito a juros subsidiados. 
Além disso, os investimentos públicos foram financiados por recursos do orçamen-
to (impostos) e por empréstimos externos captados pelas empresas estatais, em 
melhores condições de obtenção de crédito do que as empresas privadas.
Ao longo de 1979, ocorreu um segundo choque do petróleo, que gerou a retra-
ção das importações dos produtos nacionais por parte dos países industrializados e 
o racionamento maior de crédito para os países em desenvolvimento. 
O resultado desse novo cenário internacional foi o racionamento do crédito para 
os países altamente endividados - a maior parte da América Latina - e a deflagração 
da “crise da dívida” latino-americana. 
Para enfrentar a crise, os mecanismos de controle monetário existentes foram 
intensificados, o que gerou taxas negativas de crescimento do M1 e do crédito no 
biênio 1979-80. O legado negativo desta política econômica de ajuste foi per-
manente, pois a tendência à aceleração inflacionária se manteve até meados da 
década de 1990. 
A Nova República (1985): Fracassos 
Sucessivos de Planos Econômicos
Após 20 anos de Regime Militar, surgiu o movimento por eleições “Diretas 
Já” pelo direito de eleger o presidente da República, de restabelecer as liberdades 
civis e políticas, que se associou à intenção de controlar a inflação e promover o 
crescimento econômico, sem gerar uma maior redistribuição da renda. 
Diante da ineficácia das medidas fiscais e monetárias implementadas na primeira 
metade dos anos 1980, fortaleceu-se a tese de que o princípio da correção 
monetária, introduzido no PAEG, tornara-se ineficaz no combate à inflação.
16
17
O Plano Cruzado foi adotado no governo Sarney em agosto de 1985, 
estabelecendo uma Reforma Monetária e um congelamento, determinando o 
cruzado como o novo padrão monetário nacional, à paridade de Cr$1.000 = 
Cz$1. Esta mudança tinha dois objetivos: 
1. criar a imagem de uma nova moeda forte; 
2. permitir a intervenção nos contratos, já que fi cava estabelecida uma nova 
unidade monetária. 
Além disso, o Plano Cruzado determinou medidas de desindexação da Econo-
mia, tais como as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs (criadas 
em 1964, no Paeg), o Índice de Preços e Cadernetas de Poupança e uma Política 
Salarial, o “gatilho salarial”, dentre outras.
A seguir, foi estabelecido o Plano Bresser, com o objetivo de promover um 
choque deflacionário na economia. A inflação foi diagnosticada como inercial e 
de demanda e, em consequência, o plano foi concebido como híbrido, contendo 
elementos heterodoxos e ortodoxos.
 Com base no diagnóstico ortodoxo, a política fiscal e monetária seria usada 
contra a inflação. Nesta perspectiva, os juros reais positivos serviriam para contrair 
o consumo e evitar a especulação com estoques. 
Assim sendo, pretendia-se reduzir o déficit público através de medidas ortodo-
xas, tais como o aumento de tarifas e eliminação do subsídio do trigo.
No entanto, uma sucessão de erros levou o Plano Cruzado ao fracasso e os dois 
planos que se seguiram tentaram em vão corrigir as sequelas. 
Na sequência, foi elaborada a Constituição de 1988, com diretrizes específicas 
para a ordem econômica. A Constituição de 1988 estendeu o tratamento da or-
dem econômica juntando-a a ordem financeira. Indicou fundamentos e princípios 
gerais que deviam permear a ordem econômica e financeira sem, contudo, deixar 
de se remeter ao legislador ordinário à complementação da norma constitucional.
Figura 6
Fonte: camara.gov.br
17
UNIDADE Economia Contemporânea Brasileira
A Constituição de 1988 declarou que os fundamentos da atividade econômica 
são a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa, o que, idealmente, signifi-
ca colocar o homem como centro mesmo do sistema de produção. Por outro lado, 
a livre iniciativa equivale ao direito que todos têm de desenvolver atividade de bens 
e serviços por sua conta e risco.
Figura 7
Fonte: cnts.org.br
Convém ressaltar que nove princípios informam a concepção constitucional da 
ordem econômica: soberania nacional, propriedade privada, livre concorrência; 
redução das desigualdades regionais, busca do pleno emprego, tratamento favo-
recido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte; função 
social da propriedade, defesa do consumidor e defesa do meio ambiente.
Em relação ao papel do capital estrangeiro, o Constituinte compreendeu a so-
berania como fundamento da ordem econômica, postulando uma espécie de na-
cionalismo econômico, priorizando o capital privado brasileiro.
A extensão da compreensão do princípio alterou-se entre 1988 e 1995, quan-
do se reafirmou a conveniência de estabelecer um tratamento mais amigável ao 
capital estrangeiro, o que coincidiu, posteriormente, com a privatização de seto-
res como telefonia, siderurgia e outros, em que acorreram capitais estrangeiros 
e também nacionais.
Neste contexto, o governo de Fernando Collor de Mello buscou romper com o 
modelo brasileiro de crescimento com elevada participação do Estado e proteção 
tarifária, desenvolvimentista, estabelecido a partir de Vargas, uma tendência que 
foi aprofundada no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-98).Para tal, Collor intensificou as chamadas “reformas estruturais”, que incluíam 
políticas de intensificação da abertura econômica e de privatização, tais como o 
Plano Nacional de Desestatização, que tinha como objetivos contribuir para o rede-
senho do parque industrial e reduzir a dívida pública (via aceitação de títulos como 
moeda de privatização).
No dia 15 de março de 1990, o Plano Collor I foi lançado, estabelecendo o cru-
zeiro como padrão monetário, um novo congelamento de preços de bens e serviços 
e o sequestro de liquidez.
18
19
O Plano Collor I recebeu críticas, apesar de ter conseguido baixar a inflação de 
80% ao mês para 10% nos meses seguintes. Mas a inflação aumentou novamente 
e o bloqueio dos recursos foi considerado uma inadmissível intervenção estatal, que 
gerou a perda de confiança dos poupadores no sistema financeiro nacional, com 
graves consequências para o País.
Para resolver estes problemas, foi lançado o Plano Collor II, cujo objetivo era 
conter as taxas de inflação, na época em torno de 20% ao mês, estabelecendo 
medidas tais como a racionalização dos gastos nas administrações públicas, deter-
minando o corte das despesas.
No contexto de uma grave crise econômica, após uma série de escândalos, 
revelação de esquemas de corrupção e de dois planos econômicos malsucedidos, 
Fernando Collor de Mello foi destituído do poder, no final de 1992, assumindo o 
seu vice, Itamar Franco.
Figura 8
Fonte: une.org.br
Na sequência, o Plano Real, implementado no governo interino de Itamar Fran-
co, centrou-se no controle das contas públicas, utilizando mecanismos de desin-
dexação, como a URV, logrando controlar o processo inflacionário e minorar o 
déficit público.
FHC e o Plano Real
A eleição de FHC foi amplamente favorecida pelo sucesso do Plano Real em 
debelar um processo inflacionário que durava várias décadas.
A Era FHC: Êxito Relativo dos Planos Econômicos
Na sequência, durante o Governo de FHC, foram obtidos resultados tais como a 
estabilização, as reformas estruturais, que deram continuidade, de uma forma mais 
19
UNIDADE Economia Contemporânea Brasileira
profunda, a tendências de racionalização do Estado brasileiro iniciadas ainda no 
governo Collor, o que incluiu medidas de privatização, fim dos monopólios estatais 
nos setores de petróleo e telecomunicações, dentre outras.
O segundo governo de FHC, de 1999 a 
2002, manteve as linhas mestras do Plano 
Real, realizando ainda uma negociação com 
o Fundo Monetário Internacional (FMI), que 
lhe permitiu enfrentar um quadro externo 
extremamente adverso, caracterizado pelo 
esgotamento da disposição do resto do 
mundo em continuar a financiar déficits em 
conta corrente da ordem de US$30 bilhões. 
De um lado, o crescimento permaneceu 
baixo e o País continuou a suportar taxas 
de juros reais elevadas; de outro, houve me-
lhora sistemática da balança comercial e do 
resultado em conta corrente e o País fez um 
ajuste fiscal difícil que muitos previram que 
não seria bem-sucedido. 
Figura 9
Fonte: Wikimedia Commons
Os Anos Lula
A posse de Luís Inácio Lula em 2003 marcou a ascensão da esquerda ao poder, 
através do Partido dos Trabalhadores (PT), o que exigiu o enfrentamento das tare-
fas concretas da governança na área econômica. 
Neste contexto, observadores internacionais temiam a decretação de algum tipo 
de moratória em 2003, para evitar a utilização de medidas impopulares.
Ao contrário do que se esperava, defendeu-se um novo ajuste fiscal e o aumento 
da taxa de juros - medidas impensáveis para o PT antes de 2002 - que constituí-
am uma demonstração de afinação com o mercado financeiro, de cujo resultado 
dependia o êxito da nova administração. A seguir, até abril de 2003, seis meses 
depois das eleições, o governo estabeleceu medidas econômicas, tais como a ele-
vação da taxa de juros básica (Selic) nas reuniões do Comitê de Política Monetária 
(COPOM), evidenciando que isso não era mais um “tabu” para o PT e os cortes do 
gasto público, para viabilizar o objetivo fiscal.
Em suma, ao longo de 2003, a ortodoxia fiscal e monetária abraçada pelo novo 
governo gerou resultados positivos em termos de combate à inflação.
20
21
Outro elemento importante para justificar o apoio do mercado que sucedeu a 
atitude de desconfiança que precedeu a eleição de Lula foi o compromisso do novo 
governo com as chamadas “reformas estruturais”, que foi visto como uma dispo-
sição de gerar uma continuidade em relação às reformas, ainda incompletas, de 
1995-2002. Este compromisso se traduziu em duas ações políticas:
• O envio ao Congresso da proposta de reforma tributária;
• O encaminhamento, em paralelo com a reforma tributária, da proposta de 
reforma da Previdência Social.
Em síntese, o desempenho da economia brasileira a partir de 2003 foi positivo 
devido a vários fatores: 
• A situação favorável da economia internacional, marcada pela emergência da 
China e de outros países da Ásia, como a Índia, com seu potencial de consumo 
de commodities brasileiras;
• A continuidade do regime de metas de inflação e da taxa de câmbio e
da inflação.
Convém ressaltar ainda o fato de que o surgimento, na década de 2000, de 
perspectivas de grande aumento da produção off-shore nas novas áreas do pré-sal 
configurou-se como uma novidade com potencial para provocar efeitos significati-
vos sobre a economia brasileira.
No âmbito da política econômica dos anos Lula, convém ainda destacar a es-
truturação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2007 como 
parte de uma política econômica voltada para o crescimento econômico. O PAC 
englobava os orçamentos da União, dos estados e dos municípios e os recursos 
da iniciativa privada. Era composto de investimentos em infraestrutura e medidas 
institucionais. As obras de infraestrutura se subdividiam em vários eixos, dentre os 
quais Logística, Energia e Social.
Figura 10
21
UNIDADE Economia Contemporânea Brasileira
‘’O papel desempenhado pelo Estado brasileiro durante o governo Lula sugeriu modelos 
de atuação e propostas de desenvolvimento que ora o aproximam da perspectiva que se 
convencionou chamar de “neoliberalismo”, ora o afastam, se associando a modelos como 
o keynesianismo. Ou seja, apesar da forte predominância das finanças e da liberalização fi-
nanceira, observamos algumas evidências empíricas distintas da política neoliberal (apesar 
de pontos em comum), o que transformou o desenvolvimento econômico e social intro-
duzido durante o governo Lula em um fenômeno de grande interesse sociológico. Nosso 
argumento é que, apesar da aparente (e inquestionável) dominação das finanças, o Esta-
do coordenou os mercados durante o governo Lula, produzindo bens e serviços por meio 
de empresas estatais e parcerias com o capital privado, estabelecendo projetos com base 
nos recursos oriundos do mercado financeiro – especialmente dos fundos de pensão e do 
BNDES, via emissão de títulos públicos e por meio de investimentos diretos nas empresas –, 
assim como coordenou certa regulamentação, “domesticação” e/ou “moralização” do mer-
cado financeiro (Jardim, 2007).
Nesse contexto, apresentaremos aqui evidências empíricas de que o Estado exerceu violên-
cia simbólica nos mercados, o que significa concretamente, que o Estado “deu as regras do 
jogo”. Para Boschi e Gaitán (2008), no governo Lula houve um novo tipo de intervencionismo 
estatal, que adquiriu particularidade em relação ao do passado, já que neste haveria mais 
uma modalidade híbrida de coordenação econômica ou de recriação de existentes, do que 
um retorno do Estado produtivo propriamente dito. Bresser-Pereira (2004, 2006) fala de um 
“neodesenvolvimentismo”, que difere do “nacional-desenvolvimentismo” que vigorou na 
década de 1970 e do neoliberalismo, a partir dos anos 1990. O papel do Estado no governo 
Lula reafirmaria a importância da dimensão política do Estado-Nação para o novo desen-
volvimentismo, ao mesmo tempo que delinearia a América Latina como área geopolítica 
de sua aplicação, seguindo areferência tradicional do pensamento estruturalista cepalino. 
Já autores como Boito (2003, 2012) e Antunes (2004) defendem que no governo Lula pre-
dominou o modelo neoliberal de desenvolvimento, tendo em vista que as relações entre 
Estado e finanças foram bem íntimas, com clara submissão do Estado ao jugo das finanças. 
Nessa mesma linha, outros observadores entendem que o governo ambicionou praticar algo 
que poderia ser denominado como social-liberalismo, o que significaria a manutenção do 
modelo capitalista neoliberal, combinado com um pouco mais de crescimento econômico 
e de políticas sociais compensatórias. Como podemos ver, as abordagens e interpretações 
sobre o desenvolvimento aplicado durante o governo Lula não são nada consensuais.’’ 
(MARQUES; MENDES, 2006, p. 55).
Ex
pl
or
Fonte: JARDIM, Maria Chaves; SILVA, Márcio Rogério. Programa de aceleração do crescimento (PAC) 
[recurso eletrônico]: neodesenvolvimentismo? - 1. ed. - São Paulo: Ed. da UNESP, 2015, p. 55
A seguir, houve uma nítida mudança de orientação da política econômica após 
a troca do Ministro da Fazenda ocorrida no final do primeiro Governo Lula, com a 
saída de Antônio Palocci e a sua substituição por Guido Mantega, antigo assessor 
de Lula por vários anos, ex-ministro do Planejamento e Presidente do BNDES.
Foram, então, estabelecidas medidas tais como o afrouxamento dos superávits 
primários e o arrefecimento do esforço de cumprimento da “meta fiscal”;
• O Ministério da Fazenda passou a divergir em várias ocasiões do Banco Cen-
tral quanto à condução da política monetária;
22
23
• Foram abandonados os estudos da área econômica realizados desde 2005, 
destinados a elaborar um plano de longo prazo, visando à maior contenção do 
crescimento da despesa, para atacar de modo mais vigoroso o desequilíbrio fiscal;
• A retórica ministerial deixou de enfatizar os aspectos de continuidade ligados 
à manutenção das políticas herdadas do Governo FHC; 
• Houve um incremento considerável do papel do BNDES na economia nacional.
A seguir, a partir de 2009, a economia brasileira sofreu ainda o impacto da 
maior crise da economia mundial desde 1929, deixando de crescer, que embora 
não tenham sido tão negativos, afetou a economia nacional.
Em síntese, pode-se dizer em relação aos anos Lula que o fim do ciclo das com-
modities representou o ponto de inflexão de uma política econômica pautada pelo 
apoio significativo do BNDES, políticas sociais de caráter assistencial e arrefeci-
mento do cumprimento da meta fiscal.
Glossário
 » Capitalismo - sistema econômico baseado na legitimidade da propriedade 
privada e na liberdade de comércio e indústria, com o principal objetivo de 
adquirir lucro. As empresas privadas ou indivíduos contratam mão de obra 
em troca de salário.
 » Déficit – É o que falta para completar determinada quantidade de numerário 
ou para inteirar uma conta. Ou seja, consiste na diferença entre o que foi 
previsto para atender a certa demanda e o que existe na realidade.
 » Desenvolvimentismo - Nome conferido à estratégia política de desenvol-
vimento adotada durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), 
que visava acelerar o processo de industrialização e superar a condição de 
subdesenvolvimento do país. O desenvolvimentismo como modelo econômi-
co considerava que o crescimento dependia diretamente da quantidade dos 
investimentos e da produtividade marginal do capital. No sentido mais am-
plo, o desenvolvimentismo como ideologia de desenvolvimento autônomo 
no âmbito do sistema capitalista valorizava a riqueza e a grandeza nacional, 
a igualdade social, a ordem e a segurança.
 » Desindexação - Anulação do reajuste estabelecido pelas variações, índices 
do mercado financeiro ou daqueles regulamentados pelo Estado. Exemplo: a 
desindexação do salário mínimo com base na inflação.
 » 7. Liberalismo - doutrina filosófica, baseada na defesa da liberdade individu-
al, nos campos econômico, político, religioso e intelectual, contrapondo-se 
às interferências e ações de repressão do poder estatal.
 » 8. Moratória - Dilatação do prazo de quitação de uma dívida, concedida 
pelo credor ao devedor para que este possa cumprir a obrigação além do dia 
do vencimento.
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UNIDADE Economia Contemporânea Brasileira
 » Nacionalismo – Consiste no sentimento de pertencer a um grupo por vín-
culos raciais, linguísticos e históricos, associado à reivindicação do direito de 
formar uma nação autônoma. É uma concepção ideológica que surgiu após 
a Revolução Francesa (1789).
 » Populismo – no contexto da tradição política brasileira, o termo populismo 
se relaciona com outros conceitos, como trabalhismo, getulismo, queremis-
mo, sindicalismo ou peleguismo, autoritarismo, fascismo ou totalitarismo, 
nacionalismo e estatismo. Esse conjunto de conceitos é abordado em suas 
doutrinas e em suas práticas, sugerindo noções tais como mistificação, ma-
nipulação das massas e demagogia.
 » Federalismo - Sistema de governo federativo, no qual vários estados se 
agregam para formar uma nação, mas cada um conservando sua autonomia, 
do ponto de vista político e/ou econômico.
 » Soberania - Consiste no exercício de poder social por meio do qual as 
normas e decisões elaboradas pelo Estado prevalecem sobre as normas 
e decisões emanadas de grupos sociais intermediários, tais como família, 
escola, empresa e religião. Nesse sentido, no âmbito interno, a soberania 
estatal traduz a superioridade de suas diretrizes na organização da vida co-
munitária. No âmbito externo, a soberania traduz, por sua vez, a ideia de 
igualdade dos Estados perante a comunidade de nações, vinculada à sua 
postulação de autonomia.
 » Superávit – Refere-se ao valor médio que resta de uma receita - dinheiro 
arrecadado - após a dedução dos gastos.
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25
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Brasil: de Getúlio a Castelo
Para ter uma compreensão sintética, mas abrangente da história política e econômica 
do Brasil no século XX, ler: Skidmore, Thomas. Brasil: de Getúlio a Castelo. São 
Paulo: Saga, n/d.
Evolução da Ordem Econômica no Contexto Político-Econômico das Constituições Brasileiras
Para uma análise aprofundada sobre o tratamento conferido à Ordem Econômica pelas 
constituições brasileiras, consultar: BATISTI, Nelia Edna Miranda. Evolução da ordem 
econômica no contexto político-econômico das constituições brasileiras. Dissertação. 
Universidade Estadual de Londrina. CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS 
MESTRADO EM DIREITO NEGOCIAL. 2017.
 Vídeos
1985 - 30 anos de democracia: Governo Sarney - Parte 1
Sobre o panorama político e econômico do início da Nova República, ver: 1985 - 30 
anos de democracia: Governo Sarney - Parte 1.
https://youtu.be/5eluLath8Ok
 Filmes
Brasília: A Construção de Um Sonho
Sobre a política econômica de JK, assistir o seguinte documentário sobre a construção 
de Brasília: ‘’Brasília: A Construção de Um Sonho. (Dublado) Documentário Completo.
https://youtu.be/qWNx_PFttRo
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UNIDADE Economia Contemporânea Brasileira
Referências
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Desenvolvimento e Crise no Brasil: história, 
economia e política de Getúlio Vargas a Lula. 5ª ed. São Paulo: Editora 34, 2003.
FURTADO, Milton Braga. Síntese da economia brasileira. 7. ed. Rio de Janeiro: 
Livros Técnicos e Científicos, 2012.
GIAMBIAGI, Fabio; CASTRO, Lavínia Barros De; HERMANN, Jennifer. Economia 
brasileira contemporânea: 1945-2010. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
GREMAUD, Amaury Patrick; TONETO JUNIOR, Rudinei; VASCONCELLOS, 
Marco Antônio Sandoval. Economia Brasileira Contemporânea. 7. ed. São 
Paulo: Atlas, 2012.
SOUZA, Jobson Monteiro de. Economia Brasileira. São Paulo: Person, 2009. 
(Biblioteca Virtual Universitária)
SOUZA, Nilson Araújo de. Economia brasileira contemporânea: de Getúlio a 
Lula. 2. ed., ampl. São Paulo: Atlas, 2008.
26
Economia e 
Direito Econômico
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Júlio Cesar Gomes
RevisãoTextual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Microeconomia
• Conceito de Economia;
• Divisão do Estudo da Economia;
• Introdução aos Problemas Econômicos;
• População;
• Necessidade de Escolha;
• Custo de Oportunidade;
• Curva de Possibilidade de Produção (CPP);
• Problemas Econômicos Fundamentais e Sistema Econômico;
• Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado;
• Teoria da Oferta;
• Determinação do Equilíbrio de Mercado. 
• Introdução aos princípios básicos da Economia: o problema econômico, objeto de 
estudo da Economia, divisão do estudo econômico, problemas econômicos funda-
mentais, a necessidade de escolha, fronteira de possibilidade de produção, custos de 
oportunidade e formação dos Sistemas Econômicos. Análise da Teoria da demanda, 
Teoria da Oferta, Teoria do Equilíbrio Geral do Mercado. Estudo das Estruturas de 
Mercado e Efi ciência Econômica: Concorrência Perfeita, Monopólio, Oligopólio e 
Concorrência Monopolística. 
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Microeconomia
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Microeconomia
Contextualização
Determinar o preço justo de um bem ou serviços não é uma tarefa fácil, porque 
isto vai impactar diretamente sua demanda (procura). 
A Revolução Industrial provocou modificação radical nos Processos de Produ-
ção, o que possibilitou o surgimento de novos bens. O grande desafio que se apre-
sentava à época e que persiste até hoje era determinar o preço justo desses novos 
bens, tendo em vista que não havia comparativo no Mercado. 
Vários pensadores desenvolveram Teorias para determinar qual seria esse pre-
ço. Dessa forma, serão estudadas as Teorias de Adam Smith e de David Ricardo, 
desenvolvidas no Século XVIII, mas que, ainda hoje, refletem perfeitamente o com-
portamento do consumidor e do produtor em relação aos níveis de preços.
8
9
Conceito de Economia
O termo Economia está atrelado à palavra oikonomia (do grego oikos = casa, 
nomos = lei). Era, em seu início, considerada uma Ciência que administrava a co-
munidade doméstica. 
Alguns autores creditam o surgimento do termo a Xenofontes (430-355 a.C.) 
e a Aristóteles (384-322 a.C.); porém, seu primeiro registro formal foi encon-
trado na obra do teólogo clássico São Tomás de Aquino (1225-1274), que 
chamava de economos as pessoas que administravam os bens, as rendas e as 
despesas domésticas. 
Com o avanço e progresso da Sociedade, a Economia se expandiu e rompeu os 
muros da administração doméstica.
De acordo com Adam Smith, Economia pode ser definida como o estudo do 
processo produtivo, da distribuição, da circulação e do consumo dos bens e serviços.
Atualmente, Economia pode ser conceituada como a Ciência que estuda a me-
lhor alocação dos recursos disponíveis, dado que os recursos são escassos (esgotá-
veis) e nossas necessidades ilimitadas (inesgotáveis).
Se de um lado existem recursos disponíveis escassos e de outro os consumi-
dores, cada vez mais ávidos para consumir, a Economia busca alternativas para 
a distribuição equilibrada dos recursos escassos entre os membros da Sociedade. 
Pode-se dizer, assim, que a Economia estuda a escassez dos recursos.
A Economia, de maneira geral, estuda a maneira como se administra a escassez 
dos recursos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para consu-
mo, entre os membros da Sociedade. 
Dessa forma, a Economia se preocupa em atender ou satisfazer as necessida-
des por intermédio de bens econômicos, isto é, por elementos produzidos pelas 
Empresas que podem ser apropriados pela Sociedade e que são escassos por sua 
natureza, como, por exemplo, os derivados de petróleo.
Divisão do Estudo da Economia
Para Vasconcelos (2012), o campo de conhecimento da Economia é único, mas 
como o estudo pode variar de acordo com o interesse e o método de abordagem, 
pode-se dividi-la em duas grandes Áreas do Conhecimento:
• Microeconomia: analisa o comportamento dos produtores e dos consumi-
dores no Mercado em que atuam. Ocupa-se, também, da formação do preço 
e da quantidade de equilíbrio necessária para tornar o Mercado harmonioso 
para os agentes (produtores e consumidores) atuarem. Esse Mercado é bastan-
te conflituoso, porque enquanto o consumidor deseja comprar determinado 
9
UNIDADE Microeconomia
bem ou serviço por um preço baixo, os produtores procuram vender esse 
mesmo bem ou serviço pelo maior preço possível;
• Macroeconomia: analisa o comportamento dos grandes agregados econô-
micos, tais como, PIB, nível de investimento, Inflação, desemprego, desen-
volvimento econômico e fluxo de capitais internacionais, com o objetivo de 
formular Políticas Econômicas de curto e de longo prazos necessárias para o 
bom desempenho da Economia.
Introdução aos Problemas Econômicos 
O maior problema e objeto de estudo da Economia é a escassez dos recursos 
disponíveis, ou seja, a falta de elementos para a produção de bens que podem ser 
apropriados pela Sociedade e dessa maneira satisfazer suas necessidades. 
As necessidades humanas são ilimitadas e se alteram ao longo do tempo. Nos 
primórdios da Humanidade, a necessidade era apenas se alimentar para garantir a 
sobrevivência; hoje, são necessários produtos altamente elaborados para a satisfa-
ção do homem, como, por exemplo, celular, carro, televisão etc. 
Assim, é necessário o Emprego de recursos produtivos para a produção dos 
bens e serviços, com o uso de alta Tecnologia. Os recursos produtivos são os ele-
mentos básicos de produção e são conhecidos como fatores de produção. 
Eles são três:
• Terra: diz respeito à área cultivável, em que são desenvolvidas as atividades 
agrícolas e ao espaço urbano, nos quais são construídas as edificações. Com-
preende, também, os locais nos quais são feitas as atividades de Extrativismo 
e de Pecuária, bem como todos os recursos naturais que estão à disposição 
da Sociedade. Isso significa que o fator terra é visto de forma ampla e não se 
restringe ao espaço físico do solo;
• Capital: também é visto de maneira ampla e compreende o montante finan-
ceiro; inclui as edificações, as firmas, os equipamentos, o maquinário, a tecno-
logia disponível e tudo que é utilizado no processo de produção de bens finais, 
que já estão prontos para o consumo, e de bensintermediários, aqueles que 
ainda serão utilizados no Processo de Produção de outros bens. Por exemplo, 
carro é um bem final, ou seja, pronto para o consumo; o volante é um bem 
intermediário – ainda será utilizado no processo de produção do carro;
• Trabalho: refere-se à capacidade humana de intervir no processo produtivo. 
É o fator básico de produção, sem o qual não existe processo produtivo, isto 
é, sem a intervenção humana, não existe atividade produtiva.
A Teoria Econômica considera que uma parcela da população desenvolve ativi-
dade produtiva e outra parcela não. Essas duas parcelas são podem ser classificadas 
como: população ativa e população inativa.
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População
População ativa
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
A população ativa intervém no processo produtivo. É formada pelos emprega-
dos e pelos desempregados, sendo considerados empregados os indivíduos que 
tem condições de idade física e mental para trabalhar e estão atuando no Mercado 
de Trabalho, ainda que estejam afastados por doença, incluindo-se, também, os 
indivíduos que executam serviços periódicos. 
Os desempregados reúnem as mesmas condições dos empregados; porém, es-
tão fora do Mercado de Trabalho, mas possuem potencial e buscam Emprego. 
Ressalte-se que a pessoa que não está em busca de Emprego não pode ser consi-
derada desempregada.
População inativa
População inativa é a parcela da população que somente consome. Por exem-
plo, aposentados, estudantes, incapacitados para trabalhar, donas de casa, pessoas 
que não trabalham e não procuram Emprego.
A parcela da população que somente consome. Por exemplo, aposentados, es-
tudantes, incapacitados para trabalhar, donas de casa, pessoas que não trabalham 
e não procuram Emprego.
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UNIDADE Microeconomia
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
A pessoa que está empregada recebe uma remuneração oriunda da cessão de 
seus serviços para a Empresa; porém, essa remuneração não é suficiente para ad-
quirir todos os bens desejados e que satisfaçam sua necessidade. 
Por essa razão, a todo momento, estamos fazendo escolhas. Esse problema não 
é enfrentado apenas pelas famílias, mas também pelas Empresas e pelo Governo, 
porque todos têm uma restrição orçamentária, isto é, um limite para os seus gastos.
Necessidade de Escolha 
Como a renda disponível não é suficiente para adquirir tudo o que se deseja, 
surge a necessidade natural de fazer escolhas. As famílias devem escolher, por 
exemplo, entre roupas ou alimentos; o Governo escolhe entre Escolas e Hospitais, 
e as Empresas, qual Tecnologia adotar. 
Quando se opta por algo, deve-se abandonar outras possibilidades; não existem 
Recursos Naturais, Capital e Trabalho suficientes para produzir tudo aquilo que se 
deseja para satisfazer a necessidade humana.
Se não há recursos suficientes, qual deverá ser a escolha correta?
A resposta para essa pergunta não é fácil, mas no link a seguir, há um dilema que pode 
orientar com relação ao critério de à escolha ideal, que serve tanto para as famílias quanto 
para Empresas e Governo. Disponível em: https://goo.gl/zWDqJ
Ex
pl
or
Conforme visto no texto disponibilizado, a escolha passa muito pela necessidade 
de cada família, Empresa ou Governo. Ao se fazer a escolha, desencadeia-se um 
novo processo produtivo, que permite a satisfação das necessidades humanas.
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Custo de Oportunidade
O conceito de Custo de Oportu-
nidade também está associado à ne-
cessidade de escolha. Ao se optar por 
algo, deve-se, necessariamente, abrir 
mão de outras possibilidades. Em 
Economia, a opção que se despreza 
para produzir ou obter outra possibili-
dade se associa ao conceito de Custo 
de Oportunidade. Pode-se dizer, por-
tanto, que o Custo de Oportunidade 
de determinado produto ou serviço é 
a quantidade de outros produtos ou 
serviços a que foi necessário renun-
ciar para obter o escolhido.
Um exemplo de Custo de Oportu-
nidade pode ser quando uma pessoa 
tem uma casa na praia. Ela pode op-
tar por alugar e assim conseguir ren-
da adicional para ajudar nas despesas, 
ou mantê-la fechada, sendo que, na 
segunda opção, abre mão de ter essa 
renda adicional
Curva de Possibilidade de Produção (CPP)
O conceito de Curva ou Fronteira de Possibilidade de Produção também está 
atrelado à necessidade de escolha. 
A Curva de Possibilidade de Produção reflete as diversas opções de produção de 
produtos e serviços, com base nos fatores de produção disponíveis que são ofere-
cidas à Sociedade, e a necessidade de se escolher entre elas.
Uma Economia está situada sobre a Fronteira de Possibilidade de Produção 
quando todos os recursos produtivos (Capital, Terra e Trabalho) de que dispõe 
estão sendo plenamente utilizados para a produção de produtos ou serviços, de tal 
forma que aumentar a produção de um produto significa, necessariamente, reduzir 
a produção de outro bem.
Gráfi co curva de possibilidade de produção, siponível em: https://goo.gl/ZvXuF1
Ex
pl
or
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Microeconomia
O Gráfico revela que numa determinada Economia são produzidos alimentos e 
máquinas. Como os fatores de produção estão sendo utilizados em sua totalidade, 
ao aumentar a produção de alimentos, necessariamente, será necessário diminuir 
a produção de máquinas. 
O ponto A demonstra que estão sendo produzidas apenas máquinas; na medida 
em que aumentar a produção de alimentos, será diminuída a produção de máqui-
nas (pontos B, C, D), até chegar ao ponto E, produzindo só alimentos. 
O ponto Y representa que existe capacidade ociosa, ou seja, pode-se aumentar 
a produção de alimentos sem diminuir a produção de máquinas, porque ainda há 
fatores de produção em estoque. 
O ponto Z determina um ponto impossível de ser atingido em curto prazo.
Curto prazo, em Economia, é o espaço de tempo em que pelo menos um dos 
fatores de produção é fixo. No longo prazo, não existe fator de produção fixo; to-
dos eles são variáveis. Normalmente, longo prazo é uma questão de Planejamento. 
A Empresa atua no curto prazo, planeja em que posição quer estar nos próxi-
mos 10 anos, por exemplo, e faz investimentos para aumentar os fatores de pro-
dução disponíveis para atingir os objetivos fixados.
Como longo prazo é uma questão de planejamento, pode-se deslocar a Curva 
de Possibilidade de Produção nesse período de tempo via surgimento de inovações 
tecnológicas ou aquisição de um volume maior de fatores de produção e, dessa 
forma, alcançar o ponto Z. 
O crescimento econômico também é capaz de deslocar positivamente a Curva de 
Possibilidade de Produção; nesse caso, a curva se desloca como um todo, até o ponto Z.
Problemas Econômicos Fundamentais 
e Sistema Econômico
A atividade econômica se caracteriza na produção de grande variedade de pro-
dutos e serviços, todos com a finalidade de satisfazer as necessidades da Sociedade, 
mas como os recursos produtivos são escassos, a todo momento, são feitas escolhas. 
A necessidade de escolha e a busca por atingir a Fronteira de Possibilidade de 
Produção fazem surgir três novos problemas: O que produzir?, Como produzir? E 
Para quem produzir e em que quantidades?
O primeiro problema é puramente econômico; deve-se escolher quais bens pro-
duzir e em que quantidade. É necessário decidir entre Escolas e Hospitais, ou entre 
produzir mais bens de capital ou alimentos e roupas. O objetivo é optar por produ-
tos e serviços que satisfaçam completamente as necessidades e que as Fronteiras de 
Satisfação da Sociedade e de Possibilidade de Produção sejam alcançadas.
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O segundo problema, além de ser um problema econômico, envolve também a 
base tecnológica. Deve-se determinar quais os métodos, as técnicas e a Tecnologia 
que serão adotados no Processo Produtivo, bem como os recursos de produção 
utilizados, e a perfeita alocação dos recursos produtivos, com o intuito de obter efi-
ciência produtiva, plena utilização dos fatores de produção, maximizar a produção 
e alcançar a Fronteira de Possibilidade de Produção.
O últimoé um problema social: definir a quem será destinada a produção, isto 
é, qual parcela da Sociedade será beneficiada pelo Processo Produtivo e qual será 
o preço justo que deverá ser cobrado para que se tenha acesso a esses produtos. 
Deve-se obter eficiência distributiva e bem-estar da população.
Para responder a todas estas questões, a Sociedade se organiza em Sistemas 
Econômicos. 
Vasconcellos (2012) considera que o “sistema econômico é o conjunto de relações 
técnicas, básicas e institucionais que caracteriza a organização econômica”. É, por-
tanto, o conjunto de regras e Leis que harmonizam a ação dos agentes econômicos. 
As três principais formas de organização econômica são: 
• Economia Planejada Centralmente – O próprio Governo responde às questões 
fundamentais da Economia. Nesse Sistema, o Governo Central é proprietário 
dos fatores de produção e, por meio de uma Agência de Planejamento Central, 
faz um estudo sobre as principais necessidades e estabelece as prioridades. Todos 
os esforços produtivos são voltados para atender a essas prioridades e os lucros 
e prejuízos são distribuídos entre as pessoas da Sociedade. O encaminhamento, 
em paralelo à Reforma Tributária, da proposta de Reforma da Previdência Social;
• Economia de Mercado – Sistema de Concorrência Pura ou descentraliza-
do – prevalece o laissez-faire, o que Adam Smith (1983) classificou como a 
mão invisível, o próprio Mercado, sem a intervenção do Governo, respon-
de às questões fundamentais. Nesse sistema, segundo Vasconcellos (2012), 
o que produzir é estabelecido pelas necessidades das pessoas; as quantidades 
são fixadas pelo encontro das curvas de oferta e demanda; como produzir é 
determinado pela eficiência produtiva da Empresa, e para quem produzir é 
deliberado com base nos setores da Sociedade que serão beneficiados. Nesse 
sistema, os fatores de produção são de propriedade privada e os lucros e pre-
juízos correm por conta do empresário ou do investidor.
Adam Smith e o liberalismo econômico - Prof. Anderson, disponível em: 
https://youtu.be/vf3TL66y53YEx
pl
or
• Economia de Mercado – Sistema de Concorrência Mista – Nesse Sistema 
o Mercado e o Governo, em conjunto, respondem às questões econômicas 
fundamentais. As Empresas atuam no Mercado com a participação do Go-
verno, que pode atuar na Economia via impostos, incentivos fiscais e políticas 
15
UNIDADE Microeconomia
econômicas, entre outras medidas, com o intuito de promover a melhor alo-
cação dos recursos e melhor distribuição de rendas, porque o Mercado, isola-
damente, não consegue alcançar a perfeita alocação dos recursos, visto que 
vários Mercados não despertam interesse para a iniciativa privada, ou quando 
há impedimento legal de participação no Mercado e, nesses casos, causam 
distorções nos preços, que não chegam ao equilíbrio de Mercado.
Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado
A Teoria dos Preços é a Área da Microeconomia que estuda o comportamento 
do produtor e do consumidor no Mercado em que atuam. 
Vários fatores podem alterar tanto a oferta quanto a demanda, e com isso deslo-
car o equilíbrio de Mercado. Para facilitar a análise, usa-se a condição coeteris pa-
ribus, expressão latina que significa “todo o resto constante”. Dessa forma, quando 
analisarmos, por exemplo, a renda, estabelece-se que todos os outros fatores não 
sofrem alteração, para que uma variável não anule ou impacte a outra. 
Tanto a renda quanto a preferência podem alterar a demanda!
Ex
pl
or
Ao se analisar o produto “manteiga”, se há um aumento da renda, a demanda por manteiga 
aumentará, mas se a pessoa não gosta (preferência) de manteiga, nem mesmo o aumento 
da renda fará com que aumente a demanda por manteiga. Nesse caso, a variável preferência 
anula a variável renda. Assim, consideramos a expressão coeteris paribus para analisarmos 
isoladamente cada variável e para que uma não impacte a outra.
Veja o link: https://youtu.be/ihQ20dkPlxA
Ex
pl
or
Teoria da Demanda
Com o advento da Revolução Industrial, várias Teorias foram desenvolvidas para 
estabelecer qual deveria ser o preço justo para os produtos. Dentre as várias desenvolvi-
das, destacam-se a Teoria Subjetiva ou da Utilidade, de William Stanley Jevons (1835-
-1882), e a Teoria Objetiva ou do Valor Trabalho, de David Ricardo (1772-1823).
A Teoria Subjetiva sugere que o preço de um determinado bem ou serviço deve 
ser de acordo com a utilidade que o bem tem para as pessoas. Logo, deve ser esta-
belecido em relação ao sentimento de satisfação que o bem traz para o indivíduo. 
Dessa forma, sua determinação (do preço) está no campo da demanda.
O paradoxo da água e do diamante: O que vale mais, um copo d’água ou um diamante? Veja 
a resposta em: https://youtu.be/e7S8jWh6AEsEx
pl
or
16
17
A sustentação da Teoria da Demanda e de todas as suas variações é alicerçada 
pela Teoria da Utilidade. Demanda dirigida a determinado bem ou serviço pode ser 
conceituada como as várias quantidades que os consumidores estão propensos a 
adquirir em função dos diversos níveis de preços.
A reação dos consumidores em relação aos níveis de preços pode ser explicada 
por três fatores:
• Fator renda: se o preço representa um óbice ao consumidor, quanto menor 
for o preço em relação à renda desse consumidor, maiores quantidades pode-
rão ser adquiridas;
• Fator substituição: se o preço de um bem aumenta, o consumidor, em função 
do seu caráter racional, buscará um produto similar, com preço mais baixo;
• Fator subjetivo ou utilidade marginal: à medida que se adquire uma unidade 
adicional de determinado bem ou serviço, a percepção de satisfação vai dimi-
nuindo, até chegar à saciedade.
Demanda, então, representa um projeto em relação à renda disponível e ao 
preço do bem ou serviço.
A curva de demanda apresenta inclinação negativa em relação aos níveis de preço, 
porque à medida que o preço aumenta, desestimula o consumidor a buscar maiores 
quantidades do bem e do serviço, coeteris paribus. Por outro lado, se os preços re-
duzem, o consumidor está disposto a adquirir maiores quantidades, coeteris paribus.
P
Q10
R$ 1,00
R$ 2,00
R$ 3,00
15 20
Figura 4 – Curva de demanda por refrigerante
Note que ao preço de R$ 1,00, a quantidade de demanda de refrigerantes é 
de 20 litros; mas à medida que o preço aumenta, menores quantidades estão 
sendo procuradas.
Isso significa que para que ocorra variação da quantidade, deve-se necessaria-
mente variar o preço. Pode-se afirmar, assim, que a quantidade demandada vária 
exclusivamente em função dos níveis de preço.
Note, ainda, que todos os deslocamentos foram executados ao longo da Própria 
Curva de Demanda.
17
UNIDADE Microeconomia
Fatores que Deslocam a Demanda
Vários fatores são capazes de alterar a demanda, mas serão considerados os 
mais relevantes, que são:
• Renda: se a renda aumenta, a demanda por produtos aumenta;
• Preferência: se o consumidor não tem empatia com determinado produto, 
certamente, não irá consumi-lo;
• Expectativa sobre o futuro: se o consumidor achar que determinado produto 
faltará no futuro, fatalmente, antecipará sua procura;
• Propaganda: costuma sensibilizar o consumidor a buscar determinado produ-
to. Veja, a seguir, o comportamento da Curva de Demanda quando há aumen-
to ou diminuição da renda:
P P
Q Q
Aumento de renda 
diminui a demanda 
por um bem “inferior”.
Aumento de renda 
aumenta a demanda 
por um bem “normal”.
Figura 5
Note que a Curva se deslocou como um todo, para a direita, quando houve au-
mento da renda; e para a esquerda, quando houve diminuição da renda.
Esse mesmo raciocínio pode ser desenvolvido para todos os outros fatores que 
alteram a demanda, isto é, deslocam a Curva como um todo.
Diferença Entre Demanda e Quantidade de Demanda
A quantidade demandada varia exclusivamente em função dos níveis de preço; 
os deslocamentos promovidos por aumento ou diminuição do preço são manifes-
tados ao longo da Curva de Demanda.
A demanda varia em função de outros fatores que não estão relacionadosaos 
níveis de preço (renda, expectativa sobre o futuro e preferência). Os desloca-
mentos promovidos pela alteração da renda, por exemplo, deslocam a Curva de 
Demanda como um todo, positiva (se a renda aumenta) ou negativamente (se a 
renda diminui), conforme demonstrada a seguir.
18
19
P P
Q Q
Mudança na Demanda: a curva inteira 
se desloca para a esquerda ou direita.
Mudança na Quantidade Demandada:
move-se ao longo da curva de demanda 
quando há mudança de preço.
Figura 6
Teoria da Oferta
Se a Teoria Subjetiva alicerça a Teoria da Demanda, a Teoria do Valor do Traba-
lho substancia a Teoria da Oferta e todas as suas variações. Ela explica que o preço 
de um determinado bem ou serviço deve ser de acordo com o trabalho empregado 
para obtê-lo; logo, sua determinação está no campo da oferta.
Oferta pode ser definida como as várias quantidades que os produtores estão dispos-
tos e aptos a oferecer no Mercado em função dos níveis de preços, coeteris paribus. 
Consideramos que os produtores, assim como os consumidores, são racionais, 
já que estão produzindo com o objetivo de maximizar o lucro, dentro de restrição 
de custos de produção e orçamentária. 
A Curva de Oferta apresenta inclinação positiva ou ascendente em relação aos 
níveis de preços, pois preços mais altos estimulam o produtor a oferecer maior 
quantidade de determinado produto no Mercado, coeteris paribus.
Q10 15 20
R$ 1,00
R$ 2,00
R$ 3,00
P
Figura 7 – Curva de Oferta de refrigerante
19
UNIDADE Microeconomia
Note que ao preço de R$ 1,00, o produtor só deseja colocar 10 litros de refrige-
rantes no Mercado, mas à medida que o preço vai subindo, o produtor fica estimula-
do a disponibilizar mais produtos. Isso acontece porque o produtor é racional; quan-
do os preços aumentam, ele vislumbra lucro maior e com isso aumenta a produção.
Veja que todos os deslocamentos foram feitos ao longo da própria Curva de 
Oferta, o que demonstra que todos os movimentos foram motivados em função do 
preço do produto.
Fatores que Deslocam a Oferta 
São vários os fatores que deslocam a Curva de Oferta, dos quais os principais 
estão elencados a seguir:
• Disponibilidade dos fatores de produção: quanto mais recursos produtivos 
estiverem disponíveis, maior a produção, ao passo que quanto menor sua 
quantidade, menor a produção;
• Alterações na estrutura tecnológica: a Tecnologia é capaz de aumentar os 
níveis de produção de uma Firma;
• Expectativa sobre a evolução da demanda: se o produtor previr que haverá 
um aumento no consumo, fatalmente, aumentará produção. Por exemplo, 
televisores em época da Copa do Mundo;
• Número de Empresas atuando no Mercado: se aumentar o número de Empre-
sas do mesmo ramo no Mercado, certamente, a produção aumentará.
O gráfico a seguir demonstra o comportamento da Curva de Oferta quando 
existe aumento ou diminuição dos fatores de produção.
Q Q
P P
Preço dos insumos ou Quantidade disponível de insumos
Aumento do preço dos insumos
diminui a oferta do bem.
Aumento na quantidade disponível de 
insumos aumenta a oferta do bem.
Figura 8 – Preço dos quantidade disponível de insumos
Note que a Curva se deslocou como um todo para a esquerda, quando houve 
diminuição dos insumos, e para a direita, quando houve aumento dos insumos.
Esse mesmo raciocínio pode ser desenvolvido para todos os outros fatores que 
alteram a oferta, isto é, deslocam a curva como um todo.
20
21
Diferença entre Oferta e Quantidade Ofertada
O mesmo raciocínio desenvolvido para analisar a diferença entre demanda e 
quantidade demanda pode ser utilizado para analisar a oferta e s quantidade ofertada.
A quantidade ofertada varia exclusivamente em função dos níveis de preço; 
sendo que os deslocamentos promovidos por aumento ou diminuição do preço são 
manifestados ao longo da Curva de Oferta.
A oferta varia em função de outros fatores, que não estão relacionados aos ní-
veis de preço (fatores de produção, expectativa sobre a demanda, Tecnologia 
e número de Empresa). 
Os deslocamentos promovidos pela alteração da disponibilidade dos fatores de 
produção, por exemplo, deslocam a Curva de Oferta como um todo, positiva (se a 
disponibilidade aumenta) ou negativamente (se a disponibilidade diminui), confor-
me pode ser observado a seguir.
Q Q
P P
Mudança na Quantidade Ofertada:
move-se ao longo da curva de oferta 
quando há mudança de preço.
Mudança na Oferta: a curva inteira
se desloca para a esquerda ou direta.
Figura 9
Determinação do Equilíbrio de Mercado
Conforme vimos anteriormente, nem a Teoria Subjetiva (Curva de Demanda) 
nem a Teoria Objetiva (Curva de Oferta) podem nos dar a certeza de qual é o nível 
de preço ideal, pois o consumidor pretende comprar maiores quantidades quando 
o preço está baixo, e o produtor quer disponibilizar maiores quantidades de produ-
tos quando o preço está elevado.
Alfred Marshal (1842-1924) utilizou tanto a Teoria da Utilidade quanto a Teoria 
do Valor Trabalho, isto é, levou em consideração a Curva de Demanda e de Oferta 
para determinar o preço de equilíbrio de Mercado. 
21
UNIDADE Microeconomia
O Preço de Equilíbrio, segundo Marshal, é obtido por meio da intersecção entre 
as Curvas de Oferta e de Demanda, ou seja, o ponto que vai atenuar o conflito 
existente entre os produtores e os consumidores. Esse é o único ponto em que os 
consumidores desejam comprar a mesma quantidade que os produtores estão dis-
postos a disponibilizar no Mercado.
Q
P
R$ 3,00
R$ 2,00
R$ 1,00
10 15 20
Curva de demanda
Ponto de Equilíbrio
Curva de oferta
Figura 10 – Curva de Equilíbrio do refrigerante
Note que ao preço de R$ 3,00, os produtores estão dispostos a colocar 20 litros 
de refrigerante, mas os consumidores só pretendem adquirir 10 litros, causando 
excesso de oferta ou escassez de demanda. Já ao preço de R$ 1,00, os produtores 
estão dispostos a colocar 10 litros de refrigerante, mas os consumidores pretendem 
adquirir 20 litros, causando excesso de demanda ou escassez de oferta e, ao preço 
de R$ 2,00, os consumidores estão adquirindo a mesma quantidade que os produ-
tores estão disponibilizando no Mercado.
Estruturas de Mercado
As estruturas de Mercado estabelecem como os Mercados se organizam para 
desenvolver atividade produtiva e podem variar muito de acordo com seus compo-
nentes e forma de atuação, bem como em relação à existência ou não de compe-
tidores imediatos. 
Em muitos desses Mercados existem Empresas que exercem fortes pressões so-
bre os níveis de preços, ou até determinam o preço final do produto e, em outros, 
o próprio Mercado, por meio das Teorias de Demanda e de Oferta, é que define o 
preço de Mercado.
Stackelberg desenvolveu um Modelo de Análise que leva em consideração as 
principais estruturas de Mercado e exerceu dois pontos comuns entre todas, levan-
do em consideração apenas os fatores oferta e demanda.
Apesar de haver várias estruturas de Mercado, Stackelberg classifica as quatro 
mais importantes: Concorrência perfeita, Monopólio, Oligopólio e Concorrên-
cia monopolística, conforme Quadro a seguir.
22
23
Quadro 1 – Estruturas de Mercado – A Classifi cação de Stackelberg
Oferta
Demanda
Um só vendedor
Pequeno n° 
vendedores
Grande n° vendedores
Um só comprador MonopólioBilateral Quase Monopsônio Monopsônio
Pequeno número de 
compradores
Quase
Monopólio Oligopólio Bilateral Oligopsônio
Grande número de 
compradores
Monopólio Oligopólio Concorrência Perfeita
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados obtidos em Vasconcellos, (2012)
A Classificação de Stackelberg parte da análise da oferta e da demanda do pro-
duto no Mercado. Assim, o Quadro acima revela que se houver somente um ven-
dedor e somente um comprador, haverá Monopólio bilateral; se houver somente 
um vendedor e pequeno número de compradores, ocorrerá um quase Monopólio, 
e se existir grande número de compradores e somente um vendedor, o Mercado 
será monopolizado.
Ainda, partindo-se da análise da oferta e da demanda, caso se tenha um pe-
queno número devendedores e somente um comprador, se formará um quase 
Monopsônio; se houver pequeno número de vendedores e pequeno número de 
compradores, o Mercado será um Oligopólio bilateral, e se houver pequeno núme-
ro de vendedores e grande número de compradores, a estrutura constituída será 
um Oligopólio.
Se o Mercado for caracterizado por grande número de vendedores e somente 
um comprador, existirá um Monopsônio; se houver grande número de vendedores 
e pequeno número de compradores, será formado um Oligopsônio. Finalmente, 
se existir grande número de compradores e de vendedores, ocorrerá Concorrência 
perfeita no Mercado. 
O Quadro 1 omite, no entanto, a Concorrência monopolística, que é uma estru-
tura especial de Mercado que reúne o poder do monopólio às forças concorrenciais.
O Quadro 2, revela as características das principais estruturas de Mercado, segundo 
a Classificação de Stackelberg, do ponto de vista do Mercado em que estão inseridas.
Quadro 2 – Características das estruturas de Mercado
Competidores Infl uência sobre preço
Concorrência 
extrapreço 
(propaganda)
Concorrência 
preço
Diferenciação 
do produto
Concorrência Perfeita Vários Nenhuma Ineficaz Ineficaz Ineficaz
Monopólio Nenhum Total Dificilmente utiliza Não existe Dificilmente utiliza
Oligopólio Poucos Considerável Vital para a Empresa Desaconselhável Importante
Concorrência 
Monopolística
Razoável Pouca Vital para a Empresa Importante para o ingressante
Razoável 
importância
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados obtidos em Vasconcellos (2012)
23
UNIDADE Microeconomia
A análise partiu da quantidade de ofertantes e demandantes e chegou às princi-
pais estruturas de Mercado: Concorrência perfeita, Monopólio, Oligopólio e Con-
corrência monopolística.
As principais características de um Mercado em Concorrência Perfeita são:
• Grande número de Empresas produtoras e grande número de consumidores;
• Os produtos são absolutamente idênticos (substitutos perfeitos);
• Facilidade de ingresso e de saída de novas Empresas;
• Não existe diferenciação alguma entre os produtos – produtos da Empresa 
A = da Empresa B = da Empresa C, e assim por diante;
• Qualquer tipo de manobra, tanto do produtor quanto do consumidor, para inter-
ferir no preço é ineficaz, de modo que ele é determinado somente pelo Mercado;
• Dificilmente recorre à propaganda, porque isso não vai fazer com que seus 
lucros aumentem.
Esse Mercado remete à Teoria da Mão Invisível, de Adam Smith, e é altamente 
competitivo em função do alto número de agentes econômicos nele atuando. 
Não existe qualquer possibilidade de interferência no preço do produto e, 
dessa forma, o preço de todas as Empresas é o mesmo, porque se a Empresa 
A elevá-lo, os consumidores deixarão de comprar o produto, vez que existem 
outros produtos substitutos. 
Por essa razão, tanto faz para o consumidor comprar o produto de uma Em-
presa ou de outra, pois o preço e a sensação de satisfação será a mesma. Por 
exemplo, o fósforo.
Já o Monopólio, como a própria origem da palavra sugere, significa um só 
vendedor. A palavra vem do grego mono = um e polein = vender. Suas principais 
características são:
• Existência de apenas um produtor ou um só produto no Mercado;
• Não existe produto substituto;
• Fortes barreiras para a entrada de novas Empresas, que podem ser barreiras 
de ordem geográfica, Constitucional ou financeira;
• Fortíssima interferência sobre os preços;
• Dificilmente recorre à propaganda, somente em casos de divulgação Institu-
cional, porque isso não vai fazer com que aumente sua demanda, pois é único 
no Mercado. Normalmente, o monopolista escolhe o seu preço e em seguida 
a quantidade que irá produzir.
O Monopólio é considerado uma falha de Mercado, porque não existe a flutu-
ação de preços e, dessa forma, a Empresa pode cobrar um preço exorbitante e o 
consumidor fica refém desse produtor, pois não há substituto no Mercado. 
Para atenuar essa situação, em alguns casos, o Governo regula o Setor, como o 
que ocorre com a energia elétrica. O Governo concede o serviço à iniciativa privada 
e estabelece mecanismos de regulação para tentar controlar o preço do produto.
24
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Como os investimentos iniciais são altos, o Governo assume a concepção do 
Projeto, e depois concede à iniciativa privada, que faz os investimentos necessários 
para garantir o bom funcionamento do Setor. 
Em alguns casos, o Monopólio é necessário e garantido pela Constituição, como, 
por exemplo, no caso da produção de armas nucleares, que é proibida no Brasil, 
de acordo com o parágrafo 2º do Artigo 5º., mas na Rússia, por exemplo, existe a 
produção delas, constituindo um Monopólio russo em relação ao Brasil.
Barreira constitucional em relação ao armamento atômico. Disponível em: https://goo.gl/WbJS1u
Ex
pl
or
Entre as barreiras constitucionais, pode-se destacar, também, o que é respon-
sabilidade única do Governo. Logo, caracteriza-se um Monopólio a cunhagem de 
moeda, de acordo com o Artigo 21 da Constituição Federal, no Título III, Capítulo 
II, Das Responsabilidades da União.
A Constituição e o Supremo, disponível em: https://goo.gl/wcLX6F
Ex
pl
or
Outro importante monopólio é em relação à “pesquisa e a lavra das jazidas de 
petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluídos” (Artigo 21, inciso XXIII da 
Constituição Federal), bem como atividades ligadas ao refinamento de Petróleo, 
entre outros.
Existe, também, o monopólio natural que ocorre em Mercados que demandam 
muito investimento e, por essa razão, não há interesse da iniciativa privada atuar 
nesses Setores, porque o tempo de retorno do investimento é muito longo.
Um exemplo que cabe citar, nesse contexto, é a geração de energia hidroelé-
trica. Outros exemplos são as estradas da região nordeste, cuja não viabilidade 
econômica afasta os investidores, devido a, por um lado, o nível de utilização por 
automóveis ser muito baixo e, por outro lado, o investimento ser muito elevado. 
Se o governo não tomar para si a construção das estradas, não haverá forma 
de locomoção nesses lugares. Assim, mesmo não sendo economicamente viável, 
o Governo realiza o projeto, em virtude da necessidade da população que habita 
esses locais.
O Governo, no entanto, busca instrumentos para que não sejam formados no-
vos Monopólios, ao menos no que diz respeito às barreiras econômicas, como a 
criação do CADE (Conselho Administrativo da Ordem Econômica), de acordo com 
Lei n° 4.137/62, com a finalidade de conter o abuso econômico que pode ser 
facilitado em Mercados monopolizados.
Outra estrutura de Mercado é o Oligopólio, cujo nome também remete ao gre-
go: oligo = poucos + polein = vender, ou seja, poucos vendedores ou produtores 
25
UNIDADE Microeconomia
dominando o Mercado e, devido ao número reduzido de Empresas operando no 
Setor, conseguem obter forte influência na determinação dos preços. 
As principais características de um Mercado oligopolizado são:
• Número reduzido de Empresas operando no Mercado, mas, invariavelmente, 
todas elas dispõem de forte poder econômico e concorrencial;
• Os produtos não são, necessariamente, padronizados, mas são muito seme-
lhantes ou tem funções parecidas;
• Influência forte sobre os níveis de preços, porque, com poucas Empresas atuando 
no Mercado, fica mais fácil orquestrar políticas de preços semelhantes entre elas;
• O uso de propaganda ou Concorrência extrapreço é primordial para a manu-
tenção da Empresa no Setor, porque, na maioria das vezes, são Empresas que 
utilizam Tecnologia de ponta e estas devem ser divulgadas para que o consu-
midor possa ter conhecimento a respeito delas;
• O ingresso de novas Empresas é difícil, porque a barreira econômica já cons-
titui um diferencial para isso.
Dois claros exemplos desse tipo de oligopólio são as Indústrias Automobilísticas 
e de Telefonia Móvel. Por serem setores altamente competitivos, as inovações tec-
nológicas são latentes nesse Setor.
Por fim, o Mercado de Concorrência monopolística, que é uma estrutura espe-

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