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Síndrome do corrimento genital Vulvovaginites Inflamação ou infecção de vulva ou vagina. Corresponde a 50-70% das queixas ginecológicas. Estima-se que 10 milhões de consultas por ano sejam decorrentes de sintomas relacionados às vulvovaginites. · Ambiente vaginal fisiológico: Glândulas sebáceas, sudoríparas, de Bartholin e de Skene: produzem secreções fisiológicas. Fase hormonal influencia no tipo e na quantidade de células. Uma mulher em idade reprodutiva tem uma vagina fisiologicamente lubrificada. · Conteúdo vaginal fisiológico: Muco cervical, células vaginais e cervicais, secreção das glândulas, proteínas, glicoproteínas, carboidrato, pequena quantidade de leucócitos e microrganismos da flora vaginal. - Secreção vaginal fisiológica Normalmente a mulher apresenta uma secreção com as seguintes características: · Consistência flocular · Branca ou transparente · Presente no fundo da vagina · Microscopia da secreção: Células epiteliais superficiais, poucos leucócitos e poucas células indicadoras (Gardnerella Vaginalis) · pH 4,5 (ácido) - Conteúdo vaginal fisiológico: Aeróbios (lactobacilos acidófilos, Staphylococcus epidemidis, Streptococcus spp., Escherichia coli), anaeróbios facultativos (Gardnerella vaginalis), anaeróbios estritos (Prevotella spp.,Bacteroides spp) e fungos com destaque para a Candida spp. O Lactobacillus sp. representam 90% das bactérias presentes na flora normal de uma mulher sadia em idade reprodutiva, e respondem pelo pH ácido que inibe o crescimento de bactérias nocivas à mucosa vaginal. Existe um conjunto de mecanismo de defesa da região genital contra agressões externas: Vaginose bacteriana - Existe uma alteração na flora bacteriana vaginal normal, onde ocorre a perda de lactobacilos produtoras de H2O2 (peróxido de hidrogênio). Supercrescimento de bactérias anaeróbicas: Gardnerella vaginalis, mobiluncus, bacteróides, mycoplasma hominis - Características clínicas: · Odor desagradável; · Corrimento: pequena intensidade, homogêneo e branco acinzentado · Não apresenta habitualmente prurido, ardor, queimação. · Comum recorrência. · Maior risco de DIP, DIP pós-abortamento, infecções pós-operatórias da cúpula vaginal após histerectomia, citologia cervical anormal O aumento da proliferação dessa bactéria anaeróbia, pode ascender e gerar um quadro de DIP. - Diagnóstico: Para diagnóstico é necessário de pelo menos 3 critérios dos 4: Critérios de Amsel: · Corrimento vaginal branco acizentado em pequena quantidade; · pH = ou > 4,5 · Teste de aminas (Whiff) positivo · Presença de Clue Cells - Exame bacterioscópico: · Usar exame a fresco ou corado pelo gram · Presença de clue cells · Número pequeno ou inexistente de leucócitos · Não se faz culturas Não há reação inflamatória, por isso, existe um número pequeno de leucócitos. -Tratamento (prova!!) Metronidazol é o fármaco de escolha Uso: 2g VO, dose única ou 400mg, VO, de 12/12 horas, por 7 dias; Tinidazol 2g VO, dose única Parceiro não precisa ser tratado. · Não é DST! Preferencialmente, trata-se gestante após o primeiro trimestre, com a mesma indicação para mulheres não grávidas Pacientes imunodeprimidos, Vaginose Bacateriana recorrentes e/ou associado a Mobiluncus Clindamicina (antibiótico)– 300mg via oral, 2x ao dia por 7 dias ou creme vaginal (2%), uma vez à noite, por 7 dias Candidíase vulvovaginal Interfere muito na qualidade de vida da mulher, inclusive o ato de coçar pode gerar fissuras. · 75% das mulheres já foram acometidas por uma espécie de Cândida · 40 - 50% - terão segundo episódio · 5% - terão recorrência (4 ou mais episódios em 12 meses) 80 - 90% dos casos tem etiologia Cândida Albicans 5 - 10% é Cândida Glabrata - Características: · Microorganismo comensal (O comensal é aquele que se beneficia de um ser vivo – no caso, a gente – mas sem lhe causar danos); · Capacidade dimórfica (esporos/hifas) · Sistema imune do trato genital – regula transformação para estado infeccioso · Frequente na menacme (idade fértil da mulher) · Sintomáticos – concentração desses organismos >104 /ml - Fatores predisponentes: · Gestação; · Diabetes Mellitus; · Contraceptivos orais; · Uso de antibióticos: Causa um desequilíbrio na flora vaginal, gerando uma proliferação de fungos; · Uso de corticosteróides · HIV; · Hábitos higiênicos inadequados; · Roupas íntimas justas ou sintéticas; - Características clínicas: Principal sintoma: prurido genital Corrimento: Esbranquiçado, aderente à parede vaginal (grumoso); Pode ocorrer disúria e dispareunia (superficial) - prova! Piora no período pré-menstrual provavelmente por alterações hormonais e imunológicos; Exame ginecológico - eritema e/ou edema e/ou fissura na vulva Exame especular - conteúdo vaginal aumentado e placas aderidas a parede vaginal ou colo uterinos - aspecto de leite coalhado; Pode ter fluido esbranquiçado; pH < 4,5 - consegue se desenvolver em pH ácido, não há alteração do pH - prova! O teste de Whiff é negativo, não tem mal cheiro, odor característico. Ocasionalmente pode ocorrer corrimento amarelado - vaginose bacteriana; Nesse caso é necessário o uso de um tratamento polimicrobiano que ser tanto para fungo quanto para bactéria, mesmo sem saber qual microrganismo especificamente está patologicamente na flora vaginal. - Diagnóstico: O diagnóstico é basicamente CLÍNICO. Normalmente, NÃO é solicitado cultura, se pede apenas quando é necessário fazer uma pesquisa sobre o caso da paciente (casos específicos); Bacterioscopia a fresco – pode ser negativo em aproximadamente 50% das culturas Se for negativo continuar investigação Visualiza-se no microscópio hifas ou esporos Bacterioscopia com coloração pelo método de gram – melhor definição de hifas e esporos Cultura: Sabouraud Nickerson Teste das aminas é negativo ( lembrar que não há odor) - Tratamento: Fluconazol via oral é uma excelente medicação e comumente utilizado; Nas recividas é necessário que faça o uso combinado do medicamento via oral e local. Não é indicado o tratamento do parceiro por não ser uma IST. Episódios isoladas – preferencialmente via vaginal – Miconazol creme vaginal a 2% ou óvulos vaginais de 100mg uma aplicação ao deitar durante 7 dias. Pode-se utilizar também: tioconazol, isoconazol, terconazol, clotrimazol, nistatina, fenticonazol Os azóis é o tratamento mais frequente e mais efetivo que a nistatina. Em casos de recorrência, é necessário fazer um tratamento sistêmico. Aspectos observados: · Confirmação microbiológica pela cultura · Identificação e tratamento dos fatores predisponentes · Avaliar a necessidade de indução e manutenção da terapia supressora com azólicos - Utiliza-se fluconazol - 150mg, 1x por semana por até 6 meses; · Apoio psicológico Tricomoníase Vaginal É um protozoário, que causa IST, por tanto deve-se investigar se existe outras ISTs, inclusive HIV. É uma IST curável; Alta taxa de transmissão; 70% dos homens contraem a doença após uma única exposição; Causa colpite - inflamação do colo; Características: · Célula polimorfa – pseudópodes · Forma trofozoítica flagelada · Não sobrevive fora do sistema · urogenital · Divisão binária longitudinal · Anaeróbio facultativo Organismo cresce em pH > 5 (mais alcalino, existe alteração do pH) Teste das aminas (Whiff) positivo Existe um processo inflamatório importante! - Causa colpite (inflamação do colo do útero) - Fatores de virulência: Cisteína proteinase – citotóxica e hemolítica Degrada a porção C3 do complemento Degrada IgG, IgM e IgA Adesinas Glicosidases - Transmissão: Via sexual; T. vaginalis pode sobreviver por mais de uma semana no prepúcio do homem sadio O homem é o vetor da doença; Tricomoníase nenonatal é adquirida durante o parto; - Características clinicas: Pode até ser assintómatica, porém não é o mais comum. Normalmente, provoca um quadro inflamatório agudo. Corrimento purulenta (amarelo esverdeado) com odor desagradável; Existe queimação, prurido, disúria, polaciúria e dispareunia; Pode ocorrer sangramento pós-coito; - Exame físico e especular: Eritema da vulva e mucosa vaginal, corrimento bolhoso amarelo-esverdeadocom odor desagradável, colpite multifocal (aspecto de framboesa) com pequenos pontos hemorrágicos na vagina e no colo. - Complicações: Problemas relacionados com a gravidez Ruptura prematura de membranas, parto prematuro, baixo peso ao nascer, endometrite pós-parto, natimorto e morte neonatal Problemas relacionados com a fertilidade Risco 2x maior Resposta inflamatória pode destruir a estrutura tubária - Diagnóstico: Microscopia – identificar o protozoário no exame a fresco pH>4,5 – teste da amina positivo Bacterioscopia pelo gram – identificação do protozoário Colpocitologia Cultura em meio Diamond – apresenta elevada sensibilidade e especificidade - Tratamento: Nesse caso, é necessário tratar o casal por ser um IST; Metronidazol - 2g VO dose única Dose única - maior aderência, por via oral é mais resolutiva que a vaginal Recidivas ocorrem por falta de tratamento do parceiro, tratamento primário incompleto ou reinfecção Gestantes: Metronidazol é a droga de escolha (500mg VO 2x ao dia por 5 a 7 dias) A partir do 2 trimestre Parceiros: Assintomático e transitório; Resolução espontânea em até 10 dias Tem que ser tratado e suspender relações durante tratamento; Cervicites Conceito: É um processo inflamatório no colo uterino; Assintomática em 80% dos casos; Presença de corrimento endocervical mucopurulento; · Principais agentes etiológicos: Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae Quando esses agentes etiológicos ascendem para o trato genial superior pode causar uma DIP (aumentam o risco para doença inflamatória pelvica) Neisseria Gonorrhoeae Diplococo gram-negativo, não flagelado, sem esporos, encapsulado, anaeróbio facultativo; Essa bactéria tem tropismo pelo epitélio glandular; · Acomete, principalmente, mucosas do trato genital inferior · Período de incubação curto (2 a 5 dias) · Locus primário: endocérvice OBS.: Sangramento intermenstrual devido ao processo inflamatório local (cervicite); Sintomas: cervicite, uretrite, corrimento vaginal, disúria e sangramento intermenstrual, dor pélvica geralmente associada à salpingite. Exame físico: exsudato cervical purulento ou mucopurulento, sem odor. Colo uterino doloroso à mobilização. - Complicações: DIP, obstrução tubária e infertilidade, gravidez ectópica, aborto espontâneo, parto prematuro, conjutivite gonocócica do neonato; Diagnóstico: Nesse caso é cabível pedir cultura; Bacterioscopia da secreção (gram negativo com inúmeros leucócitos), cultura em meio Thayer-Martin (isolamento da bactéria), PCR; Tratamento: Basicamente antibiotico, Azitromicina 1g dose única e Ofloxacina 400g, dose única. Geralmente usa-se Doxiciclina solúvel 100mg,12/12 horas por 7 dias e Tianfenicol 500mg, 12/12 horas por 7 dias. Gestantes: Eritromicina 500mg, 6/6 horas, por 10 dias ou Ampicilina 3,5 g/Amoxicilina 3g, em dose única, precedido de Probenecide, 1g em dose única. Chlamydia Trachomatis 70% assintomáticas; · Tipo de DST · Bacilo gram-negativo, intracelular obrigatório, 17 sorotipos. Tropismo por células epiteliais colunares/cilíndricas. · Sorotipos D à K relacionados as cervicites. · Período de incubação: 14 a 30 dias com evolução mais arrastada. Sintomas: Corrimento vaginal, dispareunia ou disúria podem aparecer. · Exame físico: exsudato mucopurulento, sangramento endocervical, colo edemaciado e hiperemiado, doloroso à mobilização. - Complicações: Uretrite, endometrite, DIP, esterilidade, gravidez ectópica, peri-hepatite, aborto, restrição do crescimento fetal, prematuridade, baixo peso ao nascer, conjuntivite e pneumonia no RN; - Diagnóstico: Bacterioscopia vaginal, cultura em meio McCoy, imunofluorescência direta e PCR. - Tratamento: Azitromicina1g ,dose única, ou Doxiciclina 100mg 2x/dia, por 7 dias. Gestante: Azitromicina 1g, em dose única ou Eritromicina 500mg, 6/6 horas, por 7 dias. Amoxicilina 500mg, 8/8 horas, por 7dias. OBS.: A OMS recomenda o tratamento conjunto da gonorréia na presença de infecção por clamídia.