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Oclusão arterial aguda: interrupção abrupta do fluxo sanguíneo arterial levando a uma isquemia aguda nos tecidos habitualmente irrigados; Conceitos: Isquemia: fluxo insuficiente de O2 e nutrientes (glicose, aminoácidos) para as necessidades metabólicas exigidas pelos tecidos; Consequentemente também há dificuldade na remoção dos metabólitos desses mesmos tecidos. Embolia arterial: progressão na corrente sanguínea de trombos, fragmentos de placas ateromatosas, células tumorais, gases ou outros corpos estranhos, desprendidos ou induzidos num local qualquer do sistema cardiocirculatório. Podem causar obstrução total ou parcial de uma artéria, em um ponto distante da sede de origem. Causas cardíacas: Arritmias: fibrilação atrial (60% dos casos – evento cardioembólico); Lesão orovalvar (principalmente mitral); Insuficiência cardíaca: grande dilatação da câmara; Aneurisma ventricular: região apical (complicação de infarto ou Doença de Chagas); Endocardite infecciosa: lesão vegetante na valva; Mixoma atrial: tumor primário do coração (raro); Material proteico: pedaços do material quebrado ou formação de trombo (coagulação). Causas arteriais: Aneurisma: aumento da área causando estase (aorta e poplítea – 2° principal causa de obstrução arterial infrapatelar); Dissecção aórtica: gera lesão e exposição do endotélio que, por si só, pode formar trombo; Aterosclerose (devido a trombose arterial aguda); Arterites: formação de trombo local que formam êmbolos -> trombo arterial da covid (mecanismo não bem definido); Injeções intra-arteriais: ar, drogas, impurezas; Trauma: fera lesão endotelial; Corpo estranho (Ex: silicone, metacrilato, materiais cirúrgicos) -> materiais utilizados em stent (dentro dos vasos) e cateterismo de artérias. Causas venosas: Embolia paradoxal (CIA presente é o mais comum, incidência baixa) -> trombo venoso que chegam no AD, por conta de CIA (pessoa nasce com essa comunicação), o trombo passa pro coração esquerdo, causando isquemia arterial nos casos normais, o trombo passa para território pulmonar. Outras causas: Embolia gasosa: microinfartos periféricos; Interrupção do fluxo: vaso inicial -> trombose à oclusão - > circulação colateral; Vaso espasmo: local da oclusão: Bifurcações artérias; Redução de fluxo nas áreas transversais; Membros inferiores -> femoral, poplítea, ilíaca; 2/3 dos casos por embolia; Membros superiores -> braquial. Trombose secundária à oclusão: Proximal: pequena e pode causar vasodilatação e rubor a montante; Distal: mais extensa e contribuindo com redução do fluxo. Circulação colateral: determinante para gravidade do quadro. Quadro clínico: Polar Frialdade Membro frio -> obstrução unilateral Pallor Palidez Diminuição do fluxo Pain Dor Sintoma mais sensível, principalme nte quando em repouso Pulseles s Ausência ou diminuição de pulsos Pode ocorrer cianose Paresth sia Parestesia Sensação de formigamen to, alteração sensitiva mal definida no local Paralyse s Paralisia / paresia Perda funcional do membro que tende a ser mais tardia Síndrome do dedo azul (microembolos que só vão impactar distalmente, onde não tem vaso grande para identificar alteração do pulso) -> palidez / cianose de pododáctilos, pulsos distais presentes, causado por ateroembolismo, diagnóstico diferencial – fenômeno de Raynaud. Fenômeno de Raynaud: Vaso espasmo arteriolar distal (diminuição do fluxo por espasmo): considerada uma resposta simpático-reflexa exacerbada; Quadro clínico: palidez e hipotermia seguido de cianose e hiperemia reativa na recuperação; mais frequente nos dedos das mãos do que nos pés; tempo de duração variável (quanto mais longo, pior o prognóstico); Pode ser induzido por frio ou estresse; Etiologia: primária (Doença de Raynaud – principal causa) e secundária. Diagnóstico insuficiência arterial aguda: Essencialmente clínico: tempo é fundamental na determinação do prognóstico (mais tempo, maior risco de sequela). Avaliação clínica: Anamnese: quando começou, histórico, dor, predisposição; Exame físico: Inspeção; Palpação: pulsos centrais (carótida e femoral) e pulsos distais (axilar, braquial, radial, ulnar, poplíteo, tibial posterior e pedioso). Relação do sitio de oclusão e o nível de hipotermia: quanto mais distal a obstrução, o frio vai estar mais distal. Complicações: Fenômenos de isquemia / reperfusão: alterações funcionais e estruturais que ocorrem após restabelecimento do fluxo sanguíneo após um período de isquemia; Necrose de células irreversivelmente lesadas, acentuado edema celular e restauração não uniforme do fluxo para todas as porções de tecido. Causas importantes para distúrbios metabólicos: Aumento da CPK; Maior aporte de radicais livres; Elevação dos níveis séricos de potássio (hipercalcemia); Acidose metabólica. Síndrome compartimental: condição dolorosa causada pela diminuição do fluxo sanguíneo devido ao acúmulo de pressão (aumento da resistência vascular periférica). Por sangramento ou edema tecidual; Características: dor intensa que aumenta com estiramento muscular, parestesia na região do nervo associado, perda da sensibilidade ou da função na região do nervo, edema tenso, o pulso pode estar ainda palpável, ausência de pulso ou paralisia são sinais tardios; Tratamento: abertura para diminuir pressão local para melhorar irrigação sanguínea. Tratamento clínico: Conduta inicial: Proteção do membro (algodão ortopédico); Proclive – elevação da cabeceira; Anticoagulação – heparinização; Exames complementares – laboratoriais e ECG. Tratamento cirúrgico: Embolectomia – em casos de urgência e êmbolos grandes; Trombólise – sistêmica, local; Revascularização – by- pass cirúrgico, angioplastia percutânea (PTCA – com ou sem stent). Doença arterial obstrutiva crônica; Causas: Doença aterosclerótica obliterante (causa mais comum); Arterites; Oclusão aguda compensada (embolia e trombose); Esclerose de Monckeberg: causa rara de aterosclerose – ocorrem depósitos de cálcio na camada média (muscular) das artérias (não compromete a íntima, logo não obstrui a luz); pode, eventualmente, evoluir para processo de ossificação; mais prevalente em pessoas acima de 50 anos e do sexo masculino; aparentemente, não está associada a outros fatores de risco (maior incidência em pacientes diabéticos); exame físico – palpação arterial em “traqueia de passarinho”. Fatores de risco (mesmo fatores de risco para aterosclerose, AVE e infarto): Tabagismo; HAS; Diabetes mellitus (tipo II é mais comum); Sedentarismo; Obesidade; Estresse; Idade; Dislipidemia (hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia); Doença arterial oclusiva periférica (DAOP): causada pela aterosclerose, causa mais comum das síndromes isquêmicas das extremidades inferiores, mesmos fatores de risco das síndromes coronarianas e cerebrovasculares (marcador de doença cardíaca concomitante), há redução do aporte de O2, de nutrientes e a chegada de antibióticos, dificultando a cicatrização e permitindo que microrganismos se proliferem. Epidemiologia: Prevalência estimada de 4- 10% da população geral (50- 70%) assintomáticos); A prevalência aumenta com a idade (acomete cerca de 1/5 dos indivíduos >70 anos); Mortalidadepor DAOP é baixa (relacionada à doença coronariana e cerebrovascular). Quadro clínico: Claudicação intermitente: é fácil de pegas na história do paciente (anda x metros, sente dor, para, melhora, volta a andar x metros e sente dor); Dor em membro inferior ao realizar caminhada após determinada distância; Desaparece após 2-3 min de descanso; A dor retorna após retomar a caminhada na mesma distância. Pés frios; Dor noturna (neurite isquêmica – pequenas sequelas causadas por pequenos infartos); Dor em repouso – alivia com posição pendente (progressão de forma intensa); Redução ou ausência de pulsação; Palidez à elevação do membro; Demora do enchimento venoso após elevação (>15 seg); Pele isquêmica: fria, atrófica, brilhante, perda de pelos no dorso do pé e podáctilos, espessamento das unhas (maior risco de tinea unguea), crescimento lento das unhas, pele fica vulnerável (pequenas lesões e ulcerações). Exame físico: Inspeção: Atitude no leito com membro pendente na maca; Atrofia muscular (coarctação da aorta -> desenvolvimento proeminente dos membros superiores com subdesenvolvimento dos membros inferiores; síndrome de Lerich -> atrofia dos membros inferiores por obstrução aterosclerótica da bifurcação aortoilíaca); Alteração da cor da pele (palidez em repouso -> típico do sofrimento arterial agudo; palidez ao elevar o membro; cianose local (lentificação do fluxo de sangue no leito capilar com acúmulo de hemoglobina reduzida; eritrocianose - na vigência de isquemia observa-se uma hiperemia cutânea, vermelho-arroxeada, pela intensa vasodilatação capilar); Alteração trófica -> pele atrófica com diminuição de tecido celular subcutâneo (fina, brilhante e lisa; rompe com pequenos traumatismos de pele), rarefação de pelos, alterações ungueais (unhas quebradiças, diminuição da velocidade de crescimento e hiperceratósicas), calosidades dolorosas nos pontos de apoio, úlceras (localizada comumente em calcâneo e nas bordas laterais dos pés e região do meléolo lateral; possui contornos regulares, arredondadas e de difícil cicatrização; dolorosas e geralmente possui pouca profundidade – nos diabéticos, as lesões são pouco dolorosas, bordas hiperquerastósicas e contém secreção purulenta -> mal perfurante plantar); Necrose tecidual -> conhecida como gangrena, presentes quando há isquemia crítica; Gangrena seca: quando existe somente tecido enegrecido (mumificado); sofrem desidratação, ficando secos e duros; a pele comprometida fica preta, havendo nítida delimitação a parte sadia e a comprometida; não dá dor (pouca dor) pois área já está morta (sem estímulo doloroso), com limites precisos; Gangrena úmida: presente quando existe infecção sobreposta; dolorosa, com limites imprecisos e acompanhada de edema e sinais inflamatórios; possui secreção serossanguinolenta ou purulenta de intenso mau cheiro; a pele necrosada fica escura e com consistência elástica. Palpação: Localizar cada pulso (avaliando o pulso contralateral para verificar a simetria); Características dos pulsos – frequência, ritmo (regular ou regularmente regular – extrassístole – ou irregularmente irregular – fibrilação atrial), amplitude (pulsos amplos, filiformes, alternantes), simetria (isócrono e isóbaro), estado da parede arterial (elasticidade e compressibilidade – artéria em “traqueia de passarinho”); Frialdade; Frêmito; Massa pulsátil: aneurisma de aorta abdominal, aneurisma femoral, aneurisma poplíteo. Ausculta: Sopros artérias; Manobra de isquemia provocada: paciente em decúbito dorsal, eleva-se o membro a 90° por cerca de 1-2 min (fletir os pés sensibiliza o exame) -> observar coloração; havendo isquemia, nota- se palidez dos membros (mais intensa quando pior for a irrigação arterial) -> retorna-se o membro a posição horizontal -> observar o tempo necessário para o retorno da coloração normal (habitualmente entre 5-12 seg); se houver isquemia, há prolongamento do tempo (tanto maior quanto pior for o quadro); pode ocorrer dor e eritrocianose (rubor de declive); Manobras de Moser: paciente faz seguidas flexões plantares (se apoiando na ponta dos dedos dos pés) por cerca de 1-2 min; positivo quando apresentar dor ou desconforto, além de diminuição ou desaparecimento dos pulsos pediosos; Índice de pressão tornozelo-braço; Teste da caminhada na esteira. Exames complementares: Ecodoppler arterial; Angiotomografia; Angiorressonância; Arteriografia; Ultrassonografia endovascular.
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