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tutoria cefaleia Cefaleia é um dos sintomas médicos mais frequentes na prática clínica. É definida como toda dor que acomete a região da cabeça, que começa acima dos olhos e vai até o final da região de implantação capilar. Abaixo dos olhos a dor é definida como facial, e abaixo da implantação capilar, é definida como dor cervical. epidemiologia: A prevalência da cefaleia ao longo da vida é elevada. Sendo de 94% nos homens e 97% nas mulheres. Cerca de 70% das pessoas apresentaram esse sintoma no ultimo ano. No ambulatório de CM, é a terceira queixa mais frequente, sendo responsável por quase 10% das consultas não agendadas, e a principal causa para busca de serviço neurológico. classificação das cefaleias: · Etiológica: Cefaleias primárias: doenças cujo sintoma principal, mas não necessariamente o único, são os episódios de cefaleia. Cefaleias secundárias: são um sintoma de uma doença subjacente, seja neurológica ou sistêmica (ex: meningite, dengue, tumores). As causas desse tipo de cefaleia devem ser investigadas por meio de exames complementares. · Quanto a Forma de Instalação: 1. Explosiva: surge abruptamente em segundos e atinge seu pico em instantes, geralmente causada por ruptura de aneurisma. 2. Aguda: a intensidade máxima é atingida em alguns minutos ou poucas horas. -Aguda emergente: cefaleia nova, nunca experimentada previamente. Pode se instalar em minutos (hemorragia de subaraccnóide) ou em horas e dias (sinusite, meningite, encefalite) -Aguda recorrente: cefaleia já experimentada pelo indivíduo, ocorre em crises, sua intensidade atinge o auge em poucas horas, como a enxaqueca e cefaleia tensional. 3. Subaguda: de evolução progressiva, chega em seu ápice em poucos dias ou até 3 meses, a causa mais comum é um tumor de crescimento rápido 4. Crônica: cefaleia em mais de 15 dias por mês, por mais de 3 meses -Não progressiva: cefaleia por mais de 3 meses, e sem muita variação de intensidade com o tempo. -Progressiva: cefaleia que, com o passar dos meses, evolui a intensidade da dor. Exemplo: neoplasia intracraniana. Cefaleias primárias: 1. Enxaqueca: Modalidade de cefaleia herdada, que normalmente é unilateral, mas pode ser bilateral. Sua intensidade varia de moderada a intensa. É agravada por exercício físico e também, pelo período menstrual nas mulheres. A dor surge a qualquer momento e pode persistir entre 4 e 72 horas. Pode acompanhar: náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. Epidemiologia: 15% a 20% em mulheres e 4% a 7% nos homens, nas crianças tem uma prevalência de 17% tanto em meninas como em meninos. Durante a puberdade, a prevalência aumenta nas meninas e segue sendo maior pelo resto da vida. A enxaqueca sem aura é a mais prevalente, responsável por 75% dos casos, a aura está presente em 25%. Fisiopatologia: -Hiperexcitabilidade cortical: o encéfalo do enxaquecoso é hiperexcitável, essa hiperexcitabilidade é herdada (herança poligênica), e possivelmente em decorrência da deficiência do ion magnésio encefálico, alterações nos canais de cálcio voltagem-dependentes e aumento dos aminoácidos excitatórios (aspartato e glutamato). -Sintomas premonitórios: precedem a cefaleia por horas ou dias, nesta fase, paciente pode-se apresentar com irritabilidade, dificuldade de foco e memorização, raciocínio lento, desânimo e avidez por certos alimentos. Ocorre devido a um distúrbio límbico-hipotalâmico. -Aura: complexo de sintomas neurológicos que se desenvolvem gradualmente, ao longo de 5min e se duram até 60 min. Aura é um distúrbio visual, como distorção, perda de um dos hemicampos visuais, ou presença de pontos fosfenos. Podem incluir vertigem e afasia. -Cefaleia: Na enxaqueca, a alteração genética de um canal de cálcio cerebral específico provoca um estado de hiperexcitabilidade, com metabolismo cerebral anormal, que torna o SNC mais susceptível a estímulos externos (como luminosos e alimentares) e internos (stress emocional, por exemplo). Áreas específicas na porção média do tronco cerebral se tornam particularmente excitáveis, funcionando como centros geradores das crises. Náuseas e vômitos decorrem da excitação do núcleo do trato solitário. A DA, que surge em decorrência da hiperexcitabilidade do córtex cerebral, leva à ativação do sistema trigeminovascular, tanto nos vasos da periferia quanto do núcleo trigeminal no tronco cerebral, o que provoca dor. Eventualmente, a DA pode ser subclínica, provocando, neste caso, a enxaqueca sem aura. Se clinicamente manifestada, a DA corresponderá à aura enxaquecosa, cuja natureza (visual, motora, sensitiva, etc) variará de acordo com a(s) área(a) cortical(ais) atingida(s). Nas meninges, a inflamação neurogênica provoca a liberação de substâncias neurotransmissoras vasodilatadoras, como o CGRP e a SP, que interagem com outras substâncias liberadas localmente pelo próprio vaso e por fibras nervosas de outra origem, reflexamente. Estas substâncias incluem outros peptídeos, o NO, ACh, 5-HT, entre outras. A excitação do sistema trigeminal caminha antidromicamente pelas redes perivasculares, difundindo o processo de inflamação neurogênica. Ortodromicamente, os estímulos trigeminais atingem o tálamo e posteriormente o córtex cerebral, contribuindo para a dor. A enxaqueca não é caracterizada pela presença de cefaléia mas pelo estado de susceptibilidade constante que torna o enxaquecoso permanentemente sujeito a uma crise, mediante fatores desencadeantes. Para que o fator desencadeante possa eventualmente provocar uma crise (e não é obrigatório que o faça sempre), é necessária a pré-existência da susceptibilidade enxaquecosa, comum a todos os doentes. -Pósdromo: fase de exaustão em que alguns pacientes necessitam de um período de repouso para restabelecimento. Fatores de Piora: e Estresse, menstruação, alimentos, bebidas alcoólicas, luz forte, calor, odores, fome, privação de sono. Fatores de Melhora: Repouso no silêncio e escuro, sono e compressas temporais frias. Diagnóstico: Observação de pelo menos 5 crises preenchendo 3 critérios: · Cefaleia om duração de 4 a 72h (sem tratamento ou tratamento ineficaz) · Preencher pelo menos 2 das características: unilateral, pulsátil, intensidade moderada ou forte, ou exacerbada por atividade física · Durante a dor, observar pelo menos 1 das ocorrências: náuseas e/ou vômitos, foto e fonofobia, não atribuída a outro transtorno Quando a crise for com aura, somente 2 crises preenchendo os critérios de 1 a 3 fecham o diagnóstico. Tratamento: a. Sintomático- abortivo: Indicado para crises pouco persistentes e bem toleradas. -Dor leve a moderada: devem ser usados analgésicos simples, AINH e AIH, VO, EVE e IM (dipirona, paracetamol naproxeno, ibuprofeno, piroxicam, cetoprofeno). -Dor forte ou persistente: recomenda-se ergotamínicos (sublingual, retal ou nebulização), triptanos são mais eficientes porém são contraindicados para pasicentes com hipertensão, doença coronariana, insuficiência vascular periférica. Recomendações: manter paciente em local tranquilo, silencioso e sob penumbra, administrar antiemético em caso de vômitos, caso não haja melhora da dor ou piora, duas horas após observação, encaminhar paciente para neurologista. OBS: administrar dexametasona em pacientes com dor por mais de 72h, e 3 doses no máximo de clorpromazina. b. Profilático: Tem como objetivo a diminuição da intensidade e da frequência das crises, e prevenção ao abuso de analgésicos. Escolha deve ser baseada no perfil do paciente. Podem ser usados: -Betabloqueadores -Antiepiléticos -Antidepressivos tricíclicos -Bloqueadores de canal de cálcio -Antagonistas da serotonina 2. Cefaleia Tensional: É a mais frequente das primárias. Sua crise é de fraca a moderada intensidade, com sensação de aperto ou pressão, na maioria das vezes é bilateral, pode ser holocraniana, frontal ou occitpital. Costuma a melhorar com atividades físicas e surge no final do dia, relacionando-se com estresse físico (canaço, exagero de atividade física sob o sol), muscular (má postura, posição no sono), ou emocional. Pode haver hipertonia da musculaturapericraniana à palpação. Pode ser -Episódica frequente: 1-14 dias/mês -Episódica infrequente: menos de 1x/mês -Crônica: 15 dias ao mês Epidemiologia: Acomete cera de 80& da população, no Brasil, há uma prevalência de 13%, discretamente maior no sexo feminino. Mais frequente na idade reprodutiva, diminuindo com a progressão da idade. Quadro Clínico: Possui duração de 30min a 7 dias, não costuma estar associada `a náuseas e vômitos, foto ou fonofobia. Fisiopatologia: Origem na musculatura pericraniana em pontos musculares de gatilho, assim, a dor é um problema muscular referido para a cabeça. O aumento da frequência das crises gera sensibilização de neurônios, levando a maior facilidade de desencadear outras crises. Pode estar relacionado com anormalidades da cervical ou músculos mastigatórios. Diagnóstico: 10 episódios de dor atendendo aos critérios: · Duração de 30min a 7 dias · Apresenta pelo menos 2 características: bilateral, não pulsátil, intensidade leve a moderada, não agravada por esforço físico · Ausência de náuseas e vômitos (pode ocorrer anorexia), ter foto ou fonofobia, mas não as 2. · Não se encaixar em outro diagnóstico de cefaleia Tratamento: Geralmente pacientes possuem boa resposta à medicação, a profilaxia é reservada para aqueles com crises muito frequentes. As terapias não medicamentosas têm resultados satisfatórios, como por ex a acupuntura, manejo do estresse e massoterapia. Nas crises agudas, esta indicado uso de analgésicos simples (paracetamol e dip), e AINH (ibuprofeno). Tratamento profilático: amitriptilina é a droga de escolha, previne em 80% dos casos a cefaleia. 3. Cefaleia Crônica Diária: Transtorno inespecífico, geralmente por enxaqueca ou cefaleia tensional inadequadamente tratadas, com abuso de medicação analgésica ou ergoticos. É definida como cefaleia ocorrendo 15 dias ou mais por mês, durante pelo menos 3 meses. A maioria são cefaleias que se cronificam. Fisiopatologia: Utilização indiscriminada de remédios para controle da dor, causando resistência ao tratamento. A sensibilização diária, causa alodinia, em que um estimulo doloroso, é percebido mais intensamente. Diagnóstico: Baseado na história, importante excluir as cefaleias secundárias, e diferir qual foi o tipo de cefaleia que se cornificou: enxaqueca crônica, cefaleia tensional crônica, cefaleia diária persistente ou hemicraniana continua. Tratamento: O primeiro passo é a desintoxicação da medicação usava indiscriminadamente, utilizando como resgate AINH, corticoesteroides, clorpromazina e clonidina. Simultaneamente, instituir uma medicação profilática potente: antidepressivos tricíclicos e antiepiléticos, além de tratamento psicológico, já que frequentemente se associa a distúrbios psiquiátricos. 4. Cefaleia em Salvas: É uma cefaleia excruciante, trigemino-autonômica, a mais frequente, sendo 85% dos casos em homens. Fisiopatologia: Considera-se a hipótese de vasculite ou inflamação do seio cavernoso, associadas a alterações autonômicas e hipotalâmicas. Quadro Clínico: Dores unilaterais muito intensas associadas a fenômenos autonômicos ipsilaterais, geralmente em região orbitária, supreaorbitária e temporal. A crise dura de 15 a 180min, pode ocorrer cerca de 8x por dia ou até 1 a cada 2 dias, na maioria das vezes durante a noite. Associadas a sinais neurovegetativos: congestão conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, rinorreia, sudorese facial, miose, ptose, e edema palpebral. Paciente fica inquieto com a dor. Desencadeantes: bebida alcóolica, hipoxemia, e vasodilatadores. Pode estar associada: adenoma de hipófise, tumor do seio cavernoso, etc Diagnóstico: Pelo menos 5 crises, preenchendo os critérios: · Dor muito forte unilateral, de 15-180min, em região orbitária, supraorbitária e/ou temporal. · Acompanha pelo menos 1 dos seguintes: inquietação, ou 1 sintomas neurovegetativos · Crises de 8x ao dia, ou 1 a cada 2 dias · Não atribuída a outro transtorno Tratamento: -Agudo: inalação de O2 puro (6l/min) em máscara, com alivio entre 5 e 15min, e em caso de persistência, uso de triptanos e ergotaminicos. -Profilaxia: verapamil, carbonato de lítio 5. Hemicraniana Paroxistica Noturna: É mais prevalente no sexo feminino, e geralmente iniciada na segunda década de vida. Quadro Clínico: -É unilateral, em geral em áreas orbitárias, supraorbitária e temporal, forte intensidade. -Crises duram de 2 a 30min, com frequencia acima de 5 crises por dia. Acompanham sintomas neurovegetativos. Diagnóstico: Desaparecimento das crises com indometacina por via horal, entre 48h e 72h. O tratamento deve ser mantido por longos períodos. 6. Hemicraniana Contínua: Diária, contínua e sempre unilateral, não muda de lado. -Não existem períodos de remissão, a dor é moderada e pode se exacerbar para intensa. Intensidade flutuante, sem fatores desencadeantes. -EXCLUIR CEFALEIA SECUNDÁRIA COM EXAMES -Responsiva a indometacina. 7. SUNCT: Curta duração, unilateral, neuralgiforme, com injeção conjuntival e lacrimejamento. -É unilateral e não alterna lados, dura de 5s a 4 min. -Pouco responsiva a tratamento medicamentoso, mas deve-se tentar gabapentina, topiramato e lamotrgina. RESUMO: cefaleias secundárias: Para que uma cefaleia seja considerada secundária: 1. Condição em questão seja sabidamente capaz de causar cefaleia 2. Cefaleia desenvolveu-se em relação temporal com a condição subjacente Sinais de alerta para cefaleia secundária: Geralmente, esse tipo de cefaleia possui causas graves que devem ser tratadas imediatamente.
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