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DIREITO DO TRABALHO FASES HISTÓRICAS, FONTES E PRINCÍPIOS Fases históricas As fases históricas do direito do trabalho são marcadas por diferentes modos determinantes de produção. O aumento das forças de produção torna possível a passagem de um meio de produção a outro. Na sociedade primitiva, a realização do trabalho era normalmente coletiva, sem divisões sociais, com o fim de atender as necessidades básicas. O trabalho escravo é consequência de guerras e conflitos, no qual os vencidos eram submetidos. Paralelamente a este surgiu o trabalho de homens considerados livres, como camponeses, artesãos e operários. O feudalismo surgiu da distribuição de propriedades por meio da negociação entre os reis e a nobreza romana. A base era o senhor feudal, a terra sobre a qual dominava, e o servo e camponês. Posteriormente corporações foram criadas por artesões insatisfeitos com o modo feudal, e o comércio se fortaleceu. A divisão do trabalho entre as diferentes cidades deu origem às manufaturas, nas quais as relações eram meramente monetárias. O desenvolvimento da exploração industrial mecanizada tem como base a divisão do trabalho e o trabalhador parcial criado pela manufatura. A revolução industrial foi uma resposta à fatores: aumento dos mercados e da demanda, à necessidade de acumulação ínsita ao sistema do capital, uma forma de “disciplinar” os trabalhadores, e o efeito da concorrência. NO BRASIL, foi em razão da concorrência internacional e pela pressão interna dos trabalhadores em busca de melhores condições de vida, que forçaram o aparecimento da legislação do trabalho no Brasil. ENQUADRAMENTO DO DIREITO DO TRABALHO – (POSIÇÃO QUE OCUPA DENTRO DO DIREITO) • Direito social, misto, unitário: Foi considerado social em razão das normas de proteção aos hipossuficientes. Misto no sentido de juntar o direito público com o privado. Unitário ao fundir o direito público com o privado. Nenhuma destas classificações teve êxito em razão do desejo de autonomia do direito do trabalho. • Direito público ou privado: Há a incidência de normas de direito privado, como por exemplo, as com caráter contratual tendo em vista interesses individuais, e normas de direito público, como por exemplo, as relacionadas ao trabalho no art. 7º da CF. Relações do direito do trabalho com outros ramos do direito Direito Constitucional: Há grande ligação, em especial com a CF/1988, pois é a primeira constituição a elencar muitos direitos trabalhistas como fundamentais. Direito Administrativo: Ligação com a fiscalização trabalhista efetivada pelo Poder Executivo, além das multas e normas baixadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Direito Comum: Abarca o direito civil, consumidor e o restante do direito comercial. Servindo como subsidiário ao direito do trabalho, de acordo com o art.8º da CLT. Direito Internacional Público: Gradual ligação na medida em que se realizam tratados e convenções internacionais e comunitários. Direito Internacional Privado: Ligação gradualmente estreita ao tratar da mobilidade dos trabalhadores. Direito Penal: Ligação em razão de existir vários atos considerados delitos que estão presentes dentro das relações de trabalho, além dos crimes contra a organização do trabalho. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO – fatos e atos que dão origem ao sistema trabalhista. Fontes Materiais – São os fatores que servem de essência para formação do direito, como os sociais, econômicos, históricos, políticos, filosóficos, etc. Fontes Formais- Surge quando o valor criado pelas fontes materiais se torna uma norma jurídica. Assim mecanismos exteriores pelos quais as normas se revelam e são estabelecidas. HETERÔNOMAS E AUTÔNOMAS (SÃO SUBDIVISÕES DAS FONTES FORMAIS) Heterônomas- As fontes formais nas quais o Estado intervém. 1. Constituição: Desde o constitucionalismo social as constituições em geral estabelecem normas de Direito do Trabalho, sendo a CF/88 muito ampla em tal sentido ao prever estas normas como direitos fundamentais. 2. Lei: Na figura das leis ordinárias, como a CLT, leis complementares, leis delegadas e medidas provisórias. Fonte material é quando você se baseia de onde veio a água. Fonte formal é quando você já bebeu a água e agora se baseia no afogamento que foi pra não ir com tanta sede ao pote. 3. Normas internacionais: Ao Direito do Trabalho são supralegais (abaixo da CF e das leis), tomando como fontes os tratados internacionais, as convenções da OIT, as declarações de direitos e os pactos internacionais. 4. Princípios Jurídicos: Fontes primordiais, sob as quais se ergue o ordenamento, tendo como o maior destes princípios, o da dignidade humana. 5. Portarias: Complementa a legislação. Como exemplo é a portaria sobre a regulamentação da insalubridade (3.214/1978). 6. Regulamento: É o ato do Poder Executivo expedido para execução de uma lei, complementando esta. 7. Jurisprudência: Fonte criativa e atualizadora do direito, em seus limites. 8. Doutrina: Estudos científicos pelos juristas, não criando o direito, mas o influenciando e criticando na medida em que lhe serve de suporte. 9. Sentença normativa: Nos conflitos coletivos de trabalho, em que o judiciário define uma sentença normativa que será aplicada às futuras situações. 10. Direito Comparado: Usa normas de outros ordenamentos para situações não reguladas pelo ordenamento nacional. 11. Direito Comum: Fontes subsidiárias, aplicadas quando há lacunas e compatibilidade destas com os princípios fundamentais do dir.do trabalho. Autônomas: Fontes formais nas quais o Estado não intervém, por serem produzidas pelos seus próprios destinatários. 1. Convenção coletiva (art.7º e 611 CLT): Acordo de caráter normativo pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas (empregadores) e profissionais (empregados) estipulam condições de trabalho aplicáveis às relações individuais de trabalho, abarcando todos os empregados das categorias acordantes dentro da base territorial dos sindicatos. 2. Acordo coletivo(art.611 par.1 CLT): Tem caráter normativo, celebrado entre sindicato de categoria profissional (empregados) e uma ou mais empresas. Assim, é mais restrito do que a convenção coletiva ao seu âmbito de aplicação. 3. Contratos coletivos (art.444 CLT): Os próprios envolvidos fixam as normas e condições de trabalho nos seus respectivos âmbitos e atuação, através de organizações. 4. Regulamento de empresa: (art.468 CLT e Súmula 51 TST) Ato unilateral, geralmente do empregador, sendo expressão da autonomia privada destes e do poder patronal, estabelecendo lineamentos aplicáveis dentro da empresa. 5. Usos e costumes: (art.8º CLT): São fontes subsidiárias, os usos são caracterizados pela repetição de atos que demonstram a forma de ação das partes nas relações negociais, e os costumes caracterizados por condutas repetidas ao longo do tempo, por certo grupo social, com a convicção de exigibilidade jurídica de seu respeito. 6. Disposições contratuais: Manifestações contratuais e cláusulas que regulam cada vez mais o processo negocial, legítimas quando observam o ordenamento. HIERARQUIA DAS FONTES FORMAIS DO DIREITO DO TRABALHO E O PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL. HERMENÊUTICA Não há como falar de hermenêutica própria do trabalho, mas sim, sobre determinados critérios/balizas que fornecem um norte interpretativo. Considerar: 1. A linguagem é condição de pensamento. 2. O pensamento sempre vem de pré-compreensão. (assimila novos conhecimentos a partir de sua bagagem intelectual). 3. O ser se altera com o tempo (as experiências adquiridas mudam seu ponto de vista) • Adotada tradicionalmente pelo ordenamento jurídico e relativizada no direito do trabalho. • O que acontece: No conflito entre duas normas, a de caráter superior se sobrepõe.HIERARQUIA DE NORMAS • Adotada pelo direito do trabalho. • O que acontece: No conflito entre duas normas, se aplica a que oferece mais vantagens ao trabalhador. PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL Pra entender comparando ridiculamente: 1- O boy aparece pedindo pra ficar e pela conversa tu já pensaste que é boy lixo. 2- Você pensou isso porque na sua vida já passou muitos boys lixosos. 3- Por isso, você alterou seu ponto de vista e embustes não colam mais. OS DIREITOS DOS TRABALHADORES COMO DIREITOS FUNDAMENTAIS Alguns direitos trabalhistas foram positivados como direitos fundamentais na CF/1988, em seu art.7º. Consequências prático-jurídicas desta elevação a direitos fundamentais: a) Na interpretação e aplicação dos direitos fundamentais deve-se buscar a interpretação mais favorável e que os tornem eficazes e possíveis. b) A vinculação permanente ao legislador e a proibição de retrocesso social devem ser resguardados. c) Tais direitos são protegidos pelas “cláusulas pétreas”. d) A restrição às limitações de tais direitos. Lembrar: Direitos fundamentais são diferentes de direitos humanos. Os fundamentais são direitos humanos positivados em certo ordenamento, e os direitos humanos são positivados em documentos internacionais, sendo, portanto, universais. OS DIREITOS DOS TRABALHADORES NAS CONSTITUIÇÕES 1824: Não tinha previsão de direitos aos trabalhadores, mas tinha a previsão de liberdade de trabalho. 1891: Com a abolição da escravidão, outras formas de prestação de trabalho tiveram impulso, mas ainda não tinham direitos específicos dos trabalhadores. Teve a previsão do direito de associação e a liberdade de profissão. 1934: O contexto socioeconômico do país mudou, e com a Revolução de 1930, se direcionou para a industrialização. Assim, influenciada pelo constitucionalismo social, previu direitos concernentes aos trabalhadores, em título do texto que não se aplicava cláusula pétrea. 1937: Foi fruto de turbulências socioeconômicas e políticas que acabaram numa ditadura. Nela, os direitos dos trabalhadores estavam previstos na chamada “ordem econômica”, novamente sem proteção de cláusula pétrea. 1946: Aconteceu a redemocratização liberal e a queda de Vargas, mas os direitos dos trabalhadores continuaram sem caracterização de direitos fundamentais e proteção de cláusula pétrea. 1967: Aconteceu a ditadura militar, e os direitos dos trabalhadores ainda não eram tratados como direitos fundamentais. Direitos dos trabalhadores de 1934 a 1967: RESTRIÇÕES ÀS LIMITAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS A CF/1988 autoriza em seu art.7º, incisos VI, XVIII e XVI, a flexibilização/limitação de direitos fundamentais como o salário e a jornada de trabalho. Tais autorizações devem ser entendidas em sentido restritivo, pois estando no caput deste próprio artigo o princípio da norma mais favorável, é evidente que as limitações e restrições SÃO EXCEÇÕES. Casos em que pode restringir, sendo direitos de controle formal e material: a) Quando a Constituição permite: emendas constitucionais, leis infraconstitucionais. b) Quando há conflitos entre direitos fundamentais. c) Normas coletivas (acordos coletivos ou convenções coletivas de trabalho). *Sempre usando a proporcionalidade e razoabilidade, preservando o núcleo essencial do direito fundamental em questão. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Lembre que, uma norma eficaz é aquela tem potencial para ser aplicada num caso concreto. Segundo a doutrina, as normas constitucionais são classificadas quanto a sua eficácia: 1. Eficácia plena: Aplicação integral e imediata, não precisando de legislação posterior. 1988: Com cunho democrático-social, os direitos ligados ao trabalho aparecem formal e materialmente no texto constitucional como direitos fundamentais, nos seus artigos 6º, 7º ao 11º e 227, parágrafo 3º, incisos I e II. 2. Eficácia contida: Aplicação imediata, integral e plena, mas podem ter alcance reduzido por legislação ordinária. 3. Eficácia limitada: Dependem de uma norma que a integre. Importante: Se aceita a posição de Sarlet, em que toda norma tem seu grau de eficácia, variando de acordo com o grau de densidade normativa. A EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS FRENTE AOS PARTICULARES A doutrina e a jurisprudência chegam a colocar os sujeitos privados como inimigos dos direitos fundamentais, em razão do poder que a globalização neoliberal conferiu a estes. Há um gradual aumento de tal poder privado, sendo motivo para a necessidade de expandir a eficácia dos direitos fundamentais. Há duas correntes que dão sentido ao assunto: • Teoria da eficácia direta ou imediata- Os direitos fundamentais se aplicam obrigatória e diretamente nas relações jurídicas com as entidades privadas. • Teoria da eficácia indireta ou mediata- Os direitos fundamentais não se aplicam diretamente nas relações jurídicas com as entidades privadas, e sim, nas relações jurídicas com o Estado no sujeito passivo. Tais direitos fundamentais serão aplicados nas relações privadas pela mediação do legislador, que regulará estas situações em normas infraconstitucionais. FLEXIBILIZAÇÃO Na Constituição, respeitado o processo de razoabilidade e proporcionalidade, é permitida a flexibilização em algumas hipóteses, como a irredutibilidade salarial (art.7º, VI da CF) e limite da jornada de trabalho (art.7º incisos XIII e XIV). A flexibilização tem importado na precarização das relações de trabalho, em nome do que se chama de “modernização” e “necessidade de competitividade”. Assim, coloca o empregado em situação de paridade com empregador para o negociado prevalecer sobre o legislado. O que é inadmissível visto a subordinação sobre a qual o contrato é pautado, que torna o subordinado sempre o prejudicado na “negociação”. Art.8º da CLT- Fala na base para decisões quando as leis trabalhistas forem omissas. ➢ O parágrafo 1º do art.8º ANTES DA REFORMA TRABALHISTA, dizia que o direito comum era fonte subsidiária do direito do trabalho só com o que era compatível de acordo com os direitos trabalhistas. DEPOIS DA REFORMA TRABALHISTA, a necessidade compatibilidade foi retirada, equiparando o direito do trabalho ao direito civil. Sendo que este último parte da premissa de relações entre iguais. ➢ O parágrafo 2º do art.8º prevê, DEPOIS DA REFORMA TRABALHISTA, que súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo TST e TRFs, não poderão restringir direitos legais e criar obrigações não previstas em lei, deixando o tribunal sem parâmetros, e ameaçando assim, a segurança jurídica. INTEGRAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO Os meios próprios de integração no direito do trabalho são a ANALOGIA e a EQUIDADE, nos termos do disposto no art.8º parágrafo único, da CLT. PRINCÍPIOS DE DIREITO DO TRABALHO O entendimento atual é de que são normativos. Transformações na história prático/teórica ➢ Fase jusnaturalista: Os princípios são somente inspirações ético-valorativas e prevalece a lei. ➢ Fase positivista: Tem positividade subsidiária, garantindo a completude da lei. Colisão de princípios Robert Alexy diferencia princípios de regras: ➢ Fase pós-positivista: Ganham normatividade superior e em pedestal normativo, para base do ordenamento jurídico. • Princípios: Normas que ordenam a realização de algo na maior medida do possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais. • Regras: Normas que só podem ser ou não serem cumpridas, determinadas nas possibilidades fáticas e jurídicas. Por detrás do conflito entre regras deve-se ver o conflito entre princípios, contudo, em alguns conflitos não há possibilidade de afastar uma das regras no caso concreto, e sim retirar sua validade. Dessa forma, a ponderação é necessária tanto no conflito envolvendo regras quanto nosconflitos envolvendo princípios. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DO TRABALHO Princípio da dignidade humana (Art.1º inc.III CF, e art.170 CF). É uma qualidade intrínseca, pois basta ser humano para tê-la. Distingue o humano dos outros seres, mas confere ao humano a igualdade em respeito. Implica um complexo de direitos e deveres fundamentais, assegurando a pessoa de qualquer ato de cunho degradante e desumano e possibilitando condições mínimas para uma vida saudável. Princípio do valor social do trabalho (Art.1º inc. IV CF, e art.170 CF). Impõe que o trabalho não pode ser tratado como mercadoria, sendo uma das bases do desenvolvimento da sociedade. Direciona-se não só para o trabalho subordinado, mas também para outras formas de trabalho, como o autônomo. Princípio da igualdade (art.3º inc.III e IV, e art.5º inc. I CF). Baliza o Estado e a sociedade democráticos de direito, expressando a aspiração de ser tratado com igual dignidade, consideração e respeito. Ao mesmo tempo, promove diferença, pois juridicamente somos iguais, mas faticamente somos diferentes. Nas relações de trabalho em geral, o princípio é explícito em diversos incisos do art.7º da CF, como é o caso da proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor, ou estado civil, no inciso XXX. Princípio da autonomia privada (art.170 CF) Poder dado aos entes privados para conformaram suas relações jurídicas, através da expressão constitucional de livre iniciativa. Não é sinônimo de autonomia contratual, fazendo contrato lei entre as partes. Porque esta deve obedecer a princípios e regras e estar de acordo com a função social. Princípio da justiça contratual (art.766 CLT) Preocupa em garantir às partes a igualdade no processo de contratação e assegurar o equilíbrio nas prestações e contraprestações do contrato, que deve servir como instrumento de justiça comutativa. LEMBRAR: O que se entende por justiça depende do modo de produção dominante, portanto, não se pode falar em um ideal absoluto de justiça. Princípio da função social do contrato Só merece ser tutelado o contrato que guardar a sua função social. Atuará fazendo com que haja a busca de conservação do contrato, considerando interesses meta-individuais, e assegurando trocas úteis e justas, sem aniquilar o princípio da autonomia privada. É princípio reciprocamente complementar ao de boa-fé objetiva. Princípio da boa-fé objetiva É o mandamento de que na relação contratual as partes devem agir com lealdade, transparência e cooperação. Sendo objetiva porque define um padrão de conduta, a serviço do princípio da proteção no direito do trabalho, e com estreita vinculação ao princípio da confiança. Tem 3 funções: 1. Função Interpretativa: Ligada à regra de que os negócios jurídicos devem ser interpretados de acordo com a boa-fé. 2. Função Integradora: Os direitos e deveres das partes não são apenas as prestações do negócio, pois a boa-fé impõe a observação dos deveres acessórios de conduta. 3. Função de controle: Impõe que o credor não pode exceder os limites pautados da boa-fé. Princípio da razoabilidade Carrega a noção de limites que respeitam os valores vigentes em certa sociedade, sob os quais alguma medida de atitude absurda ou abusiva é insustentável. Princípio da proporcionalidade É um parâmetro para solucionar conflitos de valores, princípios, direitos fundamentais e outros bens e interesses constitucionalmente albergados, estabelecendo a prevalência e um dos interesses no caso. Deve observar a presença de adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. Princípio da substituição automática das cláusulas contratuais (art.912 da CLT) Sustenta que as leis posteriores de ordem pública e interesse social, podem alterar as cláusulas contratuais a partir de sua vigência, não atingindo efeitos já transcorridos antes de sua entrada em vigor. PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DE DIREITO DO TRABALHO Princípio da proteção (Art.5 º par. 2º CF, e arts. 9º e 444º da CLT). Visa diminuir a desigualdade material entre patrões e empregados através de compensações jurídicas, que, buscam efetivar a igualdade substancial. Princípio da norma mais favorável (art.7º CF) Em caso de mais de uma norma incidente em um caso, se aplica a mais favorável ao empregado. Está ligado princípio de proibição de retrocesso social. Princípio da condição mais benéfica Assegura aos trabalhadores que as cláusulas mais vantajosas, reconhecidas e contratadas, que estão ou serão incorporadas ao contrato, não possam ser mais afastadas, em razão do direito adquirido e do ato jurídico perfeito. Princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade Vedação sobre a renúncia e transação dos empregadores sobre os direitos básicos conferidos pelas normas trabalhistas. Princípio da continuidade da relação de emprego Entendido como valor social pela CF em seu art.7º, inc.IV. Indicando a possibilidade da previsão geral de estabilidade de emprego, entende-se que o contrato de trabalho deve permanecer com prazo indeterminado, como garantia da produção e sustento do empregado. Princípio da primazia da realidade Há a valoração da efetividade dos fatos, da prestação de serviços, acima do que consta nos documentos, havendo a supremacia dos dados colhidos na realidade, junto com o princípio da proteção, buscando beneficiar o trabalhador, já que, em regra, os documentos são feitos e estabelecidos pelo empregador. Princípio da intangibilidade salarial Busca proteger efetivamente, mas não absolutamente, os valores salarias devidos ao empregado. Como exemplos são: a proibição de redução salarial e impenhorabilidade do salário. Princípio da autodeterminação coletiva Explicita-se pela força normativa reconhecida às manifestações coletivas dos trabalhadores, como nas convenções e acordos coletivos, que devem ser entendidos dentro de seus contornos constitucionais. Reconhecendo que o trabalhador está em estrita conexão com seu grupo. CAMPO DE APLICAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO Possui duas questões: No espaço: Para determinar a lei aplicável, se deve estabelecer um critério jurídico de nacionalidade para determinar e delimitar a lei incidente no caso de conflito de normas de diferentes espaços. No tempo: Do conflito de normas que se sucedem no tempo regulando a mesma matéria, se observa os princípios da substituição automática das cláusulas contratuais, da norma mais favorável e o da segurança jurídica. ÂMBITO DE APLICAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO Âmbito pessoal: Determina a que tipo de pessoas as normas trabalhistas são aplicáveis, sendo em sentido lato (amplo). Âmbito material: Determina o tipo de relação jurídica as normas trabalhistas são aplicadas, que no caso são as relações individuais de trabalho entre empregados e empregadores, as relações coletivas de trabalho entre sindicatos, e as relações de direito administrativo entre Estado e os empregados ou empregadores. No caso de regime estatutário, prevalecem as normas de direito estatutário. RELAÇÃO DE EMPREGO (ESPÉCIE DE RELAÇÃO DE TRABALHO) ELEMENTOS DE FORMAÇÃO (Art. 2º, 3º e 442º da CLT). 1. Empregado: Necessariamente pessoa física. 2. Empregador: Pode ser pessoa física, jurídica, ou entes despersonalizados que se organizam em empresa e contratam empregados. 3. Prestação de serviços ou obrigação de prestar serviços: É a força de trabalho do empregado colocada à disposição do empregador. 4. Não eventualidade: O trabalho terá relação de continuidade e renovação, ao contrário do não eventual, que é vinculado a certo evento. LEMBRAR: A intermitência (revezamento de É um acordo tácito ou expresso de trabalho subordinado. A definição está no art.442 da CLT. E se afirma que a relação de emprego é a relação jurídica obrigacionalvista como um processo, nascida do contrato e desenvolvida entre empregado e empregador. períodos de trabalho), e a transitoriedade (prazo determinado), não significam eventualidade. 6. Remuneração/onerosidade: A relação de emprego possui caráter patrimonial, pois a força de trabalho tem em troca o pagamento. Portanto ela deve ter o intuito remuneratório. LEMBRAR: Por esse intuito, pode haver a relação de emprego sem remuneração, desde que tenha onerosidade, não havendo intuito gratuito. 7. Subordinação/dependência: Possui natureza hierárquica, econômica, técnica e jurídica. O empregado se obriga a submeter-se às ordens e diretrizes do empregador. Entende-se que tem duas dimensões: • Clássica: Trabalhador assume poder de direção empresarial no que toca ao modo de realização de sua prestação laboral • Objetiva: Trabalhador não possui organização empresarial própria, não assume riscos de ganhos e de perdas, e não é proprietário dos frutos de seu trabalho, que pertencem à organização produtiva alheia para que preste serviço. 5. Pessoalidade: A prestação laboral é personalíssima, vinculada inseparavelmente da pessoa do trabalhador. Portanto a regra é a impossibilidade substituição. LEMBRAR: O mesmo não se aplica ao empregador.
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