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Perda Precoce, Manutenção e Recuperação de Espaço • Durante o desenvolvimento tem-se as trocas da dentições, que é muito bem feito pela natureza. Quando acontece a quebra da sequencia natural desse processo, terá alterações futuras e casos simples tornam-se complexos, e é onde a ortodontia irá atuar. • Quando há perdas precoces, é importante evitar que as estruturas adjacentes mudem de posição. E os dispositivos devem ser simples, economicamente viáveis, eficientes e resistentes (robustos), pois nem sempre a criança tem uma boa cooperação. Equilíbrio Ortodôntico Teoria do equilíbrio ortodôntico • Proposto inicialmente por Proffit (1977). • Atribui aos tecidos moles papel na etiologia da má-oclusão. • “A gente tem vetores de força, e a língua faz força contra os dentes, a musculatura dos lábios faz força no sentido oposto, o tempo todo há vetores de forças atuando sobre os dentes. Caso haja um desequilíbrio, terá alteração na posição dentária, suponha que o paciente tenha incompetência labial (não sela os lábios, é respirador bucal e a língua fica interposta) isso vai levar uma mordida aberta por ex”. O equilíbrio entre os vetores de força resultantes da interação entre dentes, língua e tecidos moles resulta na estabilidade ou não da posição dentária. • A quebra nesse equilíbrio resulta em instabilidade e movimento indesejado. • A quebra pode advir de: ➢ Perdas dentárias (índice muito alto do CPDO- D no Brasil). ➢ Parafunções da língua ou tecidos periorais. ➢ Alterações de desenvolvimento (crescimento excessivo de mandíbula ou maxila). ➢ Alterações no comprimento de raízes ou nível ósseo alveolar (os incisivos começam a ter espaço). • A presença de todos os dentes na arcada é fator de equilíbrio dentário (exceto para casos que são extraídos para fins ortodônticos). • Isso é ainda mais importante na dentição decídua, pois alterações nessa dentadura podem levar a distúrbios de irrupção na dentição permanente. Perda Precoce de Dentes Decíduos Perda Precoce, Manutenção e Recuperação de Espaço • Há muitos casos de pacientes com dentição decídua (azul) e a dentição permanente vindo, entrando na fase da mista, e aí tem-se a perda de um dente decíduo. Com essa perda, o 1º molar permanente (um dos primeiro a irromper), leva junto com a perda a migração mesial do 2º molar decíduo, com isso o 2º pré permanente começa a ficar sem espaço. Quando isso acontece, é difícil de resolver, por isso a prevenção sempre é primordial. • Essa migração mesial é uma tendência na oclusão quando há a perdas de dentes, isso acontece em crianças e também pacientes adultos, raramente migra pra distal. Tendência de migração mesial • Os dentes apresentam um vetor resultante de forças oclusais no sentido mesial. Quando há a quebra do equilíbrio ortodôntico, geralmente vemos que os dentes posteriores se inclinam com angulação mesial. Tipos de perda de espaço • Perda de material dentário (esmalte) ➢ Cáries (casos em que o pré fica achatado depois de restaurado, pois na hora da reabilitação não tem espaço) ➢ Fraturas • Perda precoce. • Agenesia. (não formação do dente) • Iatrogênias (extrações inadequadas). Cáries e fraturas interproximais • Resultam em redução da dimensão mésio-distal dentária e encurtamento do perímetro da arcada e espaço livre de Nance. • É frequente inclinação mesial de primeiros molares permanentes quando há lesões nos segundos molares decíduos. Perdas precoces: • Extrações precoces de dentes decíduos são ainda uma realidade no Brasil. • Fatores correlatos: ➢ Dieta rica em carboidratos. ➢ Escovação deficiente dos dentes. ➢ Cooperação reduzida. ➢ Aspectos culturais. ➢ Traumatismos. • Dentes decíduos atuam como mantenedores de espaço naturais para os dentes permanentes. • Sua esfoliação no estágio ideal (estágio 6 de Nolla) assegura que o permanente tenha espaço para irromper. • Se for extrair um dente decíduo (extensão cariosa muito grande) é importante observar se há reabsorção para extrair com segurança. Caso não, pode ser que seja necessário usar um mantenedor de espaço. • Quando realizada a extração antes, pode resultar em formação óssea entre o dente permanente em irrupção e a cavidade oral, atrasando o processo irruptivo. • Também pode ocorrer migração mesial de um dente posterior (geralmente primeiro molar), impactando o segundo pré-molar. Agenesias • Resulta em a não formação do germe dentário de um dente permanente (imagem – ausência dos pré inferiores e mesialização do molar). Para confirmar o diagnóstico deve realizar a radiografia. • Quando o paciente apresentar agenesias, deve manter o decíduo por maior tempo possível para servir como mantenedor de espaço até o paciente conseguir reabilitação. • Dependendo da idade do paciente, o tratamento consiste de implante (pode ser colocado no final do crescimento, para que não haja desvio da cervical), prótese, substituição ortodôntica ou manutenção do decíduo. • Toda extração de decíduo deve ser feita com avaliação radiográfica prévia. • Isso evita iatrogenias pelo não diagnóstico de agenesias. Esse paciente apresenta agenesia de lateral, pré superior e inferior (D e E). Nesses casos de agenesias múltiplas, pode ser usado como tratamento a “Placa de Hawley com dentes de estoque”, é um aparelho que possui uma base acrílica na palatina dos dentes, grampos, arco vestibular na região anterior para a fixação (que pode aplicar molas, dentes de estoque). É uma alternativa para manutenção de espaço para evitar que os dentes migrem, além de favorecer a estética. Conceito próximo ao de uma prótese removível, até a possibilidade do paciente poder realizar um implante. • Outra alternativa para casos de agenesia, é o uso da “Placa de acetato com dentes de estoque” (realizada em termoplastificadora – pode realizar os dentes com o uso de resina bisacrílica). Essa placa possui resistência menor quando comparada ao aparelho de acrílico, é mais indicada para casos mais curtos. • Outra opção, é a “Prótese provisória fixa individual”. Coloca-se um fio ortodôntico 020, fixado com resina no ambiente de estoque no dente permanente. • Em situações de agenesia, deve avaliar se o paciente está em fase de crescimento. Pois haverá o crescimento sagital, vertical, transverso. Se usar o dispositivo de hawley e a placa de acetato, durante esse período poderá afetar o crescimento transverso. Portanto, deve informar o paciente sobre a importância do acompanhamento. • Neste outro caso o paciente apresentava agenesia de lateral, foi preparado o espaço e colocou-se um mini implante ortodôntico (dispositivo que serve como dente de estoque até a possibilidade de fazer implante na fase adulta). É importante o acompanhamento do caso. Procedimento de manutenção de espaço • Um dos procedimentos ortodônticos mais importantes no âmbito preventivo- interceptativo; • De baixo custo, pode evitar tratamentos ortodônticos corretivos longos, complexos e ccaros; • Deve ser trabalhado junto com a reeducação do paciente (evitar novas perdas). Características de um mantenedor de espaço • Manter a distância mésio distal e vertical correspondente ao dente removido; • Não deve lesar ou alterar dentes e tecidos circunjacentes; • De simples confecção e resistente a atividade mastigatória; • Facilmente higienizáveis; • Não devem impedir os crescimento e desenvolvimento dos arcos dentários. Manutenção de um dispositivo bandado • Necessita acompanhamento (ela desadapta, desloca, solta) – quando está solta, não exerce função; • Fácil de confeccionar, é resistente; • Um mantenedor dificilmente vai realizar sua função por mais de um ano sem ajustes; • Pacientedeve ser esclarecido sobre restrições alimentares (alimentos duros e puxentos); • Deve comparecer ao consultório caso o mantenedor se solte ou apresente mobilidade. 1. Mantenedor banda-alça • Dispositivo de simples confecção e adaptação; • Evita mesialização de um dente individual; • Pode ser mantido por tempo considerável (até irrupção do dente permanente) ex. quando o paciente perde o dente aos 7 anos, pode manter até os 10; • Mas deve ter acompanhamento frequente (semestral no mínimo); • É importante que a banda-alça tenha boa adaptação no dente do lado oposto a banda. O fio de aço não deve pressionar o tecido mole e a banda deve ter boa adaptação gengival. A banda alça no dente pré-molar é mais difícil. 2. Arco-lingual • Utilizado em casos de perdas múltiplas e/ou bilaterais, ao invés de banda alça (usa duas bandas, e o aro passa abaixo da imagem cervical do dente, encostado na lingual dos arcos inferiores); • Pode ter um ômega (dobra em forma de u) que auxilia na adaptação e ajustes; • Deve trocar o terço cervical dos incisivos inferiores; • Indicado para o arco inferior, mas há situações da indicação para o superior. 3. Coroa-alça • Adaptação da banda alça quando existe extensa destruição coronária do dente de suporte (quando a coroa está muito destruída faz a colocação dessa coroa e coloca o fio para fazer a manutenção de espaço).. 4. Barra-transpalatina • Indicado no caso de perdas unilaterais de molares decíduos superiores; • Pode realizar pequenos movimentos em molares se colocada ativada; • Não tem eficiência de 100%. A vantagem é que ela faz pequenos movimentos. 5. Botão de Nance • Mantenedor para o arco superior; • Perdas uni ou bilaterais; • Usa um botão acrílico adaptado na região de rugas palatinas (é uma barra transpalatina, que apoia sobre os tecidos moles); • Desvantagem: retém alimentos. Pode ter migração mesial, porém pode ser muito usado. Há casos que o paciente tem perdas precoce devido a traumatismos por ex, pode utilizar: botão de nance + peça protética (para favorecer a reabilitação estética). 6. Mantenedor anterior telescópico • Indicado em perdas muito precoces; • Melhor que o botão de nance; • Função estética; • Apresenta sistema telescópico para não interferir no desenvolvimento transverso da maxila 7. Mantenedor Distal • Evita a mesialização de primeiros molares permanentes quando na perda de segundos molares decíduos; • É uma cunha que se estende no tecido mole para criar um guia de irrupção para o molar. • Não é um dispositivo muito usado, pois é muito invasivo. 8. Aparelhos removíveis • Muito utilizados no âmbito preventivo- interceptativo; • Fácil confecção e adaptação a diferentes tipos de problemas (além de ser rápido, apenas 2 consultas); • Podem ser associados a outros recursos como planos posteriores, anteriores, tornos e alças; • Dependem da cooperação do pacientes; • Mais fácil desadaptação (com o crescimento, irrupção dos dentes). Aparelhos Removíveis • Hawley para manutenção de espaço (que há dois tipos). • Mantenedor com uso estético; • Recuperador de espaço (Benac); • Expansor (Torno); • Movimentos individualizados (molas digitais – para ser atividadas). Tecnologia CAD-CAM • O acesso a odontologia digital, utiliza-se softwares de planejamentos e impressoras 3D para fazer monofaturas e design. Neste caso foi utilizado com resina compatível, pra ser estético e servir como mantenedor de espaço Procedimentos de recuperação de espaço Manutenção x Recuperação do espaço • Extrações precoces de dentes decíduos são ainda uma realizada no Brasil; • Fatores que vão definir entre manter ou recuperar um espaço são: ➢ Se já houve inclinação mesial do dente posterior à perda (faz a recuperação de espaço para levar a posição original); ➢ Espaço disponível para irrupção do dente permanente (se for bom, faz a manutenção. Se for insuficiente, a recuperação); ➢ Quantidade de inclinação do dente em direção à perda. Aparelhos recuperadores de espaço • Dispositivos usados na correção de pequenas perdas de espaço; • Seu uso pode ser importante evitando impacção de dentes permanente em casos de perda precoce. 1. Molas Digitais • Usadas em placas de resina acrílica com grampos de retenção e presença de molar digitais para deixar os fios mais flexíveis; • Pode ser usada em todas as regiões (podendo ser ondulado em direção ao incisivo, helicóide em direção ao molar). O importante é ter o fio mais longo do que seria naturalmente para garantir flexibilidade; • Ativada por meio de alicates ortodônticos 2. Mola de Benac • Indicado em regiões posteriores; • Trabalha bem verticalizando os molares que sofreram mésio angulação pela perda precoce do segundo molar decíduo. • Essa mola segue como se fosse uma gota na região de espaço, e encaixa no dente. Geralmente é colocada abaixo do equador protético. • A ativação é feita em pequenas quantidades para evitar desadaptação; • Ativar até a metade da coroa do dente a ser distalizado; • Usar alicate 139 ou meia cana 3. Tornos • Torno anterior pode ser utilizado para vestibularizar incisivos, ou expandir uma arcada que perdeu largura pela falta de um dente; • Podem ser usados bi ou unilateralmente; • Deve-se ter em mente a unidade de ancoragem e unidade ativa; • Se colocar transversal (empurra e expande) e invertido 90º empurra para anterior; Tipos de utilização de tornos: • (a) Torno sendo utilizado em um dente cruzado, que foi colocado invertido somente na região do incisivo. O acrílico adaptado, é feito a abertura. E uma 1 vez a cada 10 dias, é feito ¼ de voltas; • É importante fazer um levante de mordida (c), para fazer a correção dos dentes cruzados (efeito que gera recessão gengival). Confecção de dispositivos de manutenção de espaço 1. Banda ortodôntica • Acessório metálico cimentado ao dente “famoso anel” (com ionômero de vidro ou cimento resinoso que é menos sensível que o ionômero e demora mais a soltar); • Serve como interface entre a superfície do esmalte e o dispositivo ortodôntico (solda algo a ela, um mantenedor, mola, alça); • Apresenta alta resistência; • Simples confecção, prático, custo acessível; • Possibilidade de transferência para trabalhos laboratoriais mais complexos. Procedimento clínico para o mantenedor de espaço: 1. Afastamento • Muito usado para quebrar o contato dos dentes e possibilitar a instalação da banda. Coloca-se um anel de borracha na mesial e distal do dente que causa uma pequena movimentação ortodôntica que permite o espaço para o encaixe da banda; • Antes de colocar, avisar o paciente que irá sentir um incômodo e pressão sobre o dente;. • Orientar a não passar o fio dental na região que ficar com o anel de borracha até o próximo retorno (1 semana). • Avisar o paciente ou responsável que pode haver dor nas próximas horas ao afastamento, durando em média 3 dias; • Em casos de muito incômodo prescrever analgésico; • Pedir o paciente para observar se a borrachinha ainda está mantida. 2. Adaptação das bandas (bandagem) • Bandagem - Inserir o cimento resinoso na parte interna da banda e colocar no dente, utilizando o calcador (“rabo de peixe”) somente sobre a banda e posteriormente usar o mordedor de banda, retirar, pede ao paciente para morder com força. • Solicitar as bandas individuais na esterilização; • U (superior), L (inferior); • A banda deve estar justa ao dente, com o mínimo de espaço entre a coroa e a banda; • Não deve estar acima da crista interproximal; • Posicionar com a mão, conferindo a forma com o espelho oclusal. • No ponto mais alto, posicionar o calcador de ponta triangular sobre a banda; • Pedir parao paciente encostar os dentes levemente e, após se assegurar de que o calcador está firme, pressionar com força; • Após a banda estar na altura ideal, usar o calcador rabo de peixe para adaptar (brunir) a banda, pressionando-a horizontalmente contra o dente em regiões desadaptadas; 3. Moldagem de transferência • Escolha da moldeira e verificação na boca do paciente; • Moldagem (manipulação do alginato + inserção na boca do paciente para pegar toda a região dos dentes + após o tempo de presa realizar um movimento só) • Desinfectar o molde; • Fixar a banda com alginato ou grampos (após remover a banda da boca do paciente); • Vazar o gesso comum manualmente (cuidado com o deslocamento da banda nesse momento); • Após o gesso tomar presa, usar uma espátula para auxiliar na remoção, batendo nos excessos do modelo para soltá-lo da moldeira 4. Envio para o laboratório • Preencher o pedido do laboratório, especificando nome do paciente, do aluno responsável e tipo de aparelho (contato telefônico). Conferir com o professor responsável; • Entregar para a secretária da clínica (modelo e pedido); • Informar os responsáveis pelo paciente do motivo do uso do aparelho (diagnóstico e planejamento) e custos envolvidos; • Os pais devem repassar o valor ao laboratório responsável e enviar o comprovante para o aluno. O aluno deve enviar uma foto para o laboratório do pedido e do comprovante de pagamento 5. Instalação do aparelho • Seguir as etapas de afastamento realizadas previamente; • Realizar profilaxia, isolamento relato e manter o ambiente seco; • Manipular ionômero de vidro de cimentação; • Passar na parte interna da banda, cervicalmente (fazer isolamento relativo); • Posicionar a banda e realizar a adaptação com calcador (mordedor); • Remoção dos excessos na oclusal; • Aguardo da presa do material; • Proteção com verniz cavitário ou esmalte dentário ou vaselina. 1º consulta (plano de tratamento + planejamento + explicação para o paciente + afastamento + moldagem (se der tempo – quando não precisar afastar); 2º consulta (afastador + adpta a banda) Biologia da Movimentação Dentária Movimentação ortodôntica • A ortodontia é a especialidade que atua por meio da aplicação de forças no processo de equilíbrio (homeostasia) do tecido conjuntivo peridental; • Ferramenta: dispositivos ortodônticos; • Método: através de aplicação de força; • Alvo: tecidos peridentais; • Objetivo: Movimentação dentária e correção de deformidades dentofaciais. Homeostasia • Propriedade do nosso organismo de buscar um estado de equilíbrio; • Processo de auto-regulação perante mudanças ambientais e locais. Força ortodôntica/ortopédica • Força aplicada intencionalmente aos ossos e dentes, visando a correção de alterações por meio da reorganização destas estruturas; • Causa uma quebra da homeostase; • Na busca por equilíbrio, se desencadeiam vários processos bioquímicos que causam, entre eles, inflamação (por isso o paciente sente dor); • Ao cessar a força aplicada, o corpo atinge novamente a homeostasia. Duas principais linhas de pensamento 1. Teoria da deformação do osso alveolar; 2. Teoria da pressão e tensão no ligamento periodontal (LP) • Sandstedt (1904), Oppenheim (1911) e Schawarz (1932); • O dente se move no espaço periodontal criando um lado de pressão e um de tensão; O que acontece? • Fez a aplicação de força e o dente movimenta para um lado. O lado que está sofrendo pressão vai fazer o recrutamento de osteoclastos que vão reabsorver o osso. E o lado que está sofrendo tensão, vai haver o recrutamento de osteoblastos que vão realizar a deposição óssea • No lado de compressão há o fechamento dos vasos sanguíneos e hipóxia (recrutamento de osteoclastos - reabsorção); • No lado de tensão há aumento de fluxo e replicação celular (recrutamento de osteoblastos). • Alguns fatores invalidam essa teoria: Por que se tem aplicação de força, tem a presença das mesmas células de um lado e do outro e a mesma intensidade de força não conseguiria explicar o porque de haver mediadores diferentes. Portanto, não seria somente a tensão e pressão fazendo isso acontecer, por que a Biologia da Movimentação Dentária única coisa que muda é a direção da força, ambos lados fenômenos bioquímicos semelhantes. Então surgiu uma adaptação, a partir da Lei de Wolff (1892): • O osso em uma pessoa saudável vai se adaptar perante as cargas sob o qual ele é submetido. Alguns estudos mostraram a mecanotransdução: • Processo em que sinais mecânicos são convertidos (a medida que são dissipados em nossos ossos) em sinais bioquímicos para sinalização celular; • A massa e arquitetura óssea é definida por padrões de carga mecânica (além da nossa genética – pacientes que possuem alterações de mordidas haverá diferentes distribuições de força que irão alterar o formato do rosto do paciente); • Essas mudanças dependem de: ➢ Duração; ➢ Magnitude; ➢ Direção • Esse processo pode ocorrer em: ➢ Osso; ➢ Matriz extra-celular; ➢ Medula óssea; ➢ Ligamento periodontal; ➢ Fáscias (envolve o rosto). Aplicação de força: • Estresse no osso alveolar em volta do dente; • Inflamação e desorganização do LP; • Respostas celulares (iniciadas por osteócitos); • Estímulos de recrutamento de osteoblastos e osteoclastos. Resposta celular: 1. O estímulo irá causar uma resposta intracelular (osteócito irá fazer alteração; 2. Sinalização intracelular; 3. Transcrição do (mRNA) 4. Tradução (proteína); 5. Resposta celular; 6. Efeito. Teoria do fluxo de fluídos A aplicação de carga no dente leva a: • Estresse da matriz óssea e aumento no fluxo de fluídos; • Estresse celular; • Ativação e diferenciação celular; • Remodelação tecidual Posso movimentar dente com doença periodontal? Movimentação ortodôntica x periodontite • Os mediadores da reabsorção óssea na movimentação ortodôntica desencadeiam uma resposta muito similar a doença periodontal; • Apesar de ser uma micro-inflamação, quando associada a DP pode exponencializar a morbidade, levando a perda óssea excessiva. Células envolvidas – Osteoblastos: • Células uni-nucleares formadoras de osso; • Origem mesenquimal; • Liberam Osteoprotegerina, que compete com o fator RANKL e inibe a ação osteoclástica Recrutamento de osteoblastos: • Osteócitos liberam fatores de recrutamento de osteoblastos; • Aumento de OPG e redução de RANKL; • Inibição de osteoblastos e consequentemente aumento de perda óssea; • O mesmo estímulo, mas com sentido oposto gera resposta completamente diferentes. • Em pacientes com do DP controlada o movimento ortodôntico pode ser feito, pois se a DP não estiver ativa, tem-se uma quebra na quantidade de recrutadores do osteoclasto. Com quanto tempo o dente movimenta? • Imediatamente após a aplicação de força ele já se movimenta comprimindo o LP; • O processo de recrutamento de osteoclastos leva em torno de 3 dias; • A partir desse período temos remodelação e movimento dentário (diminui a compressão e a dor na região); • Deve-se aguardar um tempo para que haja redução da infamação e reparo local (descanso). E se eu colocar muita força no aparelho? Pressão excessiva irá gerar: • Morte celular de todos osteócitos na região, formando uma área hialinizada (sem células); • Não causa osteoclastogênese; • Não causa reabsorção no local; • Reabsorção ocorre mais distante, onde a força já foi dissipada • -Reabsorção solapante (reabsorve o osso alveolar de longe) • Movimento de pulo do dente; • O paciente sente mais dor e efeitos colaterais. No corte histológico é possível notar a reabsorção excessiva, com reabsorção radicular. Parte branca (região hialinizada). Círculo maior(reabsorção solapante): Se reabsorve osso, reabsorve raiz? A camada de células que fica entre a raiz do dente e o ligamento periodontal é o cementoblasto, e quando há inflamação ele não consegue se comunicar com o osteoclasto e faz com que proteja a raiz do dente (reabsorve só o osso). Cementoblastos • Células do LP anexas ao cemento; • Depositam cemento celular e acelular sobre a dentina radicular; • Não possuem receptores para os processos de reabsorção. • O osteoclasto quer reabsorver dentina e o cementoblasto impede que isso aconteça. Porém, quando aplica força excessiva os cementoblastos são mortos e o osteoclasto consegue chegar na dentina. Reabsorção radicular • Perda de material na raiz dentária ➢ Cemento; ➢ Dentina • Ocasionado por compressão excessiva; • Sujeita a variação anatômica da raiz; • Morte dos cementoblastos; • Exposição da raiz à ação osteoclástica Pode acontecer: B. Ápice radicular (muito comum) Deve investigar os fatores da reabsorção • Todo mundo que já usou aparelho já teve reabsorção, faz parte da movimentação. É um efeito colateral. Quando faz a compressão da raiz, tem um osso desorganizado, células brancas (faixas brancas). Portanto, se reabsorve o osso pode reabsorver a raiz sim Mas a raiz reabsorvida volta? Reparo radicular acontece: • Se inicia com a cessação das forças; • Recuperação da camada cementoblástica; • Pequenos danos podem ser reparados; • Danos extensos se mantém. Tratamento de canal resolve reabsorção externa? • Cementoblastos são as células envolvidas na reabsorção externa; • Sua morte se dá por fatores externos ao canal radicular; • Se a reabsorção externa se manteve, algum outro fator esteve relacionado (trauma, má- postura de língua, hábitos deletérios); • Endodontia nesse caso não é a solução. Este é um caso de reabsorção, que a paciente já tinha antes do tratamento (devido a mordida aberta e interposição de língua). Portanto, deve sempre tirar as radiografias antes do tratamento Qual aparelho causa menos reabsorção? • A célula do ligamento periodontal não tem olho para saber que aparelho está sendo usado; • Aparelhos geram força; • Células respondem a estímulos; • O aparelho A ou B vai gerar força de uma maneira ou de outra. Depende mais de quem está fazendo a ativação do que de qual material é usado. Posso tratar dentes já reabsorvidos? • Biologicamente sim. • Vai depender da predisposição genética ou local desfavorável (da quantidade que foi reabsorvido); • Forças devem ser muito reduzidas; • Espaçamento entre consultas; • Acompanhamento radiográfico (3 meses). Fatores que influenciam no tratamento ortodôntico • Genética; • Fármacos (pacientes que usam medicamentos para osteoporose pro ex pode ter alterações pois o osso é mais poroso e tem-se reabsorção radicular; • Doenças sistêmicas; • Anamnese e pesquisa são suas aliadas! Anti-inflamatórios x movimentação • Quando usa AINES atuam sobre a cadeia COX- 2 (mesma cadeia que atua na movimentação dentária) • Risco de inibir movimentação dentária; • Quando usa o acetominofeno (paracetamol) atua sobre COX-3, não relacionada à movimentação dentária. ➢ Uso deve ser feito pontualmente; ➢ Limitar dose; ➢ Buscar outras alternativas para controle de dor; • Evidência moderada A movimentação dentária sempre causa inflamação, e consequentemente gera dor. A melhor recomendação é não prescrever medicamento! Dentes movimentam mais rápido em crianças do que em adultos? • Novamente, pela teoria de deformação do osso, sim; • Osso em crianças é menos mineralizado, menos denso; • Mais susceptível a deflexão e estimula os osteócitos a recrutar osteoclastos; • Maior velocidade do tratamento. Dentes movimentam mais rápido em locais de extração? • Sim, pela teoria de deformação do osso; • Locais de extração recente possuem osso em formação (osteóide); • No geral, há menos densidade e por isso, maior deflexão óssea
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